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VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X 845 SALA DE RECURSOS E CONTRATURNO ESCOLAR: ENTENDENDO AS DIFERENÇAS Maylin Valeska Araujo UENP Campus CP 1 Esther Lopes UENP Campus CP 2 INTRODUÇÃO Dentre as mudanças pelas quais a sociedade contemporânea vem passando está a luta das pessoas com deficiência e de seus familiares pela garantia de direitos em todos os contextos e espaços da vida humana. Na educação, já se pode observar vários avanços nesta área. As políticas educacionais, em nível federal e estadual, vêm desenvolvendo programas diferenciados, na luta pela educação inclusiva. Entretanto, percebe-se falta de clareza quanto aos programas educacionais de apoio à inclusão, oferecidos pelas escolas brasileiras, representados pela Sala de Recursos e pelo Contraturno Escolar. Este estudo consiste numa pesquisa qualitativa, com professores da rede municipal de ensino, visando evidenciar de que forma a Sala de Recursos e o Contraturno Escolar, contribuem para a inclusão escolar e social dos alunos. A iniciativa de desenvolver este tema nasceu da necessidade de conhecer melhor o assunto, considerado de extrema relevância para o processo de inclusão. O questionamento norteador deste trabalho de conclusão de curso de especialização lato sensu pode ser definido em: Que compreensão apresenta a comunidade escolar, em relação à diferença entre sala de recursos e contraturno escolar? Com esta questão buscou-se compreender como o conhecimento das características e o entendimento das diferenças entre contraturno escolar e sala de recursos, pelos profissionais da educação, podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com dificuldades de aprendizagem e na inclusão do aluno com deficiência. 1. 2 Compreendendo a Inclusão Escolar Ao longo dos anos, os portadores de deficiência foram vistos e considerados de diferentes maneiras e aspectos, de acordo com as concepções e valores sociais, religiosos, morais e éticos de cada momento e contexto histórico (NASCIMENTO, 2007). A Constituição Federal (BRASIL, 1988) é precursora no que se refere à inclusão educacional, pois traz, em seu Art. 208, inciso III a indicação de que a escola deve oferecer “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Também a Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), no artigo 58, traz a definição de Educação Especial, nos seguintes termos: Entende-se por educação especial, [...], a modalidade de educação escolar, oferecida 1 Especialista em Educação Especial Inclusiva pela UENP - CP. Av Walter Guimarães da Costa, 517 Nova Santa Bárbara - Pr 2 Mestre em Educação Professora do Curso de Especialização Latu Sensu na UENP/CP - Av. Dr. Francisco Lacerda Jr, 1600 Cornélio Procópio PRe-mail: [email protected]

SALA DE RECURSOS E CONTRATURNO ESCOLAR: … · 2013-11-12 · diferença entre sala de recursos e contraturno escolar? ... sistema de ensino objetivando que a sociedade reconheça

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VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X

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SALA DE RECURSOS E CONTRATURNO ESCOLAR: ENTENDENDO AS

DIFERENÇAS

Maylin Valeska Araujo – UENP –Campus CP1

Esther Lopes – UENP – Campus CP2

INTRODUÇÃO

Dentre as mudanças pelas quais a sociedade contemporânea vem passando está a luta das

pessoas com deficiência e de seus familiares pela garantia de direitos em todos os contextos e

espaços da vida humana.

Na educação, já se pode observar vários avanços nesta área.

As políticas educacionais, em nível federal e estadual, vêm desenvolvendo programas

diferenciados, na luta pela educação inclusiva. Entretanto, percebe-se falta de clareza quanto

aos programas educacionais de apoio à inclusão, oferecidos pelas escolas brasileiras,

representados pela Sala de Recursos e pelo Contraturno Escolar.

Este estudo consiste numa pesquisa qualitativa, com professores da rede municipal de ensino,

visando evidenciar de que forma a Sala de Recursos e o Contraturno Escolar, contribuem para

a inclusão escolar e social dos alunos.

A iniciativa de desenvolver este tema nasceu da necessidade de conhecer melhor o assunto,

considerado de extrema relevância para o processo de inclusão.

O questionamento norteador deste trabalho de conclusão de curso de especialização lato sensu

pode ser definido em: Que compreensão apresenta a comunidade escolar, em relação à

diferença entre sala de recursos e contraturno escolar? Com esta questão buscou-se

compreender como o conhecimento das características e o entendimento das diferenças entre

contraturno escolar e sala de recursos, pelos profissionais da educação, podem contribuir no

processo de ensino e aprendizagem dos alunos com dificuldades de aprendizagem e na

inclusão do aluno com deficiência.

1. 2 Compreendendo a Inclusão Escolar

Ao longo dos anos, os portadores de deficiência foram vistos e considerados de diferentes

maneiras e aspectos, de acordo com as concepções e valores sociais, religiosos, morais e

éticos de cada momento e contexto histórico (NASCIMENTO, 2007).

A Constituição Federal (BRASIL, 1988) é precursora no que se refere à inclusão educacional,

pois traz, em seu Art. 208, inciso III a indicação de que a escola deve oferecer “atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de

ensino”. Também a Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96

(BRASIL, 1996), no artigo 58, traz a definição de Educação Especial, nos seguintes termos:

“Entende-se por educação especial, [...], a modalidade de educação escolar, oferecida

1 Especialista em Educação Especial Inclusiva pela UENP - CP. Av Walter Guimarães da Costa, 517

Nova Santa Bárbara - Pr 2 Mestre em Educação Professora do Curso de Especialização Latu Sensu na UENP/CP - Av. Dr. Francisco

Lacerda Jr, 1600 – Cornélio Procópio – PRe-mail: [email protected]

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preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades

especiais”.

Diante destas afirmações pode-se dizer que a legislação brasileira busca propiciar aos alunos

com necessidades educacionais especiais os mesmos direitos e benefícios atribuídos aos

demais alunos.

Nascimento (2007) afirma que as políticas educacionais vêm sendo implantadas em nosso

sistema de ensino objetivando que a sociedade reconheça e valorize as diferenças, mostrando

que a diversidade é intrínseca à sua construção. Uma sociedade que incentiva a participação

de todos e contempla as diferenças, reconhecendo a potencialidade de todo cidadão, pode ser

nominada sociedade inclusiva.

O processo de inclusão escolar é um princípio que emergiu da Educação Especial, com ela

pretende-se quebrar a estrutura curricular fechada das escolas, para que as pessoas com

deficiência saiam do isolamento de tantos anos para serem reconhecidas e aceitas nas escolas

regulares. Este assunto tem sido alvo de discussões de muitos estudiosos e pesquisadores.

“A educação inclusiva tornou-se uma proposta de intervenção amparada e fomentada pela

legislação, pois a inclusão de alunos com deficiência em uma sala de aula comum é garantida

pela constituição de 1988”. (LEÃO, DOESCHER, DA COSTA, 2005, p.4). Mas, a palavra

escrita não garante a ação concreta, isto pode ser constatado quando se tenta quantificar os

alunos realmente incluídos nas classes de ensino comum.

Glat e Nogueira (2002) afirmam que não basta que uma proposta se torne lei para que ela seja

imediatamente aplicada, pois inúmeras barreiras impedem que a inclusão se torne realidade na

prática cotidiana em classes do ensino regular.

Os professores afirmam que não têm o preparo necessário para trabalhar com inclusão

escolar. Em outras palavras, crêem que não estão preparados, carecendo de capacitação para

específica e consistente para dar atendimento educacional de qualidade ao aluno com

necessidades educacionais especiais3 em classes regulares.

De acordo com o Parecer CNE/CEB nº 17/2001

Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar podem apresentar

necessidades educacionais especiais, e seus professores em geral conhecem

diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades

educacionais que requerem, da escola, uma série de recursos e apoios de caráter

mais especializados que proporcionem ao aluno, meios para o acesso ao currículo

(BRASIL, 2001).

No artigo 60 da LDBEN 9.394/96 encontra-se sustentação legal à implantação das salas de

recursos. Observe o que diz o parágrafo único deste artigo: “o Poder Público adotará, como

alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades

especiais na própria rede pública regular de ensino [...]” (BRASIL, 1996).

As salas de recursos multifuncionais, criadas pelo Governo Federal e outros serviços de apoio

à inclusão, deveriam representar esta ampliação, para dar suporte às escolas na efetivação da

inclusão escolar de forma relevante.

3 O termo necessidades educacionais especiais foi adotado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) /Câmara

de Educação Básica (CEB), com a publicação da Resolução nº 02, de 11 de setembro de 2001.

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Acredita-se que seja necessário um grande investimento em formação de profissionais para

que haja os conhecimentos pedagógicos necessários ao enfrentamento da ação de

proporcionar educação de qualidade para os alunos com necessidades educacionais especiais,

principalmente quando se trata de necessidades decorrentes da deficiência intelectual.

Segundo Nunes et al. (1998), várias pesquisas que estudaram a visão de profissionais da

educação e áreas afins sobre a integração do deficiente no sistema regular de ensino,

observaram uma segregação em relação aos deficientes intelectuais, principalmente quanto à

sua participação nas atividades da escola. Em um estudo que focou esta problemática no

ambiente da educação infantil, as autoras relatam:

A representação que os educadores têm a respeito da deficiência mental interfere no

processo de integração destas crianças. [...] Mais significativo ainda foi a

constatação de que estas representações estereotipadas estavam presentes nos

depoimentos tanto de educadores que não tinham contato com crianças especiais,

quanto daqueles em cuja escola havia crianças deficientes integradas [...]. (NUNES

ET AL., 1998, p.81).

Não configura exagero afirmar que o Brasil tem uma legislação bastante avançada no que se

refere à garantia dos direitos das pessoas com deficiência. A luta, entretanto, é no que

concerne a real implantação e o respeito às leis. Ainda, hoje, milhares de pessoas com

deficiência continuam sendo discriminadas ou excluídas nas comunidades, escolas e mercado

de trabalho. De acordo com a afirmação de Lopes (2010)

Não basta a existência de uma legislação ampla, mas exigem-se, ainda, mudanças

gradativas, contínuas e sistemáticas de toda a sociedade, não só para que as pessoas

com deficiência sejam vistas pelas suas potencialidades e não pelas suas limitações,

mas também para que os espaços que lhes são de direito sejam garantidos, assim

como para todos os alunos. (LOPES, 2010, p.116).

A escola pública, em especial no nível do ensino fundamental – anos iniciais, tem sido

chamada a assumir cada vez mais responsabilidade e compromisso com a educação de todos.

As políticas públicas que buscam garantir a permanência das crianças nas escolas, pelo

menos, até o final do período da obrigatoriedade, revelam que existe a necessidade de efetiva

inclusão de todas as crianças e adolescentes no ambiente escolar. Para tanto, a escola tem sido

desafiada a implantar e implementar programas de apoio à escolaridade para os alunos com

ou sem deficiência. Exemplo disso são os programas que foram propostos para discussão na

pesquisa que dá sustentação a este artigo: sala de recursos e contraturno escolar

1.2.1 Contraturno Escolar

A LDBEN nº 9.394/96, no caput do artigo 34, prevê a ampliação da jornada escolar no ensino

fundamental: “A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de

trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência

na escola. [...]” e no parágrafo 2º deste artigo diz: “O ensino fundamental será ministrado

progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino”. (BRASIL, 1996).

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Os Estados da Federação procuram adequar sua legislação educacional ao disposto na lei

maior. Podemos constatar esta afirmação em documento da Secretaria Municipal de Educação

de São Paulo (2011), de acordo com a qual “[...] o programa de contraturno escolar visa

ampliar o tempo de permanência dos alunos no ambiente escolar, promovendo atividades

educacionais, culturais, recreativas e esportivas relacionadas ao projeto pedagógico [...]”.

No entendimento de Glat e Nogueira (2002, p.26), a permanência dos alunos em tempo

diferenciado de seu horário escolar “Implica uma reorganização do sistema educacional, o que

acarreta a revisão de antigas concepções e paradigmas educacionais na busca de se possibilitar

o desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, respeitando suas diferenças e

atendendo às suas necessidades”

Esta afirmação leva à conclusão de que os programas de contraturno escolar têm sido criados

com vistas a desenvolver as potencialidades de crianças e adolescentes para a melhoria de seu

desempenho escolar. No entanto, Martins (2009, s.p.) traz a informação de que “as crianças

brasileiras não passam, em média, mais de quatro horas por dia nas unidades de Ensino

Fundamental [...]” e a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pede a

ampliação desse tempo, como já citado.

Pode-se afirmar que o modelo utilizado no país é bastante diferente daqueles praticados em

países que são referência em educação, nos quais a criança permanece o maior tempo possível

na escola. Mas o contraturno escolar é uma das soluções encontradas para manter a criança ou

adolescente na escola, com atividade educativa para garantia de aprendizado e socialização e,

até mesmo para diminuir o nível de vulnerabilidade pessoal e social a que estão sujeitos

crianças e jovens, com idade entre 6 e 14 anos, em nosso país.

De acordo com Cavalieri (2002):

[...] recentes políticas públicas que buscam garantir a permanência das crianças na

escola revelam a percepção, por parte da sociedade, de que existe a necessidade de

construção de uma nova identidade para a escola fundamental, sendo a primeira e

indispensável condição para a integração efetiva de todas as crianças na escola.

(CAVALIERI, 2002, p.249).

Neste sentido, o governo federal vem trabalhando para que todas as escolas públicas de

ensino fundamental façam adesão à educação integral através do Programa Mais Educação

(BRASIL, s/d, p.5), elucidando que “[...] integrar diferentes saberes, espaços educativos,

pessoas da comunidade, conhecimentos [...] é tentar construir uma educação que, pressupõe

uma relação da aprendizagem para a vida, uma aprendizagem significativa e cidadã”. A

princípio, esse programa foi criado para atender as escolas que apresentam baixo Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em capitais e regiões metropolitanas.

Dutra e Gribosck (2006) defendem a ideia de que

[...] a Educação é um direito de todos. Sua universalização e qualidade significam,

além da ampliação das condições para superação das desigualdades sociais, criar

possibilidades para que os sujeitos possam questionar a realidade e coletivamente

modificar o mundo, a partir de uma concepção de pessoa e de sociedade que reforce

o sentimento de responsabilidade, de pertencimento e de engajamento, [...],

desafiando todos a repensarem a educação na sua complexidade, no contexto das

diferenças. (DUTRA E GRIBOSCK, 2006, p.26).

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Para as autoras a educação de qualidade tem o objetivo de formar cidadãos críticos,

responsáveis e conscientes de seu papel na sociedade, com capacidade de refletir, questionar e

enfrentar o poder dominante e coletivamente mudar essa realidade, buscando uma sociedade

mais justa e igualitária para todos.

1.2.2 Sala de Recursos

A política de inclusão educacional do Ministério da Educação (MEC) incentiva a implantação

de Sala de Recursos Multifuncionais nas escolas públicas, visando dar suporte ao sistema

educacional prevendo e provendo o atendimento educacional especializado, como

estabelecido pela Resolução CNE/CEB nº 02/2001, Artigo 8º, Inciso V (BRASIL, 2001, p.

02). “Serviço de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nas quais o professor

especializado na educação especial realize a complementação ou suplementação curricular,

utilizando procedimentos, equipamentos e materiais específicos”.

Essas salas de recursos multifuncionais - SRM, implantadas pelo governo federal, têm o

intuito de garantir a inclusão educacional de alunos com necessidades educacionais especiais

e também a finalidade de desenvolvimento de novas práticas pedagógicas que auxiliam os

alunos a acompanharem o currículo proposto.

Ainda na Resolução nº 02/2001 CNE/CEB, que institui as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica, em seu Parecer CNE/CEB nº 17/2001, apresenta, no

artigo 2º, a exigência de que: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,

cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades

educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade

para todos (BRASIL, 2001). Portanto, as escolas devem procurar se organizar para dar

atendimento especializado aos alunos com necessidades educacionais especiais.

Vale destacar que programas de apoio semelhantes às Salas de Recursos Multifuncionais

implantadas pelo Governo Federal já existiam nas escolas em várias partes do país.

Reiterando esta informação, Lopes. (2010) diz que:

Considerando-se que a oferta da Sala de Recursos, no espaço escolar do ensino

regular, como um dos atendimentos da educação especial, visa contribuir para a

inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais matriculados em classes

comuns, os estados da Federação, a partir da publicação das referidas Diretrizes,

passaram a legislar sobre o assunto (LOPES, 2010, p.52).

Como exemplo pode-se citar o Estado do Paraná, que tem um histórico de oferta desses

programas. Tanto que um dos recursos disponíveis regulamentado pela sua Secretaria de

Estado da Educação - SEED/PR, através do e Departamento de Educação Especial e inclusão

Escolar - DEEIN, constante na Deliberação n° 02/03 – CEE (PARANÁ, 2003), que

regulamenta a Educação Especial no Estado, foi a implantação de Sala de Recursos, sendo um

apoio especializado de caráter pedagógico que complementa o atendimento educacional feito

em classes comuns do ensino fundamental.

Para adequar-se às orientações do MEC, a SEED/SUED/PR publicou, em 2011, a Instrução nº

03/2011, que transformou as Salas de Recursos do Estado em Salas de Recursos

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Multifuncionais – Tipo I, na qual, além de outros aspectos relativos ao serviço de apoio,

apresenta sua definição como:

[...] um espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e

profissionais especializados, que visa atender as necessidades educacionais especiais

dos alunos que apresentam Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do

desenvolvimento, matriculados na Rede Pública de Ensino. (PARANÁ, 2011).

Esse atendimento não pode ser mera repetição dos conteúdos trabalhados na sala de aula. O

professor dessa sala deve atuar em conjunto com o professor da classe comum na definição de

metodologias diferenciadas para que os alunos, nela incluídos, possam ter acesso ao currículo

e as demais atividades da escola.

Em Duk (2005) encontra-se afirmação que confirma o exposto e vai além

[...] o professor da sala de recursos multifuncionais deverá participar das reuniões

pedagógicas, do planejamento, dos conselhos de classe, de elaboração do projeto

pedagógico, desenvolvendo ação conjunta com os professores das classes comuns e

demais profissionais da escola para a promoção da inclusão escolar (p.18).

Ressalta-se que o professor tem papel fundamental para o sucesso das salas de recursos. No

atendimento pedagógico, é imprescindível que o professor considere as diferentes áreas do

conhecimento, os aspectos relacionados ao estágio de desenvolvimento cognitivo dos alunos,

o nível de escolaridade, os recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de

complementação e suplementação curricular.

A abertura de salas de recursos multifuncionais deve atender aos critérios estabelecidos pelo

MEC. No Paraná, as mais recentes orientações sobre este serviço de apoio encontram-se na

Instrução 016/2011- SEED/SUED, na qual se estabelece que os alunos a serem atendidos são

aqueles com “deficiência Intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do

desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, matriculados na Rede Pública de

Ensino” (PARANÁ, 2011).

Outros critérios sobre a organização funcional e pedagógica estabelecidos na Instrução

016/2011, abrangendo carga horária de docência e hora atividade do professor, número de

alunos por turma, a necessidade de matérias didáticos de acessibilidade, adaptações de

equipamentos e mobiliários, atendimento por cronograma, trabalho colaborativo com a

família e com os professores do ensino regular, além dos aspectos de documentação

necessária para resguardar a legalidade do atendimento educacional especializado oferecido

ao aluno.

Para a abertura da Sala de Recursos Multifuncional - Tipo I é necessário à escola garantir

espaço físico; alunos avaliados, conforme orientações pedagógicas da SEED/DEEIN,

regularmente matriculados e frequentando sala comum na Educação Básica da rede pública de

ensino; professor especializado em cursos de pós graduação em educação especial ou

licenciatura plena com habilitação em educação especial ou habilitação específica em nível

médio, O foco do trabalho realizado pelas salas de recursos é pedagógico e visa

instrumentalizar o aluno com necessidades educacionais especiais, decorrentes de

deficiência., com o apoio necessário para a realização da aprendizagem nas aulas regulares.

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É notório o interesse e o empenho da SEED/PR em relação à inclusão escolar, consciente e

responsável, considerando que no Paraná foi implantada a primeira classe especial da rede

pública em 1958, portanto “o Paraná foi vanguarda das políticas de atendimento educacional

especializado, em nível nacional” (PARANÁ, 2006, p.31).

2 MÉTODO

O município, no qual a pesquisa foi desenvolvida, conta com três escolas, sendo uma da rede

estadual e duas da rede municipal de educação. A metodologia eleita foi a qualitativa, visando

identificar o conhecimento dos professores em relação à sala de recursos e ao contraturno

escolar, no processo de inclusão, tendo como instrumento de coleta de dados, um

questionário, composto de 5 (cinco) perguntas abertas.

Participaram da pesquisa cinco professoras de uma escola municipal que oferta os anos

iniciais do ensino fundamental e os dois programas: sala de recursos e contraturno escolar.

Ressalta-se que todas as participantes são do sexo feminino, com mais de dez anos de

experiência em educação, as quais foram identificadas com a sigla P1, P2, P3, P4 e P5.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escola lócus da pesquisa atende cerca de 120 alunos, oferecendo, além dos conteúdos

curriculares com acompanhamento pedagógico, atividades extracurriculares culturais,

esportivas e recreativas, tendo como principais metas a melhoria da qualidade de vida e do

ensino no município.

No desenvolvimento deste estudo levou-se em consideração o referencial teórico e o

conhecimento das participantes.

As perguntas elaboradas para o levantamento de dados foram: Você sabe o que é sala de

recursos? Você sabe o que é contraturno escolar? Quais as diferenças fundamentais entre os

dois programas, existentes nesta escola? Você sabe a importância de cada programa no

processo ensino aprendizagem e na inclusão escolar dos alunos por eles atendidos? Dê a sua

opinião quanto ao funcionamento desses programas na sua escola.

3.1 Os Programas de Apoio na Visão das Participantes

3.1.1 Você sabe o que é contraturno escolar?

Observe os dados colhidos como respostas:

P1: Sim. É o atendimento num horário alternativo (fora do período normal de aula)

para alunos que apresentem dificuldades de aprendizado em alguma disciplina.

P2: Contraturno é uma forma de ampliar a jornada escolar, assim como está previsto

na LDB.

P3: Sim. O contraturno amplia o tempo de permanência do aluno no ambiente

escolar e, nesta ampliação é oferecido ao educando atividades educativas, culturais,

recreativas e esportivas.

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P4: Sim. É o atendimento em outro horário do aluno que apresenta dificuldade de

aprendizagem em alguma disciplina

P5: O contraturno é oferecido ao aluno que tem dificuldade de aprendizagem em

uma disciplina (inverso do horário normal de aula).

As participantes demonstraram conhecimento sobre o conceito de contraturno escolar, uma

vez que trabalham com esse modelo de ensino. Acreditam que novas experiências,

metodologias e novos espaços aprendizagem são maneiras eficientes para o sucesso do

processo educativo.

No entendimento das participantes, o contraturno viabiliza a implementação progressiva de

políticas de extensão da jornada escolar para a melhoria do desempenho dos alunos, ajuda a

suprir carências do turno regular, além de oferecer aos alunos uma segunda oportunidade de

aprendizagem, utilizando materiais e métodos diferenciados, interessantes e eficazes, o que

confirma as afirmações de Cavalieri (2002).

3.1.2 Você sabe o que é sala de recursos?

Embora a escola conte com uma sala de recursos para atender alunos com necessidades

especiais, as professoras disseram que não tinham conhecimento aprofundado sobre o

funcionamento dessa sala. O que pode ser confirmado por suas respostas:

P1: É uma sala destinada aos alunos com alguma necessidade especial, sendo que,

só passam a frequentar após a avaliação de um profissional de psicologia.

P3 - Sim. É um ambiente de natureza pedagógica, orientado por professor

especializado, que complementa o atendimento educacional realizado em classes

comuns da rede regular de ensino.

P4: - A sala de recurso é destinada a alunos que apresentam alguma deficiência ou

necessidade especial e que passaram por avaliação da psicopedagoga ou psicóloga.

P5: É para aluno que apresenta alguma deficiência ou necessidade especial, o qual

passa por uma avaliação.

As afirmações, acima, correspondem, em parte, ao contido na Instrução nº 016/2011

(PARANÁ, 2011) que caracteriza a Sala de Recursos Multifuncional – Tipo I, na Educação

Básica como “um atendimento educacional especializado, de natureza pedagógica que

complementa a escolarização de alunos que apresentam deficiência Intelectual [...]”.

Na referida instrução consta que, para o ingresso na Sala de Recursos Multifuncional – Tipo I,

anos iniciais do Ensino Fundamental, o aluno que nunca frequentou o serviço de Educação

Especial deverá passar pela avaliação psicoeducacional, para o reconhecimento das suas

necessidades educacionais especiais referentes à deficiência que apresenta. Para os alunos

egressos de Classe Especial ou Escola de Educação Especial, deverá ser realizada apenas a

avaliação pedagógica, com vistas à atualização do Plano de Atendimento Educacional

Especializado.

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P2: Sala de recursos é um ambiente pensado para que sejam trabalhadas as

dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos. Com um profissional

capacitado e materiais didáticos variados, o processo ensino aprendizagem pode ter

ótimos resultados.

A P2 demonstra não reconhecer diferença entre Sala de Recursos o Contraturno Escolar.

Contudo, outra participante demonstrou segurança na resposta, citando, inclusive, a

Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que é mundialmente considerada um importante

documentos em prol inclusão escolar e social, a qual afirma que todas as crianças têm

necessidades e aprendizagens únicas, com direito de ir à escola e com acesso ao ensino

regular, sendo que os sistemas educacionais devem implementar programas que respeitem a

diversidade, considerando a criança como centro da pedagogia.

3.1.3 Quais as diferenças fundamentais entre os dois programas, existentes na escola ?

Três, das cinco participantes, afirmaram que era bastante difícil estabelecer as diferenças,

entretanto, abordaram o fato de a sala de recursos ter maior quantidade de material didático, o

que achavam que possibilita maior aprendizado..

P1 - Contraturno – o professor reforça o conteúdo da sala de aula. Sala de recurso –

propicia ao professor ajudar o aluno com dificuldades nas áreas motora, oral,

cognitiva, com o auxílio de materiais pedagógicos e recursos da tecnologia.

P2 – Na sala de recursos, os alunos devem ser avaliados por psicólogo e

psicopedagogo para que seja diagnosticado o tipo de dificuldade apresentada pelo

aluno, já no contraturno, os alunos participam de diversos tipos de atividades

(esportivas, artística e conhecimentos) com o objetivo de melhorar o desempenho

escolar.

P3 – No contraturno são trabalhadas atividades variadas no período em que o aluno

permanece na escola e, dentre as atividades esta o reforço escolar, que visa auxiliar o

aluno com dificuldades de aprendizagem. Na sala de recurso são atendidos alunos

com necessidades educacionais especiais e com dificuldades acentuadas de

aprendizagem que apresentam atraso acadêmico significativo.

Duas outras participantes afirmaram que a diferença fundamental residia no tipo de

atendimento prestado. Esclareceram que a sala de recursos era um espaço apropriado para a

inclusão de alunos com diferentes deficiências e que o contraturno trabalhava a socialização

do aluno, garantia maior aprendizagem, entre outros, uma vez trata da extensão do período de

permanência do aluno na escola.

P4 – Enquanto no contraturno o professor pode reforçar conteúdos, na sala de

recurso ele fornece ao aluno meios para melhorar seu desempenho em várias áreas

(motora, cognitiva, oral, escrita entre outras). Para o trabalho da sala de recurso

oferece diferentes materiais pedagógicos e recurso tecnológicos.

P5 – No contraturno o professor reforça conteúdos de uma determinada disciplina a

qual o aluno está precisando. Na sala de recurso o professor usa de recursos e

materiais pedagógicos, tecnológicos.

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Segundo Carvalho (2007): Para muitos educadores, a inclusão [...] é entendida como sinônimo de

movimentação de todos os alunos das classes ou das escolas especiais para o ensino

regular, pressupondo-se que a simples inserção desses alunos nas turmas ditas

comuns significa que estão incluídos e integrados com seus pares “normais” e

exercendo seu direito de cidadania de apropriação e construção do saber e do saber

fazer (CARVALHO, 2007, p.87).

De acordo com o autor, não basta incluir os alunos nas classes regulares é necessário dar-lhes

o suporte adequado para a permanência e sucesso. O reconhecimento e a valorização da

diversidade enriquecem o processo educacional e tem promovido mudanças, tanto na escola

quanto na sociedade.

3.1.4 Você sabe a importância de cada programa no processo ensino aprendizagem e

na inclusão escolar dos alunos por eles atendidos?

Todas as participantes responderam que sim, mas com certa insegurança. A maioria entende

que é um trabalho sério, que deve ser feito em conjunto, mas ressaltam que não entendem

bem a questão da sala de recursos.

P3 - Ambos os programas apresentam grande importância dentro do ambiente

escolar, pois são fundamentais no atendimento das dificuldades apresentadas pelos

alunos que frequentam as classes comuns do ensino regular.

P4 - O contraturno possibilita que os alunos que apresentam baixo rendimento, em

alguma disciplina possam recuperar e avançar para a série seguinte. Já a sala de

recursos ajuda as crianças a melhorar o desempenho na escola e melhorar outras

possibilidades na vida.

P5 - Os dois programas são de grande importância, pois, promovem condições para

que se possa ter desenvolvimento em classe comum. [...]. Também os professores

dos programas precisam estabelecer articulações com os professores da sala comum,

trocar ideias para um melhor trabalho.

A resposta da P5 corrobora o exposto na Instrução 016/2011 (PARANÁ, 2011), no que tange

ao trabalho colaborativo entre o professor especializado e os professores da classe comum.

Também nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, a inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais em classes comuns do ensino regular é uma meta das

políticas de educação e, exige interação constante entre professor da classe comum e dos

serviços de apoio pedagógico especializado, sob pena de alguns educandos não atingirem

rendimento escolar satisfatório. Nessas Diretrizes encontram-se as afirmações:

Entende-se que todo e qualquer aluno pode apresentar, ao longo de sua

aprendizagem, alguma necessidade educacional especial, temporária ou permanente,

vinculada ou não aos grupos já mencionados:

1. Educandos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou

limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das

atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:

1.1. aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;

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1.2.aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

2. Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos,

particularmente alunos que apresentam surdez, cegueira, surdo-cegueira ou

distúrbios acentuados de linguagem;[...] (BRASIL, 2001, p.39).

A participação do aluno no serviço de apoio da Educação Especial no ensino regular para

inclusão deve ter o objetivo de atender suas necessidades educacionais, individuais,

complementando o ensino na classe comum.

3.1.5 Dê a sua opinião quanto ao funcionamento desses programas na sua escola

Duas participantes disseram que as salas de contraturno escolar funcionam bem. Um delas

disse que achava que faltava um pouco de trabalho da equipe pedagógica em esclarecer, para

os demais professores como deve ser feita a triagem e o encaminhamento da criança para

essas salas. Duas professoras descreveram que o funcionamento poderia ser melhor já que

havia bastante material pedagógico e que os mesmos poderiam ser compartilhados com todas

as turmas.

P2 - A escola em que trabalho possui uma sala de recursos montada, mas só irá

atender os alunos no ano letivo de 2012. O contraturno é trabalhado na minha escola

desde 2006 e, com certeza já podemos colher os frutos deste trabalho, pois

conseguimos elevar o desempenho escolar dos alunos, inclusive daqueles que

apresentavam transtorno de comportamento e deficiência intelectual.

P3 – Esta escola funciona em tempo integral desde 2006, a qual oferece aos alunos o

atendimento de contraturno no período vespertino. Em minha opinião, este programa

tem apresentado bons resultados, pois os alunos participam com interesse e seu

aprendizado apresenta grandes evoluções. [...]..

Em relação ao contraturno escolar, todas as participantes se mostraram conhecedoras do

assunto, valorizando os resultados obtidos com a ação pedagógica nele desenvolvida. A

escola em questão, além do contraturno, oferece o ensino em tempo integral.

P4 - A escola ainda precisa melhorar e muito o atendimento às crianças que

apresentam alguma necessidade especial. Acredito que o maior problema seja a falta

de profissionais que avaliem essas crianças, falta de professores e acompanhamento

dos pais.

A realização da pesquisa foi bastante interessante, pois deu a oportunidade de conhecer o

olhar dos atores educacionais em relação às salas de recursos e às salas de contraturno escolar.

Entendeu-se que os professores, em geral, têm muitas dúvidas em relação ao assunto.

Um trabalho pedagógico mais contundente de divulgação e esclarecimento sobre os serviços

de apoio à inclusão e atividades em contraturno nas escolas pode ser uma maneira de

oportunizar maior conhecimento. Certamente, na escola locus da pesquisa, isto será feito, pois

de acordo com as participantes, a sala de recursos terá seu funcionamento iniciado no

próximo ano letivo.

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Os resultados aqui apresentados podem ser considerados parciais, em relação à amplitude do

tema estudado, haja vista a necessidade de melhor explorar o assunto e o fato de a pesquisa ter

sido restrita a uma escola e a um número reduzido de participantes.

4 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos pela análise dos questionários respondidos pelas professoras confirmam

que as pesquisadas, demonstram conhecimento sobre as características e funcionalidade do

contraturno escolar. Contudo, o mesmo não é evidenciado com relação à sala de recursos.

Portanto, os dados alcançados pela pesquisa levam a considerar a necessidade de formação

continuada para todos os professores que atuam nas escolas de educação básica, com ênfase

na inclusão e nos serviços de apoio da educação especial no ensino regular, como é o caso da

sala de recursos.

Mantoan (2006, p.17) aleerta “os professores do ensino regular consideram-se incompetentes

para lidar com as diferenças em sala de aula, especialmente para atender os alunos com

deficiência”. Este sentimento decorre do fato de que, grande parte dos professores que atuam

nas classes comuns do ensino regular, não teve em sua formação inicial, disciplina sobre o

assunto. E, é sabido que esses professores tem papel fundamental no processo de inclusão.

Em Lopes (2008) encontra-se a afirmação Sabe-se, que o processo de construção de um sistema educacional inclusivo é

responsabilidade de todos que fazem parte da sociedade e que a Escola Regular é

considerada um dos meios mais eficientes e eficazes para combater as atitudes

preconceituosas e discriminatórias, na tentativa de oferecer educação de qualidade

para todos (LOPES, 2008, p. 11).

A autora defende que a escola regular é um ambiente propício de combate ao preconceito em

relação aos alunos que apresentam algum tipo de necessidades especiais.

Embora sejam conhecidos altos índices de crianças que frequentam e são aprovados em salas

de recursos, é imprescindível que estes sejam atendidos de forma adequada, com vistas a

complementar a sua aprendizagem para que a inclusão seja real e eficiente.

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial e para a educação em geral estão focadas

na qualidade do ensino para todos. Para o alcance deste objetivo, a utilização de recursos,

tecnologias, materiais didáticos diversos, podem favorecer não apenas os alunos com

deficiência, mas todos os alunos que necessitam de atenção diferenciada para obter sucesso no

processo ensino aprendizagem e avançar nos níveis educacionais mais elevados (BRASIL,

2008).

Em contraturno escolar ou em salas de recursos, o importante é que seja proporcionado ensino

de qualidade, respeitando-se a subjetividade do aluno. Enfim, para a prática educacional

inclusiva é imprescindível que a escola que ofereça atendimento educacional especializado

Também, de fundamental importância é a participação da família no processo de inclusão da

criança.

Vale registrar que esta pesquisa não conclui o tema abordado e que certamente, outras a

sucederão, pois há necessidade de explorar mais o objeto deste estudo.

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