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docência é uma carreira estranha. Estamos sempre expostos, sempre envolvidos com diferentes audiências e expectativas, lidando com um mundo em rápida transformação diante do qual as teorias se apequenam e as Apráticas degeneram. Mas, falando como professor, o que mais fascina é que podermos conviver com muito daquilo que constitui o melhor das virtudes humanas, pois o núcleo do verdadeiro mister de ensinar, assim como o de aprender, consiste em podermos elevar-nos acima da nossa condição. Podemos melhorar e, assim, transcender. É vocação do homem falar, e não tartamudear . Andar, não mais engatinhar. Pensar e criar, não mais imitar. Significar o justo, não mais brutalizando-se na mera força. Tudo isso que aprendemos em séculos, podemos e devemos ensinar. O que nos eleva merece ser sustentado e o que ainda nos falta -e não é pouco - precisa ser conquistado a partir do que aprendemos. Esse é o fascínio maior desse mister estranho que é a docência. E dentre aqueles que a escolheram, cabe-nos hoje colocar em justa evidência o nome do Prof. Raimundo Ney Sardinha de Oliveira que, talvez tenha sido por ela escolhido... Poucos de nós na educação jurídica desse Estado não teríamos algo a dizer sobre ele. O "Ney" , como gostava que o chamássemos, mesmo aqueles que foram seus alunos, hoje colegas no magistério superior, não era pessoa com a qual se pudesse ser indiferente. Isso ele jamais permitiria, homem de opiniões firmes que sempre foi. Em um mundo no qual é muito mais convidativo passar-se pelo caminho médio das opiniões fáceis, falsamente conciliatórias e corretas, "Ney" optava sempre pela mais simples e coerente, sem curvas, sem tergiversações e "todavias". Isso por que era assim que ele era: simples e coerente. Professor exigente com os alunos, pois exigente consigo . Jamais transigia com suas próprias obrigações. Expositor de inteligência aguda, fala precisa, perspicaz, finamente irônico . Em torno dele sempre havia grande número de pessoas. Generoso, jamais se furtou ao convívio com os professores e alunos, na sala de aula, onde gostava de estar. Na sua casa, onde não poucas vezes os reunia. Ao aposentar-se, ficou um semestre sem dar aulas, e rapidamente retornou. Foi à docência que dedicou sua vida, que agora partilhava com a paixão pelos netos. Foi fundador do curso de Direito do Cesupa, constando do projeto de autorização junto ao MEC, já em 1996. Mas nós fomos filhos temporãos, e vários dos nossos jovens professores haviam sido seus alunos desde o antigo CESEP, hoje UNAMA. E em torno dele, do "Ney", todos nós fomos naturalmente nos reunindo. Seja pela experiência, seja pela intensidade e honestidade de sua personalidade magnética. Fato é que ele foi o primeiro professor homenageado pelo curso publicamente em 2010. Informalmente, tantas outras vezes, todos os dias. Sua presença era o modelo real daquilo que todos escolhemos ao abraçar a docência : formar gerações, influenciar pelas ideias, defender o que é certo e justo, e o que realmente vale a pena, sem medo, sem subterfúgios. Nosso querido Prof. Ney Sardinha, o "Ney" , ficará conosco como o exemplo de que, talvez, seja realmente estranho, mas induvidosamente belo, amarmos essa missão de sermos professores. Professores do curso de Direito do Cesupa SAUDADES!

SAUDADES! - CESUPA · 2013-05-06 · SAUDADES! Title: SAudade Author: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Created Date: 5/6/2013 12:03:26 PM

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docência é uma carreira estranha. Estamos sempre expostos, sempre envolvidos com diferentes audiências e

expectativas, lidando com um mundo em rápida transformação diante do qual as teorias se apequenam e as Apráticas degeneram. Mas, falando como professor, o que mais fascina é que podermos conviver com muito

daquilo que constitui o melhor das virtudes humanas, pois o núcleo do verdadeiro mister de ensinar, assim como o de

aprender, consiste em podermos elevar-nos acima da nossa condição. Podemos melhorar e, assim, transcender. É

vocação do homem falar, e não tartamudear . Andar, não mais engatinhar. Pensar e criar, não mais imitar. Significar o

justo, não mais brutalizando-se na mera força. Tudo isso que aprendemos em séculos, podemos e devemos ensinar. O que nos eleva merece ser sustentado e o que

ainda nos falta -e não é pouco - precisa ser conquistado a partir do que aprendemos. Esse é o fascínio maior desse mister

estranho que é a docência.E dentre aqueles que a escolheram, cabe-nos hoje colocar em justa evidência o nome do Prof. Raimundo Ney Sardinha

de Oliveira que, talvez tenha sido por ela escolhido...Poucos de nós na educação jurídica desse Estado não teríamos algo a dizer sobre ele. O "Ney" , como gostava que o

chamássemos, mesmo aqueles que foram seus alunos, hoje colegas no magistério superior, não era pessoa com a qual se

pudesse ser indiferente. Isso ele jamais permitiria, homem de opiniões firmes que sempre foi. Em um mundo no qual é

muito mais convidativo passar-se pelo caminho médio das opiniões fáceis, falsamente conciliatórias e corretas, "Ney"

optava sempre pela mais simples e coerente, sem curvas, sem tergiversações e "todavias". Isso por que era assim que ele

era: simples e coerente. Professor exigente com os alunos, pois exigente consigo . Jamais transigia com suas próprias obrigações. Expositor de

inteligência aguda, fala precisa, perspicaz, finamente irônico . Em torno dele sempre havia grande número de pessoas.

Generoso, jamais se furtou ao convívio com os professores e alunos, na sala de aula, onde gostava de estar. Na sua casa,

onde não poucas vezes os reunia. Ao aposentar-se, ficou um semestre sem dar aulas, e rapidamente retornou. Foi à

docência que dedicou sua vida, que agora partilhava com a paixão pelos netos.Foi fundador do curso de Direito do Cesupa, constando do projeto de autorização junto ao MEC, já em 1996. Mas nós

fomos filhos temporãos, e vários dos nossos jovens professores haviam sido seus alunos desde o antigo CESEP, hoje

UNAMA. E em torno dele, do "Ney", todos nós fomos naturalmente nos reunindo. Seja pela experiência, seja pela

intensidade e honestidade de sua personalidade magnética. Fato é que ele foi o primeiro professor homenageado pelo

curso publicamente em 2010. Informalmente, tantas outras vezes, todos os dias. Sua presença era o modelo real daquilo

que todos escolhemos ao abraçar a docência : formar gerações, influenciar pelas ideias, defender o que é certo e justo, e o

que realmente vale a pena, sem medo, sem subterfúgios. Nosso querido Prof. Ney Sardinha, o "Ney" , ficará conosco como o exemplo de que, talvez, seja realmente estranho,

mas induvidosamente belo, amarmos essa missão de sermos professores.

Professores do curso de Direito do Cesupa

SAUDADES!