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Salve Embu Embu das Artes - Novembro 2011 - número #1 - 2 a edição on-line| www.salveembudasartes.com.br | distribuição gratuita das Artes Plano Diretor de Embu das Artes é barrado pela Justiça 3 Pesquisa de campo revela riquezas na Cidade das Artes 4 Contas da Campanha do Prefeito Chico Brito foram reprovadas pelo TSE 12 EMBU DAS ARTES OU “REPÚBLICA DAS CAÇAMBAS”? Aterros e descartes duvidosos, supressão de matas, multas por crimes ambientais... Páginas 8 e 9 Divulgação - Estrada Nonoai

Salve Embu das Artes...Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES as vozes da cidade 2 Salve Embu das Artes é um movi mento de cidadania. Queremos ter acesso livre às infor mações

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Salve EmbuEmbu das Artes - Novembro 2011 - número #1 - 2a edição on-line| www.salveembudasartes.com.br | distribuição gratuita

das Artes

Plano Diretor de Embu das Artes é barrado pela Justiça 3

Pesquisa de campo revela riquezas na Cidade das Artes 4

Contas da Campanhado Prefeito Chico Britoforam reprovadaspelo TSE 12

Embu Das artEs ou

“rEPública Das caçambas”? aterros e descartes duvidosos, supressão de matas, multas por crimes ambientais...Páginas 8 e 9

Divulgação - Estrada Nonoai

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES

as vozes da cidade

2

Salve Embu das Artes é um movi­mento de cidadania.

Queremos ter acesso livre às infor­mações e sem manipulação.

Queremos tirar a democracia do papel e fazer com que ela tenha es­paço na vida das pessoas.

Queremos o bem, independente­mente de partido, de cor, de cara.

Queremos preservar os valores da cidade: a arte, o turismo, a cultura, a água, o emprego.

Queremos tornar dignas as gentes da cidade! Tornar as pessoas dignas não com promessas e migalhas. Mas tornar as pessoas dignas ao mostrar que cada um é grande, e tem a ca­pacidade de sovar o próprio pão!

Não queremos migalha, queremos educação!

Queremos que as leis sejam cum­pridas. Salve Embu das Artes é um movimento pela ética! Ética na hora de governar, para que o poder seja um jeito de servir ao povo e não um jeito de servir a poucos.

Não queremos que a discussão do Plano Diretor de Embu das Artes se transforme em palanque de reelei­ção. Ou que se transforme em uma discussão superfi cial, parecendo mais uma festa com torcida organizada. Chega de manipulação!

Queremos cuidar da nossa cidade, lutar pelo nosso pão. Isso porque os moradores de Embu das Artes já construíram um caminho próprio para a cidade, independentemente dos governantes, que chegam e vão.

Embu tem vocação para crescer e

Movimento Salve Embu das Artes

O anoitecer de Embu das Ar­tes toca sua

canção. Os grilos dão o tom e são seguidos pelas corujas, que saem de seus esconderijos para desbravar a noite.

Muitos não sabem, mas as corujas prestam importante serviço às pes­soas, alimentando­se princi­palmente de insetos e roedores. Além daquelas que vivem na noite, há as espécies diurnas, como a coruja­buraqueira, que vive nos campos e faz seus ninhos no chão.

Corujas são o símbolo da sabedoria e também da pedagogia. E quem ainda não ouviu as expressões “pai­coruja” e “mãe­coruja”?

As diversas simbologias desta ave já apaixonaram muitos ar­tesãos, que aplicam a imagem da coruja em camisetas, chavei­ros, almofadas, bolsas, brinquedos e muitos outros artigos para adultos e crianças.

Em Embu das Artes, corujar está na moda e, aproveitando retalhos de tecidos que acabariam no lixo, mãos habilidosas transformam lixo em luxo, confeccionando lindos chaveiros de coruja.

A psicóloga Ceres Araújo nos conta sobre o “olhar coruja”. Corujar o fi lhote signifi ca cuidar, valorizar, mimar, abraçar, PROTEGER!

As cidades precisam ser cuidadas por seus cidadãos como a criança

escolhida, fi lho precioso, lugar em que fomos e somos acolhidos,

espaço que amamos, abrigo onde vivemos.

O anoitecer de Embu das Artes toca sua canção e nós sonhamos com um destino feliz. EMBU DAS ARTES! Vamos co­

rujar nossa cidade?

Embu das artes: vamos corujar?

ser única: polo de turismo e de serviços; bela na arquitetura, na paisagem; rica de culturas!

Queremos que as características turís­ticas de Embu se fortaleçam, recebam investimento e atenção.

Vamos acolher nossos visitantes, dar renda para a nossa gente, valorizar a nossa riqueza.

Queremos que Embu incentive o es­tabelecimento de pousadas e restau­rantes. Vamos trazer o turista para a observação de aves, para o arborismo, para apreciar as artes.

Queremos educação e profi ssionaliza­ção para empregar toda a nossa gente. Queremos investimento na agricultura sustentável, na produção de orgânicos, que alimentam, e que geram condições de vida e saúde para a população.

Queremos que Embu se desenvolva junto com a capacitação de sua gente e de forma sustentável.

Queremos que nossos fi lhos e netos conheçam a nossa história e nossas raí­zes. A cultura da nossa cidade não pode ser destruída antes mesmo de nossos descendentes nascerem.

Queremos que a cidade seja um espelho das pessoas que moram aqui, daqueles que fi zeram e fazem arte, daqueles que fi zeram e fazem história, daqueles que trabalham e lutam por uma vida digna.

Vamos promover uma revolução de honestidade, de cidadania e de valori­zação do povo. Valorização da cultura da cidade, da vida da cidade.

Queremos respeito à cidadania! Embu merece. O Brasil merece. Você e eu merecemos!

artigoeditorial

A coruja tem olhos grandes, atentos, expres-sivos e enxerga no escuro. O “olhar coruja” é aquele que se detém no fi lho, apaixona-damente e lhe comunica o amor incondi-cional, que faz dele a criança escolhida, valorizada e admirável. O “olhar coruja” dos pais, vê no “escuro”, isto é, antecipa e coloca toda a expectativa em um destino feliz para seus fi lhos.Ceres Araújo, “A importância do olhar coruja dos pais”

As cidades precisam ser cuidadas por seus cidadãos como a criança

escolhida, fi lho precioso, lugar em que fomos e somos acolhidos,

espaço que amamos, abrigo onde vivemos.

A psicóloga Ceres Araújo nos conta sobre o “olhar coruja”. Corujar o fi lhote signifi ca cuidar, valorizar, mimar, abraçar, PROTEGER!

As cidades precisam ser cuidadas As cidades precisam ser cuidadas por seus cidadãos como a criança

escolhida, fi lho precioso, lugar em que fomos e somos acolhidos,

espaço que amamos, abrigo

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Movimento Salve Embu das Artes

As opções de desenvolvimento tem que ser pensadas por toda a população do município, não por grupos isolados. O desenvolvimento atual não pode somente visar a geração de empregos com a devastação do meio ambiente. Nós temos que pensar qual é a preservação que a gente precisa manter e qual é o desenvolvimento que a gente precisa também!

Vanessa Aderaldo de Souza, Casa de Cultura Santa Tereza, depoimento ao Movimento Salve Embu das Artes

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MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Novembro 2011 3

Embu das Artes vive sob tensão com a revisão do Plano Dire­tor: duas Audiências Públicas

foram canceladas pela Justiça, nos dias 27 de junho e 18 de julho, pois há irregularidades no processo.

A Ação Civil Pública que tramita na Justiça alega que a Prefeitura de Embu das Artes não deu a devida publicidade, não seguiu o crono­grama divulgado para a revisão do Plano Diretor, não noticiou as re­gras para a participação durante a Audiência Pública, não apresentou previamente os estudos e análises aos Conselhos da cidade, e atropelou o processo ao convocar a Audiên cia Pública juntamente com o Legisla­tivo, sem dar tempo para as análises técnicas aprofundadas que um Plano Diretor exige.

A Dra. Denise Cavalcante Fortes Martins, Juíza de Direito da 3ª Vara do Fórum da Comarca de Embu, suspendeu as Audiências Públicas por meio de Liminares Judiciais e indicou que nenhuma outra Audiên­cia Pública deve ser agendada até o final do julgamento da ação prin­

cipal ou de nova ordem judicial.O conteúdo da Minuta do Projeto

de Lei do Plano Diretor ainda não foi, de fato, discutido com a popu­lação. Embu das Artes quer que a participação popular seja legítima e que exista espaço para todos se expressarem, pois o papel do poder público é governar em prol do bem coletivo. Para tanto é preciso que a população seja escutada!

A nova proposta de zoneamentoApesar de a Prefeitura ter rea lizado

39 encontros com as comunidades, o novo zoneamento proposto não foi mostrado em nenhum deles, não foi discutido!

A Minuta do Projeto de Lei do Plano Diretor de Embu indica uma grande área chamada de Zona de Interesse Ambiental que possui im­portantes mananciais do Rio Cotia e da Bacia da Guarapiranga, além de Mata Atlântica. A proposta para essa região verde da cidade é implan­tar indústrias em qualquer local, junto a residências, condomínios, comércio e serviços.

Além disso, a proposta insere um enorme corredor de indústrias e logística, a Zona Corredor Empresa-rial (ZCE), que afetará uma área de cerca de 3 milhões de metros quadrados o que equivale aproxima­damente a 300 campos de futebol. Veja o infográfico nas páginas 6 e 7.

É difícil avaliar o tamanho dos impactos ambientais. Cesar Pegoraro trabalhou no Projeto Diagnóstico Socioambiental da APA Embu Verde e constata: “A região da APA Embu Verde funciona como uma esponja, absorvendo água das chuvas, recarregando os aquíferos e vertendo este líquido nas nascentes. Mais ocupação nesta localidade significa maiores taxas de impermeabilização do solo e uma possível ameaça à manutenção do volume de água. Vale lembrar que esta região abriga nascentes significativas de afluentes do Rio Cotia, que abastecem o sistema Baixo Cotia, manancial de parte de Carapicuíba, Barueri e Itapevi, representando 400 mil pessoas”.

A ZCE atinge também a Área de Proteção aos Mananciais da Guarapiranga, na região do bair­ro Ressaca. A Guarapiranga é um dos principais mananciais da Re­gião Metropolitana de São Paulo. Abastece quatro milhões de pes­soas residentes na zona sudoeste da capital paulista, incluindo San­to Amaro, Morumbi, Pinheiros e Butantã, e parte da população de Taboão da Serra.

E a vocação da cidade?Tudo leva a crer que por trás

do caminho fácil para aumentar a arrecadação de impostos, os especuladores de plantão terão valorização imediata dos imóveis na região. Sabe­se que o setor de serviços no Brasil emprega muito mais do que o industrial. Embu das Artes sinaliza há anos sua voca­ção turístico­artística por meio de questões simples de compreender:

sua imensa riqueza em recursos na­turais e sua história, construída ao longo do tempo por muitos artistas que deixaram e continuam deixan­do suas marcas.

Quantos quilômetros um paulis­tano precisa rodar para chegar a uma cidade turística, privilegiada por artistas, pela riqueza da Mata Atlântica, por nascentes de água e por tranquilidade? Que preço será que os paulistanos pagam por isso? Embu fica a apenas 28 km de São Paulo.

Os políticos passam pelas cidades, mas quem carrega para sempre o impacto de suas atitudes são os seus moradores. Por isso é legítimo o posicionamento de cada cidadão, é legítimo exigir uma análise abrangen­te sobre que modelo de desenvolvi­mento pretendemos seguir e, para tanto, é necessário tempo para ava­liar impactos gerados por qualquer direcionamento. Estamos vivendo a revisão do Plano Diretor de Embu das Artes e este é o momento em que temos a chance de escolher: que cidade nós queremos?

Plano Diretor é barrado pela JustiçaDuas Audiências Públicas foram canceladas em menos de 30 dias!

Plano Diretor é um importante instrumento para ordenar o desenvolvimento urbano e rural da cidade, regulamen tando o uso e a ocupação do solo, determinando o zoneamento. O Plano Diretor de Embu foi feito em 2003; a legislação fe-deral impõe sua revisão a cada 10 anos. A revisão começou no final de 2010.

desafios da cidade

“ O ponto é que cada cidade precisa descobrir a sua própria vocação. Desenvolvimento não é um caminho único, uma receita pronta. A vo-cação pode ser indústria? Pode. Mas também pode ser o comércio e os serviços associados à experiência turística, um caminho que Embu já vem trilhando com suas lojas, seus artistas, seus restaurantes e suas áreas protegidas.

Carolina Derivi, no blog Eco Balaio, Planeta Sustentável

Chico Brito (PT), transtornado com a Liminar do dia 27 de junho, faz discurso contra a sociedade civil

Movimento Salve Embu das Artes

Divulgação

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES

Bruno Ferrarini

4o verde

Biólogos, geógrafos e educa­dores ambientais estão iden­tifi cando a vegetação, a fau­

na, o solo e o relevo nos principais fragmentos fl orestais de Embu das Artes, localizados na Área de Prote­ção Ambiental (APA) Embu Verde e no seu entorno.

É o projeto Diagnóstico Socioam-biental da APA Embu Verde – Educa-ção Ambiental na Bacia do Rio Cotia, da Sociedade Ecológica Amigos de Embu com fi nanciamento do FEHI­DRO (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), que tem o objetivo de identifi car os recursos naturais para auxiliar e garantir iniciativas de sus­tentabilidade, preservacionistas e de manutenção da qualidade de vida, ações educativas ambientais e políti­cas públicas. Isso porque Embu das Artes ainda possui um patrimônio ambiental invejável – as fl orestas – guardiãs da água e da vida!

A equipe de especialistas, coor­denada pela Profª Dra. Maria Isa­bel Franco, arregaçou as mangas e realiza um trabalho de campo aprofundado para entender a im­portância da região. “O projeto apresenta aspectos inovadores para o município, não só para a APA Embu Verde. Tem propicia­do a vivência da pesquisa engajada com moradores e trabalhadores,

Pesquisa de campo revela riquezas2011 é o ano Internacional das Florestas e, mais do que nunca, cuidar do notável patrimônio de Embu das Artes é responsabilidade de todos nós

Armadilhas de pegadas são caixas com areia

posicionadas em pontos estratégicos,

como beiradas de córregos, próximas às

tocas ou em trilhas, que registram as

pisadas dos animais.

Câmeras Trap com sensores de movimento registram os animais durante o dia e à noite.Acima, a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o gato-do-mato-pequeno melânico (Leopardus tigrinus) ambos ameaçados de extinção. Ao lado o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) come tranquilamente as gramíneas no terreno da antiga Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC).

Indaia Emília e Maria Isabel FrancoSociedade Ecológica Amigos de Embu

por meio de várias metodologias colaborativas. Fizemos também um levantamento dos principais con­fl itos de uso dos locais da APA – aterros, condomínios, especulação imobiliária, depósitos de entulho e lixo, poluição dos córregos... e construí mos muitas propostas de ações comunitárias e em parceria com o poder público. São propostas que podem ser adaptadas a todos os ‘espaços verdes’do município, que busquem a conservação sustentá­vel dos remanescentes naturais ou passíveis de recuperação, sobretu­do, por conta da manutenção da estabilidade do microclima local e do fornecimento de água para a Região Metropolitana – serviços ambientais fundamentais em uma gestão ambiental compartilhada e responsável –,” conta Isabel Franco.

Novidades ecoam da mataDenise Mello do Prado, bióloga

mestre em ecologia, conta que o trabalho de campo tem sido surpre­endente, “temos registrado animais muito signifi cativos nas áreas, vários deles ameaçados de extinção”. A equipe do Diagnóstico Socioambiental na APA Embu Verde realiza a coleta de dados com registros fotográfi cos de câmeras especiais, dotadas de senso­res de movimento, e posicionadas em pontos estratégicos das áreas fl orestadas; armadilhas de pegadas que consistem em caixas de areia que permitem a identifi cação dos animais por meio da análise das pisadas; ob­servações visuais, etc.

O trabalho está sendo realizado em mais de 200 pequenas trilhas, planejadas criteriosamente para ga­rantir a qualidade das amostragens e sem danifi car a paisagem ou causar estresse aos animais. Diariamente são percorridos cerca de 4 quilômetros para documentar as informações, re­colher o material fotográfi co, afofar as armadilhas de pegadas, etc.

Errata ­ o crédito correto é: Câmeras Trap ­ Denise Mello do Prado

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MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Novembro 2011 5

Patrimônio ambiental se transforma em APA

A Área de Proteção Ambiental Embu Verde ocupa 15,7 km2 do município e está localizada no extremo oeste, na bacia do Rio Cotia. A região abriga importantes fragmentos de Mata Atlântica com grande biodiversidade e espécies ameaçadas de extinção, já comprovados pelos estudos do Instituto Flo-restal de São Paulo em 2005. O reconhecimento da riqueza ambiental e da importância dessa área pelos serviços am-bientais que oferece à população, além de sua fragilidade, resultou na aprovação da lei municipal que instituiu a Área de Proteção Ambiental – APA Embu Verde, em dezembro de 2008. Localize a área no infográfico das páginas 6 e 7.

Relação delicada: homem-natureza

“As áreas verdes precisam deixar de ser vistas como vazios urbanos ou elementos estranhos à cidade. É ne­cessário que sejam reconhecidas, em sua verdadeira importância e função, sendo consideradas integrantes do te­cido urbano. O que temos observado nas cidades, é que a mancha urba­na avança rapidamente e deteriora todas as áreas verdes disponíveis. Então, o ambiente se torna caótico e a qualidade de vida da população cai exponencial mente”, comenta a arquiteta e urbanista Milena Fabbrini.

A água não brota das torneiras, de­pende das florestas, que funcionam como verdadeiras esponjas que abas­tecem os rios subterrâneos, mantendo os mananciais; sem as florestas não há chuvas capazes de limpar o ar po­luído, e a transpiração das folhas que provocam o vapor de água e formam as nuvens, deixa de existir.

Além disso, as florestas são imensos reservatórios de carbono, reduzem os impactos do aquecimento global e pro­duzem muito oxigênio. Infelizmente, Embu das Artes já perdeu muito de suas florestas! A solução é preservar, ensinar a preservar e promover a re­cuperação e o plantio de novas áreas! Porque floresta é água, é vida!

Pagamento por Serviços Ambientais: solução inovadora no mundo

Os Serviços Ambientais são os be­nefícios “invisíveis” que as pessoas recebem da natureza. Quanto valem as florestas, a água limpa e potável, o ar que respiramos, o clima agradável, a polinização da vegetação e da agri­cultura, a dispersão das sementes...? A natureza, silenciosamente, presta serviços à coletividade.

O conceito de Pagamento por Ser­viços Ambientais é tema relevante de políticas públicas de conserva­ção ambiental em todo o mundo, pois acredita­se que a preservação do meio ambiente deve ser mais lu­crativa que sua destruição. A ideia básica é remunerar quem preserva o meio ambiente, recompensando com dinheiro, ou outros meios.

Há várias iniciativas de sucesso no Brasil, como o ICMS Ecológico onde o município que preserva suas florestas e conserva sua biodiversida­de ganha uma pontuação e recebe recursos financeiros; o Proambiente que premia agricultores e pecuaristas

O gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), ameaçado de extinção, é avistado na APA Embu Verde, indicando que as matas estão bem preservadas. Topo de cadeia, é um dos maiores gaviões da Mata Atlântica.

Equipe descobre lixão abandonado dentro da

CAC. Também um córrego extremamente poluído,

situado nas bordas do terreno, contamina o solo e pode

provocar inúmeras doenças à população. Frequentemente

apresenta uma cor preta e exala forte odor de tinta.

sustentáveis; a compensação ambien­tal que remunera financeiramente os impactos ambientais inevitáveis; a reposição florestal com mecanismo especial para o reflorestamento; além do mercado de crédito de carbono.

“A valoração da APA como área prestadora de serviços ambientais pode ser a base para escolha das diretrizes econômicas, sociais e am­bientais da cidade. Temos a chance de iniciar um novo modelo de de­senvolvimento em Embu das Artes e região, calcado nos princípios da sustentabilidade,”observa An gé lica Maran, bióloga e pesquisadora do projeto Diagnóstico Socioambiental APA Embu Verde.

Preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus) também foi flagrada nas matas da cidade.

SEA

E

Bruno Ferrarini

Érica Luna

Divulgação

Isabel Cristin

a Moroz

Moradores registram animais mortos. Um gato-maracajá (Leopardus wiedii) foi atropelado na região de Itatuba. Uma fêmea de bugio foi encontrada no Jardim Tomé. Muitos animais silvestres são atacados por cães.

Errata ­ o crédito correto é: Denise Mello do Prado

Errata ­ o crédito correto é: Denise Mello do Prado

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES6

Plano Diretor proposto pela prefeitura. ... Estância turística?

Danos Ambientais1. CapuavaDano Ambiental com autorização da Prefeitura2. Jardim Tomé400 mil m2 de matas tombam3. Jardim São MarcosCrimes Ambientais resultam em multa dequase 7 milhões aos cofres públicosVeja nas páginas 8 e 9

Daqui a 10 anos, com o crescimento, provavelmente haverá expansão da área. Que qualidade de vida nós teremos?

Em 20 anos, provavelmente toda a área estará ocupada. Haverá água para todos?

ZCEZona Corredor EmpresarialProposta da prefeitura: galpões, indústria, habitação, turismo, comércio e serviços... em qualquer lugar. Veja na página 3

Terreno público com projeto social é vendido para empresa de logística.Projeto Colhendo Sustentabilidade é despejado!Veja na página 11

ZiaZona de interesse ambientalÁreas verdes da cidadeProposta da prefeitura: indústrias, habitação, turismo, comércio e serviços... em qualquer lugar.

aPa Embu VErDE

Projeção 20 anos!

Projeção 10 anos!

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Edson J. Gonçalez

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MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Novembro 2011 7

O que é Planode Manejo?

Todas as Unidades de Conservação, assim como a APA Embu Verde, preci-sam de um Plano de Ma-nejo. Nele são estabele-cidas as normas, o uso e ocupação do solo, ou seja o zoneamento ecológico--econômico, indicando o que pode e o que deve ser evitado. Sem os estudos aprofundados é impossí-vel defi nir um zoneamento adequado.O Plano de Manejo é de-fi nido a partir do levanta-mento de informações de-talhadas sobre os recursos naturais, a biodiversidade, as atividades socioeconô-micas, os aspectos histó-ricos, culturais, etc. Nele também são defi nidos os programas e monitoramen-to da região, tudo de forma participativa.O Plano de Manejo da APA Embu Verde está atra-sado mais de dois anos e isso difi culta o desenvol-vimento sustentável da região. Ele tem um custo elevado e deve ser elabo-rado pelo poder público e o Conselho Gestor da APA, com a participação das comunidades. O Conselho Gestor da APA Embu Verde aguar-da o pronunciamento da Prefeitura para a libera-ção de verbas, contrata-ção da empresa qualifi ca-da e início dos trabalhos. A Sociedade Ecológica Amigos de Embu já está auxiliando no processo com levantamentos apro-fundados de campo por meio do projeto Diagnós-tico Socioambiental da APA Embu Verde.

Danos Ambientais1. CapuavaDano Ambiental com autorização da Prefeitura2. Jardim Tomé400 mil m2 de matas tombam3. Jardim São MarcosCrimes Ambientais resultam em multa dequase 7 milhões aos cofres públicosVeja nas páginas 8 e 9

Daqui a 10 anos, com o crescimento, provavelmente haverá expansão da área. Que qualidade de vida nós teremos?

Em 20 anos, provavelmente toda a área estará ocupada. Haverá água para todos?

ZCEZona Corredor EmpresarialProposta da prefeitura: galpões, indústria, habitação, turismo, comércio e serviços... em qualquer lugar. Veja na página 3

Terreno público com projeto social é vendido para empresa de logística.Projeto Colhendo Sustentabilidade é despejado!Veja na página 11

aPa mata Do saNta tErEZa

aPa PraDo raNGEl

aPa laGoa Dos PrÍNcÍPEs

rodoanel

br 116

APAs - Áreas de Proteção AmbientalPatrimônio ambiental da cidade.Garantia de água para todos!• APA Embu Verde• APA Mata do Santa Tereza (Roque Valente)• APA Prado Rangel• APA Lagoa dos Príncipes

Áreas verdes da cidade possuem incrível biodiversidade! Periquito-maracanã, macaco-bugio, quati... aparecem com frequência.Páginas 4 e 5

Bruno Ferrarini Projeto Tangará

2

3ZEiaZona de Especialinteresse ambientalFuturo Parque da Várzea, Parque Linear. Área de Proteção aos Mananciais.

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES8

Embu Das artEs ou “rEPública Das caçambas?”Movimento Salve Embu das Artes De qual cidade nós falamos?

capa

A Polícia Ambiental de São Paulo aplicou multas por crimes ambientais que che­

garam ao valor de R$ 6.830.300,00, em um único empreendimento de responsabilidade da Prefeitura de Embu das Artes, no Jardim São Marcos, em fevereiro deste ano.

O processo investigatório, por meio de Parecer Técnico da Coorde nadoria de Biodiversidade de Recursos Natu­rais (CBRN – Núcleo de Fiscalização e Monitoramento I – Embu) e do Laudo do Instituto de Criminalísti­ca (Departamento Estadual de Polí­cia Científica de SP), confirmou os crimes ambientais de supressão de vegetação no entorno de nascentes, de aterramento de nascentes e de dis­posição de entulhos de procedência duvidosa, em Área de Proteção aos Mananciais, sem as autorizações do órgão ambiental estadual – a CETESB.

multa de quase 7 milhõesInquérito Civil Público investiga movimentação de terra, supressão de mata nativa e aterro de nascentes em obra da Prefeitura no Jardim São Marcos

Mais uma vez os moradores se unem para defender a APA Embu Verde, desta

vez no bairro Capuava, por meio de Representação no Ministério Público Municipal. Isso porque a Secretaria do Meio Ambiente da cidade aprovou o aterro localizado na Rua Manoel Antonio da Costa, 440, sem levar em conta que se tra­ta de área de preservação perma­nente, ou seja, uma área de várzea, alagadiça, o que inviabiliza a auto­rização para movimento de terra.

A Câmara Técnica de Projetos, Obras e Regularização Fundiária do Conselho Gestor da APA Embu Verde também alertou a Prefeitura, pois “a altura do aterro solicitada no proces­so excede de maneira exorbitante as necessidades colocadas pelos proprie­

A obra da Prefeitura, um ater­ro para implementação de área de lazer, planejado inicialmente numa área de 7.200 m2, passou para 23.761,34 m2 em menos de seis meses e foi executado pela empresa Cordeiro Terraplenagem e Construção Ltda.

Outro fato que causou espanto foi a quantidade de material disposto. A Autorização nº 031/2010 indicava para 25.000 m3 de volume compac­tado e, na renovação, passou para 97.066,36 m3.

A Prefeitura de Embu das Artes pro­mete fiscalização eficaz, afirmando que os empreendimentos passam por diversos Conselhos da cidade e por órgãos licenciadores. Infelizmente não é isso que a administração pú­blica tem demonstrado. A pergunta que não quer calar é quem vai pagar essas multas?

Jardim São Marcos: caminhões despejam resíduos duvidosos, soterrando nascentes e derrubando a mata nativa

Prefeitura faz vista grossaSecretaria do Meio Ambiente aprova aterro em área de preservação permanente no bairro Capuava

tários” e aconselhou que “o projeto não se transforme em mais uma au­torização para a comercialização de aterro na área da APA Embu Verde”.

Uma representação tramita no Mi­nistério Público desde o final de 2010, e recentemente foi aberta uma ação na Justiça com base no relatório de vis­toria realizada pelo CAEX, Centro de Apoio à Execução, que indicou que se faça a recuperação ambiental da área de preservação permanente, com a remoção de todo material depositado; que se reconstitua a camada fértil do solo para posterior reflorestamento e que seja feito o plantio com espécies da flora nativa regional.

É uma pena que a sociedade civil tenha que recorrer, a todo momento, ao Ministério Público e à Justiça para que as leis sejam cumpridas.

A finalidade do poder é servir, todo poder que ao in-vés de servir é um poder que se serve, esse é um poder que não serve. Por isso é preciso que se preste atenção em quem é que se vai escolher para que ele sirva, por-que se ele ou ela, por nós escolhido, não servir a nós, a comunidade, e resolver a sua história, servir a si mesmo, esse é alguém que não serve.

Discurso de Mario Sergio Cortella

Prefeitura autoriza aterro em área de várzea

Divulgação

Divulgação

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MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Novembro 2011 9

Motosseras e tratores avan­çaram em uma grande área da APA Embu Ver­

de no Jardim Tomé, em Embu das Artes. “Apesar de contatar o IBAMA, Polícia Ambiental, Polí­cia Militar, Delegacia de Polícia do Embu, Palácio dos Bandeirantes, Secretaria do Meio Ambiente e Guarda Civil Municipal, ninguém apareceu, ninguém se importou e, consequentemente, a devastação aconteceu por completo e livre de qualquer sanção na manhã de car­naval de 2008. O desmatamento e a espantosa movimentação de terra causaram uma enorme degradação ambiental, inclusive com o aterra­mento de nascentes”, conta Mauro Ferraz, morador do local.

Várias entidades, indignadas com esses danos ambientais, entraram com uma Representação junto ao Ministério Público no Município para que sejam apuradas as respon­sabilidades. As entidades alegam que o desmatamento foi ilegal, contra a Lei da Mata Atlântica, e não foi autorizado por nenhum órgão com­petente. Para agravar ainda mais a situação, em 6 de julho de 2009 foi aprovada a Lei Complementar nº 123, que institui o Corredor Empre­

matas tombam no Jardim tomé

400 mil metros de Mata Atlântica desaparecem brutalmente apesar dos apelos da população

sarial da Estrada Keiichi Matsumoto, dentro da APA, no mesmo lugar do desmatamento, sem que o Conselho Gestor da APA Embu Verde estives­se legalmente empossado e pudesse estar apto para deliberar sobre a im­plantação desse Corredor Empresa­rial – fato que causou estranheza e apreensão em toda a comunidade do Jardim Tomé e Moinho Velho.

Próximo à área degradada há escola, creche, e uma ONG que atende crianças e jovens. O empre­endimento ocasionou enchentes, as­soreamento dos córregos, colocando em risco tanto moradores pobres, como moradores de condomínios de luxo. Como acreditar que o in­tenso trânsito de veículos de carga pesada, o desmatamento e a nova topografia gerada por esses aterros combinam com uma área de baixa densidade populacional, vias estrei­tas, com vocação turística e privile­giada por fauna, flora e mananciais?, questionam os moradores.

“Eu posso falar com propriedade sobre o Jardim Tomé, o impacto des­se corredor empresarial na vida do bairro tem sido assustador. A gente vê que a área foi todinha desmatada, o terreno foi completamente modi­ficado, sete nascentes foram soterra­

das. Parece que a coisa vai se repetir dentro da área da APA. A gente fica pensando se Embu merece pagar esse preço ou se o resgate do artesanato, o turismo não é o suficiente para essa cidade ter um crescimento orgânico, sustentável, respeitando a vocação do município”, fala Marta Junqueira, coordenadora de Projeto da Associa­ção Acorde e membro do Conselho Gestor da APA Embu Verde.

Os empreendimentos passam pela aprovação da pre-feitura, pela aprovação de um Conselho participativo – que é o Conselho Gestor da APA –, que tem um con-trole social, e também pelos órgãos estaduais, particu-larmente a CETESB.Prefeito Chico Brito,em entrevista ao programa Globo News, em agosto

Mas não é isso que a cidade está vendo!

Lama invade o Jardim Tomé

Flagrantes da cidade

Rua João Paulo I, 1.636

Próximo ao Cemitério dos Jesuítas

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Esquina da Rua David Blinder

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES10

Na década de 70 Embu ficou conhecida como Capital da Ecologia pelo forte ativismo de seus moradores que defendiam os valores paisagísticos e arquitetônicos da cidade

A história de Embu das Artes é permeada por militância. A cidade possui uma das ONGs mais antigas do Brasil, a Socie­

dade Ecológica Amigos de Embu, criada na década de 1970.

A primeira grande luta que mobilizou muita gente foi o Aeroporto Internacional que seria instalado em Cotia, em seguida vieram os Portos de Areia que prometiam arrasar a cidade, mais tarde um enorme Lixão e, em 2005, o Corredor Empresarial da Rua Maria José Ferraz Prado, tam­bém derrubado pelo ativismo.

Agora a cidade se depara com a revisão do Pla­no Diretor que propõe mudanças profundas no zoneamento, com consequên cias desastrosas, de difícil mensuração.

Resgatando nossa história, encontramos as Char-ges de Otávio publicadas na Folha da Tarde (SP), em 1977, durante as tentativas da Prefeitura para implementar os Portos de Areia. Os anos passam e os desafios continuam os mesmos...

Folha da Tarde - 10.10.1977

Folha da Tarde - 25.10.1977Folha da Tarde - 16.9.1977

Década de 1970, Folha da Tarde publica Charges de Otávio sobre os Portos de Areia, impedidos mais tarde com a pressão popular.

história, arte e cultura

V iver é ser parte da História. Viver é ser História, é ser o eterno presente da His­tória. Nada somos sem o Passado, assim

como nada poderemos ser sem um Futuro. Nos­sa História tem de ter Memória, porque nossa História tem sua própria História. Existe a His­tória do Universo, a História da Terra, a Histó­ria da Humanidade. Mas existe também nossa História pessoal, que transita pela História de nossa família, que passeia pela História de nosso país, que deságua na História de nossa cidade, na História da cidade que escolhemos como sendo a Nossa.

E nossa vida é o resultado de nossas escolhas – e muitas vezes escolhemos a perda da Memó­ria. Assim como tantos outros artistas e artesãos, colhemos, escolhemos e acolhemos EMBU como

as artes do Embu que o Embu das artes deveria preservar

Renato Gonda

nossa cidade. Como nossa EMBU DAS ARTES. Mas nossa memória não pode ser mantida ape­nas em nossa Memória – tem de ser gravada na História, e estamos perdendo nossa História, e permitindo que uma amnésia cultural se incor­pore em nós.

EMBU DAS ARTES – mas de que Artes? Quem aqui esteve antes de nós, e por quê? Que ares e artes da Villa de M´BOY ainda podem pairar sobre nós? Nossa Memória está se perdendo até dos registros da História. Somos parte das AR­TES do EMBU, e permitimos que nossas Artes se apaguem.

A História tem de ser contada e tem de ser cantada e tem de ser encantada pela conservação da História, que é a Memória do que somos e do que fomos e do que seremos. EMBU DAS ARTES

passadopresentefuturo

a capital que já foi da Ecologia

Movimento Salve Embu das Artes

TEM DE SER A MEMÓRIA VIVA DAS ARTES DO EMBU. Não podemos permitir que as obras de nosso passado, tão recentes, não pertençam ao presente de nossa História.

Somos nosso próprio Museu – e para nos res­peitarmos, temos de respeitar a História da qual fazemos parte, da qual faremos parte. Obras de Arte não se mantêm se não forem mantidas, assim como a História e as Memórias. Temos de restaurar e preservar as s/obras e as p/artes que ainda podemos resgatar, para não desgas­tar ainda mais nossos rastros e nossas pegadas e nossos registros e nossa Arte – que registra a História. Pois a Arte é a História. Artistas são Historiadores e mantenedores da Memória. Mantenhamos nossa Memória viva na História do EMBU DAS ARTES!

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MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Novembro 201111

Portais da cidadeDevido a inúmeras irregularidades, o

processo continua parado na justiça des­de 2010. Nenhum artista da cidade pôde participar. Os “vencedores” são arquitetos e não da cidade (exceto um), e os projetos não respeitam o edital – não contando nos­sa história, nem fazendo menção à nossa arte. Mais uma vez, o desrespeito a quem fez e faz de Embu o “Embu das ARTES”: Nossos ARTISTAS.

O escultor e ex­secretário de turismo Zé Figueiredo comenta, “é inconcebível que o administrador público veja em cada crítica a respeito de determinada ação de seu governo, a voz de inimigos que querem achincalhar seus nobres atos, quando de­veria ouvi­los, avaliar suas proposições, a fim de tomar decisões que vão ao encontro dos anseios de todos os segmentos que compõem a cidade que gerencia. Governar não é impor sua vontade e quem assim o fizer estará remando contra a maré e consequentemente estará praticando um mau governo.

A exclusão dos artistas do Embu da construção dos 13 Portais ilustra a teoria exposta acima.

Por que investir os frutos do trabalho dos artistas de Embu, num tributo a quem não moveu uma palha para plantá­los? A quem interessa uma política destas?

Um governo sábio veria em nosso pro­testo um gesto amigo que visa impedi­lo de praticar a maior injustiça e a maior agressão que a comunidade artística de Embu já sofreu em sua história, em vez de adotar a posição defensiva e agressiva que vem demonstrando.”

salões de arte

Após um vácuo de cerca de 15 anos sem salões de arte, realizou­se em 2010 o 27º Salão de Artes Plásticas no Embu das Artes. A organização coube a uma comissão de artistas da sociedade civil, com alguns membros do governo. “Como prefeito, vou fazer todos os salões até 2012 e como cidadão embuense ficarei do lado de vocês para que nenhum prefeito in­terrompa o Salão” – afirmou o prefeito Chico Brito (in site da prefeitura). MAS O SALÃO DE 2011 NÃO ACONTECEU, e nenhuma satisfação foi dada à sociedade e aos artistas.

Renato Gonda

Colheita garante alimentos saudáveis e gera renda com a comercialização do excedente

sustentabilidade!?

Sociedade Ecológica Amigos de Embu

Prefeitura despeja projeto social

A Prefeitura de Embu das Artes leiloou o terreno público de 127 mil m2 localiza­do no bairro de Itatuba, onde o projeto

Colhendo Sustentabilidade – Hortas Urbanas fun­ciona há cerca de três anos. O projeto promove geração de trabalho e renda, ensinando a po­pulação a produzir alimentos saudáveis para o consumo das famílias em risco alimentar, e gera renda com a venda do excedente. Agora o pro­jeto está sendo despejado da área.

Colhendo Sustentabilidade é referência na região, e foi financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), pela Prefeitura de Embu e pela Sociedade Ecológica Amigos de Embu (SEAE). Traz grandes benefícios para a cidade, atendendo cerca de 200 pessoas por mês, e forma multiplicadores em dez hortas comuni­tárias orgânicas em diversas regiões da cidade.

A tecnologia social desenvolvida pelo projeto foi selecionada entre as três mais bem avaliadas de toda a região sudeste e está concorrendo ao Prêmio Nacional da Fundação Banco do Brasil de Tecnologias Sociais.

O convênio da segunda fase do projeto foi encer­rado em setembro e a Prefeitura alegou que não dispõe de recursos para a renovação, porém tocaria as ações com equipe própria. Agora, as ações do projeto estão sendo realizadas voluntariamente pela equipe técnica da SEAE nas comunidades, para evitar a desmobilização dos participantes e não colocar em risco um trabalho de quase quatro anos.

No leilão, realizado em agosto, o terreno de Itatuba foi comprado pela Hines, uma multina­cional do ramo imobiliário, por R$ 8.499.228,83. Leandro Dolenc, presidente da SEAE, conta que durante o leilão os presentes disseram que “o Plano Diretor não permite galpões e o terreno possui um projeto social que gera renda para a comunidade, porém ninguém deu importância”.

Os participantes do projeto estão atônitos. Além do projeto não ser renovado pela prefei­tura, estão sendo despejados da área de Itatuba. “O Secretário de Meio Ambiente, João Ramos, falou que temos que sair do terreno em 30 dias. Isso é um descaso com nosso trabalho, nem dá pra colher o que nós plantamos. Como fica o investimento que fizemos na área? Vamos per­der tudo? Trabalhamos naquela terra por mais de um ano, só para ela ficar produtiva. A única coisa que a gente quer é trabalhar,”contam os representantes do empreendimento solidário Elo da Terra, participantes do projeto.

A área conta com patrimônios públicos compra­dos com recursos do MDS e instalados no terreno, como uma estufa profissional de 100 m² e um container. A produção realizada no terreno pelo empreendimento solidário Elo da Terra fornece alimentos orgânicos para a Feira Agrossustentável e com o fim da produção, a oferta desses alimentos saudáveis para a população está em risco.

Quem sai perdendo é a Cidade das Artes que precisa de renda, saúde e educação!

O projeto Colhendo Sustentabilidade é uma parceria entre a Prefeitura e a SEAE, responsável pela execução técnica. Promove geração de trabalho e renda, por meio da produção comunitária de alimentos saudáveis para o consumo das famílias em insegurança alimentar, e gera renda com a comercialização do excedente por meio da venda nos bairros e na Feira Agrossustentável de Embu das Artes, realizada quin-zenalmente no Parque do Lago Francisco Rizzo. Conta com o apoio das Secretarias de Assistência Social e Saúde, que têm no projeto um reforço nas ações em prol da segurança alimentar e nutricional, da geração de trabalho e renda e promoção da saúde. Também beneficia a gestão do território ur-bano, pois as comunidades recuperam terrenos abandonados, transformando-os em áreas produtivas e cuidadas.

Sociedade Ecológica Amigos de Embu

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Novembro 2011 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES

O Movimento Salve Embu das Artes surge para reunir e encorajar todos os cidadãos do Brasil e moradores da cidade, que querem participar na autodeterminação/construção de nosso futuro.Nossa Luta é COMBATER a ameaça de destruição dos valores Culturais, Artísticos, Ambientais e Humanos de Embu das Artes. A todos os leitores, eleitores e simpa-tizantes da CAUSA está aqui o nosso convite:VAMOS À LUTA! EMBU DAS ARTES NÃO ESTA À VENDA!www.salveembudasartes.com.br.Denuncie e manifeste-se também no Ministério Público de São Paulo - Ouvidoriahttp://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/Ouvidoria

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Prefeito tem contas de campanha reprovadas

Movimento Salve Embu das Artes

fora da lei

Mais um escândalo na Ci­dade das Artes. Desta vez quem sai perdendo são

os “funcionários da prefeitura”, contratados sem concurso públi­co, os chamados comissionados, que estão sendo demitidos. A Câ­mara dos Vereadores e a Prefeitura aprovaram a Lei Complementar nº 121, de 4 de julho de 2009, que foi considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A Lei criou mais de 800 cargos que

Tribunal Superior Eleitoral constata ilegalidades na prestação de contas da Campanha Chico Brito

A diplomação é o ato solene pelo qual a Justiça Eleitoral declara eleito e considera apto o candidato para o car-go que exercerá. Sem estar di-plomado nenhum candidato poderá assumir o cargo. Para que ocorra a diplomação, as contas dos candidatos devem estar julgadas e devidamente publicadas com, no mínimo, oito dias de antecedência à data estabelecida.

As contas de campanha da candidatura do prefeito Chi­co Brito (PT) foram rejeita­

das pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso porque o candidato não observou a legislação pertinente. “O TSE condenou a prestação de contas do Prefeito por usar o que se denomina popularmente de CAIXA 2. Pela Lei da Ficha Limpa ele deve estar inelegível em 2012,” afir­ma Haroldo Marchetti, empresário.

A advogada Carmen Bertolli Katsonis explica que “o Prefeito acei­tou dinheiro sem ter conta bancária específica e não emitiu os recibos dos valores recebidos. O recibo eleitoral

lei que cria cargos comissionados é ilegal Legislativo e Executivo demitem funcionários

não são considerados comissiona­dos pela justiça, violando as Cons­tituições Federal e Estadual.

O Procurador­Geral de Justiça, Fer­nando Grella Vieira, afirma na Ação Direta de Inconstitucionalidade que na Lei nº 121 há “uma quantidade vitaminada de chefias, assistências, supervisões, e inspetorias, que, no máximo, caracterizam meras funções de confiança a serem desempenhadas exclusivamente por servidores titula­res de cargos de provimento efetivo”.

A Ação indica que cargos de auxiliares, chefes, supervisores, assessores diversos, assistentes téc­nicos e coordenadores são funções técnicas, burocráticas ou profissio­nais que não implicam em relação de confiança; e que deveriam ser preenchidas por pessoas concursa­das, num processo de seleção por merecimento.

“A ilegalidade e falta de transpa­rência da prefeitura de Embu em sancionar uma lei ilegal coloca em situação de risco social as centenas de funcionários ora demitidos da noite para o dia. Como ficam os familiares destes ex­funcionários?

E os serviços que eles prestavam à população, como ficam? Esta forma de administrar do prefeito Chico Brito é temerária. Há falta de transparência, pois a prefeitura também não cumpre a lei orgânica do município no seu artigo 95, que diz: ‘É obrigatório a afixação de quadro de lotação numérica de cargos, empregos e funções em local visível para conhecimento público, tanto no prédio do exe­cutivo como no do legislativo (...)’, podendo esta transgressão da lei trazer prejuízo aos cofres públi­cos”, comenta Haroldo Marchetti, empresário.

é o instrumento que a lei consagrou para tornar legítima a arrecadação de recursos para a campanha eleito­ral. Independentemente do recurso ser doado pelo partido, pelo pró­prio candidato ou outra categoria de doa dor, e também de ser sua natureza em moeda ou em valor. O recebimento de recursos estará sujeito à contra­prestação dos reci­bos eleitorais. A ausência de recibo constitui vício insanável, pois impede o efetivo controle das contas pela Justiça Eleitoral”, portanto é ilegal.

“A legislação estabelece que, sendo comprovada a captação ou gastos ilí­citos de recursos para fins eleitorais,

será negada a diplomação ao can­didato, ou cassado, se já tiver sido diplomado. Estaremos nós com um Prefeito inabilitado para o cargo?”, questiona a advogada.

As eleições estão chegando e “toda legislação deve ser observada para que não haja abuso do poder econômico, por parte daqueles bem aquinhoados, em apoiar determinado candidato com a injeção maciça de recursos fi­nanceiros, sem que receba nenhum tipo de regulamentação, nem con­trole. E, com isso, desequilibrando a relação em favor do candidato que lhes retribuirá benesses depois de elei­to,” lembra Katsonis.

(...) na Câmara dos Vereadores eu tenho o apoio dos 13 e até dos (vereadores) da oposição (...)

Chico Brito, 12 de março, Revisão do Plano Diretor“E agora? Quem vai fiscalizar o poder executivo?

ERRATA - SEgUE O ExPEDiENTE COMPLETO:Este é o informativo do Movimento Salve Embu das ArtesJornalista responsável: indaia Emília Schuler Pelosini - MTb 19.109Redação: Avenida Sete de Setembro, 10.725, Chácaras Bartira,Embu das Artes, SP - e-mail: [email protected]áfica: Editora gráfica Pana Ltda.Tiragem: 30.000 exemplaresDistribuição: gratuitaAs matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.