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SAUDADE DE MINHA AMADA

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Cordel premiado com o Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel

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Autor: MOACIR MORRAN

Editora Queima-Bucha

SAUDADE DE MINHA

Todo tempo neste instanteÉ uma grande eternidadePra matar essa vontadeNo meu coração pulsanteDe um amor que tá distanteBem longe dessa moradaE nesta noite enluaradaLadeando a minha éguaEu quero gritar sem trégua:Saudade de minha amada.

Essa falta é como um corteQue dói até no meu lembrarNão posso mais suportarUma dor que bate forteJá não ligo nem pra morteNessa vida agoniadaTão longe da desejadaA mulher que sempre ameiE o que sinto agora eu seiSaudade de minha amada.

AMADA

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A saudade é ferro quenteÉ pancada de chinelaNão é bonança e nem procelaVira a cabeça da genteNão tem essa de valenteRobustez incontestadaQuando por ela é atacadaO vivente se desmontaA cabeça fica tontaSaudade de minha amada.

E quando se pega o malQue já nasce dentro da almaÉ preciso muita calmaVirtude descomunalPois fere como punhalEssa ausência desgraçadaQue é uma carga tão pesadaPrum caboclo sonhadorE assim toco o meu clamorSaudade de minha amada.

Amar é algo complicadoFloresta vira desertoO errado pode está certoO certo talvez erradoO faminto é saciadoO tudo se torna nadaLiberdade aprisionadaA prisão que não tem gradeEu rezo que nem um fradeSaudade de minha amada.2

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Sei que o homem também choraQuando perde um grande amorE eu conheço bem a dorSinto de dentro pra foraMe rasgando como esporaToda a carne castigadaE não tem dor comparadaAo que sinto aqui no peitoE chorar é o meu direitoSaudade de minha amada.

Uma inevitável sinaNão se tem como escaparO efeito do verbo amarÉ virose que amotinaNossa alma fica traquinaA vida melhor e ousadaTem a sua carga pesadaComo um peso de uma penaOnde está a minha pequena?Saudade de minha amada.

Pode parecer loucuraEsse meu desejo toloMas a mulher é um consoloPra quem vive na amarguraSolidão é uma sepulturaEscura, funda e fechadaQue deixa alma atormentadaSuplicando uma atençãoDigo com toda paixãoSaudade de minha amada.

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Me lembro daquele diaEm que a vi a primeira vezTava domando uma rêsDe seu pai, Seu Zé MariaE quando eu vi aquela “cria”Naquela cerca escoradaPerdi o rumo da jornadaNão morri por uma sorteE hoje canto até a morte:Saudade de minha amada.

Moça branca como a luaCabelo cor de carvãoO corpo que nem violãoUm encanto que insinuaA qualquer homem da ruaDo sertão e de outra paradaEsta mulher tão encantadaMoça linda de se verDiga se não dar pra terSaudade de minha amada.

Sua voz doce a ressoarÉ brisa de litoralAssanhando o coqueiralE crespando todo o marNa sua boca um paladarDa fruta mais desejadaA minha alma enfeitiçadaQue parecia até com fomeE o alimento era o seu nomeSaudade de minha amada.4

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Mas antes dessa meninaMeu coração era caladoBatia meio retardadoNão tinha essa adrenalinaAgora tá como usinaPulsa que nem batucadaO seu amor me fez moradaDaqui nunca mais saiuEita que paixão febril!

Saudade de minha amada. Tudo foi como um trovãoFazendo muito barulhoMinha vida era um bagulhoHouve uma transformaçãoAlgo sem explicaçãoA minha vida alteradaDuma forma aceleradaQue ninguém podia explicarComo é grande o meu penarSaudade de minha amada.

Mas já era tarde demaisPra mudar o sentimentoArrancar do pensamentoMinhas vontades carnaisE eu gostava ainda maisDesta moça tão arretadaE que passava enfeitadaNem olhava pro vaqueiroCanta meu lembrar brejeiro:Saudade de minha amada.

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Me recordo bem de um diaEm que nós nasceu a paixãoOlhares em colisãoNo meio da vacariaNós em pura sintoniaParecia um conto de fadaQue em poesia ora é cantadaPor um poeta vulgarQue não pára de gritar:Saudade de minha amada.

Vivemos o nosso amorPor dentro de matagaisSem saber os nossos paisNão quisemos nada exporEu um simples agricultor Ela um tanto afortunada Nossa paixão era vetadaE pras famílias proibidoRecito mesmo feridoSaudade de minha amada.

Mas o capeta um dia aprontaNão tardava a nossa vezE mal completara um mêsNão chegou a fechar a contaNosso destino então afrontaNos leva pruma emboscadaSeu Zé Maria e a tropa armadaPreparam uma tocaiaEu falo e ninguém empaiaSaudade de minha amada.6

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O amor não sabe contarTanto faz um mês ou cemA razão não explica bemComo é que isso então se darE quem sou eu pra discordarDo que não se sabe nadaMesmo achando adiantadaNossa relação escondidaQue marcara a nossa vidaSaudade de minha amada.

Nós escapemos daquiloTivemos foi muita sorteE quase vimos a morteRessoando o seu sibiloNinguém mais tava tranquilo A coisa ficou pesadaNossa paixão ameaçadaNos deixava em afliçãoE versou o meu coração:Saudade de minha amada.

Cada dia ficou piorAté que um dia aconteceuMeu coração ali morreuPois não houve dor maiorDo que o fardo de estar sóNa solidão dessa estradaÉ melhor uma facadaNo ventre e no coraçãoQue viver essa emoçãoSaudade de minha amada.

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E naquele dia mesquinhoO seu pai; velho selvagemMandando-a fazer viagemDesfazendo o nosso ninhoHoje vivo aqui sozinhoNuma casa tão surradaCanto a tristeza veladaNos versos dessa cançãoQue tem o triste refrãoSaudade de minha amada.

Hoje não tenho notíciaDesse amor de juventudeNunca mais tive quietudeNem amor, paixão, caríciaFiquei como uma milíciaSonhando com a chegadaDa mulher distanciadaHá tempos de minha vidaAinda choro a partidaSaudade de minha amada.

Logo hoje no alegreteEm que me pus a lembrarUm amigo a me chamarMe trazia um certo bilheteQuase cai do tamboreteVendo a escrita desenhadaEra o nome da danadaDe quem amei de verdadePense na felicidade!Saudade de minha amada.8

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Eu desfiz minha tristezaEnxugando aquele prantoCoração pulsava tantoQue até tive uma molezaE agora tinha certezaMinha dor ia ser curadaTendo a vida agraciadaCom a volta do meu amorEu já não dizia com dor:Saudade de minha amada.

Abri aquilo lentamenteMeu coração tão apertadoFui lendo aquele recadoMuito vagarosamenteMe mantinha reticenteNuma leitura caladaDa cartinha perfumadaQue estava na minha mãoEu controlei a fixaçãoSaudade de minha amada.

Dizia assim o tal bilhete:“Ó meu amor, quero vocêÉ difícil te esquecerPois teu amor é o meu banqueteE tua ausência é um estileteQue me deixa mui cortadaQuero por ti ser beijada”E aquilo tudo num trizMe fez gritar tão feliz:Saudade de minha amada.

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Agora eu ia rever meu amorE curar minha feridaAquela emoção perdidaVoltou até com mais saborEu agradeço ao meu SenhorMinha dor fora extirpadaUma dádiva alcançadaApagando o meu passadoDigo mais aliviado:Saudade de minha amada.

Não há mal que não tem curaE não há ida sem a voltaTodo homem não se soltaDas garras de sua culturaNão há coração que aturaUma lembrança gravadaQue até hoje é recordadaMe ferindo com maldadeVou matar essa ansiedadeSaudade de minha amada.

Eu sai deste calvárioRevigorei minha vidaJá não sinto essa feridaNo meu coração ordinárioVivo um novo itinerárioQue mudará essa jornadaA vontade tão sonhadaDe rever o meu passadoMe fez cantar invocado:Saudade de minha amada.10

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O lírio abriu bonitoCortejado por pardaisVi belezas divinaisNaquele dia tão benditoTudo isso já tava escritoAntes dela ser contadaDessa maneira rimadaPor um poeta sem tinoE será obra do destino?Saudade de minha amada.

É imensa a minha alegriaQue alívio pro meu penarDeus veio me abençoarMatando a melancoliaE o que minha alma sofriaHá muito tempo enjauladaMas hoje então libertadaQuer de novo reviverPara nunca mais dizer:Saudade de minha amada.

Chega ao fim o meu sofrimentoVersejado neste ensejoRealizando o meu desejoQue risquei dentro do ventoA alegria nesse momentoExplodindo iluminadaTornou toda a caminhadaMuito mais leve e felizDentro de mim já não diz:Saudade de minha amada.

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Contatos com o autor:- Rua Braz de Francesco, 520 – Apto. 302 – Presidente Kennedy - 60.355-633 – Fortaleza-Ceará- Fone: (85) 3032.1895 / Celular (Oi) (85) 8826.1693- e-mail: [email protected] / [email protected] blog: http://versomaudito.blogspot.com- Twitter: http://www.twitter.com/moacirmorran - Facebook: http://www.facebook.com/moacirmorran

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Fone (84) 3314 2018Mossoró - RN

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Este cordel foi contemplado com o prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel – Edição Patativa do Assaré 2010.

XILOGRAVURA: NONATO ARAÚJO

Queima-Bucha - [email protected]