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Sara Lamúrias, Aforest-Design

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Entrevista à designer de moda Sara Lamúrias, o rosto por detrás da Aforest-Design

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Page 1: Sara Lamúrias, Aforest-Design

TRAÇO # Setembro nº 1534

Entrevista

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aforest - design

O que um designer de moda poda dar a um arquitecto e vice-versa?Acho que não é uma relação de troca muito definida, depende tudode como se quer partir para uma parceria desta natureza. Muitosarquitectos e correntes arquitectónicas servem de inspiração adesigners de moda mas é mais complicado encontrarmos na arqui-tectura o caso inverso. Pessoalmente imagino-me a tirar mais par-tido do entendimento dos processos de desenvolvimento do que deum resultado final e dessa forma imagino que pode ser uma expe-riência muito rica o conhecimento mútuo desses processos. Porexemplo, pode haver algo na construção de uma peça de vestuárioque possa despertar num arquitecto uma nova solução de acaba-mentos de valor técnico ou estético e vice-versa.

Existe algum arquitecto ou algum espaço urbano que tenha algu-ma vez influenciado o seu trabalho? Não costumo assumir directamente uma influência criativa centra-da no trabalho de outras pessoas. A minha inspiração também difi-

“Sou muitas vezes umaarquitecta de sucesso”

“aforest-design” é o nome

do projecto a que Sara

Lamúrias deu início em

2003. Em vésperas de mais

uma edição da Moda Lisboa,

onde vai marcar presença,

a Traço falou com a desig-

ner de moda sobre as suas

colecções, inspirações e

sobre a forma como olha

para a arquitectura

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35TRAÇO # Setembro nº 15

Entrevista

Em 1998, participa na 5ª edição do concurso Sangue Novo da Moda Lisboa,em parceria com Pedro Cruzeiro, e três anos depois volta a apresentar o seutrabalho na 7ª edição do mesmo concurso, desta vez a título individual. Apósum estágio de seis meses na marca Bless, em Berlim, e de alguns trabalhosde produção, Sara Lamúrias dá início a um projecto próprio, em 2003, ao qualchama “aforest-design”.

A Moda e a Arquitectura têm como princípio a criação de volumes para pro-teger pessoas. Na sua opinião têm mais em comum?Sara Lamúrias: Penso que sim, a finalidade de criar com um valor estético queproporcione bem estar é outro ponto em comum.

Acha que a sinergia entre designers de moda e arquitectos deveria ser maisrecorrente e potenciada?Acho que pode ser interessante como trabalho de pesquisa que envolva pro-jectos tecnológicos onde o homem pode interagir com o espaço através do seuvestuário. Essa relação pode ser muito interessanteconsiderando as capacidades tecnológicas que os têxteis já conseguem atingir.

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TRAÇO # Setembro nº 1536

Entrevista

cilmente passa por um espaço urbano, mais facilmente me imaginoa centrar-me na forma como ele é vivido.

Como nasce uma colecção? Qual o modo e o processo?No meu caso o processo criativo é muito contínuo, eu nunca dou pormim a questionar-me sobre o ponto de partida para uma colecção,simplesmente vai acontecendo, ser criativo é uma atitude e isso colo-ca-nos numa posição de especial sensibilidade para com os meios eeventos que nos rodeiam. A partir daí é uma questão de nos envol-vermos e desenvolvermos muito de forma a tornar um ponto de par-tida num resultado interessante. No vestuário, depois de formuladoum conceito passa pela escolha das matérias, cores e texturas, aprocura das formas.

O que pode servir de referêcia ou de inspiração? Tudo. Pessoas, livros, história, objectos...

O facto de se ter licenciado na Faculdade de Arquitectura deLisboa faz com que a arquitectura exerça sobre si e sobre o seutrabalho alguma influência específiica? Acho que pode acontecer, pois além do interesse que possamos ter noassunto temos amigos de arquitectura, vemos projectos e conferênciasde arquitectura. As influências podem ser qualquer coisa e o facto deestarmos uns bons anos nesse meio é uma razão para acontecer. Eu atétive um namorado do curso de arquitectura e tenho vários amigos naárea e não sentindo até hoje uma influência directa penso que já a sentiem conversas com esses amigos na forma como penso o vestuário.

No que consiste o projecto “Soft Furniture”? O projecto “Soft Furniture” é uma exploração de peças de mobiliário de natu-reza clássica ou tradicional em escalas e materiais experimentais de formaa criar a partir de um mesmo conceito uma peça de características de cons-trução e físicas quase opostas mas com a mesma finalidade. Infelizmenteainda não é um projecto que tenha ganho muita disponibilidade da minhaparte e ainda só compreende uma peça, um poof feito a partir do banco tra-dicional português.

Vai participar na próxima Moda Lisboa, em Outubro? Sim, o meu desfile decorrerá no dia 10 às 16h30

O que vamos poder ver no seu desfile? Em que ideias e conceitos se ins-pirada a colecção?A colecção chama-se “to measure together”, não desvendando muito é umacolecção feminina e masculina baseada na procura de um novo conceitoestético de vestuário alterando os eixos de simetria do corpo que dão baseao do vestuário.

Sempre quis ser designer de moda? Não, astronauta, cantora, bailarina, escultora ...e muito curiosamente emsonhos, e até recorrentes, sou muitas vezes uma arquitecta de sucesso :).�

As influências podem ser

qualquer coisa e o facto de

estarmos uns bons anos

nesse meio é uma razão

para acontecer.

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