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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO ACADÊMICO JULIE ELOY KRUSCHEWSKY SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA, 2008. FEIRA DE SANTANA-BA 2009

SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO …livros01.livrosgratis.com.br/cp120179.pdf · Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-Graduação, Departamento

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO ACADÊMICO

JULIE ELOY KRUSCHEWSKY

SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO

MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA, 2008.

FEIRA DE SANTANA-BA

2009

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JULIE ELOY KRUSCHEWSKY

SAÚDE BUCAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO

MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA, 2008.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva do Departamento de

Saúde (Mestrado Acadêmico) da Universidade Estadual

de Feira de Santana (UEFS) como requisito parcial para

a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Área de Concentração: Epidemiologia

Linha de Pesquisa: Epidemiologia das Doenças Bucais.

ORIENTADORA:

Profª Drª Técia Daltro Borges Alves

CO-ORIENTADOR:

Prof. Dr. Márcio Campos Oliveira

FEIRA DE SANTANA-BA

2009

Ficha catalográfica

Kruschewsky, Julie Eloy

K95s Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia,

2008./ Julie Eloy Kruschewsky. – Feira de Santana, 2009.

155 f.: il.

Orientadora: Tecia Daltro Borges Alves

Co-Orientador: Márcio Campos Oliveira

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-Graduação,

Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2009.

1.Levantamento epidemiológico. 2.Saúde bucal. 3.Idoso - Saúde bucal. I.Alves, Tecia

Daltro Borges. II. Oliveira, Márcio Campos. III.Universidade Estadual de Feira de

Santana. IV.Título.

CDU: 616.314(814.22)

Dedico este trabalho a Deus, sem o qual nada disto seria possível,

aos meus pais, Vera e Duca, à minha vó Dita, às minhas tias Beá e

Lilia e aos idosos institucionalizados do município de Feira de

Santana.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a vida, força, sabedoria e pais maravilhosos.

Agradeço a meus pais por lutarem por mim e por minhas irmãs a cada dia de suas vidas.

Obrigada por estarem ao meu lado em todos os momentos de minha vida.

Obrigada minhas irmãs queridas por existirem, por fazerem parte de minha vida e por

torcerem pela minha vitória.

A você Adilio, meu marido querido, agradeço pelo amor, apoio, dedicação, paciência, por

acreditar em mim e por estar sempre presente nos momentos mais difíceis.

Obrigada famílias Eloy, Kruschewsky e Mucury pela força, pela torcida e, principalmente,

por entenderem que o momento é de renúncia, de dúvidas e por vezes isolamento.

Aos meus orientadores Técia e Márcio, o meu “muito obrigada” é especial. Obrigada pela

confiança, paciência, dedicação. Obrigada pelas orientações, por noites mal dormidas, pelo

companheirismo e amizade. A vocês o meu eterno reconhecimento.

Às instituições asilares, aos cuidadores e aos idosos, obrigada pela disponibilidade, confiança

e entrega. Faria tudo outra vez, podem apostar.

À UEFS e ao PPGSC obrigada pela oportunidade!! Jorge e Goreth obrigada por tudo o que

fizeram para tornar a minha passagem por aqui a mais agradável possível.

Aos professores do PPGSC pelo conhecimento e estímulo que obtive durante todo o curso.

Meus colegas queridos, realmente valeu a pena estar aqui. Conheci vocês e construí sólidas

amizades. Aprendi muito com cada um de vocês, coisas para a profissão e coisas para a vida.

Compartilhei com vocês momentos inesquecíveis. Podem contar comigo para o que der e vier.

Aos meus queridos amigos Lyz, Antônio Porto, Cristiane Mercês e Ray. À Célia minha ACD

(anotadora) incansável e super solícita. Ao meu querido taxista Seu Piro, pelas idas e vindas.

Amigos que me ajudaram a chegar aqui e a construir este trabalho. Com vocês as coisas

ficaram bem mais fáceis.

Agradeço à SESAB, instituição que trabalho, pelo apoio e pela compreensão. Obrigada

Débora, minha diretora, por compreender o momento e me estimular cada dia mais. Obrigada

Lili, minha coordenadora, pela solidariedade demonstrada a cada instante. E, aos meus

coleguinhas, Fátima, Rosa, Luiz, Rosângela, Jacqueline e Paulinha, meu “muito obrigada”

pela torcida, apoio, paciência e pelas grandes risadas em momentos de estresse. Pessoal da

SESAB, receba a minha sincera gratidão.

E, finalmente, agradeço a todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para a

realização deste sonho.

O ponto fundamental é saber, para poder enxergar;

o que evidencia o conhecimento como requisito

básico para a atenção interdisciplinar ao idoso.

(SHINKAI; CURY, 2000, p.1108)

RESUMO

KRUSCHEWSKY, J. E. Saúde Bucal de Idosos Institucionalizados no Município de Feira de Santana, Bahia, 2008. [Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS].

Objetivo: esse estudo transversal teve como objetivo descrever as características do perfil epidemiológico da saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana (BA) em 2008. Métodos: participaram do estudo todos os idosos institucionalizados no município de Feira de Santana (BA). Foram excluídos aqueles com idade abaixo de 60 anos e com condições físicas e psicológicas que impossibilitassem o exame clínico. Primeiramente, um estudo-piloto foi realizado com 16 idosos para testar os métodos, os instrumentos de coleta e calibrar a pesquisadora e sua anotadora. Uma ficha de levantamento epidemiológico foi aplicada com o intuito de caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico dos idosos institucionalizados (sexo, grupo étnico, faixa etária, estado civil, escolaridade, tipo de instituição e renda pessoal) e; estimar a prevalência das principais doenças bucais: cárie coronária, cárie de raiz, edentulismo, doença periodontal, alterações em tecido mole e candidose oral. Uma ficha de identificação da instituição foi aplicada aos responsáveis pela instituição, o que possibilitou o registro da existência ou não de programas odontológicos comprometidos com a proteção e promoção da saúde bucal dos idosos. Resultados: a maioria dos idosos investigados foi do sexo feminino (63,33%), da raça negra (47,5%), com faixa etária entre 60 e 75 anos (49,2%), solteira (47,5%) e analfabeta (60,8%). O CPO-D médio foi de 28,77 (±4,83). O componente “perdido” foi o de maior prevalência e representou 79,83%. A prevalência de cárie de raiz, entre as raízes expostas (N=524) foi de 13,16% e, o CO-R, entre os indivíduos que apresentaram raízes expostas (N=63), foi de 1,09. Dos 120 idosos investigados, 47 (39,17%) eram totalmente edêntulos. Segundo o Índice Periodontal Comunitário (CPI), somente 1,25% dos sextantes estavam sadios. A maioria dos sextantes que tinham problemas apresentava cálculos (6,67%), e sangramento (6,53%). Segundo o Índice de Perda de Inserção Periodontal (PIP), somente cinco idosos foram considerados sadios, com perda de inserção de 0 a 3 mm. Foram considerados excluídos 83,33% dos 720 sextantes examinados. Vinte e quatro idosos apresentaram alteração em tecido mole. Dez (10) idosos (8,33%) apresentaram candidose. Das 04 (quatro) instituições (01 particular e 03 filantrópicas) somente uma desenvolvia ações de saúde bucal em seu cotidiano. Conclusão: os idosos institucionalizados no município de Feira de Santana (BA) apresentaram precárias condições de saúde bucal, o que evidencia a necessidade de outros estudos que considerem a saúde do idoso institucionalizado para subsidiar o planejamento das ações, bem como, a urgência na tomada de decisões do poder público no que tange à implementação de programas de saúde bucal, com vistas à promoção, proteção, recuperação da saúde bucal, e, conseqüentemente a melhoria da qualidade de vida dos seus idosos institucionalizados.

Palavras-Chave: Levantamento epidemiológico. Saúde bucal. Saúde do idoso institucionalizado.

ABSTRACT

KRUSCHEWSKY, J.E. Oral Health of Institutionalized Elderly in the City of Feira de Santana, Bahia, 2008. [Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS]. Objective: this cross sectional study aimed to describe the main features of the epidemiological profile of the oral health in institutionalized elderly in the city of Feira de Santana (BA) in 2008. Methods: all the institutionalized elderly in the city of Feira de Santana (BA) participated of the study. We excluded those aged below 60 years with physical and psychological conditions which made it impossible to clinical examination. Previously, a pilot study was conducted with 16 older people to test the methods, tools to collect and calibrate the researcher and recorded. A epidemiological survey chart was applied in order to characterize the social-economic and demographic profile of the institutionalized elderly (sex, ethnic group, age, marital status, education, type of institution and personal income) and; estimate the prevalence of the major oral diseases: coronary caries, root caries, edentulism, periodontal disease, changes in soft tissue and oral candidosis. A chart of identification was applied to the responsible for the institution, which allowed the registration of the existence or not of dental programs commited to the protection and promotion of oral health of older people. Results: most of investigated elderly was female (63.33%), of the black race (47.5%), aged between 60 and 75 years (49.2%), single (47.5%) and illiterates (60.8%). The CPO-D mean was 28,77 (±4,83). The component “lost” was the most prevalent and accounted for 79.83%. The prevalence of root caries, among the exposed roots (N=524) was 13,16% and, the CO-R, among those who had exposed roots (N=63), was 1,09. Of the 120 elderly studied, 47 (39.17%) were totally edentulous. According to Community Periodontal Index (CPI) only 1.25% of the sextants were healthy. Most sextants had problems presented dental calculus (6.67%), and bleeding (6.53%). Under the Attachment Loss Index (PIP), only 5 were considered healthy elderly, with insertion loss of 0 to 3mm. We considered excluded 83.33% of the 720 examined sextants. Twenty-four elderly showed changes in soft tissue. Ten (10) elderly (8.33%) had candidosis. Of 04 (four) institutions (01 private and 03 philanthropic) only one developed action of oral health in their daily lives. Conclusion: the institutionalized elderly in the city of Feira de Santana (BA) had poor oral health, highlighting the need for further studies to consider the health of the institutionalized elderly to support the planning of actions, as well as the urgency in making decisions of the public in regard to implementation of oral health to the promotion, protection, recovery of the oral health, and, consequently improving the quality of life of its institutionalized elderly. Key Words: Epidemiological survey. Oral health. Health of institutionalized elderly.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sonda CPI, ilustrando as marcações com as distâncias, em milímetros, à ponta

da sonda................................................................................................................

69

Figura 2 Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes índices para CPI e PIP.... 69

Figura 3 Codificação do IPC (CPI), mostrando a posição da sonda...................................

70

Figura 4 Codificação do PIP, mostrando a posição da sonda............................................. 71

Figura 5 Distribuição dos idosos segundo tipo de instituição. Feira de Santana-BA, 2008......................................................................................................................

85

Figura 6 Distribuição dos idosos institucionalizados segundo idade e sexo. Feira de Santana-BA, 2008.................................................................................................

87

Figura 7 Proporção dos componentes do CPO-D (cariado, perdido e obturado) e suas respectivas médias segundo faixa etária dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. ..........................................................................................

90

Figura 8 Número de idosos institucionalizados, segundo o maior grau de condição periodontal observado no indivíduo e sexo. Feira de Santana-BA, 2008............

97

Figura 9 Número de idosos institucionalizados, segundo o maior grau de condição periodontal observado no indivíduo e sexo. Feira de Santana-BA, 2008............

97

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 População Residente de Feira de Santana com Faixa Etária de 60 ou mais anos, Período: 2007..............................................................................................

52

Quadro 2 População Estudada e População Residente em Instituições de Longa Permanência para Idosos no município de Feira de Santana (BA). Período: 2008.......................................................................................................................

53

Quadro 3 Códigos utilizados para definição do sexo. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008...................................................................................................

58

Quadro 4 Códigos utilizados para definição do grupo étnico. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

59

Quadro 5 Códigos utilizados para definição da faixa etária. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

60

Quadro 6 Códigos utilizados para definição do estado civil. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008..................................................................................

60

Quadro 7 Códigos utilizados para definição da renda pessoal. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

61

Quadro 8 Códigos utilizados para definição da escolaridade. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

61

Quadro 9 Códigos utilizados para assinalar a realização ou não do exame. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................

63

Quadro 10 Códigos e critérios preconizados pela OMS para o diagnóstico e registro de cárie da coroa dentária..........................................................................................

65

Quadro 11 Códigos e critérios preconizados pela OMS para o registro da necessidade de tratamento..............................................................................................................

66

Quadro 12 Códigos e critérios preconizados pela OMS para o diagnóstico e registro de cárie de raiz...........................................................................................................

68

Quadro 13 Códigos utilizados no CPI. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008...................................................................................................................

70

Quadro 14 Códigos utilizados para aferir a PIP. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.................................................................................................

71

Quadro 15 Códigos utilizados para assinalar o uso de prótese. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008...................................................................................

72

Quadro 16 Códigos utilizados para assinalar a necessidade de prótese. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................

72

Quadro 17 Códigos utilizados para assinalar as respostas dadas ao questionamento “Após a colocação da prótese, houve acompanhamento?”. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

74

Quadro 18 Códigos utilizados para assinalar as respostas dadas ao questionamento “Quanto tempo tem que usa a mesma prótese?”. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................................................

74

Quadro 19 Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Total. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

75

Quadro 20 Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Parcial Removível. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.....................

75

Quadro 21 Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Fixa. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

76

Quadro 22 Códigos utilizados para assinalar a presença de alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008..........................................

76

Quadro 23 Códigos utilizados para assinalar a presença da candidose oral. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

77

Quadro 24 Códigos utilizados para assinalar tipo de lesão fundamental. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................

78

Quadro 25 Códigos utilizados para assinalar a coloração da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

78

Quadro 26 Códigos utilizados para assinalar a consistência da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

78

Quadro 27 Códigos utilizados para assinalar a sintomatologia da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

79

Quadro 28 Códigos utilizados para assinalar a presença de candidose oral. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.........................................

79

Quadro 29 Elenco das variáveis dependentes, suas definições e categorizações. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................

80

Quadro 30 Elenco das variáveis independentes e suas categorizações. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008....................................................

80

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Coeficientes de Kappa, intra-examinador, calculados no estudo-piloto e nos reexames durante a coleta para as condições examinadas em idosos institucionalizados em Feira de Santana-Ba, 2008........................................

56

Tabela 2 Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.....................................................................................

86

Tabela 3 Idade dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008................

87

Tabela 4 Número e percentual dos componentes do Índice CPO-D dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008............................................

88

Tabela 5 Distribuição do valor da média dos componentes e do CPO-D, segundo faixa etária e sexo, dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008...............................................................................................................

89

Tabela 6 Distribuição dos idosos institucionalizados com pelo menos 20 dentes segundo tipo de instituição. Feira de Santana-BA, 2008................................

90

Tabela 7 Índice CPO-D médio, mínimo e máximo, segundo tipo de instituição de idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.................................

91

Tabela 8 Índice CPO-D médio, mínimo e máximo, segundo acesso a programa de atenção à saúde bucal de idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008...............................................................................................................

91

Tabela 9 Média dos componentes do índice CPO-D (cariado, perdido, obturado e hígido) segundo grupo étnico em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008..........................................................................................

91

Tabela 10 Média dos componentes do índice CPO-D (hígido, cariado, perdido e obturado) segundo escolaridade em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008..........................................................................................

92

Tabela 11 Distribuição da média do CPO-D, segundo estado civil e renda, dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008............................................

92

Tabela 12 Número e percentual dos componentes do índice CO-R em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008............................................

93

Tabela 13 Distribuição do CO-R, segundo acesso a programa de saúde bucal, sexo e faixa etária dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008......

94

Tabela 14 Necessidades de tratamento obtidas a partir do índice CPOD, para os dentes presentes na boca dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008........................................................................................................

95

Tabela 15 Número e percentual de sextantes, segundo a condição periodontal e localização, em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.......

96

Tabela 16 Número médio de sextantes afetados e respectiva proporção em cada escore do CPI dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008...

96

Tabela 17 Número de idosos, segundo a perda de inserção periodontal observada nos sextantes dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008...........

98

Tabela 18 Número médio de sextantes afetados e respectiva proporção em cada escore do PIP dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008...

98

Tabela 19 Distribuição de freqüência do uso de prótese nos arcos superior e inferior nos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008..........................

99

Tabela 20 Distribuição de freqüência da necessidade protética para os arcos superior e inferior nos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008..........

99

Tabela 21 Distribuição dos idosos institucionalizados segundo uso e necessidade de prótese na arcada superior. Feira de Santana-BA, 2008................................

100

Tabela 22 Distribuição dos idosos institucionalizados segundo uso e necessidade de prótese na arcada inferior. Feira de Santana-BA, 2008.................................

100

Tabela 23 Uso de prótese em ambos os arcos em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008..........................................................................................

101

Tabela 24 Necessidade de prótese em ambos os arcos em idosos institucionalizados, Feira de Santana-BA, 2008............................................................................

101

Tabela 25 Qualidade das próteses em ambos os arcos em idosos institucionalizados, Feira de Santana-BA, 2008............................................................................

102

Tabela 26 Distribuição dos idosos institucionalizados segundo a presença ou ausência de acompanhamento após a colocação da prótese e seus respectivos CPO-D e CO-R. Feira de Santana-BA, 2008.............................

102

Tabela 27 Distribuição dos idosos segundo o tempo de uso da prótese e seus respectivos CPO-D e CO-R. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008......................................................................................................

103

Tabela 28 Número de idosos institucionalizados com alteração em tecido mole segundo sexo, grupo étnico, tempo de uso e acompanhamento da prótese. Feira de Santana-BA, 2008............................................................................

104

Tabela 29 Distribuição dos idosos institucionalizados segundo localização, tipo de lesão fundamental, coloração, consistência, sintomatologia da alteração em tecido mole e candidose. Feira de Santana-BA, 2008..............................

105

LISTA DE SIGLAS

ILPI Instituições de Longa Permanência para Idosos SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SUS Sistema Único de Saúde SMS Secretaria Municipal de Saúde UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana MS Ministério da Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas INCA Instituto Nacional de Câncer FDI Fédération Dentaire International ISC-UFBA Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia DNSB Divisão Nacional de Saúde Bucal CPO-D Dentes Cariados, Perdidos e Obturados PPR Prótese Parcial Removível PT Prótese Total ICNTP Índice Comunitário de Necessidade de Tratamento Periodontal THD Técnico em Higiene Dental PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa SM Salário Mínimo IPC ou CPI Índice Periodontal Comunitário PIP Perda de Inserção Periodontal JAC junção amelocementária IQP Índice de Qualidade do Trabalho Protético PT Prótese Total PPR Prótese Parcial Removível PF Prótese Fixa NUCAO Núcleo de Câncer Oral CEO Centro de Especialidades Odontológicas LRPD Laboratório Regional de Prótese Dentária

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 17

2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................... 20

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO................................ 20

2.2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL.................... 22

2.2.1 A institucionalização do idoso............................................................................. 25

2.3 EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE BUCAL DAS PESSOAS IDOSAS............................ 28

2.3.1 Principais problemas bucais ............................................................................... 30

2.3.2 Panorama da saúde bucal das pessoas idosas no Brasil.................................... 35

2.3.3 Condições socioeconômicas: determinantes da saúde bucal de idosos?.......... 42

2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA.. 44

3 OBJETIVOS DO ESTUDO..............................................................................................

49

3.1 GERAL............................................................................................................................ 49

3.2 ESPECÍFICOS................................................................................................................. 49

4 MÉTODOS......................................................................................................................... 50

4.1 TIPO DE ESTUDO......................................................................................................... 50

4.2 LOCAL DO ESTUDO..................................................................................................... 50

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO.......................................................................................... 52

4.3.1 Critérios de inclusão e exclusão das instituições e dos indivíduos.................. 52

4.4 FLUXOGRAMA............................................................................................................. 54

4.5 COLETA DOS DADOS................................................................................................... 55

4.5.1 Calibração e estudo-piloto...................................................................................

4.5.2 Instrumentos de coleta dos dados.......................................................................

4.5.3 Caracterização da instituição..............................................................................

4.5.4 Perfil socioeconômico e demográfico..................................................................

4.5.5 Exame clínico - condição de saúde bucal............................................................

4.6 ELENCO DAS VARIÁVEIS...........................................................................................

4.6.1 Dependentes..........................................................................................................

4.6.2 Independentes.......................................................................................................

4.7 ASPECTOS ÉTICOS.......................................................................................................

4.8 LIMITAÇÕES DO ESTUDO..........................................................................................

55

55

57

57

62

79

79

80

81

83

4.9 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS....................................................................

84

5 RESULTADOS ................................................................................................................

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES................................................................

5.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO......................................................

5.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL................................................................................

85

85

85

88

6 DISCUSSÃO......................................................................................................................

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES.................................................................

6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO......................................................

6.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL................................................................................

107

107

108

111

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................

126

REFERÊNCIAS..................................................................................................................

128

APÊNDICES.........................................................................................................................

141

ANEXOS................................................................................................................................ 148

17

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, o Brasil é considerado um país de recente colonização que apresentou

um processo explorador de recursos humanos com baixo investimento. Nesse contexto, a

pirâmide populacional sempre se apresentou tendo uma base larga e ápice estreito, típica de

países subdesenvolvidos.

Atualmente, com as inovações tecnológicas e com o radical incremento da expectativa

de vida, de 65 anos ou mais, a pirâmide populacional brasileira começa a alterar o seu

desenho, com base e ápice quase idênticos, resultando no aumento da procura das pessoas

idosas pelos serviços de saúde.

No entanto, os países em desenvolvimento, como o Brasil, não se encontram

preparados para esta mudança, já que o crescimento dessa parcela da população acontece

desvinculado de um desenvolvimento social (PUCCA JUNIOR, 1995), o que dificulta o

acesso aos serviços e gera um acúmulo de problemas bucais.

Daí vale a ressalva de que as prioridades dos serviços de saúde não estão relacionadas

à odontologia, e muito menos a esse grupo etário (SOUZA; PAGANI; JORGE, 2001).

Ao chegar à velhice, a tendência ao aumento de limitações e incapacidades faz com

que os filhos sejam levados a dispor maior atenção e cuidados a seus pais, invertendo-se os

papéis anteriores na relação de autoridade. Desse modo, alguns filhos optam em acomodar

seus pais em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI- Termo utilizado pela

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia / SBGG).

Os idosos que vivem nessas instituições, por sua vez, apresentam características

importantes, tais como o aumento de sedentarismo, a perda de autonomia e a ausência de

familiares, que entre outros, contribuem para o aumento das prevalências das morbidades e

co-morbidades relacionadas à autonomia (FABRÍCIO et al., 2004).

Em se tratando de morbidades ligadas à autonomia e ao autocuidado, destaca-se o

edentulismo, um problema de saúde pública de elevada freqüência, diversas morbidades

associadas e elevado custo social e econômico, sobretudo quando associado ao aumento da

dependência e ao início da vida em um asilo (GONÇALVES et al., 2008).

Aliados a isso, encontram-se a desvalorização da saúde bucal pelas pessoas em geral e

o retardo com que a prevenção em odontologia foi introduzida no Brasil, que só passou a

despertar interesse a partir do final da década de 70. Desse modo, ao se levantar os aspectos

18

epidemiológicos da saúde bucal de idosos institucionalizados, o que se espera são baixos

níveis de saúde bucal.

Sendo assim, com o intuito de ampliar a assistência a esses usuários, que se

apresentam, cada vez mais, ativos na população, e mais preocupados com sua qualidade de

vida, políticas nacionais e estaduais de atenção à saúde do idoso surgem nesse novo cenário,

com o objetivo de atingir a integralidade na assistência. Nessa perspectiva, o cirurgião-

dentista aparece como participante da equipe interdisciplinar capaz de suprir uma boa parte

das necessidades de saúde dessa parcela da população (BARBOSA; BARBOSA, 2002).

No entanto, a baixa prioridade conferida aos idosos na implementação dessas políticas

públicas (assistenciais, previdenciárias e de ciência e tecnologia) evidencia uma percepção

inadequada das suas necessidades. Para Veras e Caldas (2004) torna-se necessário um esforço

político orientado no sentido de colocar na agenda da sociedade as necessidades desse

segmento populacional.

Além disso, para que os programas e outras ações descentralizadas surtam efeito, na

sociedade em geral e nas instituições que acolhem os idosos, os gestores dos serviços e os

profissionais de saúde precisam ter idéia de como a saúde da população em foco se encontra.

Sendo importante, portanto, a realização de inquéritos epidemiológicos periódicos que

mostrem a realidade e subsidiem o planejamento das ações.

Para Roncalli (2004), a epidemiologia em saúde bucal no Brasil cresceu sensivelmente

nos últimos anos, especialmente do ponto de vista da produção de dados na esfera municipal.

O advento do Sistema Único de Saúde (SUS) no final dos anos 80 introduziu um novo desafio

aos sistemas públicos de assistência à saúde bucal no sentido da implementação de modelos

de base epidemiológica, sendo esse fato um catalisador de iniciativas na geração de

informações sobre saúde bucal.

A preocupação com a saúde bucal e qualidade de vida desse grupo populacional, a

relevância da prevenção, bem como do controle de complicações intimamente relacionadas

com esta faixa etária, fizeram com que a Secretaria de Saúde do Estado e a Universidade

Estadual de Feira de Santana apoiassem a realização dessa pesquisa.

A escolha do tema, por sua vez, deveu-se à inquietação da pesquisadora, uma cirurgiã-

dentista, sanitarista, que durante dois anos se dedicou ao cuidado da saúde bucal de pessoas

idosas, em um município do sul da Bahia; e da necessidade de se levantar informações que

subsidiassem a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no planejamento de ações de promoção,

proteção e recuperação da saúde bucal desse grupo populacional.

19

Aliada à lacuna de informação sobre a saúde bucal dos idosos feirenses

institucionalizados está a necessidade de se produzir pesquisas, vinculadas ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que

abordem a saúde da população do semi-árido baiano e do município de Feira de Santana.

Nessa perspectiva, a pesquisadora objetivou, com esse trabalho, descrever as

características do perfil epidemiológico da saúde bucal de idosos institucionalizados no

município de Feira de Santana (BA) em 2008.

20

2 REVISÃO DE LITERATURA

Na elaboração dessa dissertação foram consideradas as determinações da Constituição

da República Federativa do Brasil (1988), da Legislação Brasileira relacionada à saúde e aos

idosos, e dados dos sistemas de informação, manuais e programas do Ministério da Saúde

(MS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Organização Mundial da

Saúde (OMS), da Organização das Nações Unidas (ONU), do Instituto Nacional de Câncer

(INCA) e da Fédération Dentaire International (FDI).

Além disso, foram utilizados artigos científicos e livros, referentes à saúde bucal do

idoso institucionalizado, do período entre 1986 a 2008, disponíveis eletronicamente e na

biblioteca da UEFS e do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia

(UFBA), que apresentaram os seguintes descritores: envelhecimento, saúde do idoso, saúde

do idoso institucionalizado, saúde bucal, epidemiologia, epidemiologia descritiva,

levantamentos epidemiológicos, odontologia geriátrica, odontologia para idosos,

odontogeriatria, institucionalização, políticas públicas de saúde.

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO

Viver é envelhecer. A cada instante, insensível e irreversivelmente, a ação do tempo vai-se fazendo sentir sobre o organismo humano. (GOIATO et al., 1999)

O processo de envelhecimento, desencadeado logo ao nascimento (FAJARDO;

GRECCO, 2003), produz modificações morfofisiológicas em todo o organismo (PUCCA

JUNIOR, 1995), o que gera na população idosa características peculiares e necessidades

particulares de saúde.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1997) situa esta população como sendo

aquela com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos, e 60 anos nos países em

desenvolvimento. Além disso, divide esta faixa etária em quatro estágios: meia-idade (45 a 59

anos), idoso (60 a 74 anos), ancião (75 a 90 anos) e velhice extrema (90 anos em diante).

A Fédération Dentaire Internationale (FDI, 1987), por sua vez, considera como

pessoas idosas aquelas com mais de sessenta (60) anos, classificando-as em três grupos, de

21

acordo com o grau de dependência: independentes, parcialmente dependentes e totalmente

dependentes.

Nesse mesmo sentido, Furtado (1997) afirma que estudos mais recentes já estabelecem

outra classificação em relação à categorização dos idosos: – os "jovens-idosos" - de 60 a 69

anos; – os "meio-idosos" - de 70 a 79 anos e – "idosos-velhos" de 80 anos em diante.

Contudo, na contemporaneidade são utilizados alguns termos para substituir as

palavras velho e idoso. Segundo Veras (1995), “Terceira Idade” é um termo em uso pela

mídia e pelos falantes de línguas latinas para caracterizar os indivíduos em processo de

envelhecimento, ou seja, que já ultrapassaram a fase adulta da vida, acima de 65 anos. Essa

expressão tem origem francesa para o título de lês universités du Troisiene Age. A França

utiliza atualmente o termo Quarta idade para pessoas acima de 80 anos.

Quando o termo utilizado é “Terceira Idade”, Siqueira, Botelho e Coelho (2002), o

define como uma construção das sociedades contemporâneas que vem sendo empregado por

acreditar-se que é isento de conotações depreciativas. Refere-se, em geral, àqueles idosos que

ainda não atingiram a velhice mais "avançada", estão na faixa dos 55 aos 70 anos, e inclui,

fundamentalmente, indivíduos que ainda têm boa saúde e tempo livre para o lazer e para

novas experiências nessa etapa da vida.

Outro termo que vem sendo bastante utilizado na atualidade é o termo “Melhor Idade”

considerando que a chegada à velhice deveria realmente representar a chegada na melhor

idade. Na realidade, esses termos vêm sendo utilizados para supostamente suavizar a carga do

termo velho, velhice ou idoso, o que não passa de um eufemismo que, segundo o Dicionário

Aurélio (FERREIRA, 1999), significa: “Ato de suavizar a expressão de uma idéia

substituindo a palavra ou expressão própria, por outra mais agradável, mais polida”.

Na compreensão de Ferreira (1980), “velhice é estado ou condição de velho, idade

avançada, rabugice ou disparate próprio do velho. Envelhecer é tornar-se velho, parecer

velho, perder a frescura, o viço, durar muito tempo, tornar-se desusado ou inútil. O idoso é

aquela pessoa que tem muita idade, longeva”.

Por outro lado, Mendonça (2006) pontua que o envelhecimento faz parte do ciclo de

vida das pessoas, assim como a infância e a juventude. Significa um processo natural e

dinâmico, não uma doença. Ao reconhecer o envelhecimento como um processo inevitável e

irreversível, as condições crônicas e incapacitantes, que normalmente acompanham esse

processo, podem ser prevenidas ou retardadas, não só através de intervenções da área médica,

mas também da social, econômica e ambiental.

22

O fato é que, as pessoas estão vivendo mais e esse fato traz em si conseqüências que se

traduzem em uma nova revolução social, onde uma parte da população, até então segregada

pelo monopólio da juventude, ganha novas dimensões (MOREIRA; QUELUZ, 1999).

Assim, o processo de envelhecimento das pessoas é uma questão que deve envolver

com mais veemência, responsabilidade e abrangência os segmentos da sociedade e os grandes

ramos da ciência na busca de estratégias capazes de minimizar a discriminação da velhice

(TORRES, 1986).

2.2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

A irreversibilidade do envelhecimento populacional brasileiro deve ser encarada não só como uma conquista, mas como responsabilidade de toda a nossa sociedade. (CHAIMOWICZ; GRECO, 1999)

Um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea é o modo como o

envelhecimento populacional se dá. Esse fenômeno ocorreu inicialmente em países

desenvolvidos. Entretanto, mais recentemente é nos países em desenvolvimento que o

envelhecimento da população tem ocorrido de forma mais acentuada (CAMARANO, 2002).

No Brasil, a população de 60 anos ou mais de idade cresceu gradativamente, o que de

acordo com o IBGE (2008a), "indica que o país se encontra em processo de envelhecimento

populacional". O número de idosos brasileiros passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões

em 1975 e 14 milhões em 2002 (um aumento de quase 500% em quarenta anos) e estima-se

que alcançará 32 milhões em 2020.

A tendência de crescimento desse segmento populacional, de até cinco vezes em

apenas 60 anos (1960-2020), situará o Brasil como o sexto país do mundo em termos de

massa de idosos (VERAS, 2001). Em países como a Bélgica, por exemplo, foram necessários

cem anos para que a população idosa dobrasse de tamanho (LIMA-COSTA; VERAS, 2003).

Segundo Dunkerson (1990), as causas para esse envelhecimento populacional são

várias: desde o saneamento das águas de uso público (diminuindo o número de doenças), ao

controle da mortalidade infantil (devido às vacinações em massa e outros programas de saúde

pública), controle da natalidade, aos avanços da medicina (tecnologia e novas medicações),

estilos de vida mais saudáveis (nutrição, exercício físico), isto é, todos os avanços os quais

têm levado ao aumento da expectativa de vida da raça humana.

23

De acordo com a Fundação IBGE (1996), mantidas as tendências atuais, a projeção

para 2025 é de que a proporção de idosos no país esteja em torno de 15%.

Embora esse percentual seja inferior à média dos países europeus (25%), coloca para o

Brasil a problemática decorrente do envelhecimento, no que diz respeito à saúde (doenças

crônicas, requerendo cuidados continuados e custosos), agravada pelo fato de que problemas

como a desnutrição e doenças infecciosas ainda persistem no país. Em outras palavras, esse

aumento do número de indivíduos idosos na população brasileira requer uma atenção

diferenciada de diversos setores da sociedade, em especial do pessoal envolvido nos cuidados

com a saúde desse grupo etário (MARCHINI, 1998).

Ainda de acordo com a Fundação IBGE (1996), o aumento do número de idosos

também tem sido acompanhado por um acréscimo significativo nos anos de vida da população

brasileira. A esperança de vida, que era em torno de 33,7 anos em 1950/1955, passou para

50,99 em 1990, chegou até 66,25 em 1995 e deverá alcançar 77,08 em 2020/2025.

Mais especificamente na Bahia, uma mulher com 60 anos de idade, possuía em 1991

20,14 anos de Esperança de Vida, e em 2006 22,78 anos. Para o sexo masculino, esses

números são menores, mas também cresceram com o passar dos anos. Em 1991, os homens

com 60 anos de idade possuíam ainda 18,07 anos de Esperança de Vida e em 2006, 20,76.

Esses números vêm confirmar que os baianos, bem como os brasileiros, estão vivendo mais e

que as mulheres possuem expectativa de vida maior do que os homens (IBGE, 2008c).

Além da maior expectativa de vida entre as mulheres, existe uma predominância da

população feminina entre os idosos, e esta gera repercussões importantes nas demandas por

políticas públicas. Uma delas diz respeito ao fato de que embora as mulheres vivam mais do

que os homens, elas estão mais sujeitas a deficiências físicas e mentais do que seus parceiros

masculinos (CAMARANO, 2002). Além disso, as mulheres idosas experimentam uma

probabilidade maior de ficarem viúvas, em situação sócio-econômica desvantajosa e com

necessidades de saúde especiais (PAVAN, 2008).

Em 2006, dos 17 milhões de idosos brasileiros 55,23% eram do sexo feminino. Na

Bahia esse quadro não se mostrou diferente dos 1.159.163 idosos, 54,33% são mulheres

(IBGE, 2008a). Para Camarano (2002), a maior longevidade da população feminina explica

esse diferencial na composição por sexo. Como conseqüência, diz o autor, quanto “mais

velho” for o contingente estudado maior a proporção de mulheres neste. Além disso, no

Brasil, onde existem aproximadamente 200 mil abrigos para idosos, a maior parte dos

asilados é do sexo feminino (PAVAN et al., 2008).

24

A participação feminina no mercado de trabalho retira do domicílio a figura

tradicionalmente convocada para os cuidados dos pais ou sogros. Novos arranjos familiares –

mulheres sós, mães solteiras, casais sem filhos, filhos que emigraram – reduzem a perspectiva

de envelhecimento em um ambiente familiar seguro (CHAIMOWICZ; GRECO, 1999;

PAVAN et al. 2008).

Segundo o Conselho Estadual do Idoso (RIO GRANDE DO SUL, 1997), as mulheres

vivem mais por que se cuidam mais e procuram mais os serviços de saúde. Para o Conselho,

existem diversas possibilidades que podem explicar a procura de atendimento, diferenciada

entre homens e mulheres: - maior oferta de ginecologistas na rede de atendimento; - maior

divulgação publicitária sobre as questões da mulher, na medida em que as campanhas e os

programas institucionais a priorizam como: Saúde da Mulher, Câncer de Mama e de Colo

Uterino, Climatério, Dia G, entre outros; - manifestações orgânicas do envelhecimento na

mulher são mais conhecidas pela população; - culturalmente tem sido atribuído à mulher o

papel do cuidado à família, o que lhe incute um maior cuidado sobre si mesma e da família

em relação a esta mulher; - o homem, por falta de conhecimento e esclarecimento ou por tabu,

só procura ajuda médica quando nota manifestações orgânicas mais agudas ou desconforto

mais sério, o que dificulta a ação preventiva.

Em se tratando da saúde bucal das mulheres idosas, Musse (2004) ressalta que estas

desejam permanecer socialmente inseridas e não aceitam mais o edentulismo e nem mesmo as

próteses totais, aspirando cada vez mais a manutenção dos seus dentes para preservar a

estética facial. Querem ficar bonitas, atraentes e belas ao envelhecer.

Levando-se em consideração, nesse momento, o índice de envelhecimento da

população brasileira, ou seja, o número de pessoas idosas para cada 100 indivíduos jovens, o

que se verifica é que em 2001 esse número era igual a 21, alcançando 32,4 em 2006,

incremento superior a 35% em apenas 15 anos. Para a população baiana esse índice era de

17,3, em 2001, passando para 27,5 em 2006, incremento de 37% (IBGE, 2008b).

Na verdade, nos países menos desenvolvidos, o contingente de pessoas prestes a

envelhecer, dadas as reduções nas taxas de mortalidade, é proporcionalmente bastante

expressivo quando comparado com o contingente disponível no início do século nos países

desenvolvidos. Com a baixa real da fecundidade, a tendência é haver transformações drásticas

na estrutura etária desses países, em tempo relativamente curto, sem que as conquistas sociais

tenham se processado devidamente para a maioria da população (RAMOS; VERAS;

KALACHE, 1987).

25

E é por isso que essa modificação da estrutura etária do mundo gera preocupações no

âmbito social, econômico, psicológico e médico que, necessariamente, remeterão a uma cada

vez mais infindável busca de soluções, respostas e reorientações dos problemas do

envelhecimento (PADILHA et al., 1998). Nessa perspectiva, várias áreas da ciência, inclusive

a Odontologia, estão abordando grupos de idosos a fim de identificar e solucionar problemas

característicos dessa crescente população (CASTILHOS; PADILHA, 2002).

Corroborando com essa idéia, Siqueira, Botelho e Coelho (2002) afirmam que esse

processo de envelhecimento demográfico repercutiu, e continua repercutindo, nas diferentes

esferas da estrutura social, uma vez que os idosos, da mesma forma que os demais segmentos

etários, possuem demandas específicas na busca e na manutenção de adequadas condições de

vida.

2.2.1 A institucionalização do idoso

O envelhecimento não é mera passagem do tempo, é a manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo do período. Não existe definição perfeita para o envelhecimento, mas como ocorre com o amor e com a beleza, grande parte dos indivíduos só reconhece quando o sente, o vê. (HAYFLICK, 1996)

Na II Assembléia Mundial do Envelhecimento (ONU, 2003) os representantes das

Nações Unidas constataram que nos países em desenvolvimento e em alguns países de

economias em transição está se produzindo um envelhecimento demográfico rápido num

marco de constante urbanização, e um número cada vez maior de pessoas que estão

envelhecendo nas zonas urbanas não tem moradia e serviços acessíveis. Abandonadas a seus

próprios meios, com freqüência, não têm sistemas de apoio. A assistência, para quem dela

precisa, fica a cargo, principalmente, da família ou da comunidade, especialmente nos países

em desenvolvimento.

No Brasil, em 2003, foi sancionado o Estatuto do Idoso, que entrou em vigor em 1º de

janeiro de 2004. Entre os parágrafos desse Estatuto, também é reconhecida a necessidade de

se manter o idoso na comunidade junto a sua família, tornando-se, dessa maneira, uma forma

digna e sustentável de promover qualidade de vida (BRASIL, 2003).

No entanto, embora se tenha a opinião de que o melhor lugar para o idoso seja junto à

sua família, a dependência de um familiar idoso gera impacto na dinâmica, na economia

26

familiar e na saúde dos membros da família que se ocupam dos cuidados. Existem situações,

em que muitas vezes é inevitável a institucionalização como em caso de doença temporária do

cuidador domiciliar, necessidade de cuidados especializados ao idoso, viagem do cuidador

(SALDANHA; CALDAS, 2004), necessidade de reabilitação intensiva no período entre a alta

hospitalar e o retorno ao domicílio, estágios terminais de doenças e níveis de dependência

muito elevados (CHAIMOWICZ; GRECO, 1999).

Em tais situações, a decisão de internar fica em função da disponibilidade da

assistência domiciliar provida pelo tripé família-Estado-sociedade. Chaimowicz e Greco

(1999) defendem que a internação definitiva de idosos com baixos níveis de dependência é o

paradigma de um modelo anacrônico de assistência já abandonado em diversos países, e

apresenta-se muito similar ao tratamento psiquiátrico baseado no modelo manicomial.

Nesse mesmo sentido, Salgado (1982) revela que apesar das instituições para idosos

contarem com a clientela de idosos com baixos níveis de dependência, nem sempre estão

prontas para recebê-los, já que a mesma não supre suas necessidades sociais mais comuns. O

autor ressalta ainda que, a vida institucional não é característica de nossa cultura, pois violenta

todas as conquistas do processo de vida e traumatiza a existência.

Para Pessôa (2007), a questão da institucionalização de idosos tem ensejado opiniões

diversas, pois o idoso na contemporaneidade tanto pode ser venerado, como excluído dos

processos sociais, sendo, portanto, a institucionalização considerada um processo doloroso

para o idoso.

Nessa perspectiva, Pavarani (1996) alerta: “a transferência de um idoso de sua casa

para a instituição tem um potencial para produzir danos como: depressão, confusão, perda do

contato com a realidade, despersonalização e um senso de isolamento e separação da

sociedade”.

Nesse momento é importante frisar que Chaimowicz e Greco (1999) realizaram um

estudo sobre dinâmica da institucionalização de idosos através da análise da oferta de leitos e

características demográficas dos residentes em asilos do Município de Belo Horizonte, MG.

Entre os resultados, os autores encontraram que a institucionalização parecia ser, em grande

medida, uma questão feminina: as mulheres constituem 81,1% da população dos asilos. Para

os autores, tal tendência se explica, em parte, pelo fato de as mulheres viverem mais que os

homens, tornarem-se viúvas mais cedo, apresentarem maior dificuldade para casar ou para o

recasamento após separação ou viuvez, e menores níveis de instrução, taxa de ocupação e

renda.

27

Quando se discute as instituições propriamente ditas, o que se verifica é a existência

de uma diversidade de nomes que estas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

adotam: asilos, lares, casas dos velhinhos, casas das vovós, pousadas, ancionatos, recantos,

casa de repouso, centros vivencionais, cidade dos velhinhos, abrigos, lares das mãezinhas,

casas do ancião, conviver geriátrico etc. (SALDANHA; CALDAS, 2004).

Esses nomes, para Saldanha e Caldas (2004), são na realidade uma tentativa de

diminuir o preconceito das pessoas e o impacto que a palavra asilo tem entre os cidadãos, e

muitas vezes são maneiras que encontram para burlar a fiscalização sanitária, pois não

estando enquadradas como unidades de saúde, onde as exigências são maiores, são

categorizadas como pousadas, hotéis – muitas, nem alvará de funcionamento possuem, devido

ao precário controle que os órgãos públicos exercem sobre estas entidades em algumas

cidades.

O Decreto no 1.498 de 3 de julho de 19961, em seu Art. 3°, apresenta: Entende-se por modalidade asilar o atendimento, em regime de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover à própria subsistência de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social. Parágrafo único: A assistência na modalidade asilar ocorre no caso da inexistência do grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da própria família. (BRASIL, 1996)

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) chama asilo de

Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e as define como “estabelecimentos

para atendimento integral institucional, cujo público alvo são pessoas de 60 anos e mais,

dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com a família

ou em seu domicílio”.

Nunes (2008) destaca que até 25 anos atrás, a proporção de idosos que vivia nessas

instituições nos países desenvolvidos chegava a 9%. As taxas atuais oscilam entre 4% e 7%

em países como Canadá (6,8%), Estados Unidos (4%), Israel (4,4%), África do Sul (4,5%).

Na China, a expectativa de assistência institucional para o idoso está se convertendo em

norma. Em Taiwan (China), a assistência institucional aos idosos superou rapidamente a

atenção familiar. Na América Latina as taxas variam entre 1% e 4% e no Brasil estima-se em

1%, segundo o Ministério da Saúde.

1 Regulamenta a Lei n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências.

28

Pavan, Meneghel, Junges (2008) acreditam que a institucionalização é um processo

irreversível e que parte da população idosa precisará necessariamente se submeter nas

próximas décadas. As próprias transformações das relações sociais de gênero, eximindo as

mulheres do ônus do cuidado obrigatório dos idosos, contribuem para essas mudanças.

Em oposição a essa nova tendência social, Chaimowicz e Greco (1999) sustentam que

asilos lotados e com filas de espera para internar, de modo definitivo, idosos com baixos

níveis de dependência, são o retrato fiel de uma sociedade que não oferece a seus idosos

outros modelos de assistência.

No entanto, Pavan, Meneghel, Junges (2008) entendem que a institucionalização pode

ser humanizada e funcionar em moldes mais abertos, para que as instituições de longa

permanência de cuidado aos idosos não signifiquem apenas "depósitos de velhos".

Para Chaimowicz, (1997), a institucionalização é um mal necessário, o número de

asilos e a qualidade dos serviços oferecidos não necessariamente deve ser inadequada, desde

que o Estado realize seu papel de financiador e fiscalizador dessas atividades. O cumprimento

de normas mínimas de funcionamento de instituições destinadas ao atendimento de idosos

(como as elaboradas pela SBGG) pode oferecer segurança e dignidade aos residentes através

de medidas simples e pouco onerosas.

Sendo assim, apesar de no Brasil o número de idosos institucionalizados ser menor do

que em outros países do mundo, esta parcela da população não pode ser esquecida pela

sociedade, pela academia ou pelo poder público, sendo imprescindível a realização de

inquéritos epidemiológicos que levantem as condições de saúde dessa população com o

intuito de propor medidas de promoção, prevenção e recuperação da saúde.

2.3 EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE BUCAL DAS PESSOAS IDOSAS

A Saúde Bucal é o estado da boca e das estruturas associadas onde a doença é contida, a doença futura é inibida, a oclusão é suficiente para a mastigação, e os dentes são de aparência socialmente aceitável. (YEWE-DYER, 1993. In: Padilha et al., 1998)

O ano de 1986 foi o ano consagrado aos idosos, por ocasião da 8a Conferência

Nacional de Saúde. Para Torres (1986), esse foi um ano de muita propagação em torno das

29

pessoas idosas, mas de pouca ação. O autor considera que aquele período reclamava uma

grande reflexão por parte de cada profissional de saúde.

Além disso, quando se discutia as condições de saúde da população idosa, um

componente essencial para a higidez do indivíduo era relegado ao esquecimento, a saúde

bucal. Por esse motivo, a perda total de dentes (edentulismo) é aceita, de forma equivocada,

pela sociedade, pelos cirurgiões-dentistas e pelas pessoas adultas especificamente, como algo

normal e natural com o avanço da idade (ROSA et al., 1992).

Assim, a informação e a orientação básica da população constituem os meios mais

efetivos para modificar a percepção em relação aos aspectos de saúde, incluindo-se a saúde

bucal. Trata-se de retirar da população de idosos o estigma de naturalmente doente, idéia que

o próprio indivíduo idoso tem de si, para que as necessidades de saúde sejam percebidas e se

tornem reais (SHINKAI; CURY, 2000).

Com o avanço dos anos, os idosos geralmente apresentam desconforto e perda da

capacidade motora, podendo levá-los a não dar a devida importância a certos sinais e

sintomas, que também poderão provocar diagnósticos tardios de diversos problemas. Para

aquelas pessoas que cuidam dos idosos seria importante notar alguns indícios, tais como

dificuldades para comer, não sorrir, falar pouco, comer só alimentos moles (JITOMIRSKI;

JITOMIRSKI, 1997). Assim o diagnóstico poderá ser dado precocemente, melhorando o

prognóstico do paciente.

É importante lançar luz à compreensão de que muitos problemas odontológicos

encontrados no idoso são, na realidade, complicações de processos patológicos acumulados

durante toda a vida do indivíduo, devido à higiene bucal deficiente, iatrogenias, falta de

orientação e de interesse em saúde bucal e ao não-acesso aos serviços de assistência

odontológica (SHINKAI; CURY, 2000).

Segundo dados do levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde

em 2003, o Projeto SB Brasil 2003 - Condições de saúde bucal da população brasileira 2002-

2003 (BRASIL, 2004a), no Nordeste, 66,64% da população com faixa etária entre 65 e 74

anos necessitava de algum tipo de prótese na arcada inferior, desses, 26,77% necessitavam de

prótese total, o que demonstra a escassez de programas preventivos e a abundância das

práticas mutiladoras.

Inquéritos epidemiológicos como esses são necessários tanto para o conhecimento da

prevalência das doenças bucais como para estimar necessidades de tratamento e de prevenção.

A partir dos dados coletados pode-se planejar, executar e avaliar ações de saúde, inferir sobre

30

a eficácia geral dos serviços, além de permitir comparações de prevalências em diferentes

períodos de tempo e áreas geográficas (OLIVEIRA et al., 1998).

2.3.1 Principais problemas bucais

A boca, por onde demos nossos primeiros sinais de vida ao nascer; por onde ingerimos nossos alimentos e por onde emitimos as palavras e nomes de toda a existência, deve ser objeto de atenção permanente. (JITOMIRSKI; JITOMIRSKI, 1997)

Na cavidade oral do idoso, encontramos modificações tanto nos tecidos moles como

nos duros. Algumas mudanças específicas são verificadas nas funções das glândulas salivares,

na dentição, na mucosa bucal, nos tecidos periodontais, no paladar e no tato (BARBOSA;

BARBOSA, 2002).

Além dessas mudanças específicas, Torres (1986) enumerou alguns problemas bucais

encontrados comumente em idosos: atrição dental, atrofia dos ossos alveolar e basal,

alterações da mucosa oral, distúrbios das glândulas salivares e neoplasias malignas.

Alterações em Tecido Mole

A mucosa oral reflete com o tempo numerosos processos de envelhecimento.

Jitomirski e Jitomirski (1997) citam que feridas, lesões brancas e sangramento gengival são

aspectos comumente encontrados na cavidade oral dos pacientes idosos.

Para Pucca Júnior (1995), o epitélio senil já não possui a capacidade normal de

ceratinização, tornando-se delgado, apresentando diminuição dos capilares periféricos, o que

altera toda a sua vascularização e trocas metabólicas, tornando-o mais susceptível ao trauma e

às doenças gengivais e periodontais.

Gonçalves et al. (1995), analisaram a prevalência de lesões na mucosa bucal em

pacientes portadores de próteses e observaram que 32% desses pacientes apresentavam lesões,

demonstrando a importância da prevenção dessas lesões, bem como a elucidação do correto

tratamento.

Jitomirski e Jitomirski (1997) reforçam dizendo que feridas ou úlceras de longa

duração podem ser causadas por dentes fraturados, dentaduras com bordas afiadas ou

quebradas, sendo necessários cuidados especiais.

31

Marchini (1998) menciona que a atrofia da mucosa é geralmente associada à idade e

pode refletir alterações relacionadas às drogas ou ao estado nutricional.

Vale reforçar que, no envelhecimento também ocorre importante alteração no paladar,

principalmente pela diminuição do número dos botões gustativos. Aos 20 anos de idade o ser

humano tem aproximadamente 245 botões gustativos por papila. Já aos 70 anos, esse número

diminui para cerca de 90 botões. Essas alterações são mais significativas nas papilas

responsáveis pela percepção do sal e do açúcar. E, por conta dessa alteração fisiológica do

paladar os idosos preparam seus alimentos ou muito salgados ou muito doces (MUSSE,

2004).

Esse processo degenerativo atinge também as glândulas como um todo, incluindo as

salivares. O resultado dessa degeneração é a atrofia e fibrose das estruturas glandulares, que

provoca a diminuição da quantidade e viscosidade da saliva secretada (xerostomia),

especialmente em repouso (PUCCA JUNIOR, 1995).

Sobre esse aspecto, Parajara e Guzzo (2000) trazem que um fluxo salivar normal é

fator preponderante de resistência do hospedeiro em relação à cárie, doença periodontal,

halitose, adaptação de próteses totais e conforto do paciente.

A xerostomia, que afeta uma entre cinco pessoas idosas, também pode ser um

empecilho para a retenção de dentaduras e estar associada com doenças periodontais, o que

afeta a seleção dos alimentos e, conseqüentemente, a condição nutricional e o estado de saúde

geral do paciente (PALMER, 2003).

Palmer (2003) afirma que anos atrás a xerostomia era considerada como um processo

inevitável em conseqüência do envelhecimento. Mas, atualmente, sabe-se que os níveis

salivares podem ser alterados por condições patológicas e por efeitos dos medicamentos que

controlam estas doenças. Segundo o autor, existem mais de 400 medicamentos, comumente

usados por esta faixa etária, que têm a xerostomia como um dos efeitos colaterais.

Outro problema freqüentemente observado na população idosa é a candidose também

chamada de candidíase. Uma infecção causada por fungos, que aparece como placas brancas

(pseudomembranas) com o aspecto de “leite coalhado”, facilmente removidas por raspagem.

No entanto, quando esta aparece sob a forma de atrofias ou placas eritematosas

(avermelhadas), denominada de candidose eritematosa, existe uma dificuldade por parte dos

cirurgiões-dentistas em diagnosticá-las (JITOMIRSKI; JITOMIRSKI, 1997).

Essa candidose eritematosa, segundo Batista, Birman e Cury (1999), é freqüentemente

denominada de estomatite protética. As próteses muco-suportadas, comumente usadas por

esses indivíduos, são consideradas facilitadoras em potencial dessa estomatite protética, lesão

32

geralmente observada sob a base das próteses, caracterizada por aspectos eritematosos difusos

ou pontilhados na mucosa de suporte (OLIVEIRA et al., 2000).

È válido pontuar que, a falta de higienização adequada pode favorecer o aparecimento

de bactérias e fungos que causam infecções e inflamações, sendo de responsabilidade do

paciente manter a higiene bucal através da rotina diária dos cuidados caseiros, e de obrigação

do cirurgião-dentista manter e instruir o paciente e/ou seu cuidador, sobre os cuidados

necessários para o controle da placa bacteriana (MOREIRA; QUELUZ, 1999).

Esses problemas, que não são graves, representam um desafio na prática

estomatológica, face a sua freqüência (BATISTA; BIRMAN; CURY, 1999).

Quando se pensa em problemas mais graves surge então a discussão sobre o câncer de

boca, uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal,

gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca). Os fatores que podem levar ao

desenvolvimento do câncer de boca são idade superior a 40 anos, vício de fumar cachimbos e

cigarros e consumo de álcool (INCA, 2008).

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2008), atualmente no Brasil o câncer

é a segunda causa de morte. Quanto ao câncer de boca, o número estimado de novos casos,

para 2008, na Bahia, é de 7,28 casos para cada 100.000 homens e 3,52 casos para cada

100.000 mulheres.

Esse tipo de câncer pode afetar as seguintes regiões anatômicas: lábio, mucosa dos

lábios superior e inferior, mucosa jugal, áreas retromolares, vestíbulo bucal, rebordo gengival

superior e inferior (gengiva e alvéolo superior e inferior, respectivamente), palato duro,

assoalho da boca, língua e glândulas salivares (BALDISSEROTTO; ARAÚJO; PADILHA,

2004).

Shinkai e Cury (2000) consideram o câncer de boca um problema de saúde pública,

principalmente o carcinoma epidermóide. A incidência do câncer de boca aumenta após os

quarenta anos e tem implicações graves, como causa direta de mortalidade, de amplas

mutilações pós-cirúrgicas e de complicações bucais severas pós-radioterapia (por lesão de

glândulas salivares, lesões vasculares e ósseas). Conforme os autores, o diagnóstico e o

tratamento precoces proporcionam cura em cerca de 80% dos casos. Daí a necessidade de se

investigar possíveis alterações em tecido mole em levantamentos epidemiológicos rotineiros.

33

Cárie dentária

Mudanças no complexo dentino-pulpar estão presentes nos dentes dos pacientes

idosos, onde inicialmente a dentina torna-se mais esclerótica e menos elástica, com

mineralização gradual da dentina peritubular, podendo resultar em completa obturação dos

túbulos dentinários por calcificação. Além disso, uma deposição constante de dentina

secundária e reparadora faz com que haja um escurecimento gradual da coroa dental. Outra

característica de polpas mais velhas é a diminuição do número e tamanho das células, do

número de vasos sanguíneos, associada a um aumento de fibras colágenas (MANETTA;

BRUNETTI; MONTENEGRO, 1998).

O esmalte dentário dos idosos pode se apresentar com trincas, decorrentes da sua

maior fragilidade e, além disso, também mostrar alterações na cor, com o surgimento de

manchas causadas por corantes e originadas do consumo prolongado de café ou pelo

inadequado hábito do tabagismo (MUSSE, 2004).

Gavinha, Braz e Sousa (2006) sustentam que, além dos problemas supracitados, a

cárie dentária nos idosos constitui-se um problema de saúde pública grave, devido à evolução

demográfica e ao aumento crescente de pacientes idosos que conservam os seus dentes

naturais.

Além da cárie coronária, pessoas idosas apresentam, com freqüência, exposição

radicular (RIHS, SOUSA; WADA, 2005), devido à retração e afilamento gengival

progressivo nessa faixa etária (MUSSE, 2004). Esta exposição radicular pode provocar

sensibilidade ao frio e a alimentos ácidos (JITOMIRSKI; JITOMIRSKI, 1997), e acúmulo de

placa bacteriana aumentando a susceptibilidade à cárie.

O desenvolvimento da cárie nessa superfície é semelhante ao da lesão coronária, tendo

como fatores etiológicos: exposição da superfície radicular ao ambiente bucal (hospedeiro),

controle mecânico de placa deficiente (microbiota específica) e dieta cariogênica (substrato),

que, interagindo em função do tempo, implicam na formação e progressão da cárie

(JITOMIRSKI; JITOMIRSKI, 1997).

Embora com variações internacionais e regionais, a diminuição das cáries coronárias,

devido à maior atenção que tem sido dada aos programas preventivos, favorece uma retenção

mais prolongada dos dentes, o que, associado a diversos fatores de risco, leva a um aumento

das cáries radiculares, que abandonadas à sua evolução natural acabam por levar à perda das

unidades dentárias (GAVINHA; BRAZ; SOUSA, 2006).

34

Para Moura e colaboradores (2004) a perda dental (edentulismo) e os problemas que

surgem em conseqüência dessa perda são situações vistas como inevitáveis na velhice. No

entanto, Gavinha, Braz e Sousa (2006) acreditam que a perda de dentes não é uma

conseqüência do envelhecimento fisiológico, mas sim o resultado final da patologia oral e de

traumatismos, podendo também ser o reflexo de condutas dos pacientes, da disponibilidade e

acessibilidade de tratamentos dentários e, num passado não muito longínquo, da atitude de

muitos profissionais perante algumas situações de doenças dentárias.

Doença periodontal

As alterações gengivais mais comumente encontradas em pacientes idosos são:

diminuição da queratinização, aumento na largura da gengiva inserida, diminuição da

celularidade do tecido conjuntivo, aumento na quantidade de substâncias intercelulares e

redução no consumo de oxigênio (MOURA et al., 2004).

Com a idade, por volta dos 40 anos, inicia-se um processo lento de rarefação óssea,

mais intensamente verificado nas mulheres. Essa redução da densidade óssea representa uma

perda do conteúdo mineral do osso (PUCCA JUNIOR, 1995). Em pacientes que usam prótese

há mais tempo a reabsorção óssea alveolar é o maior desafio enfrentado por profissionais

responsáveis por sua reabilitação (MARCHINI, 1998).

Jitomirski e Jitomirski (1997) e Musse (2004) acreditam que a maior causa da perda de

dentes em idosos é a doença periodontal, que progressivamente pode levar à perda da inserção

óssea, à mobilidade e à perda da unidade dentária.

É válido lembrar que a dentição de pacientes idosos já experimentou décadas de

doenças bucais, assim como procedimentos periodontais e restauradores que, de certa forma,

conduziram a alterações pulpares, perirradiculares e dos tecidos circundantes (STELZA et al.,

2003).

A doença periodontal pode manifestar-se nas formas de gengivite e periodontite, e

afetam praticamente toda a população idosa. O agravamento dessas situações associa-se a

uma deficiente higiene oral, ausência de cuidados médico-dentários, falta de controle de

algumas doenças sistêmicas e, ainda, à presença de outros fatores de risco, como tabaco,

estresse e certos fármacos de utilização crônica, que levam geralmente à perda dentária

(GAVINHA; BRAZ; SOUSA, 2006).

35

2.3.2 Panorama da saúde bucal das pessoas idosas no Brasil

Aumentar vida aos anos, e não anos à vida, em geral é a meta de qualquer profissional da saúde. (PARAJARA; GUZZO, 2000)

Muitos pesquisadores brasileiros se debruçaram e se debruçam sobre pesquisas

epidemiológicas relacionadas com a saúde bucal da pessoa idosa e contribuem para o

fortalecimento do conhecimento científico e epidemiológico nessa área, conforme

apresentados abaixo.

No ano de 1986, a recém-criada Divisão Nacional de Saúde Bucal (DNSB) do

Ministério da Saúde, realizou o primeiro grande levantamento de abrangência nacional. No

entanto, as pessoas com idade superior a 60 anos não foram analisadas. Sendo assim, diante

da necessidade de se construir dados mais fidedignos, em meados de 2000, o Ministério da

Saúde realizou o estudo piloto do “Projeto SB2000: condições de saúde bucal da população

brasileira”, mas este passou por dificuldades em sua operacionalização (OLIVEIRA, 2006).

Em 1992, um estudo realizado na cidade de São Paulo (SP), por Rosa e colaboradores

(1992), com o objetivo de fornecer um padrão referencial do estado de saúde bucal da

população de 60 anos ou mais nesse município (152 idosos institucionalizados e 84 em

domicílio), revelou que a sua população de idosos apresentava condições muito precárias de

saúde bucal. Foi verificado que aos 60 anos ou mais, em média, cada pessoa possuía apenas

dois dentes sadios, ou seja, livres de cáries ou doença periodontal. O percentual de edêntulos,

65% no domicílio e 84% nas instituições, indicou que mais da metade e cerca de 3/4 dos

indivíduos, respectivamente, perderam todos os dentes, e apenas 76% no domicílio e 30% nas

instituições usavam prótese total superior e inferior. Quanto à cárie dentária o CPO-D (Dentes

Cariados, Perdidos e Obturados) foi de 30,97 (96,1% de participação do componente perdido)

para os institucionalizados. O tratamento periodontal complexo foi indicado para 67% dos

idosos institucionalizados. Além disso, o estudo mostrou que o elevado percentual de lesões

ligadas ao uso de próteses totais (57%) deixava clara a falta de assistência odontológica

posterior à sua colocação.

Moreira e Queluz (1999), em Itatiba (SP), avaliaram 102 indivíduos pertencentes a um

grupo da terceira idade (60 anos ou mais). Os autores encontraram que os pesquisados foram

na maioria: do sexo feminino (76,47%) e da raça branca (91,18%); utilizavam prótese total

(74,51%); utilizavam a prótese há mais de dez anos (86,28%), tendo realizado mais de uma

troca, motivadas por trincas e quebras, procurando o profissional para o conserto ou a troca do

material (45,10%); e, não freqüentaram o dentista após a colocação da prótese (52,94%). Os

36

autores acreditam, que uma campanha a nível municipal para conscientização é o melhor

caminho, atraindo o indivíduo para a melhoria da saúde bucal, anulando conceitos errados a

respeito do trabalho do dentista e incentivando o auto cuidado que o próprio usuário poderá

realizar, quando devidamente orientado.

Já Pereira, Silva e Meneghim (1999) analisaram 151 idosos, com idades entre 53 a 94

anos, residentes do “Lar dos Velhinhos”, na cidade de Piracicaba (SP), tendo como objetivo

verificar a prevalência de doenças bucais comuns à terceira idade e o percentual de uso e

necessidade de prótese. Os autores constataram que a média de pacientes edêntulos na

população examinada foi de 80,2%; o CPO-D para pacientes com idade entre 50 e 75 anos foi

de 30,75, sendo de 96,7% a participação do componente extraído; já para os pacientes com

idade acima de 75 anos, o CPO-D foi de 31,51 e a participação do componente extraído foi de

99,5%. O percentual de idosos que necessitavam de prótese (PPR- Prótese Parcial Removível

ou PT- Prótese Total) na faixa etária de 50-75 anos foi de 78,2%, enquanto que na faixa etária

acima de 75 anos esse percentual foi de 82,9%. Esses resultados demonstraram, aos autores,

que a maior parte da população idosa é desprovida de programas odontológicos que possam

oferecer tratamento e cuidados básicos preventivos.

Por sua vez, Goiato e colaboradores (1999) da Faculdade de Odontologia de

Araçatuba (SP), examinaram 240 prontuários de pacientes com 60 anos ou mais de idade, de

ambos os sexos, os quais não haviam passado por uma triagem prévia, para o preenchimento

de ficha clínica no período de 1980 a 2001. Os autores verificaram que 83% dos pacientes

necessitavam de próteses totais, e apresentavam a mucosa com características de normalidade,

com prognóstico favorável à confecção de tais próteses.

No município de Araçatuba (SP), Saliba e colaboradores (1999) selecionaram 97

indivíduos, na faixa etária de 42 a 102 anos, residentes em três instituições de amparo ao

idoso avaliando o índice CPO-D, índice para doença periodontal (ICNTP- Índice Comunitário

de Necessidade de Tratamento Periodontal) e o uso e/ou necessidade de prótese. Foi

encontrado um índice de CPO-D de 25,10, sendo que mais da metade necessitava de

tratamento periodontal para remoção de cálculo e 52% dos investigados não usavam nenhum

tipo de prótese. Os autores concluíram que o quadro encontrado era bastante grave, e supõem

que esse quadro se deva à falta de conhecimento e motivação por parte dos indivíduos idosos

e pela escassez de medidas preventivas encontradas, e que a falta da prótese foi agravada pelo

problema financeiro.

Em Piracicaba-SP, Meneghim e Saliba (2000) realizaram uma pesquisa com o objetivo

de verificar as condições de saúde bucal de 209 idosos residentes na cidade, de ambos os

37

sexos, pertencentes aos grupos de terceira idade, distribuídas na faixa etária de 45 anos ou

mais. Com base nos resultados, os autores concluíram que o índice CPO-D médio foi de 26,58

e a prevalência de cárie radicular, em média, por indivíduo, foi de 0,83; quanto à condição

periodontal, observou-se grande porcentagem de sextantes excluídos e, entre 12,44% e

18,66% dos indivíduos apresentaram perda de inserção entre 0 e 3mm. Sobre a necessidade de

prótese, 86,12% (para o arco superior) e 60,77% (para o arco inferior) dos pacientes não

necessitavam por que já a possuíam. Para as lesões de mucosa bucal, a ulceração foi a de

maior prevalência. Os autores reforçaram, então, a necessidade do desenvolvimento de

programas de atendimento e de um currículo específico para graduação e pós-graduação em

Odontogeriatria.

Silva e Valsecki Júnior (2000) descreveram as condições de saúde bucal de uma

amostra de 194 pessoas com 60 anos ou mais, institucionalizadas e não-institucionalizadas, no

Município de Araraquara (SP). Para medir a prevalência da cárie dentária foi empregado o

índice CPO-D e a da doença periodontal o ICNTP. Foram consideradas inadequadas as

próteses quebradas, com dentes gastos ou com falta de um ou mais dentes. A falta de dentes

foi observada em 72% das pessoas institucionalizadas e em 60% das não-institucionalizadas.

O índice CPO-D revelou que mais de 90% dos dentes já estavam perdidos. As próteses

dentárias eram utilizadas por 63% das pessoas institucionalizadas e por 83% das não-

institucionalizadas. A necessidade de prótese foi de 80% entre os não-institucionalizados e de

61% entre os institucionalizados indicando que boa parte das próteses em uso não estava em

condições clínicas satisfatórias e necessitava de substituição. Para os autores, os dados

clínicos sugerem que a qualidade de vida de grande parte dos participantes do estudo estava

comprometida, de alguma maneira, pelas condições bucais e suas seqüelas.

Cangussu, Coelho e Castellanos Fernandez (2001) observaram as condições de saúde

bucal de indivíduos residentes em Itatiba/SP com faixa etária de 35-44 anos e 65 anos ou

mais. Eles investigaram cárie dental, doença periodontal, uso e necessidade de prótese

segundo os critérios preconizados pela OMS. O CPO-D encontrado foi de, respectivamente,

21,01 e 28,14, com alto percentual de perda dentária e uso e necessidade de prótese. A

proporção de indivíduos sadios em relação à doença periodontal foi praticamente nula. Eles

concluíram que era necessário facilitar o acesso aos serviços de saúde bucal para adultos

jovens e avaliar a possibilidade de implantação de um serviço de referência de reabilitação

protética.

Em 2002, Silva e colaboradores verificaram a prevalência de cárie e de doença

periodontal, o uso e a necessidade de prótese e o edentulismo em 61 idosos, com faixa etária

38

entre 65 a 74 anos, freqüentadores de grupos da terceira idade em Piracicaba (SP). Os autores

constataram uma alta prevalência de edentulismo, alto número de pacientes portadores de

próteses e poucos necessitando da sua instalação; a condição periodontal de maior prevalência

foi o cálculo, e um CPO-D de 29,54.

Meneghim, Pereira e Silva (2002) investigaram as condições periodontais e lesões de

cárie radiculares, de 151 idosos institucionalizados no município de Piracicaba-SP, com

idades entre 54 e 93 anos. Foram verificados, em sua maior parte, problemas periodontais de

baixa complexidade (sangramento gengival e cálculos dentais) e passíveis de serem delegados

ao Técnico em Higiene Dental (THD). Os autores observaram também uma elevada

porcentagem de lesões de cárie radicular (na faixa etária acima de 75 anos, 59% dos dentes

com retração gengival apresentaram lesão radicular), indicando que o cirurgião-dentista deve

estar atento a tal problema, procurando atualizar-se quanto ao diagnóstico, prevenção e

terapêutica.

Ainda nesse ano, Caldas, Figueiredo e Soriano (2002) com o objetivo de determinar e

comparar a prevalência de cárie e edentulismo em idosos institucionalizados e não

institucionalizados da cidade do Recife estudaram 198 pessoas, com 60 anos ou mais, sendo

117 (59,1%) do grupo não institucionalizados. O CPO-D médio foi de 29,2, havendo,

contudo, diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,03). O percentual de

edentulismo nos idosos institucionalizados foi 61,7% e para os não institucionalizados 52,1%.

Apenas 5% dos pacientes apresentaram mais de 20 dentes na cavidade bucal. Quando

comparada a prevalência de cárie e edentulismo com a renda dos idosos, encontraram

diferenças estatisticamente significantes. Para os autores, os resultados encontrados denotam a

inexistência de uma política de promoção de saúde na cidade do Recife.

Floriano (2003) desenvolveu um estudo de corte transversal em Salinas da Margarida

(BA), com 357 idosos com idades variando de 60 a 98 anos. A autora observou que, mais da

metade dos idosos era do sexo feminino (60,5%), 82% com renda mensal de 1 salário

mínimo, 55,5% da raça negra, 51,5% eram casados, 33,9% analfabetos, 91,6% dos idosos

necessitavam de prótese e o valor do CPO-D foi de 19,5 ± 8,2, com participação de 91,3% do

componente perdido. O percentual de edentulismo foi de 42,6%, 91,6% dos idosos

necessitavam de prótese, 58,4% usavam prótese em pelo menos uma das arcadas, sendo que

72,4% das próteses utilizadas foram consideradas ruins. A análise de regressão logística

mostrou associação da perda dentária com o maior tempo decorrido após a última consulta, o

baixo grau de escolaridade e o uso diário de medicamento. O precário quadro epidemiológico

39

encontrado mostrou para autora a necessidade de se incluir o atendimento odontológico como

parte dos cuidados permanentes com a saúde dos idosos residentes naquele município.

Após superação dos problemas relativos a financiamento e compra de material,

durante todo o ano de 2003, o “Projeto SBBrasil 2003: condições de saúde bucal da

população brasileira” (assim chamado após a posse do novo governo federal em janeiro de

2003) foi adiante, avaliando inclusive os indivíduos com idade entre 65 e 74 anos, e seus

resultados publicados em 2004 (BRASIL, 1988; BRASIL, 2004, OLIVEIRA, 2006).

Dentre os resultados mais significativos do “SBBrasil 2003”, para os indivíduos de 65

a 74 anos, tem-se: quanto à necessidade de próteses em todo país, 66,5% usavam prótese

superior, em sua grande maioria prótese total, 56,6% necessitavam de prótese inferior e 32,4%

superior. Quanto à cárie dentária, na região Nordeste, o CPO-D foi de 27,27, 11,07% dos

indivíduos possuíam 20 ou mais dentes naturais na boca e no Brasil, 10,23%, sendo que a

meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano 2000 seria de pelo menos 50% das

pessoas com 65 anos a 74 anos com 20 ou mais dentes naturais presentes na boca. Quanto à

condição periodontal, na região Nordeste, apenas 6,46% dos sextantes examinados em

indivíduos com idade entre 65 e 74 anos foram considerados sadios e no Brasil, 7,89%

(BRASIL, 2004a).

Colussi, Freitas e Calvo (2004), examinaram 277 idosos residentes na área urbana e

rural do município de Biguaçu, SC, com o objetivo de estimar a prevalência e severidade da

cárie, a prevalência do edentulismo e do uso e necessidade de prótese nessa população de 60

anos ou mais. Foi encontrado um índice CPO-D médio de 28,9, com grande percentual de

dentes extraídos (92,1%) e menor participação dos componentes “Cariado” (5,5%) e

“Obturado” (2,4%). A prevalência de edêntulos foi de 48,4% da população. O uso de prótese

foi mais freqüente no arco superior, onde apenas 1,8% não usavam nem necessitava de

prótese. Para o arco inferior, esse percentual foi de 4%. Os autores concluíram que apesar da

prevalência do edentulismo ter sido baixa em relação aos dados disponíveis para o Brasil, o

elevado índice CPO-D ainda evidencia as precárias condições de saúde bucal dos idosos, que

necessitam de programas assistenciais específicos para que em breve esse quadro

epidemiológico se modifique positivamente.

Silva, Sousa e Wada (2004) verificaram a prevalência de cárie, edentulismo, uso e

necessidade de próteses totais em idosos e adultos no Município de Rio Claro (SP). A amostra

foi de 202 indivíduos, sendo 101 idosos (65 a 74 anos) e 101 adultos (35 a 44 anos). A

porcentagem de edêntulos foi de 74,25% para os idosos e 8,91% para os adultos, sendo a

média de dentes presentes de 3,19 e 22,10, respectivamente. O CPO-D foi de 31,09 para os

40

idosos e 22,86 para os adultos. O maior componente do índice CPO-D foi “dentes perdidos”

(92,64%); para os adultos, foi “dentes restaurados” (57%), seguido de “dentes perdidos”

(40,54%). Somente 1% dos adultos necessitava de próteses totais superiores e inferiores, já

para os idosos estas necessidades foram de 48,5% e 45,5%, respectivamente. Enfim, os

autores concluíram que havia necessidade de programas preventivos e educativos tanto para

idosos como para adultos, a fim de que esses adultos cheguem à terceira idade com uma

condição de saúde bucal melhor que a relatada atualmente.

Reis et al. (2005) pesquisaram a condição de saúde bucal de idosos institucionalizados

na cidade de Goiânia-GO. Foram estudados todos os indivíduos com idade igual ou maior que

60 anos (n=289) residentes nas instituições públicas e filantrópicas de longa permanência da

cidade de Goiânia-GO (n=10) em 2003. As prevalências de cárie e edentulismo foram 100% e

69,20%, respectivamente. O CPO-D médio foi 30,17, havendo predomínio do componente

extraído (95,38%). Quase a metade (49,48%) usava e 80,28% necessitavam de alguma

prótese. O tipo de prótese mais comum foi a total, 45,33% dos examinados usavam esse tipo

de prótese na arcada superior e 24,57% na inferior; enquanto 59,17% e 51,21% necessitavam

na arcada superior e inferior, respectivamente. De acordo com o CPI, apenas 3 (3,37%) dos

idosos apresentaram todos os sextantes sadios. A condição mais freqüente foi o cálculo,

observado em 55,06% dos indivíduos e 29,02% dos sextantes. Quanto ao PIP, houve

predomínio das perdas de 0 a 3mm como pior condição em 37,08% dos indivíduos e 24,04%

dos sextantes. Alterações de tecido mole foram encontradas em 13,49% dos indivíduos.

Concluiu-se que a situação de saúde bucal dos idosos institucionalizados em Goiânia era

precária, especialmente devido à alta prevalência de cárie e edentulismo.

Carneiro et al. (2005), com o objetivo de quantificar as condições de saúde bucal de

idosos institucionalizados, realizaram na cidade de São Paulo, no ano de 1999, um

levantamento epidemiológico que contou com a participação de 293 idosos com idade acima

de 65 anos. Os autores encontraram um CPO-D de 30,8 dentes sendo que, o componente

“dente perdido” contribuiu com 96,3%. A condição periodontal com maior prevalência (CPI-

Índice Periodontal Comunitário) foi o cálculo (94,7%). Quanto ao PIP (Perda de Inserção

Periodontal), desconsiderando os sextantes nulos, a maior porcentagem de idosos apresentou

perda entre 6 e 8mm. Com relação ao uso de próteses, houve um número inexpressivo de uso

de outras próteses que não a total. Para a arcada superior, 48,12% usavam prótese total e para

a inferior, a porcentagem foi de 22,53%. No geral, 59,5% dos indivíduos não possuíam

assistência odontológica. Com relação ao sexo, 55,8% das mulheres e 70,9% dos homens não

possuíam assistência.

41

Objetivando analisar a condição dentária, a condição periodontal, o uso e necessidade

de prótese em idosos institucionalizados, em um asilo, na cidade de Fortaleza (CE), Gaião,

Almeida e Heukelbach (2005), realizaram um estudo transversal com 160 idosos (95,2% da

população alvo) de 65 anos e mais. Quanto ao perfil sócio-demográfico, 38,8% eram solteiros

e 40,6% eram analfabetos. O índice CPO-D foi de 29,73. O componente dente perdido foi o

que mais contribuiu, com 28,42 dentes (95,59%). Cento e nove idosos (68,1%) não possuíam

nenhum dente hígido na boca, 58,1% eram totalmente desdentados e 35% apresentavam

dentes com raízes expostas. Das raízes expostas, 16% estavam cariadas ou obturadas. Dos 573

dentes presentes, 44,6% necessitavam de algum tipo de tratamento, sendo 194 (75,8%) para

extração dentária. Do total dos idosos investigados, 70% não usavam nenhum tipo de prótese

superior (total e removível) e 81,3% de prótese inferior. Quanto à necessidade de prótese

(total e removível) detectada, 84,4% necessitavam de algum tipo de prótese superior e 88,7%

de prótese inferior. Dos 117 sextantes presentes, a maioria (83,8%) apresentava cálculo

dentário. Os dados mostraram que a maioria dos idosos apresenta saúde bucal precária, sendo

indispensáveis medidas intervencionais focalizadas nessas populações como educação em

saúde e tratamento precoce.

Zuza et al. (2005) realizou um levantamento em uma instituição de amparo aos idosos

na cidade de Barretos (SP). Foram analisados 68 indivíduos com 50 anos ou mais. Os autores

observaram que os idosos não tinham acesso adequado a atendimento odontológico. Setenta

por cento dos idosos eram edêntulos, sendo que 40% o eram nas duas arcadas. A maior parte

dos dentes encontrava-se em estado avançado de destruição. Foram encontradas 86 raízes

residuais. A maioria dos idosos não fazia uso de nenhum tipo de prótese, apenas 30% a

utilizavam, sendo que destas 20% foram consideradas insatisfatórias. Nódulos e outras lesões

fundamentais, como pápula, foram encontrados em 5% dos casos e somente 3% dos idosos

apresentaram candidose.

Objetivando conhecer a percepção de idosos, residentes de duas Instituições de Longa

Permanência para Idosos da cidade de Goiânia, quanto à velhice e à sua saúde bucal, Reis e

Marcelo (2006), realizaram uma pesquisa qualitativa, cuja coleta dos dados se deu através de

entrevistas semi-estruturadas e da observação sistemática. Foram entrevistados 30 idosos de

ambos os sexos e com a idade variando de 60 a 90 anos. Para esses idosos a saúde bucal é

entendida associada à saúde geral, e em alguns depoimentos é percebida como algo além dos

aspectos biológicos, extrapolando a clínica odontológica, pois alguns a associam à capacidade

de comunicação e aos contatos sociais.

42

Vale observar também que a falta de informações sobre a confecção, uso e

manutenção das próteses totais ainda é um fato encontrado dentre os usuários desse tipo de

aparelho. As lesões causadas pela presença de microorganismos acumulados sobre as

superfícies protéticas graças à deficiência na higienização destas ou causadas por

traumatismos gerados pela adaptação deficiente das mesmas sobre os rebordos alveolares são

as mais comumente encontradas na prática odontológica diária. O uso de próteses mal

confeccionadas, mal adaptadas ou em estado precário de uso e conservação é um fator

favorecedor do surgimento de lesões de tecido mole na cavidade bucal. Infecções fúngicas são

constantemente observadas em pacientes que não têm o hábito de remover as próteses para

dormir (BRITO; VELOSO, 2006).

Monti et al. (2006) pesquisaram a condição da saúde bucal de 537 indivíduos com

faixa etária de 60 anos ou mais, escolhidos por sorteio em bairros da cidade de Araçatuba

(SP). Eles encontram que 80% dos idosos pesquisados eram desdentados totais da arcada

superior, para os autores, as respostas dadas aos questionamentos sobre prótese dentária,

indicam que, mesmo atualmente, ainda há uma importante deficiência de informação à

população quanto aos benefícios da reabilitação bucal, quanto à higienização bucal, e da

importância das consultas periódicas ao dentista.

Barbosa (2007) em seu estudo, realizado na cidade do Recife, ao estimar a influência

da coesão familiar na prevalência de cárie e de perda dentária em idosos institucionalizados

(196 idosos) e não institucionalizados (148 idosos), com idade igual ou superior a 60 anos, ,

obteve como resultado diferenças significativas entre ambos os grupos, onde o grupo de

idosos institucionalizados apresentou prevalência de cárie mais elevada (CPO-D 29,34±4,47 -

97,20% do componente perdido) do que os idosos não institucionalizados (CPO-D

26,43±5,35 – 89,67% do componente perdido). Além disso, o maior percentual de idosos

edêntulos (60,2%), bem como, a maior necessidade do uso de prótese em ambos os arcos

(65,8%) foram observados entre os idosos institucionalizados. Por fim, concluiu que na

população de idosos investigada, a coesão familiar exerceu influência na prevalência de cárie

e de perda dentária.

2.3.3 Condições socioeconômicas: determinantes da saúde bucal de idosos?

As disparidades entre as condições socioeconômicas e de saúde dos idosos indicam que, para o adequado planejamento das ações, é fundamental identificar as demandas específicas de idosos residentes em regiões diversas e pertencentes a diferentes classes sociais. (CHAIMOWICZ, 1997)

43

A desigualdade socioeconômica e seu impacto nas condições de saúde das pessoas e

grupos humanos são importantes temas de pesquisa em saúde coletiva. A bem estabelecida

associação entre a posição relativa que cada grupo social ocupa na sociedade e seus

diferenciais de risco para muitas doenças, bem como de acesso a serviços de saúde, coloca em

foco o conceito de estratificação social como determinante-chave das condições de saúde das

populações (KRIEGER; WILLIAMS; MOSS, 1997).

Ao analisar os fatores socioeconômicos relacionados com a cárie dentária, deve-se

considerar a etiologia das desigualdades sociais, como a má distribuição da renda, a falta de

participação na riqueza nacional, o desemprego, o atraso tecnológico em alguns setores e os

elevados índices de analfabetismo (PINTO, 1997).

Dentre os fatores considerados como de risco para o desenvolvimento de doenças

bucais, as condições socioeconômicas merecem destaque, visto que a forma como o indivíduo

está inserido na sociedade pode prover situações que favoreçam a adoção de hábitos que

impactam diretamente na saúde, propiciando o desenvolvimento de doenças, sendo marcantes

em indivíduos inseridos em um quadro de grande pobreza social. Nesse sentido, Newton et

al.(2005) salientam que os processos sociais que contribuem para a doença bucal podem

variar em diferentes grupos e sociedades.

Outros trabalhos têm abordado a correlação entre classe social e cárie dentária ou

doença periodontal (JONES; WORTHINGTON, 2000; PERES; BASTOS; LATORRE, 2000;

RONCALLI; LIMA; COSTA, 2004). Têm-se observado grupos específicos de população que

permanecem com elevada prevalência de cárie dentária; de modo geral, a especial

vulnerabilidade ao agravo está associada à exposição mais intensa aos fatores de risco e à

privação social (MARTINS; ARAÚJO; VELOSO, 1999).

Em outro estudo, observou-se que a prevalência de cárie diminuiu na medida em que o

nível socioeconômico aumentou, mesmo em áreas sem a adição de flúor à água de

abastecimento público (JONES; WORTHINGTON, 2000).

Vale pontuar que além da renda familiar, a inserção social tem influência direta na

prevalência da cárie dentária (PERES; BASTOS; LATORRE, 2000). Indivíduos com grau de

escolaridade maior tendem a escovar seus dentes mais vezes, com impacto significativo na

saúde bucal. Além disso, a disponibilidade de instalações sanitárias adequadas favorece as

práticas de higiene pessoal (BALDANI; NARVAI; ANTUNES, 2002).

Nadanovsky (2000) afirma que pessoas com baixa renda familiar tendem a ingerir

mais açúcar. O mesmo concluiu Furlani (1993), em se tratando de aspectos dietético-

44

nutricionais, os fatores culturais devem ser considerados, já que esses contribuem de modo

importante para a manutenção de hábitos alimentares deletérios.

Um dado importante, recentemente divulgado, a respeito da saúde bucal do idoso no

Brasil foi oriundo da Pesquisa Mundial de Saúde, realizada em 2003, pela Fundação Oswaldo

Cruz como parte da proposta da OMS para avaliação do Desempenho dos Sistemas de Saúde:

o edentulismo apresenta forte relação com as condições socioeconômicas, particularmente

quando estas são avaliadas a partir do número de bens que o indivíduo possui (RADIS, 2004).

2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA

A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Artigo 196 da Constituição Federal de 1988, BRASIL, 1988)

A política pública de atenção ao idoso se relaciona com o desenvolvimento sócio-

econômico e cultural, bem como com a ação reivindicatória dos movimentos sociais. Um

marco importante dessa trajetória foi a Constituição Federal de 1988 que foi a primeira a

demonstrar preocupação em relação ao idoso. Em seu Capítulo VII, Título VIII (Ordem

Social), nos artigos 229 e 230, versa sobre alguns princípios e direitos assegurados aos idosos.

Os artigos expõem que o filho tem o dever de ajudar e amparar o pai na velhice, enfermidade

ou carência e que é um direito do idoso a participação na comunidade, a dignidade humana e

o bem-estar. Regras mais específicas foram, então, criadas para regulamentar as leis

infraconstitucionais, sempre seguindo os princípios expostos no texto constitucional.

A partir daí a legislação brasileira procurou se adequar a tal orientação, surgindo

então, a Política Nacional do Idoso, através da Lei n° 8.842 de 4 de janeiro de 1994, publicada

com o objetivo de assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua

autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (BRASIL, 1994).

Essa Política, em reconhecimento à importância do envelhecimento populacional no

Brasil, criou condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em

prática ações voltadas, não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que

vão envelhecer (BRASIL 1994).

45

Ao considerar as ações de saúde bucal, mais especificamente, Pucca Junior (1995)

acredita que as políticas nacionais, estaduais e municipais devem considerar que as ações

voltadas para o idoso devem ser específicas e inseridas o quanto antes nas ações

programáticas de saúde municipalizadas, e que estas enfatizem aspectos preventivos, para

evitar o escandaloso quadro de amputação de órgãos. Primeiramente, devem-se enfrentar

problemas como as más condições de mastigação e lesões ligadas à prótese, que constituem

agravos severos. Em segundo lugar, os cirurgiões-dentistas devem ser capacitados no que

tange às particularidades inerentes às reabilitações orais da terceira idade, contribuindo

positivamente para a diminuição do extenso quadro de iatrogenia existente (PUCCA

JUNIOR, 1995).

No entendimento de Chaimowicz, (1997), o governo deve investir de maneira efetiva

em programas de suporte aos idosos e cuidadores. No entanto, nota-se, claramente, que não

existe uma política adequada de tratamento e prevenção das principais doenças bucais que

acometem a terceira idade. O tratamento mais utilizado nessa faixa etária continua sendo a

confecção de próteses totais e, ainda assim, de forma desordenada e incorreta, não sendo

comum a manutenção e correta higienização de tais próteses. Trata-se de um problema sério

que adquire proporções ainda mais significativas à medida que a idade aumenta (PEREIRA;

SILVA; MENEGHIM, 1999).

Moreira e Queluz (1999) acreditam que uma campanha a nível municipal, com

distribuição de folhetos com algumas recomendações básicas e a realização de eventos onde o

público entre em contato direto com o cirurgião-dentista, para esclarecimento de dúvidas, até

mesmo, atendimento gratuito a fim de avaliar as condições clínicas daqueles que já possuem

prótese ou dos indivíduos que precisarão colocá-la, seria uma iniciativa bastante viável a curto

e a médio prazos.

Shinkai e Cury (2000) também apontam a escassez de programas preventivos e de

assistência odontológica direcionados à terceira idade na esfera coletiva. Sendo assim, é

incontinente a alocação de recursos para planejamento, implantação e execução de programas

odontológicos comprometidos com a proteção e promoção da saúde bucal dos idosos

(TORRES, 1986; SALIBA et al., 1999).

É válido retomar a idéia de que, nos últimos cinqüenta anos, a Odontologia dedicou

seus estudos principalmente a descobertas na prevenção e no tratamento da cárie em crianças

de até 12 anos. Foram implantados projetos incrementando a fluorterapia e as atividades de

educação em saúde bucal (PARAJARA; GUZZO, 2000). Porém, os resultados desse

investimento ainda não têm seus reflexos na população idosa, que está longe de atingir a meta

46

da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1997) para o ano 2000, em que na faixa etária de

65-74 anos, 50% das pessoas deveriam apresentar pelo menos vinte dentes em condições

funcionais (FDI, 1987). Se não forem adotadas medidas que dêem continuidade a esse

trabalho preventivo, o quadro de saúde bucal dessas pessoas talvez não apresente melhoras

consideráveis com o passar do tempo (COLUSSI; FREITAS, 2002).

O fato de existirem países que relatam a redução do edentulismo prova a importância

que deve ser dada a ações preventivas de saúde bucal. Além de se dar prioridade à prevenção,

é importante que se considere o idoso como um todo, para que esse grupo etário possa vir a

ter uma melhor qualidade de vida (SILVA et al., 2002).

Em 2002, a OMS propôs, um projeto denominado “Towards Age-friendly Primary

Health Care”, cuja proposta era a de adaptar os serviços de atenção básica para atender

adequadamente às pessoas idosas, tendo como objetivo principal a sensibilização e a educação

no cuidado primário em saúde, de acordo com as necessidades específicas dessa população.

Eram três as áreas de atuação previstas nesse projeto: 1- Informação, Educação,

Comunicação e Treinamento: por meio de treinamento, buscava-se melhorar a formação e as

atitudes dos profissionais de saúde de modo que pudessem avaliar e tratar as condições que

afligiam as pessoas idosas, fornecendo ferramentas e fortalecendo-as na direção de um

envelhecimento saudável; 2- Sistema de Gestão da Assistência de Saúde: organização da

gestão do serviço da Atenção Básica, de acordo com as necessidades das pessoas idosas; 3-

Adequação do ambiente físico: tornando-o mais acessível para as pessoas que possuíam

alguma limitação funcional.

Ainda no ano de 2002, aconteceu a II Assembléia Mundial do Envelhecimento

realizada de 8 a 12 de abril de 2002, em Madri, promovida pela ONU, tendo como resultado

O Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento. Nessa assembléia, a ONU decidiu

adotar um plano para responder às oportunidades que oferece e aos desafios feitos pelo

envelhecimento da população no século XXI e para promover o desenvolvimento de uma

sociedade para todas as idades (ONU, 2003).

Um ano depois, em 2003, após sete anos tramitando no Congresso, o Estatuto do Idoso

(BRASIL, 2003) foi aprovado e sancionado pelo presidente da República, ampliando os

direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos. Mais abrangente que a Política Nacional

do Idoso, o estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da

terceira idade.

No entendimento de Rodrigues et al. (2007), esse é um dos principais instrumentos de

direito do idoso. Trata-se de uma conquista para a efetivação de tais direitos, especialmente

47

por tentar proteger e formar uma base para a reivindicação de atuação de todos (família,

sociedade e Estado) para o amparo e respeito aos idosos.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), por sua vez, através da

Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006 (BRASIL, 2006b), define que a atenção à

saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família, tendo

como referência a rede de serviços especializada de média e alta complexidade. Cabe

considerar que, com base no princípio de territorialização, a Atenção Básica/ Saúde da

Família deve ser responsável pela atenção à saúde de todas as pessoas idosas que estão na sua

área de abrangência, inclusive, aquelas que se encontram em instituições, públicas ou

privadas.

Em relação à promoção da saúde da população idosa as implementações de ações

locais deverão ser norteadas pelas estratégias de implementação, contempladas na Política

Nacional de Promoção da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março de 2006 (BRASIL,

2006c).

No que tange à saúde bucal, o governo federal criou, em 2006, a Política Brasil

Sorridente, que reúne uma série de ações em saúde bucal, voltadas para cidadãos de todas as

idades. Por ser um programa novo, os estados e municípios ainda estão em fase de

implantação do programa, sendo, portanto, ainda muito cedo para mensurar os resultados,

visto que, mesmo entre as crianças, problemas gengivais e dificuldades para conseguir

atendimento odontológico persistem (BRASIL, 2006d). Além disso, é recente a capacitação

específica de cirurgiões-dentistas para assistir esse grupo etário.

Recentemente, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu, através da Portaria n° 325

de 21 de fevereiro de 2008, a atenção ao idoso como uma de suas prioridades. Essa decisão

foi pautada na revisão de prioridades, objetivos e metas do Pacto pela Vida, e os indicadores

de monitoramento e avaliação do Pacto da Saúde, considerando a necessidade do

estabelecimento de fluxos e rotinas no Pacto pela Saúde para o ano de 2008. Isso inclui a

identificação de idosos em situação de fragilidade ou risco de fragilização para promoção de

ações de prevenção e para contribuição na melhoria da qualidade da atenção prestada aos

residentes em instituições de longa permanência.

Além dessa portaria, o ano de 2008 marca o 60º Aniversário da Declaração Universal

dos Direitos Humanos (ONU, 1948) que traz: “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida

capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,

habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança, em

48

caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de

subsistência em circunstâncias fora de seu controle” (Art° XXV, ONU, 1948).

Por fim, diante da revisão realizada, foi possível destacar alguns pontos: o processo de

envelhecimento é um fato e, se tudo correr bem, acontecerá com todos; a institucionalização

aparece como uma alternativa crescente e possível; o envelhecimento, ainda hoje,

infelizmente, vem acompanhado de sérios problemas bucais; levantamentos epidemiológicos

municipais rotineiros constituem-se em excelentes instrumentos para o planejamento das

ações em saúde bucal, e; as políticas públicas de atenção à saúde do idoso e à saúde bucal, já

existentes, precisam ser implementadas no cotidiano das práticas dos serviços municipais de

saúde.

49

3 OBJETIVOS DO ESTUDO

3.1 GERAL

Descrever as características do perfil epidemiológico da saúde bucal de idosos

institucionalizados no município de Feira de Santana (BA) em 2008.

3.2 ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico dos idosos institucionalizados

(sexo, grupo étnico, faixa etária, estado civil, escolaridade, tipo de instituição e renda

pessoal);

Estimar a prevalência das doenças bucais nesses idosos: cárie coronária, cárie de

raiz, edentulismo, doença periodontal, alterações em tecido mole (incluindo candidose oral);

Relatar a existência ou não de programas odontológicos comprometidos com a

proteção e promoção da saúde bucal dos idosos em cada instituição visitada

50

4 MÉTODOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

Quanto à direção temporal, esse estudo epidemiológico foi do tipo transversal, pois

teve como um dos objetivos a produção de diagnósticos instantâneos da situação de saúde de

um grupo, em um determinado ponto do tempo (PEREIRA, 2006).

Referindo-se ao posicionamento do investigador, foi observacional e passivo que,

segundo Rouquayrol e Almeida Filho (2003), é um estudo onde “[...] a observação é feita da

forma mais metódica possível, com o mínimo de interferência nos objetos estudados”.

Possui uma abordagem quantitativa, visto que “tem o propósito de quantificar a

magnitude e a distribuição de um evento na coletividade” (PEREIRA, 2006).

Quanto à exposição dos objetivos é considerado descritivo e quanto aos

procedimentos, pesquisa de campo do tipo censo (todos os indivíduos da população foram

incluídos no estudo) (FERREIRA; RONCALLI; LIMA, 2004; BARROS et al., 2005;

PEREIRA, 2006).

No entendimento de Frias, Antunes e Narvai (2004), por meio de levantamentos

epidemiológicos como esse, a condição de saúde bucal de diferentes grupos populacionais

pode ser estimada. As informações fornecidas por esses levantamentos possibilitam

comparações no tempo e no espaço, e avaliações do impacto diferencial de fatores de risco e

proteção, bem como, em certa medida, dos programas de saúde relativos aos agravos e

condições considerados.

4.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado em quatro Instituições de Longa Permanência para Idosos,

cadastradas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do município de Feira de

Santana, Bahia, situado a 108 km da capital, Salvador. Quanto aos aspectos demográficos, o

município de Feira de Santana concentra o segundo maior contingente populacional urbano

51

do Estado, superada apenas por Salvador. A situação geográfica do município de Feira de

Santana, como eixo rodoviário, facilita o processo migratório, que se mantém crescente e se

caracteriza por uma maioria de migrantes sem renda ou instrução (QUEIROZ; SÁ; ASSIS,

2004).

Na área da saúde, de acordo com a Lei Orgânica Municipal, o Município integra, com

a União e o Estado, o Sistema Único de Saúde. Entretanto, segundo Queiroz, Sá e Assis

(2004), no município não há uma política clara de financiamento para saúde, embora os

percentuais de dotação orçamentária nessa área, que variaram de 7,8% a 34% na última

década, sejam altos, de acordo com a Emenda Constitucional 29 de 2000, que prevê a

aplicação de no mínimo 7% da receita proveniente de impostos para o ano 2000 até atingir

15% em 2004.

O sistema de saúde do município de Feira de Santana é fragmentado, nos moldes do

modelo privatista, centrado na produtividade (ASSIS, 1998). Em conseqüência disso, as

políticas públicas implementadas, com o processo de descentralização, são pautadas em ações

programáticas de saúde, em que se valoriza produtividade de serviços, com baixa

resolutividade, de acordo com os condutores da política de saúde no município (QUEIROZ;

SÁ; ASSIS, 2004).

Na área da saúde bucal, o município possui: 29 Equipes de Saúde Bucal (ESB)

modalidade I na Estratégia Saúde da Família, implantadas a partir de 2004, cobrindo apenas

37,34% da população feirense (BRASIL, 2009); 05 Unidades Básicas de Saúde com

atendimento odontológico ambulatorial (IBGE, 2006), 01 Centro de Especialidades

Odontológicas (BRASIL, 2009); 01 Laboratório de Prótese Dentária; 01 Universidade

Estadual que possui clínicas odontológicas para atendimento ambulatorial, no entanto com

enfoque de formação acadêmica e não assistencial; 01 equipe de saúde bucal que atende nas

escolas (Informação verbal)2; e, 05 estabelecimentos de saúde com atendimento de

emergência em Cirurgia Bucomaxilofacial (IBGE, 2006).

Vale destacar que a Secretaria de Saúde do Município implantou em sua estrutura

organizacional, no ano de 2008, um grupo técnico responsável pela Atenção à Saúde do

Adulto e Idoso, no entanto, não possui odontogeriatras em seu quadro (Informação verbal) 2.

2 Informações fornecidas em comunicação pessoal na Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana, obtidas no dia 12 fevereiro de 2009.

52

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

O município de Feira de Santana possui uma população de 584.497 habitantes, dos

quais 45.531 são idosos (IBGE, 2008) (Quadro 1).

Quadro 1 - População Residente de Feira de Santana com Faixa Etária de 60 ou mais anos, Período: 2008. Faixa etária Masculino Feminino Total 60 a 69 anos 10.670 14.802 25.472 70 a 79 anos 5.324 8.266 13.590 80 anos e mais 2.396 4.073 6.469 Total: 18.390 27.141 45.531

Fonte: IBGE - Estimativas elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA/IBGE (BRA/4/P31A) - População e Desenvolvimento. Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2007-2009. Contagem Populacional; para os anos intercensitários, estimativas preliminares dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo pelo MS/SE/DATASUS. 2008.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1997) situa a população de idosos, como

sendo composta por pessoas com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos, e 60 anos ou

mais nos países em desenvolvimento.

Sendo assim, a população estudada foi aquela composta por todos os indivíduos

residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos cadastradas na Secretaria de

Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, com idade superior a 60

anos, de ambos os sexos.

4.3.1 Critérios de inclusão e de exclusão das instituições e dos indivíduos

A seleção das instituições que participaram da pesquisa foi feita levando-se em

consideração o cadastramento destas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de

Feira de Santana. Vale destacar que contatos preliminares com as instituições foram

estabelecidos com o propósito de explicar os objetivos da pesquisa e obter o número total de

residentes, sendo assim, todas as instituições cadastradas aceitaram participar do estudo.

Todos os indivíduos residentes nessas instituições (139) foram considerados eleitos

para participarem da pesquisa. No entanto, os indivíduos com idade inferior a 60 anos,

aqueles altamente debilitados, sem condições físicas ou psicológicas para a realização do

53

exame clínico, bem como aqueles que não aceitaram participar da pesquisa, não estavam

presentes, ou não permitiram a realização do exame, foram excluídos da pesquisa (19

indivíduos). Por fim, participaram da pesquisa 120 idosos institucionalizados no município de

Feira de Santana (Quadro 2).

Vale ressaltar que, nos indivíduos muito dependentes, o exame clínico foi realizado,

mas as perguntas foram dirigidas ao seu cuidador ou responsável legal.

Quadro 2 - População Estudada e População Residente em Instituições de Longa Permanência para Idosos no município de Feira de Santana (BA). Período: 2008.

Instituição Tipo de instituição

População Inicial

(total de idosos residentes na instituição)

Excluída Estudada

Lar Franciscano Particular 20 06 14 AFAS Filantrópica 35 01 34 Dispensário Santana Filantrópica 19 01 18 Lar do Irmão Velho Filantrópica 65 11 54 Total 139 19 120

Fonte: Dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Feira de Santana, obtidos no dia 07 de fevereiro de 2008, dados fornecidos pelas instituições em março de 2008 e dados próprios da pesquisa.

54

4.4 FLUXOGRAMA

IDENTIFICAÇÃO DOS CAMPOS PARA A PESQUISA E ESTUDO-PILOTO

APRECIAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UEFS E

QUALIFICAÇÃO DO PROJETO

ESTUDO DA POPULAÇÃO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE FEIRA

DE SANTANA-BA 139 idosos

Excluídos 19 idosos População Estudada

120 idosos

ESTUDO PILOTO 16 idosos

Treinamento e calibração da examinadora e anotadora com dois professores da disciplina Odontologia Preventiva e Social II da UEFS

Treinamento e calibração da

examinadora e anotadora, validação do instrumento de coleta.

Coleta dos dados em dois momentos.

Exame clínico e preenchimento da ficha de levantamento

Digitação e compilação dos dados.

Aplicação do Kappa

Coleta dos dados. Exame clínico e

preenchimento da ficha de levantamento

Repetição do exame em 20% dos idosos.

Digitação e consolidação dos

dados. Aplicação do Kappa

ANÁLISE ESTATÍSTICA

55

4.5 COLETA DOS DADOS

4.5.1 Instrumentos de coleta dos dados

Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos: uma Ficha de

Levantamento Epidemiológico (Apêndice A),b utilizada para registrar o perfil

socioeconômico e demográfico e a condição de saúde bucal de cada idoso; e uma Ficha de

Identificação da Instituição (Apêndice B) para registro de informações sobre a instituição.

4.5.2 Calibração e estudo-piloto

Dado o alto grau de subjetividade de que se reveste o diagnóstico das doenças bucais,

a uniformidade nos diagnósticos entre diferentes examinadores é de importância crucial para a

fidedignidade dos dados obtidos no levantamento. Além disso, em levantamentos

epidemiológicos em saúde bucal, os índices utilizados possuem características específicas

(RONCALLI, 2004).

Nesse estudo, portanto, para se evitar o viés de aferição, somente a pesquisadora

interrogou os indivíduos e o responsável legal pela instituição, e realizou os exames clínicos.

Desse modo, para assegurar uma interpretação uniforme e consistente dos critérios

padronizados para a coleta dos dados, a pesquisadora e a anotadora foram calibradas.

A calibração foi realizada em sala clínica da Universidade Estadual de Feira de

Santana, sob supervisão de dois professores da disciplina Odontologia Preventiva e Social II

dessa Universidade, um mês antes do estudo-piloto.

Além disso, Roncalli (2004) acredita que pesquisas epidemiológicas, que envolvam

um grande número de índices, devem incluir um estudo-piloto no seu desenvolvimento.

Segundo o autor, determinadas situações previstas no planejamento só surgem em campo e

um estudo-piloto ajuda na reorganização das estratégias e no aperfeiçoamento das técnicas e

dos instrumentos de coleta.

Nessa perspectiva, os instrumentos dessa pesquisa foram validados, bem como a

pesquisadora e sua anotadora foram novamente calibradas, em um estudo-piloto realizado

com 16 idosos, selecionados por conveniência, freqüentadores de uma igreja católica

localizada em um bairro periférico de Feira de Santana (BA).

56

Esses 16 idosos foram examinados duas vezes, com o intervalo de uma semana entre

os exames, dessa forma foi possível calcular o coeficiente Kappa intra-examinador antes da

coleta na população de estudo. Na aplicação desse coeficiente, testou-se a reprodutibilidade

dos resultados nos dois períodos considerados.

Vale destacar que, após o estudo-piloto, durante a coleta propriamente dita, 20% dos

idosos foram examinados duplamente, sem o prévio conhecimento da examinadora. Essa

duplicidade na coleta teve o intuito de calcular o coeficiente Kappa intra-examinador durante

a coleta. Tendo em vista possíveis intempéries do campo de pesquisa, bem como cansaço

físico e psicológico, essa medida foi tomada visando minimizar e identificar possíveis erros

de aferição durante esta fase do estudo.

O cálculo do coeficiente para os 40 reexames (16 do estudo-piloto e 24 durante a

coleta) demonstrou que durante a coleta para a pesquisa a concordância foi superior à fase de

estudo-piloto, com concordâncias classificadas como de quase perfeita a perfeita, mostrando

excelente reprodutibilidade do diagnóstico (Tabela 1). Os valores utilizados para a

interpretação do coeficiente foram os da escala de pontos de Landis e Koch (1977).

Durante a coleta, as condições com menores coeficientes foram CPO-D, CO-R,

necessidade de tratamento, CPI, PIP, necessidade de prótese, qualidade da prótese, alteração

em tecido mole, classificando-as como concordância quase perfeita. Para uso de prótese e

candidose a concordância foi perfeita.

Tabela 1 – Coeficientes de Kappa, intra-examinador, calculados no estudo-piloto e nos reexames durante a coleta para as condições examinadas em idosos institucionalizados em Feira de Santana-Ba, 2008.

Condição Coeficiente Kappa Estudo-Piloto Reexame durante a coleta

CPO-D 0,86 0,98 CO-R 0,85 0,96 Necessidade de tratamento 0,70 0,95 CPI 0,98 0,98 PIP 0,92 0,99 Uso de prótese 1,00 1,00 Necessidade de prótese 0,86 0,95 Qualidade da prótese 0,86 0,95 Alteração em tecido mole 0,90 0,97 Candidose 1,00 1,00

57

4.5.3 Caracterização da instituição

Ao primeiro contato com a instituição, foi preenchida uma ficha de identificação

(Apêndice B), que contempla: o nome, o tipo (particular, filantrópica, pública), a existência de

algum programa de promoção e proteção de saúde bucal (própria ou promovida pela

prefeitura) e a categoria profissional do responsável pela execução do programa.

4.5.4 Perfil socioeconômico e demográfico

O primeiro momento com os idosos foi caracterizado pela coleta do perfil

socioeconômico e demográfico. A pesquisadora se dirigiu ao idoso ou ao seu cuidador, caso

este não estivesse em condições de responder aos questionamentos, e anotou as respostas

criteriosamente na Ficha de Levantamento Epidemiológico (Apêndice A).

Antes de examinar qualquer pessoa, a pesquisadora se apresentou, explicando o

propósito da pesquisa, pedindo permissão, e apresentando a ficha ora utilizada. Foram

enfatizados o sigilo das informações e o fato de não existirem respostas certas ou erradas.

Quando algum dos entrevistados não sabia responder algum dos itens, a pesquisadora se

dirigia ao responsável legal da instituição e, através de dados contidos nos prontuários ou nos

documentos de identidade, os itens foram preenchidos.

Os itens da Ficha de Levantamento Epidemiológico referentes ao perfil

socioeconômico e demográfico são detalhados abaixo.

Sexo

Desde a antiguidade e em todas as partes do mundo são constatadas diferenças no

perfil de morbimortalidade entre os diferentes sexos. As condições ligadas diretamente ao

sexo, questões genéticas e hormonais, são à primeira vista, a primeira explicação para estas

diferenças. Condições estas que funcionam ora como fator de risco, ora como fator de

proteção para a saúde. O estilo de vida das pessoas também pode ser considerado um

importante fator, de risco ou de proteção, quando analisamos as diferenças entre os sexos

(PEREIRA, 2006).

58

Por entender que a questão do gênero/sexo perpassa a velhice e a saúde (PAVAN;

MENEGHEL; JUNGES, 2008) esta variável foi inserida (Quadro 3).

Quadro 3 - Códigos utilizados para definição do sexo. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Grupo étnico / Raça

Grupo étnico, segundo Pereira (2006), é o termo usado para designar um conjunto de

pessoas que tem maior homogeneidade, em termos de patrimônio genético, do que encontrado

na população em geral. O autor destaca que as doenças variam em relação a grupos étnicos, e

por isso, a preparação de estatísticas por grupos étnicos permite apontar diferenças existentes

no seio da população, para uma variedade de doenças que precisam ser conhecidas ou

atenuadas.

Nessa perspectiva, a variável grupo étnico/raça foi adotada. Para tanto, a classificação

utilizada, inicialmente, no estudo-piloto, foi a preconizada pela Fundação IBGE, que leva em

consideração a autodeclaração, ou seja, foi perguntado em que categoria o indivíduo se

incluía.

No entanto, no estudo-piloto foi constatado que ao perguntar a opinião dos indivíduos

estas diferiam da percepção da pesquisadora. Foi então que ficou decidido que, para a coleta

dos dados, quanto ao grupo étnico, este seria anotado conforme percepção da pesquisadora.

Esta decisão foi respaldada pelos ensinamentos de Pereira (2006):

A questão de perguntar a opinião do indivíduo sobre sua cor, assim como a classe social a que pertence, conduz a incorporações, porque leva a estudar interpretações e estereótipos, em lugar daquilo que se quer realmente alcançar: a separação entre grupos étnicos, para então proceder à investigação de suas associações com a saúde. (PEREIRA, 2006)

Foram considerados, portanto, os traços predominantes descritos no quadro 4, a seguir,

conforme orientações contidas no manual do anotador do Projeto “SBBrasil 2003”, do

Ministério da Saúde (BRASIL, 2004b).

Código Sexo

1 Masculino

2 Feminino

59

Quadro 4 - Códigos utilizados para definição do grupo étnico. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Grupo Étnico Código Características Biológicas

Amarelo 1 Pele branco-amarela; olhos oblíquos, repuxados. Compreende-se nessa categoria a pessoa que se declarou da raça amarela.

Branco 2

Pele branca; cabelo liso ou ondulado fino (de louro a negro); nariz estreito e proeminente; lábios finos (ou de espessura mediana); gengiva cor rósea (com suas variações normais devidas à queratinização e vascularização). Compreende-se nessa categoria a pessoa que se declarou da raça branca.

Negro 3

Pele castanho-escura ou negra; cabelo ondulado, encaracolado ou em anel, geralmente escuro; nariz largo ou achatado; gengiva pigmentada pelo acúmulo de melanina. Compreende-se nessa categoria a pessoa que se declarou da raça negra.

Pardo 4 Pele de coloração entre branca e negra (“mulato”, “moreno”); traços evidenciando miscigenação; impossibilidade de incluir o indivíduo nas categorias “branco”, “negro” ou “amarelo”. Inclui-se nessa categoria a pessoa que se declarou mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça.

Indígena 5 Considera-se, nessa categoria, a pessoa que se declarou indígena ou índia.

Sem Informação 9

Quando não foi possível determinar o grupo étnico e/ou quando a pessoa não se declarou pertencente a nenhum dos grupos anteriores.

Fonte: USP/FSP, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 1998. FUNDAÇÃO IBGE, 2000. In: Manual do examinador (BRASIL, 2001). Idade

No entendimento de Roncalli (2004), a idade tem forte relação com a distribuição das

doenças bucais. Desse modo a divisão dos indivíduos em determinados grupos etários é um

procedimento padrão em qualquer levantamento epidemiológico.

Nesse item, os anos completos do indivíduo foram anotados para cálculo da idade

mínima, máxima e da idade média dos indivíduos. Na análise dos dados, esta idade foi

categorizada/agregada em faixas etárias utilizando, para tanto, os códigos abaixo (Quadro 5):

60

Quadro 5 - Códigos utilizados para definição da faixa etária. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Faixa etária 1 60 a 65 anos 2 66 a 70 anos 3 71 a 75 anos 4 76 a 80 anos 5 81 a 85 anos 6 86 a 90 anos 7 91 anos ou mais 9 Sem informação

Estado civil

No entendimento de Pereira (2006), o estado civil da pessoa está associado à sua

saúde. De pesquisas e estatísticas estrangeiras o autor depreendeu que, igualados quanto à

idade e sexo, os casados apresentam melhores níveis de saúde do que os solteiros, viúvos ou

divorciados. Quando comparados por estado civil, os viúvos, por exemplo, são os que

apresentam as maiores taxas de mortalidade.

Sendo assim, o estado civil dos entrevistados foi anotado no campo específico da ficha

e seguiu os seguintes códigos (Quadro 6):

Quadro 6 - Códigos utilizados para definição do estado civil. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Estado civil 1 Solteiro 2 Casado 3 Divorciado legalmente 4 Separado 5 Viúvo 6 Vive com o companheiro 9 Sem informação

Renda pessoal

Além das dificuldades de acesso aos serviços odontológicos, pessoas com diferenças

pronunciadas de renda também estão em desvantagem quanto à ocorrência de problemas de

saúde bucal. Tal constatação foi registrada no levantamento do Ministério da Saúde em 1986,

quando se indicou que as pessoas situadas nos estratos de renda mais elevada, possuíam

menos cáries do que as situadas na base da pirâmide socioeconômica (PINTO, 1997).

61

Foi obtida, portanto, a renda mensal atual da pessoa examinada (renda do último mês),

em Reais. Considerando a Medida Provisória nº 421/2008, de 29.02.2008 que estipulou o

valor do Salário Mínimo (SM) de R$415,00 realizou-se a categorização abaixo (Quadro 7).

Quadro 7 - Códigos utilizados para definição da renda pessoal. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Renda Pessoal 1 Não tem renda 2 Renda menor que 1 SM 3 Renda de 1 SM 4 Renda entre 1 e 3 SM 5 Renda entre 3 e 5 SM 6 Renda entre 5 e 10 SM 7 Renda acima de 10 SM 9 Sem informação

Escolaridade/Anos de estudo

Conforme os ensinamentos de Baldani, Narvai e Antunes (2002), indivíduos com grau

de escolaridade maior, tendem a escovar seus dentes mais vezes, o que gera um impacto

significativo na saúde bucal.

Concordando com esses autores, nesse estudo, a escolaridade foi levada em

consideração. Vale observar que foram anotados os anos de estudo para cálculo da média de

anos estudados, e esses, após a coleta, foram categorizados/agregados conforme critérios a

seguir (Quadro 8), levando-se em conta a antiga denominação de nível de escolaridade, já que

esses indivíduos fizeram referência a esta denominação

Quadro 8 - Códigos utilizados para definição da escolaridade. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Escolaridade 1 Analfabeto 2 1º grau incompleto 3 1º grau completo 4 2º grau incompleto 5 2º grau completo 6 3º grau incompleto 7 3º grau completo 8 Pós-graduação 9 Mestrado 10 Doutorado 11 Pós-doutorado 99 Sem informação

62

4.5.5 Exame clínico - condição de saúde bucal

A maior parte do exame clínico da condição oral da população de estudo, foi realizada

de acordo com os critérios descritos no Manual do Examinador do Projeto SB-2000

(BRASIL, 2001). Tendo em vista que o referido projeto não apresenta variáveis suficientes

para o alcance de todos os objetivos pretendidos nesse estudo, outras variáveis foram

introduzidas e, portanto, outros critérios também foram adotados.

Diante do fato de que, proceder conforme os preceitos de biossegurança é um

imperativo, nesse momento, é importante mencionar as medidas de biossegurança adotadas

pela pesquisadora e anotadora.

Os membros da equipe de campo (pesquisadora e anotadora) se mantiveram

permanentemente atentos e desenvolveram práticas coerentes e adequadas em relação à sua

proteção e a dos indivíduos que se submeteram aos exames. Deve-se assinalar, entretanto, que

a responsabilidade pela adoção das normas de biossegurança foi da Cirurgiã-Dentista (CD) -

pesquisadora.

As principais medidas, no presente estudo, incluíram:

• lavagem das mãos com álcool, no início e no final de cada exame, ou quando se fez

necessário;

• uso de avental, luvas, máscara e gorro;

• uso de um par de luvas para cada indivíduo examinado;

• a pesquisadora não manipulou objetos impertinentes, tais como: lápis, borrachas,

fichas, pranchetas etc. Tais objetos foram utilizados apenas pela anotadora;

• a pesquisadora apanhou o instrumental, realizou o exame e o descartou em recipiente

adequado, devidamente identificado.

Realização do Exame

O propósito da informação “realização do exame” foi o de obter as razões da não

realização. Isto é, uma vez composta a população de estudo, número total de idosos

institucionalizados em Feira de Santana, foi designada uma ficha para cada um dos sujeitos.

Mesmo não sendo feito o exame, foram assinaladas, nas fichas, as razões da não-realização

(BRASIL, 2004). Os códigos e critérios adotados foram os descritos no Quadro 9.

63

Quadro 9 - Códigos utilizados para assinalar a realização ou não do exame. Idosos Institucio- nalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Critério 1 Exame Realizado. 2 Exame não realizado por não ter sido autorizado pela Instituição 3 Exame não realizado porque o idoso não permitiu.

4 Exame não realizado porque o idoso não foi encontrado no momento do exame ou por ausência do idoso na instituição, no dia da visita.

5 Exame não realizado em decorrência de dificuldades organizativas da equipe da pesquisa.

6 Exame não realizado em decorrência de dificuldades relacionadas ao local onde o exame seria feito.

7 Exame não realizado por ausência do morador no domicílio, no dia da visita. 9 Exame não realizado por outras razões.

Cárie dentária (Coroa)

Desenvolver ações de saúde bucal dirigidas a grupos populacionais implica

conhecimento da sua situação epidemiológica. Isso pode ser conseguido por meio de

levantamentos epidemiológicos, para os quais se utilizam diversos instrumentos, de acordo

com as características de cada doença ou agravo. Em relação à cárie dentária, embora tenham

sido propostos vários instrumentos para sua mensuração em populações, o índice mais

freqüentemente utilizado é o CPO-D, descrito por Klein e Palmer em 1938 (NARVAI et al.,

2001) e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1991).

Esse índice vem sendo largamente utilizado em levantamentos epidemiológicos de

saúde bucal, pois mede e compara a experiência de cárie dentária em populações. O seu valor

expressa a média de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados em um grupo de

indivíduos (WHO, 1997). Nesse sentido, o índice CPO-D foi empregado nesse estudo para

estimar a prevalência da cárie dentária.

Para o cálculo do índice CPO-D foram somados o total de dentes permanentes

cariados (componente “C”), perdidos ou extraídos por cárie (componente “P”) e obturados ou

restaurados (componente “O”). Assim, CPO = C + P + O. Sendo que, um dente foi

considerado presente na boca quando apresentou qualquer parte visível ou podendo ser tocada

com a ponta da sonda sem deslocar ou perfurar tecido mole indevidamente.

A presença de lesões cariosas foi verificada através da utilização de espelho bucal

plano e a sonda utilizada para o CPI, após limpeza e secagem da superfície dental com gaze

estéril (MENEGHIM; PEREIRA; SILVA, 2002; BRASIL, 2004).

64

Para o cálculo do índice CPO-D e seus componentes, todos os dentes examinados

receberam obrigatoriamente um código, conforme a classificação preconizada pela

Organização Mundial de Saúde para o diagnóstico e registro de cárie da coroa dentária (OMS,

1999) (Quadro 10).

O procedimento adotado foi o seguinte: C = contagem dos dentes classificados nos

códigos 1 e 2; P = contagem dos dentes classificados no código 4; e O = contagem dos dentes

com código 3. A média global do CPO-D da população foi calculada somando-se o CPO-D de

todos os indivíduos examinados e dividindo esse resultado pelo número total de pessoas

examinadas (ANTUNES; PERES; CRIVELLO JUNIOR, 2006).

65

Quadro 10: Códigos e critérios preconizados pela OMS para o diagnóstico e registro de cárie da coroa dentária

Cód. Critério Descrição

0 Coroa Hígida

Uma coroa é considerada hígida caso não apresente evidências de cáries tratadas ou não tratadas. Os estágios de cáries precedem a cavitação e outras condições semelhantes não devem ser considerados no diagnóstico de cárie. Assim, uma coroa com as seguintes condições, na ausência de outros critérios positivos, deve ser codificada como hígida: - Manchas brancas e porosas; - Manchas com alteração de coloração ou rugosidade que não sejam amolecidas ao toque pela sonda periodontal ball point ou CPI metálica usada nesses exames bucais; - Fóssulas ou fissuras pigmentadas no esmalte sem sinais visíveis de esmalte socavado ou amolecido do assoalho ou paredes detectáveis com a sonda IPC; - Áreas escuras, brilhantes, duras, pontilhadas de esmalte em um dente, apresentando sinais de fluorose moderada a severa; - Lesões que, baseando-se em distribuição ou história clínica, ou ao exame visual-tátil, pareça ser devida a abrasão.

1 Coroa cariada

A cárie é considerada presente quando há lesão em uma fóssula ou fissura, ou em uma superfície dentária lisa, com cavidade inconfundível, esmalte socavado, ou amolecido detectável de assoalho ou parede. Um dente com restauração provisória ou selante (código 6 ou F), mas também cariado, deve ser incluído nessa categoria. Nos casos em que a coroa tenha sido destruída por cáries e somente a raiz tenha restado, a cárie é considerada como tendo se originado na coroa, e, portanto, deve ser classificada como cárie coronária. A sonda deve ser utilizada para confirmar as evidências visuais de cárie nas faces oclusal, vestibular e lingual. Em caso de dúvida, a cárie deve ser registrada como presente. OBS: Quando a coroa está completamente destruída pela cárie, restando apenas a raiz, a OMS recomenda que o código “1” seja registrado apenas na casela correspondente à coroa. A FSP-USP indica registrar o código “9”na casela da raiz.

2 Coroa

restaurada com cárie

Uma coroa é considerada restaurada com cárie quando tiver uma ou mais restaurações permanentes e uma ou mais áreas que estão com cáries. Não é feita nenhuma distinção entre as cáries primárias e secundárias (ou seja, o mesmo código aplica-se caso as lesões por cárie sejam ou não associadas às restaurações).

3 Coroa

restaurada sem cárie

Uma coroa é considerada restaurada sem cárie quando uma ou mais restaurações permanentes estão presentes e não existe cárie em ponto algum da coroa. Um dente que tenha recebido uma coroa protética devido à cárie prévia deve ser classificado nessa categoria.

4

Dente ausente devido a

cárie

Esse código é utilizado para os dentes permanentes ou decíduos que tenham sido extraídos devido à cárie e é registrado na condição coronária. Para os dentes decíduos ausentes, esta classificação somente deve ser utilizada caso a idade do indivíduo examinado não seja compatível com a hipótese de que a esfoliação pudesse explicar satisfatoriamente a ausência do dente. O código 4 não deve ser utilizado para dentes ausentes por outras razões. Nota: Nesses casos o código registrado na casela correspondente à raiz é 9 ou 7 (quando tiver um implante no lugar).

5 Dente

permanente ausente por outra razão

Esse código é utilizado para dentes permanentes considerados ausentes por outros motivos que não a cárie: ausência congênita, traumatismo, tratamento ortodôntico, doença periodontal.

6 Selante de fissura

Esse código é utilizado para dentes com aplicação de selante de fissura na superfície oclusal; ou para dentes em que a fissura oclusal foi amplamente aumentada por broca esférica ou “chama de vela”, com aplicação de resina composta. Dentes com selante, porém cariados, devem ser codificados com 1 ou B.

7

Dente suporte de

prótese, coroa

protética ou faceta

Esse código é utilizado para indicar condição de coroa dos dentes que fazem parte de uma prótese parcial fixa, isto é, são suportes de prótese. Esse código também pode ser utilizado para coroas protéticas colocadas por outras razões que não a cárie e para recobrimentos facetados e laminados na face vestibular de um dente no qual não existam evidências de cáries ou de uma restauração. Os dentes ausentes substituídos por pontes são codificados como 4 ou 5 quanto à condição coronária, enquanto a condição radicular é codificada com 9.

8 Coroa não-erupcionada

Esta classificação está registra aos dentes permanentes e é utilizada somente para os espaços dentários com dente permanente não-erupcionado e sem o dente decíduo. Os dentes classificados como não-erupcionados devem ser excluídos dos cálculos relativos a cárie dentária. Esta categoria não inclui dentes perdidos por trauma ou outros motivos.

T Traumatismo (fratura)

Uma coroa é classificada como fraturada quando parte de sua superfície está ausente como resultado de trauma e sem evidência de cárie.

9 Não-registrado

Esse código é utilizado para quaisquer dentes permanentes erupcionados que não possam ser examinados por qualquer razão (por exemplo, devido a presença de bandas ortodônticas, hipoplasias severas etc.).

Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2001.

66

Necessidade de tratamento

Imediatamente após registrar a condição dentária e antes de passar à unidade dentária

seguinte foi registrado o tratamento indicado. Os códigos e critérios para as necessidades de

tratamento estão registrados no Quadro 11.

Quadro 11: Códigos e critérios preconizados pela OMS para o registro da necessidade de tratamento.

Código Critério Descrição

0 Nenhum tratamento A coroa e a raiz devem estar hígidas, ou o dente não pode ou não deve ser extraído ou receber qualquer outro tratamento.

1 Restauração de uma superfície dentária 2 Restauração de duas ou mais superfícies dentárias 3 Coroa por qualquer razão 4 Coroa veener ou faceta estética

5 Tratamento pulpar e restauração

O dente necessita de tratamento endodôntico previamente à colocação da restauração ou coroa, devido à cárie profunda e extensa, ou mutilação ou trauma. A sonda não deve ser inserida no fundo de uma cavidade para confirmar a presença de uma provável exposição pulpar.

6 Extração

Um dente será registrado como “indicado para extração”, dependendo das possibilidades de tratamento disponíveis, quando: a cárie destrói o dente de tal modo que não é possível restaurá-lo; a doença periodontal progrediu tanto que o dente está com mobilidade, há dor ou o dente está sem função e, no julgamento clínico do examinador, não pode ser recuperado através de tratamento periodontal; um dente precisa ser extraído para confecção de uma prótese; ou, a extração é necessária por razões ortodônticas ou estéticas, ou devido à impactação.

7 Remineralização de Mancha Branca

8 Selante

A indicação de selantes de fóssulas e fissuras não é uma unanimidade entre os cirurgiões-dentistas, havendo profissionais que não o indicam em nenhuma hipótese. Nessa pesquisa a necessidade de selante será registrada. Sua indicação, conforme regra de decisão adotada pela USP/FSP (1998), será feita na presença simultânea das seguintes condições: o dente homólogo apresenta cárie ou foi atingido pela doença; há presença de placa clinicamente detectável evidenciando higiene bucal precária.

Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2001.

67

Quando, por alguma razão, não foi possível definir a necessidade de tratamento do

dente, via de regra, quando a condição da coroa foi 9 (dente excluído), assinalou-se 9 também

na necessidade de tratamento. Na condição em que a coroa foi considerada não-erupcionada

(8) ou dente perdido (4 ou 5), também foi assinalado 9 na casela referente à necessidade de

tratamento.

Um dos códigos 1, 2, 7 ou 8 foi utilizado para indicar o tratamento necessário

para:

tratar as lesões de cárie iniciais, primárias ou secundárias;

tratar descoloração de um dente ou um defeito de desenvolvimento;

reparar dano causado por trauma, abrasão, erosão ou atrição; ou,

substituir restaurações ou selantes insatisfatórios se existissem uma ou mais das

seguintes condições:

- margem deficiente, permitindo ou em vias de permitir infiltração na dentina. A

decisão foi tomada com base no senso clínico do examinador, após ter inserido a sonda CPI

na margem entre a restauração e o tecido duro ou após observar uma significativa

descoloração do esmalte adjacente;

- excesso marginal, causando irritação local do tecido gengival e não podendo ser

removido através de um ajuste da restauração;

- fratura, que possa causar a perda da restauração ou infiltração marginal;

- descoloração.

Cárie de raiz

No entendimento de Antunes, Peres e Crivello Junior (2006), para adultos e idosos,

fatores de ordem diversa contribuem para a exposição de raiz dentária. Nesse sentido, esses

autores acreditam que para esse grupo etário, além dos índices que se referem à condição da

coroa dentária, uma medida similar é indicada para expressar a experiência de cáries na raiz

dentária (Quadro 12). Naturalmente, um dente “perdido” não é passível de exposição

radicular. Nesse sentido, o índice de condição da raiz dentária considera apenas os

componentes “cariado” e “obturado” (CO-R).

Assim, CO = C + O. O procedimento adotado será o seguinte: C = contagem dos

dentes classificados nos códigos 1 e 2; e O = contagem dos dentes com código 3.

68

Quadro 12: Códigos e critérios preconizados pela OMS para o diagnóstico e registro de cárie de raiz.

Cód. Critério Descrição

0 Raiz Hígida

A raiz está exposta e não há evidência de cárie ou de restauração (raízes não expostas são codificadas como “8”).

Nota: Todas as lesões questionáveis devem ser codificadas como dente hígido.

1 Raiz cariada

A lesão pode ser detectada com a sonda CPI. Se há comprometimento radicular discreto, produzido por lesão proveniente da coroa, a raiz só é considerada cariada se há necessidade de tratamento radicular em separado. Nota: Quando a coroa está completamente destruída pela cárie, restando apenas a raiz, a OMS recomenda que o código “1” seja registrado apenas na casela correspondente à coroa. A FSP-USP indica registrar o código “9”na casela da raiz.

2

Raiz Restaurada

, mas Cariada

Idem, coroa restaurada, mas cariada. Em situações nas quais coroa e raiz estão envolvidas, a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada, mas cariada. Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como restauradas, mas com cárie.

3

Raiz Restaurada

e Sem Cárie

Idem, coroa restaurada e sem cárie. Em situações onde coroa e raiz estão envolvidas, a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada. Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como restauradas. Notas: Com relação aos códigos 2e 3, apesar de ainda não ser uma prática consensual, a presença de ionômero de vidro em qualquer elemento dentário será considerada, nesse estudo, como condição para elemento restaurado. Quando o dente foi perdido devido à cárie (código 4 para coroa) o código registrado na casela correspondente à raiz é 9 ou 7 (quando tiver um implante no lugar; Nos casos onde o dente foi perdido por outras razões (código 5 para coroa) o código registrado na casela correspondente à raiz é “7” ou “9”.

6 Selante Nota: Embora na padronização da OMS haja referência apenas à superfície oclusal, deve-se registrar a presença de selante localizado em qualquer superfície.

7 Implante Registrar esse código (7) na casela da raiz.

8 Raiz Não Exposta

Não há exposição da superfície radicular, isto é, não há retração gengival para além da junção cemento-esmalte.

9 Não-registrado

Esse código é utilizado para quaisquer dentes permanentes erupcionados que não possam ser examinados por qualquer razão (por exemplo, devido à presença de bandas ortodônticas, hipoplasias severas etc.).

Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2001.

Doença periodontal

Para a avaliação periodontal, foram considerados os índices indicados pela OMS a

partir de 1997 (WHO, 1997), o Índice Periodontal Comunitário (IPC ou CPI - sigla em inglês)

e, o Índice de Perda de Inserção Periodontal (PIP).

Índice Periodontal Comunitário

Segundo a WHO (1997), o CPI permite avaliar a condição periodontal quanto à

higidez, sangramento e presença de cálculo ou bolsa. Para a realização do exame foi utilizado

sonda específica (Figura 1), denominada sonda CPI, com esfera de 0,5 mm na ponta e área

69

anelada em preto situada entre 3,5 mm e 5,5 mm da ponta. Outras duas marcas na sonda

permitem identificar distâncias de 8,5mm e 11,5 mm da ponta do instrumento. Ao anotar o

índice, o que foi levado em conta foi a margem gengival.

Figura 1 - Sonda CPI, ilustrando as marcações com as distâncias, em milímetros, à ponta da sonda. Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2004; ANTUNES; PERES; CRIVELLO JUNIOR, 2006.

Sendo a boca dividida em sextantes definidos pelos dentes: 18-14, 13-23, 24-28, 38-

34, 33-43 e 44-48 (Figura 2), a presença de dois ou mais dentes sem indicação de exodontia

(p. ex., comprometimento de furca, mobilidade etc.), foi pré-requisito ao exame do sextante.

Sem isso, o sextante foi cancelado (quando houve, por exemplo, um único dente presente,

mesmo que esse fosse um dente-índice) (WHO, 1997).

Os dentes 16 (ou 17), 11, 26 (ou 27), 36 (ou 37), 31, 46 (ou 47) foram os dentes-

índices para cada sextante (quando nenhum deles estava presente, foram examinados todos os

dentes remanescentes do sextante, não se levando em conta a superfície distal dos terceiros

molares).

Figura 2 - Divisão da arcada em sextantes e destaque dos dentes índices para CPI e PIP Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2004; ANTUNES; PERES; CRIVELLO JUNIOR, 2006.

Pelo menos 6 pontos foram examinados em cada um dos 6 dentes-índices, nas

superfícies vestibular e lingual, abrangendo as regiões mesial, média e distal. Os

70

procedimentos de exame foram iniciados pela área disto-vestibular, passando-se para a área

média e daí para a área mésio-vestibular. Após, as áreas linguais foram inspecionadas, indo de

distal para mesial. A sonda foi introduzida levemente no sulco gengival ou na bolsa

periodontal, ligeiramente inclinada em relação ao longo eixo do dente, seguindo a

configuração anatômica da superfície radicular. Movimentos de vai-e-vem vertical, de

pequena amplitude, foram realizados (Figura 3) (BRASIL, 2004).

É válido notar que, apenas uma anotação foi feita por sextante, relativa à pior situação

encontrada; e que quando não houve no sextante pelo menos dois dentes remanescentes e não

indicados para extração, o sextante foi cancelado e registrado com um "X" (Quadro 13).

Figura 3 - Codificação do IPC (CPI), mostrando a posição da sonda. Fonte: WHO, 1997.

Quadro 13 - Códigos utilizados no CPI. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Critério 0 Sextante hígido;

1 Sextante com sangramento (observado diretamente ou com espelho, após sondagem);

2 Cálculo (qualquer quantidade, mas com toda a área preta da sonda visível); 3 Bolsa de 4 mm a 5 mm (margem gengival na área preta da sonda); 4 Bolsa de 6 mm ou mais (área preta da sonda não está visível); X Sextante excluído (menos de 2 dentes presentes); 9 Sextante não examinado.

Fonte: WHO, 1997.

Índice de Perda de Inserção Periodontal

A inserção periodontal é medida da junção amelocementária (JAC) até o limite

máximo de sondagem do sulco gengival. As medidas de inserção foram iguais às

profundidades de sondagem quando a margem gengival coincidiu com a JAC (base para as

71

medidas de perda de inserção) (WHO, 1997; ANTUNES; PERES; CRIVELLO JUNIOR,

2006). A extensão da perda de inserção (Figura 4) foi registrada utilizando-se os códigos

descritos adiante.

A coleta dos dados da perda de inserção foi realizada com a mesma sonda utilizada no

IPC (CPI), e os dentes índices também foram os mesmos. No entanto, para o PIP a referência

para a anotação do índice foi a junção amelocementária (Quadro 14).

Figura 4 - Codificação do PIP, mostrando a posição da sonda. Fonte: WHO, 1997.

Quadro 14 - Códigos utilizados para aferir a PIP. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Critério 0 Perda de inserção de 0 a 3 mm 1 Perda de inserção de 4 a 5 mm 2 Perda de inserção de 6 a 8 mm 3 Perda de inserção de 9 a 11 mm 4 Perda de inserção de 12mm ou mais X Sextante excluído (menos de dois dentes presentes) 9 Não-registrado

Fonte: WHO, 1997.

Edentulismo (Uso e Necessidade de Prótese Dentária)

A situação quanto ao edentulismo vinculado ao uso e necessidade de próteses

dentárias foi avaliada a partir de informações sobre seu uso, qualidade, tempo de uso, se

houve acompanhamento após a colocação, e necessidade, as quais tiveram como base

informações oriundas dos indivíduos e da presença de espaços protéticos.

Vale notar que, um mesmo indivíduo poderia estar usando e, ao mesmo tempo,

necessitar de prótese(s), em arcos diferentes. E que foi assinalado o uso e a necessidade para

72

os arcos superior e inferior. As observações levaram em conta os códigos e critérios ilustrados

nos quadros a seguir (Quadros 15 e 16).

Quadro 15 - Códigos utilizados para assinalar o uso de prótese. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Critérios Exemplos 0

Não usa prótese dentária Nenhum espaço protético Desdentado parcial, sem prótese presente Desdentado total e sem prótese presente

1

Usa uma ponte fixa

Uma ponte fixa posterior Uma ponte fixa anterior

2 Usa mais do que uma ponte fixa Duas pontes fixas em pontos diferentes (anterior e posterior)

3 Usa prótese parcial removível Prótese parcial removível anterior ou posterior

4 Usa uma ou mais pontes fixas e uma ou mais próteses parciais removíveis

Prótese removível anterior e ponte fixa posterior Prótese removível anterior e duas pontes fixas posteriores; Duas pontes fixas em pontos diferentes (anterior e posterior)

5 Usa prótese dentária total 6 Usa prótese fixa por implante 7 Usa sobredentadura (overdenture) dentossuportada 9 Sem informação

Fonte: adaptação (WHO, 1997; BRASIL, 2001).

Quadro 16 - Códigos utilizados para assinalar a necessidade de prótese. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Critérios Exemplos 0 Não necessita de prótese dentária. Todos os dentes presentes

Espaços protéticos presentes com prótese Desdentado total, mas com a presença da prótese

1 Necessita de uma prótese, fixa ou removível, para substituição de um elemento.

Espaço protético unitário anterior Espaço protético unitário posterior

2 Necessita de uma prótese, fixa ou removível, para substituição de mais de um elemento.

Espaço protético anterior de mais de um elemento Espaço protético posterior de mais de um elemento

3 Necessita de uma combinação de próteses, fixas e/ou removíveis, para substituição de um e/ou mais de um elemento.

Espaços protéticos em vários pontos da boca

4 Necessita de prótese dentária total. Desdentado total sem estar usando prótese no momento

9 Sem informação. Fonte: WHO, 1997; BRASIL, 2001.

73

Para aqueles indivíduos portadores de próteses fixas ou móveis, Marchini et al.

(2001a) ressalta a importância do correto e adequado plano de orientação à higiene.

Lembrando que o acompanhamento após a colocação das próteses é fundamental para a

longevidade do tratamento.

Além disso, muitos indivíduos acreditam que a prótese dentária não precisa de revisão

e que o indivíduo que a utiliza não necessita mais comparecer ao dentista, pois os dentes

artificiais não serão atingidos por qualquer problema. Dessa forma, cabe ao odontólogo, fazer

um trabalho de orientação e conscientização do paciente, quando este for fazer o uso da

prótese, para que crie o hábito de continuar visitando o profissional regularmente ou quando

surgir qualquer tipo de problema/inconveniente com sua prótese dentária (MOREIRA;

QUELUZ, 2000)

Existe na literatura (TURANO; TURANO, 1989) recomendação que a troca da prótese

total deve ocorrer a cada 6 anos; já há outras que preconizam como o tempo ideal, o período

de 8 anos (MAZZO; VIEIRA, 1998). Assim, pode-se concluir que os pacientes que utilizam

prótese total devem ser orientados quanto à necessidade da troca da prótese, num período

médio de 6 a 8 anos.

Ocorre que, com o decorrer do tempo, as próteses vão ficando mais frouxas, devido à

reabsorção natural do rebordo alveolar há o desgaste dos dentes, com isso diminuindo a

dimensão vertical de oclusão, podendo ocorrer dores na articulação temporomandibular e

quelites labiais (MOREIRA; QUELUZ, 2000).

Nessas perspectivas, foram inseridos na pesquisa os seguintes questionamentos: “Após

a colocação da prótese, houve acompanhamento?” (Quadro 17) e “Quanto tempo tem que usa

a mesma prótese?” (Quadro 18).

74

Quadro 17 - Códigos utilizados para assinalar as respostas dadas ao questionamento “Após a colocação da prótese, houve acompanhamento?”. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Critérios 0 Não usa prótese dentária

1 Nunca houve acompanhamento, pois o paciente não procurou mais o cirurgião-dentista

2 Nunca houve acompanhamento, pois o cirurgião-dentista não informou sobre a necessidade

3 Houve acompanhamento nos primeiros meses após a colocação, mas parou por causa do interesse, condição ou julgamento do paciente

4 Houve acompanhamento nos primeiros meses após a colocação, mas parou porque o cirurgião-dentista não marcou outra visita e/ou não explicou que era necessário

5 Houve acompanhamento nos primeiros anos após a colocação, mas parou por causa do interesse, condição ou julgamento do paciente

6 Houve acompanhamento nos primeiros anos após a colocação, mas parou porque o cirurgião-dentista não marcou outra visita e/ou não explicou que era necessário

7 Sim, houve acompanhamento 9 Não lembra ou não sabe informar

Quadro 18 - Códigos utilizados para assinalar as respostas dadas ao questionamento “Quanto tempo tem que usa a mesma prótese?”. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Qualidade da prótese

Levando-se em consideração que um indivíduo pode possuir e ao mesmo tempo

necessitar de prótese dentária de qualquer tipo (parcial removível, parcial fixa, total ou uma

combinação destas), surgiu a necessidade de incluir a avaliação da qualidade das próteses. Os

critérios utilizados nesse estudo foram baseados em alguns parâmetros que compõem o Índice

de Qualidade do Trabalho Protético (IQP) de Gil e Nakamae (2000) (Quadros 19, 20 e 21).

Código Critérios 0 Não usa prótese dentária 1 Menos de 6 meses 2 De 6 meses a um ano 3 De 1ano e 1 mês a 2 anos 4 De 2 anos e 1 mês a 5 anos 5 De 5 anos e 1 mês a 10 anos 6 Mais de 10 anos 7 Mais de 20 anos 9 Não lembra ou não sabe informar

75

Vale notar que, quando a qualidade da prótese foi péssima ou ruim, foi considerado

que o indivíduo necessitava de outra prótese.

Critérios de qualidade para PT (Prótese Total)

1. Retenção3 (não está folgada ou apertada) 2. Estabilidade3 (não apresenta deslocamento) 3. Reciprocidade3 (não apresenta báscula) 4. Fixação3 (não lesiona tecidos) 5. Higiene (sem biofilme bacteriano ou cálculo) 6. Estética (sem manchas ou fraturas e em conformidade com o perfil facial do paciente) 7. Dentes artificiais (sem desgaste e mantendo boa relação com antagonistas)

Quadro 19 - Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Total. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Critérios de qualidade para PPR (Prótese Parcial Removível)

1. Retenção3 (não está folgada ou apertada) 2. Estabilidade3 (não apresenta deslocamento) 3. Reciprocidade3 (não apresenta báscula) 4. Fixação3 (não lesiona tecidos) 5. Higiene (sem biofilme bacteriano ou cálculo) 6. Estética (sem manchas ou fraturas e em conformidade com o perfil facial do paciente) 7. Aspecto dos apoios3 (sem fraturas e boa adaptação) 8. Barras de união ou conectores maiores (sem fraturas ou deformações) 9. Dentes artificiais (sem desgaste e mantendo boa relação com antagonistas)

Quadro 20 - Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Parcial Removível. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

3 Utilizou-se para esses critérios os parâmetros de estrutura de Gil e Nakamae (2000)

Código Critério 0 Não usa PT 1 PÉSSIMA (Não apresenta boas condições em nenhum dos 7 critérios) 2 RUIM (Apresenta boas condições somente para 1 a 3 critérios acima) 3 ACEITÁVEL (Apresenta boas condições para 4 a 5 dos critérios acima) 4 BOA (apresenta boas condições para 6 a 7 critérios acima) 9 Sem registro

Código Critério 0 Não usa PPR 1 PÉSSIMA (Não apresenta boas condições em nenhum dos 9 critérios) 2 RUIM (Apresenta boas condições somente para 1 a 4 critérios acima) 3 ACEITÁVEL (Apresenta boas condições para 5 a 7 dos critérios acima) 4 BOA (apresenta boas condições para 8 a 9 critérios acima) 9 Sem registro

76

Critérios de qualidade para PF (Prótese Fixa)

1. Adaptação (sem sobrecontorno ou adaptação cervical deficiente) 2. Polimento (sem aspereza na superfície) 3. Estética (sem manchas ou fraturas e em conformidade com o perfil facial do paciente) 4. Fixação4 (não lesiona tecidos)

Quadro 21 - Códigos utilizados para assinalar os critérios de qualidade para Prótese Fixa. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Alterações de Tecidos Moles

Nesse momento, foi assinalada a presença de qualquer alteração em tecido mole, a

partir dos códigos abaixo (Quadro 22). Ressalta-se que foi observada a localização da

alteração (Quadro 23), o tipo da lesão fundamental (Quadro 24), a coloração (Quadro 25), a

consistência (Quadro 26) e a sintomatologia (Quadro 27). Para tanto foi realizada uma

palpação bidigital, o que permitiu a obtenção de sinais quanto à consistência e sintomatologia.

Quadro 22 - Códigos utilizados para assinalar a presença de alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Critério 0 Ausência de lesão 1 Presença 9 Sem Informação

4 Utilizou-se para esses critérios os parâmetros de estrutura de Gil e Nakamae (2000)

Código Critério 0 Não usa PF 1 PÉSSIMA (Não apresenta boas condições em nenhum dos 4 critérios) 2 RUIM (Apresenta boas condições somente para 1 ou 2 critérios acima) 3 ACEITÁVEL (Apresenta boas condições para 3 dos critérios acima) 4 BOA (apresenta boas condições para 4 critérios acima) 9 Sem registro

77

Quadro 23 - Códigos utilizados para assinalar a localização da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Localização Código Localização 0 ausência de lesão 13 região retromolar inferior 1 mucosa jugal 14 fórnice do vestíbulo superior 2 palato mole 15 fórnice do vestíbulo inferior 3 palato duro 16 orofaringe 4 dorso da língua 17 lábio superior 5 ventre da língua 18 lábio inferior 6 bordo lateral da língua 19 assoalho de boca 7 ponta da língua 20 Face 8 rebordo gengival superior 21 Pescoço 9 rebordo gengival inferior 22 em duas regiões distintas*

10 gengiva na arcada superior 23 em mais de duas regiões distintas 11 gengiva na arcada inferior 99 sem informação 12 Túber da maxila

* a partir desse ponto as características levantadas foram em relação à maior lesão

Quanto ao tipo de lesão fundamental, foram adotados os critérios apresentados a

seguir (Quadro 24), lembrando que a lesão fundamental não é o diagnóstico e sim a

característica clínica por meio da qual a doença está se manifestando. Além disso, várias

lesões com origem e comportamento distintos podem se apresentar com a mesma lesão

fundamental (ALLEGRA; GENNARI, 2000).

78

Quadro 24 - Códigos utilizados para assinalar tipo de lesão fundamental. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Tipo de lesão fundamental Critério 0 Ausência de lesão 1

Úlcera

Perda total do epitélio com exposição do tecido conjuntivo subjacente, dolorida e, em geral, pode apresentar sangramento. Maioria dos casos: acompanhada de halo eritematoso ao redor, recoberto por pseudomembrana e com exsudato na porção mais central.

2 Erosão Perda parcial do epitélio sem exposição do tecido conjuntivo (superficial).

3 Mancha ou mácula

Alteração de coloração (branca, vermelha, azul, marrom e negra) da pele ou mucosa sem elevação ou depressão.

4 Placa

Ligeira elevação com cerca de 1 a 2 mm emergindo da superfície da mucosa. Maior em extensão que em profundidade.

5 Pápula Crescimento sólido menor que 5mm. 6 Nódulo Crescimento sólido circunscrito maior que 5 mm. 7 Vesícula Crescimento exofítico (circunscrito) com conteúdo

líquido no seu interior menor que 5mm. 8 Bolha Crescimento exofítico (circunscrito) com conteúdo

líquido no seu interior maior que 5 mm. 9 Sem informação

Fonte: ALLEGRA; GENNARI, 2000. Quadro 25 - Códigos utilizados para assinalar a coloração da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Fonte: Adaptação de ALLEGRA; GENNARI, 2000. Quadro 26 - Códigos utilizados para assinalar a consistência da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Critério 0 Ausência de lesão 1 Flácida 2 Borrachóide 3 Fibrosa 4 Dura 9 Sem Informação

Fonte: ALLEGRA; GENNARI, 2000.

Código Critério 0 Ausência de lesão 1 Não houve mudança de coloração 2 Eritematosa 3 Negra 4 Amarela 5 Branca 6 Outras 9 Sem informações

79

Quadro 27 - Códigos utilizados para assinalar a sintomatologia da alteração em tecido mole. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008. Código Critério 0 Ausência de lesão 1 Assintomática 2 Dolorosa 3 Outras 9 Sem Informação

Fonte: ALLEGRA; GENNARI, 2000.

Para a avaliação da presença de candidose oral foi feita uma raspagem, de qualquer

placa branca existente em palato, vestíbulo ou bochechas, com uma espátula de madeira. Se

esta placa fosse removida com uma leve raspagem, esse indivíduo foi registrado como

“presença de candidose”, caso contrário, como “ausência de candidose”. Além disso, foram

investigados sinais e sintomas de candidose eritematosa (Quadro 28).

Quadro 28 - Códigos utilizados para assinalar a presença de candidose oral. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Código Critério 0 Ausência 1 Presença 9 Sem Informação

4.6 ELENCO DAS VARIÁVEIS

As variáveis estudadas foram categorizadas, quando possível, e codificadas. Sendo

que algumas variáveis foram avaliadas utilizando-se índices nacionalmente conhecidos e

largamente utilizados (ex.; CPO-D, CO-R, CPI, PIP, Uso e Necessidade de Prótese, e

Necessidade de Tratamento) para determinar seus valores.

4.6.1 Dependentes

São as referentes à saúde bucal do idoso (Quadro 29).

80

Quadro 29 - Elenco das variáveis dependentes, suas definições e categorizações. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Variável Definição/categorização Prevalência de cárie dentária Calculada através do Índice CPO-D Prevalência de perda dentária Calculada através do Índice CPO-D Prevalência de cárie de raiz Calculada através do Índice CO-R Uso, condição e necessidade de prótese Seguiu os critérios descritos anteriormente Tempo de uso de prótese Seguiu os critérios descritos anteriormente Prevalência de doença periodontal Calculada através dos Índices CPI e PIP Prevalência de Necessidade de tratamento Seguiu os critérios descritos anteriormente Prevalência de candidose Seguiu os critérios descritos anteriormente Prevalência de alteração de tecido mole (tipo, coloração, consistência, sintomatologia e localização)

Seguiu os critérios descritos anteriormente

4.6.2 Independentes

São as referentes à caracterização da instituição e o perfil socioeconômico e

demográfico dos participantes do estudo (Quadro 30).

Quadro 30 - Elenco das variáveis independentes e suas categorizações. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-Ba, 2008.

Variável Categorização

Tipo da Instituição5

1- particular 2- filantrópica 3- pública municipal 4- pública estadual 5- outro

Existência de Programa de saúde bucal na instituição5

1- sim 2- não

Responsável pela execução do Programa5

1- próprio, realizado por profissional de nível superior (Nível Superior-NS) 2- próprio, realizado por profissional de nível médio (Nível Médio -NM) 3- promovido pela prefeitura, realizado por profissional de NS 4- promovido pela prefeitura, realizado por profissional de NM 5- promovido por voluntários, realizado por profissional de NS 6- promovido por voluntários, realizado por profissional de NM

Sexo6 Seguiu os códigos descritos anteriormente Grupo Étnico6 Seguiu os códigos descritos anteriormente Idade em anos6 Anos completos em julho de 2008 Faixa etária6 Seguiu os códigos descritos anteriormente Estado civil6 Seguiu os códigos descritos anteriormente

5 Variáveis relacionadas à instituição 6 Variáveis socioeconômicas e demográficas

81

Anos de estudo7 Anos completos estudados Escolaridade7 Seguiu os códigos descritos anteriormente Renda pessoal7 Seguiu os códigos descritos anteriormente Tempo de uso de prótese7 Seguiu os códigos descritos anteriormente Houve ou não acompanhamento após a colocação da prótese7

Seguiu os códigos descritos anteriormente

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto dessa pesquisa foi encaminhado para aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Feira de Santana (Ba), e seguiu as

recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde

(BRASIL, 1998). O projeto registrado no CEP sob protocolo n° 022/2008 (CAAE

0022.0.059.000-08), recebeu o parecer favorável à execução no dia 03 de abril de 2008

(Anexo A).

Em conformidade com o disposto na Resolução supracitada, a pesquisadora entregou,

antes do primeiro contato com os indivíduos, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

para a direção de cada instituição (Apêndice C) e para a responsável pela instituição que

permitiu a realização do estudo-piloto (Apêndice D).

Os indivíduos investigados, incluindo os que participaram do estudo-piloto, receberam

outro Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndices E e F). Esse procedimento foi

adotado antes dos questionamentos e do exame clínico, para que os idosos tivessem

conhecimento da pesquisa, dos seus riscos, benefícios e mecanismos de transferência dos

resultados, e permitissem a sua realização. Quando o indivíduo pesquisado não tinha

condições de assiná-lo ou lê-lo, o seu cuidador o fez, e a impressão digital do idoso foi

registrada.

A qualquer momento os indivíduos poderiam desistir de participar e, durante a

pesquisa, foram sempre respeitados os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos,

bem como os hábitos e costumes, assegurando, inclusive o direito ao anonimato e o

encaminhamento dos idosos para Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município e hospitais,

quando as necessidades de tratamento surgiram e/ou algum caso de urgência foi detectado.

7 Variáveis socioeconômicas e demográficas

82

É importante lembrar que, quando surgiram as necessidades de tratamento e/ou a

suspeita de alguma lesão os indivíduos foram encaminhados para o Centro de Referência de

Lesões Bucais vinculado ao Núcleo de Câncer Oral (NUCAO) da UEFS e para as Unidades

Básicas de Saúde do município. Para que esses encaminhamentos fossem feitos da forma mais

resolutiva possível, contatos prévios foram estabelecidos tanto com o NUCAO da UEFS,

quanto com a Coordenação de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde do município.

O Laboratório de Odontologia Preventiva da Universidade Estadual de Feira de

Santana foi o local selecionado para o armazenamento dos instrumentos de coleta com os

dados dos sujeitos da pesquisa por um período de no mínimo 5 anos e ficará sob

responsabilidade do coordenador do referido laboratório.

Vale destacar que os indivíduos da pesquisa foram, inicialmente, questionados quanto

ao perfil socioeconômico e demográfico, o que poderia causar algum desconforto ou

constrangimento aos participantes do estudo. Com o intuito de minimizá-los, a participação

foi voluntária e foi garantido ao participante o anonimato e o sigilo das informações.

Além disso, ao exame clínico algum desconforto ou sangramento poderiam ocorrer.

Esse desconforto foi minimizado assim que detectado ou revelado, interrompendo-se

imediatamente o exame, prosseguindo em seguida, quando o indivíduo pesquisado permitiu.

Quanto ao sangramento, esse poderia ocorrer pela presença de agravos periodontais, sendo

este, inclusive, um indicador a ser registrado. O indivíduo pesquisado foi informado, no

momento do exame que o sangramento era normal e que a pressão aplicada no momento do

exame não seria capaz de provocar sangramento em tecidos saudáveis.

Os mecanismos utilizados para propiciar a transferência dos resultados, sejam eles

favoráveis ou não, para outras instituições, órgãos públicos, privados e comunidade, serão: -

publicação em periódicos de grande circulação; - divulgação dos resultados em congressos

especializados, na imprensa escrita através de Jornal que seja veiculado no município; e,

entrega de uma cópia dos resultados à Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana para

que os resultados sejam publicados no boletim epidemiológico municipal e que sejam

utilizados para subsidiar o planejamento das ações em saúde bucal.

Como contrapartida da pesquisadora foi realizada uma “Oficina de orientação sobre a

saúde bucal das pessoas idosas” voltada para os cuidadores e kits de higiene bucal, contendo

escova, fio e creme dental, raspador de língua e escova para prótese, foram fornecidos aos

idosos.

83

4.8 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O fato de essa pesquisa ser de base populacional e pesquisar um número considerável

de indivíduos, já traz algumas limitações inerentes a esse processo. Uma das dificuldades

encontradas foi o fato da pesquisadora não ter conseguido financiamento, o que gerou alguns

ônus em seu orçamento. Dentre eles tem-se a questão da visita às instituições que trouxe a

dificuldade de custos na locomoção e transporte da pesquisadora (residente em Salvador) e da

anotadora, durante a fase de coleta de dados.

A aquisição de material de consumo (luvas, máscaras, gorro, espátula de madeira,

prancheta, papel, cartuchos de impressora), a impressão do manual de saúde bucal para

cuidadores de idosos, aquisição de material para a oficina dos cuidadores, bem como a

aquisição dos kits de higiene bucal distribuídos aos idosos (contendo escova, creme, fio

dental, escova para prótese e raspador de língua) ficou a cargo da pesquisadora, visto que a

pesquisa não contou com financiamento.

Além disso, houve atraso no cronograma, pois a pesquisadora se deparou com algumas

situações inesperadas:

- a Secretaria Municipal de Saúde do município não possuía informações sobre a

quantidade de Instituições de Longa Permanência para Idosos existentes no município, e por

isso não as tinham cadastradas, foi preciso que a pesquisadora identificasse qual secretaria

possuía essa informação, obter os nomes das instituições e por contato telefônico obter o

número de idosos residentes em cada uma delas;

- uma das quatro instituições levou 2 meses para autorizar a realização da pesquisa;

- a entidade que autorizou, de início, a realização do estudo-piloto desmarcou a data

por três vezes e, finalmente, no dia combinado, esqueceu de comunicar aos idosos,

comparecendo somente uma idosa. Foi preciso convidar outra entidade para realização do

referido estudo-piloto;

Vale salientar que, por se tratar de indivíduos idosos, alguns destes não possuíam

saúde física ou psicológica e, por isso, não permitiram o exame clínico, sendo, portanto,

excluídos da pesquisa. Em se tratando destes indivíduos, nos deparamos também com o viés

de memória.

84

4.9 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos, “codificação das

respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos” (GIL, 2002). Quanto ao primeiro deles,

a codificação das respostas, os dados coletados foram digitados e as respostas codificadas em

um banco de dados criado no programa estatístico SPSS versão 12.0. Para tabular os dados,

foi utilizado o mesmo programa estatístico.

Destaca-se o fato de que o banco foi digitado, e avaliado duas vezes, em momentos

distintos e por pessoas diferentes, pela pesquisadora, quem digitou, e pelos estatísticos

responsáveis pelas análises dos dados.

No terceiro momento, o cálculo estatístico, utilizou-se, além do SPSS, o programa

estatístico R versão 2.4.1, gerenciador de banco de dados para produção de distribuições de

freqüências, obtenção de médias, desvio padrão e cruzamento entre variáveis.

Nesse momento é importante lembrar que no estudo foram utilizadas somente técnicas

da estatística descritiva, ou seja, não foram realizados testes de inferência da estatística

analítica já que não foram retiradas amostras da população, ela foi pesquisada em sua

totalidade. Segundo Doria-Filho (1999) “se uma pesquisa engloba todos os membros da

população em estudo, todas as diferenças e taxas encontradas serão verdadeiras”.

Os resultados foram apresentados descritivamente, conforme consta no próximo

capítulo, em gráficos e tabelas, o que facilitou a visualização e a análise.

85

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

Das 04 (quatro) instituições cadastradas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Social do município de Feira de Santana, 01 (uma) era particular e 03 (três), filantrópicas. Na

ocasião da coleta dos dados foram encontrados 139 idosos residentes nessas instituições, dos

quais 19 foram excluídos, ora porque possuíam idade inferior a 60 anos, ora por que sua saúde

física e/ou mental não permitiu a sua inclusão. Sendo assim, dos 120 idosos que participaram

da pesquisa, 11,67% (N=14 idosos) residiam em instituição particular e 88,33% (N=106

idosos), em instituição filantrópica (Figura 5).

No que tange a existência de algum programa de promoção e proteção à saúde bucal,

somente 01 instituição desenvolvia ações de saúde bucal em seu cotidiano. Essa instituição

era do tipo filantrópica e contava com uma sala clínica e uma cirurgiã-dentista voluntária que

atendia os idosos uma vez por semana. Como esta instituição era a que possuía o maior

número de idosos (N=54), pelo menos 45% da população estudada tinha acesso a ações e

serviços de saúde bucal mesmo que de forma incipiente.

14

106

ParticularFilantrópica

Figura 5 - Distribuição dos idosos segundo tipo de instituição. Feira de Santana-BA, 2008.

5.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO

A maioria dos idosos investigados foi do sexo feminino (63,33%), da raça negra

(47,5%) e com faixa etária entre 60 e 75 anos (49,2%). Quanto ao estado civil, 47,5% dos

idosos eram solteiros e 27,55% viúvos (Tabela 2).

O grau de escolaridade encontrado foi baixo, pois 60,8% (N=73) dos idosos eram

analfabetos. O número médio de anos estudados foi de 2 anos e meio e o número máximo foi

86

de 18 anos. Este último número deveu-se a um idoso com mestrado. Quanto à renda pessoal,

75% dos idosos (N=90) eram aposentados e recebiam um salário mínimo de R$ 415,00

(Tabela 2).

Tabela 2 – Perfil socioeconômico e demográfico dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Variável N (%)

Sexo Masculino 44 36,7 Feminino 76 63,3

Total 120 100,0

Grupo étnico Branco 24 20,0 Negro 57 47,5 Pardo 39 32,5

Total 120 100,0

Faixa etária

60 a 65 anos 29 24,2 66 a 70 anos 13 10,8 71 a 75 anos 17 14,2 76 a 80 19 15,8 81 a 85 anos 14 11,7 86 a 90 anos 16 13,3 91 ou mais anos 7 5,8 Sem informação 5 4,2

Total 120 100,0

Estado civil

Solteiro 57 47,5 Casado 2 1,7 Divorciado legalmente 3 2,5 Separado 13 10,8 Viúvo 33 27,5 Sem informação 12 10,0

Total 120 100,00

Escolaridade

Analfabeto 73 60,8 1º grau incompleto 21 17,5 1º grau completo 8 6,7 2º grau incompleto 1 0,8 2º grau completo 6 5,0 3º grau incompleto 1 0,8 3º grau completo 2 1,7 Pós-graduação 1 0,8 Mestrado 1 0,8 Sem informação 6 5,0

Total 120 100,0

Renda

Não tem renda 16 13,3 renda de R$ 415,00 90 75,0 renda de R$ 1.245,01 a R$ 2.075,00 3 2,5 renda de R$ 2.075,01 a R$ 4.150,00 1 0,8 Sem informação 10 8,3

Total 120 100,0

87

Na figura 6, em um gráfico do tipo Box Plot, é possível verificar que 50% dos idosos

tinham idade até 75 anos. Isto é, a mediana das idade dos idosos pesquisados foi de 75 anos,

variando de 60 a 96 anos (Tabela 3). Quando relacionamos a idade em anos com o sexo,

verifica-se que 50% dos homens tinham idade até 72 anos e 50% das mulheres tinham idade

até 78 anos. Faz-se aqui uma ressalva à existência de uma instituição que abrigava somente

mulheres.

115N =

IDADE EM ANOS

100

90

80

70

60

50

7144N =

GÊNERO

FEMININOMASCULINO

IDA

DE

EM

AN

OS

100

90

80

70

60

50

Figura 6 - Distribuição dos idosos institucionalizados segundo idade e sexo. Feira de Santana-BA, 2008.

Tabela 3 - Idade dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. N =115* Média 75,0 Mediana 75,0 Desvio Padrão 10,1 Valor Mínimo 60,0 Valor Máximo 96,0 Quartis 25 66,0 50 75,0 75 83,0

(*) - Para esta variável perdeu-se informação para 5 idosos.

SEXO

88

5.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL

Cárie Dentária (coroa)

No que diz respeito à história de cárie da população examinada, o CPO-D médio foi

de 28,77 (±4,83). O componente “perdido” foi o de maior prevalência e representou 79,83%.

O menor CPO-D foi 13, sendo que apenas 9 indivíduos apresentaram um valor abaixo de 20.

Dos 120 idosos examinados 52,50% (N=63 idosos) apresentaram o CPO-D máximo (32).

Lembrando que se partiu do pressuposto que todos os idosos tinham, em alguma época de

suas vidas, 32 dentes, descartando as possibilidades de anodontias ou supranumerários. A

tabela 4 apresenta o número e o percentual dos componentes do índice CPO-D (N=3.840

dentes).

Tabela 4 – Número e percentual dos componentes do Índice CPO-D dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Com relação aos dentes presentes e hígidos, a população como um todo apresentou em

média 6,45 dentes na boca, destes 44% encontravam-se hígidos. O número médio de dentes

extraídos foi de 25,55. Dentre todos os indivíduos examinados, 39,17% (n =47) eram

totalmente edêntulos.

A Tabela 5 traz os dados do CPO-D e a média de seus componentes distribuídos de

acordo com a faixa etária e o sexo. Nela é possível observar que o componente “perdido” foi

o que mais contribuiu para elevar os índices em todas as faixas etárias e em ambos os sexos.

Além disso, em todas as faixas etárias houve uma pequena diferença nos índices CPO-D entre

Condição da coroa N (%) Coroa Hígida 342 8,91 Coroa cariada 354 9,20 Coroa restaurada com cárie 10 0,26 Coroa restaurada sem cárie 26 0,68 Dente ausente devido à cárie 3.063 79,78 Dente permanente ausente por outra razão 2 0,05 Selante de fissura - - Dente suporte de prótese, coroa protética ou faceta 21 0,55 Coroa não-erupcionada 1 0,03 Traumatismo (fratura) 17 0,44 Não-registrado 4 0,10 Total 3.840 100,0

89

os sexos, sendo que nas faixas etárias 76 a 80 anos, 81 a 85 anos, e 86 a 90 anos o CPO-D foi

maior no sexo masculino.

Todos os homens da faixa etária entre 81 e 90 anos apresentaram o CPO-D máximo

(32). O componente “obturado” apresentou-se inexpressivo ou nulo em ambos os sexos e em

todas as faixas etárias. Esta tendência pareceu aumentar após os 81 anos de idade em ambos

os sexos (Tabela 5).

Tabela 5 – Distribuição do valor da média dos componentes e do CPO-D, segundo faixa etária e sexo, dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

A figura 7 mostra graficamente a distribuição dos componentes “cariado”, “perdido” e

“obturado” do CPO-D segundo faixa etária. Mais uma vez é possível observar a contribuição

do componente “perdido” no índice CPO-D em todas as faixas etárias.

Faixa Etária Sexo N Componente CPO-D Hígido Cariado Obturado Perdido 60 a 65 anos M 13 6,00 3,46 0,38 22,00 25,85

F 16 3,87 3,69 0,25 23,94 27,88 66 a 70 anos M 8 3,25 3,50 0,12 24,50 28,12

F 5 3,40 2,00 - 25,80 27,80 71 a 75 anos M 8 3,88 1,62 0,25 24,87 26,75

F 9 2,11 2,00 0,44 27,33 29,78 76 a 80 anos M 5 0,60 2,40 - 29,00 31,40

F 14 2,00 1,36 0,64 27,36 29,36 81 a 85 anos M 4 - 2,50 - 29,50 32,00

F 10 2,10 1,50 - 28,20 29,70 86 a 90 anos M 3 - 2,33 - 29,67 32,00

F 13 1,08 4,08 - 26,69 30,77

91 anos ou mais M 3 2,67 6,33 - 22,00 28,33 F 4 2,25 4,5 0,25 25,00 29,75

Sem informação M - - - - - - F 5

Total 120 2,85 3,03 0,22 25,52 28,77

90

Figura 7 - Proporção dos componentes do CPO-D (cariado, perdido e obturado) e suas respectivas médias segundo faixa etária dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Somente 12 idosos (10%) possuíam pelo menos 20 dentes na boca. Destes, 11

residiam em instituições filantrópicas. A tabela 6 mostra a distribuição dos indivíduos com

pelo menos 20 dentes nos dois tipos de instituição, particular e filantrópica.

Tabela 6 – Distribuição dos idosos institucionalizados com pelo menos 20 dentes segundo tipo de instituição. Feira de Santana-BA, 2008.

Tipo de instituição Pelo menos 20 dentes

Total NÃO SIM Particular N 13

% 92,86

1 7,14

14 100

Filantrópica N 95 % 89,62

11 10,38

106 100

Total N=108 N=12 120

A tabela 7 apresenta o CPO-D médio, mínimo e máximo dos idosos segundo o tipo de

instituição. Nela destaca-se que, tanto a média, quanto os valores mínimos e máximos são

muito próximos, ou seja, não existiu uma diferença relevante no CPOD entre os diferentes

tipos de instituição.

32

0

Faixa Etária

CPO-D

91

Tabela 7 – Índice CPO-D médio, mínimo e máximo, segundo tipo de instituição de idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Tipo de Instituição

N CPO-D médio

Desvio padrão

CPO-D mínimo

CPO-D máximo

Particular 14 28,35 5,24 15,00 32,00

Filantrópica 106 28,83 4,43 13,00 32,00

A tabela 8 traz o CPO-D médio, mínimo e máximo dos idosos que tiveram ou não

acesso a algum tipo de programa de atenção à saúde bucal. Nela é possível identificar que os

indivíduos que tiveram acesso ao programa apresentaram um menor CPO-D médio e mínimo.

Tabela 8 – Índice CPO-D médio, mínimo e máximo, segundo acesso a programa de atenção à saúde bucal de idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Acesso N CPO-D médio

Desvio padrão

CPO-D mínimo

CPO-D máximo

Sim 54 27,77 5,15 13,00 32,00

Não 66 29,59 3,75 15,00 32,00

Ao analisar o índice CPO-D levando-se em consideração o grupo étnico é possível

perceber que os indivíduos do grupo étnico “branco” possuíam um índice CPO-D maior do

que os negros e pardos. Além disso, os componentes “perdido” e “obturado” contribuíram

para elevar o índice mais nos brancos do que nos outros grupos étnicos. Entretanto os pardos

apresentaram uma maior média de dentes cariados (Tabela 9).

Tabela 9 – Média dos componentes do índice CPO-D (cariado, perdido, obturado e hígido) segundo grupo étnico em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. Grupo étnico* CPOD C P O H BRANCO (N=24)

29,92 2,42 26,96 0,54 1,50

NEGRO (N=57)

28,16 2,74 25,30 0,12 3,61

PARDO (N=39)

28,97 3,85 24,97 0,15 2,56

Legenda: C-cariado; P-perdido; O-obturado; H-hígido. * nenhum indivíduo foi considerado amarelo ou indígena.

92

O índice CPO-D também variou entre os diferentes níveis de escolaridade na

população estudada. Nos indivíduos analfabetos o CPO-D médio foi de 28,99, com 89,03%

de participação do componente “perdido”. Nos indivíduos alfabetizados, foi de 26,51, com

85,09% de participação desse mesmo componente (Tabela 10).

Tabela 10 - Média dos componentes do índice CPO-D (hígido, cariado, perdido e obturado) segundo escolaridade em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Escolaridade N H C P O CPO-D Não alfabetizado 73 2,84 3,16 25,81 0,01 28,99 Alfabetizado 41 3,81 3,01 22,56 0,92 26,51 1º grau incompleto 21 2,95 2,65 25,25 0,35 28,25 1º grau completo 8 1,75 1,50 28,12 0,37 30,00 2º grau incompleto 1 - 7,0 25,00 - 32,00 2º grau completo 6 2,83 1,0 24,83 1,67 27,50 3º grau incompleto 1 8,00 3,0 21,00 - 24,00 3º grau completo 2 - - 31,33 - 31,33 Pós-graduação 1 15,00 5,00 5,00 5,00 15,00 Mestrado 1 - 4,00 20,00 - 24,00 Sem informação 6 - - - - - Total 120 2,85 3,03 25,52 0,22 28,77 Legenda: H-hígidos; C-cariados; P-perdidos; O-obturados.

Quando a renda foi considerada, verificou-se que entre os indivíduos que possuíam

algum tipo de renda (N=94), quanto maior foi a renda menor foi o CPO-D. Além disso,

destacam-se os indivíduos solteiros e viúvos, pois foram os que apresentaram maior CPO-D

(Tabela 11).

Tabela 11 - Distribuição da média do CPO-D, segundo estado civil e renda, dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Variável N (%) CPO-D

Estado civil

Solteiro 57 47,5 29,68 Casado 2 1,7 28,00 Divorciado legalmente 3 2,5 27,33 Separado 13 10,8 26,92 Viúvo 33 27,5 29,06 Sem informação 12 10,0 26,16

Total 120 100,00

Renda

Não tem renda 16 13,3 27,68 renda de R$ 415,00 90 75,0 29,32 renda de R$ 1.245,01 a R$ 2.075,00 3 2,5 26,00 renda de R$ 2.075,01 a R$ 4.150,00 1 0,8 15,00 Sem informação 10 8,3 27,80

Total 120 100,0

93

Cárie radicular

Das 775 raízes presentes, somente 616 foram consideradas para o cálculo do CO-R

(524 expostas mais 92 não expostas). Isso se deve ao fato de que quando a coroa estava

completamente destruída pela cárie, restando apenas a raiz, foi seguido a recomendação da

OMS e da FSP-USP onde o código “1” (cariado) deve ser registrado apenas na casela

correspondente à coroa e o código “9” (não-registrado) na casela da raiz.

Dos 120 idosos examinados, 01 possuía 04 implantes e 63 possuíam raízes expostas

(N=524 raízes). A grande maioria das raízes expostas foi considerada hígida (N= 455 raízes -

86,83%), 59 (11,25%) cariadas, 01 (0,20%) restaurada com cárie e 09 (1,72%) restauradas

sem cárie (Tabela 12).

Ressalta-se que quando as restaurações encontradas iniciaram na coroa e estenderam-

se mais de 0,5 mm abaixo da JAC, as raízes foram classificadas como restauradas.

Dessa forma, a prevalência de cárie de raiz, entre as raízes expostas (N=524) foi de

13,16% e, o CO-R, entre os indivíduos que apresentaram raízes expostas (N=63), foi de 1,09.

Tabela 12 – Número e percentual dos componentes do índice CO-R em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Condição da raiz N (%) N=775

(%) N=524

Raiz exposta

Raiz Hígida 455 58,70 86,83 Raiz cariada 59 7,62 11,25 Raiz Restaurada, mas Cariada 01 0,13 0,20 Raiz Restaurada e Sem Cárie 09 1,16 1,72

Total parcial 524 67,61 100,00 Raiz não exposta 92 11,87 Total parcial 616 79,48 Implante 4 0,52 Não-registrado 155 20,00 Total 775 100,0

De um modo geral, considerando o grande percentual do componente “perdido” do

índice CPO-D, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, observa-se que a prevalência

de cárie de raiz e o CO-R, em conseqüência, apresentam-se baixos. No entanto ele pareceu

um pouco mais elevado entre os homens, na faixa etária entre 60 e 65 anos e entre os

indivíduos que tinham acesso ao programa de saúde bucal (Tabela 13).

94

Tabela 13 - Distribuição do CO-R, segundo acesso a programa de saúde bucal, sexo e faixa etária dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Variável N (%) CO-R Acesso ao programa de saúde bucal

Sim 54 45 0,66 Não 66 55 0,50

Total 120 100,0

Sexo Masculino 44 36,7 0,70 Feminino 76 63,3 0,50

Total 120 100,0

Faixa etária

60 a 65 anos 29 24,2 0,86 66 a 70 anos 13 10,8 0,76 71 a 75 anos 17 14,2 0,41 76 a 80 19 15,8 0,57 81 a 85 anos 14 11,7 0,28 86 a 90 anos 16 13,3 0,50 91 ou mais anos 7 5,8 0,42 Sem informação 5 4,2 0,20

Total 120 100,0

Necessidade de tratamento

Conforme a tabela 14, dos 771 dentes examinados, 57,46% necessitava de

algum tipo de tratamento. O tratamento mais indicado foi a extração (28,67%), seguido da

restauração de uma superfície (12,97%) e do tratamento pulpar (10,11%).

A extração foi o tratamento mais indicado porque as unidades dentárias

examinadas ora apresentavam cáries que haviam destruído o dente de tal modo que não era

possível restaurá-lo; ora a doença periodontal era tão agressiva que o dente apresentava

mobilidade, havia dor, ou o dente estava sem função e, no julgamento clínico da examinadora,

não poderia ser recuperado através de tratamento periodontal ou endodôntico. Vale notar que

essas condições foram encontradas na grande maioria em pacientes altamente debilitados e

acamados.

Dos 120 idosos, 73 (60,83%) necessitavam de algum tipo de tratamento. Vale lembrar

que, excetuando os totalmente edêntulos (N=47), não houve um único idoso que possuísse

uma boca isenta de necessidade de tratamento.

95

Tabela 14 - Necessidades de tratamento obtidas a partir do índice CPOD, para os dentes presentes na boca dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Necessidade de Tratamento N (%) Nenhum tratamento 324 42,02 Algum tipo de tratamento 443 57,46 Total Parcial 767 99,48 Restauração de uma superfície dentária 100 12,97 Restauração de duas ou mais superfícies dentárias 41 5,32 Coroa por qualquer razão 02 0,26 Coroa veener ou faceta estética - - Tratamento pulpar e restauração 78 10,11 Extração 221 28,67 Selante 1 0,13 Não registrado 4 0,52 Total 771 100,00

Condição Periodontal

CPI

Segundo o Índice Periodontal Comunitário (CPI), somente 1,25% (N=9) dos sextantes

estavam sadios. A maioria dos sextantes, excetuando os excluídos, apresentava cálculos

(6,67%), e sangramento (6,53%). Vale destacar que 47 idosos (39,17%) tiveram todos os

sextantes considerados excluídos.

Na Tabela 15 são apresentados os resultados da prevalência e da severidade da doença

periodontal na população estudada, considerando os escores do CPI (Índice Periodontal

Comunitário) por sextante. Vale destacar que em todos os sextantes a condição de excluído

foi a mais prevalente.

Dos 120 idosos, 111 (92,5%) apresentaram o terceiro sextante excluído. O quinto

sextante, que inclui os incisivos inferiores, foi o apresentou o menor número de sextantes

excluídos. No entanto, esse foi o sextante que mais apresentou cálculos.

Quanto à presença de bolsas periodontais, o número de pessoas com bolsas maiores

que 4mm foi de 17. Uma pior condição foi encontrada no primeiro e no segundo sextantes.

96

Tabela 15 - Número e percentual de sextantes, segundo a condição periodontal e localização, em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Condição

Sext1 Sext2 Sext3 Sext4 Sext5 Sext6 Total N % N % N % N % N % N % N %

Hígido 1 0,83 4 3,33 - - 1 0,83 1 0,83 2 1,67 9 1,25

Sangramento 1 0,83 8 6,67 1 0,83 7 5,83 30 25,00 - - 47 6,53 Cálculo 7 5,83 10 8,33 7 5,83 2 1,67 10 8,33 12 10,00 48 6,67 Bolsa de 4-5 mm

7 5,83 5 4,17 1 0,83 1 0,83 2 1,67 1 0,83 17 2,36

Excluído 104 86,67 93 77,50 111 92,50 109 90,83 77 64,17 105 87,50 599 83,20 Total 120 100 120 100 120 100 120 100 120 100 120 100 720 100

Na Tabela 16, a doença periodontal é ilustrada pelo número médio de sextantes

afetados. Dos 720 sextantes examinados, chama atenção o grande número de sextantes

excluídos (83,3%). Somente 1,17% dos sextantes foram considerados hígidos, 1,33%

apresentaram sangramento à sondagem, 10,17% cálculo, 3,67% bolsa de 4 a 5mm e 0,33%

apresentaram bolsa de 6mm ou mais.

Tabela 16 – Número médio de sextantes afetados e respectiva proporção em cada escore do CPI dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Escore do CPI (N=720) Média (%) Desvio padrão Mínimo Máximo

Hígido 0,07 1,17 0,37 - 3 sangramento 0,08 1,33 0,28 - 1 cálculo 0,61 10,17 1,13 - 5 bolsa de 4 a 5 mm 0,22 3,67 0,52 - 2 bolsa de 6 mm ou + 0,02 0,33 0,16 - 1 excluído 5,0 83,33 1,47 - 6 não examinado. - - - - - Total 6,0 100,00

Na Figura 8 encontra-se ilustrado o número de idosos segundo o maior grau de doença

periodontal encontrado no indivíduo. As mulheres somente apresentaram valores maiores

quando a condição foi a presença de cálculos. Nas demais condições, os indivíduos do sexo

masculino apresentaram valores mais elevados.

Dos 52 indivíduos que tiveram pelo menos um dos sextantes considerado “não-

excluído”, 03 (5,77%) apresentaram como pior condição o sangramento, 28 (53,85%)

necessitavam de raspagem de cálculo, enquanto que 21 (40,38%) necessitavam de tratamento

para bolsas periodontais de 4 mm ou mais.

97

0

3

1513

5

13

12

0

5

10

15

N° de idosos

Sangramento Cálculo B. de 4 a 5mm B. de 6mm ou +

escore do CPI

Feminino

Masculino

Figura 8 - Número de idosos institucionalizados, segundo o maior grau de doença periodontal observado no indivíduo e sexo. Feira de Santana-BA, 2008. PIP

Segundo o Índice Perda de Inserção Periodontal (PIP), somente 5 idosos foram

considerados sadios, com perda de inserção de 0 a 3mm. Dos que apresentaram problemas

(N=47), 38,30% (N=18) tinham perda de inserção de 4 a 5 mm, 46,80% (N=22) tinham perda

de inserção de 6 a 8 mm, 10,64% (N=5) apresentaram perda de inserção de 9 a 11 mm e

4,26% (N=2) perda de inserção de 12mm ou mais.

Ao se levar em consideração o sexo do indivíduo, o que se observa é que as mulheres

estavam em maior número quando a pior condição foi perda de inserção de 0 a 3mm, de 4 a

5mm e de 6 a 8mm. Os homens se sobressaíram ou se igualaram à medida que a perda de

inserção aumentava (Figura 9).

5

0

10

8

13

9

23

1 1

0

2

4

6

8

10

12

14

0 a 3 mm 4 a 5 mm 6 a 8mm 9 a 11mm 12mm ou +

Feminino

Masculino

Figura 9 - Número de idosos institucionalizados, segundo o maior grau de condição periodontal observado no indivíduo e sexo. Feira de Santana-BA, 2008.

Escore PIP

98

Na Tabela 17 estão os resultados da prevalência de doença periodontal na população

estudada, considerando o maior escore do PPI (Perda de Inserção Periodontal) por indivíduo.

Tabela 17 - Número de idosos, segundo a perda de inserção periodontal observada nos sextantes dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Condição

Sext1 Sext2 Sext3 Sext4 Sext5 Sext6 Total N % N % N % N % N % N % N %

Perda de 0 a 3 mm 2 1,67 11 9,17 2 1,67 3 2,50 8 6,67 1 0,83 27 3,75 Perda de 4 a 5 mm 8 6,67 12 10,00 4 3,33 3 2,50 15 12,50 9 7,50 51 7,08 Perda de 6 a 8 mm 5 4,17 3 2,50 2 1,67 4 3,33 17 14,17 5 4,17 36 5,00 Perda de 9 a 11 mm 1 0,83 1 0,83 - - 1 0,83 3 2,50 1 0,83 7 0,97

Perda de 12 mm ou + 1 0,83 - - 1 0,83 - - - - - - 2 0,28

Sextante excluído 103 85,83 93 77,50 111 92,50 109 90,83 77 64,17 104 86,67 597 82,92 Total 120 100 120 100 120 100 120 100 120 100 120 100 720 100

Na Tabela 18, a perda de inserção periodontal é ilustrada pelo número médio de

sextantes afetados. Dos 720 sextantes examinados, assim como no CPI, chama atenção o

grande número de sextantes excluídos (83,33%). Somente 3,65% dos sextantes tinham perda

de inserção de 0 a 3mm, 6,95% apresentaram de 4 a 5mm de perda, 4,82% de 6 a 8mm,

0,98% de 9 a 11mm e 0,33% apresentaram perda de 12mm ou mais.

Tabela 18 – Número médio de sextantes afetados e respectiva proporção em cada escore do PIP dos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008.

Escore do PIP (N=720) Média % Desvio

padrão Mínimo Máximo

Perda de inserção de 0 a 3 mm 0,22 3,65 0,61 - 4,00 Perda de inserção de 4 a 5 mm 0,42 6,95 0,75 - 3,00 Perda de inserção de 6 a 8 mm 0,29 4,82 0,60 - 3,00 Perda de inserção de 9 a 11 mm 0,05 0,98 0,27 - 2,00 Perda de inserção de 12mm ou mais 0,02 0,33 0,13 - 1,00 Sextante excluído 5,00 83,33 1,47 - 6,00 Total 6,00 100,00

Edentulismo (Uso e Necessidade de prótese)

O grau de edentulismo foi avaliado pelo uso e necessidade de prótese para os arcos

superior e inferior. As Tabelas 19 e 20 mostram as freqüências de uso e necessidade de

prótese.

Nota-se que em ambos os arcos a maioria dos idosos não usava prótese, 76,67% para o

arco superior e 82,50% para o arco inferior. Com relação às outras condições protéticas, em

99

ambos os arcos, tanto o uso quanto a necessidade de prótese tiveram maior percentagem para

a prótese total. O uso de prótese total foi mais freqüente no arco superior e a ausência de

próteses de qualquer tipo representou o maior percentual (Tabelas 19 e 20).

Tabela 19 - Distribuição de freqüência do uso de prótese nos arcos superior e inferior nos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. Uso de Prótese Arco superior Arco Inferior

N % N % Não usa prótese dentária 92 76,67 99 82,50 Usa 1 Prótese Fixa 2 1,67 - - Usa Prótese Parcial Removível 5 4,17 2 1,67 Usa 1 ou + pontes fixas e 1 ou + PPR - - 1 0,83 Usa Prótese Total 21 17,50 16 13,34 Usa prótese fixa por implantes - - 1 0,83 Usa sobredentadura - - 1 0,83 Total 120 100,00 120 100,00

Tabela 20 - Distribuição de freqüência da necessidade protética para os arcos superior e inferior nos idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. Necessidade de Prótese Arco superior Arco Inferior

N % N % Não necessita de prótese dentária. 13 10,84 10 8,33 Necessita 1 prótese, fixa ou removível, para substituição de 1 elemento.

- - - -

Necessita 1 prótese, fixa ou removível, para substituição de mais de 1 elemento.

25 20,83 36 30,00

Necessita uma combinação de próteses, fixas e/ou removíveis, para substituição de 1 e/ou mais de 1 elemento.

15 12,50 12 10,00

Necessita prótese dentária total. 67 55,83 62 51,67 Total 120 100,00 120 100,00

Todos os idosos examinados que não usavam prótese na arcada superior (N=92),

necessitavam de algum tipo de prótese. Ou seja, não houve um único indivíduo que não usava

prótese na arcada superior porque possuía todos os dentes. Dos 21 indivíduos que usavam

prótese total na arcada superior, 12 (57,14%) necessitavam de outra. Dos 67 idosos que

necessitavam de uma prótese total superior, 59 (88,06%) não a usavam (Tabela 21).

100

Tabela 21 – Distribuição dos idosos institucionalizados segundo uso e necessidade de prótese na arcada superior. Feira de Santana-BA, 2008.

Uso de Prótese na Arcada Superior

Necessidade de Prótese na Arcada Superior

Total

Não necessita de

prótese dentária

Necessita 1 prótese, fixa ou removível, para substituição de

mais de 1 elemento

Necessita uma combinação de

próteses, fixas e/ou removíveis, para

substituição de 1 e/ou mais de 1 elemento

Necessita prótese dentária

total.

Não usa prótese dentária - 23 15 59 92 Usa 1 Prótese Fixa 1 1 - - 2 Usa uma PPR 3 1 - 1 5 Usa Prótese Total 9 - - 12 21

Total 13 25 15 67 120

Para a arcada inferior, somente um idoso não usava prótese por que não necessitava.

Dos 99 indivíduos que não usavam prótese na arcada inferior, 50 (50,50%) necessitavam de

uma prótese total (tabela 22). Os indivíduos apresentaram maior necessidade de próteses

totais no arco superior do que no arco inferior. No entanto, necessitavam de mais de uma

prótese, fixa ou removível, para substituição de mais de 1 elemento, no arco inferior.

Tabela 22 – Distribuição dos idosos institucionalizados segundo uso e necessidade de prótese na arcada inferior. Feira de Santana-BA, 2008.

Uso de Prótese na Arcada Inferior

Necessidade de Prótese na Arcada Inferior

Total

Não necessita de

prótese dentária

Necessita 1 prótese, fixa ou removível, para substituição de

mais de 1 elemento

Necessita uma combinação de

próteses, fixas e/ou removíveis, para

substituição de 1 e/ou mais de 1 elemento

Necessita prótese dentária

total.

Não usa prótese dentária 1 36 12 50 99 Usa uma PPR 1 - - 1 2 Usa 1 ou + PF e 1 ou + PPR

1 - - - 1

Usa Prótese Total 5 - - 11 16 Usa prótese fixa por implantes

1 - - - 1

Usa sobredentadura 1 - - - 1 Total 10 36 12 62 120

Todos os indivíduos que não usavam prótese no arco superior, não a usavam no arco

inferior. Dos 28 idosos que usavam prótese te qualquer tipo, 21 a usavam em ambos os arcos

e somente 7 indivíduos usavam prótese na arcada superior e não usavam na inferior (Tabela

23). Dos 120 idosos examinados, 105 necessitavam de qualquer tipo de prótese nos dois arcos

101

concomitantemente, e somente 8 não necessitavam de próteses nos dois arcos

concomitantemente (Tabela 24).

Tabela 23 - Uso de prótese em ambos os arcos em idosos institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. Arco Superior Arco inferior Não usa Usa Total

Não Usa N 92 - 92

% 100 - 76,67

Usa

N 7 21 28

% 25 75 23,33

Total N 99 21 120

% 82,50 17,50 100,00

Tabela 24 - Necessidade de prótese em ambos os arcos em idosos institucionalizados, Feira de Santana-BA, 2008. Arco Superior Arco inferior Não necessita Necessita Total

Não necessita N 8 5 13 % 61,54 38,46 10,83

Necessita

N 2 105 107 % 1,87 98,13 89,17

Total N 10 110 120 % 8,33 91,67 100,00

Qualidade da Prótese

Das 28 próteses superiores analisadas, 53,57% foram consideradas ruins pela

examinadora. Quanto às próteses inferiores, das 21 analisadas, 57,14% também foram

consideradas ruins. Vale lembrar que, quando a qualidade da prótese foi péssima ou ruim, o

sujeito necessitava de outra prótese (Tabela 25).

102

Tabela 25 – Qualidade das próteses em ambos os arcos em idosos institucionalizados, Feira de Santana-BA, 2008.

Qualidade da prótese Arco Superior Arco Inferior

N % N % Não usa 92 76,67 99 82,50 Usa 28 23,33 21 17,50

Total 120 100,00 120 100,00 Ruim 15 53,57 12 57,14 Aceitável 6 21,43 5 23,81 Boa 7 25,00 4 19,05

Total 28 100,00 21 100,00 Acompanhamento após a colocação da prótese

Quando os idosos foram questionados a respeito da presença ou ausência de

acompanhamento após a colocação da prótese, 32,14% deles relataram que após a colocação,

nunca houve acompanhamento porque o cirurgião-dentista que confeccionou a prótese não

informou sobre a necessidade. Apenas 10,71% relataram que foram acompanhados após a

colocação da prótese (Tabela 26).

Na tabela 26 é possível observar que quando o indivíduo possuía prótese e após a

colocação foi acompanhado pelo cirurgião-dentista, o seu CPO-D e CO-R apareceram mais

baixos.

Tabela 26 – Distribuição dos idosos institucionalizados segundo a presença ou ausência de acompanhamento após a colocação da prótese e seus respectivos CPO-D e CO-R. Feira de Santana-BA, 2008.

Variável N % CPO-D CO-R

Acompanhamento após a colocação da prótese

Não usa prótese dentária 92 76,67 28,43 0,59

Usa 28 23,33 28,94 0,40

Total 120 100,00 Nunca houve acompanhamento - paciente não procurou mais o CD

3 10,71 27,00 0,66

Nunca houve acomp.,- o CD não informou sobre a necessidade

9 32,14 31,22 0,11

Houve acomp. nos 1os meses após a colocação, mas parou - o CD não marcou outra visita e/ou não explicou que era necessário

4 14,30 31,50 -

Sim, houve acomp. 3 10,71 24,33 -

Não lembra ou não sabe informar 9 32,14 30,67 1,22 Total 28 100,0

103

Tempo de Uso da Prótese

Dos 28 idosos que utilizavam prótese, 15 (53,57%) a possuíam por mais de 10 anos.

Quanto ao CO-R e o CPO-D desses indivíduos, é possível notar que os que usavam prótese

apresentaram um maior CO-R e ao observar o intervalo de uso de 5 anos ou mais, quanto

maior o tempo de uso maior o CPO-D (Tabela 27).

Tabela 27 – Distribuição dos idosos segundo o tempo de uso da prótese e seus respectivos CPO-D e CO-R. Idosos Institucionalizados. Feira de Santana-BA, 2008. Tempo de uso da prótese N % CPO-D CO-R Não usa prótese 92 76,67 28,43 0,59 Usa prótese 28 23,33 28,24 0,81

Total Parcial 120 100 Menos de 6 meses 1 3,57 15,00 - De 6 meses a 1 ano 1 3,57 32,00 - De 1ano e 1 mês a 2 anos 1 3,57 30,00 1 De 2 anos e 1 mês a 5 anos 4 14,29 29,00 0,25 De 5 anos e 1 mês a 10 anos 4 14,29 30,50 - Mais de 10 anos 8 28,57 30,87 0,12 Mais de 20 anos 7 25,00 31,57 0,14 Não lembra ou não sabe informar 2 7,14 27,00 5,00

Total 120 100,00

Alterações em tecido mole

Vinte e quatro idosos (20% da população) apresentaram alteração em tecido mole.

Sendo que a maior prevalência foi encontrada entre os homens, pardos, com idades entre 81 e

85 anos, analfabetos e os que utilizavam prótese. Entre os indivíduos que utilizavam próteses,

os que mais apresentaram alteração em tecido mole foram os que a utilizavam de 6 meses a 5

anos e os que tiveram acompanhamento após a sua colocação (Tabela 28).

104

Tabela 28 - Número de idosos institucionalizados com alteração em tecido mole segundo sexo, grupo étnico, tempo de uso e acompanhamento da prótese. Feira de Santana-BA, 2008.

Presença Ausência Total Variável N % N % N %

Sexo Masculino (N=44) 11 25,00 33 75,00 44 100,00 Feminino (N=76) 13 18,40 62 81,60 76 100,00

Total (N=120) 24 20,00 96 80,00 120 100,00

Grupo étnico

Branco (N=24) 5 20,83 19 79,17 24 100,00

Negro (N=57) 10 17,55 47 82,45 57 100,00

Pardo (N=39) 9 23,08 30 76,92 39 100,00

Total (N=120) 24 20,00 96 80,00 120 100,00

Tempo de uso de prótese

Não usa (N=92) 18 19,57 74 80,43 92 100,00 Menos de 6 meses (N=1) 1 100,00 - - 1 100,00 De 6 meses a 1 ano (N=1) 1 100,00 - - 1 100,00 De 1ano e 1 mês a 2 anos (N=1) - 100,00 1 - 1 100,00 De 2 anos e 1 mês a 5 anos (N=4) 1 25,00 3 75,00 4 100,00 De 5 anos e 1 mês a 10 anos(N=4) - - 4 100,00 4 100,00 Mais de 10 anos(N=8) 2 25,00 6 75,00 8 100,00 Mais de 20 anos(N=7) 1 14,29 6 85,71 7 100,00 Não lembra ou não sabe informar(N=2)

- -

2 100,00

2

100,00

Total (N=120) 24 20,00 96 80,00 120 100,00

Acompanhamento após a colocação da prótese

Não usa (N=92) 18 19,57 74 80,43 92 100,00

Nunca houve acompanhamento - paciente não procurou mais o CD (N=3)

- - 3 100,00 3 100,00

Nunca houve acomp.,- o CD não informou sobre a necessidade (N=9)

2 22,22 7 77,78 9 100,00

Houve acomp. nos 1os meses após a colocação, mas parou - o CD não marcou outra visita e/ou não explicou que era necessário (N=4)

2 50,00 2 50,00 4 100,00

Sim, houve acomp. (N=3) 1 33,33 2 66,67 3 100,00

Não lembra ou não sabe informar (N=9)

1 11,11 8 88,89 9 100,00

Total (N=120) 24 100,00 96 100,00 100,00

Das 24 alterações em tecido mole encontradas, 25% estavam localizadas em bordo

lateral da língua e 20,83% no lábio inferior. “Nódulo” foi o tipo de lesão fundamental que

mais apareceu (37,50%), seguido da “Pápula” (25%). Na maioria das vezes (54,17%) as

alterações não demonstraram mudança na coloração, mas para aquelas que demonstraram, as

eritematosas foram as que mais apareceram. Quanto à consistência e sintomatologia, a

105

maioria das alterações foi considerada flácida (37,50%), pela examinadora, e assintomática

(91,67%) pelos examinados (Tabela 29).

Tabela 29- Distribuição dos idosos institucionalizados segundo localização, tipo de lesão fundamental, coloração, consistência, sintomatologia da alteração em tecido mole e candidose. Feira de Santana-BA, 2008.

Variável N % Localização da lesão

Mucosa jugal 1 4,17 Palato duro 1 4,17 Bordo lateral da língua 6 25,00 Rebordo gengival inferior 2 8,33 Região retromolar inferior 2 8,33 Fórnice do vestíbulo inferior 1 4,17 Lábio superior 1 4,17 Lábio inferior 5 20,83 Face 1 4,17 Em duas regiões distintas 3 12,50 Em mais de duas regiões distintas 1 4,17

Total 24 100,00 Tipo de lesão fundamental

Úlcera 1 4,17 Erosão - - Mancha ou mácula 2 8,33 Placa 2 8,33 Pápula 6 25,00 Nódulo 9 37,50 Vesícula - - Bolha 4 16,67

Total 24 100,00 Coloração

Não houve mudança de coloração 13 54,17 Eritematosa 6 25,00 Negra 2 8,33 Amarela 1 4,17 Branca 2 8,33

Total 24 100,00 Consistência

Não houve alteração na consistência 4 16,67 Flácida 9 37,50 Borrachóide 3 12,50 Fibrosa 6 25,00 Dura 2 8,33

Total 24 100,00 Sintomatologia

Assintomática 22 91,67 Dolorosa 2 8,33

Total 24 100,00 Candidose

Presença 10 8,34 Ausência 110 91,66

Total 120 100,00

106

No geral, independente da condição socioeconômica e demográfica os idosos pouco

apresentaram candidose. Somente 10 idosos (8,3%) apresentaram esta condição (Tabela 29).

Destes, a maioria residia em instituição que não oferecia programa de saúde bucal (60%), era

mulher (60%), era branco (50%), analfabeto ou tinha 1° grau incompleto (80%), usava a

prótese há mais de 5 anos (50%) e não foi acompanhado, após a colocação da prótese, porque

o cirurgião-dentista não informou sobre a necessidade (20%).

107

6 DISCUSSÃO 6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES

O município de Feira de Santana possui quatro ILPI cadastradas na Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Social, sendo que 01 (uma) é particular. O que demonstra que

tanto o poder público quanto a sociedade civil estão buscando estratégias para promover a

melhoria da qualidade de vida dos idosos feirenses e das cidades circunvizinhas.

As instituições envolvidas no estudo apresentaram diferenças na estrutura física, no

funcionamento, no número de funcionários, nos bens e serviços oferecidos e, principalmente,

no modo como o cuidado é dispensado aos seus internos. O fato de somente uma oferecer

programa de promoção e proteção à saúde bucal confirma esta constatação. De forma

parecida, no município de Barretos (SP), Zuza et al. (2005) encontraram acesso inadequado

aos serviços odontológicos.

Na ocasião da coleta dos dados foram encontrados cuidadores de diversos níveis de

escolaridade e de comprometimento com a saúde dos idosos institucionalizados, o que

também dificultou o trabalho no momento da “Oficina de orientação sobre a saúde bucal das

pessoas idosas”.

Outro ponto é que a proposta de investigar problemas de saúde bucal em idosos já traz

em si alguns desafios tais como dificuldade para abrir a boca, dificuldade para entender a

importância da investigação, problemas psíquicos, restrições físicas, perdas de memória entre

outros. O fato de serem idosos institucionalizados também constitui um desafio, visto que, em

alguns momentos, existem diferenças tanto no modo de agir e de pensar saúde, quanto no

modo de enxergar a pesquisa. Isto dependia de quem estava no comando da gestão da

instituição.

Barbosa (2007) também trata desta dificuldade em estudos com idosos ao lembrar o

enfrentamento de questões referentes à vulnerabilidade da população idosa, incapacidade

física e mental, falta de memória, espontaneidade e disposição, e o próprio desinteresse em

participar da pesquisa.

Salgado (1982) entende que o processo de institucionalização dos idosos é um

processo irreversível, no entanto, as ILPI não estão preparadas para suprir totalmente as

necessidades dos idosos institucionalizados, principalmente as de caráter social. O que torna a

institucionalização um processo doloroso (PESSÔA, 2007).

108

No entendimento de Pavarani (1996) a transferência de um idoso para uma instituição

pode produzir danos psicossociais neste idoso. Estes danos podem levar à depressão o que

diminui consideravelmente o autocuidado, inclusive no que tange à saúde bucal.

Neste sentido, Barbosa (2007) trata em seu estudo da influência que a coesão familiar

exerce na prevalência de cárie e de perda dentária. No estudo desta autora, por exemplo, o

grupo de idosos institucionalizados apresentou prevalência de cárie, de edentulismo e de

necessidade de prótese mais elevadas do que o grupo dos idosos não institucionalizados.

Do mesmo modo, alguns anos antes, Silva e Valsecki Júnior (2000) e Caldas,

Figueiredo e Soriano (2002), em seus estudos com idosos institucionalizados e não-

institucionalizados obtiveram que o edentulismo foi mais prevalente entre os idosos

institucionalizados e o uso de prótese foi mais observado nos idosos não-institucionalizados.

Para minimizar os danos causados pela institucionalização, Chaimowicz (1997)

sugeriu que o Estado realize seu papel de financiador e fiscalizador do funcionamento de

instituições destinadas ao atendimento de idosos. Tentando, deste modo, oferecer segurança e

dignidade aos residentes através de medidas simples e pouco onerosas.

Vale ressaltar, neste momento, que este estudo, ao investigar a saúde bucal dos idosos

institucionalizados, constitui-se numa pesquisa inédita tanto no âmbito municipal como

estadual.

6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO

No presente estudo, a maioria dos idosos foi do sexo feminino (63,33%), o que

concorda com Chaimowicz e Greco (1999) que em seu estudo demonstraram que 81,1% da

população dos asilos do Município de Belo Horizonte-MG eram do sexo feminino. Para os

autores, tal constatação se explica, em parte, por 4 motivos: 1- as mulheres vivem mais que os

homens; 2- tornam-se viúvas mais cedo; 3- apresentam maior dificuldade para casar ou para o

recasamento após separação ou viuvez; 4- possuem menores níveis de instrução, taxa de

ocupação e renda. Esses motivos também podem se aplicar aos idosos institucionalizados de

Feira de Santana (BA).

Em outros estudos a maioria dos idosos investigados também foi do sexo feminino

(ROSA et al., 1992; MOREIRA; QUELUZ, 1999; SILVA; VALSECKI JÚNIOR, 2000;

CANGUSSU; COELHO; CASTELLANOS FERNANDEZ, 2001; MENEGHIM; PEREIRA;

SILVA, 2002; FLORIANO, 2003; COLUSSI; FREITAS; CALVO, 2004; SILVA; SOUSA;

109

WADA, 2004; CARNEIRO et al., 2005; MESAS; ANDRADE; CABRERA, 2006; REIS;

MARCELO, 2006; BARBOSA, 2007).

Quanto ao grupo étnico, 47,5% dos idosos investigados eram negros, sendo que

nenhum indivíduo foi considerado amarelo ou indígena. Esta constatação pode ser explicada

pelo fato do próprio município (Feira de Santana) ser composto por 60% de indivíduos

pardos, 23,4% brancos, 15,6% pretos, e somente 0,4% indígenas e 0,1 amarelos (IBGE,

2000).

Somente quatro dos estudos sobre a saúde bucal do idoso institucionalizado analisados

trouxe a questão da raça em suas discussões (MOREIRA; QUELUZ, 1999; FLORIANO,

2003; REIS et al., 2005; ZUZA et al., 2005). Esta falta de inserção da raça, como uma

variável investigada nos outros estudos, compromete a comparação dos resultados, bem como

o levantamento de informações sobre a influência do grupo étnico na saúde do idoso

institucionalizado.

Em Itagibá (SP), Moreira e Queluz (1999) encontraram 97,84% de negros; em Salinas

das Margaridas (BA), Floriano (2003) encontrou 55,5%; por sua vez, em Goiânia (GO) e em

Barretos (SP), Reis et al. (2005) e Zuza et al. (2005), respectivamente, encontraram uma

maioria de brancos.

Ainda sobre o grupo étnico, destaca-se a necessidade de estudos mais aprofundados

que discutam a institucionalização e coesão familiar na cultura indígena e sua influência na

saúde. Ficando então, o questionamento: se em Feira de Santana (BA), município com baixo

percentual de população indígena, não foram encontrados indígenas institucionalizados, será

que em outro município com elevado percentual de tribos indígenas, esta mesma situação será

encontrada?

No que tange à faixa etária investigada é importante lembrar que a idade mínima

escolhida para o estudo foi 60 anos, a mesma escolhida por outros autores (ROSA et al.,

1992; MOREIRA; QUELUZ, 1999; GOIATO et al., 1999; SILVA; VALSECKI JÚNIOR,

2000; CALDAS; FIGUEIREDO; SORIANO, 2002; FLORIANO, 2003; COLUSSI;

FREITAS; CALVO, 2004; REIS et al., 2005; MESAS; ANDRADE; CABRERA, 2006;

REIS; MARCELO, 2006; BARBOSA, 2007).

A média de idade dos idosos pesquisados foi de 75 anos, variando de 60 a 96 anos, e a

faixa etária mais prevalente foi a de 60 a 75 anos (49,2%).

No entanto, apesar da Fédération Dentaire Internationale, desde 1987, considerar

como pessoa idosa aquela com mais de 60 anos (FDI, 1987), e a Organização Mundial de

Saúde, desde 1997, para os países em desenvolvimento, também assim o considerar (OMS,

110

1997), alguns autores escolheram para seu estudo outras faixas etárias, o que dificulta a

comparabilidade dos resultados (PEREIRA, SILVA; MENEGHIM, 1999; SALIBA et al.,

1999; MENEGHIM; SALIBA, 2000; CANGUSSU; COELHO; CASTELLANOS

FERNANDEZ, 2001; SALIBA et al., 2002; SILVA et al., 2002; MENEGHIM; PEREIRA;

SILVA, 2002; BRASIL, 2004; SILVA; SOUSA; WADA, 2004; ZUZA et al., 2005; GAIÃO;

ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005; CARNEIRO et al., 2005). Vale notar que dentro do

mesmo estado (São Paulo) e do mesmo município (Piracicaba) os autores elegeram faixas

etárias diferentes.

Quanto a este aspecto Colussi e Feitas (2002) trazem: “Sabendo-se da carência de dados referentes à população idosa no país, e tendo-se como referência essa classificação da FDI, sugere-se que os próximos estudos apresentem seus dados para essa faixa etária separadamente, para que possam ser comparados, fornecendo um diagnóstico mais preciso da situação de saúde bucal dos idosos”.

Quanto ao estado civil, 47,5% dos idosos eram solteiros e 27,55% viúvos. Dados

semelhantes foram encontrados por Saliba et al. (1999), Gaião, Almeida e Heukelbach (2005)

e Barbosa (2007). No entendimento de Barbosa (2007), apesar da existência de vínculo não

eliminar a falta de coesão entre o idoso e sua família: “as relações interpessoais do idoso e sua família podem influenciar no processo saúde-doença e, conseqüentemente, na saúde-doença bucal, relacionadas às suas condições sócio-econômicas-culturais, que interferem no estilo e qualidade de vida do idoso, independente do lugar e com quem resida (institucionalizado ou não institucionalizado) considerando-se ainda sua experiência de vida”.

O grau de escolaridade encontrado nos idosos institucionalizados em Feira de Santana

(BA) foi baixo, pois 60,8% (n=73) dos idosos eram analfabetos. O número médio de anos

estudados foi de 2 anos e meio e o número máximo foi de 18 anos. Este último número

deveu-se a um idoso com mestrado. O grau de analfabetismo foi menor para os idosos de

Salinas das Margaridas (BA) (33,9%), de Biguaçu (SC) (26,7%) (COLUSSI; FREITAS;

CALVO, 2004), de Fortaleza (CE) (40,6%) (GAIÃO; ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005),

de Londrina (PR) (59,2%) (MESAS; ANDRAD; CABRERA, 2006), e de Recife (PE) (34,7%

para o grupo de idosos institucionalizados) (BARBOSA, 2007).

A maioria dos idosos era aposentada (75%) e recebia um salário mínimo que ficava

sob os cuidados da Instituição. Uma grande parte dessas aposentadorias foi adquirida após a

institucionalização. Aqueles indivíduos que ainda não a possuíam, ou não eram aposentados

por que ainda trabalhavam, ou ainda estavam em processo de aposentadoria.

111

Neste sentido, Floriano (2003) traz que o baixo poder aquisitivo e a baixa escolaridade

podem influenciar as condições de saúde bucal, principalmente no que tange ao uso e acesso

aos serviços de saúde e uso e condição da prótese. Da mesma maneira, Lima-Costa e Veras

(2003) relatam que o acesso e uso dos serviços de saúde pelos idosos são bastante

influenciados pela sua situação econômica e/ou de sua família, quando aqueles que

apresentam menor renda familiar são, também, os que possuem piores condições de saúde.

Apesar desta assertiva, poucos foram os trabalham que abordaram a renda dos idosos

investigados (ROSA et al., 1992, FLORIANO, 2003; COLUSSI; FREITAS; CALVO, 2004;

BARBOSA, 2007).

Vale ressaltar que, este estudo, apesar de apresentar limitações inerentes ao tipo de

delineamento (transversal), fornece informações referentes à população de idosos

institucionalizados no município de Feira de Santana, que poderão ser utilizadas em análises

posteriores, comparando-se com trabalhos de metodologias semelhantes ou não, na busca de

um melhor entendimento do perfil socioeconômico e demográfico destes idosos e de suas

conseqüências na saúde bucal, bem como no entendimento da cárie, do edentulismo, da

doença periodontal e de suas conseqüências na qualidade de vida da população idosa

institucionalizada nesse município.

6.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL

Cárie Dentária (coroa)

A cárie dentária tem sido registrada, há mais de 70 anos, através de variações do

índice CPO-D, desenvolvido por Klein e Palmer na década de 30 (RONCALLI, 2004; PITTS;

FEJERSKOV; FEHR, 2005). Apesar do CPO-D ser um índice largamente utilizado e permitir

comparações temporais e geográficas, apresenta algumas limitações, além disso, ainda

existem dificuldades no desenvolvimento de um índice alternativo com tamanha aceitação

(ANTUNES; PERES; FRAZÃO, 2006; PITTS; FEJERSKOV; FEHR, 2005).

Antunes, Peres e Frazão (2006) enumeram algumas limitações e aspectos críticos do

CPOD: (1) seus valores não têm relação com o número de dentes sob risco; (2) populações

com fácil acesso aos serviços odontológicos e às restaurações preventivas, podem

superestimar a experiência de cárie, ou seja, o CPO-D pode expressar mais uma medida de

tratamento recebido do que de distribuição do agravo; (3) um dente restaurado e saudável e

112

um dente cariado e não tratado possuem igual peso no cálculo do índice, já que no cálculo

você inclui dentes com distintas condições; (4) além disso, a presença de dentes hígidos não é

considerada, o que traz uma dimensão de doença e não de saúde.

Cabe ressaltar, portanto, que, apesar das limitações do CPO-D, diferenças nos

instrumentos e nos índices utilizados podem produzir diferenças significativas nas estimativas

de cárie e, por essa razão, recomenda-se cautela quanto ao significado que “diferentes

critérios de diagnóstico” efetivamente têm sobre a estimativa de cárie dentária em populações

(NARVAI et al., 2001).

Dessa forma, como todos os autores pesquisados, que se propuseram investigar a cárie

dentária, utilizaram o CPO-D como índice, esse foi o índice escolhido para registrar a

experiência de cárie dos idosos investigados.

Como o diagnóstico da cárie para os dentes perdidos e obturados foi dado

previamente pelo profissional que realizou o tratamento restaurador ou mutilador, a

pesquisadora partiu de dois pressupostos: (1) o critério clínico empregado para o diagnóstico

foi semelhante ao seu e; (2) todos os dentes perdidos foram devido à cárie. Desse modo, a

experiência de cárie dos idosos pesquisados pode ter sido sub ou superestimada.

Adicionalmente, para controlar possíveis discordâncias de critério diagnóstico da

própria pesquisadora, foi calculado o Índice de Kappa intraexaminador, que demonstrou

excelente reprodutibilidade de critérios.

Quanto aos dentes perdidos, apesar de Jitomirski e jitomirski (1997) considerarem

que a maior causa de perda de dentes em idosos seja a doença periodontal, vale uma ressalva:

como os idosos não se recordavam do motivo da extração dos dentes, todos os dentes ausentes

foram considerados ausentes por cárie. Somente um idoso relatou ter solicitado recentemente

a exodontia de dois dentes para confecção de uma prótese total.

O CPO-D médio encontrado foi de 28,77(±4,83). Um resultado semelhante foi

encontrado em Itatiba-SP, no ano de 2001 e, em Biguaçu-SC, em 2004 (CANGUSSU;

COELHO; CASTELLANOS FERNANDEZ, 2001; COLUSSI, FREITAS; CALVO, 2004).

Um CPO-D maior foi encontrado em São Paulo-SP, no ano de 1992 (30,97),

Piracicaba-SP (30,75 e 29,54), Recife-PE (29,2), Rio Claro-SP (31,09), Goiânia-GO (30,17),

São Paulo-SP, no ano de 2005 (30,8), Fortaleza-CE (29,73) e, em Recife-PE (29,34 -

institucionalizados) (ROSA et al., 1992; PEREIRA; SILVA; MENEGUIM, 1999; SILVA et

al., 2002; CALDAS; FIGUEIREDO; SORIANO, 2002; SILVA; SOUSA; WADA, 2004;

REIS et al., 2005; CARNEIRO et al., 2005; GAIÃO, ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005;

113

BARBOSA, 2007). Esses dados revelam que a experiência de cárie do idoso em Feira de

Santana, apesar de precária, ainda se apresenta melhor que em outros municípios brasileiros.

Porém, o CPO-D foi menor em Araçatuba-SP (25,10) (SALIBA et al., 1999), em

Piracicaba-SP (26,58) (MENEGUIM; SALIBA, 2000), em Londrina (PR) (27,9) (MESAS,

ANDRADE; CABRERA, 2006) e, para a região nordeste os resultados do “SBBrasil”

revelaram um CPO-D de 27,27 (BRASIL, 2004). Esses dados já mostram que muito ainda há

de ser feito e que são necessárias ações municipais de saúde bucal voltadas para esta faixa

etária.

Pinto (2003) afirma que o aumento continuado do índice de cárie com o avançar da

idade tem como principal determinante a realização de extrações múltiplas e em larga escala,

que se inicia como padrão inevitável a partir dos 30 anos de idade.

Nesse estudo, o percentual do componente “perdido” foi o de 79,83%, menor do que

em São Paulo-SP, em 1992, com 96,1% (ROSA et al., 1992), em Piracicaba-SP, em 1999,

com 96,7% (PEREIRA; SILVA; MENEGUIM, 1999), Araraquara-SP, 90% dos dentes

estavam perdidos (SILVA; VALSECKI JÚNIOR, 2000), em Salinas das Margaridas (BA),

com 91,3% (FLORIANO, 2003), na região Nordeste do Brasil, com 92,40% (BRASIL, 2004),

Biguaçu-SC, com 92,1% (COLUSSI, FREITAS; CALVO, 2004), Rio Claro-SP, com 92,64%

(SILVA; SOUSA; WADA, 2004), em Goiânia-GO, com 95,38% (REIS et al., 2005), em São

Paulo-SP, no ano de 2005, com 96,3% (CARNEIRO et al., 2005), em Fortaleza-CE, com

95,59% (GAIÃO, ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005), em Barretos-SP, com 93,92% (ZUZA

et al., 2005), em Londrina (PR), com 89,3% (MESAS, ANDRADE; CABRERA, 2006) e, em

Recife-PE, com 97,20% (BARBOSA, 2007).

Diante desses resultados, é preciso refletir sobre o fato de que, apesar do componente

“perdido” ter representado “somente” 79,83%, esse dado, no momento da pesquisa, pode ser

verdadeiro, no entanto, ao se considerar que 49,88% dos dentes que necessitavam de algum

tipo de tratamento, foram indicados para extração (unidade dentária totalmente destruída),

este percentual do componente “perdido”, caso esses idosos tenham acesso ao serviço

odontológico, aumentará consideravelmente dentro de alguns meses.

Para Rosa et al. (1992), “a participação cada vez maior dos dentes extraídos, aliados à

falta de assistência odontológica por carência de recursos próprios ou falhas no atendimento

social, leva aos péssimos níveis de saúde bucal observados na terceira idade”.

Roncalli (2004) corrobora dizendo que o CPO-D possui caráter cumulativo, o que

constitui uma limitação em seu poder discriminatório, no entanto, ao se interpretar o índice

CPO-D pela relação entre seus componentes, podem ser expressas as características do

114

desenvolvimento da doença e o padrão de ofertas de serviços. Altas proporções de dentes

extraídos, como nesse estudo, indicam presença de tratamento essencialmente mutilador.

Uma prova desse baixo poder discriminatório do índice aparece nesse estudo, onde

mais da metade da população (52,50%) investigada apresentou o CPO-D máximo, ou seja,

quando um novo levantamento for feito, os idosos não terão seus índices reduzidos, mesmo

que venham a receber tratamento.

Com relação aos dentes presentes e hígidos, a população como um todo apresentou

em média 6,45 dentes na boca. No estudo de Zuza et al. (2005), em Barretos-SP, foi

encontrado para o arco inferior uma média de 2,36 dentes e 1,39 para o arco superior. Vale

ressaltar, que “dente presente na boca” não significa não precisar de tratamento, daí a

importância de se estudar também a necessidade de tratamento.

A população investigada apresentou em média 6,45 dentes na boca, destes 44%

encontravam-se hígidos (2,83). No estudo realizado por Rosa et al. (1992), em São Paulo

(SP), cada pessoa possuía em média 2 dentes presentes e hígidos. Doze anos depois, no

interior de São Paulo (Rio Claro), Silva, Sousa e Wada (2004) encontraram uma média de

3,19 dentes presentes. Também neste aspecto, a saúde bucal dos idosos institucionalizados em

Feira de Santana (BA), apresentou-se um pouco mais favorável. No entanto, em Londrina

(PR), no ano de 2006, Mesas, Andrade e Cabrera (2006), encontraram uma média de 8,0

dentes presentes.

A distribuição dos componentes do índice CPOD mostrou que havia mais dentes

cariados e menos obturados, em ambos os sexos e em todas as faixas etárias, o que evidencia

o inexpressivo acesso dessa população às ações e serviços de saúde bucal. No entanto, em

todas as faixas etárias houve uma pequena diferença nos índices CPO-D entre os sexos, sendo

que nas faixas etárias 76 a 80 anos, 81 a 85 anos, e 86 a 90 anos o CPO-D foi maior no sexo

masculino. Isto talvez se deva ao fato de as mulheres se preocuparem mais com a sua saúde e,

conseqüentemente, procurarem com mais freqüência a assistência.

Do ponto de vista do planejamento das ações programáticas direcionadas a essa

população, os gestores devem considerar que em alguns grupos o índice CPO-D foi maior

(sexo masculino; faixa etária entre 81 e 90 anos; os indivíduos das instituições filantrópicas

que não têm acesso aos programas de saúde bucal; pardos - maior número de dentes cariados;

analfabetos; de menor renda; solteiros ou viúvos). Sendo assim, diante das necessidades

apresentadas, sugere-se a priorização da parcela da população investigada que apresentou

piores condições de saúde bucal, para que se possa reduzir custos, redirecionar programas e

evitar o sobretratamento dos indivíduos menos afetados pela doença.

115

Quanto às condições socioeconômicas, os achados desse estudo (indivíduos

analfabetos, de menor renda e solteiros ou viúvos com piores condições de saúde bucal)

corroboram com os ensinamentos de alguns autores que acreditam que os fatores

socioeconômicos podem determinar / influenciar as condições de saúde bucal dos indivíduos

(FURLANI, 1993; KRIEGER; WILLIAMS; MOSS, 1997; PINTO, 1997, MARTINS;

ARAÚJO; VELOSO, 1999; JONES; WORTHINGTON, 2000; PERES; BASTOS;

LATORRE, 2000; NADANOVSKY, 2000; BALDANI; NARVAI; ANTUNES, 2002;

RONCALLI; LIMA; COSTA, 2004; RADIS, 2004; NEWTON et al., 2005).

No entanto, é preciso cautela com relação a estes achados (CPO-D versus classe social

e sexo) já que o desenho escolhido para este estudo não permite analisar causa e efeito ao

mesmo tempo, em estudos transversais como estes, o desfecho é analisado muitos anos depois

da causa.

A meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano 2000 foi: 50% das

pessoas na faixa etária de 65-74 anos apresentando pelo menos 20 dentes em condições

funcionais. Contudo, a situação encontrada nas instituições de Feira de Santana (BA), (10%)

está muito aquém da recomendada pela OMS.

Vale salientar que o fato de 11 indivíduos residentes em instituição filantrópicas

possuírem pelo menos 20 dentes na boca, não quer dizer que estes idosos tiveram e têm um

acesso diferenciado aos serviços odontológicos. Este número pode ter sido alcançado pelo

fato de 88,33% dos idosos residirem neste tipo de instituição.

Quando o CPO-D foi calculado levando-se em conta o tipo de instituição, verificou-se

que não houve diferença entre os índices. Essa constatação pode ser explicada pelo fato de

que a maioria dos idosos, independente de qual instituição reside hoje, passou por um

histórico odontológico mutilador ao longo de décadas, o que acabou refletindo no índice

CPO-D.

Sendo assim, é difícil estimar a futura situação de saúde bucal e as necessidades de

tratamento da próxima geração de idosos institucionalizados através dos dados

epidemiológicos da população idosa de hoje, pelo fato de existirem mudanças significativas,

principalmente devido ao contato com o flúor, pelo uso de dentifrícios e água de

abastecimento público, pela inserção da Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF) e

a implantação do Programa Brasil Sorridente pelo Ministério da Saúde.

116

Cárie radicular

A presença de lesões radiculares tem sido causa de grande preocupação nessa faixa

etária (JITOMIRSKI; JITOMIRSKI, 1997; MENENGUIM; SALIBA, 2000; MENEGUIM;

PEREIRA; SILVA, 2002; GAIÃO; ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005; GAVINHA; BRAZ;

SOUSA, 2006). No entanto, nesse estudo, no geral a prevalência de cárie de raiz (13,16%) e o

CO-R (1,09) foram relativamente baixos. Isso se deve basicamente ao elevado número de

dentes perdidos encontrados e de raízes expostas hígidas.

Para a região Nordeste, o relatório do “SBBrasil” (BRASIL, 2004) traz que, para a

faixa etária de 65 a 74 anos, 14,32% das raízes expostas estavam cariadas. Em 2002, em

Piracibaba (SP), Meneguim, Pereira e Silva (2002) estudando idosos institucionalizados com

faixa etária acima de 75 anos, encontraram que 59% dos dentes com retração gengival

apresentavam lesão radicular. Gaião, Almeida e Heukelbach (2005) encontraram que, nos

idosos institucionalizados de Fortaleza (CE), 16% das raízes expostas eram cariadas ou

obturadas. Todos estes estudos com números maiores dos que os encontrados em Feira de

Santana (BA).

Esses índices sobressaíram entre os homens, entre os indivíduos com idades entre 60 e

65 anos e entre os indivíduos que tinham acesso ao programa de saúde bucal e se justificam

pelo fato desses indivíduos possuírem um menor percentual de dentes “perdidos” e

conseqüentemente um maior número de dentes remanescentes susceptíveis à exposição

radicular e à cárie.

Nesse momento, deve-se levar em conta a dificuldade de se comparar os resultados

dessa pesquisa com resultados de outros pesquisadores, já que os critérios para o diagnóstico

da lesão de cárie radicular variam bastante. Meneguim, Pereira e Silva (2002) salientam que

os pesquisadores podem levar em consideração questões como cor, textura ou profundidade e

as prevalências podem ser apresentadas como número médio de lesões, de dentes ou ainda de

superfícies atacadas.

A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1997), em seu manual de levantamento

básico em saúde bucal, divulgou códigos e critérios de classificação para o exame de

superfície radicular, que certamente em muito irá contribuir para a uniformidade das

pesquisas epidemiológicas (MENEGHIM; PEREIRA; SILVA, 2002).

117

Necessidade de tratamento

Mais da metade (57,46%) dos idosos institucionalizados no município de Feira

de Santana (BA) necessitava de algum tipo de tratamento dentário. Dentre os tratamentos, a

extração foi o mais indicado (28,67%). Gaião, Almeida e Heukelbach (2005), em Fortaleza

(CE) consideraram que 75,8% dos dentes examinados necessitavam de extração. Vale lembrar

que, não houve um único idoso dentado que possuísse uma boca isenta de necessidade de

tratamento.

Essas informações mostram que apesar de uma das quatro instituições (responsável

por 45% da população), desenvolver um programa de saúde bucal, ainda incipiente, a

necessidade de tratamento revelou-se bastante expressiva. Com essas necessidades levantadas

e apontadas, cabe ao poder público tomar algumas decisões com o intuito de garantir

assistência a essa população, seja através da Estratégia Saúde da Família, do Centro de

Especialidades Odontológicas (CEO), da parceria com a Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS) ou do atendimento hospitalar.

No levantamento nacional de 2003, o “SBBrasil” (BRASIL, 2004), a região Nordeste

apresentou, para a faixa etária de 65 a 74 anos, uma maior necessidade de extração do que

outras regiões, exceto região Norte, e do que outros tipos de tratamento. No estudo realizado

em Fortaleza (CE) no ano de 2005, Gaião, Almeida e Heukelbach (2006) encontraram uma

necessidade de tratamento inferior (44,6%), no entanto, a extração foi indicada para 75,8%

dos casos.

Condição Periodontal

O CPI vem sendo utilizado largamente em pesquisas populacionais. No entanto,

apesar de se apresentar simples e uniformizado e, em conseqüência, recomendado pela OMS

para pesquisa epidemiológica, o CPI não é um estimador das condições periodontais aceito

como unanimidade pelos pesquisadores (MENEGHIM; PEREIRA; SILVA, 2002; BASSANI;

LUNARDELLI, 2006), que citam a fragilidade do índice CPI como ferramenta

epidemiológica, argumentando que as marcações periciais podem subestimar a prevalência

das bolsas periodontais, distorcendo as estimativas da prevalência e severidade da doença

periodontal.

O elevado número de sextantes excluídos (83,3%) apresentado já era esperado, visto

que a população era composta por muitos desdentados. Assim, somente 16,7% do total dos

118

sextantes puderam ser examinados. Este fato acaba gerando uma baixa prevalência de doença

periodontal severa nestas faixas etárias (BRASIL, 2004).

O relatório do “SBBrasil” (BRASIL, 2004) também chama atenção para o grande

número de sextantes excluídos, tanto quando se considera o percentual de pior escore quanto à

média de sextantes afetados, na faixa etária de 65 a 74 anos. Na região Nordeste, por

exemplo, mais de 55% dos sextantes examinados foram excluídos, ou seja, não apresentavam

nenhum dente presente ou apresentavam apenas um dente funcional. Quanto à condição periodontal, mais da metade dos idosos dentados apresentaram

cálculo dentário (53,85%). Esse resultado está em concordância com dados de Piracicaba (SP)

(MENENGUIM; PEREIRA; SILVA, 2002), de Goiânia (GO) (REIS et al., 2005), de São

Paulo (SP) (CARNEIRO et al., 2005), de Fortaleza (CE) (GAIÃO; ALMEIDA;

HEUKELBACH, 2005), porém em contraste com o estudo de Silva e Valsecki Jr. (2000)

realizado no Estado de São Paulo, onde predominaram a bolsa e o tratamento periodontal

mais complexo.

Dessa forma, é importante salientar que a maioria das necessidades de tratamento

periodontal apresentada foi considerada de simples tratamento (BASSANI; LUNARDELLI,

2006), como instrução de higiene bucal e remoção de cálculo dentário, que podem ser

delegados ao pessoal técnico em higiene dental (THD). No entanto, cuidados especializados

também foram exigidos, já que 40,8% dos idosos apresentaram bolsas maiores de 4mm como

a pior condição.

Convém destacar que esse tratamento especializado usualmente só é disponível em

Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e em clínicas particulares e,

conseqüentemente, não está ao alcance da maioria das pessoas. De uma maneira geral, os

idosos institucionalizados em Feira de Santana (BA) encontram-se economicamente

desfavorecidos.

Nesse sentido, as conclusões que Rosa et al. (1992) chegaram em seu estudo com

idosos institucionalizados e não institucionalizados na cidade de São Paulo (SP), também

parecem valer para Feira de Santana (BA) no ano de 2008: As más condições periodontais encontradas irão inevitavelmente determinar agravos na saúde bucal, incrementando o edentulismo. Se essas pessoas não tiveram recursos ou a assistência odontológica social não for capaz de limitar os danos quanto à cárie, pela lógica também não haverá o controle da doença periodontal, caminhando inexoravelmente para a perda total dos dentes.

Tal fato é preocupante, pois mostra a necessidade de uma maior preocupação no

desenvolvimento de programas preventivos e curativos aplicados junto às faixas etárias de

119

idade mais avançada, bem como ressalta a necessidade de um direcionamento das ações

voltadas para a pessoa idosa institucionalizada. Esse aspecto também é importante para o

planejamento do serviço odontológico, pois medidas de promoção da saúde podem ser

tomadas com uma relação custo-benefício favorável.

O fato de 92,5% apresentarem o terceiro sextante excluído chama a atenção para a

perda dentária no sextante superior esquerdo, no entanto, estudos mais aprofundados fazem-se

necessários para se conhecer a real causa da elevada prevalência de edentulismo nesse

sextante em particular.

Em contrapartida, o quinto sextante, que inclui os incisivos inferiores, foi o que

apresentou o menor número de sextantes excluídos e o que mais apresentou cálculos. Essa

constatação pode ser explicada pela secreção abundante de saliva nesta região, que, apesar de

diminuída com o avançar da idade, protege o tecido dentário e facilita o acúmulo de cálculo

dentário.

O número de pessoas com bolsas maiores que 4 mm no primeiro e no segundo

sextantes, pode ser explicado pela facilidade do acúmulo de placa nesta região e a dificuldade

das glândulas salivares secretarem quantidade suficiente de saliva nesses sextantes,

principalmente nessa faixa etária.

As mulheres só apresentaram valores maiores quando a condição foi a presença de

cálculos. Nas demais condições, os indivíduos do sexo masculino apresentaram valores mais

elevados. Esta constatação está em desacordo com os ensinamentos de Pucca Junior (1995)

que considera que o processo de rarefação óssea, e em conseqüência a perda do suporte

periodontal, acontece mais intensamente nas mulheres. Deixando clara a necessidade de

outros estudos que considerem a relação entre sexo e doença periodontal, utilizando-se

inclusive outras metodologias.

Neste estudo, o fato dos homens apresentarem maiores perdas de inserção, já era

esperado tendo em vista as melhores condições de saúde bucal apresentadas pelas mulheres,

em algumas faixas etárias, e a cultura do autocuidado também observada nas mesmas.

O Índice de Perda de Inserção Periodontal mostrou que a maioria dos idosos (85,10%),

que apresentaram perda de inserção, estava com perda entre 4 e 8mm. Em São Paulo (SP),

Carneiro et al. (2005) encontraram a maioria dos idosos com perda entre 6 e 8mm. Uma

melhor condição foi encontrada em Piracicaba (SP), por Meneghim e Saliba (2000), e em

Goiânia (GO), por Reis et al. (2005), onde a perda de inserção de 0 a 3mm foi a pior condição

apresentada.

120

Edentulismo (Uso e Necessidade de prótese)

Conforme dito anteriormente, o grau de edentulismo foi avaliado pelo uso e

necessidade de prótese para os arcos superior e inferior. Nesse sentido, percebeu-se que, em

ambos os arcos, a maioria dos idosos não usava prótese, somente 23,33% a usavam no arco

superior e 17,50% no arco inferior. Esse pequeno percentual reflete, de certo modo, a

dificuldade de acesso a serviços de reabilitação (RONCALLI; LIMA; COSTA, 2004) e alerta

para o fato de que o não uso da prótese pode gerar impactos negativos tanto na função

mastigatória quanto na fonética, além da deglutição e estética, fatores estes que implicam

diretamente a qualidade de vida e bem-estar desses indivíduos.

Saliba et al. (1999), em Araçatuba (SP), encontraram que 52% dos idosos

institucionalizados não usavam nenhum tipo de prótese, valor inferior ao apresentado pelos

idosos de Feira de Santana (BA). Contudo, em Fortaleza (CE), Gaião, Almeida e Heukelbach

(2005), encontraram que 70% dos idosos institucionalizados não usavam nenhum tipo de

prótese superior (total e removível) e 81,3% de prótese inferior, dados semelhantes aos

encontrados nesse estudo.

Quanto ao maior uso de prótese na arcada superior essa situação também foi

encontrada em Piracicaba (SP) (MENEGHIM; SALIBA, 2000), na região Nordeste do Brasil

(BRASIL, 2004), em Biguaçu (SC) (COLUSSI; FREITAS; CALVO, 2004) e, em São Paulo

(CARNEIRO et al., 2005).

Através desse levantamento, verificou-se que a maioria dos pesquisados usa a prótese

superior por uma questão de estética e estabilidade. Quanto à prótese inferior, havia uma certa

resistência quanto ao fato de utilizá-la, pela dificuldade de adaptação, devido a demora para

colocar a prótese, e consequente reabsorção do rebordo alveolar (CARNEIRO et al., 2005).

Essa informação pode ser confirmada pelo fato de que todos os indivíduos que não

usavam prótese no arco superior, não a usavam no arco inferior e que dos 28 idosos que

usavam prótese, 21 a usavam em ambos os arcos e somente 7 indivíduos usavam prótese na

arcada superior e não usavam na inferior.

A prótese total, para ambos os arcos, foi a mais usada e a mais necessitada, o que já

era esperado tendo em vista que 39,17% dos idosos institucionalizados em Feira de Santana

(BA) eram totalmente edêntulos. Em outros estudos, o elevado uso de próteses totais, em

relação aos outros tipos, também, pôde ser observado (GOIATO et al., 1999; MOREIRA;

QUELUZ, 1999; BRASIL, 2004; CARNEIRO et al., 2005).

121

Em se tratando de edentulismo, 39,17% dos idosos institucionalizados em Feira de

Santana (BA) eram totalmente edêntulos. Alguns estudos mostraram um percentual

semelhante (ZUZA et al., 2005), outros um percentual maior (ROSA et al., 1992; SILVA;

VALSECKI JÚNIOR, 2000; SILVA et al., 2002; CALDAS; FIGUEIREDO; SORIANO,

2002; FLORIANO, 2003; COLUSSI; FREITAS; CALDAS, 2004; SILVA; SOUSA; WADA,

2004; REIS et al. 2005; GAIÃO, ALMEIDA; HEUKELBACH, 2005; MONTI et al., 2006;

MESAS; ANDRADE; CABRERA, 2006; BARBOSA, 2007). Vale notar que nenhum estudo

apresentou um percentual menor.

Apesar de apresentar uma prevalência de edentulismo mais baixa que outros estudos,

os resultados encontrados retratam as péssimas condições de saúde bucal dos idosos feirenses

institucionalizados, com um índice CPOD elevado, um grande percentual de dentes extraídos

e, principalmente, com muitas necessidades protético-reabilitadoras. Mesmo havendo uma

tendência mundial de melhoria dessas condições, trata-se de uma mudança muito lenta, sendo

por isso necessário buscar novas estratégias de prevenção e controle da cárie e suas

conseqüências na população idosa.

Vale ressaltar que em conversas informais com os idosos, alguns relataram que, no

passado, usar prótese era sinal de status e, outros, que muito pouca importância era dada à

manutenção das unidades dentárias tanto pelos indivíduos quanto pelos cirurgiões-dentistas.

Essas informações ajudaram a entender um pouco mais o elevado número de idosos

necessitando de próteses totais.

Em Feira de Santana (BA), 89,16% dos idosos institucionalizados necessitavam de

algum tipo de prótese superior e 91,7%, inferior, desses 62,61% e 56,3% necessitavam de

prótese total superior e inferior, respectivamente. Gaião, Almeida e Heukelbach (2005),

encontraram números semelhantes, em Fortaleza (CE), dos 160 idosos institucionalizados

84,4% necessitavam de algum tipo de prótese superior e 88,7% de prótese inferior.

Em São Paulo (SP) a necessidade encontrada de tratamento protético foi menor, sendo

63,9% no arco superior e 79,8% no arco inferior (CARNEIRO et al., 2005). Para o Nordeste,

o relatório do “SBBrasil 2003” (BRASIL, 2004), traz números um pouco melhores, onde

46,36% necessitam de prótese superior e 66,64%, inferior, desses 45,9% e 40,2%

necessitavam de prótese total. Em Rio Claro (SP), Silva, Sousa e Wada (2004), encontraram

necessidades semelhantes a essas do Nordeste, onde 48,5% necessitavam de próteses totais

superiores e 45,5%, inferiores.

Somente um (0,83%) dos 120 idosos investigados em Feira de Santana (BA) não

usava e não necessitava de prótese inferior e, nenhum não usava e não necessitava para o arco

122

superior. Colussi, Freitas e Calvo (2004), ao investigar 277 idosos residentes na área urbana e

rural do município de Biguaçu, SC, encontraram que 4% não usavam nem necessitavam de

prótese inferior e 1,8% não usavam nem necessitavam de prótese superior.

Além disso, 95,45% dos idosos examinados necessitavam de ambas as próteses. Em

Salinas das Margaridas (BA), Floriano (2003) encontrou um percentual parecido, 91,6%. No

entanto, em Recife e em Araraquara (SP), Barbosa (2007) e Silva e Valsecki Júnior (2000)

respectivamente encontraram valores mais baixos, porém ainda preocupantes, onde 65,8% e

61% dos idosos institucionalizados necessitavam de próteses em ambos os arcos.

As próteses em uso apresentavam em geral precárias condições, necessitando de

reparos ou substituições, 53,57% das superiores e 57,14% das inferiores foram consideradas

ruins. Zuza et al. (2005), em Barretos (SP), e Silva e Valsecki Júnior (2000), em Araraquara

(SP), encontraram valores menores, 20% e 44% dos idosos institucionalizados possuíam

prótese que necessitavam de substituição, respectivamente. Já Floriano (2003), encontrou em

Salinas das Margaridas (BA), um valor mais elevado, 72,4% das próteses utilizadas foram

consideradas ruins. No entanto, vale ressaltar que os critérios utilizados nesse estudo diferem

daqueles utilizados pelos pesquisadores supracitados.

A grande quantidade de próteses que necessitavam de substituição, nos idosos

examinados, talvez decorresse do fato de que esses aparelhos eram utilizados durante vários

anos, (53,57% a possuíam por mais de 10 anos), e 32,14% deles relataram que após a

colocação, nunca houve acompanhamento porque o cirurgião-dentista que confeccionou a

prótese não informou sobre a necessidade, prejudicando a mastigação dos alimentos, o

consumo de uma dieta adequada e o aparecimento de lesões na mucosa bucal, como

demonstrado por Rosa et al. (1992).

Ressalta-se que, a colocação de uma prótese, seja ela total ou parcial, tem um custo

razoavelmente expressivo, no entanto, sua manutenção é bastante razoável, pois não requer os

cuidados especiais de outros tipos de materiais protéticos. Basta a escovação e a limpeza bem

feita, semelhante como seria com os dentes normais (MOREIRA; QUELUZ, 1999). No

município de Feira de Santana (BA), particularmente, a maioria dos idosos com próteses em

precárias condições não tinha acesso a consultórios particulares, e como o atendimento

odontológico ambulatorial do município não oferecia serviço reabilitador, não lhes restava

outra alternativa senão usar a prótese no estado em que se encontrava. Infelizmente, essa situação é bastante freqüente no Brasil, onde o tratamento reabilitador praticamente inexiste no serviço público, não por falta de recursos técnicos ou financeiros, mas por falta de uma política orientada para executar essas ações (CARNEIRO et al., 2005).

123

Nessa perspectiva, sugere-se o encaminhamento desses idosos institucionalizados para

o Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD), habilitado em anexo ao Centro de

Especialidades odontológicas (CEO) pela Portaria Minsiterial nº2477 de 13 de outubro de

2006, que se propõe a oferecer próteses totais e removíveis.

Ressalta-se que, quando os usuários de próteses foram acompanhados pelo cirurgião-

dentista após a colocação das próteses, esses apresentaram condições de saúde bucal mais

favoráveis (CPO-D e CO-R mais baixos) do que aqueles usuários que não receberam

acompanhamento. Bem como, os usuários que possuíam a prótese por um longo período

apresentaram um CPO-D maior do que aqueles que a utilizavam por menor tempo.

Quanto a este aspecto, vale lembrar que é impossível estabelecer uma relação de causa

e efeito, tendo em vista o próprio desenho do estudo e o viés de memória encontrado nessa

população e nessas variáveis.

Além disso, os indivíduos que usavam prótese apresentaram um maior CO-R,

possivelmente por que esses indivíduos, segundo relatos dos mesmos, realizavam a sua

higiene bucal sem retirar as próteses, promovendo um acúmulo de biofilme na superfície

radicular.

Nesse sentido, Meneghim, Pereira e Silva (2002), lembram que profissionais de saúde

bucal preocupados com a promoção de saúde, devem elaborar e implementar programas não

só baseados nas necessidades de tratamento e métodos de prevenção, mas que visem também

à educação do paciente na aquisição de hábitos de higiene bucal. Além disso,

cabe ao odontólogo, fazer um trabalho de orientação e conscientização do paciente, quando este irá fazer o uso da prótese, para que crie o hábito de continuar visitando o profissional regularmente ou quando surgir qualquer tipo de problema/inconveniente com sua prótese dentária (MOREIRA; QUELUZ, 1999).

Assim, urge o desenvolvimento, entre os cirurgiões-dentistas feirenses, de uma maior

e melhor consciência profissional acerca dos problemas típicos da terceira idade. O combate à

prática das extrações em massa e o estímulo à manutenção de condições odontológicas

funcionais na velhice devem constituir-se em pontos essenciais de cada programa de saúde

bucal.

Quanto à comparabilidade dos resultados, nesse item “uso e necessidade de prótese”,

foram encontradas algumas dificuldades. O modo de expressar os resultados foi diferente em

alguns dos estudos. Desse modo, sugere-se, além de uma uniformidade nos critérios, o que

nem sempre foi observada, uma padronização na exposição dos resultados encontrados.

124

Alteração em tecido mole

Diferindo dos achados desse estudo, onde 20% dos idosos institucionalizados em Feira

de Santana (BA) apresentaram alterações em tecido mole, Reis et al., (2005) encontraram em

Goiânia-GO, 13,49% dos idosos institucionalizados com essas alterações.

Rosa et al. (1992), na cidade de São Paulo (SP), encontraram um elevado percentual

(53%) de lesões ligadas ao uso de prótese total nos idosos institucionalizados, deixando clara

a falta de assistência odontológica posterior à sua colocação. Em Feira de Santana (BA), 75%

dos idosos que apresentaram alteração em tecido mole não usavam prótese. No entanto, entre

os indivíduos que utilizavam próteses, os que mais apresentaram alterações em tecido mole

foram os que a utilizaram por mais de 10 anos e os que não tiveram acompanhamento após a

sua colocação.

A prevalência de alterações em tecido mole foi baixa em relação à encontrada em São

Paulo (SP), entretanto não se descarta a necessidade de se instituir uma rotina de

encaminhamento desses idosos para o centro de Referência em Lesões Bucais da UEFS ou

para o CEO que oferece dentro das suas especialidades mínimas, diagnóstico bucal com

ênfase no diagnóstico precoce do câncer de boca.

Nesse estudo, lesões nodulares foi o tipo de lesão fundamental que mais apareceu

(37,50%), seguido da pápula (25%), contrariando os achados de Rosa et al. (1992), que em

São Paulo (SP) encontraram um maior percentual de manchas eritematosas e bolhas. Em

Piracicaba-SP e em Barretos (SP), também foi diferente, a ulceração foi o tipo de maior

prevalência no primeiro município (MENEGHIM; SALIBA, 2000) e a lesão bolhosa foi

encontrada em 15% dos idosos, nódulos e outras lesões fundamentais, como pápula,

apareceram em somente 5% dos idosos do segundo município (ZUZA et al., 2005).

A grande maioria das lesões encontradas estava localizada em bordo lateral de língua e

lábio inferior, devido, provavelmente ao elevado percentual de próteses insatisfatórias com

arestas e mal adaptadas e ao hábito de mascar fumo e expor-se ao sol sem proteção

(observações feitas no local).

As alterações, em sua grande maioria (54,17%), não demonstraram mudança na

coloração, foram consideradas flácidas (37,50%), e assintomáticas (91,67%), ainda assim os

idosos que apresentaram alterações em tecido mole foram orientados a procurar o Centro de

Referência de Lesões Bucais vinculado ao Núcleo de Câncer Oral (NUCAO) da UEFS, o

responsável técnico pela instituição e o cuidador também foram alertados quanto à presença

125

da alteração. Uma ficha de levantamento individual foi deixada no local com informações

referentes às necessidades de tratamento e a presença de alteração.

Quanto à candidose, somente 8,33% dos idosos a apresentaram, desses, a maioria

residia em instituição que não oferecia programa de saúde bucal, era mulher, não usava

prótese ou a possuía há mais de 10 anos e não foi acompanhado, após a colocação da prótese,

porque o cirurgião-dentista não informou sobre a necessidade. Nesse estudo, a possível causa

da presença da mesma foi o hábito de dormir com as próteses, principalmente entre as

mulheres, associado a uma falta de higiene bucal satisfatória devido ao fato de que a paciente

relatou que jamais recebeu orientação de higiene bucal dada por um cirurgião-dentista. O

acúmulo de placa bacteriana e cálculo sobre as próteses coincidem com os achados de Brito e

Veloso (2006).

Os valores encontrados nesse estudo contrariam os de Rosa et al. (1992), em São

Paulo (SP), e os de Zuza et al. (2005), em Barretos (SP) onde os primeiros encontraram uma

prevalência de 30% de candidose e os últimos uma pequena prevalência de 3%.

Por fim, os resultados do presente estudo mostram que as condições de saúde bucal

dos idosos pesquisados são precárias. Embora alguns dos possíveis fatores associados sejam

passíveis de prevenção, ainda existem neste município instituições que não possuem

programas de saúde bucal. Por outro lado, medidas simples podem e devem ser adotadas, com

custos financeiros muito baixos que resultariam em diminuição da ocorrência deste desfecho,

e importante manutenção da qualidade de vida destas pessoas.

Desse modo, sugere-se a realização periódica de oficinas com os cuidadores e de

visitas rotineiras da Equipe de Saúde Bucal da Estratégia Saúde da Família visando o

levantamento de necessidades e a discussão de estratégias a serem adotadas para manter a

saúde bucal destes idosos e melhorar a sua qualidade de vida.

126

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo relata pela primeira vez de forma sistemática e detalhada a

epidemiologia de saúde bucal e a necessidade de tratamento odontológico em idosos

institucionalizados em um município baiano.

Ao caracterizar o perfil socioeconômico e demográfico dos idosos institucionalizados

encontrou-se que a maioria dos idosos investigados foi do sexo feminino (63,33%), da raça

negra (47,5%), com faixa etária entre 60 e 75 anos (49,2%), solteira (47,5%), analfabeta

(60,8%) e residia em instituições filantrópicas (88,33%).

Um programa odontológico, comprometido com a proteção e promoção da saúde

bucal dos idosos, foi encontrado somente em uma das quatro instituições investigadas, no

entanto este ainda pareceu incipiente apesar do CPO-D médio dos idosos que tinham acesso

ao programa (27,77) ser menor do que o daqueles que não tinham acesso (29,59).

O elevado valor do CPO-D médio (28,77 ± 4,83), do componente “perdido” (79,83%)

e de edentulismo (39,17%) registrados nos idosos pesquisados constituem um problema grave

de saúde bucal e remetem para a reflexão sobre a prática odontológica mutiladora e a

iniqüidade no acesso aos serviços, aos quais os idosos foram submetidos no passado.

Quanto a prevalência da cárie de raiz e o CO-R, nesse estudo, foram relativamente

baixos, no entanto, esta situação deveu-se basicamente ao elevado número de dentes perdidos

encontrados.

O baixo percentual de uso de prótese (23,33% superior e 17,50% inferior), aliado à

grande necessidade de prótese (89,16% superior e 91,7% inferior), evidencia a falta de ações

reabilitadoras ofertadas pelo serviço público, ratificando a ausência de políticas públicas de

saúde bucal voltadas para este grupo.

Segundo o Índice Periodontal Comunitário (CPI) e o Índice de Perda de Inserção

Periodontal (PIP), os problemas periodontais apresentados foram, em sua grande maioria, de

baixa complexidade, o que não exclui a necessidade do fortalecimento da autonomia dos

idosos em seu autocuidado e da educação em saúde para os seus cuidadores.

A prevalência de alterações em tecido mole, incluindo a candidose oral, foi

relativamente baixa.

Por fim, os idosos institucionalizados no município de Feira de Santana (BA)

apresentaram precárias condições de saúde bucal, o que evidencia a necessidade de outros

estudos que considerem a saúde do idoso institucionalizado para subsidiar o planejamento das

127

ações, bem como, a urgência na tomada de decisões do poder público no que tange à

implementação de programas de saúde bucal, visando a promoção, proteção, recuperação da

saúde bucal, e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade de vida desse grupo etário.

128

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141

APÊNDICES

142

APÊNDICE A- FICHA DE LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO - Instrumento Aplicado aos sujeitos da pesquisa - INFORMAÇÕES GERAIS Sexo Grupo étnico Idade em anos Estado civil Anos de Estudo Escolaridade Renda pessoal

O EXAME CLÍNICO - CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL RREEAALLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOO EEXXAAMMEE

CCÁÁRRIIEE DDEENNTTÁÁRRIIAA EE NNEECCEESSSSIIDDAADDEE DDEE TTRRAATTAAMMEENNTTOO 18 17 16 15 14 13 12 11

Coroa Raiz Trat.

DDOOEENNÇÇAA PPEERRIIOODDOONNTTAALL CPI PIP

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

PPRRÓÓTTEESSEE DDEENNTTÁÁRRIIAA Uso de Prótese Qualidade da prótese Necessidade de Prótese

Acompanhamento após a colocação da prótese

Quanto Tempo tem que usa a mesma prótese

Sup Inf

Sup Inf

Sup Inf

AALLTTEERRAAÇÇÕÕEESS DDEE TTEECCIIDDOOSS MMOOLLEESS Presença / ausência de alteração Localização da lesão em tecido mole Tipo de lesão fundamental Coloração Consistência Sintomatologia CCAANNDDIIDDOOSSEE OORRAALL

21 22 23 24 25 26 27 28

Coroa Raiz Trat.

48 47 46 45 44 43 42 41

Coroa Raiz Trat.

31 32 33 34 35 36 37 38

Coroa Raiz Trat.

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

143

APÊNDICE B – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO. Instrumento aplicado ao responsável técnico pela instituição.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE Av. Universitária, s/n - Km 03 da BR 116, Campus Universitário. CEP: 44031-460. Feira de Santana – BA

Pesquisa: Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia, 2008

IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO 1- NOME DA INSTITUIÇÃO 2- RESPONSÁVEL TÉCNICO 3- TIPO DE INSTITUIÇÃO

2.1 ( ) particular 2.2 ( ) filantrópica 2.3 ( ) pública municipal 2.4 (....) pública estadual 2.5 (....) outro _______________

4- Existe na instituição algum programa de promoção e proteção de saúde bucal?

3.1 ( )SIM 3.2 ( ) NÃO

5- Se SIM, este programa é: 44.1 ( ) próprio, realizado por profissional de nível superior (NS) 4.2 ( ) próprio, realizado por profissional de nível médio (NM) 4.3 ( ) promovida pela prefeitura, realizado por profissional de NS 4.4 ( ) promovida pela prefeitura, realizado por profissional de NM 4.5 ( ) promovida por voluntários, realizado por profissional de NS 4.6 ( ) promovida por voluntários, realizado por profissional de NM

144

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre Esclarecido – Instituição

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE

Av. Universitária, s/n - Km 03 da BR 116, Campus Universitário. CEP: 44031-460. Feira de Santana - BA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Título do Projeto: Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia, 2008. Versão: 01 Data: ____/___/2008 Pesquisadores: Profª Drª Tecia Daltro B. Alves e Julie Eloy Kruschewsky Contato: (0xx75) 3224-8116

A instituição a qual o(a) Senhor(a) é responsável está sendo convidada a participar de uma pesquisa. Antes de

decidir, é importante que entenda o motivo da realização do estudo e no que ele consiste. Estaremos a sua disposição, pessoalmente, na UEFS – Departamento de Saúde – Núcleo de Saúde Coletiva - KM 03, BR 116, Campus Universitário, 6º Módulo, 44.031-460, Feira de Santana-BA, ou pelo telefone (0xx75) 3224-8116 para prestar qualquer esclarecimento, caso você precise de maiores informações.

Esta pesquisa tem a duração de 24 meses e pretende descrever as características da saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana no ano de 2008. Depois dos dados coletados e dos resultados analisados objetiva-se: - citar medidas que poderão ser tomadas para minimizar os danos, prevenir novas doenças e conscientizar a população e os profissionais de saúde quanto às necessidades específicas desta faixa etária; - propiciar subsídios ao planejamento de políticas públicas e de ações de promoção e assistência à saúde desse grupo populacional.

Além disto, as instituições pesquisadas receberão, para os seus cuidadores, uma capacitação em saúde bucal para a terceira idade, oferecido pela pesquisadora. Incluindo a distribuição do manual de saúde bucal para cuidadores de idosos confeccionado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) em parceria com a UEFS.

O mecanismo utilizado para propiciar a transferência dos resultados para outras instituições, órgãos públicos e privados, será o da publicação em revistas nacionais e internacionais de grande circulação, divulgação dos resultados à comunidade, na imprensa escrita, através de Jornal que seja veiculado no município e entrega de uma cópia dos resultados à Secretaria Municipal de Saúde para que os resultados sejam publicados no boletim epidemiológico municipal e que sejam utilizados para subsidiar o planejamento das ações em saúde bucal.

Vale lembrar que, durante a pesquisa, serão sempre respeitados os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes, assegurando, inclusive o direito de desistência, direito ao anonimato e o encaminhamento dos pesquisados para unidades básicas de saúde, hospitais, e/ou para as clínicas da universidade, caso algum caso de urgência seja detectado ou aconteça a suspeita de lesão.

Salientamos que a identificação da sua instituição será resguardada e mantida em sigilo, e que, se em algum momento da pesquisa houver constrangimento ou riscos aos pesquisados além daqueles previstos (algum desconforto inerente ao exame odontológico e/ou sangramento gengival para aqueles já com doenças na gengiva), ela poderá ser encerrada.

Ressalta-se ainda que, caso haja algum prejuízo por quaisquer danos decorrentes dessa pesquisa, compensações estarão de acordo com as normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Se você achar que foi bem informado (a) e quiser que sua instituição participe voluntariamente desta pesquisa, permitindo que os resultados da mesma sejam publicados, deverá assinar este documento que consta de duas vias. Uma das vias ficará com você e a outra conosco. Sendo assim, desde já, agradecemos a sua colaboração e nos colocamos a disposição para quaisquer esclarecimentos que porventura possam surgir.

_______________, de de 2008.

________________________________________________ Assinatura do Responsável pela Instituição

__________________________________ _____________________________

Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves Julie Eloy Kruschewsky

145

APÊNDICE D -Termo de Consentimento Livre Esclarecido – Instituição – ESTUDO PILOTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE

Av. Universitária, s/n - Km 03 da BR 116, Campus Universitário. CEP: 44031-460. Feira de Santana - BA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Título do Projeto: Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia, 2008. Versão: 01 Data: ____/___/2008 Pesquisadores: Profª Drª Tecia Daltro B. Alves e Julie Eloy Kruschewsky Contato: (0xx75) 3224-8116

A instituição a qual o(a) Senhor(a) é responsável está sendo convidada a participar de uma pesquisa.

Antes de decidir, é importante que entenda o motivo da realização do estudo e no que ele consiste. Estaremos a sua disposição, pessoalmente, na UEFS – Departamento de Saúde – Núcleo de Saúde Coletiva - KM 03, BR 116, Campus Universitário, 6º Módulo, 44.031-460, Feira de Santana-BA, ou pelo telefone (0xx75) 3224-8116 para prestar qualquer esclarecimento, caso você precise de maiores informações.

Este Projeto está vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UEFS e já foi apreciado pelo Comitê de Ética da UEFS e aprovado através do ofício n° 074/2008 do referido Comitê. Tem a duração de 24 meses e pretende descrever as características da saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana no ano de 2008. No entanto, esta instituição participará do estudo piloto vinculado a esta pesquisa. Este estudo servirá para calibração do pesquisador e do anotador, bem como para validar o instrumento da pesquisa. Este estudo se dará em duas etapas, onde a primeira e a segunda terão a mesma metodologia, e os exames repetidos nos mesmos indivíduos.

Trinta indivíduos desta instituição, que possuam mais de 60 anos, participarão deste estudo piloto. Para tal, os participantes assinarão um Termo de Consentimento autorizando o exame e uma cirurgiã-dentista (a pesquisadora) fará um exame bucal simples e alguns questionamentos. Além disto, os participantes receberão kits de higiene bucal e participarão de uma oficina sobre “orientações sobre a saúde bucal das pessoas idosas”.

Vale lembrar que, durante a pesquisa, serão sempre respeitados os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes, assegurando, inclusive o direito de desistência, direito ao anonimato e o encaminhamento dos pesquisados para unidades básicas de saúde, hospitais, e/ou para as clínicas da UEFS, caso algum caso de urgência seja detectado ou aconteça a suspeita de lesão.

Salientamos que a identificação da sua instituição será resguardada e mantida em sigilo, e que, se em algum momento da pesquisa houver constrangimento ou riscos aos pesquisados além daqueles previstos (algum desconforto inerente ao exame odontológico e/ou sangramento gengival para aqueles já com doenças na gengiva), ela poderá ser encerrada.

Ressalta-se ainda que, caso haja algum prejuízo por quaisquer danos decorrentes dessa pesquisa, compensações estarão de acordo com as normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Se você achar que foi bem informado (a) e quiser que sua instituição participe voluntariamente desta pesquisa, permitindo que os resultados da mesma sejam publicados, deverá assinar este documento que consta de duas vias. Uma das vias ficará com você e a outra conosco. Sendo assim, desde já, agradecemos a sua colaboração e nos colocamos a disposição para quaisquer esclarecimentos que porventura possam surgir.

_______________, de de 2008.

________________________________________________ Assinatura do Responsável pela Instituição

__________________________________ _____________________________

Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves Julie Eloy Kruschewsky

146

APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre Esclarecido – Sujeitos da Pesquisa

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE SAÚDE

Av. Universitária, s/n - Km 03 da BR 116, Campus Universitário. CEP: 44031-460. Feira de Santana - BA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Título do Projeto: Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia, 2008. Versão: 01 Data: ____/___/2008 Pesquisadores: Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves e Julie Eloy Kruschewsky

O(a) Senhor(a) está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa.

Antes de decidir, é importante que entenda o motivo da realização do estudo e no que ele consiste.

Estaremos a sua disposição, pessoalmente, na UEFS – Departamento de Saúde – Núcleo de Saúde Coletiva - KM 03, BR 116, Campus Universitário, 6º Módulo, 44.031-460, Feira de Santana-BA, ou pelo telefone (0xx75) 3224-8116 para prestar qualquer esclarecimento, caso você precise de maiores informações.

Esta pesquisa tem a duração de 24 meses e pretende descrever as características da saúde bucal de idosos que moram em asilos no município de Feira de Santana no ano de 2008.

As instituições pesquisadas receberão, para os seus cuidadores, uma oficina sobre saúde bucal para a terceira idade, oferecido pela pesquisadora, que os auxiliará no cuidado diária com a saúde bucal dos senhores moradores desta instituição.

Além disto, haverá a distribuição do manual de saúde bucal para cuidadores de idosos confeccionado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Estas medidas visam melhorar o cuidado para com a sua saúde bucal e conseqüentemente, com a sua saúde geral.

Os resultados serão publicados em de grande circulação, os resultados serão divulgados à comunidade feirense na imprensa escrita através de Jornal que seja veiculado no município e uma cópia dos resultados será entregue à Secretaria de Saúde do município para que os resultados sejam publicados no boletim local para que sejam utilizados para ajudar no planejamento das ações em saúde bucal em instituições como esta.

Vale lembrar que, durante a pesquisa, serão sempre respeitados os seus valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes, assegurando. Além disto, você tem o direito de desistir da pesquisa a qualquer momento, e, caso algum caso de urgência seja detectado ou aconteça a suspeita de alguma lesão, contatos serão firmados para que você seja encaminhado para unidades básicas de saúde do município ou para as clínicas da universidade.

Salientamos que o seu nome não será divulgado, ou seja, a sua identidade será resguardada e mantida em sigilo, e que se em algum momento da pesquisa houver constrangimento ou riscos para vocês os pesquisados além daqueles previstos (algum desconforto próprio do exame odontológico e sangramento gengival para aqueles já com doenças na gengiva), ela poderá ser encerrada.

Ressalta-se ainda que, caso haja algum prejuízo por quaisquer danos decorrentes dessa pesquisa, compensações estarão de acordo com as normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Se você achar que foi bem informado (a) e quiser participar voluntariamente desta pesquisa, permitindo que os resultados da mesma sejam publicados, deverá assinar este documento que consta de duas vias. Uma das vias ficará com você e a outra conosco.

Desde já, agradecemos a sua colaboração e nos colocamos a disposição para quaisquer esclarecimentos que porventura possam surgir.

Feira de Santana, de de 2008.

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Assinatura do idoso ou responsável legal

__________________________________ _____________________________

Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves Julie Eloy Kruschewsky

147

APÊNDICE F - Termo de Consentimento Livre Esclarecido – Sujeitos da Pesquisa – ESTUDO PILOTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE

Av. Universitária, s/n - Km 03 da BR 116, Campus Universitário. CEP: 44031-460. Feira de Santana - BA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Título do Projeto: Saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana, Bahia, 2008. Versão: 01 Data: ____/___/2008 Pesquisadores: Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves e Julie Eloy Kruschewsky

O(a) Senhor(a) está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa.

Antes de decidir, é importante que entenda o motivo da realização do estudo e no que ele consiste.

Estaremos a sua disposição, pessoalmente, na UEFS – Departamento de Saúde – Núcleo de Saúde Coletiva - KM 03, BR 116, Campus Universitário, 6º Módulo, 44.031-460, Feira de Santana-BA, ou pelo telefone (0xx75) 3224-8116 para prestar qualquer esclarecimento, caso você precise de maiores informações.

Este Projeto está vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UEFS e já foi apreciado pelo Comitê de Ética da UEFS e aprovado através do ofício n° 074/2008 do referido Comitê. Tem a duração de 24 meses e pretende descrever as características da saúde bucal de idosos institucionalizados no município de Feira de Santana no ano de 2008. No entanto, você participará do estudo piloto vinculado a esta pesquisa. Este estudo servirá para calibração do pesquisador e do anotador, bem como para validar o instrumento (ficha) da pesquisa. Este estudo se dará em duas etapas, onde a primeira e a segunda terão a mesmo método, e os exames repetidos nos mesmos indivíduos.

Trinta indivíduos desta instituição, que possuam mais de 60 anos, participarão deste estudo piloto. Para tal, uma cirurgiã-dentista (a pesquisadora) fará um exame bucal simples e alguns questionamentos. Além disto, os participantes receberão kits de higiene bucal e participarão de uma oficina sobre “orientações sobre a saúde bucal das pessoas idosas”.

Vale lembrar que, durante a pesquisa, serão sempre respeitados os seus valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes, assegurando. Além disto, você tem o direito de desistir da pesquisa a qualquer momento, e, caso algum caso de urgência seja detectado ou aconteça a suspeita de alguma lesão, contatos serão firmados para que você seja encaminhado para as clínicas da UEFS.

Salientamos que o seu nome não será divulgado, ou seja, a sua identidade será resguardada e mantida em sigilo, e que se em algum momento da pesquisa houver constrangimento ou riscos para vocês os pesquisados além daqueles previstos (algum desconforto próprio do exame odontológico e sangramento gengival para aqueles já com doenças na gengiva), ela poderá ser encerrada.

Ressalta-se ainda que, caso haja algum prejuízo por quaisquer danos decorrentes dessa pesquisa, compensações estarão de acordo com as normas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Se você achar que foi bem informado (a) e quiser participar voluntariamente desta pesquisa, permitindo que os resultados da mesma sejam publicados, deverá assinar este documento.

Desde já, agradecemos a sua colaboração e nos colocamos a disposição para quaisquer esclarecimentos que porventura possam surgir.

Feira de Santana, de de 2008.

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Assinatura do idoso ou responsável legal

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Profª Drª Tecia Daltro Borges Alves Julie Eloy Kruschewsky

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ANEXOS

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