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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 98 - Jun/18 Salve Venerável Mestre!

Salve Venerável Mestre! · Companheiro Maçom Benjamin Bucktrout ... no Ritual de 1804, o piso do Templo é todo plano, ... de Mestre Maçom,

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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 98 - Jun/18

SalveVenerável

Mestre!

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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

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EditorialA cada ano ou biênio, dependendo da Potência/

Obediência a qual a Loja esteja jurisdicionada, temos a oportunidade de participar da Cerimônia de Posse do Venerável Mestre. A cada administração, tal cerimônia acontece, a fim de que, regularmente, possibilite ao irmão escolhido, a condução dos destinos de nossa Oficina.

Nesta edição, resolvemos apresentar, como temário, a origem da cerimônia de instalação, no Trono de Salomão, do Mestre da Loja. Iniciamos com a matéria de autoria do ilustre escritor e maçonólogo José Castellani, intitulada “Venerável Mestre”, que apresenta, de forma bastante lúcida, a origem do termo, sua etimologia e a história, com a influência da Cavalaria Medieval.

Nosso querido Irmão Edvaldo Cardoso, 33°, autor da matéria “A Cerimônia de Instalação”, teceu, com propriedades, elucidativos comentários sobre a cerimônia reservada àqueles que já tiveram o privilégio de presidir uma Loja maçônica. Com base em estudos do Real Arco, explica o porquê de certos pontos daquele cerimonial.

Já o nosso Irmão Marcelo Abchaim faz uma importante abordagem sobre o surgimento da figura do Mestre Instalado no Rito Escocês Antigo e Aceito, quando do seu aparecimento no Maçonaria Brasileira, através das Grandes Lojas, por Mario Behring, e sua implantação pelo Grande Oriente do Brasil, adaptado-se nos demais ritos.

O ilustre Irmão Pedro Juk, estudioso consultor maçônico, membro da Loja Estrela dos Morretes, do GOB-PR, expressa suas considerações, a respeito da indagação de um valoroso Irmão do Oriente de Belo Horizonte, membro de uma Loja da GLMMG, se o título de Mestre Instalado seria um grau, respondendo-lhe como extrema sabedoria, que lhe é peculiar.

A matéria “O Mestre Instalado”, de nossa lavra, faz uma abordagem ampla, volvendo à fundação do Supremo

Conselho da França, a fim de explicar o porquê da localização atual, no Oriente, da figura do Mestre Instalado; do surgimento das Lojas Capitulares; do surgimento do Grau de Mestre e da cerimônia de instalação do Mestre da Loja; por fim, uma analogia da figura do Mestre Instalado com relação à sefirah daat, na Árvore da Vida.

Já a matéria que, também, temos o prazer de assinar, intitulada “O Avental de Mestre Instalado”, faz uma analogia esotérica sobre todos os aventais do simbolismo e a evolução do maçom.

Esperamos que, através desta edição, possamos, mais uma vez, estar contribuindo positivamente para a elucidação de um tema. Não temos a ousadia de pensar em esgotar o assunto, pelo contrário, nossa sincera intenção é a de estimular nossos leitores a se enveredarem no estudo e na pesquisa do tema, produzindo outros textos, a luz de sua verdade, em prol do engrandecimento cultural de nossa Ordem.

Esta bela Obra, esculpida em cedro do líbano, realizada

pelo marceneiro londrino, o Companheiro Maçom Benjamin

Bucktrout (1744 -1813), foi usada por Peyton Randolph (1721-

75), enquanto era Grão-Mestre Provincial da Virgínia, na década

de 1770. Durante a Revolução Americana, a cadeira foi levada

pelo Irmão George Russell, para o Unanimity Lodge Nº 7,

Edenton, Carolina do Norte. Em 1983, foi adquirida pela Colonial

Williamsburg Foundation, onde se encontra até hoje.

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O Mestre InstaladoFrancisco Feitosa

Volveremos nossa atenção para a data de 12 de outubro de 1804, quando da fundação do segundo Supremo Conselho do Mundo, o da França, oriundo

dos EUA, com a finalidade de difundir o REAA na Europa. Denominado, inicialmente, como Rito para os Altos Graus, chegou sem ritual próprio para os três primeiros Graus. O conjunto desses Graus, ainda, não era denominado de Simbolismo, sendo, conhecido, na época, por Lojas Azuis ou Blue Lodges.

Dez dias depois, foi realizada uma Assembleia do Supremo Conselho, também, em Paris, na qual foi fundada a Grande Loja Geral Escocesa, que teve como primeira missão a organização do ritual francês das Lojas Azuis do REAA, que se baseou no ritual da Grande Loja Inglesa dos Antigos (1751), sendo que o Grande Oriente da França praticava o mesmo Rito Escocês da Grande Loja dos Modernos, o que era, na verdade, o Rito Francês ou Moderno. Pouco tempo depois, formalizou-se um acordo entre o GOF e o Supremo Conselho para a prática do REAA.

O GOF, que tinha a decoração de seus Templos baseada no Rito Francês, começou a praticar o REAA sem fazer as devidas alterações, misturando aspectos desses Ritos, fruto disso, hoje, o REAA é o mais enxertado do mundo, principalmente, aqui no Brasil, com a ajuda do criador das Grandes Lojas, o Irmão Mário Bhering, que buscou agradar a GLUI, a fim de conquistar sua simpatia e reconhecimento.

Em 1816, após momentos conturbados com o Supremo Conselho, o GOF assumiu a jurisdição de parte do Rito Escocês Antigo e Aceito, decidindo que ficaria

com o poder sobre o conjunto dos Graus 1º ao 18º. Essa escolha baseou-se na intenção de dirigir o Rito Escocês Antigo e Aceito com a mesma abrangência simbólica, como já fazia com o Rito Moderno, ou seja, do Grau de Aprendiz ao de Rosa-Cruz. No Rito Moderno, o de Rosa-Cruz é o 7º, e no Escocês Antigo, o 18º. Em 1820, o Grande Oriente organizou o REAA, voltando-o para o funcionamento sequencial do Grau de Aprendiz ao de Rosa-Cruz. A esse conjunto de Graus, sob a mesma direção, foi atribuída a denominação de Loja Capitular, presidida, preferencialmente, por um Cavaleiro Rosa-Cruz.

Surge uma nova concepção obediencial no Rito Escocês Antigo e Aceito na França: Lojas Simbólicas, Lojas de Perfeição, Capítulos, obedientes ao GOF; Conselhos Kadosh, Consistórios, Supremo Conselho, obedientes ao Supremo Conselho do Grau 33º. Posteriormente, a Maçonaria Brasileira seguiria esse formato francês, permanecendo assim até o ano da criação das Grandes Lojas, por Bhering, em 1927, quando o Supremo Conselho conseguiu recuperar seu poder nos Graus 4º ao 33º.

Com o surgimento das Grandes Lojas no Brasil, essas tiveram a missão de organizar e coordenar a prática dos três primeiros Graus, então, já chamados de Simbólicos. As modificações produzidas pelo GOF, em 1820, com o Ritual que criou as Lojas Capitulares, não foram desfeitas, sendo incorporadas aos Graus Simbólicos do Rito, definitivamente.

Surge, com isso, uma modificação que perdura até os dias de hoje, e muitos não têm conhecimento: o piso do Oriente em desnível com o do Ocidente, próprio das Lojas

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Capitulares, conforme o Ritual de 1820. Pode-se observar que, no Ritual de 1804, o piso do Templo é todo plano, apenas, o Trono do Venerável Mestre era mais elevado e não havia separação com balaustrada. O Oriente elevado foi criado para simbolizar o Santuário do Grau Rosa-Cruz. O Venerável Mestre, preferencialmente, deveria ter, no mínimo, o Grau 18º, assim como os que tinham assento no Oriente.

O Oriente elevado, jamais, fez parte da ritualística dos Graus Simbólicos e, portanto, não deveria ter permanecido na descrição do Templo, após o desaparecimento das Lojas Capitulares, pois isso contribuiu para desinformar a respeito do Templo adequado para as Lojas Simbólicas.

Com o surgimento das Grandes Lojas Brasileiras, o Templo das Lojas, que se transferiram do Grande Oriente do Brasil para as Grandes Lojas, antes, ajustado para os Graus Capitulares, e alguns, ainda, carregados de influências, em sua ornamentação, do Rito Francês (Moderno), não foi readaptado para o modelo original do Rito Escocês Antigo e Aceito, anterior a 1820, ou seja, o piso plano em toda a extensão.

Após esse intróito, passaremos a falar de mais um enxerto no REAA, tema principal desta matéria: a figura do Mestre Instalado. A cerimônia de Instalação do Mestre da Loja é, até, mais antiga do que o próprio Grau de Mestre Maçom, já que, antigamente, quem dirigia a Loja era um eleito entre os Companheiros; não existia o Grau de Mestre Maçom. Posteriormente, surgiria tal Grau. E, com a figura do Past Master (Mestre Instalado) pairava uma dúvida, pois o Grau maior do Simbolismo, sendo o de Mestre Maçom, nçao poderia aceitar a participação de aludida figura na Cerimônia de Instalação do Mestre da Loja, nem mesmo os que já tivessem ingressado no estudo dos Graus Superiores. Afinal, o Mestre Instalado é um Grau ou não?

A cerimônia de Instalação do Mestre da Loja remonta ao início do século XVIII, sendo introduzida em toda a Maçonaria, somente, a partir de 1810. Tal cerimônia é anterior à criação do Grau de Mestre Maçom, em 1724, e, somente, efetivado em 1738.

O título de Venerável Mestre teve origem nos meados do século XVII, com a transição da Maçonaria Operativa para Especulativa. Deriva da palavra inglesa “Worship”, significando “culto”, “adoração”, “reverência”. Como forma de tratamento, a palavra inglesa “Worshipful”, significa “adorado”, “reverente”, “venerável”. Portanto, “Worshipful Master” significa Venerável Mestre.

Na Alemanha, o Venerável Mestre recebe o nome de “Meister vom Stuhl”, ou seja, Mestre de Cátedra. A Cátedra é o significado mais importante do Veneralato.

O Catedrático é mais um doutrinador, um ensinador, um sábio, que inaugura uma nova era de conhecimento, que dá nova visão do mundo e que a ninguém presta obediência doutrinária. Portanto, um Venerável Mestre não pode ser sagrado, e sim, consagrado por uma Comissão de Três Mestres Instaladores, devidamente, nomeada pelo Grão-Mestre.

A palavra “instalação” é oriunda do latim medieval, “in” e “stallum”, cadeira. Chamamos de Instalação o ato que concede o direito de exercer privilégios de um ofício. Um aspecto importante e específico da Instalação Maçônica é o que dá direito de sagrar homens e objetos. A Instalação do Venerável se dá no Trono de Salomão, na Cadeira do mais Sábio dos Reis, conquistando o mesmo o poder de ungir Maçom, de fazer Maçom.

No Ritual Emulation, existe o chamado Santo Real Arco, criado por volta de 1751, baseado no retorno do povo judeu da Babilônia e em uma antiga lenda sobre a descoberta de um altar, de uma cripta e da Palavra Sagrada. Não chega a ser um Grau em si, embora essa não seja a interpretação de boa parte dos maçons ingleses, mas, sim, uma extensão do Grau de Mestre, tendo ritualística própria, e parte do ritual reservada, apenas, aos “Past Masters”.

Em meio à tentativa de união das Grandes Lojas Inglesas (Modernos e Antigos), isso chegou a ser um impasse. Em 1813, concretizou-se a união dessas Potências, sendo que a Maçonaria Inglesa considerou que, no Simbolismo, existem, apenas, os três Graus conhecidos, porém o Santo Arco Real, nesses, está

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inserido (vai entender!), embora exista um Supremo Grande Capítulo que o administra separadamente.

No Brasil, até 1928, nem no Rito Moderno nem no REAA, foi realizada qualquer Cerimônia de Instalação. Com o surgimento das Grandes Lojas, o REAA adotou essa prática, que, anos mais tarde, também, foi imitada pelo GOB. A pedido do Grão-Mestre Álvaro Palmeira, o insigne escritor Nicola Aslan, que, em 1966, havia se desligado das Grandes Lojas e se filiado ao GOB, foi incumbido de escrever um Ritual de Instalação, adotado no ano seguinte.

O Templo com o piso do Oriente elevado, oriundo das Lojas Capitulares, passou a ser reservado aos Mestres Instalados, o que veio a fortalecer essa nova categoria, que possui segredos próprios e exclusivos.

Voltamos a perguntar: Mestre Instalado é um Grau? A resposta é não. Porém, sua superioridade hierárquica sobre o Mestre Maçom se caracteriza na Cerimônia de Instalação, no momento em que todos os Mestres Maçons Não-Instalados, mesmo os portadores dos Altos Graus, são obrigados a cobrirem o Templo.

Dada a sua experiência, adquirida por haver presidido uma Loja, compõe o Colégio de Mestres Instalados de sua Oficina, justificando sua presença no Oriente e servindo como consultores, em auxílio ao Venerável Mestre.

A dignidade do Mestre Instalado é compatível, tão somente, com Ritos Anglo-Americanos, como o Craft e o York, que permitem, no Ritual, a supremacia hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçom Não-Instalado, embora, oficialmente, a Grande Loja Unida da Inglaterra não reconheça essa supremacia.

O termo Past Master tem sua origem na Maçonaria Inglesa e é próprio do Rito Emulation, servindo para designar o Ex-Venerável Mestre. De forma errônea, algumas Grandes Lojas, como a Americana e a Brasileira o adotaram. Para os americanos, é válido pelo idioma inglês adotado e por praticarem o Craft no Simbolismo, mas, para nós brasileiros, usuários da língua portuguesa, esse termo nada tem a ver, principalmente, por não existir no REAA. Temos visto muitos Irmãos pronunciarem o Past Venerável, o que vem a ser pior ainda, já que não define qual idioma se pretende usar. O certo é tratar o Mestre Instalado, que recém encerrou seu Veneralato, de Ex-Venerável.

Há cerca de 15 anos, quando proferimos uma palestra no Rio de Janeiro sobre “Cabala e Maçonaria”, relacionamos a Árvore da Vida com os cargos em Loja e tivemos a oportunidade de fazer uma analogia da invisível e misteriosa Sephira Daat, cujo significado é “Conhecimento”, posicionada, ocultamente, na coluna central da Árvore da Vida, entre Kether (Coroa – a

origem de Tudo) e Tiphereth (local do Eu Superior), com a figura do Mestre Instalado. Tal Sephira, somente, surge após a realização das 10 Sephiroth, interligadas através dos 22 caminhos da Sabedoria, relacionados aos 22 Arcanos Maiores do Tarô, que, somando-se às 10 Sephiroth, aludem ao número 32, os 32 Portais da Sabedoria. Em relação ao corpo humano, são os nossos 32 dentes, localizados na boca, de onde vem a força do Verbo, da Vibração, o Poder da Criação Espiritual. O surgimento da Sephira Daat soma o cabalístico número Mestre, o 33, tão nosso, porém oriundo de Antigas e Ocultas Tradições, do qual pouquíssimos Iniciados nos Verdadeiros Mistérios têm conhecimento, como a Ordem dos Traichu-Marutas. Homem, conheça-te a ti mesmo! Dizia Pitágoras. A Iniciação é a eterna busca do nosso Eu Superior, ou Verdadeiro. Despertar, ou alcançar a Sephira Daat, é encontrar o “Caminho de Volta à Casa do Pai! É encontrar a origem do Todo. Mas esse já é outro assunto, que poderemos, até, tratar mais amiúde, em outra oportunidade.

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Venerável MestreJosé Castellani

O título de Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Loja maçônica, tem a sua origem mais remota nos meados do século XVII, quando já

começara a lenta, mas progressiva, transformação do Franco maçonaria de ofício, ou operativa, em Franco maçonaria dos aceitos, ou especulativa (1). Nessa época, porém, nem existia o grau de Mestre Maçom, que só seria introduzido no século XVIII, a partir de 1724, e efetivado em 1738, e o presidente da Loja era escolhido entre os mais antigos e experientes Companheiros --- que era um mestre-de-obras --- ou era o proprietário mesmo, o qual, como dono da obra, era vitalício na direção dos trabalhos dos obreiros.

Derivado da palavra inglesa worship, que significa culto, adoração, reverência --- como forma de tratamento --- quando usada como substantivo, e venerar, adorar, idolatrar, quando usada como verbo transitivo, tem-se o vocábulo worshipful, que significa adorador,reverente, venerável, como forma de tratamento. Dessa maneira, o presidente da Loja passou a ter o título de Worshipful Master, que significa Venerável Mestre e que seria adotado por todos os círculos maçônicos, embora o termo Venerável, de início, fosse aplicado apenas às organizações de artesãos.

Adotando-se a cerimônia de Instalação, como faz a Maçonaria inglesa, é só depois de passar por ela que o Venerável Mestre eleito pode se considerar empossado - instalação é sinônimo de posse - e empossar os membros de sua administração, entrando na plenitude de seus direitos exclusivos, entre os quais

se inclui o de sagrar (2) os candidatos à iniciação, à elevação, ou à exaltação. Tão rígido é tal dispositivo, que, em uma sessão à qual não esteja presente o Venerável Mestre, sendo, ela, portanto, dirigida pelo 1º Vigilante, que não seja um Mestre Instalado, ele deverá, no momento de sagrar o candidato, solicitar, a um Mestre Instalado presente, que o faça, sem o que a cerimônia não poderá ter validade.

A origem mais remota dessa prática está na Cavalaria Medieval, cujos integrantes, os cavaleiros, só podiam ser sagrados por um rei, por um príncipe, ou por um alto dignitário eclesiástico. Estes, para a sagração, colocavam a lâmina da espada sobre os ombros do candidato, alternadamente (e terminavam, em alguns casos, com a acolada, que era uma pancada no pescoço do candidato).

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Apesar de alguns autores não admitirem influência da Cavalaria, das Ordens Militares e dos Cruzados sobre a Maçonaria, existe, na realidade, uma similaridade muito grande entre as práticas maçônicas da instalação e as práticas dessas instituições, pois é claro que, embora não se possa, de maneira alguma, ligar as origens da Maçonaria aos Cruzados, ou à Cavalaria, influências desses agrupamentos podem existir em qualquer ramo do conhecimento humano. Na época do apogeu da Cavalaria, no decorrer do século XI, ela possuía hierarquia, graus e brasões. As Cruzadas acavariam contribuindo para o incremento do prestígio dos cavaleiros, dando, à sua atividade, um forte cunho religioso, que se exteriorizava na promessa de defender a Igreja, defender a cristandade e combater os infiéis, além do compromisso de fidelidade ao senhor feudal, de proteção aos fracos, oprimidos, mulheres e órfãos, de respeito à hierarquia e à disciplina e de combate à calúnia, à mentira e aos vícios.

A educação do cavaleiro começava na infância e, depois de cuidadosamente preparado, ele prestava o serviço militar, entre só 15 e os 21 anos de idade, primeiramente como pajem, atendendo ao senhor feudal em todos os serviços domésticos do castelo, e, posteriormente, como escudeiro, acompanhando ao seu senhor nas batalhas e lutando ao seu lado. Aos 21 anos, então, o escudeiro era armado cavaleiro, numa cerimônia à qual a Igreja imprimiu um profundo caráter religioso. Para esta cerimônia, inicialmente, o candidato

ficava encerrado, durante toda a noite, na capela do castelo, orando e velando as armas; ao romper da aurora, ele fazia a confissão, comungava e participava da missa, onde o sermão principal destacava os deveres que ele assumiria, como cavaleiro. Passava-se, em seguida, à cerimônia, realizada no pátio principal do castelo, ocasião em que o cavaleiro era sagrado e armado, tendo, como padrinho, o senhor com o qual aprendera a arte militar.

A ação da Igreja nessa cerimônia, na época de apogeu da Cavalaria (séculos XI e XII), ainda é mostrada em outras práticas: o sacerdote benzia a espada do cavaleiro e comunicava que ela sempre deveria ser usada para servir à Igreja e defender os fracos, os oprimidos, as viúvas, os órfãos e, de maneira geral, todos os servidores de Deus, contra “a crueldade dos pagãos”. O cavaleiro era purificado, através de um banho ritualístico, e recebia uma camisa de linho branco, como símbolo da pureza, e uma túnica vermelha, como símbolo do sangue, que deveria ser vertido a serviço de Deus.

Tais costumes mostram certa influência sobre muitos costumes maçônicos - não se pode esquecer que a Franco maçonaria floresceu a sombra da Igreja - como a permanência na Câmara de Reflexão, a sua purificação, a cor branca do avental e das luvas, a espada, a sagração, as preleções, o juramento, o voto de defesa dos fracos e oprimidos.

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Meus Irmãos, primeiramente, quero enfatizar que o Ritual da Obediência, NUNCA, deve ser modificado e as cerimônias devem, SEMPRE, serem feitas em

sua integralidade como preceitua o Ritual! Caso contrário, o Venerável Mestre deve ser denunciado pelo Orador como tendo cometido um grave delito!

Em seu Ritual de Instalação, feito a pedido do Grão-Mestre do GOB, em 1968, Nicola Aslan colocou um interessante apêndice, hoje, retirado do Ritual do GOB e, ainda, presente nos Rituais da COMAB. Este apêndice nos serviu, e muito, de base de grande parte das explicações e discussões que faremos mais à frente.

Tentarei não me ater a um Ritual de uma Potência específica e os comentários que faço, a partir de agora, são de minha inteira responsabilidade, não devendo nenhum dos Irmãos que me precederam e que usei como base em minhas pesquisas, responderem pelos erros que são meus, e recebendo toda a honra que lhes é devida.

Comecemos pela Comissão Instaladora: esta deve ser composta de, pelo menos, três Mestres Instalados, e nunca menos de três Mestres Instalados podem fazer um novo Venerável Mestre! Idealmente, a Comissão Instaladora deve ter seis Mestres Instalados. Além do Venerável Mestre Instalador e dos Vigilantes Instaladores, há a necessidade do Guarda do Templo, do Mestre de Cerimônias e do Secretário, para que toda a Ritualística seja preservada. E o Venerável Mestre em exercício? Segundo Castellani, ele deve ser, preferencialmente, o Presidente da Comissão Instaladora ou Venerável Mestre Instalador!

É impossível de se entender adequadamente o Ritual de Instalação sem ter colados os Graus do Real Arco de York! Meus Irmãos Mestres Instalados seria eu perjuro se lhes revelasse tudo que acredito que deveriam saber sobre a Instalação, por isto faço um FORTE CONVITE: COLEM os Graus do Real Arco do Rito de York!

Em seu apêndice, Nicola Aslan faz uma forte crítica a uma forma de fazer o primeiro Sinal de Mestre Instalado, já em voga em 1968! Atualmente, o GOB e a GLMMG mudaram, ou se preferirem retornaram, com

esta forma bastante simplificada de ser feito este primeiro Sinal. Tive acesso ao manual do Ritual de Instalação da Grande Loja de São Paulo, de 1964, em que um Ilustre Irmão - Jorge Alfredo Félix Butroz, que foi Delegado do Grão-Mestre da GLMMG, e que realizou dezenas de Instalações. E, neste Ritual, está anotado à mão, de forma clara, como deveriam serem feitos os Sinais e eles estão, totalmente, conformes com o que explica Nicola Aslan.

A palavra de Mestre Instalado justifica ser o Mestre Instalado, a partir daquele momento, um servo da Loja e de seus Irmãos! Ou seja, ao atingir o ápice é que se deve ser mais humilde. Assim, o Venerável Mestre só participa em votações secretas ou como voto de desempate; não faz propostas ou participa das discussões, a não ser como moderador! Se mais alto, sê mais humilde!

Outro Sinal de Mestre Instalado relembra uma passagem bíblica do grau de Companheiro. Lembremo-nos de que quando da criação do Ritual de Instalação no Rito de Emulação e York, ainda, não havia o Grau de Mestre!

Outra discordância que proponho: durante a Saudação ao novo Mestre Instalado, esta deve ser feita com o Sinal de Ordem ou com o Sinal especial? Eu entendo que deva ser com o Sinal especial já que ele está lá para isto! Mas, também, entendo os que defendem que seja pelo Sinal de Ordem, haja vista que nos demais graus a saudação é feita pelo Sinal de Ordem, ressaltando, porém, que nestes Graus não há um Sinal especial e específico para Saudação.

Os demais Sinais são todos de uma lógica clara e límpida, quando vistos sob a luz do Real Arco de York. Bem como o motivo da marcha especial em que o Venerável Mestre Instalador conduz o Irmão a ser instalado até o Trono. E prestem atenção meus Irmãos quando os sobrinhos DeMolay transmitem a palavra do dia. Lembra alguma coisa?

Nunca foi minha intenção esgotar o assunto, mas trazer mais um pouco de Luz sobre esta cerimônia tão especial. Repito: os erros são todos meus, e as honras são devidas aos que me precederam!

A Cerimônia de Instalação

Edvaldo Cardoso

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Após a Primeira Grande Cisão no Grande Oriente do Brasil, em 1927, culminando com a criação das Grandes Lojas estaduais,

uma das consequências mais contundentes foi o “azulamento” do Rito Escocês Antigo e Aceito, visto que, por motivos que não cabem discutir neste trabalho, o REAA praticado nas Grandes Lojas foi, em boa parte, desvirtuado e aproximado do Rito Inglês – York ou, melhor ainda, Emulation.

Esse “azulamento” não se restringiu à cor dos aventais, e uma das práticas introduzidas no Rito, foi a instalação dos mestres eleitos para presidir a loja, prática, até então, exclusiva dos trabalhos de Emulação.

Tanto que o Grande Oriente do Brasil resistiu a essa prática até 1968, quando “o Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Álvaro Palmeira, mandou imprimir um Ritual de Instalação, padrão para todos os Ritos, e decalcado, indisfarçavelmente, nos rituais utilizados pelas Grandes Lojas Estaduais.” (Castellani – manual do mestre instalado, pg. 12).

Em virtude disso, frequentemente, deparamo-nos com questionamentos quanto à condição

de “Mestre Instalado”, visto que, considerando o anteriormente exposto, essa condição é estranha, não só ao REAA, mas a todos os demais Ritos, que não o rito de York.

Entretanto, mesmo no Rito de York essa prática não era unanimidade entre as Lojas inglesas, conforme nos ilustra o irmão Nevile B. Cryer, em seu trabalho “A parte do Mestre: uma Reapresentação”, traduzido pelo irmão Gilson da Silveira Pinto e publicado no livro “Pérolas Maçônicas” – volume III, ed. “A Trolha”, quando afirma: “Um segundo fator é aquele, conquanto entre os modernos, da assim chamada “Instalação”, não se tornou uma característica regular de Lojas (craft) Operativas particulares, até a última parte do século XVIII, e é, bastante, esclarecidos pelos antigos como um passo essencial para o que eles consideravam ser o verdadeiro “coração e medula da Franco-Maçonaria”.”

Então, parece-nos claro, pelo até aqui analisado, que a “Instalação” não é uma prática inerente e nata da Maçonaria Operativa, tendo surgido e se consolidado ao longo do primeiro século da Maçonaria Moderna.

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O Mestre Instaladono REAA Marcelo Abchaim

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Assim como o Grau de Mestre, a lenda hirâmica e outras tantas práticas, foi (a instalação) introduzida, gradualmente, no seio das lojas inglesas, tal qual o foi, posteriormente, introduzida nos demais ritos praticados no Brasil.

Entretanto, o que queremos demonstrar, efetivamente, é que a condição de ex-Venerável ou Mestre Instalado, com ou sem cerimônia de Instalação e Posse, sempre existiu, inclusive e, principalmente, nos primórdios da Maçonaria Moderna.

Podemos comprovar através do mesmo trabalho de Nevile, onde diz: “...a contribuição mais importante em nossas transações, para esta parte da minha tese, é o trabalho feito pelo Irmão Norman B. Spencer (premiado com o Prize Essay) sobre “A Cerimônia de Instalação” (aqc 72), no curso do seu argumento e nos comentários que se seguiram, diversos fatores significantes são esclarecidos. O primeiro, é que na ocasião da Constituição de 1723, e, portanto, presumivelmente, em um período anterior àquela data, existiu, no mínimo, na ocasião de formação de uma nova Loja, alguma cerimônia especial, com um sinal ou sinais, palavra e toque, que era, somente, para ser comunicado para um Maçom, que era para assumir a posição de “Mestre encarregado de uma Loja de Companheiros”.

Ainda, a Constituição de Anderson em, pelos menos, dois artigos reconhece a figura do ex-Mestre de Loja: no artigo IV e no artigo II, dos Regulamentos Gerais, quando trata, no primeiro, dos requisitos para assumir o cargo de Grande Vigilante (“... nem Grande Vigilante antes de ter sido Mestre de Loja...”) e no segundo, quando estabelece a substituição do Mestre de Loja impedido para o cargo (“... não se algum Irmão que tenha sido Mestre desta loja anteriormente

estiver presente; pois neste caso a autoridade do Mestre ausente reverte para o último (grifo nosso) Mestre presente...”)

Tendo sido o título de Mestre, posteriormente, transformado em grau – pois até então, em Loja de Companheiros, só era Mestre o eleito para o cargo – a condição de Mestre Instalado vem resgatar a necessária diferenciação daqueles Maçons, que foram em seu momento eleitos para dirigir uma Loja, tendo, portanto, experiência e autoridade suficientes para assim serem distinguidos.

Entende-se que ante a deterioração das relações humanas e o declínio moral da sociedade, a própria Maçonaria sofre o reflexo e tem preparado mal seus integrantes, o que faz com que se duvide, em alguns casos, da autoridade de um determinado elemento, unicamente pela condição que ostenta, o que não ocorria nos tempos imemoriais, mas daí a dizer que a condição de Instalado ou Ex-Venerável foi inventada, já é outra história.

A Cadeira do Mestre da Loja

As ferramentas e os detalhes arquitetônicos

representam os diversos elementos da construção,

os níveis crescentes de habilidade necessários para

se tornar verdadeiramente proficiente e, igualmente

importante, todos os aspectos da conduta correta que os membros iluminados e virtuosos das sociedades

cristãs devem observar e praticar.

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O Aventaldo MestreInstalado

Francisco Feitosa

O Avental é um legado que a Maçonaria moderna recebeu da Maçonaria Operativa. Essa peça, que foi de tanta utilidade para

o Maçom Operativo, já que lhe protegia a roupa, transformou-se para o Maçom Moderno numa vestimenta importante e obrigatória nas Lojas Simbólicas, simbolizando o trabalho do Maçom.

Encontraremos alguns trabalhos tratando dos aventais maçônicos, mas, sobre o avental do Mestre Instalado, poucos ousaram falar. Permitam-me tal ousadia, embora sendo, ainda, portador de parcos conhecimentos, tentaremos contribuir com este singelo trabalho, fruto de nossa vivência maçônica e de compilações em trabalhos de outros autores, não menos ousados. Não temos a menor intenção de esgotar o assunto, e nem teríamos capacidade para tanto.

Para se perceber o simbolismo do avental do Mestre Instalado, mister se faz entender a simbologia dos demais aventais, inerentes aos Graus do simbolismo. O avental maçônico é muito rico em simbolismo. O avental de Aprendiz é a união de duas figuras geométricas (o quadrado e o triângulo). Sabemos que o quadrado está ligado ao quaternário da matéria, enquanto o triângulo, ao Espírito, como o Uno/Trino.

O profano, ou aquele que ainda não passou pela INICIAÇÃO, é representado, geometricamente, por estas figuras, porém, as mesmas, não se encontram sobrepostas. Por não ter, ainda, iniciado uma ação (inicia + ação) de religar o espírito à matéria, tem, como representação, o quadrado (matéria) separado do triângulo (espírito).

Ao iniciar a ação de juntar essas duas partes, ou seja, ao passar pelo processo de iniciação, o triângulo (espírito) se sobrepõe ao quadrado (matéria), pois ambos estão ligados por um “fio de prata”, tênue, chamado pelos orientais de anthakarana. Assim, o Aprendiz tem em seu avental a abeta levantada – o triângulo sobreposto ao quadrado.

Terminado o trabalho de aperfeiçoamento moral no Grau de Aprendiz, a abeta é abaixada, ou o triângulo começa a juntar-se ao quadrado, pois, nesse grau, o trabalho é mais sutil do que no grau anterior.

Nota-se, porém, que a brancura do avental de Companheiro nos informando que, embora o triângulo (espírito) já esteja junto ao quadrado (matéria), nele, ainda, há ingenuidade, pois, apenas, foi-lhe desvelada pequena parte dos Mistérios.

Ao chegar ao Mestrado, ou seja, quando seu Mestre Interno despertar dentro de si, seu avental se apresentará de forma mais definida, com as rosetas, como representação da manifestação trina: corpo/alma/espírito.

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Somente, quando ele se faz Mestre, é que, em seu avental, surgirá, de forma definida, a metástase do Espírito/Matéria. Ao longo de sua caminhada pelo mestrado, deverá angariar conhecimentos sobre os Mistérios Maiores e, já experiente, a ponto de ser um instrutor dos demais, chegará seu momento de ser instalado no Trono do Rei Salomão, o mais sábio Rei que a história já registrou.

Assim, o Mestre, portador dos excelsos ensinamentos da doutrina maçônica e de sabedoria, para conduzir seus Irmãos, vencerá os 7 degraus do Templo (os 7 estágios da evolução humana) e receberá de dois Querubins a Espada Flamígera, como representação do perfeito domínio do Fogo Serpentino de Kundalini, e o Chapéu, representando a coroa do Rei.

O ex-Venerável Mestre usa igual Avental do Venerável Mestre em exercício, apenas, com os níveis (“T” (taus) invertidos) recobertos por tecido da mesma cor da orla do Avental. Comumente, os Mestres Instalados, após passar o Veneralato, continuam a se utilizar de seus aventais de quando Venerável Mestre. Muitos, por desconhecerem até que existe um avental próprio para o Ex- Venerável Mestre.

Sabe-se que os “T” invertidos surgiram em 1800, em Londres, oriundos do Real Arco, cujo símbolo apresentamos logo abaixo. Se me permitirem uma breve analogia, diria: “T” = Tau – última letra do alfabeto hebraico e, sendo a última, sugere que o Maçom atingiu o ápice de sua caminhada no simbolismo; “T” = Tao – do chinês, que significa caminho, que sugere o caminho a ser percorrido no simbolismo; “T” o Tau (ou, para alguns, o nível), que se apresenta invertido, sugerindo que, ao final da caminhada, deveremos retornar ao início, como eternos Aprendizes que somos.

Aqueles três “T”, que estão separados, se unidos fossem um aos outros, sendo dois na horizontal e um na vertical, dentro de um triângulo e este circunscrito num círculo, estariam recompondo o símbolo do Real Arco, uma espécie de sétimo grau, correspondendo, hoje, ao nosso décimo oitavo Rosa-Cruz.

No lugar, onde ficavam as rosetas no avental de Mestre, ficam, agora, no do Venerável Mestre

e Ex-Venerável, os três “T” invertidos, que podem simbolizar a permanente existência do “dual” na vida de todos.

São três as figuras colocadas em posição triangular, o que lembra a divindade no homem (é bom saber que, na linguagem sagrada do simbolismo, a figura geométrica do triângulo e qualquer numeral ternário evoca Deus, deidades ou a divindade).

No Avental do Venerável Mestre e no do Mestre Instalado, cada uma das fitas pendentes termina por sete pequenas correntes de metal branco, sustentando sete esferas. São os sete planos da vida evolutiva, sustentados pelos sete raios do espectro solar.

Assim, o Mestre Instalado retrata em seu avental sua trajetória maçônica vitoriosa. Ao reunir méritos, para ser revestido com o avental com os três “T” (como citamos anteriormente, Tau é a 22ª e última letra do alfabeto hebraico), demonstra que atingiu o ápice, o cume do simbolismo.

Esperamos, com essas breves linhas, tenham contribuído para fazer Luz aos nossos Irmãos, que se revestem de tão nobre avental e não tiveram, ainda, a oportunidade de melhor refletir sobre seu simbolismo.

Que este breve estudo, a título de contribuição, seja como uma Chave de Conhecimentos, a fim de abrir novos portais de entendimento sobre esse tema!

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MestreInstalado

é Grau?Pedro Juk

A Maçonaria mundialmente reconhecida é composta, apenas, pelo franco maçônico básico, isto é: Aprendiz, Companheiro e

Mestre. Graus acima dos citados são particularidades dos ritos. Existem, também, as conhecidas Ordens de Aperfeiçoamento da Maçonaria Inglesa, também, conhecidas por “side degree”. Nenhum grau acima do terceiro ou o avançamento nas Ordens de Aperfeiçoamento fazem qualquer rito, ou maçom, melhor do que o outro, já que a plenitude maçônica na Moderna Maçonaria se encerra com a Lenda do Terceiro Grau.

O Mestre Instalado não é Grau, porém um título distintivo daquele que, legalmente eleito, ou conduzido por linha sucessória, ocupa a presidência de uma Loja, conhecido como Venerável Mestre, ou o Mestre da Loja, conforme o costume cultural ou vertente maçônica (inglesa, ou francesa).

Instalação, do verbo transitivo direto e indireto “instalar”, significa dar posse de um cargo ou dignidade; investir. Assim, o ato de instalação significa “posse” e sugere que qualquer pessoa que toma posse de um cargo, estará nele instalada.

Nos meios maçônicos deveria, também, prevalecer essa definição, sobretudo no tocante ao Obreiro eleito para o veneralato de uma Loja que, quando é empossado no Cargo torna-se o Venerável Mestre Instalado, ou o Mestre Instalado, cujo formato original não era acompanhado de nenhuma cerimônia litúrgica particular, bastando para tal a simples transferência do Cargo pelo ocupante que cumprira o seu mandato.

A Moderna Maçonaria inglesa, entretanto, introduziu um cerimonial para a posse do Mestre

da Loja (Venerável), cuja ritualística se desenvolve por um complexo enredo lendário. Nesse sentido, essa Cerimônia é própria dos Trabalhos Ingleses (na Inglaterra não se conhecem “ritos”) e em particular ao Trabalho de Emulação. Já na Maçonaria de vertente francesa (latina), originalmente não existe essa prática, lembrando oportunamente que o Rito Escocês Antigo e Aceito é filho espiritual da França.

Infelizmente, nos meios maçônicos latinos essa prática acabou ganhando guarida, talvez pelo Cerimonial investido de pompa e misticismo. Daí, Ritos dessa origem como o Escocês, o Francês ou Moderno e o Adonhiramita adotaram a prática, adaptando algumas passagens para suprir às suas características ritualísticas. É bem verdade que muitos Ritos de origem não britânica, porém com base no Trabalho de Emulação, preferiram não aderir a essa prática, mantendo a pureza de suas origens.

No tocante às Obediências brasileiras e particularmente ao Rito Escocês Antigo e Aceito, severamente o mais praticado no Brasil, esse costume acompanhado do Ritual de Instalação viria ser introduzido através das Grandes Lojas brasileiras, nascidas da cisão de 1927, quando as suas lideranças buscaram base nos trabalhos perpetrados pelas Grandes Lojas norte-americanas, onde se pratica o Rito de York (americano) que, de certa forma seguem o modelo Inglês dos Antigos que, por sua vez aderem o Cerimonial de Instalação. Dessa forma esse Cerimonial viria aportar na Maçonaria brasileira, consolidando-se como prática, imediatamente, após a cisão de 1927.

A partir de 1968, o Grande Oriente do Brasil, também, adotaria esse costume, introduzindo-o através de um Ritual específico, para todos os Ritos

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nele praticados, salvo o inerente aos Trabalhos de Emulação (conhecido, equivocadamente, como York), que já praticava na sua essência por ser nele um costume original.

Salvo melhor juízo, no Brasil, atualmente, esse costume está arraigado na Maçonaria Simbólica em geral, sendo uma prática de todos os ritos estabelecidos na constelação das Obediências nacionais.

Dadas essas considerações, adquiriu-se o costume de se apor ao nome do Obreiro na qualidade de Venerável, ou ex-Venerável, das letras M∴I∴ como rótulo do Mestre Instalado. Essa maneira não tardou a ser qualificada de modo equivocado por alguns como se a qualidade distintiva de um Mestre Instalado fosse um Grau. Obviamente que não é, pois como comentamos, o simbolismo possui, apenas, e tão somente, três Graus. Nesse sentido, o Venerável é Instalado no Sólio como dirigente maior do Canteiro (Loja). Ao término do seu mandato ele é um ex-Venerável. Assim, todos aqueles que foram instalados, são conhecidos como Mestres Instalados que têm, também, o privilégio de ocupar um lugar distintivo no Oriente, porém sem o costume enganado de tomar assento ao lado do Venerável da Loja. Os ex-Veneráveis sentam-se no Oriente, todavia, na forma correta, abaixo do sólio.

Outro mistifório que se apresenta por alguma vez, é que existe um Conselho de Mestres Instalados que é formado para a Instalação de um novo Venerável. Esse Conselho, vez por outra é confundido com um conselho permanente, o que não é correto, pois o dito só é legalmente formado para a finalidade da Instalação e, posteriormente, desfeito. Salvo se for lei na Obediência, Conselhos prementes, que muitas vezes mais se intrometem na condução legal da Loja do que ajudam. São, geometricamente, errados ao mesmo tempo em que reforçam a tese equivocada de que Mestre Instalado é um Grau.

Ainda, no sentido de elucidar, porém não contestar, o termo “Past Master” é concordante com a Maçonaria inglesa, já que para os ritos de origem francesa ficaria mais de acordo o termo ex Venerável.

Finalizando, quero aqui deixar os meus cumprimentos pela forma como vossa pessoa se apresentou “Mestre Maçom e Ex-Venerável”. No meu modesto entender, o Obreiro que preside uma

Loja é o Venerável, entretanto, para sê-lo ele precisa ser Mestre Maçom. De posse do primeiro malhete ele continuará sendo um Mestre Maçom que possui o título distintivo de Venerável Mestre. Deixando o veneralato, ele é um Ex-Venerável. Todavia, ele permanecerá sendo um Mestre Maçom. Daí é preferível: M∴M∴.

Free Mason Hall1º Templo Maçônico

Londres - 1776