Padroeiro da paz, So Francisco acabou escolhido com santo protetor da comunidade de pescadores que deu origem ao bairro do So Francisco. A comunidade j existia antes da construo da ponte Jos Sarney, na dcada de 60. Mas somente em 1971, foi criada a parquia de So Francisco de Assis. Desde ento so realizadas, anualmente, homenagens para o santo.. Para atravessar o rio Anil tinha que se valer do nico meio de transporte utilizado na poca: era a

canoa ,Nesse perodo, o bairro do So Francisco era ocupado por pescadores, pequenos comerciantes e lavradores, que vieram em condies relativamente simples.No havia gua encanada, energia eltrica e esgoto:Onde hoje o supermercado bom preo tinha aquelas poas de gua. De manh, os moradores am tomar banho l e tinha lugar em que se colhia gua tambm. Era ruim de gua. Aqui no tinha gua em toda casa. Havia um fluxo de canoas indo e vindo, transportando pessoas e mercadorias. Os moradores chamavam esse percurso de travessias. As travessias representavam o acesso dessa populao a uma srie de produtos. Elas eram a ligao com o moderno, presente somente do outro lado da ilha.Os comerciantes eram os principais responsveis pela manuteno de um intercmbio com outras reas da cidade. Eles compravam produtos que eram levados ao porto da Praia Grande em carroas, para serem embarcados e transportados para o outro lado. Algumas mercadorias, como materiais de construo, eram difceis, por isso boa partes das casas eram feitas de taipas:Na hora que eu botava carga l na Praia Grande, trazia depois canoa de l pr c. A quando chegava aqui tirava da canoa e botava em carroas. Iche! Era difcil, era ombro mesmo, trazer uma pea de l pr c. As casa aqui ero de taipa porque era difcil da gente trazer tijolo, telha, essas coisas (material de construo). Depois que a ponte passou no, a foi outra coisa. Mas antes ningum esperava que ia Ter uma exploso, a gente pensava que isso era da gente. (Joaquim, 1998)Como no havia hospitais e farmcias, quando algum adoecia todos cooperavam para facilitar o transporte do doente: quando adoecia um a comunidade se unia. A todo mundo pegava o doente e ajudava, levava... A canoa tava l embaixo. Aqui era um lugar difcil, mas ao mesmo tempo era um lugar fcil porque o transporte funcionava a noite toda de c pr l e de l pr c. (Carvalho,1998).No existiam escolas na rea. As crianas que estudavam tinham que atravessar de canoa para So Lus. Muitas vezes s retornavam tarde da noite:Alm dessas necessidades havia os prazeres clandestinos que vinham da cidade, como algumas prostitutas que atravessavam a barco e animavam as poucas casas noturnas do bairro:Era uma vida calma, muito tranqila, Tudo isso mudou. Com a construo da ponte, os moradores que ocupavam o ncleo central do bairro foram indenizados pelo Estado para deixarem a rea. No lugar das suas casa foi construda a avenida Marechal Castelo Branco e, em pouco tempo, o So Francisco foi ocupado por residncias de classe mdia e prdios comerciais. Alguns dos antigos moradores que permaneceram no bairro no reconhecem o So Francisco do tempo das travessias.