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    Ministrio da SadeSecretaria de Polticas de Sade

    Departamento de Ateno Bsicarea Tcnica de Sade do Trabalhador

    Cadernos de Ateno BsicaPrograma Sade da Famlia

    Caderno 5

    Sade do Trabalhador

    Braslia 2002

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    2001, Ministrio da Sade permitida a reproduo total ou parcial desta obra desde que citada a fonteTiragem: 50.000 exemplares

    Edio, informao e distribuioMinistrio da SadeSecretaria de Polticas de Sade

    Departamento de Ateno BsicaEsplanada dos Ministrios, bloco G, Edifcio Sede, 7 andar, sala 718CEP: 70058-900 Braslia/DFTelefone: (61) 315 2497Fax: (61) 226 4340E-mail: [email protected] Tcnica de Sade do TrabalhadorEsplanada dos Ministrios, bloco G, Edifcio Sede, 6 andar, sala 647CEP: 70058-900 Braslia/DFTelefone: (61) 315 2610Fax: (61) 226 6406E-mail: [email protected]

    Produzido com recursos do Projeto - Desenvolvimento da Ateno Bsica UNESCO - 914/BRZ/29Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Polticas de Sade.Departamento de Ateno Bsica.rea Tcnica de Sade do TrabalhadorSade do trabalhador / Ministrio da Sade, Departamento de AtenoBsica, Departamento de Aes Programticas e Estratgicas, reaTcnica de Sade do Trabalhador. Braslia: Ministrio da Sade, 2001.

    63p. : il. (Cadernos de Ateno Bsica. Programa Sade da Famlia; 5)ISBN: 85-334-0368-2

    1. Sade do trabalhador Ateno bsica. 2. Relaotrabalho/sade/doena. I. Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria dePolticas de Sade. Departamento de Aes Programticas eEstratgicas. II. Ttulo.

    CDU 616-057(81)

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    Sumrio

    Apresentao, 5

    Introduo, 7

    Quadro institucional relativo Sade do Trabalhador, 11

    O papel do Ministrio do Trabalho e Emprego, 11

    O papel do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, 12

    O papel do Ministrio da Sade/Sistema nico de Sade, 12

    O papel do Ministrio do Meio Ambiente, 13

    Aes em Sade do Trabalhador a serem desenvolvidas no nvel local de sade, 15

    Atribuies gerais, 15

    Atribuies especficas da equipe, 17

    Informaes bsicas para a ao em Sade do Trabalhador, 19Trabalho precoce, 19

    Acidentes de trabalho, 19

    Doenas relacionadas ao trabalho, 20

    Procedimentos a serem adotados frente a diagnsticos

    de doenas relacionadas ao trabalho pelo nvel local de sade, 32

    Instrumentos de coleta de informaes para a vigilncia em Sade do Trabalhador, 33

    Anexos, 35

    Bibliografia, 65

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    Apresentao

    sta publicao parte do esforo do Ministrio da Sade voltado reorganizao da ateno bsica de sade no Pas, a partir da qual possvel regionalizar e hierarquizar as aes eservios, provendo assim o acesso integral e equnime da populao brasileira ao

    atendimento de que necessita. Prestada de forma resolutiva e com qualidade, a ateno bsica capaz de responder maioria das necessidades de sade.

    A edio deste Caderno de Ateno Bsica em Sade do Trabalhador destina-se a apoiar acapacitao dos profissionais que atuam neste nvel da ateno, em especial as equipes de sade dafamlia, promovendo, desta forma, a insero deste segmento populacional na rede bsica. As aesaqui preconizadas devem pautar sobretudo na identificao de riscos, danos, necessidades,condies de vida e trabalho que determinam as formas de adoecer e morrer dos trabalhadores.

    Nesse sentido, o presente Caderno propicia o estabelecimento da relao entre o adoecimentoe o processo de trabalho nas prticas de vigilncia o que contribui, certamente, para a qualidade daateno sade do trabalhador em toda a rede de servios do Sistema nico de Sade (SUS).

    A expectativa do Ministrio da Sade que esta publicao contribua para aperfeioar a

    capacidade resolutiva dos profissionais, em especial daqueles que integram as equipes de sade dafamlia, as quais configuram a estratgia prioritria do processo de transformao do modelo deateno sade, em curso no Pas.

    Cludio Duarte da FonsecaSecretrio de Polticas de Sade do Ministrio da Sade

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    Introduo

    termo Sade do Trabalhador refere-se a um campo do saber que visacompreender as relaes entre o

    trabalho e o processo sade/doena.

    Nesta acepo, considera a sade e adoena como processos dinmicos,estreitamente articulados com os modos dedesenvolvimento produtivo da humanidade emdeterminado momento histrico. Parte do

    princpio de que a forma de insero dos

    homens, mulheres e crianas nos espaos detrabalho contribui decisivamente para formasespecficas de adoecer e morrer. O fundamentode suas aes a articulao multiprofissional,interdisciplinar e intersetorial.

    Para este campo temtico, trabalhador toda pessoa que exera uma atividade detrabalho, independentemente de estar inseridono mercado formal ou informal de trabalho,inclusive na forma de trabalho familiar e/ou

    domstico. Ressalte-se que o mercadoinformal no Brasil tem crescidoacentuadamente nos ltimos anos. Segundo oInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, cerca de 2/3 da populao

    economicamente ativa PEA tmdesenvolvido suas atividades de trabalho nomercado informal. importante ressaltar,ainda, que a execuo de atividades detrabalho no espao familiar tem acarretado atransferncia de riscos/fatores de riscoocupacionais1 para o fundo dos quintais, oumesmo para dentro das casas, num processoconhecido como domiciliao do risco.

    Num momento em que o processo de

    descentralizao das aes de sade consolida-se em todo o pas, um dos mais importantesdesafios sobre os quais os municpios

    brasileiros tm se debruado o daorganizao da rede de prestao de serviosde sade, em consonncia com os princpiosdo Sistema nico de Sade SUS:descentralizao dos servios, universalidade,hierarquizao, eqidade, integralidade daassistncia, controle social, utilizao daepidemiologia para o estabelecimento de

    prioridades, entre outros.

    A municipalizao e a distritalizao,como espaos descentralizados de construodo SUS,

    1. Classicamente, risco conceituado como apossibilidade de perda ou dano e a probabilidade de que tal perdaou dano ocorra (Covello e Merkhofer, 1993; BMA, 1987). Implica, pois, a presena de dois elementos: a possibilidadede um dano ocorrer e a probabilidade de ocorrncia de um efeito adverso. Perigo, situao ou fator de risco referem-se auma condio ou um conjunto de circunstncias que tem o potencial de causar um efeito adverso (BMA, 1987). Ou

    seja, risco um conceito abstrato, no observvel, enquanto fator de risco ou situao de risco um conceito concreto,observvel.

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    so considerados territrios estratgicos paraestruturao das aes de sade dotrabalhador2

    Nesse sentido, o Ministrio da Sade

    est propondo a adoo da Estratgia daSade da Famlia e de Agentes Comunitriosde Sade, visando contribuir para aconstruo de um modelo assistencial quetenha como base a atuao no campo daVigilncia da Sade. Assim, as aes desade devem pautar-se na identificao deriscos, danos, necessidades, condies devida e de trabalho, que, em ltima instncia,determinam as formas de adoecer e morrer

    dos grupos populacionais.

    No processo de construo das prticasde Vigilncia da Sade, aspectosdemogrficos, culturais, polticos,socioeconmicos, epidemiolgicos e

    sanitrios devem ser buscados, visando priorizao de problemas de grupos populacionais inseridos em determinadarealidade territorial. As aes devem girar emtorno do eixo informao deciso ao.Portanto, aspectos relativos ao trabalho,

    presentes na vida dos indivduos, famlias econjunto da populao, devem serincorporados no processo, como prope odiagrama a seguir.

    FONTE: rea Tcnica de Sade do Trabalhador/COSAT 2000

    2. Segundo Vilaa (1993), os distritos sanitrios no Pas, correspondem aos SILOS (Sistemas Locais de Sade)

    criados como conseqncia da Resoluo XV, da XXXIII Reunio do Conselho Diretivo da OPAS 1998. Osdistritos devem ser compreendidos como processo social de mudanas de prticas sanitrias, tm dimensopoltica e ideolgica (microespao social) na estruturao de uma nova lgica de ateno, pautada no paradigmada concepo ampliada do processo sade-doena, o que implica mudana cultural da abordagem sanitria.

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    Em relao aos trabalhadores, h que seconsiderar os diversos riscos ambientais eorganizacionais aos quais esto expostos, emfuno de sua insero nos processos detrabalho. Assim, as aes de sade dotrabalhador devem ser includas formalmentena agenda da rede bsica de ateno sade.Dessa forma, amplia-se a assistncia jofertada aos trabalhadores, na medida em que

    passa a olh-los como sujeitos a umadoecimento especfico que exige estratgias tambm especficas de promoo, proteo erecuperao da sade.

    No que se refere populao em geral, preciso ter em mente os diversos problemas desade relacionados aos contaminantesambientais, causados por processos produtivosdanosos ao meio ambiente. Vale citar comoexemplos os problemas causados porgarimpos, utilizao de agrotxicos,reformadoras de baterias ou indstriassiderrgicas, cuja contaminao ambientalacarreta agravos sade da populao comoum todo, alm dos especficos da populaotrabalhadora.

    No intuito de contribuir com o avano daorganizao dessas aes na rede bsica desade, nos programas Sade da Famlia eAgentes Comunitrios de Sade, e soborientao da Norma Operacional de Sade doTrabalhador no SUS/MS NOST/SUS(Anexo V), da Instruo Normativa deVigilncia em Sade do Trabalhador (AnexoVI) e demais normas existentes para a atuaodo SUS no campo da Sade do Trabalhador, aCoordenao de Sade do Trabalhador divulgaas presentes diretrizes. Cabe aos quevivenciam a problemtica da oferta eorganizao de servios de sade fazer asadequaes necessrias para torn-las viveisem sua realidade social.

    O texto est dividido em cinco itens: o primeiro apresenta uma panormica do papeldas instituies governamentais no campo daSade do Trabalhador, especificamente aquelea ser desenvolvido pelos ministrios doTrabalho e Emprego, da Previdncia eAssistncia Social, da Sade/Sistema nico deSade e do Meio Ambiente; o segundo, trazuma proposta das aes em Sade doTrabalhador, que devero ser desenvolvidas

    pelo nvel local de sade; o terceiro, forneceum conjunto de informaes bsicas sobre osagravos mais prevalentes sade dostrabalhadores; o quarto, aborda osinstrumentos de notificao e investigao em

    Sade do Trabalhador; e o item 5 refere-se aosanexos, seguido pela relao da bibliografiautilizada.

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    Quadro Institucional

    relativo Sade do Trabalhador- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    este item, sero apresentadas, deforma sumria, as atribuies e aorganizao do Ministrio doTrabalho e Emprego

    MTE, do Ministrio da Previdncia eAssistncia Social MPAS, do Ministrio daSade/Sistema nico de Sade MS/SUS e

    do Ministrio do Meio Ambiente MMA.Ressalte-se que cada um desses setores temsuas especificidade, que se complementam,

    principalmente, quando da atuao no campoda Vigilncia da Sade. Recentemente, tmsido desenvolvidos esforos no sentido dearticular e racionalizar a atuao destesdistintos setores.

    importante registrar, tambm, que oMTE, o MPAS e o MS/SUS contam com

    Conselhos Nacionais, que se constituem emimportantes rgos de deliberao e decontrole social.

    Em relao ao Conselho Nacional deSade, existe a Comisso Interinstitucional deSade do Trabalhador CIST, cmara tcnicaespecfica, cujo papel assessorar o Conselhonas questes relativas sade dostrabalhadores.

    A organizao de cmaras tcnicas nos

    moldes da CIST/CNS, ao nvel de conselhosestaduais e municipais de Sade, deve serestimulada visando garantir, entre outrasquestes, o controle social.

    O papel do Ministrio do Trabalho eEmprego MTE

    O MTE tem o papel, entre outros, derealizar a inspeo e a fiscalizao dascondies e dos ambientes de trabalho em todoo territrio nacional.

    Para dar cumprimento a essa atribuio,apia-se fundamentalmente no Captulo V daConsolidao das Leis do Trabalho (CLT), quetrata das condies de Segurana e Medicinado Trabalho. O referido captulo foiregulamentado pela Portaria n. 3.214/78, quecriou as chamadas Normas Regulamentadoras(NRs) e, em 1988, as NormasRegulamentadoras Rurais (NRRs). Essasnormas, atualmente em nmero de 29, vmsendo continuamente atualizadas, econstituem-se nas mais importantesferramentas de trabalho desse ministrio, nosentido de vistoriar e fiscalizar as condies eambientes de trabalho, visando garantir asade e a segurana dos trabalhadores. OAnexo VIII apresenta a relao completa dasmesmas.

    Nos estados da Federao, o Ministriodo Trabalho e Emprego representado pelas

    Delegacias Regionais do Trabalho e Emprego DRTE, que possuem um setor responsvel pela operacionalizao da fiscalizao dosambientes de trabalho, no nvel regional.

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    O papel do Ministrio daPrevidncia e Assistncia Social MPAS

    Apesar das inmeras mudanas em cursona Previdncia Social, o Instituto Nacional doSeguro Social INSS ainda o responsvel

    pela percia mdica, reabilitao profissional epagamento de benefcios.

    Deve-se destacar que s os trabalhadoresassalariados, com carteira de trabalhoassinada, inseridos no chamado mercadoformal de trabalho, tero direito ao conjunto de

    benefcios acidentrios garantidos peloMPAS/INSS, o que corresponde, atualmente, acerca de 22 milhes de trabalhadores.

    Portanto, os trabalhadores autnomos, mesmocontribuintes do INSS, no tm os mesmosdireitos quando comparados com osassalariados celetistas.

    Ao sofrer um acidente ou uma doenado trabalho, que gere incapacidade para arealizao das atividades laborativas, otrabalhador celetista, conseqentementesegurado do INSS, dever ser afastado de suasfunes, ficando coberto pela instituio

    durante todo o perodo necessrio ao seutratamento. Porm, s dever ser encaminhado Percia Mdica do INSS quando o problemade sade apresentado necessitar de umafastamento do trabalho por perodo superior a15 (quinze dias). O pagamento dos primeiros15 dias de afastamento de responsabilidadedo empregador.

    Para o INSS, o instrumento denotificao de acidente ou doena relacionada

    ao trabalho a Comunicao de Acidente doTrabalho (CAT) que dever ser emitida pelaempresa at o primeiro dia til seguinte ao doacidente. Em caso de mor-

    te, a comunicao deve ser feitaimediatamente; em caso de doena, considera-se o dia do diagnstico como sendo o diainicial do evento.

    Caso a empresa se negue a emitir a CAT,(Anexo VII), podero faz-lo o prprioacidentado, seus dependentes, a entidadesindical competente, o mdico que o assistiuou qualquer autoridade pblica. Naturalmente,nesses casos no prevalecem os prazos acimacitados.

    A CAT deve ser sempre emitida,independentemente da gravidade do acidenteou doena. Ou seja, mesmo nas situaes nasquais no se observa a necessidade de

    afastamento do trabalho por perodo superior a15 dias, para efeito de vigilnciaepidemiolgica e sanitria o agravo deve serdevidamente registrado.

    Finalmente, importante ressaltar que otrabalhador segurado que teve de se afastar desuas funes devido a um acidente ou doenarelacionada ao trabalho tem garantido, pelo

    prazo de um ano, a manuteno de seucontrato de trabalho na empresa.

    O papel do Ministrio da Sade/Sistemanico de Sade MS/SUS

    No Brasil, o sistema pblico de sadevem atendendo os trabalhadores ao longo detoda sua existncia. Porm, uma prticadiferenciada do setor, que considere osimpactos do trabalho sobre o processosade/doena, surgiu apenas no decorrer dos

    anos 80, passando a ser ao do Sistema nicode Sade quando a Constituio Brasileira de1988, na seo que regula o Direito Sade, aincluiu no seu artigo 200.

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    Artigo 200 Ao Sistema nico deSade compete, alm de outras atribuies,nos termos da lei: (...) II- executar as aes devigilncia sanitria e epidemiolgica, bem

    como as de sade do trabalhador; (...).A Lei Orgnica da Sade LOS (Lei n.

    8.080/90), que regulamentou o SUS e suascompetncias no campo da Sade doTrabalhador, considerou o trabalho comoimportante fator determinante/condicionanteda sade.

    O artigo 6 da LOS determina que arealizao das aes de sade do trabalhadorsigam os princpios gerais do SUS erecomenda, especificamente, a assistncia aotrabalhador vtima de acidente de trabalho ou

    portador de doena profissional ou dotrabalho; a realizao de estudos, pesquisa,avaliao e controle dos riscos e agravosexistentes no processo de trabalho; ainformao ao trabalhador, sindicatos eempresas sobre riscos de acidentes bem comoresultados de fiscalizaes, avaliaesambientais, exames admissionais, peridicos e

    demissionais, respeitada a tica. Nesse mesmo artigo, a Sade do

    Trabalhador encontra-se definida como umconjunto de atividades que se destina, atravsde aes de vigilncia epidemiolgica e

    sanitria, promoo e proteo da sade dostrabalhadores, assim como visa recuperaoe reabilitao da sade dos trabalhadores

    submetidos aos riscos e agravos advindos dascondies de trabalho.

    No seu conjunto (servios bsicos, redede referncia secundria, terciria e os servioscontratados/conveniados), a rede assistencial,se organizada para a Sade do Trabalhador, aexemplo do que j acontece com outrasmodalidades

    assistnciais como a Sade da Criana, daMulher, etc., por meio da capacitao derecursos humanos e da definio dasatribuies das diversas instncias prestadoras

    de servios, poder reverter sua histricaomisso neste campo. Os ltimos anos foramfrteis na produo de experincias centrosde referncias, programas municipais,

    programas em hospitais universitrios e aessindicais em diversos pontos do pas, e emencontros de profissionais/trabalhadores outcnicos para a produo das normasnecessrias operacionalizao das aes desade do trabalhador pela rede de servios emambulatrios e/ou vigilncia.

    O papel do Ministrio do Meio Ambiente MMA

    Com base na Constituio Federal e suaslegislaes complementares, o papel dogoverno na rea ambiental passou a ter noBrasil sustentao legal revigorada e

    condizente com as necessidades de usoracional dos recursos naturais do planeta.

    O MMA, nesse contexto, exerce um papel de fundamental importncia, dada a proporo continental de nosso pas, suaenorme variedade climtica, seu gigantesco

    patrimnio ambiental e a maior diversidadebiolgica conhecida.

    Em virtude da degradao ambiental

    estar fortemente ligada a diversos fatores deordem econmico-social, como ocupaourbana desordenada e, principalmente, aosmodos poluidores dos processos produtivos, area ambiental, para o cumprimento de suamisso institucional, alm de estabelecerarticulaes

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    com setores da sociedade civil organizada,necessariamente deve trabalhar em sintonia

    permanente com setores de governo, em especialda sade, educao e trabalho.

    Exemplo concreto de ao articulada entreessas reas e o setor de meio-ambiente aquesto relacionada ao uso de agrotxicos, emque esto implicadas a sade dos trabalhadores, aeducao da populao local, as relaes detrabalho e a prpria sade do consumidor dosalimentos produzidos, alm da contaminaoambiental cumulativa dos produtos.

    Inmeros outros exemplos poderiam sercitados, em que se observa o sinergismo entre

    produo, distribuio, consumo, sade e meioambiente, caracterizando situaes de desafio nosentido de se traar diretrizes pblicas conjuntas.

    Embora seja cada vez maior acompreenso de que vrias situaes de riscosambientais originam-se dos processos detrabalho, no existe ainda uma ao maisarticulada entre a sade e o meio ambiente.

    Por atuarem diretamente no nvel local de

    sade, em um territrio definido, as estratgiasde Sade da Famlia e de Agentes Comunitriosde Sade tm grande potencial, no sentido daconstruo de uma prtica de sade dostrabalhadores integrada questo ambiental.

    Para tanto, importante que a partir dedeterminado problema por exemplo,intoxicao por agrotxicos, presena degarimpo na regio etc. se articule ainterveno, envolvendo, entre outros setores, as

    secretarias municipais de Sade e as de MeioAmbiente.

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    Aes em Sade do Trabalhador a seremdesenvolvidas no nvel local de sade

    s propostas de aes apresentadas aseguir devero ser desenvolvidas

    pela rede bsica municipal de sade,quer ela se organize em equipes de Sade daFamlia, em Agentes Comunitrios de Sadee/ou em centros/postos de sade.

    No devem ser compreendidas como um

    check-list, devendo ser discutidas e adaptadasem funo da dinmica de trabalho dos gruposde profissionais que atuam na ateno bsicano nvel municipal de sade.

    Atribuies gerais

    Para o territrio, a equipe de sade deve

    identificar e registrar:A populao economicamente ativa3, por

    sexo e faixa etria.

    As atividades produtivas existentes na rea,bem como os perigos e os riscos potenciaispara a sade dos trabalhadores, da populao edo meio ambiente.

    Os integrantes das famlias que sotrabalhadores (ativos do mercado formal ouinformal, no domiclio, rural ou urbano edesempregados), por sexo e faixa etria.

    A existncia de trabalho precoce (crianas eadolescentes menores de 16 anos, querealizam qualquer atividade de trabalho,

    independentemente de remunerao, quefreqentem ou no as escolas).

    A ocorrncia de acidentes e/ou doenasrelacionadas ao trabalho, que acometamtrabalhadores inseridos tanto no mercadoformal como informal de trabalho. Maisadiante sero apresentados e discutidos osagravos considerados neste momento como

    prioritrios para a Sade do Trabalhador.

    Para o servio de sade:

    Organizar e analisar os dados obtidos emvisitas domiciliares realizadas pelos agentese membros das equipes de Sade da Famlia.

    3. A populao economicamente ativa definida pelo IBGE como aquela composta por pessoas de 10 a 65 anos deidade, classificadas como ocupadas ou desocupadas (mas procurando emprego) na semana de referncia dapesquisa realizada pelo Instituto.

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    Desenvolver programas de Educao emSade do Trabalhador.

    Incluir o item ocupao e ramo deatividade em toda ficha de atendimento

    individual de crianas acima de 5 anos,adolescentes e adultos.

    Em caso de acidente ou doena relacionadacom o trabalho, dever ser adotada aseguinte conduta:

    1. Conduo clnica dos casos (diagnstico,tratamento e alta) para aquelas situaes demenor complexidade, estabelecendo osmecanismos de referncia e contra-

    referncia necessrios.2. Encaminhamento dos casos de maior

    complexidade para servios especializadosem Sade do Trabalhador, mantendo oacompanhamento dos mesmos at a suaresoluo.

    3. Notificao dos casos, medianteinstrumentos do setor sade: Sistema deInformaes de Mortalidade SIM;

    Sistema de Informaes Hospitalares doSUS - SIH; Sistema de Informaes deAgravos Notificveis SINAN e Sistemade Informao da Ateno Bsica SIAB.

    4. Solicitar empresa a emisso da CAT4, emse tratando de trabalhador inserido nomercado formal de trabalho. Ao mdicoque est assistindo o trabalhador caber

    preencher o item 2 da CAT, referente adiagnstico, laudo e atendimento.

    5. Investigao do local de trabalho, visandoestabelecer relaes entre situaes de

    risco observadas e o agravo que est sendoinvestigado.

    6. Realizar orientaes trabalhistas e

    previdencirias, de acordo com cada caso.7. Informar e discutir com o trabalhador ascausas de seu adoecimento.

    Planejar e executar aes de vigilncia noslocais de trabalho, considerando asinformaes colhidas em visitas, os dadosepidemiolgicos e as demandas da sociedadecivil organizada.

    Desenvolver, juntamente com acomunidade e instituies pblicas (centros dereferncia em Sade do Trabalhador,Fundacentro, Ministrio Pblico, laboratriosde toxicologia, universidades etc.), aesdirecionadas para a soluo dos problemasencontrados, para a resoluo de casos clnicose/ou para as aes de vigilncia.

    Considerar o trabalho infantil (menores

    de 16 anos) como situao de alertaepidemiolgico / evento sentinela.

    Atribuies especficas da equipe

    ACS Agente Comunitria(o) de Sade

    Notificar equipe de sade a existncia detrabalhadores em situao de risco, trabalho

    4. A CAT s dever ser emitida pelo servio local de sade quando a empresa recusar-se a faz-lo.

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    precoce e trabalhadores acidentados ouadoentados pelo trabalho.

    Informar famlia e ao trabalhador o dia eo local onde procurar assistncia.

    Planejar e participar das atividades

    educativas em Sade do Trabalhador.

    Auxiliar de Enfermagem

    Acompanhar, por meio de visitadomiciliar, os trabalhadores que sofreramacidentes graves e/ou os portadores de doenarelacionada ao trabalho que estejam ou noafastados do trabalho ou desempregados.

    Preencher e organizar arquivos das fichas

    de acompanhamento de Sade do Trabalhador.Participar do planejamento das atividades

    educativas em Sade do Trabalhador.Coletar material biolgico para exames

    laboratoriais.

    Enfermeira (o)

    Programar e realizar aes de assistnciabsica e de vigilncia Sade do Trabalhador.

    Realizar investigaes em ambientes detrabalho e junto ao trabalhador em seudomicilio.

    Realizar entrevista com nfase em Sadedo Trabalhador.

    Notificar acidentes e doenas do trabalho, por meio de instrumentos de notificaoutilizados pelo setor sade.

    Planejar e participar de atividadeseducativas no campo da Sade do

    Trabalhador.

    Mdico(a)

    Prover assistncia mdica ao trabalhadorcom suspeita de agravo sade causado pelotrabalho, encaminhando-o a especialistas ou

    para a rede assistencial de referncia(distrito/municpio/ referncia regional ouestadual), quando necessrio.

    Realizar entrevista laboral e anliseclinica (anamnese clnico-ocupacional) paraestabelecer relao entre o trabalho e o agravoque est sendo investigado.

    Programar e realizar aes de assistnciabsica e de vigilncia Sade do Trabalhador.

    Realizar inquritos epidemiolgicos emambientes de trabalho.

    Realizar vigilncia nos ambientes detrabalho com outros membros da equipe oucom a equipe municipal e de rgos que atuamno campo da Sade do Trabalhador(DRT/MTE, INSS etc.).

    Notificar acidentes e doenas do trabalho,mediante instrumentos de notificao

    utilizados pelo setor sade. Para ostrabalhadores do setor formal, preencher aFicha para Registro de Atividades,Procedimentos e Notificaes do SIAB(ANEXO II).

    Colaborar e participar de atividadeseducativas com trabalhadores, entidadessindicais e empresas.

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    Informaes Bsicas para aAo em Sade do Trabalhador

    Trabalho precoce

    Cresce a cada dia o nmero de crianas eadolescentes que trabalham. Uns fazemtrabalho leve, acompanhados e protegidos pelafamlia, desenvolvendo-se na convivnciacoletiva e adquirindo os saberes transmitidosatravs das geraes. Outros, por constiturem-se, s vezes, na nica fonte de renda familiar,

    tornam-se fundamentais para a sobrevivnciade seu grupo familiar custa da prpria vica,sade e oportunidades de desenvolvimentohumano que lhes so negadas como direitosocial. Essa ltima forma de trabalho precocevem crescendo em todo o mundo e tem sidoresponsvel pela exposio de crianas eadolescentes a situaes inaceitveis deexplorao e de extremo perigo, pelascondies adversas a que so submetidas. A

    pobreza, a insuficincia das polticas pblicas,a perversidade da excluso social e monetria provocadas pelo modelo de desenvolvimentoeconmico dominante, os aspectos ideolgicose culturais podem ser relacionados comocausas do trabalho precoce.

    Qualquer atividade produtiva nomercado formal ou informal, que retire acriana e/ou o adolescente do convvio com afamlia e com outras crianas, prejudicando,

    assim, as atividades ldicas prprias da idade,por compro-

    meter o seu desenvolvimento cognitivo, fsicoe psquico, deve ser combatida e constitui-seem situao de alerta epidemiolgico emSade do Trabalhador. Ressalte-se que o setorque mais absorve crianas e adolescentes notrabalho o agropecurio.

    Procedimento:

    Levantar a situao no local de trabalho ejunto famlia.

    Discutir a situao com a famlia.

    Comunicar ao Conselho de Direitos daCriana e do Adolescente, ao Conselho Tutelarda rea e Secretaria de Assistncia Social doINSS.

    Buscar solues em conjunto com a

    comunidade, a famlia e as instituiesreferidas acima.

    Acidentes de trabalho

    O termo acidentes de trabalho refere-se atodos os acidentes que ocorrem no exerccio daatividade laboral, ou no percurso de casa parao trabalho e vice-versa, podendo o trabalhadorestar inserido tanto no mercado formal comoinformal de trabalho. So tambmconsiderados como acidentes de trabalhoaqueles

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    Doenas relacionadas ao trabalho

    As doenas do trabalho referem-se a umconjunto de danos ou agravos que incidem

    sobre a sade dos trabalhadores, causados,desencadeados ou agravados por fatores derisco presentes nos locais de trabalho.Manifestam-se de forma lenta, insidiosa,

    podendo levar anos, s vezes at mais de 20, para manifestarem o que, na prtica, temdemonstrado ser um fator dificultador noestabelecimento da relao entre uma doenasob investigao e o trabalho. Tambm soconsideradas as doenas provenientes decontaminao acidental no exerccio dotrabalho e as doenas endmicas quandocontradas por exposio ou contato direto,determinado pela natureza do trabalhorealizado.

    Tradicionalmente, os riscos presentesnos locais de trabalho so classificados em:

    Agentes fsicos rudo, vibrao, calor,frio, luminosidade, ventilao, umidade,

    presses anormais, radiao etc.

    Agentes qumicos - substnciasqumicas txicas, presentes nos ambientes detrabalho nas formas de gases, fumo, nvoa,neblina e/ou poeira.

    Agentes biolgicos bactrias, fungos,parasitas, vrus, etc.

    Organizao do trabalho diviso dotrabalho, presso da chefia por produtividadeou disciplina, ritmo acelerado, repetitividade

    de movimento, jornadas de trabalho extensas,trabalho noturno ou em turnos, organi-

    zao do espao fsico, esforo fsico intenso,levantamento manual de peso, posturas e

    posies inadequadas, entre outros.

    importante destacar que no processo

    de investigao de determinada doena e sua possvel relao com o trabalho, os fatores derisco presentes nos locais de trabalho nodevem ser compreendidos de forma isolada eestanque. Ao contrrio, necessrio apreendera forma como eles acontecem na dinmicaglobal e cotidiana do processo de trabalho.

    Nesse sentido, o resumo a seguir tratadas doenas do trabalho consideradas pelarea Tcnica de Sade do Trabalhador, do

    Ministrio da Sade, como prioridades paranotificao e investigao epidemiolgica,visando interveno sobre a situao

    provocadora do evento. Ressalte-se que cadaestado ou municpio tem autonomia para aincluso de outras doenas, em funo de suasespecficas necessidades regionais e locais.

    Observao: Ser distribudo para osservios de sade o documento DoenasRelacionadas ao Trabalho: Manual de

    Procedimentos para os Servios de Sade.

    Doenas das vias areas

    As doenas das vias areas estodiretamente relacionadas com materiaisinalados nos ambientes de trabalho. Dependemdas propriedades fsico-qumicas dessesagentes, da susceptibilidade individual e do

    local de deposio de partculas nariz,traquia, brnquios ou parnquima pulmonar.Quando o local de deposio o nariz,geralmente a resposta clnica

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    a rinite, a perfurao septal ou o cncer nasal;quando se localiza na traquia ou brnquios,

    pode-se observar broncoconstrico, devido reao antgeno x anticorpo ou induzida porreflexo irritativo; quando se localiza no

    parnquima pulmonar, pode ocorrer alveolitealrgica extrnseca, como no caso das poeirasorgnicas; pneumoconiose, como no caso das

    poeiras minerais; ou leso pulmonar aguda, bronquiolite e edema pulmonar. No caso de poeiras e gases radioativos, tem-se observadocncer pulmonar. Considerando-se amagnitude do problema, sero priorizadas anotificao e a investigao das

    pneumoconioses e asma ocupacional.

    Pneumoconioses

    So patologias resultantes da deposiode partculas slidas no parnquima pulmonar,levando a um quadro de fibrose, ou seja, aoendurecimento intersticial do tecido pulmonar.As pneumoconioses mais importantes soaquelas causadas pela poeira de slica,

    configurando a doena conhecida comosilicose, e aquelas causadas pelo asbesto,configurando a asbestose.

    Silicose

    a principal pneumoconiose no Brasil,causada por inalao de poeira de slica livrecristalina (quartzo). Caracteriza-se por um

    processo de fibrose, com formao de ndulosisolados nos estgios iniciais e ndulosconglomerados e disfuno respiratria nosestgios avanados. Atinge trabalhadoresinseridos em diversos ramos produtivos: naindstria extrativa (minerao subterrnea e desuperfcie) ; no beneficiamento de minerais(corte de

    pedras, britagem, moagem, lapidao) ; emfundies; em cermicas; em olarias; no

    jateamento de areia; na escavao de poos;polimentos e limpezas de pedras.

    Os sintomas, normalmente, aparecem

    aps longos perodos de exposio, cerca de10 a 20 anos. uma doena irreversvel, deevoluo lenta e progressiva. Suasintomatologia inicial discreta tosse eescarros. Nessa fase no se observa alteraoradiogrfica. Com o agravamento do quadro,surgem sintomas como dispnia de esforo eastenia. Em fases mais avanadas, pode surgirinsuficincia respiratria, com dispnia aosmnimos esforos e at em repouso. O quadro

    pode evoluir para o cor pulmonale crnico. Aforma aguda, conhecida como silicose aguda, uma doena extremamente rara, estandoassociada exposio a altas concentrao de

    poeira de slica.

    O diagnstico est fundamentado nahistria clnico-ocupacional, na investigaodo local de trabalho, no exame fsico e nasalteraes encontradas em radiografias detrax, as quais devero ser realizadas de

    acordo com tcnica preconizada pelaOrganizao Internacional do Trabalho (OIT).Tambm a leitura da radiografia dever serfeita de acordo com a classificao da OIT,que, entre outros parmetros, estipula que aleitura deve ser realizada por trs diferentes

    profissionais. As provas de funo pulmonarno tm aplicao no diagnstico da silicose,sendo teis na avaliao da capacidadefuncional pulmonar.

    Asbestose

    O Brasil um dos grandes produtoresmundiais de asbesto, tambm conhecido comoami-

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    anto. Por ser uma substncia indiscutivelmentecancergena, observa-se, atualmente, grande

    polmica em torno de sua utilizao. H umacorrente que defende o uso do asbesto emcondies ambientais rigidamente controladas;outra, que defende a substituio do produtonos diversos processos produtivos..

    O asbesto possui ampla utilizaoindustrial, principalmente na fabricao de

    produtos de cimento-amianto, materiais defrico como pastilhas de freio, materiais devedao, piso e produtos txteis, como mantase tecidos resistentes ao fogo. Assim, ostrabalhadores expostos ocupacionalmente aesses produtos so aqueles vinculados indstria extrativa ou indstria detransformao. Tambm esto expostos ostrabalhadores da construo civil e ostrabalhadores que se ocupam da colocao ereforma de telhados, isolamento trmico decaldeiras, tubulaes e manuteno de fornos(tijolos refratrios).

    A asbestose a pneumoconioseassociada ao asbesto ou amianto, sendo umadoena eminentemente ocupacional. A doena,

    de carter progressivo e irreversvel, tem um perodo de latncia superior a 10 anos, podendo se manifestar alguns anos apscessada a exposio. Clinicamente,caracteriza-se por dispnia de esforo,estertores crepitantes nas bases pulmonares,

    baqueteamento digital, alteraes funcionais e pequenas opacidades irregulares na radiografiade trax.

    O diagnstico realizado a partir da

    histria clnica e ocupacional, do exame fsicoe das alteraes radiolgicas. Raios X detrax, assim como sua leitura, dever serrealizado de acordo com as normas

    preconizadas pela OIT.

    Observao: alm da asbestose, aexposio s fibras de asbesto estrelacionada com o surgimento de outrasdoenas. So as alteraes pleuraisbenignas, o cncer de pulmo e osmesoteliomas malignos, que podemacometer a pleura, o pericrdio e operitnio.

    Asma ocupacional

    a obstruo difusa e aguda das viasareas, de carter reversvel, causada pelainalao de substncias alergnicas, presentesnos ambientes de trabalho, como, porexemplo, poeiras de algodo, linho, borracha,

    couro, silica, madeira vermelha etc. O quadro o de uma asma brnquica, sendo que os

    pacientes se queixam de falta de ar, tosse,aperto e chieira no peito, acompanhados derinorria, espirros e lacrimejamento,relacionados com as exposies ocupacionaiss poeiras e vapores. Muitas vezes, uma tossenoturna persistente a nica queixa dos

    pacientes. Os sintomas podem aparecer nolocal da exposio ou aps algumas horas,

    desaparecendo, na maioria dos casos, nosfinais de semana, perodos de frias ouafastamentos.

    Perda auditiva induzida por rudo PAIR

    A perda auditiva induzida pelo rudo,relacionada ao trabalho, uma diminuiogradual da acuidade auditiva, decorrente daexposio continuada a nveis elevados de

    rudo. Algumas de suas caractersticas so: sempre neurossensorial, por causar dano sclulas do rgo de CORTI; irreversvel e quase sempre similar

    bilateralmente; passvel de no progresso, uma vezcessada a exposio ao rudo intenso.

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    5. A classificao toxicolgica dos agrotxicos baseia-se na DL50 dos produtos. A DL50 diz respeito dose suficientepara matar 50% de um lote de animais em estudo. Esta dose estabelecida em funo de cada via de absoro.

    6. O estabelecimento das cores nos rtulos dos produtos agrotxicos se constitui num recurso utilizado pelo governo

    federal, com o objetivo de prestar alguma informao aos trabalhadores sobre a toxicidade dos produtos.

    Acomete trabalhadores inseridos nosmais diversos ramos de atividade, comdestaque para aqueles que esto nas linhas demontagem do setor metalrgico, empresas dosetor financeiro, de autopeas, da alimentao,de servios e de processamento de dados.

    Intoxicaes exgenas

    Agratxicos

    Conhecidos por diversos nomes praguicidas, pesticidas, agrotxicos,defensivos agrcolas, venenos, biocidas etc. esses produtos, em vista de sua toxicidade,

    provocam grandes danos sade humana e ao

    meio ambiente. Por isso, seu uso deve serdesestimulado, o que possvel a partir dautilizao de outras tecnologias,ambientalmente mais saudveis.

    Pela Lei Federal n. 7.802, de 11/7/89,regulamentada pelo Decreto n. 98.816,agrotxicos a denominao dada aos:

    (...) produtos e componentes de processos fsicos, qumicos ou biolgicosdestinados ao uso nos setores de produo,

    armazenamento e beneficiamento de produtosagrcolas, nas pastagens, na proteo deflorestas nativas ou implantadas e de outrosecossistemas e tambm em ambientes urbanos,hdricos e industriais, cuja finalidade sejaalterar a composio da flora e da fauna, a fimde preserv-la da ao danosa de seres

    vivos considerados nocivos, bem comosubstncias e produtos empregados comodesfolhantes, dessecantes, estimuladores einibidores do crescimento.

    Todo produto agrotxico classificado pelo menos quanto a trs aspectos: quanto aostipos de organismos que controlam, quanto toxicidade da(s) substncia(s) e quanto aogrupo qumico ao qual pertencem.

    Inseticidas, acaricidas, fungicidas,herbicidas, nematicidas, moluscicidas,raticidas, avicidas, columbicidas, bactericidase bacterioestticos so termos que se referem especificidade do agrotxico em relao aostipos de pragas ou doenas.

    Quanto ao grau de toxicidade5, a

    classificao adotada aquela preconizada pela Organizao Mundial da Sade (OMS),que distingue os agrotxicos em classes I, II,III e IV, sendo essa classificao utilizada nadefinio da colorao das faixas nos rtulosdos produtos agrotxicos: vermelho, amarelo,azul e verde, respectivamente6.

    Temos assim:Classe I extremamente txico/tarjavermelha;

    Classe II altamente txico/tarja amarela;Classe III medianamente txico/tarja azul eClasse IV pouco txico/tarja verde.

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    Fonte: WHO:/IPCS/1995

    importante registrar que a classificao dizrespeito apenas aos efeitos agudos causados

    pelos produtos agrotxicos.

    O quadro abaixo apresenta a classificaotoxicolgica empregada para essassubstncias, preconizada pela OMS e adotadano Pas:

    Quanto classificao qumica, tem-secomo principais grupos os organofosforados,os carbamatos, os organoclorados, os

    piretrides, os dietilditiocarbamatos e os

    derivados do cido fenoxiactico. No grupo dos inseticidas, osorganofosforados e carbamatos, inibidores dascolinesterases, tm causado o maior nmero deintoxicaes (agudas, subagudas e crnicas) emortes no Brasil e no mundo. Osorganofosforados penetram por via drmica,

    pulmonar e digestiva. Os produtos maisconhecidos so Folidol, Tamaron, Rhodiatox,Azodrin, Malation, Diazinon e Nuvacron. Oquadro clnico decorrente das sndromescolinrgica, nicotmica e neurolgica:sudorese, sialorria, miose, hipersecreo

    brnquica, colapso respiratrio, tosse, vmitos,

    clicas, diarria, fasciculaes musculares,hipertenso arterial fugaz, confuso mental,ataxia, convulses e choquecardiorrespiratrio, podendo levar ao coma e

    bito. Entre os carbamatos, os maisconhecidos so o Sevin, Baygon, Temik,Furadan. A ao txica e a sintomatologia sosemelhantes s dos organofosforados, emborao quadro clnico provocado pelos carbamatosseja de menor gravidade em relao a estes.

    Ainda no grupo dos inseticidas, apesarda proibio restritiva de uso, dada acapacidade de acumulao no ambiente, osorganoclorados (Aldrin, BHC, DDT) so aindausados para o controle de formigas e emcampanhas de sade pblica. So tambmencontrados em associao com outros gruposqumicos. Por exemplo, o Carbax: acaricida,classe toxicolgica II, uma

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    associao entre o Tetradifon e o Dicofol, este pertencente ao grupo qumico dosorganoclorados, indicado para as culturas dealgodo e citros.

    Os organoclorados penetram no

    organismo por via drmica, gstrica erespiratria, so lipossolveis (contra-indica-seo uso de leite nas intoxicaes), e suaeliminao ocorre pela urina e leite materno.Em sua ao txica compromete a transmissodo impulso nervoso nos nveis central eautnomo, provocando alteraescomportamentais, sensoriais, do equilibrio, daatividade da musculatura voluntria e decentros vitais, principalmente do bulbo

    respiratrio.Os inseticidas piretrides causam nohomem, principalmente, irritao nos olhos,mucosas e pele. So muito utilizados emdedetizaes de domiclios e prdios de uso

    pblico (grandes lojas, shoppings, etc.), porfirmas especializadas, e tm sidoresponsabilizados pelo aumento de casos dealergia em adultos e crianas. Em altas doses

    podem levar a neuropatias, uma vez que agem

    na bainha de mielina, desorganizando-a epromovendo a ruptura de axnios.Os fungicidas do grupo

    dietilditiocarbamato (Maneb, Mancozeb,Zineb, Dithane, Tiram) so proibidos noexterior, mas aqui so usados na cultura dotomate, do pimento e na fruticultura. Aabsoro se d por via drmica. Alguns delescontm mangans, o que possibilita osurgimento de sintomas de parkinsionismo.Sua impureza ETU (etileno-etiluria) tidacomo carcinognica, teratognica emutagnica. A exposio intensa provocadermatite, conjuntivite, faringite e bronquite.

    Os herbicidas so produtos de usocrescente, por serem substitutivos de mo-de-obra.

    O produto mais conhecido e usado oParaquat (Gramoxone), que provoca leseshepticas, renais e fibrose pulmonar(insuficincia respiratria e bito). So aindaincludos neste grupo o 2,4

    diclorofenoxiactico (2,4 D) e o 2,4,5triclorofenoxiactico (2,4,5 T). A mistura de2,4 D e 2,4,5 T representa o principalcomponente do agente laranja, utilizado comodesfolhante na guerra do Vietn. Seu nomecomercial o Tordon.

    So bem absorvidos pelas trs vias jcitadas. O primeiro produz neurite perifrica ediabetes transitria; o segundo leva aabortamentos, teratognese, carcinognese

    (est relacionado dioxina, que aparece comouma impureza do processo de fabricao) ecloroacnes. Provocam ainda: neurite perifricaretardada, leses do sistema nervoso central eleses degenerativas hepticas e renais.

    Vale destacar que na prtica agrcola brasileira, em sua maioria, os agricultoresutilizam mltiplos produtos, muitas vezesconcomitantemente, por longos perodos detempo e em jornadas prolongadas, o que

    complexifica a avaliao dos danos sadecausados pela exposio a estes produtos,principalmente os chamados efeitos crnicos.

    Ressalte-se, ainda, que o no-cumprimento das normas de segurana nacomercializao, armazenamento, utilizao edescarte de embalagens expe no s ostrabalhadores como a populao em geral ariscos de intoxicao por agrotxicos.

    O diagnstico baseia-se na avaliaoclnico-ocupacional, na investigao dascondies de trabalho, no exame fsico e emexames complementares. Os examestoxicolgicos, como do-

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    sagem de acetilcolinesterase, devero serrealizados em funo dos produtos aos quais otrabalhador est exposto.

    Chumbo - saturnismo

    O chumbo um dos metais mais presentes na Terra, podendo ser encontrado, praticamente, em qualquer ambiente ousistema biolgico, inclusive no homem. As

    principais fontes de contaminao ocupacionale/ou ambiental so as atividades de mineraoe indstria, especialmente fundio e refino.

    A doena causada pelo chumbo chamada de saturnismo. A exposioocupacional ao chumbo inorgnico provoca,em sua grande maioria, intoxicao a longo

    prazo, podendo ser de variada intensidade. Acontaminao do organismo pelo chumbodepende das propriedades fsico-qumicas docomposto, da concentrao no ambiente dotempo de exposio, das condies de trabalho(ventilao, umidade, esforo fsico, presenade vapores, etc.) e dos fatores individuais dotrabalhador (idade, condies fsicas, hbitos,etc.).

    As principais atividades profissionaisnas quais ocorrem exposio ao chumbo so:fabricao e reforma de baterias; indstria de

    plsticos; fabricao de tintas; pintura a pistola/pulverizao com tintas base de pigmentos de chumbo; fundio de chumbo,lato, cobre e bronze; reforma de radiadores;manipulao de sucatas; demolio de pontes enavios; trabalhos com solda; manufatura devidros e cristais; lixamento de tintas antigas;

    envernizamento de cermica; fabricao dematerial blico base de chumbo; usinagemde peas de chumbo; manufatura de cabos dechumbo; trabalho em joalheria. dentre outros.

    Observao: em grficas que possuemequipamentos obsoletos (linotipos), tambmpode ocorrer a contaminao.

    As intoxicaes por chumbo podem

    causar danos aos sistemas sangneo,digestivo, renal, nervoso central e, em menorextenso, ao sistema nervoso perifrico. Ocontato com os compostos de chumbo podeocasionar dermatites e lceras na epiderme.

    Sinais e sintomas na intoxicao crnica:cefalia, astenia, cansao fcil, alteraes docomportamento (irritabilidade, hostilidade,agressividade, reduo da capacidade decontrole racional), alteraes do estado mental(apatia, obtusidade, hipoexcitabilidade,reduo da memria), alterao da habilidade

    psicomotora, reduo da fora muscular, dor e parestesia nos membros. So comuns asqueixas de impotncia sexual e diminuio dalibido. Hiporexia, epigastralgia, dispepsia,

    pirose, eructao e orla gengival de Burton,dor abdominal aguda, s vezes confundidacom abdmen agudo, podem ser sintomas deintoxicao crnica por chumbo, bem comomodificao da freqncia e do volume

    urinrio, das caractersticas da urina,aparecimento de edema e hipertenso arterial.

    As intoxicaes agudas por sais dechumbo so raras e, em geral, acidentais.Caracterizam-se por nuseas, vmitos, svezes de aspecto leitoso, dores abdominais,gosto metlico na boca e fezes escuras.

    Mercrio - hidrargirismo

    O mercrio e seus compostos txicos(mercrio metlico ou elementar, mercrioinorgnico e os compostos orgnicos) ingressano organismo por inalao, por absorocutnea e por via

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    digestiva. As trs formas so txicas, sendoque cada uma delas possui caractersticastoxicolgicas prprias.

    O mercrio metlico utilizado principalmente em garimpos, na extrao do

    ouro e da prata, em clulas eletrolticas para produo de cloro e soda, na fabricao determmetros, barmetros, aparelhos eltricos eem amlgamas para uso odontolgico. Oscompostos inorgnicos so utilizados

    principalmente em indstrias de compostoseltricos, eletrodos, polmeros sintticos ecomo agentes antisspticos. J os compostosorgnicos so utilizados como fungicidas,fumigantes e inseticidas.

    Assim, os trabalhadores expostos soaqueles ligados extrao e fabricao domineral, fabricao de tintas, barmetros,manmetros, termmetros, lmpadas, garimpo,recuperao do mercrio por destilao deresduos industriais, e outras.

    Vale o registro de casos de intoxicaono setor sade, especificamente naesterilizao de material utilizado em cirurgiacardaca, e tambm no setor odontolgico.

    Os vapores de mercrio e seus saisinorgnicos so absorvidos principalmente pela via inalatria, sendo que a absorocutnea tem importncia limitada.

    Volatilidade e transformao biolgicafazem do mercrio um dos mais importantestxicos ambientais. Ou seja, o mercriolanado na atmosfera pode precipitar-se nosrios e, atravs da cadeia biolgica,transformar-se em metilmercrio, que ircontaminar os peixes.

    O mercrio um metal que se une agrupos sulfidrilos SH. Assim, vrias so asenzimas

    que podem ser inibidas por esse metal,resultando em bloqueios em diferentesmomentos metablicos. Sua principal aotxica se deve sua ligao com grupos ativosda enzima monoaminooxidase (MAO),

    resultando no acmulo de serotonina endgenae diminuio do cido 5-hidroxindolactico,com manifestaes de distrbios neurais.

    O mercrio irritante para a pele emucosas, podendo ser sensibilizante. Aintoxicao aguda afeta os pulmes em formade pneumonite intersticial aguda, bronquite e

    bronquiolite. Tremores e aumento dexcitabilidade podem estar presentes, devido ao sobre o sistema nervoso central. Em

    exposies prolongadas, em baixasconcentraes, produz sintomas complexos,incluindo cefalia, reduo da memria,instabilidade emocional, parestesias,diminuio da ateno, tremores, fadiga,debilidade, perda de apetite, perda de peso,insnia, diarria, distrbios de digesto, sabormetlico, sialorria, irritao na garganta eafrouxamento dos dentes. Pode ocorrer

    proteinria e sndrome nefrtica. De maneira

    geral, a exposio crnica apresenta quatrosinais, que se destacam entre outros: gengivite,sialorria, irritabilidade, tremores.

    Havendo suspeita de intoxicao pormercrio, os trabalhadores devem serencaminhados ao servio especializado emSade do Trabalhador, para monitoramento etratamento especializado.

    Solventes orgnicos

    Solvente orgnico o nome genricoatribudo a um grupo de substncias qumicaslquidas temperatura ambiente, comcaractersticas f-

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    sico-qumicas (volatilidade, lipossolubilidade)que tornam o seu risco txico bastantevarivel. Os solventes orgnicos soempregados como solubilizantes, dispersantesou diluentes, de modo amplo em diferentes

    processos industriais (pequenas, mdias egrandes empresas), no meio rural e emlaboratrios qumicos, como substncias purasou misturas. Neste grupo qumico esto oshidrocarbonetos alifticos (n-hexano e

    benzina), os hidrocarbonetos aromticos(benzeno, tolueno, xileno), os hidrocarbonetoshalogenados (di/ tri/ tetracloroetileno,monoclorobenzeno, cloreto de metileno), oslcoois (metanol, etanol, isopropenol, butanol,lcool amlico), as cetonas (metilisobutilcetona, ciclohexanona, acetona) e ossteres (ter isopropilico, ter etlico).Ocupacionalmente, as vias de penetrao so a

    pulmonar e a cutnea. A primeira a maisimportante, pois, ao volatilizar-se, os solventes

    podem ser inalados pelos trabalhadoresexpostos e atingir os alvolos pulmonares e osangue capilar. Havendo penetrao e,conseqentemente, biotransformao eexcreo, os efeitos txicos dessas substncias

    no nvel heptico, pulmonar, renal, hemtico edo sistema nervoso podem manifestar-se,favorecidos por fatores de ordem ambiental(temperatura), individual (dieta, tabagismo,etilismo, enzimticos, peso, idade, genticos,etc.), alm da comum interao dos diversossolventes na maioria dos processos industriais.

    Benzeno benzenismo

    Benzenismo o nome dado smanifestaes clnicas ou alteraeshematolgicas compatveis com a exposioao benzeno. Os processos de trabalho queexpem trabalhadores ao benzeno esto

    presentes no setor siderrgico, nas refinariasde petrleo, nas indstrias de trans-

    formao que utilizam o benzeno comosolvente ou nas atividades onde se utilizemtintas, verniz, selador, thiner, etc.

    Os sintomas clnicos so pobres, mas pode haver queixas relacionadas s alteraes

    hematolgicas, como fadiga, palidez cutnea ede mucosas, infeces freqentes,sangramentos gengivais e epistaxe. Podemtambm encontrar-se sinais neuropsquicoscomo astenia, irritabilidade, cefalia ealteraes da memria.

    O benzeno considerado uma substnciamielotxica, pois nas exposies crnicas atuasobre a medula ssea, produzindo quadros dehipoplasia ou de displasia. Laboratorialmente,esses quadros podero se manifestar atravs demono, bi ou pancitopenia, caracterizando,nesta ltima situao, quadros de anemiaaplstica. Ou seja, poder haver reduo donmero de hemcias e/ou leuccitos e/ou

    plaquetas.Vrios estudos epidemiolgicos

    demonstram a relao do benzeno com aleucemia mielide aguda, com a leucemiamielide crnica, com a leucemia linfocticacrnica, com a doena de Hodking e com a

    hemoglobinria paroxstica noturna.O diagnstico baseia-se na histria

    clnico-ocupacional, na investigao do localde trabalho, no exame fsico e em exameslaboratoriais. Fazer no mnimo doishemogramas com contagem de plaquetas ereticulcitos em intervalo de 15 dias, dosarferro srico, capacidade de ligao e saturaodo ferro e, ainda, duas amostras de fenolurinrio, uma ao final da jornada e outra antes

    da jornada (no momento da consulta).

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    Cromo

    As maiores fontes da contaminao comcromo no ambiente de trabalho so as nvoascidas. A exposio acontece principalmentenas galvanoplastias (cromagem) ; indstria docimento; produo de ligas metlicas; soldagemde ao inoxidvel; produo e utilizao de

    pigmentos na indstria txtil, de cermica,vidro e borracha; indstria fotogrfica ecurtumes.

    Os compostos de cromo podem serirritantes e alrgenos para a pele e irritantes

    para as vias areas superiores. Os sintomasassociados intoxicao so: prurido nasal,rinorria, epistaxe, que evoluem com ulcerao

    e perfurao de septo nasal; irritao deconjuntiva com lacrimejamento e irritao degarganta; na pele, observa-se prurido cutneonas regies de contato, erupes eritematosasou vesiculares e ulceraes de aspecto circularcom dupla borda, a externa rsea e a internaescura (necrose), o que lhe d um aspectocaracterstico de olho-de-pombo; a irritaodas vias areas superiores tambm podemanifestar-se com dispnia, tosse, expectorao

    e dor no peito. O cncer pulmonar , porm, oefeito mais importante sobre a sade dotrabalhador.

    Havendo suspeita de intoxicao porcromo, os trabalhadores devem serencaminhados ao servio especializado emSade do Trabalhador para monitoramento

    biolgico pesquisa do cromo no sangue etecidos - e tratamento especializado. Ostrabalhadores com intoxicao devem ser

    acompanhados por longos perodos, uma vezque o cncer pulmonar desenvolve-se entre 20 e30 anos aps a exposio.

    Picadas por animais peonhentos

    Verificar se ocorreu no exerccio deatividades laborais, notificar e investigar asituao.

    Dermatoses ocupacionais

    As dermatoses ocupacionais, embora benignas em sua maioria, constituem problemade avaliao difcil e complexa. Referem-se atoda alterao da pele, mucosas e anexos, diretaou indiretamente causada, condicionada,mantida ou agravada pela atividade de trabalho.

    So causadas por agentes biolgicos,fsicos e, principalmente, por agentes qumicos.Aproximadamente, 80% das dermatosesocupacionais so provocadas por substnciasqumicas presentes nos locais de trabalho,ocasionando quadros do tipo irritativo (amaioria) ou do tipo sensibilizante.

    O diagnstico realizado a partir da

    anamnese clnico-ocupacional e do examefsico. O teste de contato deve ser realizadoquando se suspeita de quadro do tiposensibilizante, visando identificar o(s) agente(s)alergnico(s).

    Distrbios mentais e trabalho

    O trabalho tem sido reconhecido comoimportante fator de adoecimento, de

    desencadeamento e de crescente aumento dedistrbios psquicos.Os determinantes do trabalho que

    desencadeiam ou agravam distrbios psquicosiro, geralmente, se articular a modosindividuais de responder, interagir e adoecer, ouseja, as cargas do trabalho vo incidir sobre umsujeito particular portador de uma histriasingular preexistente ao seu encontro com otrabalho.

    O processo de sofrimento psquico no ,muitas vezes, imediatamente visvel. Seudesenvolvimento acontece de formasilenciosa ou invisvel, embora tambm

    possa eclodir de forma aguda podesencadeantes diretamente ocasionados pelotrabalho.

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    Alguns sinais de presena de distrbios psquicos se manifestam como perturbadoresdo trabalho, e a percepo destes indica que oempregado deve ser encaminhado paraavaliao clnica. Incide em erro a empresaque, reconhecendo a sintomatologia, a encarecomo demonstrao de negligncia,indisciplina, irresponsabilidade ou faltade preparo por parte do trabalhador, o queocasiona demisses.

    Alguns sinais e sintomas de distrbios psquicos so: modificao do humor, fadiga,irritabilidade, cansao por esgotamento,isolamento, distrbio do sono (falta ouexcesso), ansiedade, pesadelos com o trabalho,intolerncia, descontrole emocional,

    agressividade, tristeza, alcoolismo,absentesmo. Alguns desses quadros podem viracompanhados ou no de sintomas fsicoscomo dores (de cabea ou no corpo todo),

    perda do apetite, mal-estar geral, tonturas,nuseas, sudorese, taquicardia, somatizaes,converses (queixas de sintomas fsicos queno so encontrados em nvel de intervenesmdicas) e sintomas neurovegetativosdiversos.

    Fatores do trabalho que podem gerar oudesencadear distrbios psquicos:

    Condies de trabalho: fsicas, qumicas e biolgicas, vinculadas execuo dotrabalho.

    A organizao do trabalho: estruturaohierrquica, diviso de tarefa, jornada,ritmo, trabalho em turno, intensidade,

    monotonia, repetitividade,responsabilidade excessiva, entre outros. O trabalhador com suspeita de distrbio

    psquico relacionado ao trabalho deverser encaminhado para atendimentoespecializado em Sade do Trabalhador e

    para assistncia mdico-psicolgica.

    Procedimentos a serem adotados frente adiagnsticos de doenas relacionadas ao

    trabalho pelo nvel local de sade

    Afastar o trabalhador imediatamente daexposio o afastamento dever serdefinitivo para as doenas de carter

    progressivo. Realizar o tratamento nos casos de menor

    complexidade. Encaminhar os casos de maior

    complexidade para a rede de referncia,acompanh-los e estabelecer a contra-referncia.

    Notificar o caso nos instrumentos do SUS. Investigar o local de trabalho, visando

    estabelecer relaes entre a doena sobinvestigao e os fatores de risco

    presentes no local de trabalho. Desenvolver aes de interveno,

    considerando os problemas detectados noslocais de trabalho.

    Para trabalhadores inseridos no mercadoformal de trabalho, acrescentar:

    Acompanhar a emisso da CAT peloempregador.

    Preencher o item II da CAT, referente ainformaes sobre diagnstico, laudo eatendimento.

    Encaminhar o trabalhador para percia doINSS, fornecendo-lhe o atestado mdicoreferente ao afastamento do trabalho dos

    primeiros quinze dias. Orientar sobre direitos trabalhistas e

    previdencirios.

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    Instrumentos de Coleta deInformaes para a Vigilncia em

    Sade do Trabalhadorassistncia sade do trabalhadordeve desenvolver-se integrada saes de vigilncia epidemiolgica e

    sanitria neste campo, pois, dessa forma, adinamica do processo sade/doena decorrentedo trabalho poder adquirir contornos maisdefinidos.

    Havendo informaes resumidas,analisadas, interpretadas e divulgadas, pelosnveis de ateno, como fruto de uma atuaointegrada assistncia/vigilncia, certamente o

    papel atribudo ao sistema de vigilncia, que o de orientar as aes, ser cumprido.

    O dimensionamento da problemtica dosefeitos sade, relacionados ao trabalho, nosdiversos coletivos populacionais, depende daqualidade das informaes coletadas relativas: documentao da distribuio de agravossegundo variveis demogrficas; deteco desituaes para relaciona-las s suas causas;identificao de necessidades de investigaes,estudos ou pesquisas e, finalmente,organizao de banco de dados para o

    planejamento de aes e servios. Decorre daa importncia de definirem-se instrumentos decoleta de dados a partir do nvel local, quealimentem e retro-alimentem as diversas

    instncias do sistema de sade para as aesem Sade do Trabalhador.

    Em anexo, os instrumentos que deveroser utilizados nas aes do Sade doTrabalhador, produzidos por diversos grupostcnicos, e que podero recebercomplementaes (no redues) pelasinstncias que queiram adequ-los s suasnecessidades assistenciais e de vigilncia.

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    Anexos

    ANEXO I. Ficha de Notificaes deAcidentes de Trabalho Graves de DoenasRelacionadas ao Trabalho do SINAM

    ANEXO II. Fica para Registro de Atividades,Procedimentos e Notificaes do SIAB

    ANEXO III. Ficha de Atendimento noServio

    ANEXO IV. Ficha de Vigilncia emAmbientes de Trabalho

    ANEXO V. Norma Operacional de Sade doTrabalhador NOST SUS/98

    ANEXO VI. Instruo Normativa deVigilncia em Sade do Trabalhador

    ANEXO VII. Modelo de Comunicaes deAcidente de Trabalho/CAT MPAS/INSS

    ANEXO VIII. Relao das NormasRegulamentadoras de Segurana e Sade do

    Trabalho do Ministrio do Trabalho eEmprego

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    1. Tipo de Notificao: 1=(Intoxicao poragrotxico), 2=(Intoxicao por outrosagentes qumicos) e 3=(Outros acidentes

    / doenas relacionadas ao trabalho). Estecampo abrir (?) a ficha de investigaode intoxicao por agrotxicos ou a deintoxicao por outros agentes qumicos,caso seja digitado o cdigo 1 ou 2respectivamente.

    2. Data da Notificao: Data da notificaodo caso.

    3. Municpio de Atendimento: Nome eCdigo IBGE do Municpio que prestouo atendimento e definiu o caso.

    4. Unidade de Sade: Nome do CdigoSINAN (?) da Unidade de Sade.

    5. Agravo/Doena: Nome doagravo/doena.

    6. CID 10: Cdigo CID 10 doagravo/doena.

    7. Causa Externa: Nome da causa externa.

    8. Causa Externa: Cdigo de CausasExternas de Morbidade e Mortalidade CID 10.

    9. Data do Acidente / Data do Diagnstico:Data em que ocorreu o acidente ou dataem que foi definido o diagnostico dadoena relacionada ao trabalho.

    10. Nome do Paciente: Nome completo dotrabalhador.

    11. Data de Nascimento: Data denascimento.

    12. Idade: Idade do trabalhador, em anos.

    13. Sexo: M=(Masculino), F=(Feminino),I=(Ignorado).

    14. Raa/Cor: 1=(Branca), 2=(Preta),3=(Amarela), 4=(Parda), 5=(Indgena).

    15. Escolaridade (em anos completos de

    estudo): 1=(Nenhuma), 2=(1-3); 3=(4-7anos); 4=(8-11 anos); 5=(12 ou maisanos); 9=(No informado).

    16. CNAE: Cdigo da Classificao Nacionalde Atividades Econmicas referente aosetor de atividade econmica da empresa(se houver) ou do prprio trabalhoexercido (se autnomo, mercadoinformal, etc.).

    17. Ocupao: Cdigo da ocupao (funo, profisso) exercida pelo trabalhadorUtilizar o Cdigo Brasileiro deOcupaes.

    18. Tipo de Acidente: 1=(Tipo/Tpico),2=(doena), 3=(trajeto)

    19. Afastamento do Trabalho: 1=(Sim),2=(No)

    20. Situao no Mercado de Trabalho:

    1=(Empregador), 2=(Empregado comCarteira), 3=(Empregado sem Carteira),4=(Trabalho Temporrio), 5=(TrabalhoAutnomo), 6=(Trabalho Avulso),7=(Desempregado),8=(Aposentado/Inativo),9=(Ignorado/Outros)

    21. Nmero do Carto do SUS : Nmero doCarto do SUS do trabalhador.

    22. Nome da Me: Nome completo da me.

    23. Logradouro e Nmero: Nome e Nmerodo local de residncia do trabalhador(Rua, Avenida, ...e N ...)

    24. Complemento: Dados complementares para identificao da residncia dotrabalhador (apto., casa, ...)

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    25. CEP Residncia: Cdigo deEndereamento Postal da residncia dotrabalhador.

    26. Bairro: Nome do bairro de residncia dotrabalhador.

    27. Municpio de Residncia: Nome domunicpio de residncia do trabalhador.

    28. Cdigo do Municpio (IBGE): CdigoIBGE do municpio de residncia dotrabalhador.

    29. Zona: 1=(Urbana), 2=(rural), 3=(urbana/

    rural), 9=(Ignorado).30. (DDD) Telefone: Nmero do telefone

    prprio ou de contato do trabalhador.

    31. Cdigo do Pais (IBGE): (se o trabalhadorresidir fora do Brasil) Cdigo IBGE do pasde residncia do trabalhador.

    32. Nome da Empresa (Razo Social): Nomecompleto da empresa responsvel pelovnculo empregatcio, se houver.

    33. CGC: Nmero completo do CadastroGeral de Contribuintes da empresaresponsvel pelo vnculo empregatcio dotrabalhador (nmero, ordem e DV).

    34. Logradouro e N. (Rua, Avenida,....): Nome completo do logradouro daempresa.

    35. Complemento: Dados complementarespara identificao do endereo da empresa.

    36. CEP Empresa: Cdigo deEndereamento Postal da empresa.

    37. Nome do Local de Ocorrncia do Agravo /Doena (nome da empresa / local da

    prestao de servios): Nome do localonde ocor-

    38. reu o acidente ou local onde otrabalhador adquiriu a doena.

    39. (ATENCO: identificar a empresa ou olocal onde o trabalhador adquiriu a doena,mesmo que no seja a empresa/local detrabalho atual, assim como identificar o localda prestao de servios, em caso deterceirizao)

    40. Logradouro e N. (local onde ocorreu oacidente/doena): Nome completo dologradouro, referente ao item 37.

    41. CNAE: Cdigo da Classificao Nacionalde Atividades Econmicas referente ao item37.

    42. CEP - Local de Ocorrncia: Local daOcorrncia: Cdigo de EndereamentoPostal, referente ao item 37.

    43. BAIRRO - Local de Ocorrncia: Nomecompleto do Bairro, referente ao item 37.

    44. Municpio da Ocorrncia: Nome completodo Municpio, referente ao item 37.

    45. Cdigo Municpio (IBGE): Cdigo IBGEdo Municpio, referente ao item 37.

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    PORTARIA N 3.908, DE 30 DE OUTUBRO DE 1998

    Estabelece procedimentos para orientar einstrumentalizar as aes e servios de

    sade do trabalhador no Sistema nico deSade (SUS).

    O Ministrio de Estado da Sade , no uso da atribuio que lhe confere o art. 87, inciso II,da Constituio Federal, tendo em vista o disposto em seu art; 198, inciso II, combinado com os

    preceitos da Lei Orgnica da Sade, n. 8.080, de 19 de setembro, e da Lei n. 8.142, de 28 dedezembro, ambas de 1990, e

    considerando que a construo do Sistema nico de Sade um processo de responsabilidadedo poder pblico, orientado pelas diretrizes e princpios da descentralizao das aes e servios de

    sade, da universalidade, eqidade e integralidade da ao, da participao e controle social e quepressupe a efetiva implantao das aes de sade do trabalhador neste processo;

    considerando que cabe ao Ministrio da Sade a coordenao nacional da poltica de sade dotrabalhador, assim como de competncia do SUS a execuo de aes pertinentes a esta rea,conforme determina a Constituio Federal e a Lei Orgnica da Sade;

    considerando que as determinaes contidas na NOB-SUS 01/96 incluem a sade dotrabalhador, como campo de atuao da ateno sade, necessitando de detalhamento para

    produzirem efeito de instrumento operacional;

    considerando as determinaes contidas na Resoluo n 220, de 6 de maro de 1997, do

    Conselho Nacional de Sade e na Instruo Normativa n 1/97, de 15 de maio de 1997, doMinistrio da Sade, que recomendam a publicao desta Norma, resolve:

    Art. 1 Aprovar a Norma Operacional de Sade do Trabalhador, na forma do anexo a estaPortaria, que tem por objetivo definir as atribuies e responsabilidades para orientar einstrumentalizar as aes de sade do trabalhador urbano e do rural, consideradas as diferenasentre homens e mulheres, a ser desenvolvidas pelas Secretarias de Sade dos Estados, do DistritoFederal e dos Municpios.

    Art. 2 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.

    BARJAS NEGRI

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    NORMA OPERACIONAL DE SADE DO TRABALHADOR NOST-SUS

    Art. 1 A presente Norma, complementar NOB-SUS 01/96, tem por objetivo orientar e

    instrumentalizar a realizao das aes de sade do trabalhador e da trabalhadora urbano e rural, pelos Estados, o Distrito Federal e os Municpios, as quais devem nortear-se pelos seguintespressupostos bsicos:

    I universalidade e eqidade, onde todos os trabalhadores, urbanos e rurais, com carteiraassinada ou no, empregados, desempregados ou aposentados, trabalhadores em empresas publicasou privadas, devem ter acesso garantido a todos os nveis de ateno sade.

    II. integralidade das aes, tanto em termos do planejamento quanto da execuo, com ummovimento constante em direo mudana do modelo assistencial para a ateno integral,articulando aes individuais e curativas com aes coletivas da vigilncia da sade, uma vez que

    os agravos sade, advindos do trabalho, so essencialmente prevenveis;III direito informao sobre a sade, por meio de rede de servios do SUS, adotando como

    prtica cotidiana o acesso e o repasse de informaes aos trabalhadores, sobretudo os riscos, osresultados de pesquisas que so realizadas e que dizem respeito diretamente preveno e

    promoo da qualidade de vida;

    IV controle social, reconhecendo o direito de participao dos trabalhadores e suasentidades representativas em todas as etapas do processo de ateno sade, desde o planejamentoe estabelecimento de prioridades, o controle permanente da aplicao dos recursos, a participaonas atividades de vigilncia em sade, at a avaliao das aes realizadas;

    V regionalizao e hierarquizao das aes de sade do trabalhador, que devero serexecutadas por todos os nveis da rede de servios, segundo o grau de complexidade, desde as bsicas at as especializadas, organizadas em um sistema de referncia e contra-referncia, local eregional;

    VI utilizao do critrio epidemiolgico e de avaliao de riscos no planejamento e naavaliao das aes, no estabelecimento de prioridades e na alocao de recursos;

    VII configurao da sade do trabalhador como um conjunto de aes de vigilncia eassistncia, visando promoo, proteo, recuperao e reabilitao da sade dostrabalhadores submetidos a riscos e agravos advindos do processo de trabalho.

    Art. 2 Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios a execuo de aes na rea desade do trabalhador, considerando as diferenas de gnero.

    Art. 3 Aos Municpios, por intermdio de suas Secretarias de Sade, caber realizar as aesdiscriminadas, conforme a condio de gesto em que estejam habilitados, como seguem:

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    Pargrafo nico. O Municpio dever manter unidade especializada de referncia em Sade doTrabalhador, para facilitar a execuo das aes previstas neste artigo.

    Art. 4 Os Estados, nas condies de gesto avanada e plena do sistema estadual, porintermdio de suas Secretarias de Sade, respeitadas as responsabilidades e prerrogativas, dosMunicpios habilitados nas condies de gesto previstas no artigo anterior, assumiro as seguintesaes de sade do trabalhador:

    I controle da qualidade das aes de sade do trabalhador desenvolvidas pelos Municpios preconizadas nesta Norma, conforme mecanismos de avaliao definidos em conjunto com asSecretarias Municipais de Sade;

    II definio, juntamente com os Municpios, de mecanismos de referncia e contra-referncia, bem como outras medidas necessrias para assegurar o pleno desenvolvimento das aesde assistncia e vigilncia em sade do trabalhador;

    III capacitao de recursos humanos para a realizao das aes de sade do trabalhador, noseu mbito de atuao;

    IV estabelecimento de rotina de sistematizao, processamento e anlise dos dados sobresade do trabalhador, gerados nos Municpios e no seu prprio campo de atuao, e de alimentaoregular de bases de dados, estaduais e municipais;

    V elaborao do perfil epidemiolgico da sade dos trabalhadores no Estado, a partir defontes de informao existentes e, se necessrio, por intermdio de estudos especficos, com vistas asubsidiar a programao e avaliao das aes de ateno sade do trabalhador;

    VI prestao de cooperao tcnica aos Municpios, para o desenvolvimento das aes desade do trabalhador;

    VII instituio e manuteno de cadastro atualizado das empresas, classificadas nasatividades econmicas desenvolvidas no Estado com indicao dos fatores de risco que possam sergerados para o contingente populacional, direta ou indiretamente a eles expostos.

    1 Recomenda-se a criao de unidades especializadas em Sade do Trabalhador parafacilitar as aes previstas neste artigo.

    2 A organizao de unidades especializadas de referncia em Sade do Trabalhador, oestmulo implementao de unidades do Municpio, na regio ou em forma de consrcio, e oregistro de 100% dos casos atendidos de acidentes de trabalho e agravos decorrentes do processo de

    trabalho, comporo o ndice de Valorizao de Resultados (IVR), de acordo com os criteriosa seremdefinidos pela Comisso Intergestores Tripartite, e a ser estabelecidos em portaria do Ministrio daSade.

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    Art. 5 Esta Norma trata de um conjunto de atividades essenciais para a incorporao dasaes de sade do trabalhador no contexto das aes de ateno sade, devendo os Estados, oDistrito Federal e os Municpios que j tm servios e aes organizados, ou pelas caractersticas deseu parque produtivo e perfil epidemiolgico, ampliar seu espectro de ao para alm do queestabelece esta Norma.

    Art. 6 A implementao do financiamento das aes de sade do trabalhador consiste nagarantia do recebimento dos recursos por meio das fontes de transferncias, j constitudaslegalmente em cada esfera do governo e na definio de mecanismos que garantam que os recursos

    provenientes destas fontes sejam aplicados no desenvolvimento das aes de sade do trabalhadorestabelecidas nos planos de Sade.

    Art. 7 Recomenda-se ao Estado e ao Municpio a reviso dos Cdigos de Sade, paracontemplar as aes de sade do trabalhador.

    Art. 8 Compete ao Estado, ao Distrito Federal e ao Municpio estabelecer normascomplementares, no seu mbito de atuao, com objetivo de assegurar a proteo sade dostrabalhadores.

    Art. 9 A presente Norma dever ser avaliada permanente, a partir dos resultados de suaimplementao, consolidados pelo rgo competente do Ministrio da Sade e amplamentedivulgados s instncias do SUS.

    Art. 10. Recomenda-se a instituio de Comisso Intersetorial de Sade do Trabalhador, coma participao de entidades que tenham interfaces com a rea de sade do trabalhador, subordinadaaos Conselhos Estadual e Municipal de Sade, com a finalidade de assessor-lo na definio das

    polticas, no estabelecimento de prioridades e no acompanhamento e avaliao das aes de sadedo trabalhador.

    Publicada no DOU de 10 novembro de 1998.

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    MINISTRIO DA SADE

    GABINETE DO MINISTRO

    PORTARIA N 3.120 de 1 de julho de 1998

    O Ministro de Estado da Sade, no uso da atribuio que lhe confere o art. 87. inciso II, daConstituio Federal, tendo em vista o disposto em seu art. 200, inciso II, combinando com os

    preceitos da Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, e

    Considerando que as determinaes contidas na NOB-SUS 01/96 incluem a Sade doTrabalhador como campo de atuao da ateno sade;

    Considerando as determinaes contidas na Resoluo n 220, de maro de 1997, doConselho Nacional de Sade, e na Instruo Normativa n 01/97, de 15 maio de 1997 do Ministrioda Sade, resolve;

    Art. 1 Aprovar a Instruo Normativa de Vigilncia em Sade do Trabalhador no SUS, naforma do Anexo a esta Portaria, com a finalidade de definir procedimentos bsicos para odesenvolvimento da aes correspondentes;

    Art. 2 Esta Portaria entrar em vigor na data de sua publicao.

    JOS SERRA

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    1 APRESENTAO

    O avano gradual, quantitativo e qualitativo da institucionalizao das prticas de Sade do

    Trabalhador, no setor sade em todo o Brasil, reflete a consolidao da rea como objetivoindiscutvel da sade pblica. E, por assim dizer, objeto, tambm, das polticas pblicasdirecionadas, em todos os nveis do Sistema nico de Sade (SUS), para a preveno dos agravos sade da populao trabalhadora.

    O conjunto de elementos deflagradores do avano institucional, em relao questo daSade do Trabalhador no SUS, compe-se do aspecto legislativo, calcado na Lei n 8.080, de 19 desetembro de 1990, e em diversas Constituies Estaduais e Municipais na luta pela sadedesenvolvida pelos trabalhadores e suas organizaes sindicais, passando pelo crescentecomprometimento dos tcnicos, ao nvel dos servios e universidades.

    A presente Instruo Normativa pretende, de uma forma sucinta, fornecer subsdios bsicos para o desenvolvimento de aes de Vigilncia em Sade do Trabalhador, no mbito do Sistemanico de Sade. Parte do pressuposto que o sistema de sade, embora deva ser preservado nas suas

    peculiaridades regionais que impliquem um respectivo s diversas culturas e caractersticas populacionais, por ser nico, tambm deve manter linhas mestras de atuao, especialmente pelanecessidade de se compatibilizarem instrumentos, bancos de informaes e intercmbio deexperincias.

    As recomendaes aqui apresentadas so fruto de alguns anos de discusso acumulada eextrada de diversas experincias de vigilncia em sade do trabalhador, em vrios estados emunicpios todo o Pas.

    Trata-se de uma primeira aproximao normativa no s com os Programas Estaduais eMunicipais de Sade do Trabalhador, j instalados e em fase de instalao, mas, tambm com asestruturas de ateno Sade das Secretarias Estaduais e Municipais, especialmente nas reas deVigilncia Epidemiolgica, Vigilncia Sanitria e Fiscalizao Sanitria.

    A possibilidade de traduzir a capilaridade institucional do setor sade em instncias efetorasde mudana dos perfis de morbidade, resultantes da relao trabalho-ambiente-consumo e sade

    pressupe um comprometimento das estruturas de ateno sade, em especial as da vigilncia efiscalizao em sade.

    O objetivo da Instruo Normativa , em suma, o de poder instrumentalizar minimamente os

    setores responsveis pela vigilncia e defesa da sade, nas Secretarias de Estados e Municpios, deforma e incorporarem em suas prticas mecanismos de anlise e interveno sobre os processos e osambientes de trabalho.

    A abordagem de vigilncia em sade do trabalhador, considerada na Instruo Normativaimplica a superao dos limites conceituais e institucionais, tradicionalmente estruturados nosservios de sade, das aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria.

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    Alm disso, nas aes de vigilncia e fiscalizao sanitria, propriamente ditas, implica-setranspor o objeto usual o produtor/consumidor de forma considerar, igualmente, como objetivoo processo/trabalhador/ambiente.

    Dessa forma, a vigilncia em sade do trabalhador calca-se no modelo epidemiolgico de pesquisa dos agravos, nos diversos da relao entre trabalho e sade agregando ao universo da

    avaliao e anlise a capacidade imediata sobre fatores determinantes dos danos sade.Devido sua concepo mais abrangente de sade, relacionada ao processo de produo,

    capaz de lidar com a diversidade , a complexidade e o surgimento de novas formas adoecer, avigilncia em sade do trabalhador ultrapassa o aspecto normativo tratado pela fiscalizaotradicional.

    Em razo dessas implicaes, a vigilncia em sade do trabalhador pressupe uma rede dearticulaes que passa pelos trabalhadores e suas organizaes, pela rea de pesquisa e formao derecursos humanos e pelas reas de assistncia e reabilitao.

    Finalmente, levando-se em considerao o fato de ser uma rea ainda em construo dentro

    do SUS, pretende-se que esta Instruo Normativa possa ser aprimorada, com a maior brevidade,uma vez utilizada pela rede de servios, assim como se constitui na primeira de uma srie de

    publicaes normativas e orientadoras, relacionadas a temas especficos em sade do trabalhador.

    2 CONCEITUAO BSICA

    A Vigilncia em Sade do Trabalhador compreende uma atuao contnua e sistemtica, aolongo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e

    condicionantes dos agravos sade relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seusaspectos tecnolgico, social, organizacional e epidemiolgico, com a finalidade de planejar,executar e avaliar intervenes sobres esses aspectos, de forma a elimin-los ou control-los.

    A Vigilncia em Sade do Trabalhador compe um conjunto de prticas sanitrias, articuladassupra-setorialmente, cuja especificidade est centrada na relao da sade com o ambiente e os

    processos de trabalho e nesta com a assistncia, calcado nos princpios da vigilncia em sade, paraa melhoria das condies de vida e sade da populao.

    A Vigilncia em Sade do Trabalhador no constitui uma rea desvinculada e independenteda vigilncia em sade como um todo mas, ao contrrio, pretende acrescentar ao conjunto de aesda vigilncia em sade estratgias de produo de conhecimentos e mecanismos de intervenosobre os processos de produo, aproximando os diversos objetos comuns das prticas sanitriasqueles oriundos da relao entre o trabalho e a sade.

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    3 PRINCPIOS

    A Vigilncia em Sade do Trabalhador pauta-se nos princpios do Sistema nico, de Sade,em consonncia com os Sistemas Nacionais de Vigilncia de Vigilncia Epidemiolgica, articuladacom a rea assistencial.

    Alm disso, tendo em vista a complexidade e a abrangncia do objeto da vigilncia, guarda peculiaridades que transpem os limites setoriais da sade, implicando a ampliao de suaabordagem.

    Como princpios, esquematicamente, pode-se considerar.

    3.1 Universidade : todos os trabalhadores, independente de sua localizao, urbana ou rural,de sua forma de insero no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vnculo empregatcio,

    pblico ou privando, autnomo, domstico, aposentado ou demitido so objeto e sujeitos daVigilncia em Sade do Trabalhador.

    3.2 Integridade das aes: o entendimento de ateno sade do trabalhador,compreendendo a assistncia e recuperao dos agravos os aspectos preventivos implicandointerveno sobre seus fatores determinantes em nvel dos processos de trabalho e a promoo desade que implicam aes articuladas com os prprios trabalhadores suas representaes. A nfasedeve ser dirigida ao fato de que as aes individuais/curativas articulam-se com as aes coletivas,no mbito da vigilncia, considerando que os agravos sade do trabalhador so absolutamente

    prevenveis.

    3.3 Pluriinstitucionalidade: articulao, com formao de redes e sistemas, entre asinstncias de vigilncia em sade do trabalhador e os centros de assistncia e reabilitao, asuniversidades e centros de pesquisa e as instituies pblicas com responsabilidade na rea de sade

    do trabalhador, consumo e ambiente.3.4 Controle social: incorporao dos trabalhadores e das suas organizaes,

    principalmente e as sindicais, em todas as etapas da vigilncia em sade do trabalhador,compreendendo sua participao na identificao das demandas, no planejamento, noestabelecimento de prioridades e adoo de estratgias, na execuo das aes, no seuacompanhamento e avaliao e no controle da aplicao de recursos.

    3.5 Hierarquizao e descentralizao: consolidao do papel do municpio e dos distritossanitrios como instncia efetiva de desenvolvimento das aes de vigilncia em sade dotrabalhador, integrando os nveis estadual e nacional do Sistema nico de Sade, no espectro da

    ao, em funo de sua complexidade.3.6 Interdisciplinaridade: a abordagem multiprofissional sobre o objeto da vigilncia em

    sade do trabalhador deve compreender os saberes tcnicos, com a concorrncia de diferentes reasdo conhecimento e, fundamentalmente, o saber operrio, necessrios para o desenvolvimento daao.

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    3.7 Pesquisa-interveno: o entendimento de que a interveno, no mbito da vigilnciaem sade do trabalhador, o deflagrador de um processo contnuo, ao longo do tempo, em que a

    pesquisa sua parte indissolvel, subsidiando e aprimorando a prpria interveno.

    O carter transformador: a interveno sobre os fatores determinantes e condicionantes dos problemas de sade relacionados aos processos e ambientes de trabalho com o entendimento de quea vigilncia em sade do trabalhador, sob a lgica do controle social e da transparncia das aes,

    pode ter na interveno um carter proponente de mudanas dos processos de trabalho, a partir dasanlises tecnolgica, ergonmica, organizacional e ambiental efetuados pelo coletivo deinstituies, sindicatos, trabalhadores e empresas, inclusive superando a prpria legislao.

    4 OBJETIVOS

    De forma esquemtica pode-se dizer que a vigilncia em sade do trabalhador tem comoobjetivos:

    a conhecer a realidade de sade da populao trabalhadora, independente da forma deinsero no mercado de trabalho e do vnculo trabalhista, considerando:

    a1 a caracterizao de sua forma de adoecer e morrer em funo da sua relao com oprocesso de trabalho;

    a2 o levantamento histrico dos perfis de mortalidade em funo da sua relao com oprocesso de trabalho;

    a3 a avaliao do processo, do ambiente e das condies em que o trabalho se realiza,

    identificando os riscos e cargas de trabalho a que est sujeita, nos seus aspectos tecnolgicos,ergonmicos e organizacionais j conhecidos;

    a4 a pesquisa e a anlise de novas e ainda desconhecidas formas de adoecer e morrer emdecorrncia do trabalho;

    b intervir nos fatores determinantes de agravos sade da populao trabalhadora visandoelimin-los ou, na sua impossibilidade, atenu-los e control-los, considerando:

    b1 a fiscalizao do processo, do ambiente e das condies em que o trabalho se realiza,fazendo cumprir, com rigor, as normas e legislaes existentes, nacionais ou mesmo internacionais,quando relacionadas promoo da sade do trabalhador;

    b2 a negociao coletiva em sade do trabalhador, alm dos preceitos legais estabelecidosquando se impuser a transformao do processo, do ambiente e das condies em que o trabalho serealiza, no prevista normativamente;

    c avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminao, atenuao e controle dosfatores determinantes de agravos sade, considerando:

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    c1 a possibilidade de transformar os perfis de morbidade e mortalidade;

    c2 o aprimoramento contnuo da qualidade de vida no trabalho;

    d subsidiar a tomada de decises dos rgos competentes, n