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Sangue Som Fogo

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livro de Fabricio Noronha

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Sangue Som Fogo

Fabricio Noronha

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“...eu me torno as estrelas e a lua. Eu me torno o amante e o amado.Eu me torno o vencedor e o vencido. Eu me torno o senhor e o escravo.

Eu me torno o cantor e a canção. Eu me torno o conhecedor e o conhecido...Eu continuo dançando... e dançando... e dançando, até que haja apenas...

a dança”

Michael Jackson, “The Dance”

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Era uma vez um olhare acabou a palavra.

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tem sido chato perdido. tem dado frio de noite. (calafrios repentinostodo dia acordo mesmo-dia meio-dia já é tarde.

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a idéia do volume nas alturase do cabelo ao vento passa.

(esquecer de calçar o meu all-star). é a menopausa do som

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Poderia falar de seu andar; dos minutos de espera; do gosto; do rosto; do olho; da nuca; da boca; do profundo; do volátil; dos dentes; do sexo; da alma; do carinho que sinto; do carinho que recebo; do ao pé do ouvido; das mentiras desmentidas; das apostas; dos desejos; da faísca; do que não se vê; do que não se toca; do que não se sente; do invariável. Poderia falar de tudo que me vivam.

Mas vou falar apenas de sua mão.

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AbElhA MulhEr DE FEriDA

Minha blusa noturna de poeta. Minha bruma desnuda, bem faceira.Minha brisa de outubro sem colar.Minha abraça que eu quero ser e ter

[coração.

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Ou

Eu O

u A rEVO

luÇÃO

_________________________

te ligo pra gente marcar.

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yesronha ou fabricionoronheismo

Fabricificar ou meramente fabricar a própria fábricaFabricificar ou aleatoriamente fabricar simplesmente o ciclo

Eu fabricionoronhefico-meVocê se fabricionoronhefica

No fim de todo o ciclo fabricionoronheficamos

Antes que outrosfabricionoronhefiquem o infabricionoronheficável

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Prosa, verso, música. luz.CAMiNhO CruZADO.

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daqui pra lá não respondo por mim.

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rECADO PArA O DiAGrAMADOr

um poema precisa,

pelo menos,

na página respirar.

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(Cinema Sólido e iluminado) Dentro de um quarto, apenas

iluminado por um abajur, acontecem e deixam de acontecer

inúmeras sensações, sexuais ou não. A luz mal consegue

iluminar a parede oposta. Mesmo assim é possível identificar

os corpos e as posições, entrelaçados ou não. Os encontros,

que ao quarto ilustra, fazem questão de serem casuais,

ardentes, periódicos e noturnos. A luminária faz questão de

assistir e incansavelmente clarear. Do inevitável registro na

fase do iluminado, surgem palavras. A sinceridade com que

são emitidas impressiona e delineia cada face. Estampadas,

como quem pouco deseja, as letras incorporadas no rosto

do abajur acabam por indicar o rumo de prazer e dor

daquele quarto. um corpo vivo/morto. Corpo Sangue Vísceras.

Apodrecido, outrora ereto. O prazer extremo e terno, substituído

pelo ódio mortal e silencioso. A mão que afaga é a mesma

que afoga. Nos corredores que o seguem, nas escadas, na

rua, tudo está contaminado e aparentemente sem volta. Num

espectro de todos os episódios daquele quarto, um marcante.

Cinzas lascívia Cólera. resta ao ambiente o egoísmo latente

e o rápido olhar diário. À luz fica a oportunidade de

observar e aguardar a próxima noite, os próximos movimentos

corpóreos. uma dança. Estômago Perversão Dinheiro.

De repente o abajur é o observado, deixando de notar.

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GuiTArrA, OuTrA VEZ(dedicado a 1999)

não inventa, pessoalmente 90repito 90qual é mesmo o nome daquele menino do nirvana?

(repete)

possivelmente 90, 1990, 91, 92, repete. 1990, 91, 92, 1993, 94, 95 1996 97, 98, 99, 1999. simplesmente 99.

algum lp gravadorepito, eles repetem, agora em cd cravado.

outro dia me lembrei dos 70.algo morreu no vácuo dos 80. repito 70, 60, 50, 40, 30, 20, 10

9 8 7 6 5 4 3 2 1

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qual mesmo o nome daquela banda do kurt cobain?

(repete)

geração perdida. quarta-feira-de-cinzas, lamentando aquela metida perdida por não ser hippie. pois sou perdido na perdida geração.

(salve, salve o último disco bom de michael jackson)

geração perdida. havia um negro libertário em mim que morreu. no lugar soa o lamento das bandas brancas. eu não sou roque!

eu não sou bamba! pessoalmente 90.eu quero apenas perpetuar o meu suingue no seu silêncio.esquecer as velhas causas e assumir o novo século.

restou-me uma camisa quadriculada,uma calça rasgada da outra década, suja com a sujeira desta.desbotada de tão sem graça. desmuralizada, pronta para novos muros.

ficou o choro, uma certa tristeza, uma risada seca. esqueceram o bebê nu na piscina. ninguém percebeu, mas ele cresceu. possivelmente 1993.

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A MENiNA quE NASCEu PrA SEr FANTASMA

castidade certeza rara. desejo inventado. nuvens pretas músicas.

sangue som fogo. armar é tocar um instrumento.

fez silêncio. fez-me rir na praia. fez-me em versos quasecores. é música e todo resto fez canção.

rasgado sagrado queimado. deus sem filho e sem mundo.

vento negro sob a pele parda arrepia. momentos e diamantepernas cerradas.

recebe-te o beijo no olho nigéria! anjos safados vindos do prazer.

abre a perna pro destino torto! rio de mistério e de janeiro. é preta. não nasceu aqui.

brotou sem lembranças e chora sem motivo. é negra. nasceu pra ser fantasma.

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AlGO-ME

Esse papo-identidade [...] tu tá marcado, tá? (novamente língua mexe) em chinês, em clichês em burguês, francês

enquanto mim morremos eu me ninguém

suspiro pedra alguém sólido?

Ali do lado esquerdo de sou o direito conduziu-viu aqui

sabor-mim monotonia? algo lúdico, surdo, maduro-musgo.

Enquanto eu me alguém Outrem, outrora, outorga e vem. vêem. desenxerga-me ninguém-me algo-me mim tupi-guarani?

mexo-mescla a língua jogo samba, toco bola, danço ópera e bebo multirracial.

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[trabalho escravo e moleque] mexa-mesclo a língua sob a língua sobre a língua sobe e desce. Preto, branco ou bicolor. Sublinhado ou subestimado. Em espanhol, português ou inglês, sobrescrito ou sublimado dublado em mim ninguém.

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SObrE A CruA

Sua cruarua meio atropeladoPeço cinco minutosE me dão a vidaPerco longe larga esquece

Tive tudo que tiveE voei para distante de seu colo

Mame MameiMe arrebenteiTe ameiTe odieiFalei bem mal

Não cuspi no prato que comiSó não o laveilarguei Fui viver

Não esqueci das lições que aprendiEsqueci?

Aprendi também com a omissão

liçõesTardes de luaTá tarde pra rua

SonheiSua!Meu!

Durma!

Escovar os dentes em todasas direções

AmorDespedidas sem abraço

Sozinho o dia inteiroSem TV a cabo e com você do ladoDescaso perante a beleza da lua

Siga as pistas e encontre o bilhete que deixei pra vocêTarde demais

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TEOriA PO

éTiCA SO

brE A CAPACiDADE D

E O PAPEl FAZEr bArulhO

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i(iniciação à não-música)

Toda sílaba,cada uma.Toda arte de encontrar e rejeitar.ignorar os planos desperdiçados.

Perder-me em encantos sonoros.

cada som

(barulhinhocada um (barulhinho.

bom para o ouvido, para os rins, para o fígado, para os olhos, para a carne (coxa e antebraço som som muito bom para o coração

alma em ritmo se desfaz corpo dorme claridade marca, marque, marco. (sombra

Silêncio – completude ou vazio? Desejo mais barulho.

(pausa) (barulhinho)

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ii(mergulho nas antenas dos antenados)

barulho. um barulho em outro sofre (pausa) executa. aplica. toca. bit.bop. pop. hit. entre o som. barulho. o ruído. Nós. Nó. (noise). intervalo da palavra

Olho da palavra Calma e palavra risca a palavra Ouça, há palavra

Toque a palavra Esqueça da palavra Calada-palavra

cuidado. escuta. cuidado. respira. cuidado. descasca. escuta, respira e descasca.

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iii(desbarulho ou hino à não-música pró-ruído

ou senhorita rita vai à feira)

palavra sólida insuportável ouço chiando ensurdecedor chiado babando (incolor multicolor) (cara coroa) coragem bandido mostre embale e mande – (sua mãe vai achar lindo).

faça barulho. Nó. Noise. [intervalo da palavra.

faça barulho e deixe a contradição por conta do segundo caderno

faça barulho. (faça muito barulho.

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iV( )

music music music top top music banana nanica remixtop tópo tolo

underground, minha vida! pop pub bobo under under lounge alge.

planet congo-rap

banda bunda surdacamisinha sabor anos 60

ande, passe o tempopasse a olhar para os dois ladosantes de atravessar

lado alado b

no meio: o furorepresenta o teu cuem cd o seu ego

verso arranhadoplástico prensado

em série).

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rAP-ME

cores: antiestética preconceituosa da coisa.bolhas: espécie de vôo imaginativo sem porquê.falha: tipo de desejo humano incontrolável.animais: eles falam. eles pensam. eles procriam.ovo: mundo.casca: casca.

Aurélio buarcolhudos comem merda!Com a língua se lambe a porta, assim fica fácil adentrar-se no 3d da lengalenga.

passo a passo cada acionador: 1 Constitua-se dos rótulos. 2 Embaralhe a significância. 3 Ouça e seja novo, bonito e baiano. Ou pareça. 4 Elabore ofegante homenagem a um poeta que ninguém comeu. 5 Eleja um presidente para cada brasil.

contra-palavreado sacana.Tente chegar a lugar-algum,só porque lá pairam um pus moderno.

assombra-me a gotejante sensibilidade dos manos da usp! (vale um troféu para cada um cabeçudo.)

bala démodé... Ainda perdida acerta o alvo-acaso, mata o sortudo-azarado. Tiro certeiro. recorde de vendagem.

Chinelo gasto exportado colorido. Passa o fax e bate o barrão. Ventilador de teto. Elocução da classe média! Eles têm a apropriada dicção e o cu na mão.

imagem-ego do eu-televisão. www@ego do eu-computador.

CD-rOM / TAPE / VhS / DVD

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Enquanto calculadoras tentam a completude, a rua cumpre sua função durante a chuva. Agora molhada tenta um céu nublado. [que é só um céu nublado.

Partículas minúsculas não passam de uma das dúvidas do sólido. resta-me o papel quase grotesco de cidadão].

Úmido habitante dessa cidade que mais chove que vive. [que mais reprime que expressa. igualmente recolhido, porém identificado. uma tarja diz: babaca capixaba.

Tenha concentração. Tenha responsabilidade. Tenha disciplina. Mantenha ordem. Saiba gramática. Procure se organizar.

réplica. Tréplica. E um novo experimento. Tentativa. Tentação.

invente. Transpasse o incrível. Ontem beijei gigabytes como se fossem minha própria liberdade. hoje eu não fiz nada, passei o dia todo olhando na janela e pensando no que acabei de escrever.

Now, rap-me!

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CANTEi PrA NiNAr

Fui cortando com faca cega. Era coragem. Nos meus olhos pingava sangue. Mal funcionava amolar a faca. Cortava cega lentamente. Era dor escorrendo no chão. Nas paredes imagens interferidas tv. raios penetrando refletidos vaga-lumes. Era ódio. Cortei primeiro o pé direito. Era a única maneira que tive para apagar as lembranças marcas corpo. Era agora o outro pé. Era um bilhete a lápis na estante esquecido. Era um adeus ilegível. Nunca sendo voz. A poeira tomou conta do quarto trancado. Território de bombas. Foi o jeito duro de esquecer das maldades da ignorância do desamor.

Agora poderia chover. Agora poderia parar.

Nem era preciso tocar um velho disco nem ler poesia amarelada, meus curativos me curaram finalmente. Sem pé, faca cega me obrigou a voar. Agora poderia chover mais. Poderia ser noite, poderia estar sozinho, poderia nem ter o que comer. Poderia alucinógeno sentir das mesas cadeiras lembranças e paisagem, pessoas falando humanos.

Cirandas diárias mantras. Ali continuava a ser o meu mundo impossível. Envelhecendo meu cabelo crescendo. O recado para pipa no céu não pedia. Ali continuava a ser o meu incompleto mundo impossível. Azul e amarelo.

Agora chovia em outro lugar. Em mim só um guri e bagunça em cima da cama. Era meu mundo impossível de baratas e notícias falsas. Dor pingava cura, estava pronto para ser tomado por palavras gestos feridas. Agora poderia chover lá fora. Numa noite escura poderia sem estrelas ouvir pedidos de socorro. Poderia esticar o braço até conduzir à cura. Do corredor até a janela. Da janela até um outro milagre.

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Aos berros ele voltou com marcas no rosto querendo ajuda. Acidente de discurso de conduta de caminho de culpa. Debruçado vi seu rosto enforcado. Era um homem forte que voltava pra ver seu filho mundo invisível. Ver minha desordem de fim de tudo. Poucas palavras e desespero nos olhos sangue. Ele não tinha certeza se estava vivo se estava sóbrio se foi naquela estrada que terminou como infeliz. Num dia que poderia só chover, numa curva estampou sua alma.

Eu abri a porta do apartamento que flutuava distorcia recoloria. Entrou como quem implorava. rastejava de passado. Na mão marcas de faca afiada siglas de certezas breves. E o abracei vermelho deitou no colo e não pediu nada. O conduzi ao berço. Já passava da hora de deitar. Poderia tentar canções de ninar era preciso acalmar o choro.

Dorme, meu pai quase sangue. Dorme, seu filho está aqui. Despreocupado mundo impossível de gestos. Não pude ler aquele bilhete a lápis. O quarto permanece em guerra. Esperando essa noite de sonho de calma de chuva. Dorme.

Vai entrando no quarto que é seu. reinventa a chave. Atravesse a fechadura. Dorme, meu pai descoberto. Dorme. Nem sei o que houve. Calma que tudo dá certo. Minha mãe me falou de sonhar. Sonha uma manhã bem azul. Triste nesses olhos de pouco. Chega desse lodo vermelho amargo no berço. Calma. Seu filho está aqui. Dorme. De manhã partirá de seu mundo possível seus berros, trancado em seu quarto poeira. Dorme. Seu filho te acalma no berço num adeus bem pausado. Voe num sonho, vá sem saber suave. Sem semana que vem nem passado. é adeus de verdade.

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CriANÇA NENhuMA PODE ENTENDEr

há várias coisas que adulto escondecriança só descobre quando cresce

pois, osso só aumenta calado,depois é que espeta o fígado.

os médicos matam a genteem seguida pedem desculpas.

professores não podem reprovar,palavra é bobagem humana

mercúrio arde, merthiolate não.não derrubaram nenhum muro.o homem nunca foi à lua.nada deve ser definitivo.adulto é sempre criança.mães usam os filhos.acreditem: et´s existem.

adulto esperto estuda.depois descobre que guerra é bom pra tossee que formiga fez bem pros olhos.

quarto separado dói no fundo de tudo.[criança nenhuma pode entender.

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isso tudo é como um rapToda a dor do mundo num sopro

lanço gestose gestos dão frutos.recolho com a outra mão os futuros.

Mudo de roupa como quem muda de década.E sonho.Sonho.Sonho.

Afino minha guitarra outra vez.E toco. Toco. Toco.

Acho extravagante a blusa de meu paiAcho um exagero o laço na minha mãe.

Meio parado na frente do espelhoPasso a maquiagem.com o pó que minha sensação injeta.com a firmeza dos tantos heróis na reprise.E reprisa.reprisareprisa.

São meus netos repetindo na tevê.é minha cara cheia de vergonha e orgulho.

São coisas quebradas.Partidas. Dialogadas.

respostas sem erro.Piadas absolutamente engraçadas.

Aqui ninguém morre fome.O presidente é amigo do meu pai.

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NOTA DE rODAPé

das coisas que não tem significado prefiro as que buscam sua singularidade.Já das coisas que tem data e hora prefiro trepar a noite inteira.

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O vinil agarrado revela a música torta do improviso dos aparelhos de som.

Num eco tolo, o silêncio rebate a realidade e suporta o som que bem quisermos fazer. A microfonia louca dos aparelhos uns virados para os outros é o uivo do sossego querendo virar música. Coisas que tem outra dentro – enigma. - tipo o fogo o infinito e um bom filme.

Tocar para alguém é como dançar com a alma. é como ter a certeza do eterno porre. é como uma viagem longa e sem fim. Cantar então, é elevar a garganta à coração e nesse compasso embalar o sangue que vibra nas veias das notas.

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éSSÃ!

Nessa estrada me perdi em reflexão. ri quando me vi, sorri quando não vi. E chorei quando me deparei. c o n t i n u e ic o n t i n u e i... e nas nuances do pôr-do-sol vi o sol nascer (ao) quadrado! Alguns s e g u n d o s depoiso tempo p a r o u d e t o r r a r pelomesmopropósito,opróprioseaproprioudeaprimoraropensamento (que nessa altura do campeonato caminhava em sentido contrário) ...buscando velhos atalhos entrecruzados que por ventura tenham não-visto.

Modelos de conduta me causavam alucinação, mulheres de saia curta me dão tesão e piedade. Causavam-me conduta modelos de alucinação Essa coceira é hereditária?! Modelos, causas e condutas me alucinavam Odeio quartas-feiras. Parecem-me magrelas e desengonçadas.

Odeio tudo que venha a acontecer na quarta. ( antes ou depois das três e trinta e cinco da tarde. parecem-me desgordadas e estrambelhadas. éssÃ, majestade! Perdi-me em sonho até o chão. éssÃ, majestade! vídeo-tapes da cintura-prá-baixo pensando putaria em noite de lua cheia.

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PEiTO DE SiliCONE

sufoco. suor. seus seios potencializados sob a tutela dos meus olhos.

cortes. rimas. crimes. meu sangue imaginando [o ocorrido. escorrendo de dentro para [fora do desejo.

ousadia no papel em branco. o colapso do mundo e o reflexo do meu rosto no resto do vidro da janela.

as marcas do sol em seu corpo esvaziam o copo e compõe a tentativa inútil de decretar um feriado nacional.

vôo solo. cão sem dono.adormeci sobre-seu-peitoe acordei dor-de-cabeça.

dentadura. saneamento básico. sangue-frio. o carnaval é a vida!

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A infâmia é minha amiga. Então te digo, infâmia, amiga...

carrega aquela vacina pro pobre poeta! (ou na vagina ou na sacola).

Pois assim sem cobertura dechocolate e caramelo não posso viver.

Tudo tão sorvete

Carrega a vacina no bolso de trás, junto com as contas a pagar que não paguei.

Não quero pagar nem discutir - as contas e a vida. Nem da grafia do tempo nem do verde.

quero falar de vidro, assim como o poeta. Discutir o vidro e suas inflexões.

Jogar com a mentira e esquecer gavetas

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O SONO DA CANÇÃO

Poucos minutos me guardam sua presença. (outros me escondem seus segredos.

No instante que a canção dorme abraçada ao compositor, celebro o que ninguém irá ouvir. no entanto ouve.

Tantos goles monocromos, formigas passando, rabiscos, e você, amor, pensando em mim dormindo.

Não ligo pro contra-senso. Sei da total mesmice (e mereço dormir.

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FrAGMENTOS DO PróxiMO CArNAVAl

Mãe viaja. Podíamos também viajar. Avó morre. O caixão é pequeno demais para nos dois. O pássaro quebrou uma de suas asas e não poderá nos acompanhar.

Namorei todas as moças que a majestade ordenou. Será que aquela fada irá voltar? Não espere muito ressentido. Causa danos à pele mulata. Causa cegueira em jovens apaixonados.

No lugar de perna teria rodas. Ao invés de grana, sonhos. Não gastaria sonhos com coca-cola. Venderia tudo que eu tenho me mudaria para uma lata de atum. largaria a Madonnaficaria com a cama. Deixaria a barbarasgaria meu único ternoprometeria nunca mais pisar no chão.

Ouviria a mesma música todos os dias. incansavelmente, o resto dessa durante todas as outras vidas.

Achei aqueles bilhetes, aquela foto. Toda felicidade do negativo revelou-se numa foto triste.

há semanas não leio as noticias. Jornais emanam ficção. há dias não ouço sua voz. respiro fato e não tenho responsabilidade.

Não me lembro o contexto que ela caiu do céu. Ela pisou no meu pé, mas na verdade disse: eu te amo.

Eu tentei a noite toda escrever um poema. Sinceramente, gostaria de estar pisando no pé dela.Afinal, a guerra faz bem à paz.

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NElSON MOTTA

Mão na bunda da crioula sonhadora!isso daria um samba se não fosse o meu mau hálito.

E a música recomeça... num suingue esperto!

Então é carnaval! te olho te miro e a música acaba antes que eu conclua a respiração boca-a-boca

Abra o caminho na avenida! Felicidade em garrafas de cachaça. Mão na bunda da crioula sonhadora! Senhoras e senhores essa é a vida!

Abra seu coração-alma-corpo-mente! repita os dez mandamentos de trás pra frente. Mergulhe sua cabeça num balde de água quente. Esqueça a tolice das rimas e caia no samba. Comigo ou sem-migo.

Te olho te miro e a cavidade do poema se limita (assim como o espaço no papel clama pelo branco. (assim como o pandeiro a cuíca e o tamborim preenchem o vazio o feriado a vida.

Acho que há um compasso que eu nunca conseguirei acompanhar.quarta-feira de cinzas será sempre o início.

Admito que desafino, contudo sem perder o rebolado. Tire a mão da bunda da crioula sonhadora!

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NO MEiO DE TuDO: ESPAÇO

Na minha terra tem ciência encrostada pro alto.Tão compacta que parece prédio.

No meio de tudo: espaço.Caminho que parece destino.impossibilidade.

Na minha terra tem cadeado.Cadeados são coisas que separam outras e outros de lugares outros.Tinha porta que impedia olhar.

Onde vivo tem água encanada.tem beijo de amor. tem pingo de chuva.tem vista pro céu.

Onde sofro tem cheiro de tarde.

Na minha terra ninguém fala nada na cara.Árvores são seres vivos.

na cara é fácil olhare percebem que ninguém é de verdadesangues são apenas impossibilidades.

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Poema que não sei viver, fica preso num canto do corpo e vai dando ruga.(poema que não consigo escrever.

Poema que não palavra de ouvido morre na garganta de qual-quer silêncio.(poema que não consigo escrever.

Poema que não te quero de jeito nenhum. Fica na pele.(poema que não consigo escrever.

AmnésiaMentiraGargalhada

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é de amor e pedra essa porra todaMaltratado do tempo.Nuvem carregada.

é de amor e pedra essa busca minha.de ferro que derrete e moldade vidro que nem quebra

Coisas ditas.Frase de efeito.Conclusão de poema.

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PEquENOS POEMAS quE NA VErDADE SÃO DiAlOGOS

Depois de muito tempo voltei a mexer naqueles velhos rabiscos.Estou em rabisco. um esboço de liberdade.Tinta de caneta.Eram arquivos .doc e pilhas de papel.

03:00 AMacho que amanhã cedo não tem poema nenhum que me tire da cama.

- Poesia é sempre novidade do fundo do poço?- Não, às vezes é o fundo todo.

Cabe muita dor num livro de poemas.quando acabar a tinta ou a página ainda faço um filme.

é ainda mais tarde.Pus poesia, como me aconselhou aquela senhora.- Deveria ela se sujar de sangue!

Cavei, cavei, cavei...E não cheguei em Japão nenhum.

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Gosto dos altos contrastes Dos gritos constantes. gesto calado

Pensando nos atos de herói. Nos passos históricos. pessoas honradas

Mas o domingo de sol. no mar somente memórias soltas.

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PrOTOCOlO 919

ainda faço um rockmudo de casatoco contra-baixo

prometo.

plantar bananeirame eleger presidenteir de bicicleta até recife.

Tenho minha juventude eterna registrada em cartório.

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DOr E COrES

Ele na frente do poste. respirando.Ele atrás dos dois, dos três, dos quatro mil.

Ele pulando do quinto andar.Ele inventa o sexto verso. Cálido.

De repente aquilo tudo que o incomoda há tanto tempo virá sorriso. Todos nosco restamos, doridos e completamente encantados.

é falso. é virgem.

Nunca amou de verdade uma barata.Ele corpo.Ele culpa.

Tudo é um sonho.E o despertador não toca. Não toca.

A dor permanece no corpode olho fechado.

Não há voltas. há vida.

é a cor da felicidade plena.

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Todos vocês são marrons.Filhos do lixo da mistura. Disso que chamam multi-racial.

Eu disse: todos vocês são marrons. e adoram pindurar coisas no pescoço ouvir esse batuque, esse batuque. Todos vocês são marrons. um pouco de cada resto. uma história cheia de gente chata. Mesquinharias.

vocês só falam do mesmo assunto tocam a mesma nota Farinha da mesma bagunça Filho primeiro da traição. da dor.

E agora fundaram um sindicato Sindicato dos mancos dos pobres de espírito dos espíritos de porco.

Todos vocês são marrons no jeito de olhar nessa ginga. nesse suingue. esse suor pingando. Encanto perdido. bossa nova no repeat

Dessa loucura. Dessa burrice. Sobra, sobra, sobra.

Todos vocês são marrons.

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estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxi-cado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida

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PEixE NO AquÁriO: NADA

iCercado de água por todos os lados. Crédulo da possibilidade da dissolução, de virar zero, de se tornar, sobretudo, água. Ele serve.

iiÁgua que a tudo desfoca. Água que contém a vida, estabelece a vida. E impróprio, o peixe nada. um-lado-outro. Tentando ser muito mais que o vidro. No fundo o que não nasceu para boiar. No fim pesa mais que a luz.

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Posfáciode Ericson Pires

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POETA EM AÇÃO hapax logomenon: palavra que nunca, jamais se repete num processo de tradução comparativa em duas ou mais versões do mesmo texto. Evento único, elemento singular. Figura da lingüística, é traduzida para o campo do existencial pelo filósofo francês contemporânea, Michel Onfray: hapax Existencial, leitura e tradução realizada por um músico pensador, mestre das invenções e az do rock nacional: Thomaz brum. hapax. Figura que nunca se repete. uma só vez. Singularidade absoluta, insistência na necessidade. Poesia: jogo da necessidade. A capacidade de instaurar o singular na palavra, ação de inventar, criação: oficio do poeta. Forças tão caras aquele homem super-homem do final do oitoccento, limiar de algo por vir: Frederico, o Nietzche. A poesia de Fabricio lança e é lançada na necessidade de se lançar. Parece tautológico e é. é, por que sua referência, seu e seu maná é uma mesma coisa: a vida. é o mesmo jogo. Jogo terrível e lúdico. Jogo de corpo solto. Jogo de corpo vivo. No som, no fogo e... no sangue, os riscos do momento se colocam. Em cada poema, o valor supremo é a vida. Vida que deve ser vivida em ação. Vida que tem de ser vivida na ação. Os poemas pedem o movimento dos corpos, seus sons:

“(barulhinho

bom para o ouvidopara os rinspara o fígado,para os olhos,para a carne, (coxa e antebraço)

somsommuito bom para o coração.”

Partir do orgânico, chegar no orgânico. Aqui, não há espaço para a mística simplória e transcendental, onde a exposição do eu lírico é protagonista do texto sobre todos os outros eventos. Mesmo

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quando se aproxima de uma melancolia juvenil, comum a uma época de fragmentação total, tudo cheira a flor, cheira ao desejo de locomoção:

“Eu não sou bamba!Pessoalmente 90.

Eu quero apenas perpertuar o meu suingue no seu silêncioesquecer as velhas causas e assumir o novo século.”

As palavras recebem sua materialidade, sua densidade corpórea, sua utilidade no léxico da vida, escapam às mumificações esquemáticas de uma poesia de citação. Tudo ali transpira desejo. Desejo de ser agora, o momento, o acontecimento, o encontro:

“Esse papo-identidade (...)Tu ta marcado, tá?(novamente língua mexe)

em chinês, em burguês, francês enquanto mim morremos eu me ninguém.“

é a insistência no fluxo, nada pode ou deve ser calcificado. Tentar escapar a armadilha da palavra parada, a paralisia do poema.

Fabricio trabalha como um artífice que fica amigo de seu material. Ele é amigo do fazer poema. Ele quer dançar, quer cantar, gritar, se for preciso, seus poemas. São poemas sons, poemas ações:

“Estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida. Estou intoxicado de vida de vida de vida de vida. Estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida. Estou intoxicado de vida de vida de vida de vida. Estou intoxicado de vida de vida de vida atrás de vida. Estou intoxicado de vida de vida de vida de vida.”

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Na contra-mão da tendência conservadora costurada ao longo dos anos 90, Fabricio busca a vida. busca esse tóxico, se vicia. Precisa dela. O Neo-parnasianismo transcendentalista, arrimo de um beletrismo escravo dos poderes institucionais, exclamação do domínio patológico do idioma, tendência hegemônica, tenta se manter através de suas conexões perversas com os nichos de nomeação: a triangulação editores/críticos-professores/jornalistas.

Ao poema, ao fazer poético, cabe escapar disso, tornar-se algo que já é, tornar-se corpo. A necessidade, o jogo de afirmar o corpo na aventura do fazer poético. Fabricio é um digno representante atuante dessa vertente heróica e idílica. Compra essa luta, compra esse embate. Sem medo, sem distinção. Poema e juventude. Força e criação.

Estar no mundo contemporâneo, estar no agora. Seu amor nasce de uma conexão óbvia com o mundo fetichezado pelo consumo. Atravessa-o. Tentar fazer emergir a língua revoltada no evento cotidiano. Seu delírio faz dobrar toda a banalidade presente nesse universo, buscando encontrar algo que corre o risco de não encontrar: sua busca é em si mesma, o grande encontro. é o lance do poeta em risco. Como, aproximadamente, disse aquele velho bardo inglês: A vida é cheia de som e fúria.

A poesia de Fabricio é a sua aventura no mundo. Exala vida por que é literalmente vida. lê-lo é com-viver, viver com ele a aventura. bem-vindo ao planeta da necessidade! A luta continua!

Ericson Pires é poeta, professor e faixa preta de jiu-jitsu.

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[Era uma vez um olhar] / 11[tem sido chato perdido] / 13[a idéia do volume nas alturas] / 15[Poderia falar de seu andar] / 17AbElhA MulhEr DE FEriDA / 19Ou Eu Ou A rEVOluÇÃO / 21YESrONhA / 23CAMiNhO CruZADO / 25[daqui pra lá] / 27rECADO PArA O DiAGrAMADOr / 29CiNEMA SóliDO E iluMiNADO / 31GuiTArrA, OuTrA VEZ / 33A MENiNA quE NASCEu PrA SEr FANTASMA / 35AlGO-ME / 37SObrE A CruA / 39TEOriA POéTiCA SObrE A CAPACiDADE DE O PAPEl FAZEr bArulhO / 40rAP-ME / 45CANTEi PrA NiNAr / 47CriANÇA NENhuMA PODE ENTENDEr / 49[isso tudo é como um rap] / 51NOTA DE rODAPé / 53ViNil AGArrADO / 55éSSÃ! / 57PEiTO DE SiliCONE / 59[A infâmia é minha amiga.] / 61O SONO DA CANÇÃO / 63FrAGMENTOS DO PróxiMO CArNAVAl / 65NElSON MOTTA DA MANGuEirA / 67NO MEiO DE TuDO: ESPAÇO / 69[Poema que não sei viver] / 71[é de amor e pedra essa porra toda] / 73PEquENOS POEMAS quE NA VErDADE SÃO DiAlOGOS / 75[gosto dos altos contrastes] / 77PrOTOCOlO 919 / 79DOr E COrES / 81TODOS VOCÊS SÃO MArrONS / 83[estou intoxicado de vida] / 85PEixE NO AquÁriO: NADA / 87POSFÁCiO / 89

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Título: Sangue Som Fogo1ª Ediçao / Abril de 2007

huapaya & EditoresEditores: César huapaya raoni huapayaCoord. da Coleção: Orlando lopeslogo da Coleção: Paulo ProtProg. Visual e Capa: Fabricio Noronha

Esse livro é licenciado sob uma licença Creative Commons

iSbN: 85-99980-46-7

(CC) Fabricio Noronha, 2007

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