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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA IEP Curso de Pós-Graduação strictu sensu Mestrado profissional em Educação em Diabetes Maria de Lourdes Baêta Zille ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE UM MODELO DE ORIENTAÇÕES ACERCA DOS EXAMES LABORATORIAIS E DA DOENÇA NO CONHECIMENTO E AUTOGESTÃO DE PACIENTES COM DM TIPO 2 Belo Horizonte 2015

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE de Lourdes... · Palavras-chave: Autocuidado, Exames Laboratoriais, Diabetes Mellitus tipo 2, Educação em Diabetes. ABSTRACT Diabetes

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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA – IEP Curso de Pós-Graduação strictu sensu

Mestrado profissional em Educação em Diabetes

Maria de Lourdes Baêta Zille

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE UM MODELO DE ORIENTAÇÕES ACERCA DOS

EXAMES LABORATORIAIS E DA DOENÇA NO CONHECIMENTO E

AUTOGESTÃO DE PACIENTES COM DM TIPO 2

Belo Horizonte

2015

Maria de Lourdes Baêta Zille

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE UM MODELO DE ORIENTAÇÕES ACERCA DOS

EXAMES LABORATORIAIS E DA DOENÇA NO CINHECIMENTO E

AUTOGESTÃO DE PACIENTES COM DM TIPO 2

Projeto de pesquisa destinado à obtenção de título no Mestrado Profissional de Educação em Diabetes do Instituto de Ensino e Pesquisa - IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte

Orientador: Dr. Rafael Mourão Agostini

Coorientador: Dr. José Antônio Baêta Zille

Belo Horizonte

2015

“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte.”

Zille, Maria de Lourdes Baêta Z69e Estudo da Influência de um Modelo de Orientações Acerca dos

Exames Laboratoriais e da Doença no Conhecimento e Autogestão de Pacientes com DM Tipo 2 /Maria de Lourdes Baêta Zille. – Belo Horizonte/MG, 2015.

96f.; il.; enc.

Orientador: Rafael Mourão Agostini

Coorientador: José Antônio Baêta Zille

Tese (Programa de Pós-graduação Stricto-sensu. Mestrado Profissional de Educação em Diabetes).

1. Autocuidado. 2. Exames Laboratoriais. 3. Diabetes Mellitus Tipo 2. 4. Educação em Diabetes. I. Zille, Maria de Lourdes Baêta. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP.

CDD: 616.462

FOLHA DE APROVAÇÃO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE UM MODELO DE ORIENTAÇÕES ACERCA DOS

EXAMES LABORATORIAIS E DA DOENÇA NO CONHECIMENTO E

AUTOGESTÃO DE PACIENTES COM DM TIPO 2

___________________________________________________________________ Aluno: Maria de Lourdes Baêta Zille ___________________________________________________________________ Prof. Orientador: Dr. Rafael Mourão Agostini

Prof. Coorientador: Dr. José Antônio Baêta Zille ______/_______/________ Data BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________________Prof. Dra. Janice Sepúlveda Reis

Dr. Geraldo Benício Siqueira

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que, com seus esforços me proporcionaram a formação acadêmica

necessária para eu poder atingir grande parte de meus sonhos.

À minha família, que sempre confiou em meu trabalho e esforço.

Ao Prof. Dr. José Antônio Baêta Zille, especialmente, pela sua coorientação e

dedicação de grande parte de seu tempo em me ajudar na realização deste projeto.

Aos amigos que me estimularam para nunca desistir de alcançar meus objetivos.

Aos colegas de trabalho que contribuíram, direta ou indiretamente, em várias etapas

da realização deste projeto.

A Sra. Débora Teixeira Caldas Mendonça, gerente do CEM-Centro Sul (Centro de

Especialidades Médicas Centro Sul/SMSA/PBH) que muito auxiliou na realização

deste trabalho ao organizar os atendimentos multiprofissionais aos pacientes

diabéticos.

À Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, em especial ao Instituto de Ensino

e Pesquisa, pela oportunidade de me proporcionar maior conhecimento em uma

área tão importante para a saúde dos indivíduos.

À Dra. Janice Sepúlveda Reis, pelo apoio e por ter acreditado no êxito deste

trabalho.

Ao Dr. Geraldo Benicio Siqueira por sua disponibilidade em acompanhar e avaliar o

desfecho deste projeto.

Ao Dr. Rafael Mourão Agostini que tão bem me orientou para que eu pudesse

concretizar um projeto que, com certeza, irá contribuir muito na qualificação de vida

do indivíduo com doença crônica, em especial, a Diabetes Mellitus.

À Dra. Naiara de Souza Lajes, pela contribuição na utilização das ferramentas dos

sistemas informatizados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

À Dra. Aleida Nazareth Soares que com grande competência se dedicou na

realização das análises dos dados e contribuiu com sugestões pertinentes que

valorizaram tão bem este trabalho.

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.

Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

RESUMO

A Diabetes Mellitus (DM) vem sendo considerada uma epidemia mundial em fase

crescente, com distribuição global, com maior ênfase nos países em

desenvolvimento. O advento desta doença proporciona uma redução na qualidade

de vida dos pacientes e vem trazendo problemas crescentes para os serviços de

saúde, com custos sociais altíssimos, principalmente quando diagnosticada

tardiamente. Por sua vez, a possibilidade de aumentar o conhecimento

correlacionada com a mudança de atitude da pessoa com DM 2 é uma estratégia a

se considerar para que estes pacientes possam garantir, com mais facilidade, seu

controle glicêmico. Sob esta perspectiva, o presente estudo tem como objetivo

avaliar a eficácia de uma metodologia de programa de educação em diabetes focada

na melhoria do conhecimento, nos valores dos resultados de exames laboratoriais e

nos cuidados sobre a doença. Este estudo foi feito com 76 pacientes diabéticos

(68,4%, mulheres e 31,6%, homens) cadastrados em 12 Centros de Saúde do

Distrito Sanitário Centro Sul da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. A

análise do grau de conhecimento dos pacientes participantes antes e depois da

implementação do modelo de orientações foi baseada na realização de questionário

pré e pós-intervenção e também em resultados de exames pré e pós-intervenção.

As médias dos resultados dos exames avaliados foram: Glicemia Pré:161,4 mg/dL e

Glicemia Pós: 136,4 mg/dL; Colesterol Total Pré:189,4 mg/dL e Colesterol Total Pós:

175,5 mg/dL; Triglicérides Pré:160,6 mg/dL e Triglicérides Pós: 135,6 mg/dL; HbA1C

Pré: 8,6% e HbA1C Pós: 7,8. Notadamente, pôde-se constatar uma melhora nos

valores dos resultados dos exames laboratoriais indicando, portanto, a eficácia, no

contexto pesquisado, da metodologia utilizada para melhorar o conhecimento dos

pacientes.

Palavras-chave: Autocuidado, Exames Laboratoriais, Diabetes Mellitus tipo 2,

Educação em Diabetes.

ABSTRACT

Diabetes Mellitus (DM) has been considered a growing worldwide epidemic, with

global distribution, more prevalent in developing countries. This disease causes a

reduction in the quality of life of people who have it, and has brought about the

increase of problems for public health systems, with extremely high social costs,

especially when diagnosed late. In turn, the possibility of increasing the knowledge of

the disease, in conjunction with individual behavior changes by persons with DM 2, is

a strategy to be considered in order for these individuals to be able to control

glycemic levels more easily. Bearing this in mind, this study has the objective of

evaluating the efficacy of the methodology of an educational program based on

improving self-knowledge of diabetes, while also analyzing lab results, and treating

the disease. This study was done with 76 patients with diabetes (68.4% women and

31.6% men) registered in 12 health clinics of the central-south sanitary district of the

municipal health department of Belo Horizonte. The analysis of the patients' level of

knowledge before and after the implementation of the program was based on

questionnaires given to patients before and after intervention, and also on the results

of exams done before and after the intervention. The following averages were

obtained: Glycemia before the intervention: 161,4 mg/dL and after the interventons:

136,4 mg/dL, Total Cholesterol before the intervention: 189,4 mg/dL and after: 175,5,

Triglyceride before: 160.6 mg/dL and after: 135,6 mg/dL, HbA1C before the

intervention: 8.6% and HbA1C after the intervention: 7.8%. Notably, the

improvement in the lab results thus suggests the efficacy, in the context of this

research, of the methodology utilized to better patients' self-knowledge of diabetes.

Keywords: Self-care, Lab Exams, Diabetes Mellitus type 2, Diabetes Education.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição da amostra por Centro de Saúde.......................................... 36

Tabela 2 - Distribuição por Renda Familiar ............................................................... 45

Tabela 3 - Distribuição dos pacientes participantes do estudo quanto à

faixa etária ................................................................................................ 46

Tabela 4 - Tratamento para Diabetes ........................................................................ 47

Tabela 5 - Tratamento feito com insulina .................................................................. 47

Tabela 6 - Uso de outros Medicamentos ................................................................... 47

Tabela 7 - Percentual de pacientes e Média de valores dos exames

laboratoriais realizados (n=76) ................................................................ 49

Tabela 8 - Percepção dos pacientes em relação ao seu conhecimento

acerca dos resultados de exames laboratoriais........................................ 50

Tabela 9 - Comparações das dosagens Pré e Pós-Intervenção ............................... 50

Tabela 10 - Comparação das dosagens de Colesterol pré e

pós-intervenção ...................................................................................... 51

Tabela 11 - Comparação das dosagens de Triglicérides pré e

pós-intervenção ...................................................................................... 51

Tabela 12- Comparação da dosagem de Glicemia de jejum pré e

pós-intervenção ...................................................................................... 51

Tabela 13 - Comparações de Dosagens de Hb A1C pré e pós-intervenção ............. 52

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Nível de Escolaridade dos pacientes com DM2

participantes do estudo ............................................................................ 45

Figura 2 - Presença de comorbidades e fatores de risco .......................................... 46

Figura 3 - Quantidade de pacientes conforme classificação do IMC ......................... 47

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

2 OBJETIVOS.................................................................................................... 15

2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 15

2.2 Objetivos Específicos.............................................................................. 15

3 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 16

3.1 Diabetes Mellitus..................................................................................... 16

3.1.1 Conceito .......................................................................................... 17

3.1.2 Contexto histórico e etimologia........................................................ 17

3.1.3 Etiologia........................................................................................... 17

3.1.4 Epidemiologia.................................................................................. 18

3.2 Educação em Saúde................................................................................ 20

3.3 Educação em Diabetes............................................................................ 22

3.4 Orientações Acerca da Doença e dos Exames Laboratoriais............. 24

4 METODOLOGIA.............................................................................................. 33

4.1 Algumas considerações......................................................................... 33

4.2 Critérios de Inclusão............................................................................... 33

4.3 Cálculo Amostral..................................................................................... 33

4.4 Procedimentos......................................................................................... 36

4.4.1 Questionários ................................................................................. 37

4.4.2 Palestra ........................................................................................... 38

4.4.3 Cartilha ........................................................................................... 42

4.5 Metodologia Estatística.......................................................................... 43

5 RESULTADOS................................................................................................ 45

5.1 Caracterização da Amostra.................................................................... 45

5.2 Avaliação dos Exames Laboratoriais Pré e Pós-intervenção............. 48

5.2.1 Glicemia de Jejum .......................................................................... 48

5.2.2 Hemoglobina A1C ........................................................................... 48

5.2.3 Colesterol Total e Fracionado.......................................................... 48

5.3 Influência da Intervenção no Autoconhecimento dos Pacientes.................................................................................................. 49

5.4 Comparações e Associações...................................................................... 50

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO.................................................................................... 54

6.1 Os Indivíduos Diabéticos Tipo 2........................................................... 54

6.2 Avaliação dos resultados de exames laboratoriais............................ 58

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 61

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 62

APÊNDICES....................................................................................................... 69

APÊNDICE A - Instrumento de coleta de dados: Conhecimento de usuários com diabetes tipo 2 em um Centro de Saúde do Distrito Sanitário Centro Sul de BH................ 69

APÊNDICE B - Instrumento de coleta de dados (2º momento): Conhecimento de usuários com diabetes tipo 2 em um Centro de Saúde do Distrito Sanitário Centro Sul de BH.................................................................... 73

APÊNDICE C - Cartilha - Orientações Para o Diabético............................... 74

APÊNDICE D - Entendendo os Resultados dos Exames Realizados.......... 81

APÊNDICE E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ao Paciente................................................................................... 84

APÊNDICE F - Palestra de Orientações ao Paciente com DM...................... 85

APÊNDICE G - Palestra de Orientações ao Paciente com DM2 - PÓS........ 91

12

1 INTRODUÇÃO

A Diabetes Mellitus (DM) vem sendo considerada uma epidemia mundial em fase

crescente e com distribuição global, principalmente nos países em desenvolvimento

(1). Dados oficiais da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que já havia

um total de 346 milhões de diabéticos em 2011. Atribui-se como os principais

motivos deste aumento considerável: o envelhecimento da população, a maior

urbanização, a prevalência da obesidade e sedentarismo, além da maior sobrevida

dos pacientes com DM. Por sua vez, a mesma instituição denuncia que em 2004,

3,4 milhões de pessoas podem ter morrido em consequência da hiperglicemia e

ainda aponta a previsão de que o número de mortes por DM pode vir a duplicar

entre 2005 e 2030 (1).

Conforme dados da International Diabetes Federation (IDF), o Brasil possuía 11,9

milhões de diabéticos em 2013 e projetam para 2035 um número de 19,2 milhões.

Segundo a mesma instituição, a maioria dos pacientes possuem DM tipo 2, são do

sexo masculino e residentes em área urbana. Quase metade estão com idade entre

40 e 59 anos, o que corresponde ao período de maior desempenho laboral (2).

No município de Belo Horizonte 2,1% da população possui diabetes, segundo dados

do SIAB 1 (Sistema de Informação da Atenção Básica – 2013) (3). Isto corresponde

a aproximadamente 50.000 pessoas. Apesar de ser um dado estatístico menor que

o mundial, sugerindo uma subnotificação dos casos, estes dados confirmam a DM

como um grande e crescente problema para os serviços de saúde, com custos altos

para a sociedade, principalmente quando diagnosticada tardiamente.

Estimativas recentes determinam os custos do tratamento ambulatorial dos

pacientes diabéticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro na ordem de

US$ 2.108,00 por paciente/ano, sendo que US$ 1.335,00 são custos diretos (4).

1 Estes cadastros são gerados a partir das equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de

Saúde, que fazem, não somente o cadastramento das famílias e identificação de saneamento e moradia, como também o acompanhamento mensal da situação de saúde de cada família cadastrada.

13

Alia-se a isto o fato de que vários indivíduos são incapazes de continuar a trabalhar

em função de complicações crônicas e alguns podem ficar limitados no seu

desempenho profissional. Já quanto aos custos sociais, apesar de ser notória a

perda de produtividade destes indivíduos, esta é de difícil estimativa (1).

Dentre as quatro classes clínicas da DM propostas pela OMS (5) e pela Associação

Americana de Diabetes (ADA) (6), a Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é a forma

presente em 90% a 95% dos casos e pode passar despercebida ou sem diagnóstico

durante muitos anos. Na maioria dos casos, as pessoas com esta enfermidade não

têm consciência dos danos que ela pode causar ao seu organismo (1, 2). Em todos

os tipos de diabetes é necessária uma ação conjunta entre os pacientes e os

profissionais que o acompanham. Tais ações têm como objetivo evitar uma série de

complicações que podem levar a danos em vários órgãos principalmente olhos,

coração, rins e pés.(2). Todas essas complicações, sem tratamento adequado,

podem levar a uma morte prematura (2).

Com o Programa Saúde da Família (PSF) proposto pelo Ministério da Saúde em

1994, criou-se uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, baseada no

trabalho de equipes multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Estas

equipes são responsáveis pelo acompanhamento de uma população adscrita,

localizada em uma área delimitada, através de ações de promoção de saúde,

prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes (7).

No município de Belo Horizonte, os territórios são divididos em nove Distritos

Sanitários e estes em 147 unidades básicas de saúde (Centros de Saúde). Cada

Distrito Sanitário faz a gestão do seu território e cada Centro de Saúde faz a

assistência integral e contínua às famílias da sua área de abrangência. Dentro de

suas funções está a de identificar as situações de risco à saúde na comunidade

assistida, de enfrentar, em parceria com a comunidade, os determinantes do

processo saúde-doença e de desenvolver processos educativos para a saúde,

voltados à melhoria do autocuidado dos pacientes. Portanto, seguindo o princípio da

integralidade da assistência, as atividades de educação em saúde estão incluídas

entre as responsabilidades dos profissionais do PSF (7).

14

Frente ao exposto, uma pergunta surgiu, criando a possibilidade de uma pesquisa:

“Seria eficaz orientar os pacientes com de Diabetes mellitus tipo 2 acerca dos

exames realizados para o acompanhamento da doença?”

Na busca de se encontrar uma resposta para tal indagação, o presente estudo se

baseou na avaliação da eficácia em se trabalhar a educação ao paciente diabético

através de orientações feitas, principalmente, sobre os resultados de exames que

são realizados para o acompanhamento dessa doença. A possibilidade de aumentar

o conhecimento correlacionado com a mudança de atitude da pessoa com DM é um

fator que se apresenta como uma estratégia para que este paciente possa garantir

com mais facilidade seu controle glicêmico. Por outro lado, o desconhecimento

relativo aos valores dos resultados de exames laboratoriais, realizados para seu

acompanhamento, pode permitir que alterações graves não sejam percebidas, o que

levariam a situações de agravos crônicos indesejáveis.

Para a condução deste estudo, partiu-se do pressuposto que ao se ampliar o

conhecimento do paciente com DM2 seria possível propiciar atitudes positivas

traduzidas pela redução do estresse associado à doença, melhora da autoestima,

confiança na equipe multiprofissional que o acompanha, aumentando a

receptividade e a sensação de eficácia do tratamento, trazendo uma percepção mais

positiva sobre a saúde e aceitação social (8).

15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a eficácia de um modelo de orientações repassadas aos pacientes diabéticos

tipo 2 acerca dos exames laboratoriais e da doença para a melhoria do

conhecimento e autogestão.

2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Avaliar se as orientações repassadas aos pacientes com Diabetes Mellitus tipo

2 são eficazes para melhorar o autocuidado;

2.2.2 Avaliar se as orientações repassadas aos pacientes com DM2 influenciam na

melhoria do controle clínico.

16

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Diabetes Mellitus

3.1.1 Conceito

Diabetes mellitus é um distúrbio metabólico que tem como principal característica a

hiperglicemia: presença de açucares em proporção superior à normal no sangue -

proveniente de defeitos na ação da insulina, na sua secreção ou em ambos,

conforme descrito em WHO (World Health Organization) Consultation (1999) (6).

Segundo Forjaz e cols. a diabetes é uma patologia na qual ocorrem algumas

alterações endócrinas importantes que podem modificar os níveis de insulina no

sangue (9).

A doença pode apresentar-se como uma importante perda na qualidade de vida, já

que cursa com uma alta morbimortalidade. Com o tempo, a diabetes pode resultar

em complicações crônicas em todo o corpo: retinopatia, nefropatia e neuropatia

periférica (estas classificadas como microvasculares) e doença arterial coronariana,

doença cerebrovascular e vascular periférica (classificadas como macrovasculares).

Deve-se ressaltar ainda, que o risco de se ter um ataque cardíaco é equivalente ao

de uma pessoa que já teve um (10).

Por sua vez, pé diabético é uma complicação que está diretamente relacionada com

a DM e surge inicialmente após uma úlcera plantar em resposta à associação de

doença vascular periférica, neuropatia periférica e fatores extrínsecos (alterações

biomecânicas do pé). Este estado de coisas, pode levar a infecções graves que

podem resultar em amputações parciais ou totais quando não tratado de forma

adequada e precoce (11). Aproximadamente 50% das amputações não-traumáticas

em membros inferiores ocorrem entre pessoas com diabetes (11). Segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS), após 15 anos de doença 30 a 45% dos

indivíduos acometidos de diabetes terão algum grau de retinopatia, 10% terão

17

deficiência visual grave e 2% estarão cegos; 10 a 20% terão nefropatia, 20 a 35%,

neuropatia e 10 a 25% terão desenvolvido doença cardiovascular (12),

3.1.2 Contexto histórico e etimologia

O primeiro relato que se tem do diabetes foi encontrado em 1862 por Georg Ebers,

em um papiro da Terceira Dinastia Egípcia, que data de aproximadamente 1550 a.

C. Nesse papiro o médico Hesy-Rá menciona uma doença que causava excesso de

urina, muita sede, muita fome, além da rápida e progressiva perda de peso (13). No

entanto foi Aretaeus da Capadócia, na Grécia Antiga (século II d. C.) quem

denominou essa enfermidade de diabetes com a descrição de que “A carne do corpo

e dos membros se derretia e se convertia em urina” (14).

Na Índia, os médicos ainda conseguiram descrever a existência de dois tipos

distintos de pacientes com essa enfermidade. Os primeiros eram pessoas jovens,

que emagreciam rapidamente e chegavam ao óbito em pouco tempo. O outro tipo

eram pessoas mais velhas. Geralmente eram pessoas obesas, que não emagreciam

tanto e tinham um tempo de sobrevida maior, sendo propensos a adquirirem outra

enfermidade (15).

Em 1674, Willlis percebeu que a urina era adocicada e espessa como mel, definindo

a doença, assim, com o nome de Diabetes mellitus (16).

3.1.3 Etiologia

Os tipos de diabetes considerados atualmente pela OMS são: Diabetes Mellitus tipo

1 (DM 1, Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2), Diabetes Gestacional e Outros Tipos

Específicos de diabetes.

A DM tipo 1 é o resultado de um processo autoimune e se inicia de forma repentina.

Os pacientes com esta doença necessitam de terapia com insulina para

sobreviverem. Já a DM 2 é o tipo mais comum. Em geral ocorre em adultos, porém,

tem aparecido cada vez mais cedo. Neste tipo de diabetes o corpo pode produzir

insulina, mas em quantidade insuficiente, ou o corpo não responde aos seus efeitos,

18

ocasionando um acúmulo de glicose no sangue. A glicose não utilizada

corretamente e armazenada pelos músculos aumentam a tal ponto que os rins não

conseguem reter mais esse açúcar e ele começa a passar em quantidades grandes

através dos glomérulos e, em consequência começa a aparecer na urina (17).

A Diabetes Gestacional aparece durante a gestação e pode levar a danos tanto para

a mãe quanto para o bebê. Geralmente desaparece após o nascimento, mas

aumentam o risco de desenvolver a DM tipo 2 mais tarde (2).

Já os Outros Tipos Específicos são ocasionadas por vários motivos, dentre eles:

defeitos genéticos na função da célula β (inclui MODY), defeitos genéticos na ação

da insulina, doença do pâncreas exócrino, endocrinopatias (acromegalia, Cushing,

feocromocitoma), induzido quimicamente ou por drogas, infecções (rubéola

congênita, CMV), outras síndromes associadas ao DM (2).

Na DM2 o descontrole metabólico tem causas multifatoriais, já que vários eventos se

apresentam de forma concomitante e, geralmente, estão associados a outras

doenças, especialmente hipertensão arterial sistêmica (HAS) e dislipidemia. A

obesidade também é um fator de risco importante que leva a DM2 em 75% dos

pacientes (18, 19). Nota-se, portanto, tratar-se de uma doença crônica cujas

complicações se destacam por causarem um alto índice de morbimortalidade e que,

geralmente, leva a consequências negativas no âmbito socioeconômico, psicológico

e na qualidade de vida destes pacientes (20). É comum os seguintes sintomas

advindos destas complicações: falta de sensibilidade nos pés, dificuldade de visão,

sudorese, tonteiras (21).

3.1.4 Epidemiologia

De acordo com os cálculos da International Diabetes Federation (IDF) 8,3% dos

adultos no mundo 382 milhões de pessoas têm diabetes e este número poderá

atingir até 592 milhões em menos de 25 anos. Estes são dados que aponta para

uma epidemia em curso. Ainda mais se se considerar que aproximadamente 175

milhões destes indivíduos não foram diagnosticados e grande quantidade vai

19

desenvolver complicações. Com 80% vivendo em países com renda média ou baixa,

a epidemia estará se acelerando a um ritmo, no mínimo, alarmante (2).

É crescente a proporção de pessoas diagnosticadas com diabetes pertencentes ao

grupo etário jovem. Em 2010, Shaw et al denunciavam que a prevalência de DM

entre pessoas de 20 a 79 anos seria de 6,4%, “[...] afetando 285 milhões de adultos

[...], até o final daquele ano e prenunciam que a enfermidade “[...] vai aumentar para

7,7% e 439 milhões em 2030. Entre 2010 e 2030 haverá um aumento no número de

pacientes com DM de 69% nos países em desenvolvimento e de 20% nos países

desenvolvidos (22).

Ainda em relação à incidência por faixa etária, vários estudos evidenciaram que

houve um incremento de 2,7% na faixa etária de 30-59 anos e 17,4% na de 60-69

anos confirmando, portanto, que a idade influencia na prevalência de DM (23). No

Brasil, dados de 2010 do Ministério da Saúde mostram que a taxa de mortalidade

(por 100.000 habitantes) também aumenta com a idade, variando de 0,5 para a faixa

etária de 0 a 29 anos, a 213,4, para a faixa etária de 60 anos ou mais. Isto confirma

um aumento de 427 vezes. E quando a DM é citada na declaração de óbito como

uma das causas de morte no Brasil, vários estudos sobre mortalidade por múltiplas

causas já comprovaram que este número aumenta em até 6,4 vezes (10). Por sua

vez, estima-se que a prevalência da diabetes em 1980 era cerca de 8% da

população com idades entre 30 e 69 anos, residentes em áreas urbanas. Já os pré-

diabéticos seriam em proporção semelhante. Com base nesses dados, estima-se

que o quantitativo de indivíduos com diabetes no país hoje, circula em torno de 5,5

milhões (5,9% da população). A grande maioria está com idade entre 40 e 59 anos.

E, como esses indivíduos passam por um longo período assintomático, grande parte

pode ainda não conhecer o diagnóstico (1, 24, 25).

Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2011 no Brasil, informam que as ocorrências são

mais comuns em pessoas com baixa escolaridade. Os números indicam que 7,5%

das pessoas que têm até oito anos de estudo possuem diabetes, contra 3,7% das

pessoas com mais de 12 anos de estudo, uma diferença de mais de 50% (26).

20

A diabetes pode ocorrer em qualquer pessoa. Porém, quando as pessoas têm

parentes próximos com a doença estão mais propensos a desenvolvê-la. Alguns

outros fatores de risco incluem a obesidade, o colesterol elevado, a pressão arterial

elevada e o sedentarismo ou inatividade física. Há de se considerar, ainda, que

fatores de risco para o paciente diabético aumentam à medida que a idade avança,

embora a incidência de diabetes tipo 2 em adolescentes esteja crescendo. Por esse

motivo é de extrema importância que todos estes pacientes tenham o conhecimento

de como lidar com a doença através do autocuidado, melhorando assim, sua

condição de saúde e qualidade de vida. Fazem parte do autocuidado o

monitoramento da glicemia, a automedicação, consultas periódicas com o

especialista, exames dos pés, consultas oftalmológicas, dieta balanceada e a prática

de exercícios físicos (27).

Outro dado levantado em relação à diabetes é que sua incidência é mais comum

entre os nativos americanos, os afro-americanos, hispano-americanos e asiáticos

americanos (das Ilhas do Pacífico). Além disso, as pessoas que desenvolvem

diabetes gestacional são mais propensas a desenvolver diabetes mais tarde na vida.

(27)

Dada a sua natureza crônica e, a variedade, a gravidade e os recursos utilizados

para controlar as complicações, tornam a DM uma doença dispendiosa tanto para o

sistema de saúde pública como para os indivíduos acometidos, seus familiares e a

sociedade. Diretamente, os custos trazem um grande impacto econômico para o

sistema de saúde e, indiretamente, trazem aos indivíduos outros custos que são

difíceis de quantificar como: dor, baixa-estima, ansiedade e perda da qualidade de

vida (24).

3.2 Educação em Saúde

A educação em saúde é o processo de ensinar o paciente a administrar a sua

doença destacando-se como um dos pilares do seu tratamento. Constitui um

conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção de doenças e promoção

da saúde visando a melhoria da qualidade de vida. É um recurso através do qual o

conhecimento produzido cientificamente no campo da saúde é intermediado pelos

21

profissionais de saúde, para atingir o dia a dia das pessoas. Nesse contexto, parte-

se do pressuposto que a compreensão e o conhecimento adquiridos sobre o

processo saúde-doença oferecem recursos para que sejam adotados novos hábitos

de vida e novas condutas de saúde (24).

Assim, a educação em saúde aparece como uma prática que deve estar prevista e

atribuída aos profissionais que fazem parte da equipe de saúde. Esta deve estar

capacitada para a assistência contínua aos pacientes, identificando as principais

situações de risco à saúde. Em parceria com a comunidade, a equipe define quais

são os principais determinantes do processo saúde-doença na sua região e

desenvolvem processos educativos para a saúde visando a melhoria do autocuidado

dos pacientes (24).

A autogestão da doença tem como um dos principais objetivos a resposta a fatores

como a melhoria de parâmetros clínicos, melhoria à adesão aos medicamentos,

melhoria ao controle da dieta, redução de sedentarismo levando, assim, à melhoria

da qualidade de vida. A necessidade de desenvolver atividades de ensino ou

práticas educativas de saúde, direcionadas ao paciente e à sua família, está

relacionada à prevenção das complicações através do manejo com a doença o que

possibilita ao paciente, conviver melhor com ela (28).

O papel do educador de saúde mudou muito na última década e tem se expandido

significativamente. Vários trabalhos científicos têm mostrado como os serviços

educacionais no âmbito da saúde têm impactado diretamente na saúde do paciente

e quais os papéis que os profissionais podem desenvolver para servir de paradigma

na atenção primária para pacientes com as mais diversas enfermidades. Sob esta

perspectiva salienta-se aqueles pacientes com doenças crônicas tais como:

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (tipos I e II), Insuficiência

Renal Crônica e outras. Estes pacientes, quando acompanhados de forma

sistemática por equipe multiprofissional de saúde, previnem e/ou protelam as

complicações crônicas durante a evolução da doença (28, 29).

Independentemente da enfermidade, de acordo com o princípio da integralidade, o

profissional de saúde não deve fazer uma abordagem voltada apenas para a

22

assistência curativa, mas deve também buscar dimensionar fatores de risco à saúde

e, assim, executar as ações preventivas e de promoção, como definido para a

educação em saúde. Sendo assim, todas estas atividades estão incluídas entre as

responsabilidades dos profissionais da saúde (30, 31). A educação em saúde

permeia, portanto, todos os níveis da atenção: prevenção, promoção, reabilitação e

tratamento (32).

3.3 Educação em Diabetes

Em conjunto com o exercício físico e com a terapêutica medicamentosa, a educação

em diabetes faz parte do tratamento da DM. Ela é um mecanismo eficaz para

promover a mudança de comportamento dos indivíduos com o objetivo de levá-los a

uma maior adesão à dieta e à prática de atividades físicas, podendo culminar em um

melhor controle glicêmico (33). O aumento no nível de conhecimento sobre a doença

e suas principais complicações está relacionado à melhora da qualidade de vida,

com redução do número de crises hipoglicêmicas, menor número de internações

hospitalares, melhor controle metabólico (que permite a redução de

morbimortalidade associada) e maior aceitação da doença (34).

Segundo Pereira et al, em estudo realizado em uma Unidade Básica de Saúde, o

grau de conhecimento dos pacientes com DM2 influencia na adesão ao tratamento,

especialmente quando nos referimos ao controle glicêmico e à prevenção das

complicações agudas como hipoglicemia e hiperglicemia, e crônicas como

angiopatia, neuropatia, nefropatia, retinopatia, pé diabético e amputação (35, 36).

No Reino Unido, as diretrizes para diabetes do Instituto Nacional para a Saúde e

Excelência Clínica defendem a oferta de educação de autogestão e proporcionam

cursos a pacientes recém-diagnosticados (37).

Em estudo realizado por Torres H. C. et al foi demonstrado que o controle da doença

e a prevenção de complicações são possíveis através de programas educativos

(38). Neste estudo os pacientes diabéticos receberam intervenções ao longo de seis

meses, em três encontros mensais, que aconteciam de forma individual com um

número de participantes e em grupo com outro número de participantes.

23

Posteriormente, foram avaliados, por meio de questionários específicos, contendo

questões relacionadas aos assuntos abordados nos encontros: conhecimento em

diabetes, atitudes psicológicas, mudança de comportamento, qualidade de vida (29).

Este estudo ressaltou, ainda, que a educação em diabetes é fundamental para o

autogerenciamento do cuidado do paciente. Um programa de educação que possa

ser realizado com os pacientes com DM2 pode promover uma maior adesão ao

tratamento, com o consequente controle da doença e melhoria na qualidade de vida

do paciente (38).

A Organização Mundial de Saúde, a partir do The Whoqol Group definiu Qualidade

de Vida (QV) como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no

contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a

seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (39).

Sob esta perspectiva, “[...] A educação para o autocuidado”, mais especificamente

ao paciente com DM2, “consiste em um processo de ensino sobre o manejo de sua

doença [...]”(40) cujos principais objetivos são: programar o controle metabólico,

prevenir as complicações agudas e/ou crônicas e proporcionar uma qualidade de

vida a custos baixos (41).

A integração de educadores em diabetes em equipes de cuidados coordenados vem

se tornando fundamental para que se possam enfrentar os desafios associados à

prestação de cuidados de qualidade a uma população em rápida expansão com

Diabetes Mellitus (42). Neste contexto de promoção e proteção da saúde, através do

esforço de equipe multidisciplinar, tem-se como meta: o controle da doença, a

prevenção de outras doenças e a promoção da saúde. Na prática da realização do

processo educativo em que são consideradas as metas sugeridas, o que se espera

é que cada indivíduo desenvolva habilidades e fortaleça o autogerenciamento dos

cuidados requeridos pela diabetes de modo a promover uma maior qualidade de

vida. Suas metas consistem em melhorar o controle metabólico, prevenir as

complicações agudas e crônicas com custos razoáveis.

24

Sob este viés, Reeves S. et al desenvolveram um estudo em que se comparou dois

grupos de indivíduos diabéticos, tendo um sofrido intervenção e outro não. Neste

estudo, publicado na The Cochrane Library de 2013, os autores trabalharam com a

ideia de uma educação multidisciplinar. Para estes autores, a educação

multidisciplinar é definida como uma intervenção realizada por mais de uma

categoria profissional da saúde e/ou assistência de forma conjunta e interativa com o

objetivo de melhorar e ampliar sua expertise nas ações para com os pacientes

diabéticos. Sob esta perspectiva, os autores ressaltam a importância de que o

aprendizado para estes profissionais deve acontecer de maneira explícita, visando

sempre o aproveitamento dos saberes dos participantes do grupo, para que cada um

saiba lidar com os assuntos diversos que podem ser abordados durante uma

consulta ou atendimento.

Neste mesmo estudo avaliou-se a eficácia do IPE (Educação Multidisciplinar) em

comparação a intervenção educativa realizada para os profissionais de forma

individual por categoria, além de ficar restrita aos estudos que mediram os

resultados do paciente ou resultados dos processos de atenção à saúde. Excluindo,

portanto, aqueles estudos que relataram o resultado sobre o impacto que o IPE pode

ter nas atitudes, conhecimentos e habilidades de colaboração dos participantes. A

conclusão que tiraram a partir deste trabalho é que um aumento contínuo nos

estudos sobre os efeitos do IPE para a prática de saúde e os resultados positivos

relativos aos profissionais representam um passo à frente para estabelecer uma boa

base de discussão sobre a estratégia (43).

Pode-se constatar que a educação para o autocuidado é tarefa bastante difícil e

depende tanto da técnica dos profissionais envolvidos quanto do interesse do

paciente. As equipes multidisciplinares, nas atividades educativas, devem dar

grande ênfase à aprendizagem para um comportamento saudável, de forma que

indivíduo e equipe possam discutir todas as informações sobre a doença, o

acompanhamento e o tratamento. Desta forma, a educação multidisciplinar se

apresenta como uma das maneiras, senão a mais eficiente, de conscientizar a

pessoa com diabetes sobre a importância de assumir o autocuidado (33).

25

3.4 Orientações Acerca da Doença e dos Exames Laboratoriais

É importante entender que o controle da diabetes vai depender do bom

conhecimento sobre a doença, o que vai permitir um controle adequado da glicemia,

do uso correto da medicação, da realização e boa interpretação dos exames, da

adoção de uma dieta adequada e da realização de atividade física. No entanto, há

déficit significativo de conhecimento e de habilidade em 50 a 80% dos indivíduos

com diabetes (44), sendo que o controle glicêmico, verificado através da dosagem

de hemoglobina A1c, e o da dislipidemia, verificado através do colesterol total e

triglicérides, são alcançados por menos da metade dos pacientes com diabetes tipo

2 (45).

Para que a glicemia possa ser corrigida e mantida dentro dos parâmetros ideais

através dos medicamentos, da dieta e dos exercícios físicos adequados, é

importante que o indivíduo faça a correlação entre causa e efeito. E, quando isto

acontece, o paciente está confirmando que houve aproveitamento das informações

recebidas. Assim, entender porque esses exames são feitos e como interpretá-los

corretamente pode ser uma boa forma de suprir tal déficit. Ou seja, por meio de um

programa educativo pode-se conseguir melhorar o autoconhecimento com reflexos

importantes no controle da doença.

A avaliação da eficácia dos resultados de um programa de educação em diabetes é

reforçada por vários estudos que apontam a necessidade de avaliar tanto a pré-

intervenção como a pós-intervenção para se estabelecer o grau de conhecimento e

entendimento adquiridos pelos pacientes (46).

Gucciardi et al, em 2012, realizaram um trabalho no Canadá com 1.200 pacientes

com DM 2 em que comprovaram que a doença requer um compromisso de cuidados

e modificações complexas no estilo de vida que envolvem o equilíbrio nutricional,

atividade física, automonitorização regular da glicose no sangue e aderência a uso

de medicamentos e/ou terapia de insulina que dura para o resto da vida. Esta

adequação de estilo de vida mostrou que houve redução nos riscos e progressão

das complicações da diabetes (45, 47). No Canadá, mais da metade dos pacientes

com diabetes são incapazes de atingir a meta recomendada para o controle

26

glicêmico (Hemoglobina A1c ≤ 7%), donde se concluiu que alcançar e manter a uma

gestão eficaz é um desafio constante (48). Através de um protocolo recomendado

pelas diretrizes clínicas Canadenses (DSMS – diabetes self-management suport) os

pacientes receberam apoio e orientações para que adquirissem o conhecimento e as

habilidades necessários para modificar seu comportamento e atingissem o êxito na

gestão da sua doença e as condições relacionadas a ela (49). O DSMS é um

processo contínuo que envolve o paciente, seu cuidador e/ou familiar além de um

educador em diabetes. Baseia-se principalmente em comportamentos essenciais

para o autocuidado: alimentação saudável, atividade física, monitoramento da

glicemia, resolução de problemas, medicação adequada, enfrentamento e redução

dos riscos de complicações (50).

Após o estudo de Gucciardi et al e baseado nos seus resultados, pode-se intuir que

a prestação de apoio ao autocuidado dos pacientes com diabetes tipo 2 por

educadores de diabetes nos cuidados primários podem melhorar os processos de

atendimento e os resultados clínicos dos pacientes (51).

Por sua vez, estudos feitos fora do Canadá comprovaram a eficiência da atenção ao

paciente diabético seguindo o DSMS. Através do DSMS, os pacientes e os

educadores em diabetes definem juntos: quais são as prioridades, traçam as metas,

definem os objetivos de coparticipação, identificam os obstáculos para criarem um

plano de ação para resolverem os problemas e manterem a gestão adequada do

cuidado.

Após todas as intervenções e ações, pode-se constatar que os benefícios aos

pacientes foram inúmeros, principalmente ao se avaliar a melhoria no conhecimento

adquirido (52, 53), a redução do peso corporal (54), redução da Hemoglobina A1C

(HbA1C) (55), do Colesterol, da dosagem de glicemia de jejum, hábito de

monitoramento de glicemia capilar e pressão arterial (50).

Já em outro estudo feito na África do Sul, na Cidade do Cabo, os profissionais que

trabalharam na atenção básica como educadores em gestão da diabetes, entre eles

nutricionistas, pediatras, enfermeiros e outros de nível médio que foram treinados

para serem promotores em saúde, confirmou que esta ação melhorou muito a

27

qualidade do atendimento anual dos pacientes com DM2. Os resultados de HbA1C,

creatinina sérica, colesterol, exame dos pés, o cálculo do índice de massa corporal

foram significativamente melhores. Estes promotores de saúde são pessoas chave

na concretização de um programa desse tipo (56).

Os resultados obtidos naquele estudo após a intervenção educativa motivacional,

efetuada em quatro sessões, demonstrou a eficácia da abordagem feita em grupos

da seguinte forma: redução da hemoglobina glicada em quatro a seis meses (1,4%),

glicemia em jejum reduzida em 12 meses (1,2 mmol/L), redução do peso corporal

em 12-14 meses (1,6 kg), melhoria do conhecimento em diabetes em 12-14 meses e

redução da pressão arterial sistólica em quatro a seis meses (5 mmHg). Houve

também uma redução da necessidade de medicação para a diabetes. A qualidade

do atendimento foi medida através de um questionário que foi previamente e

posteriormente aplicado aos pacientes diabéticos tipo 2. Com estes resultados, o

programa pôde ser implementado e muito bem replicado em todo o resto do país.

O estudo teve, portanto, como um dos objetivos informar aos gestores do sistema

público de saúde uma forma mais eficiente de atender às necessidades daquela

parcela de pacientes (56). Pode-se perceber também que, com a redução do uso de

medicação, redução de complicações crônicas, redução de internações

intercorrentes, em longo prazo, os custos para o sistema de saúde podem significar

o remanejo de investimento para a expansão dos programas de autocuidado (57).

O papel do educador em diabetes tem se expandido significativamente na atenção

primária. É considerada uma atividade profissional de grandes responsabilidades

dentro do cuidado com a diabetes. Um dos principais focos da literatura recente tem

sido a avaliação da sua eficácia para o autocuidado através de fatores como a

redução da incidência da doença, a melhoria de parâmetros clínicos e a melhora à

adesão ao uso de medicamentos. Em sua revisão Drab S. descreve como os

serviços educacionais para diabetes têm impactado de forma significativa na saúde

do paciente, como o papel deste profissional mudou nos últimos dez anos e quais

papéis este profissional pode desempenhar para servirem de paradigma na

evolução da atenção aos pacientes com diabetes. Segundo o autor, em um futuro

próximo, a integração de educadores em diabetes com equipes de cuidados

28

coordenados provavelmente aumentará no intuito de enfrentar os desafios

associados à prestação de cuidados de qualidade a uma população em rápida

expansão com diabetes tipo 2 (42).

Na gestão moderna da assistência à saúde, os pacientes diabéticos são

encorajados a assumirem a responsabilidade por aspectos de seu próprio cuidado.

A automedicação, a monitorização da glicemia, a revisão periódica, a prática de

exercícios físicos, a nutrição balanceada, exames regulares dos pés e dos olhos

fazem parte do gerenciamento deste autocuidado que podem trazer sucesso em

longo prazo (58, 59). As estratégias de gestão do cuidado são passadas muitas

vezes por equipe multiprofissional, quer de forma isolada quer de forma combinada

(27).

A abordagem multidisciplinar tem sido apontada por vários estudos como uma

ferramenta importante e, na maioria das vezes, eficiente para o controle metabólico

e para a redução dos fatores de risco que estão associados à DM. A equipe pode

ser constituída tanto pelos profissionais que fazem o atendimento e/ou

acompanhamento do paciente diabético, como por outros profissionais que, em um

dado momento, se fizerem necessários para que se obtenha um tratamento

adequado (60). Em muitos casos a equipe interdisciplinar vai além do tratamento da

DM incluindo, também, atividades direcionadas à prevenção (61).

Como o risco das complicações aumenta com o tempo de doença, é conveniente

aperfeiçoar recursos específicos para a implementação do autocuidado de

indivíduos mais velhos. Em estudo randomizado feito por Hewitt e cols. (2011) foram

avaliadas as condições de compreensão sobre a doença por parte de pacientes

idosas através de várias formas de abordagem: feita por equipe da atenção primária

ou por enfermeiro ou por equipe de geriatria de base hospitalar. Segundo ele “[...] as

pessoas mais velhas precisam de uma boa compreensão de sua condição e de ser

suficientemente motivada para tomar decisões adequadas sobre a sua saúde [...]”

independente de suas condições socioeconômicas. É importante avaliar o

comprometimento cognitivo dos pacientes idosos, pois isto é um fator limitante da

compreensão. O nível de compreensão sobre a hipoglicemia e sua gestão foi alto,

29

mas deve melhorar, já que as pessoas mais velhas são particularmente susceptíveis

a ela e muitas vezes não estão cientes dos sintomas (62).

Por sua vez, pacientes jovens com Diabetes tipo 2, também apresentam

necessidade elevada de aprendizado sobre a doença além das orientações padrão,

conforme mostra estudo feito por Rihcards D. et al, com 191 jovens hispânicos, não-

hispânicos, negros e brancos inscritos no TODAY (Treatment Options for Type 2

Diabetes in Adolescents and Youth) (63).

Em outro estudo feito por Hu J. e seus cols. sobre as percepções dos pacientes

imigrantes hispânicos com DM2 e seus familiares, em relação às dificuldades no

controle da diabetes, foi demonstrado que faltam recursos e/ou suportes,

principalmente por falta de conhecimento tanto por parte dos pacientes, como de

seus familiares. Os familiares, portanto, também precisam receber informações a

respeito da doença e orientações de como dar apoio ao paciente. Atualmente, faltam

estratégias de intervenções para satisfazerem estas necessidades, incluindo

recursos relevantes, o apoio da família e educação em diabetes para melhorar as

habilidades do autocuidado (64).

Em relação aos exames realizados para o acompanhamento do controle da doença,

mais especificamente a Glicemia Pós-prandial e os níveis de Hemoglobina Glicada,

um estudo feito por Li X. e cols. com dois grupos, apresenta parâmetros diferentes

de informação. Um dos grupos recebe intervenção através de educação em diabetes

e o outro não recebe intervenção (grupo controle). Antes da intervenção, os

resultados de exames são comparáveis entre os dois grupos estudados e após a

intervenção feita ao primeiro grupo, os resultados de exames se mostram com níveis

significativamente melhores. Já o grupo controle, não obteve melhora estatística

para a Glicemia plasmática testada 2 horas após a refeição. Frente aos resultados,

concluiu-se que a educação sistemática para o autocuidado incentiva os pacientes

com diabetes tipo 2 a controlar seus níveis de glicose no sangue e isto merece

grande atenção e investimento (65).

O resultado esperado pelo acompanhamento desses pacientes advém de uma soma

de diversos fatores e condições que vai além do controle da glicemia: o

30

desenvolvimento do autocuidado. Esta habilidade é uma importante ferramenta que

vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a diminuição da

morbimortalidade. Portanto, uma intervenção educativa sistematizada e permanente

feita pelos profissionais de saúde é fundamental na mudança das práticas atuais em

relação aos problemas da DM. As orientações ao paciente devem iniciar juntamente

com a definição do diagnóstico e da estratificação de risco2. A equipe multidisciplinar

deve manter o acompanhamento do paciente com DM para avaliar a evolução da

doença e a adesão às orientações passadas. Vale ressaltar que a programação do

cuidado deve considerar os determinantes sociais de saúde, as necessidades

individuais e intercorrências clínicas e não apenas o controle metabólico ou

presença de uma doença específica (66).

Em estudo realizado por Salinero-Fort et al avaliou-se a eficácia do modelo

PRECEDE3 (Predisposing, Reinforcing, Enabling, Causes in Educational Diagnosis,

and Evaluation) de educação, no controle metabólico e redução de fatores de risco

cardiovasculares em pacientes com diabetes Tipo 2. Foram acompanhados e

avaliados 2 grupos de pacientes aleatoriamente selecionados em oito Centros de

Saúde de uma comunidade da área urbana do nordeste de Madrid (Espanha). Um

dos grupos seguiu o modelo PRECEDE e o outro seguiu o modelo convencional

(67).

Os pacientes passaram por orientações relacionadas aos seguintes critérios de

cuidado: auto-monitorização da glicemia – os pacientes foram incentivados a

monitorar seus níveis de glicose no sangue; exercício físico – programação diária de

um plano de exercícios levando em consideração o seu potencial; dieta – o paciente

era assistido com a identificação de seu comportamento alimentar e incentivado a

manter dieta equilibrada; gerenciamento do peso; adesão à medicação; deixar de

fumar – aconselhamento sobre os perigos do fumo para a saúde.

2 Estratificação de risco: riscos para a pessoa com DM de acordo com o controle metabólico. – de

acordo com Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica – Diabetes Mellitus – do Ministério da Saúde - Brasil, 2013. Quadro 10, pág. 60. 3 O modelo PRECEDE foi desenvolvido baseado na promoção da saúde e considerando que a

educação em diabetes, na forma individual, é considerada essencial no contexto global do atendimento.

31

O modelo PRECEDE foi considerado o primeiro passo para a identificação do

comportamento a ser abordado. Sendo assim, foram traçadas as condutas para as

abordagens utilizadas no acompanhamento dos pacientes participantes do estudo.

Participantes estes submetidos às medidas de Hemoglobina Glicada (HbA1C),

índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, perfil lipídico e outros critérios de

controle a cada 3 meses durante o período de acompanhamento a longo prazo (2

anos).

No grupo acompanhado pelo modelo PRECEDE os níveis de HbA1C e de Pressão

Arterial Sistólica (PAS) diminuíram significativamente. Já os níveis de Pressão

Arterial Diastólica (PAD), Triglicérides e Colesterol LDL não tiveram alterações tão

expressivas. Houve redução também nas complicações macro e microvasculares.

Por sua vez o grupo do modelo convencional não conseguiu alcançar uma melhoria

na Hb A1C, nem no Triglicérides que, inclusive, mostrou um ligeiro aumento.

Também o IMC dos pacientes, não se alterou durante o estudo em qualquer um dos

dois modelos analisados (67).

Já David Simons et al testaram uma intervenção aos pacientes diabéticos tipo 2 feita

através de apoio mútuo (“apoio dos pares”) entre os colegas. A intervenção foi

informativa por meio de entrevistas semiestruturadas com a participação de

profissionais de saúde, grupos de apoio à comunidade e grupos treinados em

educação em diabetes. O atendimento surgiu como uma questão-chave para suprir

a necessidade de um acompanhamento atento e consequente intervenção adicional

durante o procedimento (68).

Os pacientes diabéticos tiveram os seus danos relacionados. Eram danos muitas

vezes evitáveis através de um melhor controle metabólico (por exemplo: controle da

glicemia, pressão arterial, lipídios). As atividades de autocuidado, revisão regular e

intervenção oportuna, também foram colocadas em destaque. No entanto, ficou

evidenciado que as complicações evitáveis continuavam a ocorrer, muitas vezes

devido a dificuldades pessoais.

32

A implementação de cuidados com a diabetes e o autocuidado, principalmente com

as questões psicológicas e psicossociais, são muitas vezes relatadas como

particularmente importantes para o tratamento da diabetes. Não deixando de

enfatizar as dificuldades que alguns têm com o rigor das mudanças de hábitos

incluindo a dieta, exercício físico e monitoramento da glicemia capilar. Dado que a

intervenção visa gerar capacitação nas relações de apoio mútuo, e não para

produzir um “paciente expert”, os pesquisadores sentiram que os procedimentos

através dos quais acompanhavam os apoiadores foram "apagados". Deveriam então

ser legitimados institucionalmente e moldados com maior cuidado (68).

Também Sperl-Hillen J. et al fizeram um estudo controlado aleatório com 623

pacientes adultos com diabetes tipo 2 e hemoglobina glicada (A1C) > 7%. Foram

distribuídos em grupos: um grupo para receber a educação convencional individual,

outro grupo para passar por educação através de grupos de conversação e um

terceiro grupo, para receber o cuidado usual, com acompanhamento sem orientação

(69).

As dosagens de HbA1C, o uso da atividade física, as recomendações de dieta e o

uso de medicamentos foram quantificados no início do estudo e repetidos

trimestralmente ao longo de 1 ano. A avaliação dos resultados foi feita através de

modelos lineares mistos em médio (6 meses) e longo prazo (12 meses). Além disso,

foi avaliada também a trajetória das dosagens no acompanhamento.

Concluíram que a educação em diabetes individual convencional demonstrou

melhorias significativas nos resultados de HbA1C, a angústia e o autocuidado foram

sustentados e reduzidos em comparação com o cuidado usual sem orientação. No

entanto, as melhorias de curto prazo na HbA1C, nutrição e atividade física não foram

sustentadas até o final do período de 12 meses do estudo (69).

33

4 METODOLOGIA

4.1 Algumas considerações

Considerando as características peculiares do universo a se pesquisar e dos dados

a se obter e suas respectivas análises, a metodologia adotada para o

desenvolvimento desse estudo foi quantitativa, quanto à abordagem; experimental

quanto aos procedimentos; adotando-se o método comparativo na modalidade antes

depois.

4.2 Critérios de Inclusão

Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2, adultos, de ambos os sexos, alfabetizados

ou não, não gestantes e que concordaram em participar do estudo pertencentes à

população adscrita dos Centros de Saúde Cafezal, Carlos Chagas, Conjunto Santa

Maria, Menino Jesus, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima,

Oswaldo Cruz, Padre Tarcísio, Santa Lúcia, Santa Rita de Cássia, São Miguel

Arcanjo e Tia Amância. Todos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Centro Sul da

cidade de Belo Horizonte.

4.3 Cálculo amostral

Foi feito o levantamento dos pacientes diabéticos cadastrados nas 12 unidades

desse distrito, através de acesso ao sistema informatizado SISREDE4. Neste

sistema, entre outras coisas, pode-se acessar os prontuários eletrônicos de todos os

indivíduos atendidos pelo Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH).

O SISREDE possibilita também a utilização de extratores de relatórios através de

filtros diversos. Os filtros utilizados para gerar o relatório inicial desse estudo foram

estabelecidos a partir das constantes: Distrito Sanitário de interesse, CID relativo à 4 SISREDE – Sistema informatizado da rede de atenção à saúde da Secretaria Municipal de Saúde

de Belo Horizonte gerenciado pela Prodabel – Empresa de Processamento de Dados da Prefeitura de Belo horizonte

34

doença e o ano de referência. No caso específico desse estudo, definiram-se tais

filtros como: Distrito Sanitário Centro Sul, CID E10 a E14 (diabetes), ano de 2013.

Assim, a planilha gerada possuía tais constantes como colunas e as variáveis: nome

do paciente, data de nascimento, endereço, unidade de saúde do paciente e

classificação das diabetes, constituindo as linhas da mesma planilha.

Dentro deste universo, em 2013, tinha-se 2.497 pacientes diabéticos cadastrados e

destes, 1.545 tinham Diabetes Mellitus tipo 2, alvo deste trabalho.

Como um dos objetivos do estudo foi a comparação dos testes aplicados antes e

depois de intervenções feitas e, assim, testar se houve melhora no conhecimento

dos mesmos avaliando os resultados de exames utilizados para o acompanhamento

da doença, a fórmula para o cálculo amostral foi:

xPod

zzn

2

22

2/

)(

2)(

Onde:

n Tamanho da amostra

Probabilidade de erro tipo I

Probabilidade de erro tipo II

z/2 Percentil de ordem (1-) da distribuição gaussiana padrão

Desvio-padrão da diferença

d Medida do efeito (diferença média mínima significativa)

Po Proporção em relação a população

Entende-se, nesse estudo, por tamanho da amostra (n), o número de pacientes

diabéticos tipo 2 cadastrados pelos Centros de Saúde do Distrito Sanitário Centro

Sul (SUS-PBH).

Dada as características do estudo e sua finalidade, das variáveis envolvidas, a partir

de um estudo piloto, pôde-se definir a variável Hemoglobina Glicada como a mais

35

importante para o mesmo. A partir desse ponto, obteve-se como desvio-padrão, para

essa variável, = 0,97 e a diferença mínima significativa d = 0,58. Ainda pôde-se

definir a proporção de pacientes diabéticos tipo 2 em relação à população total de

diabéticos cadastrados Po = 1545/2497 = 0,62. Nessas condições, calculou-se que

seria necessário recrutar, no mínimo, 59 indivíduos no pré-teste e os mesmos 59 no

pós-teste, para que se pudesse obter um poder5 de 80% ( = 0,2), considerando um

nível de significância = 0,05, como mostrado no cálculo a seguir:

xPod

zzn

2

22

2/

)(

2)( 59

62,0)58,0(

97,02)58,096,1(2

22

x

xxn

Como o Distrito Sanitário Centro Sul está subdividido em unidades (Centros de

Saúde), ainda foi necessário se considerar uma coleta de dados para a análise de

forma estratificada e proporcional ao número total de pacientes diabéticos

cadastrados em cada área de abrangência. Desta forma, garantiu-se uma melhor

representatividade frente ao universo pesquisado e às peculiaridades da população

de cada unidade.

A fim de garantir este mínimo de 59 pacientes, passou-se a considerar alguma

possível perda de dados para análise. Assim, a amostra n foi aumentada da

seguinte maneira: 1 paciente a mais em cada Centro de Saúde com n ≤ 5 e 2

pacientes a mais em cada Centro de Saúde com n ≥ 6. Assim, o total de pacientes

que comporiam a amostra dessa pesquisa passou a ser 76. (TAB. 1)

Desta forma, obteve-se a seguinte distribuição:

5 O poder de teste é um valor pré-fixado para o cálculo amostral. Na área da saúde esse valor é

tomado como padrão 80%.

36

Tabela 1 - Distribuição da amostra por Centro de Saúde

Unidades

(Centros de Saúde) N P n

Cafezal 206 0,13 10

Carlos Chagas 78 0,05 4

Conjunto Santa Maria 90 0,06 4

Menino Jesus 48 0,03 3

Nossa Senhora Aparecida 189 0,12 9

Nossa Senhora de Fátima 160 0,10 8

Osvaldo Cruz 101 0,07 5

Padre Tarcísio 198 0,13 10

Santa Lúcia 133 0,09 6

Santa Rita de Cássia 164 0,11 8

São Miguel Arcanjo

Tia Amância

94

84

0,06

0,05

5

4

Total 1545 1 76

Onde:

N Total de pacientes com DM2

P Constante de proporcionalidade (nº de indivíduos com DM2 de cada

Centro de Saúde/total de indivíduos com DM2 no Distrito Sanitário)

n Amostra necessária para efetuar o estudo

4.4 Procedimentos

Esse estudo foi submetido e aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos do Instituto de Educação e Pesquisa da Santa Casa de Belo

Horizonte e da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

Para as intervenções foram utilizados os seguintes instrumentos, respeitando a

seguinte sequência:

37

Questionário pré

Palestra

Cartilha

Questionário pós

Cartilha (Resumo)

4.4.1 Questionários

Quanto aos questionários, foram preparados pela própria autora deste estudo e

submetidos a uma pesquisa piloto para sua validação. A proposta era de aplicar

essa ferramenta de coleta de dados pré e pós intervenção/orientação aos pacientes

diagnosticados com DM2 e acompanhados pelos Centros de Saúde do Distrito

Sanitário Centro Sul de Belo Horizonte. Assim, seria possível avaliar se é eficaz

orientá-los acerca dos resultados de exames realizados para o acompanhamento da

doença.

Sob essa perspectiva, o questionário foi dividido em 4 partes (Apêndice A). A

primeira parte constituída de 9 questões que pudessem dar condições de se ter um

panorama da situação sócio econômica demográfica dos respondentes. A ideia aqui

era de se definir o perfil do paciente em relação a sua condição de moradia,

intelectual e financeira para que, posteriormente, pudesse avaliar possíveis relações

com a enfermidade e com os efeitos pós intervenção.

Na segunda parte do questionário, constituída de 16 questões, teve-se a intenção de

traçar um perfil da condição de saúde do paciente naquele momento. Para tal,

seriam registrados os valores medidos de IMC – índice de massa corporal, P.A. –

Presão Arterial e resultado dos demais exames usados para o acompanhamento da

doença, além da presença, ou não, de comorbidades, fatores de risco e outros

agravos.

A terceira parte desse questionário, em suas 4 questões, buscava-se ter uma ideia

de como é feito o tratamento do paciente (com medicamentos ou não) e quais são

os medicamentos utilizados pelo indivíduo, caso os usasse.

38

A quarta e última parte do questionário, constituída de 6 questões que pudessem dar

ideia, posteriormente, do grau de entendimento sobre os exames laboratoriais (o que

significam, para que são realizados e quantas vezes por ano).

Sob essa perspectiva, este questionário, constituído de 35 questões, cujas repostas

foram diretas (numéricas ou sim/não) foi validado previamente para que os ajustes

necessários fossem feitos e para que os dados nele resgatados tivessem o

aproveitamento esperado. Nesse sentido, observou-se o tempo para respondê-lo

(máximo 15 minutos para cada respondente) e clareza das perguntas, que seriam

feitas oralmente.

4.4.2 Palestra

Com relação à palestra (Apêndice F), esta foi pensada como uma ferramenta para

facilitar a explanação do tema “Diabetes e Qualidade de Vida” com destaque para os

exames laboratoriais, seus significados e as metas destes resultados no tratamento

da diabetes. Além disso, abordou-se também, algumas questões como: dieta,

exercícios físicos, agravos mais comuns, doenças cardiovasculares, retinopatia, pé

diabético, insuficiência renal.

Num primeiro contato, os pacientes, potencialmente aptos a participar da pesquisa,

foram devidamente orientados e esclarecidos com relação à pesquisa e, estando de

acordo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E)

Foram todos convidados a participar de dois encontros com datas programadas: um

antes da intervenção e outro 3 a 6 meses após receberem as orientações. Para

atender o total de 76 participantes, foram necessárias 6 reuniões para cada

encontro. Tais reuniões foram organizados de duas maneiras distintas: a) Quatro

reuniões em auditório localizado em uma Unidade de Referência Secundária6. b)

6 Unidade de Referência Secundária é uma unidade de saúde onde profissionais de várias

especialidades clínicas atendem os pacientes referenciados pelas unidades básicas de saúde.

39

Duas reuniões em “mutirão” realizados no próprio Centro de Saúde da área de

residência dos respondentes.

No primeiro formato cada reunião foi programada para acontecer com, no máximo,

12 participantes. Na ocasião da reunião, cada paciente realizava medidas de

Pressão Arterial, de glicemia capilar, de peso e de altura, passando então a

responder ao questionário de maneira que se pudesse retratar, de forma minuciosa,

o universo pesquisado.

No encontro feito em “mutirão”, o número de pacientes convidados foi maior do que

na outra modalidade de abordagem, constituindo-se de grupos de indivíduos entre

40 e 60 pessoas. A ação foi feita com a participação de equipe multidisciplinar,

formada por profissionais das diversas áreas afins no próprio Centro de Saúde da

área de residência dos participantes.

O mutirão, na verdade, foi uma ação ampla sob vários aspectos da saúde, que se

repetem sempre que se julga necessário. Sua organização acontece a partir da

avaliação das necessidades dos pacientes feita pelas Equipes de Saúde da Família

dos Centros de Saúde. Numa dessas prospecções, detectou-se que uma das

carências apresentadas dizia respeito ao conhecimento em relação aos exames

laboratoriais que são realizados para o acompanhamento da diabetes. Outra

demanda levantada se relacionava com dúvidas em relação à dieta adequada,

também quanto aos cuidados com os pés, entre outras.

A partir desses levantamentos, organizou-se o evento com a participação de

profissionais das seguintes categorias: Bioquímica, Nutrição, Fisioterapia,

Dermatologia, Angiologia, Enfermagem, Endocrinologia, Odontologia e Farmácia. De

forma a otimizar os trabalhos de atendimento aos interessados, foram montadas as

estações de trabalho para realizar o atendimento individualizado. Desta forma os

questionários puderam ser respondidos numa destas estações. Ao passo que, na

estação da enfermagem foram obtidas as medidas de P.A., glicemia capilar, peso e

altura.

40

Por sua vez, os resultados de exames laboratoriais foram tomados a partir do

SISREDE, no Prontuário Eletrônico do paciente. No mesmo prontuário foram

recolhidas informações sobre a situação de saúde de cada indivíduo. Sob essa

perspectiva foram considerados os exames de Dosagem de Glicemia, Dosagem de

Colesterol, Dosagem de Triglicérides, Dosagem de Hemoglobina Glicada.

Assim, em ambas as formas de abordagem foi apresentada a palestra, como

previsto, após a aplicação do questionário, ao conjunto de pacientes do dia. Esta

palestra foi preparada em slides pelo pesquisador utilizando os recursos do “power

point” (Apêndice F) e seguindo orientações específicas para uma construção desse

tipo de material que resulte na máxima eficácia de comunicação. Nesse sentido

observou-se a aplicação de contrastes mais adequados e utilização de fontes com

características apropriadas aos seus diferentes fins. Seguindo essa perspectiva, as

expressões que traziam o significado mais importante dentro do assunto tratado

tinham um destaque de cor para facilitar a visualização e fixação dos conceitos.

Além disso, a apresentação continha slides onde foram colocadas figuras sugestivas

dos itens abordados e trechos de frases de impacto e que foram considerados de

maior relevância. Procurou-se também, adequar a linguagem contextualizando-a ao

seu fim e ao público a que eram direcionadas as informações, evitando a

complexidade e cientificismos exagerados.

As apresentações foram feitas de forma interativa com os pacientes de maneira que

todos pudessem ter a oportunidade de esclarecer suas dúvidas e repassar suas

experiências.

Como forma de ampliar o entendimento dos exames e os efeitos de certos

comportamentos nos seus resultados, a palestra contemplou as orientações

nutricionais, alertando para a importância do uso de uma dieta balanceada, pobre

em açúcar e gorduras. Para este tema foi apresentada a “pirâmide alimentar” onde

mostra da base para o topo, a ordem decrescente de quantidades que se deve

ingerir de cada grupo de nutrientes. Nesse momento, aproveitava-se para ressaltar

que sempre se deve valorizar a utilização de um conjunto de nutrientes bem

variados e balanceados, estando estas atitudes diretamente ligadas às variações

positivas nos índices relacionados nos exames.

41

Outra orientação constante na apresentação é que a prática de exercícios físicos

deve ser regular considerando que esta prática traz grandes benefícios ao paciente,

tanto fisicamente quanto emocionalmente. Nesse sentido, ajuda no controle

glicêmico e lipídico, pois a glicemia, a colesterolemia e a trigliceridemia diminuem

significativamente quando se mantém estas atividades por, no mínimo, três vezes

por semana. E, a principal ideia passada é de que indivíduos com diabetes devem

sempre evitar o sedentarismo.

Um outro item abordado na apresentação e passada na orientação foi de que todo

paciente com diabetes precisa ter cuidado com os pés e avaliar diariamente sua

condição no intuito de prevenir lesões. Apesar de não estar diretamente ligada à

compreensão dos exames e seus resultados, julgou-se necessário abordar essa

temática como forma de alertar os indivíduos quanto à relação existente entre

possíveis lesões nos pés e sua condição frente à diabetes. Nesse contexto era

explicado que a neuropatia causada por descontrole crônico do nível glicêmico pode

trazer consequências graves aos membros inferiores, principalmente os pés.

A orientação para o uso correto da medicação prescrita também foi citada por ter

grande importância na manutenção do controle glicêmico. Assim como a

necessidade de se fazer medidas periódicas da Pressão Arterial e procurar suas

metas ideais, para evitar as doenças coronarianas.

Outra abordagem feita através da palestra foi referente ao significado dos exames

indicados que devem ser feitos a cada três ou quatro meses para o

acompanhamento do tratamento, quais são as metas ideais para cada item e o que

os resultados alterados podem causar no organismo. Na ocasião eram citados os

seguintes exames: Dosagens de Glicemia, Colesterol Total, Colesterol HDL,

Colesterol LDL, Triglicérides, Hemoglobina Glicada, Microalbuminúria, Glicemia Pós-

prandial.

Além disso, foram mencionados os exames e consultas que devem ser feitos pelo

menos uma vez ao ano. Nesse caso, chamou-se a atenção para a consulta

oftalmológica em que deveria ser feita a avaliação da acuidade visual e detecção de

problemas na retina. Também foi mencionada a consulta psicoterápica, sendo

42

explicado que, com esse tipo de consulta, poder-se-ia facilitar a aceitação da

condição crônica da doença, melhoria da autoestima e da qualidade de vida. Além

das duas consultas mencionadas, ainda foi indicada a consulta ao cardiologista para

avaliar os riscos de doenças do coração, uma vez que o risco de apresentar Doença

Cardiovascular é 2 a 4 vezes maior em indivíduos com diabetes.

Após o término da apresentação e esclarecimento das dúvidas levantadas, foram

distribuídas cartilhas contendo todo o conteúdo teórico (Apêndice C). Juntamente,

foi entregue um resumo esquemático desta mesma cartilha (Apêndice D) para

facilitar uma consulta posterior, se necessário.

4.4.3 Cartilha

A cartilha foi elaborada para facilitar o entendimento sobre as principais condutas a

serem seguidas e serem uma referência para consulta no caso de dúvidas para que,

assim, os pacientes com DM2 possam alcançar um bom controle glicêmico.

Assim como nas palestras e na apresentação de slides, na cartilha também houve

uma preocupação em se adequar a linguagem científica para uma linguagem

acessível ao público-alvo. Aliada a isso, a seleção de figuras didáticas e chamativas

foi um ponto importante considerado na elaboração desse material, visto que tais

elementos podem ser facilitadores do entendimento da mensagem a ser transmitida.

A cartilha foi estruturada em tópicos destacados um a um de acordo com as

informações consideradas de maior relevância: dúvidas mais frequentes a respeito

dos exames laboratoriais, os valores de referência e metas a serem alcançadas para

cada item examinado, fatores de risco para os agravos e as principais complicações

crônicas (neuropatia, retinopatia, nefropatia, infarto, acidente vascular cerebral),

avaliações periódicas por equipe multiprofissional, dieta adequada, prática de

exercícios físicos e qualidade de vida.

Quanto aos pacientes analfabetos, estes receberam as orientações orais da mesma

forma que os demais, porém, as cartilhas foram repassadas para seus

acompanhantes. Nessa ocasião foi orientado que essas pessoas se

43

responsabilizassem em repassar as orientações contidas na cartilha ao paciente,

caso fosse necessário.

Como a metodologia predefinida para a pesquisa estipulava a comparação antes e

depois, após um período que variou de 3 a 6 meses do primeiro encontro, os

pacientes foram novamente abordados da mesma forma feita anteriormente. Foi,

então, aplicado outro questionário, semelhante ao anterior nas questões relativas

aos resultados de exames e seu entendimento a respeito dos mesmos (Apêndice B).

Nova palestra e novos esclarecimentos foram feitos, dando mais ênfase ao

entendimento sobre os exames laboratoriais realizados para o acompanhamento da

diabetes com o intuito de reforçar o aprendizado.

Novamente os resultados de exames realizados, por ocasião do segundo encontro,

foram retirados do Prontuário Eletrônico de cada paciente no SISREDE. Esses

dados foram usados para complementar aqueles necessários ao estudo e para se

avaliar a condição de saúde de cada participante naquele momento.

4.5 Metodologia Estatística

Os dados levantados através dos questionários foram implementados no software

de estatística SPSS versão 20, para que pudessem ser devidamente tratados e

analisados.

Nesse sentido, tais dados foram submetidos à análise estatística univariada e

bivariada. Na univariada foi utilizada a distribuição de frequência para variáveis

qualitativas e apuração de medidas de posição (média e mediana) e de dispersão

(desvio padrão) para variáveis quantitativas a fim de evidenciar o perfil dos pacientes

pesquisados. Para comparação das variáveis pré e pós intervenção foi utilizado o

teste t pareado, pois trata-se de comparação de mesmo indivíduo em momentos

diferentes.

Além disso, foram utilizadas tabelas de contingência para associar as variáveis

categorizadas. O teste de McNemar foi adotado para testar a significância estatística

da associação entre tais variáveis. Em todos os testes estatísticos utilizados, foi

44

considerado um nível de significância de 5%. Dessa forma, são consideradas

associações estatisticamente significativas aquelas cujo valor p foi inferior a 0,05.

45

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização da Amostra

Dos 76 (100%) pacientes diabéticos tipo 2 que participaram deste estudo, 68,4% são

mulheres e 31,6% são homens; 56,6% têm o primeiro grau incompleto e 31,6% são

analfabetos (FIG. 1). Grande parte está aposentada (50%) e têm em média 8,8 anos

de doença, variando entre diagnóstico recente (6 meses – 1 paciente) a 30 anos.

Figura 1- Nível de Escolaridade dos pacientes com DM2 participantes do estudo

Fonte: Dados da pesquisa

A renda familiar predominante entre os respondentes é a que varia entre 1 e 3 salários

mínimos (TAB. 2).

Tabela 2 - Distribuição por Renda Familiar

Renda n %

Menos de 1 salário mínimo 2 2,6

1 a 3 salários mínimos 46 60,5

3 a 5 salários mínimos 27 35,5

Mais de 10 salários mínimos 1 1,3

Total 76 100

Fonte: Dados da pesquisa

31,6%

56,6%

7,9%

1,3% 1,3%

1,3%

Nível de Escolaridade

Analfabetos

1º grau incompleto

1º grau completo

2º grau incompleto

2º grau completo

Superior completo

46

Tabela 3 - Distribuição dos pacientes participantes do estudo quanto à faixa etária

Faixa etária n %

30 a 39 anos

3 3,9

40 a 49 anos 4 5,3

50 a 59 anos 18 23,7

60 a 69 anos 31 40,8

70 a 79 anos 14 18,4

Mais de 80 anos 6 7,9

Total 76 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

A grande maioria apresenta Hipertensão Arterial Sistêmica (90,8%), 3,9% já

sofreram infarto agudo do miocárdio e 1,3% acidente vascular cerebral (FIG. 2).

Figura 2 - Presença de comorbidades e fatores de risco

Fonte: Dados da pesquisa

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0% 90,8%

77,6% 76,3%

67,1%

38,2%

6,6% 3,9% 1,3%

Pesença de comorbidades

47

Figura 3 - Quantidade de pacientes conforme classificação do IMC

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 4 - Tratamento para Diabetes

Tratamento n %

Medicamentoso 69 90,8

Não Medicamentoso 7 9,2

Total 76 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 5 - Tratamento feito com insulina

Tratamento com insulina n %

Sim 38 55,1

Não 31 44,9

Total 69 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 6 - Uso de outros Medicamentos

Outros medicamentos n %

Não 1 1,3

Sim 75 98,7

Total 76 100,0

Fonte: Dados da pesquisa

11

32

22

7 4

Índice de Massa Corporal = Peso / altura ao quadrado

Normal

Sobrepeso

Obeso Classe 1

Obeso Classe 2

Obeso Classe 3

48

Em relação aos exames e consultas realizados para o acompanhamento da doença,

a maioria dos participantes faz uma consulta a cada quatro meses, portanto, três

vezes por ano.

5.2 Avaliação dos Exames Laboratoriais Pré e Pós-intervenção

5.2.1 Glicemia de Jejum

Dos exames realizados no primeiro momento do estudo, isto é, pré-intervenção, a

Glicemia de Jejum se apresentou alterada (> 110mg/dL) em 84,2% dos

participantes. Já no momento pós-intervenção a alteração nesse indicador foi

detectada em apenas 67,1% dos pacientes.

5.2.2 Hemoglobina A1C

A Hemoglobina A1C (Hemoglobina Glicada) estava aumentada (> 7%) em 67,1%

dos avaliados, no período pré e no período pós-intervenção, em 56,6% deles.

5.2.3 Colesterol Total e Fracionado

Para a avaliação da dislipidemia, os exames realizados foram Dosagem de

Colesterol Total e suas frações (HDL, LDL e VLDL) e Triglicérides7. Os resultados

obtidos no momento pré-intervenção mostraram que 36,8% dos avaliados

apresentaram Colesterol Total > 200 e no momento pós, 22,4% deles obtiveram

valor aumentado. Para o Triglicérides, 50% dos participantes do estudo obtiveram

resultados superiores a 150mg/dL no momento pré e apenas 36,8% deles, no

momento pós-intervenção. Já o Colesterol HDL estava com o valor alterado (<

45mg/dL) em 77,6% dos pacientes no momento pré-intervenção e em 73,7% do

total, no momento pós-intervenção8.

7 A equação de Friedewald (Friedewald, 1972) estima o nível plasmático de LDL-colesterol através

das concentrações plasmáticas de Colesterol Total, HDL-colesterol e VLDL (estimada a partir da concentração dos Triglicérídes). Portanto, como não é obtido por dosagem, optou-se por não usar valores estimados. 8 A variação dos resultados de Colesterol HDL nos momentos pré e pós-intervenção não foi

considerada estatisticamente significante, porém, pode ser considerada clinicamente interessante.

49

O número de pacientes (n) com as taxas dentro e fora dos valores de referência, seu

percentual correspondente (%) e a média obtida nos resultados dos exames pré e pós-

intervenção considerados estatisticamente significantes de todos os participantes do

estudo estão dispostos na Tabela. 7.

Tabela 7 - Percentual de pacientes e Média de valores dos exames laboratoriais realizados

(n=76)

Exames Realizados (mg/dL) Momento Pré-intervenção Momento Pós-intervenção

n % Média n % Média

Dos. Glicose Jejum

≤ 110

12

15,8

161,4 mg/dL

25

84,2

136,4 mg/dL > 110

64 84,2 51 67,1

Dos. Colesterol Total

≤ 200

48 63,2

189,8 mg/dL

59 77,6

175,5 mg/dL > 200

28

36,8

17

22,4

Dos. Triglicérides

≤ 150

38 50 160,6 mg/dL

48 63,2 135,6 mg/dL

> 150

38

50

28

36,8

Dos. Hb A1C ≤ 7 % > 7 %

25

51

32,9

67,1 8,6 %

33

43

43,4

56,6 7,8 %

Fonte: Dados da pesquisa p < 0,05

5.3 Influência da Intervenção no Conhecimento dos Pacientes

Para avaliar se os pacientes tinham algum conhecimento prévio acerca dos exames

laboratoriais e se tal assunto era abordado com o seu médico assistente, foram

feitas as cinco perguntas que se seguem e cujos resultados são apresentados na

Tabela 8:

a - Você entende o que a Glicose aumentada faz no seu organismo?

b - Você entende o que o Colesterol e Triglicérides altos fazem no seu organismo?

c - Você sabe o que significa o exame de Dosagem de HbA1C?

d - Você discute seus resultados de exames com o seu médico?

e - Você é orientado com relação aos valores dos exames a serem alcançados?

50

Tabela 8 - Percepção dos pacientes em relação ao seu conhecimento acerca dos resultados de

exames laboratoriais

Perguntas

Momento Pré-Intervenção

Momento Pós-Intervenção

% n % n

1 - Você sabe o que a hiperglicemia causa no organismo?

17,1% 13 98,7% 75

2 - Você sabe o que o Colesterol e o Triglicérides aumentado causam no organismo?

7,9% 6 85,5% 65

3 - Você sabe o que significa o exame de dosagem de Hb A1C?

0% 0 52,6% 40

4 - Você discute seus resultados com seu médico?

25,0% 19 76,3% 58

5 - Você é orientado com relação às metas dos resultados de exames?

40,8% 31 89,5% 68

Fonte: Dados da pesquisa p < 0,01

5.4 Comparações e Associações

Existe diferença estatisticamente significante entre as medidas pré e pós-

intervenção em todas as comparações de dosagens realizadas (p<0,05). Em todas

estas comparações, a média dos resultados pós-intervenção é estatisticamente

menor que os resultados pré-intervenção (TAB. 9).

Tabela 9 - Comparações das dosagens Pré e Pós-Intervenção

Dosagens comparadas Média Desvio padrão Valor p

1 Glicose Jejum Pré Glicose Jejum Pós

161,4 136,4

70,0 45,6

<0,001

2 Colesterol Total Pré Colesterol Total Pós

189,8 175,5

44,2 45,7

<0,001

3 Triglicérides Pré Triglicérides Pós

160,6 135,6

74,5 63,6

<0,001

4 Hemoglobina Glicada Pré Hemoglobina Glicada Pós

8,6 7,8

2,3 2,0

<0,001

Fonte: Dados da pesquisa

Dos 28 pacientes com Dosagem de Colesterol cujos resultados foram > 200 mg/dL no

momento pré-intervenção, 46,4% obtiveram resultados ≤ 200 mg/dL no momento pós-

intervenção. (TAB. 10)

51

Tabela 10 - Comparação das dosagens de Colesterol pré e pós-intervenção

Colesterol Total Pós

Total ≤ 200 mg/dL

> 200 mg/dL

Colesterol Total Pré

≤ 200 mg/dL N 46 2 48

% 95,8% 4,2% 100,0%

> 200 mg/dL N 13 15 28

% 46,4% 53,6% 100,0%

Total N 59 17 76

% 77,6% 22,4% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa. Valor de p = 0,007.

Dos 38 pacientes com Dosagem de Triglicérides com resultados > 150 mg/dL no

momento pré-intervenção, 34,2% obtiveram resultados ≤ 150 mg/dL, no momento pós-

intervenção (TAB. 11).

Tabela 11 - Comparação das dosagens de Triglicérides pré e pós-intervenção

Triglicérides Pós Total

≤ 150 mg/dL > 150 mg/dL

Triglicérides Pré

≤ 150 mg/dL n 35 3 38

% 92,1% 7,9% 100,0%

> 150 mg/dL n 13 25 38

% 34,2% 65,8% 100,0%

Total n 48 28 76

% 63,2% 36,8% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa. Valor p = 0,021

Dos 64 pacientes com Dosagem de Glicemia de jejum em que os resultados eram >

110 mg/dL no momento pré, 25% apresentaram resultados ≤ 110 mg/dL no momento

pós-intervenção (TAB. 12).

Tabela 12 - Comparação da dosagem de Glicemia de jejum pré e pós-intervenção

Glicemia de Jejum Pós Total

≤ 110 mg/dL > 110 mg/dL

Glicemia de Jejum Pré

≤ 110 mg/dL N 9 3 12

% 75,0% 25,0% 100,0%

> 110 mg/dL N 16 48 64

% 25,0% 75,0% 100,0%

Total

N 25 51 76

% 32,9% 67,1% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa. Valor p = 0,004

52

Dos 51 pacientes com Dosagem de Hemoglobina Glicada (Hb A1C) cujos resultados

foram > 7% no momento pré-intervenção, 17,6% obtiveram resultados ≤ 7% no

momento pós-intervenção, conforme demonstrado na tabela 13.

Tabela 13 - Comparações de Dosagens de Hb A1C pré e pós-intervenção

HbA1C Pós Total

≤ 7% > 7%

≤ 7%

N 24 1 25

HbA1C Pré

% 96,0% 4,0% 100,0%

> 7% N 9 42 51

% 17,6% 82,4% 100,0%

Total N 33 43 76

% 43,4% 56,6% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa. Valor p = 0,021

Avaliando as respostas das perguntas feitas sobre o entendimento de cada paciente

em relação aos resultados de exames e a discussão do tema com o médico

assistente, pôde-se verificar que dos 63 pacientes que, no momento pré-

intervenção, não entendiam o que a Glicose aumentada faz no seu organismo, 62

(98,4%) passaram a entender, após intervenção.

Com relação às dosagens de Colesterol e Triglicérides, 70 pacientes disseram no

momento pré-intervenção que não sabiam o que estas substâncias provocam no

organismo quando estão em níveis altos. No momento pós-intervenção, 59 (84,3%)

disseram saber a respeito. Pudemos verificar que, dos 76 pacientes que não sabiam

o que significa o exame de HbA1C no momento pré-intervenção, 40 (52,6%)

responderam que sabiam no momento pós-intervenção.

Já dos 57 pacientes que não discutiam os resultados de seus exames com o médico

assistente, 39 (68,4%) passaram a discutir seus resultados com o médico após

intervenção.

Dos 45 pacientes que disseram que não recebiam orientações com relação aos

valores dos exames no momento pré-intervenção, 37 (82,2%) passaram a ter a

53

percepção de que eram orientados, quando entrevistados no momento pós-

intervenção.

54

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Conforme apresentado ainda na Introdução, o presente trabalho tem como foco

estudar parte do universo dos diabéticos tipo 2, mais especificamente aquela

referente ao conhecimento dos mesmos, bem como o valor e a eficácia de passar

orientações e esclarecimentos quanto aos exames laboratoriais a que se submetem,

seus resultados e metas para o acompanhamento da doença.

6.1 Os indivíduos diabéticos tipo 2

Para realizar esse estudo foi necessário, inicialmente, traçar o perfil e avaliar o

conhecimento de cada participante antes de se fazer as intervenções propostas.

Julgou-se indispensável conhecer a população a ser trabalhada, para que os

recursos a serem utilizados nas orientações/intervenções fossem preparados de

maneira a estarem de acordo com a necessidade desses pacientes podendo, assim,

serem mais bem aproveitados.

Constatou-se que a grande maioria dos pacientes que participaram do estudo

apresenta um grau de escolaridade máximo de primeiro grau incompleto. Além

disso, apresentou-se um número bem significativo de analfabetos. Esta situação

está em concordância com o estudo de prevalência no Brasil, em que constata-se

que há 14 milhões de analfabetos com idade acima de 15 anos (IBGE, 2010) (70).

Em vista disto, há de se esperar que o baixo nível de escolaridade possa ser um

importante limitador para o acesso às informações, devido ao possível

comprometimento das habilidades de leitura, escrita, compreensão ou mesmo da

fala (71). Além disso, podem ainda, ficar limitadas as oportunidades de

desenvolvimento de um aprendizado sobre o autocuidado (35). Segundo estudo de

Murata et al o pouco conhecimento sobre a doença está fortemente relacionado à

baixa escolaridade, ao longo tempo de tratamento, à pouca função cognitiva, ao alto

nível de depressão, à idade avançada (72).

Por outro lado, de acordo com o estudo feito por Franco Júnior, ter a escolaridade

até o ensino médio pode influenciar positivamente no entendimento das informações

55

repassadas pelos profissionais de saúde. Isto eleva a autoestima e sobressai

sentimentos positivos em relação ao tratamento, vindo a contribuir muito para adiar

ou evitar o surgimento dos agravos e complicações crônicas (39). Este fato pode ser

confirmado também pelos estudos de Eren, Erdi e Sahin que apontaram uma

associação positiva entre a escolaridade e uma melhor qualidade de vida em

pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. Por outro lado, houve correlações negativas

significativas entre relacionamento social com idade avançada e duração da doença

(73). Ou seja, pacientes com tempo maior de doença e com idade avançada têm

mais propensão a episódios depressivos, podendo gerar desmotivação para o

autocuidado.

No âmbito do Programa de Saúde da Família (PSF), a educação em saúde é

responsabilidade de toda a equipe multiprofissional. Esta equipe está capacitada a

dar toda a assistência às famílias da área adscrita. Nesse sentido, promove uma

assistência integral, contínua e de acordo com as necessidades detectadas em

função das situações de risco à saúde às quais estão sujeitas. A utilização desses

serviços de saúde resulta da oferta e das características sociodemográficas e do

perfil de saúde dos usuários.

Em função da necessidade de uma atenção diversificada e ampla ao indivíduo com

DM tipo 2, a utilização da abordagem em forma de mutirão pode ser considerada

uma boa estratégia para a atenção primária com atendimento multiprofissional. Esta

última, uma prática que, aliada ao acompanhamento interdisciplinar e aos cuidados

com a saúde, já é reconhecida por todos e que, gradativamente, vem sendo

incorporada na prática diária dos serviços de saúde (74).

Dados da Pesquisa Nacional de Amostras Domiciliares (PNAD 2003) permitem

analisar as diferenças regionais do perfil sociodemográfico dos usuários e não-

usuários do SUS. Nos usuários do SUS há predomínio de mulheres, crianças, pretos

e pardos, baixa escolaridade e renda. Há, também, associação entre estado de

saúde regular/ruim e a utilização dos serviços do SUS, sendo estes,

predominantemente, usuários de baixa escolaridade e renda. (75) Este estado de

coisas foi observado neste estudo em que se constatou que os pacientes

56

participantes do mesmo são, predominantemente, de baixa escolaridade e baixa

renda familiar, que gira em torno de 1 – 2 salários mínimos.

Em função da baixa escolaridade e do analfabetismo de grande parte dos

participantes, foi pertinente envolver os familiares na participação das intervenções.

A intensão foi de partilhar as informações não só como os pacientes, mas também

com os familiares para que juntos, adquirissem habilidades para dar melhor apoio ao

paciente.

Apesar do predomínio de participantes do sexo feminino, que concorda com os

dados do PNAD 2003, este é um resultado que não encontra ressonância nos vários

realizados no Brasil que buscaram relacionar a diabetes ao sexo. Estes estudos

nacionais e/ou regionais não apontam uma prevalência significativa de Diabetes

mellitus relacionada ao sexo (22). Porém, a quantidade de mulheres participando do

estudo pode ser justificada pelo fato de as mulheres, tradicionalmente, procurarem

mais atendimentos médicos do que os homens, pela maior facilidade em

comparecer aos Centros de Saúde. Já quanto a este estudo em particular, foram

elas, as mulheres, que apresentaram maior disponibilidade para atender ao convite

para participação aos encontros. Não sendo foco deste trabalho, tais possibilidades

só podem ser aventadas, no momento em que tais fatores foram mencionados

espontaneamente, por alguns dos participantes. Ou seja, que muitas vezes

deixavam de comparecer aos Centros de Saúde pela dificuldade em conciliar

horários.

Por sua vez, estudos comprobatórios e específicos, seja da relação

enfermidade/sexo ou da incidência maior de pacientes do sexo feminino nos

atendimentos, seriam necessários, para avaliar a real situação. Podendo ser

pensada também a possibilidade de expansão do horário de atendimento dos

Centros de Saúde no intuito de atender a esta provável demanda reprimida

Pôde-se constatar que a faixa etária de maior incidência da diabetes no grupo

estudado foi de 60 a 69 anos e o sedentarismo uma das principais comorbidades

dentre as relacionadas para o paciente diabético. Estes dados vêm de encontro com

os dados que confirmam que, no Brasil a frequência de Diabetes mellitus aumenta

gradativamente a partir dos 50 anos de idade (76). E ainda, que a importância da

57

diabetes como problema de saúde, está relacionada à tendência de longevidade

com o progressivo envelhecimento populacional que ora se constata no Brasil.(22)

Como o tempo médio de doença entre os participantes pode ser elevado (8,8 anos)

detectou-se a presença de alguns agravos nos indivíduos, sendo a Hipertensão

Arterial Sistêmica a que está presente na maioria absoluta dos pacientes (90,8%).

Estes agravos estavam relacionados, principalmente, à falta de manutenção de um

bom controle glicêmico e a outros fatores de risco tais como: obesidade,

sedentarismo e dislipidemia. O estudo de Franco Júnior (2010) – que contou com a

participação de cento e vinte pessoas (homens e mulheres) com diagnóstico de

Diabetes Mellitus tipo 2, que são atendidas no ambulatório de endocrinologia de um

hospital privado em São Bernardo do Campo, São Paulo – confirmou esta afirmação

quando foi constatada uma associação significante entre o tempo de diagnóstico e o

controle glicêmico. Portanto, quanto maior o tempo da doença, pior foi o controle

glicêmico (39).

Outro fator de grande relevância, conforme comprova o trabalho de Pace et al, é o

conhecimento dos parâmetros desejáveis da normalidade dos exames laboratoriais.

Foi identificado no estudo desses autores um número de apenas 24 (28,6%)

pessoas com o conhecimento sobre os valores da glicemia. Acredita-se que o

conhecimento desses valores é capaz de incentivar o envolvimento dos indivíduos

no seu autocuidado por saber que a taxa das substâncias dosadas para o

acompanhamento da Diabetes Mellitus (glicose, colesterol, triglicérides, HbA1C) no

seu organismo pode variar dentro de uma determinada faixa. Sendo assim, o próprio

paciente conseguirá monitorar a sua condição de saúde a partir dos resultados

destas dosagens (35).

Em estudo realizado na Espanha por Salinero-Fort et al pode ser comprovado que a

promoção da saúde é uma estratégia útil para o tratamento geral da diabetes porque

contribui para a diminuição significativa nos níveis de HbA1C e Pressão Arterial

Sistêmica, assim como ajuda a aumentar o cumprimento de todos os critérios de

controle (67).

58

Segundo estudo realizado por Li X. et al, no Japão, os exames de Glicemia de jejum,

Glicemia 2 horas pós-prandial e dosagem de Glicohemoglobina (HbA1C) foram

realizados e comparáveis, no início, em dois grupos de pacientes diabéticos tipo 2 (p

> 0,05). Após intervenção educativa feita em apenas um dos grupos, estes três

indicadores foram estatisticamente significativos (p < 0,01, p < 0,05 e p < 0,01,

respectivamente). Portanto, a educação sistemática para a melhoria do autocuidado

incentiva efetivamente os pacientes com diabetes tipo 2 a controlarem seus níveis

de glicemia (65).

6.2 Avaliação dos resultados de exames laboratoriais

É sabido que o controle metabólico dos pacientes com diabetes tipo 2 deve ser

alcançado, tendo o cuidado de seguir as condutas clínicas e as metas dos exames

laboratoriais realizados durante o seu tratamento. Ou seja, depende da ação direta

de cada paciente. Sendo assim, torna-se fundamental que cada indivíduo tenha o

entendimento sobre os efeitos causados no seu organismo quando estas metas não

são atingidas.

No entanto, conforme constatado neste estudo, muitos pacientes desconhecem os

principais danos que a glicemia, a colesterolemia, a trigliceridemia e a HbA1C

alteradas podem ocasionar. Com isso, sofrem as consequências ao longo do tempo

de convivência com a doença. Neste estudo pôde-se constatar ainda, que as metas

adequadas para estas dosagens, não são conhecidas. Isto foi percebido quando se

fez o diagnóstico das necessidades de conhecimento de que os pacientes possuíam

acerca de sua doença (aspectos fisiopatológicos, de tratamento, atividade física,

complicações crônicas, situações especiais) e dos exames laboratoriais realizados

para o seu acompanhamento, com vistas à realização das orientações/intervenções

a serem dadas.

A avaliação da eficácia desse programa de educação em diabetes, entretanto, pode

ser feita ao se analisar o grau de conhecimento dos pacientes participantes antes e

depois da implementação das orientações (77). Nesse sentido, pode-se observar

que, no presente estudo, houve um grande aumento na sua percepção do

59

autoconhecimento em relação aos exames laboratoriais em proporções importantes

quando se analisou o resultado da pesquisa.

Muitos pacientes não discutiam os resultados de seus exames com o médico

assistente, provavelmente pela dificuldade no entendimento de seu significado.

Porém, após a intervenção feita houve um aumento significativo de pacientes que

passaram a discutir seus resultados com o médico.

Alguns estudos já comprovaram a eficiência da atenção ao paciente diabético

seguindo o DSMS (Diabetes Self-Management Suport), utilizado no Canadá.

Seguindo este programa, os indivíduos com DM2 traçaram suas metas para o

autocuidado, juntamente com a equipe de suporte. A partir daí, foi constatado que os

benefícios aos pacientes foram inúmeros, principalmente ao se avaliar a melhoria no

conhecimento adquirido (52, 53), a redução do peso corporal (54), redução da

Hemoglobina A1C (HbA1C) (55), do Colesterol, da dosagem de glicemia de jejum,

hábito de monitoramento de glicemia capilar e pressão arterial (50).

Por sua vez, na medida em que se constatou que o número de pacientes que não

tinham conhecimento sobre os itens questionados antes da intervenção e passaram

a ter um olhar mais crítico em relação aos seus resultados de exames depois, é

possível inferir que esta intervenção traz um impacto bastante positivo para o

autocuidado.

Foi constatado também, que houve melhora nos resultados de exames entre a

primeira e a segunda abordagem. Segundo estudo realizado por Xavier Debussche

et al (2012) em Reunion Island a melhoria de um ponto na HbA1C está associada à

diminuição de 20% na ocorrência de complicações macrovasculares e de 30% a

40% de decréscimo nas complicações microvasculares (78).

De acordo com estudos realizados por Scain et al, a atuação do enfermeiro na

educação em diabetes, quando do atendimento ao paciente com DM2, está

significativamente associada ao controle glicêmico (20, 79). Em um desses estudos

ficou comprovado que os pacientes atendidos individualmente apresentaram

melhora significativa dos valores de HbA1C, quando comparados a pacientes que

60

não foram atendidos em consulta por enfermeira educadora. No outro estudo em

que se fez um ensaio clínico aleatório com um grupo de pacientes com DM2 não

usuários de insulina, foi evidenciado que um programa educacional estruturado

contribuiu significativamente para o controle glicêmico (40).

Este estado de coisas ressalta, portanto, a grande importância do acompanhamento

desta dosagem para os pacientes diabéticos. Em se considerando o presente

estudo, pode-se ir um pouco além dessa conclusão e inferir que, ao passo que os

índices dos exames dos participantes da pesquisa passaram por uma melhora

considerável, mais uma vez, a ação de esclarecimento sobre o tema, contribuiu para

o novo retrato da situação dos exames daqueles pacientes.

Os resultados encontrados neste estudo se assemelham ao estudo de Leite, S.A.O.

et al em que foi avaliada a efetividade da educação feita em grupo. Em tal estudo

constatou-se que essa forma de abordagem foi efetiva para o aumento (50)

significativo do conhecimento sobre a automonitorização da glicemia capilar, quando

se comparou antes e depois da intervenção (80).

Mais uma vez, portanto, pôde-se comprovar que o entendimento sobre as

consequências e o reconhecimento das alterações no organismo que a hiper e a

hipoglicemia podem ocasionar, favorece o alcance das metas de controle glicêmico.

Isto sugere, portanto, que ações desta natureza, podem contribuir, em muito, para a

diminuição de episódios de complicações agudas e evitar ou reduzir o aparecimento

das complicações crônicas.

61

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo comprovou a eficácia da metodologia utilizada para melhorar o

conhecimento dos pacientes com DM2.

Pôde ser comprovada também uma melhora nos valores dos resultados dos exames

laboratoriais, porém não se pode afirmar categoricamente que houve mudanças no

comportamento e no estilo de vida dos pacientes devido ao conhecimento adquirido.

No entanto, os mesmos dados possibilitaram inferir que houve alguma modificação

já que é inegável que houve aumento no conhecimento acerca dos exames

laboratoriais e da doença pelos pacientes diabéticos após as intervenções.

Estes procedimentos podem ser considerados estratégia eficiente para melhorar a

atenção prestada aos pacientes com diabetes e mesmo com outras doenças

crônicas. Neste último caso, bastaria que se fizessem adaptações, de acordo com

os diferentes transtornos. Desta forma, poder-se-ia melhorar o autocuidado para a

população em geral, levando a uma maior eficácia, melhores resultados clínicos, uso

adequado e eficiente dos recursos e serviços de saúde e, principalmente,

proporcionar uma melhor qualidade de vida.

Apesar de se ter cumprido seus objetivos, este trabalho também serviu para mostrar

que a mesma cobriu apenas uma pequena faceta do universo da DM2 e do potencial

positivo do uso da educação como estratégia de promoção à saúde. Neste sentido,

outros estudos poderão ser realizados a fim de dar continuidade ao processo

educativo de pacientes e também de profissionais da saúde, podendo-se criar novos

mecanismos que sirvam de motivações para que os indivíduos alcancem as metas

definidas pela clínica.

62

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70. NAOE, A. Analfabetismo no Brasil evidencia desigualdades sociais históricas. ComCiência, Campinas, São Paulo. Fev. 2012. Disponível em: <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542012000100004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 Nov. 2014. 71. DOAK, C.C.; DOAK; L.G.; ROOT, J.H.. The literature problem. Teaching patients with low literacy skills. JB Lippincott. Philadelphia, 1995:p. 1-9; 2 ed.

72. MURATA, G.H.; et al.. Factors affecting diabetes knowledge in type 2 diabetic veterans. Diabetologia. Dusseldorph, 2003; v. 46; jul.:p. 1176-8. 73. EREN, I.; ERDI, O.; SAHIN, M. The effect of depression on quality of life of patients with type II Diabetes Mellitus. Depression and Anxiety. v. 25(2), p. 98-106,

2008 . 74. COSTA, M.B.; CASTRO, A.P.A. Abordagem interdisciplinar no tratamento do diabetes mellitus tipo 2: da teoria à prática. Revista de Extensão da UNIVASF.

Petrolina, PE, p. 30-37, ago./dez., 2013.

68

75. RIBEIRO, M.C.S.A.; BARATA, R.B.; ALMEIDA, M.F.; Silva, Z.P. Sociodemographic profile and utilization patterns of the public health care system (SUS) – PNAD 2003. Ciência e Saúde Coletiva. p. 1011-1022, oct./dec., 2006. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232006000400022>. Acesso em: 10 out. 2014. 76. MALERBI, D.A.. Estudo da prevalência do diabetes mellitus no Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo – USP; 1991. 77. TOMKY, D. et al. Diabetes education outcomes: what educators are doing. Diabetes Educator. Chicago, 2000; v. 26, n. 6; nov./dec.:p. 951-4.

78. DEBUSSCHE, X. et al. Structured self-management education maintained over two years in insufficiently controlled type 2 diabetes patients: the ERMIES randomised trial in Reunion Island. Cardiovascular diabetology. v.11, 91p.,2012.

79. SCAIN, S. F.; SANTOS, B. L.; FRIEDMAN, R.; GROSS, J. L.. Type 2 diabetic patients attending a nurse educator have improved metabolic control. Diabetes research and clinical practice. Brussels, 200; v. 77, n. 3; sep.:p. 399-404.

80. LEITE, S.A.O. et al. Assessment of the impact of Staged Diabetes Management in a private health system in Curitiba, Brazil. Diabetes Res Clin Practice. 2000; v. 50 (Suppl 1).

69

APÊNDICES

APÊNDICE A - Instrumento de coleta de dados: Conhecimento de usuários

com diabetes tipo 2 em um Centro de Saúde do Distrito Sanitário

Centro Sul de BH

Dados sócio-demográficos:

Iniciais: ______________________ Nº do prontuário: _____________________

Endereço: _______________________________________________________

CEP:__________________________ Telefone: _________________________

1) Escolaridade: 1- Analfabeto

2- 1º Grau incompleto

3- 1º Grau completo

4- 2º Grau incompleto

5- 2º Grau completo

6- Superior incompleto

7- Superior completo

2) Ocupação: ___________________________________________

3) Turno de Trabalho: 1- Diurno

2- Vespertino

3- Noturno

4) Nº de empregos: 1- Um

2- Dois

3- Três

4- Mais de três

5) Renda Familiar: ________________ reais

1- Menos de 1 salário mínimo

2- 1 a 2 salários mínimos

3- 3 a 5 salários mínimos

4- 6 a 10 salários mínimos

5- Mais de 5 salários mínimos

70

6) Estado Civil: 1- Solteiro

2- Casado-Amasiado

3- Separado-Divorciado

4- Viúvo

7) Nº de filhos vivos: _______ Falecidos: ___________

1- Nenhum

2- Um

3- Dois

4- Três

5- Mais de três

8) Sexo: 1- Masculino

2- Feminino

9) Idade: 1- 30 a 39 anos

2- 40 a 49 anos

3- 50 a 59 anos

4- 60 a 69 anos

5- 70 a 79 anos

6- Mais de 80 anos

10) Peso: ____,____Kg

11) Altura: ____,____m

12) IMC: 1- Normal (18,5 a 24,9)

2- Sobrepeso (25,0 a 29,9)

3- Obeso classe I (30,0 a 34,9)

4- Obeso classe II (35,0 a 39,9)

5- Obeso classe III (> ou = 40,0)

13) Tempo de evolução da doença: ____________ anos

14) Pressão Arterial Sistólica _________________ mmHg

15) Pressão Arterial Diastólica ________________ mmHg

71

16) Glicemia Capilar: _______________________ mg dL

17) Glicemia de jejum ______________________ mg dL

18) Colesterol Total ________________________ mg dL

19) Colesterol LDL ________________________ mg dL

20) Colesterol HDL ________________________ mg dL

21) Triglicérides __________________________ mg dL

22) HbA1C _______________________________%

23) Comorbidades: 1- Hipertensão Arterial

2- Sobrepeso-Obesidade

3- Dislipidemia

24) Fatores de risco e doenças concomitantes:

1- Antecedentes familiares cardiovasculares

2- Tabagismo

3- Sedentarismo

4- Sobrepeso-Obesidade

5- Hipertensão arterial

25) Presença de complicações:

1- Infarto agudo do miocárdio

2- Acidente vascular cerebral

3- Pé diabético

4- Amputação por DM

5- Doença renal

6- Outras coronariopatias

26) Tratamento para DM:

1- Medicamentoso

2- Não Medicamentoso

27) Medicamentos: 1- Glibenclamida

2- Metiformina

72

28) Insulina: _________________________ unidades-dia

29) Outros medicamentos: Não Sim Quais: ___________________

30) Quando você realiza os exames?

1- 1 vez por ano

2- 2 vezes por ano

3- 3 vezes por ano

4- Mais de 3 vezes por ano

31) Você entende o que a Glicose aumentada faz no seu organismo? SIM NÃO

32) Você entende o Colesterol e Triglicérides altos fazem no seu organismo? SIM NÃO

33) Você sabe o que significa o exame de HbA1c? SIM NÃO

34) Você discute seus resultados com o seu médico? SIM NÃO

35) Você é orientado com relação aos valores dos exames a serem alcançados? SIM NÃO

73

APÊNDICE B - Instrumento de coleta de dados (2º momento): Conhecimento de

usuários com diabetes tipo 2 em um Centro de Saúde do Distrito Sanitário

Centro Sul de BH

Dados do paciente:

Iniciais: ____________________ Nº do prontuário: ________________________

Dados dos exames realizados:

1) Glicemia de jejum ______________________ mg dL

2) Colesterol Total ________________________ mg dL

3) Colesterol LDL ________________________ mg dL

4) Colesterol HDL ________________________ mg dL

5) Triglicérides __________________________ mg dL

6) HbA1C: ______________________________ %

7) Você entende o que a Glicose aumentada faz no seu organismo? SIM NÃO

8) Você entende o Colesterol e Triglicérides altos fazem no seu organismo? SIM NÃO

9) Você sabe o que significa o exame de HbA1c? SIM NÃO

10) Você discute seus resultados com o seu médico? SIM NÃO

11) Você é orientado com relação aos valores dos exames a serem alcançados? SIM NÃO

74

APÊNDICE C - CARTILHA - ORIENTAÇÕES PARA O INDIVÍDUO DIABÉTICO

INTRODUÇÃO

Esta cartilha tem o objetivo de fornecer orientações para que você conviva melhor

com o seu diabetes. E através deste conhecimento, possa assumir o controle de sua

doença, conhecer as condições que provocam a elevação ou diminuição da glicose

e como evitar suas complicações.

Até recentemente, acreditava-se que o controle da glicose (açúcar) no sangue era suficiente para prevenir as complicações crônicas do diabetes, porém não é o suficiente. O controle da glicemia é benéfico apenas na prevenção das complicações que afetam os pequenos vasos, rins, nervos e olhos. As complicações dos grandes vasos como o Infarto do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e as lesões dos pés, exigem medidas preventivas destinadas ao controle da hipertensão arterial, gordura sanguínea, obesidade, combate ao sedentarismo e ao tabagismo.

Para conseguir definir metas preventivas as pessoas portadoras de Diabetes Mellitus precisam realizar exames periódicos, isto porque podem se sentir bem mesmo com altos níveis de glicose no sangue. É importante entender porque esses exames são feitos e como interpretá-los corretamente para que se possa corrigir a glicemia através dos medicamentos, da dieta e dos exercícios físicos.

DIABETES DO TIPO 2:

Decorre de uma produção insuficiente de insulina ou de seu funcionamento inadequado no corpo. Atinge com mais freqüência:

• os adultos; • pessoas com antecedentes familiares de diabetes; • pessoas com excesso de peso.

COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS:

1- SE A GLICOSE NO SANGUE ESTIVER ALTO (HIPERGLICEMIA) VOCÊ PODERÁ SENTIR:

cansaço, dor abdominal, respiração acelerada, volume urinário excessivo, vômitos, sede.

Causas: Dose insuficiente da medicação, infecção, abusos alimentares, estresse.

75

O que fazer:

* Não deixe de tomar ou aumente a dosagem do medicamento sem consultar seu

médico caso não tenha orientação para isso.

* Tomar bebidas sem açúcar em abundância para evitar a desidratação.

* Se não puder comer por causa de vômitos, beba líquidos que contenham açúcar para evitar que o açúcar no sangue abaixe demais.

* Se possível verifique o nível de açúcar no sangue a cada 4 horas.

* Consulte o médico se os níveis de açúcar mantiverem acima de 240 mg/dl.

2- SE A GLICOSE NO SANGUE ESTIVER BAIXO (HIPOGLICEMIA) VOCÊ PODERÁ SENTIR: tremor, tontura, irritabilidade, fome, sonolência, sudorese,

desmaios, confusão mental, batimentos cardíacos acelerados.

Causas: Durante ou depois da prática de exercícios físicos, se você não comer o

suficiente, se você tomar medicamento em excesso.

O que fazer:

* Tome 1 copo de suco de fruta ou de refrigerante normal imediatamente;

* Se estiver inconsciente, um familiar deve procurar serviços médicos imediatamente. Pode-se molhar o dedo com mel ou açúcar e esfregar na parte interna da bochecha;

* Informar o acontecimento ao médico para determinar se há necessidade de ajuste

da medicação.

DIABETES: COMO CUIDAR?

76

Os 4 pontos principais do tratamento são: Alimentação balanceada, atividade física,

monitorização, medicação.

ALIMENTAÇÃO BALANCEADA = DIETA

Planeje sua alimentação: O Nutricionista poderá ajudá-lo a planejar sua alimentação levando em conta: • seu peso e altura; • sua atividade física; • seu nível de açúcar no sangue; • os alimentos que você gosta. Alimentação saudável para o diabético:

• frutas e vegetais frescos; • pão e cereais integrais; • feijão e legumes; • arroz integral, cevada e aveia; • alimentos com pouca gordura e pouco sal. - Evite: • carne com gordura; • leite integral; • queijo gorduroso; • fritura; • fast-food; • bebidas alcoólicas (quem toma insulina ou comprimidos para diabetes, precisa ter cuidado com bebida alcoólica pois, o seu uso pode fazer baixar demais o nível de açúcar no sangue).

EXERCÍCIOS FÍSICOS:

Fazer exercícios aumenta a sensibilidade do corpo à insulina e, portanto, tendem a diminuir a glicose no sangue contribuindo no controle do diabetes.

Os exercícios físicos ajudam a: baixar o nível de açúcar no sangue, evitar as enfermidades do coração, controlar a pressão arterial, sentir-se melhor e ter melhor aparência, reduzir a tensão (estresse), diminuir os níveis de gordura no sangue, diminuir a necessidade de insulina ou comprimidos, controlar o peso.

Exercícios indicados: caminhar, andar de bicicleta, nadar, dançar.

MONITORIZAÇÃO

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Pode ser realizada através de uma gota de sangue retirada do dedo para medir a

glicose (glicemia). Coloca-se uma gota de sangue em uma tira reagente. Logo após

a leitura é realizada utilizado um aparelho que dará o resultado com precisão.

CUIDADO COM OS PÉS:

Quando se tem diabetes, é muito importante cuidar dos pés. O mau controle pode afetar os nervos e a circulação do sangue nos pés. Quando isto acontece pode-se ter uma sensação de formigamento e “agulhadas” além de perder a sensibilidade dos pés e não sentir dor, pressão sobre um determinado local ou alteração de temperatura. Se tiver uma lesão qualquer, pode não se dar conta dela imediatamente, ficando sujeita mais facilmente a infecções e complicações na cicatrização podendo ser necessária amputação.

É importante que você:

• Não fume.

• Examine seus pés todos os dias inclusive entre os dedos. Enxugue-o bem, principalmente entre os dedos.

• Apare as unhas dos pés em linha reta, não retire as cutículas nem mexa nos cantos.

• Use sapatos confortáveis, fechados e macios.

• Não use almofadas elétricas, bolsas de água quente e escalda-pés.

• Se você tiver calos, verrugas, bolhas, rachaduras, frieiras, unhas encravadas procure o profissional de saúde do local em que você faz o tratamento do diabetes.

ENTENDENDO OS RESULTADOS DOS EXAMES REALIZADOS:

Medição de Pressão Arterial (PA): A hipertensão arterial sistêmica (HAS) afeta a maioria dos portadores de diabetes. É fator de risco importante para a doença coronariana e para as complicações microvasculares como a retinopatia e a nefropatia. A recomendação atual é intensificar seu controle na presença de diabetes, de modo a alcançar níveis inferiores a 130/80 mmHg. As estratégias não farmacológicas recomendadas para o controle da PA (dieta adequada, atividade física, etc.) também apresentam impacto positivo sobre a glicemia e o controle de lípides (gordura) sangüíneos.

Não Fume: O risco de morbimortalidade prematura para complicações micro e macrovasculares associado ao fumo é também bastante documentado. Como recomendação geral, a orientação para abandono do tabagismo com ou sem uso de terapia farmacológica específica deve fazer parte da rotina dos cuidados com pacientes portadores de diabetes.

78

Dosagem de Glicemia: O controle da glicemia e da pressão arterial é medida comprovadamente efetiva na redução da progressão da retinopatia diabética.

Dosagem de Hemoglobina Glicada: mede a média de glicose sanguínea em 3 meses, tornando-se um marcador do controle da glicemia e um preditor das complicações da doença microvascular. O esquema abaixo faz a correlação do nível de *Hemoglobina Glicada* com o *nível de glicose no sangue*:

*4%=50*

*5%==80*

*6%===115*

*7%=====150*

*8%=======180*

*9%=========210*

*10%==========245*

*11%============280*

*12%==============310*

*13%================345*

*14%====================360*

Assim, para considerarmos um bom controle, os resultados de Hemoglobina Glicada devem estar abaixo de 7%, o que corresponde a uma média de Glicemia de Jejum de 150 mg/dL em 3 meses.

Dosagem de Microalbuminúria: A nefropatia diabética também é uma complicação comum e devastadora em pacientes com diabetes, com uma freqüência pouco inferior a retinopatia: - a microalbuminúria é o melhor marcador disponível para identificar indivíduos em risco de desenvolverem insuficiência renal. Deve ser dosada em conjunto com creatinina em todos os pacientes com diabetes tipo 2 no momento do diagnóstico. Pode ser dosada em amostra casual, com ou sem creatinina urinária ou em urina de 24 horas. Os valores para definição de nefropatia variam um pouco de acordo com o método. Deve ser pesquisada duas ou mais vezes, no período de 6 meses, para caracterizar a presença de nefropatia incipiente ou nefropatia clínica.

79

* Equivalente a razão urinária albumina/creatinina de 30 mg/g

Dosagem de Colesterol e Triglicérides: A dislipidemia é um distúrbio caracterizado pela presença excessiva ou anormal de colesterol e triglicérides no sangue. No paciente com diabetes tipo 2 está associada à resistência a insulina e é caracterizada por diminuição do HDL-Colesterol, discreta elevação dos triglicérides (TG) e mudança no padrão da densidade, com partículas pequenas e densas, e discreto aumento da fração LDL-Colesterol. Os sintomas gerados pelas dislipidemias são diversos, dentre eles estão: arteriosclerose, angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outros. No entanto, muitos casos de dislipidemias são assintomáticas e suas consequências também são sérias. Por esses motivos é necessário realizar exames de rotina.

METAS:

Como metas para se ter uma melhor qualidade de vida os níveis abaixo relacionados devem ser alcançados:

Hemoglobina glicada (Hb A1c): menor que 7,0 %

Glicemia de jejum: menor que 110 mg/dL

Glicemia 2 horas após alimentação: menor que 140 mg/dL

LDL Colesterol: menor que 100 mg/dL

HDL Colesterol: maior que 45 mg/dL

Triglicérides: menor que 150 mg/dL

Pressão arterial: menor que 130x80 mmHg

Perda de peso (5Kg) reflete diretamente nos seguintes resultados: – ↓ LDL-C de 5 a 8% – ↓ TG 15%

Exercício físico regular reflete em: – ↓ TG 24% – Pouca alteração no CT e LDL – ↑ HDL-C 8%

LEMBRE-SE:

São fundamentais para um bom controle da sua diabetes: a motivação pessoal, a disciplina, a força de vontade, o equilíbrio emocional, o apoio social e familiar. A Diabetes não tem cura, mas pode ser controlada com alimentação

balanceada, com a prática de exercícios físicos e com medicamentos sob orientação médica. Você pode ter uma vida normal e saudável mesmo sendo

diabético.

RASTREAMENTO CONFIRMAÇÃO

Categorias Amostra de urina casual (mg/L)

Urina de 12h diurna ou noturna (mg/min)

Urina 24h (mg/24h)

Normal < 17* < 20 < 30

Nefropatia incipiente: Microalbuminúria

17 a 174

20 – 199

30 – 299

Nefropatia clínica: Macroalbuminúria Proteinúria

≥ 174 ≥ 430

≥ 200 ≥ 500

≥ 300

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APÊNDICE D - ENTENDENDO OS RESULTADOS DOS EXAMES REALIZADOS

Medição de Pressão Arterial (PA): A hipertensão arterial sistêmica (HAS) afeta a maioria dos portadores de diabetes. É fator de risco importante para a doença coronariana e para as complicações microvasculares como a retinopatia e a nefropatia. A recomendação atual é intensificar seu controle na presença de diabetes, de modo a alcançar níveis inferiores a 130/80 mmHg. As estratégias não farmacológicas recomendadas para o controle da PA (dieta adequada, atividade física, etc.) também apresentam impacto positivo sobre a glicemia e o controle de lípides (gordura) no sangue.

Não Fume: O risco de morbimortalidade prematura para complicações micro e macrovasculares associado ao fumo é também bastante documentado. Como recomendação geral, a orientação para abandono do tabagismo com ou sem uso de terapia farmacológica específica deve fazer parte da rotina dos cuidados com pacientes portadores de diabetes.

Dosagem de Glicemia: O controle da glicemia e da pressão arterial é medida comprovadamente efetiva na redução da progressão da retinopatia diabética.

Dosagem de Hemoglobina Glicada: mede a média de glicose sanguínea em 3 meses, tornando-se um marcador do controle da glicemia e um preditor das complicações da doença microvascular.

O esquema abaixo faz a correlação do nível de *Hemoglobina Glicada* com o *nível de glicose no sangue*:

*4%=50*

*5%==80*

*6%===115*

*7%=====150*

*8%=======180*

*9%=========210*

*10%==========245*

*11%============280*

*12%==============310*

*13%================345*

*14%====================360*

Assim, para considerarmos um bom controle, os resultados de Hemoglobina Glicada devem estar abaixo de 7%, o que corresponde a uma média de Glicemia de Jejum de 150 mg/dL em 3 meses.

Dosagem de Microalbuminúria: A nefropatia diabética também é uma complicação comum e devastadora em pacientes com diabetes, com uma freqüência pouco

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inferior a retinopatia: - a microalbuminúria é o melhor marcador disponível para identificar indivíduos em risco de desenvolverem insuficiência renal. Deve ser dosada em conjunto com creatinina em todos os pacientes com diabetes tipo 2 no momento do diagnóstico. Pode ser dosada em amostra casual, com ou sem creatinina urinária ou em urina de 24 horas. Os valores para definição de nefropatia variam um pouco de acordo com o método. Deve ser pesquisada duas ou mais vezes, no período de 6 meses, para caracterizar a presença de nefropatia incipiente ou nefropatia clínica.

* Equivalente a razão urinária albumina/creatinina de 30 mg/g

Dosagem de Colesterol e Triglicérides: A dislipidemia é um distúrbio caracterizado pela presença excessiva ou anormal de colesterol e triglicérides no sangue. No paciente com diabetes tipo 2 está associada à resistência a insulina e é caracterizada por diminuição do HDL-Colesterol, discreta elevação dos triglicérides (TG) e da fração LDL-Colesterol. Os sintomas gerados pelas dislipidemias são diversos, dentre eles estão: arteriosclerose, angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência vascular periférica, entre outros. No entanto, muitos casos de dislipidemias são assintomáticas e suas consequências também são sérias. Por esses motivos é necessário realizar exames de rotina.

METAS:

Como metas para se ter uma melhor qualidade de vida os níveis abaixo relacionados devem ser alcançados:

Hemoglobina glicosilada (Hb A1c): menor que 7,0 %

Glicemia de jejum: menor que 110 mg/dL

Glicemia 2 horas após alimentação: menor que 140 mg/dL

LDL Colesterol: menor que 100 mg/dL

HDL Colesterol: maior que 45 mg/dL

Triglicérides: menor que 150 mg/dL

Pressão arterial: menor que 130x80 mmHg

Perda de peso (5Kg) reflete diretamente nos seguintes resultados: – ↓ LDL- C de 5 a 8% – ↓ TG 15%

Exercícios físicos regulares refletem em: – ↓ TG 24% – Pouca alteração no CT e LDL – ↑ HDL-C 8%

RASTREAMENTO CONFIRMAÇÃO

Categorias Amostra de urina casual (mg/L)

Urina de 12h diurna ou noturna (mg/min)

Urina 24h (mg/24h)

Normal < 17* < 20 < 30

Nefropatia incipiente: Microalbuminúria

17 a 174

20 – 199

30 – 299

Nefropatia clínica: Macroalbuminúria Proteinúria

≥ 174 ≥ 430

≥ 200 ≥ 500

≥ 300

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LEMBRE-SE:

São fundamentais para um bom controle do seu diabetes: a motivação pessoal, a disciplina, a força de vontade, o equilíbrio emocional, o apoio social e familiar.

O Diabetes não tem cura, mas pode ser controlado com alimentação balanceada, com a prática de exercícios físicos e com medicamentos sob orientação médica. Você pode ter uma vida normal e saudável mesmo sendo diabético.

84

APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AO

PACIENTE

Venho através deste convidá-lo a participar da pesquisa Avaliação do Grau de

Conhecimento dos Pacientes Diabéticos Antes e Após Orientações Acerca de

Exames Laboratoriais Utilizados para o Acompanhamento/Monitoramento da

Doença, que tem como objetivo caracterizar o usuários com Diabetes mellitus tipo 2

segundo as variáveis sócio-demográficas, conhecimento em diabetes e

entendimento sobre os exames laboratoriais, seus resultados e suas implicações e

relacionar os escores de conhecimento segundo algumas variáveis. Esta pesquisa

tem como pesquisador responsável Maria de Lourdes Baêta Zille, bioquímica, aluna

do curso de pós-graduação nível Mestrado, sob a orientação do Prof. Dr. Rafael

Agostini do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, MG.

Conhecer o que você sabe e como você entende os resultados de exames

laboratoriais que são realizados poderá ajudar a equipe multiprofissional a organizar

e programar melhor as atividades desenvolvidas no atendimento às pessoas

diabéticas tipo 2. A sua participação consiste em responder a 35 questões

relacionadas às variáveis sócio-demográficas e de conhecimento em relação aos

resultados dos exames laboratoriais realizados para monitoramento da doença, com

duração aproximada de 20 minutos. Informo que a sua participação na pesquisa não

acarretará riscos, desconfortos e despesas. Também solicitamos o seu

consentimento para que os dados sejam apresentados em eventos científicos e

publicados em revistas especializadas.

A sua participação ou não da pesquisa não trará a você prejuízo no atendimento no Centro de Saúde onde está vinculado.

.......................................................................................................................................

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, ___________________________________________, RG ________________, estou devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos assim como os riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Tenho a garantia que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso cause prejuízo a meu acompanhamento nas atividades desenvolvidas no Centro de Saúde. Belo Horizonte, _____ de __________________ de 2013.

__________________________ ______________________________ Paciente – Participante Pesquisador Para outros esclarecimentos entrar em contato com Mª de Lourdes Baêta Zille pelo

telefone (31) 32461008, pelo endereço Rua Carijós, 528 – Centro – Belo Horizonte –

Laboratório Distrital Centro Sul-Pampulha ([email protected]) ou Comitê de

Ética em Pesquisa da Santa Casa pelo telefone (31) 32389833

([email protected]).

85

APÊNDICE F – PALESTRA DE ORIENTAÇÕES AO PACIENTE COM DM2 - PRÉ

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]

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]

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APÊNDICE G – PALESTRA DE ORIENTAÇÕES AO PACIENTE COM DM2 - PÓS

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