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MANUAL DE SUPORTE BSICO DE VIDA

Manual de Suporte Bsico de Vida

Primeira Edio 2011

Manual de Suporte Bsico de Vida 1/2011 Maro de 2011, Instituto Nacional de Emergncia Mdica, I.P.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer processo electrnico, mecnico, fotogrfico ou outro, sem autorizao prvia e escrita do Instituto Nacional de Emergncia Mdica, I.P

Prefcio da Primeira Edio

Manual de Suporte Bsico de Vida Departamento de Formao em Emergncia Mdica

FICHA TCNICA DA PRIMEIRA EDIO

COORDENAO TCNICADepartamento de Formao em Emergncia Mdica

AUTORESAna Sofia Madeira Nuno Pinto Fernando Nieves Guilherme Henriques Joo Porto Carlos Alves

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Ficha Tcnica

Manual de Suporte Bsico de Vida Departamento de Formao em Emergncia Mdica

PROCESSAMENTO DE TEXTO E TRATAMENTO DE IMAGEMAna Sofia Madeira Nuno Pinto Guilherme Henriques Joo Porto Jos Maleiro Henrique Loureno

REVISO DE TEXTOHelena Castro Regina Pimentel Raquel Ramos Luis Meira Adriana Machado

COLABORARAM NA PRIMEIRA EDIOJos Maleiro Henrique Loureno Teresa Oliveira Jody Rato

Ficha Tcnica

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Manual de Suporte Bsico de Vida Departamento de Formao em Emergncia Mdica

ndicendice de Figuras .....................................................................................................................................................................................................ii ndice de Esquemas ...............................................................................................................................................................................................iii Lista de Acrnimos ..................................................................................................................................................................................................I CAPTULO 1 - SISTEMA INTEGRADO DE EMERGNCIA MDICA.....................................................................................................................1 1. Conceitos e definies ............................................................................................................................................................2 2. Evoluo da emergncia mdica pr-hospitalar, em Portugal............................................................................................2 3. Fases do SIEM ..........................................................................................................................................................................7 4. Intervenientes no SIEM ............................................................................................................................................................9 5. Organizao do SIEM...............................................................................................................................................................9 CAPTULO 2 - SUPORTE BSICO DE VIDA NO ADULTO .................................................................................................................................17 INTRODUO ........................................................................................................................................................................................................18 1. A cadeia de sobrevivncia ....................................................................................................................................................19 2. Riscos para o reanimador .....................................................................................................................................................22 3. SBV no adulto .........................................................................................................................................................................25 4. Posio lateral de segurana................................................................................................................................................37 5. Abordagem da via area ........................................................................................................................................................42 6. Situaes especiais em suporte bsico de vida .................................................................................................................49 CAPTULO 6 - ABORDAGEM DA VIA AREA E VENTILAO .........................................................................................................................55 INTRODUO ........................................................................................................................................................................................................56 1. Causas de obstruo da via area .......................................................................................................................................56 2. Adjuvantes para tcnicas bsicas da via area ..................................................................................................................61 3. Ventilao ...............................................................................................................................................................................64 2. Aspirao ................................................................................................................................................................................72 CAPTULO 4 SUPORTE BSICO DE VIDA PEDITRICO ................................................................................................................................75 INTRODUO ........................................................................................................................................................................................................76 1. A cadeia de sobrevivncia peditrica ..................................................................................................................................77 3. Suporte bsico de vida em pediatria....................................................................................................................................79 4. Suporte bsico de vida em neonatologia ............................................................................................................................94 5. Obstruo da via area na idade peditrica ........................................................................................................................95 CAPTULO 5 REANIMAO NEONATAL ...................................................................................................................................................... 103 INTRODUO ..................................................................................................................................................................................................... 104 1. Preparao do nascimento ................................................................................................................................................ 105 2. Abordagem inicial ............................................................................................................................................................... 106 3. Suporte de vida no recm-nascido ................................................................................................................................... 109 4. Suspenso da reanimao ................................................................................................................................................. 112 5. Comunicao com os pais ................................................................................................................................................. 113 Bibliografia .......................................................................................................................................................................................................... 115

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ndice

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ndice de FigurasCaptulo 1 Figura 1 - Estrela da Vida com as fases do SIEM .................................................................................................................................................... 8 Captulo 2 Figura 2 - Cadeia de sobrevivncia da vtima adulta ............................................................................................................................................. 19 Figura 3 - Avaliao do estado de conscincia ...................................................................................................................................................... 27 Figura 4 - Primeiro pedido de ajuda ....................................................................................................................................................................... 28 Figura 5 - Extenso da cabea e elevao do queixo ........................................................................................................................................... 29 Figura 6 - Activao do sistema de emergncia .................................................................................................................................................... 30 Figura 7 - Posicionamento / compresses torcicas .............................................................................................................................................. 31 Figura 8 - Colocao da mscara de bolso (pocket mask) / Ventilao boca-mscara ........................................................................................ 32 Figura 9 - Manobras de SBV a 2 reanimadores (com mscara de bolso e com insuflador manual) ..................................................................... 33 Figura 10 - Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS)........................................................................................................................... 39 Figura 11 - Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS)........................................................................................................................... 39 Figura 12 - Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS)........................................................................................................................... 39 Figura 13 - Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS)........................................................................................................................... 40 Figura 14 - Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS)........................................................................................................................... 40 Figura 15 - Desfazer a Posio Lateral de Segurana (PLS) ................................................................................................................................ 41 Figura 16 - Obstruo da via area ........................................................................................................................................................................ 42 Figura 17 - Desobstruo da via area, Aplicao das pancadas interescapulares ............................................................................................. 46 Figura 18 - Desobstruo da via area, Colocao das mos na Manobra de Heimlich ...................................................................................... 47 Figura 19 - Desobstruo da via area, Manobra de Heimlich .............................................................................................................................. 47 Captulo 3 Figura 20 Permeabilizao da via area com extenso da cabea e elevao da mandbula .......................................................................... 60 Figura 21 Permeabilizao da via area com sub-luxao da mandbula .......................................................................................................... 60 Figura 22 Tubo Oro-Faringeo: medio e colocao .......................................................................................................................................... 62 Figura 23 Tubo Naso-Faringeo: medio e colocao ....................................................................................................................................... 63 Figura 24 Pocket Mask ........................................................................................................................................................................................ 65 Figura 25 Ventilao boca-mscara: posio lateral .......................................................................................................................................... 66 Figura 26 Ventilao boca-mscara: posio ceflica ........................................................................................................................................ 67 Figura 27 Dispositivos para administrao de oxignio por inalao ................................................................................................................. 68 Figura 28 Ventilao com Insuflador Manual: 2 reanimadores ........................................................................................................................... 69 Figura 29 Aspirador e aspirao de secrees ................................................................................................................................................... 72 Captulo 4 Figura 30 - Cadeia de sobrevivncia peditrica ..................................................................................................................................................... 77 Figura 31 - Avaliao da resposta .......................................................................................................................................................................... 82 Figura 32 - Grito de ajuda ....................................................................................................................................................................................... 82 Figura 33 - Permeabilizao da via area com extenso da cabea e elevao da mandbula ........................................................................... 83 Figura 34 -Posio neutra na extenso da cabea no lactente ............................................................................................................................ 84 Figura 35 - Pesquisa de respirao normal (VOS) ................................................................................................................................................ 84 Figura 36 - Posio de recuperao ...................................................................................................................................................................... 85 Figura 37 - Ventilao boca-mscara na criana ................................................................................................................................................... 85 Figura 38 - Ventilao boca-a-boca e nariz no lactente ......................................................................................................................................... 86 Figura 39 - Ventilao com mscara de bolso ....................................................................................................................................................... 86 Figura 40 - Pesquisa de corpos estranhos ............................................................................................................................................................. 87 Figura 41 - Pesquisa de sinais de circulao ......................................................................................................................................................... 87 Figura 42 - Compresses torcicas no lactente ..................................................................................................................................................... 89 Figura 43 - Compresses torcicas na criana ...................................................................................................................................................... 90 Figura 44 - Ventilao na criana ........................................................................................................................................................................... 90 Figura 45 - Insuflaes sem perder a referncia do ponto das compresses torcicas ........................................................................................ 90 Figura 46 - Insuflaes e compresses torcicas com dois reanimadores ........................................................................................................... 91 Figura 47 - Pancadas interescapulares no lactente ............................................................................................................................................... 98 Figura 48 - Compresses torcicas no lactente ..................................................................................................................................................... 98 Figura 49 - Pancadas inter-escapulares e compresses abdominais na criana .................................................................................................. 99

[ii]

ndice

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ndice de Esquemas

Captulo 2 Esquema 1 - Algoritmo de SBV Adulto ...................................................................................................................................................................35 Esquema 2 - Algoritmo de Desobstruo da Via Area no Adulto ........................................................................................................................44 Captulo 4 Esquema 3 - Algoritmo de SBV Peditrico ..............................................................................................................................................................93 Esquema 4 - Obstruo da Via Area por corpo Estranho em Pediatria ................................................................................................................97 Captulo 5 Esquema 5 - Algoritmo de Suporte de Vida Neonatal.......................................................................................................................................... 107

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ndice

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LISTA DE ACRNIMOS

ABC ANPC bpm cpm CAPIC CIAV CODU CODU MAR CVP DAE ERC FC FR FV GEM ILCOR INEM LUCAS NRBQ O2 OVA OVA CE PCR PCR-PH PEM PLS Ps-PCR PSP RCE RCP SAE SaO2 SAV SBV SHEM SIEM SIV SNA SNC

Via Area, Ventilao, Circulao Autoridade Nacional de Proteco Civil Batimentos por minuto Ciclos por minuto Centro de Apoio Psicolgico e Interveno em Crise Centro de Informao Antivenenos Centros de Orientao de Doentes Urgentes Centro de Orientao de Doentes Urgentes Mar Cruz Vermelha Portuguesa Desfibrilhao Automtica Externa European Resuscitation Council Frequncia Cardaca Frequncia Respiratria Fibrilhao Ventricular Gabinete de Emergncia Mdica International Liaison Committee on Resuscitation Instituto Nacional de Emergncia Mdica Sistema de RCP da Universidade de Lund Nuclear, Radiolgico, Biolgico e Qumico Oxignio Obstruo da Via Area Obstruo da Via Area por Corpo Estranho Paragem Cardio-respiratria Paragem Cardio-respiratria - pr hospitalar Posto de Emergncia Mdica Posio Lateral de Segurana Ps-Paragem Cardio-respiratria Policia Segurana Publica Retorno da Circulao Espontnea Reanimao Cardio-Pulmonar Servio de Ambulncias de Emergncia Saturao da hemoglobina no sangue arterial Suporte Avanado de Vida Suporte Bsico de Vida Servio de Helicpteros de Emergncia Mdica Sistema Integrado de Emergncia Mdica Suporte Imediato de Vida Servio Nacional de Ambulncias Sistema Nervoso Central

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Lista de Acrnimos

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SNG SNP SpO2 SU SVP TA TAE TAS UMIPE VA VIC VIH VMER VOS

Sonda Naso-gstrica Sistema Nervoso Perifrico Saturao da hemoglobina medida por oximetria de pulso ou saturao perifrica Servio de urgncia Suporte de Vida Peditrico Tenso Arterial Tcnico de Ambulncia de Emergncia Tripulante de Ambulncia de Socorro Unidades Mveis de Interveno Psicolgica de Emergncia Via Area Viaturas de Interveno em Catstrofe Vrus da Imunodeficincia Humana Viatura Mdica de Emergncia e Reanimao Ver, Ouvir e Sentir

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Lista de Acrnimos

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Lista de Acrnimos

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CAPTULO 1 - SISTEMA INTEGRADO DE EMERGNCIA MDICAOBJECTIVOS

No final desta unidade modular, os formandos devero ser capazes de: 1. Descrever a organizao e o funcionamento do Sistema Integrado de Emergncia Mdica.

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1 - Sistema Integrado de Emergncia Mdica

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1. CONCEITOS E DEFINIES

1.1. Emergncia Mdica

a actividade na rea da sade que abrange tudo o que se passa desde o local onde ocorre uma situao de emergncia at ao momento em que se conclui, no estabelecimento de sade adequado, o tratamento definitivo que aquela situao exige.

1.2. Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM)

Conjunto de aces coordenadas, de mbito extra-hospitalar, hospitalar e inter-hospitalar, que resultam da interveno activa e dinmica dos vrios componentes do sistema de sade nacional, de modo a possibilitar uma actuao rpida, eficaz e com economia de meios em situaes de emergncia mdica. Compreende toda a actividade de urgncia/emergncia, nomeadamente o sistema de socorro pr-hospitalar, o transporte, a recepo hospitalar e a adequada referenciao do doente urgente/emergente.

2. EVOLUO PORTUGAL

DA

EMERGNCIA

MDICA

PR-HOSPITALAR,

em

2.1. O incio do Socorro a Vtimas de Acidente na Via Pblica, em Lisboa. Em 1965 iniciou-se o socorro a vtimas de acidente na via pblica em Lisboa. As ambulncias eram activadas atravs do nmero de telefone 115, a tripulao era constituda por elementos da Polcia de Segurana Pblica (PSP) e o transporte efectuado para o hospital. O servio estendeu-se de seguida s cidades do Porto, Coimbra, Aveiro, Setbal e Faro.

2.2. O Servio Nacional de Ambulncias (SNA) Com o objectivo de assegurar a orientao, a coordenao e a eficincia das actividades respeitantes prestao de primeiros socorros a sinistrados e doentes e ao respectivo transporte foi criado, em 1971, o Servio Nacional de Ambulncias (SNA). Este servio constituiu os chamados Postos de Ambulncia SNA, dotados de ambulncias com

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equipamento sanitrio e de telecomunicaes, sedeadas na PSP (nas cidades de Lisboa, Porto, Coimbra e Setbal), na GNR e em Corporaes de Bombeiros, organizando uma rede que abrangia todo o pas.

2.3. O Gabinete de Emergncia Mdica (GEM) No ano de 1980, aps um ano de trabalho desenvolvido por uma Comisso de Estudo de Emergncia Mdica e que culminou com a apresentao de uma proposta de desenvolvimento de um Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM), foi constitudo o Gabinete de Emergncia Mdica (GEM) que tinha como principal atribuio a elaborao de um projecto de organismo que viesse a desenvolver e coordenar o Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM).

2.4. O Instituto Nacional de Emergncia Mdica (INEM) Como resultado do trabalho desenvolvido pelo GEM, em 1981 foi criado o Instituto Nacional de Emergncia Mdica (INEM) sendo extintos o SNA e o GEM.

O INEM, dispondo partida dos meios de socorro/transporte (instalados pelo SNA na PSP e em Quartis de Bombeiros), das centrais 115 e de uma rede de avisadores SOS colocados em estradas nacionais e, tendo como principal objectivo o desenvolvimento e coordenao do SIEM, reorganiza e desenvolve as Centrais de Emergncia e os Avisadores SOS e remodela os Postos de Ambulncia, estabelecendo acordos com Bombeiros, Polcia e Cruz Vermelha para a constituio de Postos de Emergncia Mdica (PEM) e Postos Reserva.

2.4.1. O Centro de Informao Antivenenos (CIAV) Logo no ano seguinte, o INEM pe em funcionamento na sua sede a primeira Central medicalizada de informao toxicolgica, o Centro de Informao Antivenenos (CIAV). Criado em 16 de Junho de 1982 no INEM, o CIAV teve a sua origem no SOS - Centro Informativo de Intoxicaes, servio privado fundado em 1963 pelo mdico Filipe Vaz, o qual mais tarde viria a ceder toda a documentao deste Centro ao INEM.

2.4.2. O Centro de Formao de Lisboa Nos anos seguintes o INEM pe em funcionamento o Centro de Formao de Lisboa, que tem como finalidade a formao de Mdicos, Enfermeiros, Operadores de Central e Tripulantes de Ambulncia em Tcnicas de Emergncia Mdica.SBV.02.11 1 - Sistema Integrado de Emergncia Mdica 3/115

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Actualmente existem Centros de Formao em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro

2.4.3. Os Centros de Orientao de Doentes Urgentes (CODU) O INEM desenvolve e pe a funcionar em Lisboa, em 1987 o primeiro Centro de Orientao de Doentes Urgentes (CODU), uma nova central medicalizada para atendimento das chamadas de emergncia mdica, triagem telefnica, aconselhamento e accionamento dos meios de emergncia adequados.

Na actualidade existem quatro Centros de Orientao de Doentes Urgentes (CODU), situados em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. Fazem a cobertura de todo o territrio do continente, medicalizando o alerta (os pedidos socorro da rea da Emergncia Mdica feitos atravs do 112, o Nmero Europeu de Emergncia).

2.4.4. O subsistema de Transporte de Recm-Nascidos de Alto Risco Ainda em 1987, com o objectivo de prestar uma melhor e mais adequada assistncia e transporte medicalizado a prematuros e recm-nascidos em risco, para uma unidade de sade com neonatologia, o INEM implementa o subsistema de Transporte de RecmNascidos de Alto Risco.

O INEM mantm este subsistema de assistncia e transporte com a colaborao dos Hospitais Peditricos no Porto e Coimbra, e da Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa, tendo alargado o seu mbito a todos os grupos etrios peditricos.

2.4.5. As Viaturas Mdicas de Emergncia e Reanimao (VMER) Complementando e melhorando a medicalizao do socorro e do transporte, o INEM implementa em 1989 um sistema que consiste na deslocao de uma viatura ligeira com uma equipa mdica e equipamento adequado, Viatura Mdica de Emergncia e Reanimao (VMER) que, sob orientao do CODU Lisboa, no s pode acorrer a situaes de extrema urgncia, no domiclio ou na via pblica, medicalizando o seu transporte, como pode acorrer e apoiar o socorro/transporte de doentes que se desloquem para unidades de Sade em ambulncias de socorro, medicalizando-as.

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Na actualidade, este tipo de socorro medicalizado estende-se a todo o territrio do continente, tambm com colaborao dos Hospitais das reas geogrficas de referncia, com equipas mdicas formadas pelo INEM e coordenadas pelos CODU.

2.4.6. O Centro de Orientao de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR) De modo a permitir o aconselhamento mdico, o eventual accionamento de meios de evacuao e o encaminhamento hospitalar de situaes de emergncia que se verifiquem em inscritos martimos o INEM implementa, em 1989, o Centro de Orientao de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR).

2.4.7. O Servio de Helicpteros de Emergncia Mdica (SHEM) Tendo como objectivo a melhoria da assistncia e do transporte de doentes crticos para as unidades de sade mais adequadas, em Julho de 1997, o INEM implementou o Servio de Helicpteros de Emergncia Mdica (SHEM), colocando em servio dois aparelhos dedicados em exclusivo Emergncia Mdica, o Heli 1 no aerdromo de Tires (em Cascais) e o Heli 2 no aerdromo de Espinho. Actualmente, o Heli 1 est sediado em Salemas e o Heli 2 no Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos.

Estes helicpteros, inicialmente a funcionar apenas durante o perodo diurno, passaram a funcionar 24 horas por dia em Outubro de 2002.

Durante o ano de 2000, em colaborao com o antigo Servio Nacional de Bombeiros, actualmente Autoridade Nacional de Proteco Civil (ANPC), foi iniciado o Helitransporte nocturno de doentes crticos, atravs da medicalizao do Helicptero de Santa Comba Do. Para isso, alm de garantir o material necessrio, o INEM passou a assegurar a presena fsica de uma equipa mdica durante a noite na Base de Santa Comba Do at 2010.

Em Abril de 2010, iniciaram a sua actividade mais 3 helicpteros dedicados em exclusivo Emergncia Mdica: o Heli 3 em Macedo de Cavaleiros, o Heli 4 em Santa Comba Do e o Heli 5 em Loul.

Actualmente, o Servio de Helicpteros de Emergncia Mdica (SHEM) funciona vinte e quatro horas por dia, cobrindo todo o territrio do continente, com 5 aeronaves.

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2.4.8. O Servio de Ambulncias de Emergncia (SAE) Com a mobilizao nacional motivada pela realizao do Campeonato da Europa de Futebol de 2004, o maior evento desportivo at a realizado em Portugal, integrado nos preparativos necessrios para garantir que esse evento viesse a ser um xito e onde o INEM teve um papel preponderante, foi criado o Servio de Ambulncias de Emergncia (SAE), inicialmente em Lisboa e no Porto. Assim, a partir do Euro 2004 o INEM comeou a dispor de ambulncias de Suporte Bsico de Vida (SBV) com a valncia de Desfibrilhao Automtica Externa (DAE), tripuladas por Tcnicos de Ambulncia de Emergncia (TAE), devidamente qualificados.

No mbito do SAE foram ainda implementados, em Lisboa e no Porto, os Motociclos de Emergncia Mdica. Tripulados por um TAE, estes meios permitem um socorro particularmente rpido em situaes onde o intenso trnsito citadino poderia condicionar algum atraso.

A partir de 2007, com o enquadramento proporcionado pela Reestruturao da Rede de Urgncias planeada pelo Ministrio da Sade, o SAE estendeu-se a todo o territrio nacional. Ainda no mbito da Reestruturao da Rede de Urgncias, foram criadas as ambulncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), tripuladas por 1 TAE e 1 Enfermeiro.

2.4.9. O Centro de Apoio Psicolgico e Interveno em Crise (CAPIC) Tambm desde 2004, o INEM dispe de Psiclogos que permitem melhorar a resposta dada em diversas situaes de emergncia. Para atingir este objectivo, foi criado o Centro de Apoio Psicolgico e Interveno em Crise (CAPIC).

Os psiclogos do CAPIC garantem, 24 horas por dia, o apoio psicolgico das chamadas telefnicas recebidas nos CODU que o justifiquem e, atravs das UMIPE (Unidades Mveis de Interveno Psicolgica de Emergncia) podem ser accionados para o local das ocorrncias onde seja necessria a sua presena.

O CAPIC assegura ainda a prestao de apoio psicolgicos aos operacionais do SIEM, em todas as situaes em que estes so confrontados com elevados nveis de stress.

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2.4.10. Outros Meios do INEM

Alm dos servios e dos meios de interveno j referidos, o INEM dispe ainda de vrios meios com capacidade de interveno em situaes excepcionais, nomeadamente catstrofes ou acidentes graves de que resultem vtimas em nmeros elevados.

Entre estes meios podem ser referidas as Viaturas de Interveno em Catstrofe (VIC), as viaturas para interveno em situaes envolvendo agentes NRBQ (Nuclear & Radiolgicos, Biolgicos e Qumicos) e o Hospital de Campanha. As VIC esto sedeadas em cada uma das quatro Delegaes Regionais do INEM (Lisboa, Porto, Coimbra, e Faro) e podem ser accionadas a qualquer momento. Estas viaturas permitem a montagem de Postos Mdicos Avanados, melhorando as condies em que as equipas dos vrios meios de socorro intervm e permitindo a prestao de melhores cuidados de Emergncia no local das ocorrncias.

As viaturas NRBQ dispem dos equipamentos adequados interveno em situaes envolvendo radioactividade, agentes biolgicos ou agentes qumicos.

O Hospital de Campanha garante ao INEM a capacidade de montar rapidamente uma estrutura provisria de tipo hospitalar que permite receber, assistir e, se necessrio, manter em regime de internamento um nmero considervel de doentes. Constitudo por vrios mdulos que permitem dimensionar o Hospital de Campanha em funo de necessidades especficas, alm de vrias enfermarias, dispe de um Bloco Operatrio e uma Unidade de Cuidados Intensivos e capacidade para realizao de vrias anlises e radiografias.

3. FASES DO SIEMTendo como base o smbolo da Estrela da Vida, a cada uma das suas hastes corresponde uma fase do SIEM.

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Captulo 1. Figura 1 - Estrela da Vida com as diversas fases do SIEM

3.1. Deteco Corresponde ao momento em que algum se apercebe da existncia de uma ou mais vtimas de doena sbita ou acidente.

3.2. Alerta a fase em que se contactam os servios de emergncia, utilizando o Nmero Europeu de Emergncia - 112.

3.3. Pr-socorro Conjunto de gestos simples que podem e devem ser efectuados at chegada do socorro.

3.4. Socorro Corresponde aos cuidados de emergncia iniciais efectuados s vtimas de doena sbita ou de acidente, com o objectivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.

3.5. Transporte Consiste no transporte assistido da vtima numa ambulncia com caractersticas, tripulao e carga bem definidas, desde o local da ocorrncia at unidade de sade adequada, garantindo a continuao dos cuidados de emergncia necessrios.

3.6. Tratamento na Unidade de Sade

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Esta fase corresponde ao tratamento no servio de sade mais adequado ao estado clnico da vtima. Em alguns casos excepcionais, pode ser necessria a interveno inicial de um estabelecimento de sade onde so prestados cuidados imprescindveis para a estabilizao da vtima, com o objectivo de garantir um transporte mais seguro para um hospital mais diferenciado e/ou mais adequado situao.

4. INTERVENIENTES NO SIEM

So intervenientes no sistema: O pblico; Operadores das Centrais de Emergncia 112; Tcnicos dos CODU; Agentes da autoridade; Bombeiros; Tripulantes de ambulncia; Tcnicos de Ambulncia de Emergncia; Mdicos e enfermeiros; Pessoal tcnico hospitalar; Pessoal tcnico de telecomunicaes e de informtica.

5. ORGANIZAO DO SIEM

A capacidade de resposta adequada, eficaz e em tempo oportuno dos sistemas de emergncia mdica, s situaes de emergncia, um pressuposto essencial para o funcionamento da cadeia de sobrevivncia (Captulo 2).

5.1. O INEM

O INEM - Instituto Nacional de Emergncia Mdica, o organismo do Ministrio da Sade ao qual cabe coordenar o funcionamento do Sistema Integrado de Emergncia Mdica (SIEM), no territrio de Portugal Continental, de forma a garantir s vtimas em situao de

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emergncia a pronta e correcta prestao de cuidados de sade. A prestao de socorros no local da ocorrncia, o transporte assistido das vtimas para o hospital adequado e a articulao entre os vrios intervenientes no SIEM (hospitais, bombeiros, polcia, etc.), so as principais tarefas do INEM.

A organizao da resposta emergncia, fundamental para a cadeia de sobrevivncia, simboliza-se pelo Nmero Europeu de Emergncia - 112 e implica, a par do reconhecimento da situao e da concretizao de um pedido de ajuda imediato, a existncia de meios de comunicao e equipamentos necessrios para uma capacidade de resposta pronta e adequada.

O INEM, atravs do Nmero Europeu de Emergncia - 112, dispe de vrios meios para responder com eficcia, a qualquer hora, a situaes de emergncia mdica.

As chamadas de emergncia efectuadas atravs do nmero 112 so atendidas em Centrais de Emergncia da PSP. Actualmente, no territrio de Portugal Continental, as chamadas que dizem respeito a situaes de sade so encaminhadas para os CODU do INEM em funcionamento em Lisboa, Porto, Coimbra, e Faro.

5.2. CODU

Compete aos CODU atender e avaliar no mais curto espao de tempo os pedidos de socorro recebidos, com o objectivo de determinar os recursos necessrios e adequados a cada caso. O funcionamento dos CODU assegurado em permanncia por mdicos e tcnicos, com formao especfica para efectuar: O atendimento e triagem dos pedidos de socorro; O aconselhamento de pr-socorro, sempre que indicado; A seleco e accionamento dos meios de socorro adequados; O acompanhamento das equipas de socorro no terreno; O contacto com as unidades de sade, preparando a recepo hospitalar dos doentes.

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Em caso de acidente ou doena sbita ligue, a qualquer hora, 112. A sua colaborao fundamental para permitir um rpido e eficaz socorro s vtimas, pelo que fundamental que faculte toda a informao que lhe seja solicitada.

Ao ligar 112 dever estar preparado para informar: A localizao exacta da ocorrncia e pontos de referncia do local, para facilitar a chegada dos meios de socorro; O nmero de telefone de contacto; O que aconteceu (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito etc.); O nmero de pessoas que precisam de ajuda; Condio em que se encontra(m) a(s) vtima(s); Se j foi feita alguma coisa (ex. controlo de hemorragia); Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vtima sofre de alguma doena ou se as vtimas de um acidente esto encarceradas).

Ao ligar 112, esteja preparado para responder a: O Qu? Onde? Como? Quem?

Siga sempre as instrues que lhe derem, elas constituem o pr-socorro e so fundamentais para ajudar a(s) vtima(s). Desligue apenas o telefone quando lhe for indicado e esteja preparado para ser contactado posteriormente para algum esclarecimento adicional.

Os CODU tm sua disposio diversos meios de comunicao e de actuao no terreno, como sejam as Ambulncias INEM, os Motociclos de Emergncia, as VMER e os Helicpteros de Emergncia Mdica. Atravs da criteriosa utilizao dos meios de telecomunicaes ao seu dispor, tm capacidade para accionar os diferentes meios de socorro, apoi-los durante a prestao de socorro no local das ocorrncias e, de acordo com as informaes clnicas recebidas das equipas no terreno, seleccionar e preparar a recepo hospitalar dos diferentes doentes.

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5.3. AMBULNCIAS

As ambulncias de socorro coordenadas pelos CODU esto localizadas em vrios pontos do pas, associadas s diversas delegaes do INEM, sedeadas em Corpos de Bombeiros ou nas Delegaes da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). A maior parte das Corporaes de Bombeiros estabeleceu com o INEM protocolos para se constiturem como Postos de Emergncia Mdica (PEM) ou Postos Reserva. Muitas das Delegaes da CVP so Postos Reserva.

As Ambulncias dos Postos de Emergncia Mdica (PEM) so ambulncias de socorro do INEM, colocadas em corpos de Bombeiros com os quais o INEM celebrou protocolos, destinadas estabilizao e transporte de doentes que necessitem de assistncia durante o transporte, cuja tripulao e equipamento permitem a aplicao de medidas de Suporte Bsico de Vida. A tripulao constituda por dois elementos da corporao e, pelo menos um deles deve estar habilitado com o Curso de TAS (Tripulante de Ambulncia de Socorro). O outro tripulante, no mnimo, deve estar habilitado com o Curso de TAT (Tripulante de Ambulncia de Transporte).

As Ambulncias SBV do INEM so ambulncias de socorro, igualmente destinadas estabilizao e transporte de doentes que necessitem de assistncia durante o transporte, cuja tripulao e equipamento permitem a aplicao de medidas de Suporte Bsico de Vida e Desfibrilhao Automtica Externa. So tripuladas por 2 TAE do INEM, devidamente habilitados com os Cursos de TAS (Tripulante de Ambulncia de Socorro), Conduo de Emergncia e DAE (Desfibrilhao Automtica Externa).

As Ambulncias SIV do INEM constituem um meio de socorro em que, alm do descrito para as SBV, h possibilidade de administrao de frmacos e realizao de actos teraputicos invasivos, mediante protocolos aplicados sobre superviso mdica. So tripuladas por 1 TAE e 1 Enfermeiro do INEM, devidamente habilitados. Actuam na dependncia directa dos CODU, e esto localizadas em unidades de sade. Tm como principal objectivo a estabilizao pr-hospitalar e o acompanhamento durante o transporte de vtimas de acidente ou doena sbita em situaes de emergncia.

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5.4. MOTAS

As Motas de Emergncia, tripuladas por um TAE, graas sua agilidade no meio do trnsito citadino, permitem a chegada mais rpida do primeiro socorro junto de quem dele necessita. Reside aqui a sua principal vantagem relativamente aos meios de socorro tradicionais. Naturalmente limitada em termos de material a deslocar, a carga da moto inclui Desfibrilhador Automtico Externo, oxignio, adjuvantes da via area e ventilao, equipamento para avaliao de sinais vitais e glicemia capilar entre outros. Tudo isto permite ao TAE a adopo das medidas iniciais, necessrias estabilizao da vtima at que estejam reunidas as condies ideais para o seu eventual transporte.

5.5. UMIPE

As Unidades Mveis de Interveno Psicolgica de Emergncia (UMIPE) so veculos de interveno concebidos para transportar um psiclogo do INEM para junto de quem necessita de apoio psicolgico, como por exemplo, sobreviventes de acidentes graves, menores no acompanhados ou familiares de vtimas de acidente ou doena sbita fatal. conduzida por um elemento com formao em conduo de veculos de emergncia. Actuam na dependncia directa dos CODU, tendo por base as Delegaes Regionais.

5.6. VMER

As Viaturas Mdicas de Emergncia e Reanimao (VMER) so veculos de interveno pr-hospitalar, concebidos para o transporte de uma equipa mdica ao local onde se encontra o doente. Com equipas constitudas por um mdico e um enfermeiro, dispem de equipamento para Suporte Avanado de Vida em situaes do foro mdico ou traumatolgico.

Actuam na dependncia directa dos CODU, tendo uma base hospitalar, isto , esto localizadas num hospital. Tm como principal objectivo a estabilizao pr-hospitalar e o acompanhamento mdico durante o transporte de vtimas de acidente ou doena sbita em situaes de emergncia.

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5.7. HELICPTEROS

Os Helicpteros de Emergncia Mdica do INEM so utilizados no transporte de doentes graves entre unidades de sade ou entre o local da ocorrncia e a unidade de sade. Esto equipados com material de Suporte Avanado de Vida, sendo a tripulao composta por um mdico, um enfermeiro e dois pilotos.

Os CODU coordenam: Ambulncias de socorro dos Bombeiros e da CVP; Ambulncias SBV e SIV do INEM; Motociclos de Emergncia; UMIPE; VMER; Helicpteros.

O INEM presta tambm orientao e apoio noutros campos da emergncia tendo, para tal, criado vrios sub-sistemas:

5.8. CODU MAR

O Centro de Orientao de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR) tem por misso prestar aconselhamento mdico a situaes de emergncia que se verifiquem em inscritos martimos. Se necessrio, o CODU MAR pode accionar a evacuao do doente e organizar o acolhimento em terra e posterior encaminhamento para o servio hospitalar adequado.

5.9. CIAV

O Centro de Informao Antivenenos (CIAV) um centro mdico de informao toxicolgica. Presta informaes referentes ao diagnstico, quadro clnico, toxicidade, teraputica e prognstico da exposio a txicos em intoxicaes agudas ou crnicas

O CIAV presta um servio nacional, cobrindo a totalidade do pas. Tem disponveis mdicos especializados, 24 horas por dia, que atendem consultas de mdicos, outros profissionais de sade e do pblico em geral.14/115 1- Sistema Integrado de Emergncia Mdica SBV.02.11

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Em caso de intoxicao ligue: CIAV 808 250 143

5.10.

Transporte de Recm-Nascidos e Pediatria de Alto Risco

O Subsistema de Transporte de Recm-Nascidos de Alto Risco um servio de transporte inter-hospitalar de emergncia, permitindo o transporte e estabilizao de bebs prematuros, recm-nascidos e crianas em situao de risco de vida, para hospitais com Unidades de Neonatologia, Cuidados Intensivos Peditricos e/ou determinadas

especialidades ou valncias.

As ambulncias deste Subsistema dispem de um Mdico especialista, um Enfermeiro e um TAE, estando dotadas com todos os equipamentos necessrios para estabilizar e transportar os doentes peditricos.

Em 2010 foi concludo o processo de alargamento do mbito deste servio ao transporte de todos os grupos etrios peditricos. Este servio funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano.

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TPICOS A RETER fundamental saber ligar 112 e dar a informao correcta e adequada; Todos ns somos intervenientes no SIEM; Actualmente o INEM atravs dos CODU e dos seus meios cobre a totalidade do territrio continental.

Para mais informaes: www.inem.pt

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CAPTULO 2 - SUPORTE BSICO DE VIDA NO ADULTOOBJECTIVOS

No final desta unidade modular, os formandos devero ser capazes de: 1. Descrever os elos da Cadeia de Sobrevivncia; 2. Reconhecer a importncia de cada um dos elos desta cadeia; 3. Identificar as principais causas de Paragem Cardio-Respiratria (PCR); 4. Listar e descrever as tcnicas de reanimao em vtima adulta de acordo com o algoritmo; 5. Listar e descrever os passos para colocar a vtima em Posio Lateral de Segurana (PLS); 6. Reconhecer a obstruo da via area no adulto; 7. Listar e descrever a sequncia de procedimentos adequada desobstruo da via area no adulto.

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INTRODUO

- Emergncia mdica, boa tarde. - Mande-me uma ambulncia, rpido! O meu vizinho acabou de desmaiar e est a ficar roxo!

- Ele respira? - Acho que no. Depressa! Querem deixar o homem morrer?

- A ambulncia vai j a caminho, bem como uma equipa mdica. Quer fazer alguma coisa para ajudar a salvar o seu vizinho? Sabe fazer suporte bsico de vida?

- Eu j lhe disse que o que quero uma ambulncia......

Quando surge uma paragem cardaca e/ou respiratria as hipteses de sobrevivncia para a vtima variam em funo do tempo de interveno. A medicina actual tem recursos que permitem recuperar para a vida activa, vtimas de paragem cardaca e respiratria desde que sejam assegurados os procedimentos adequados em tempo oportuno. Se o episdio ocorrer num estabelecimento de sade, em princpio, sero iniciadas de imediato manobras de suporte bsico e avanado de vida, pelo que existe uma maior probabilidade de sucesso.

No entanto, a grande maioria das paragens Cardio-Respiratrias ocorre fora de qualquer estabelecimento de sade. No mercado, no caf, em casa, no centro comercial ou no meio de uma estrada. Na sequncia de um acidente ou de uma doena sbita. A probabilidade de sobrevivncia e recuperao nestas situaes depende da capacidade de quem presencia o acontecimento saber quando e como pedir ajuda, e iniciar de imediato Suporte Bsico de Vida (SBV).

A chegada de um meio de socorro ao local, ainda que muito rpida pode demorar tanto como... 6 minutos! As hipteses de sobrevivncia da vtima tero cado de 98% para...11% se os elementos que presenciaram a situao no souberem actuar em conformidade.

Em condies ideais, todo o cidado devia estar preparado para saber fazer SBV.

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1. A CADEIA DE SOBREVIVNCIA

luz do conhecimento actual, considera-se que h trs atitudes que modificam os resultados no socorro s vtimas de paragem cardio-respiratria: Pedir ajuda accionando de imediato o sistema de emergncia mdica; Iniciar de imediato manobras de SBV de qualidade; Aceder desfibrilhao to precocemente quanto possvel, sempre que indicado.

Estes procedimentos sucedem-se de uma forma encadeada e constituem uma cadeia de atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim o conceito de Cadeia de Sobrevivncia composta por quatro elos, ou aces, em que o funcionamento adequado de cada elo e a articulao eficaz entre todos eles vital para que o resultado final possa ser uma vida salva.

Os quatro elos da cadeia de sobrevivncia da vtima adulta so: 1. Pronto reconhecimento e pedido de ajuda (112), para prevenir a PCR; 2. SBV precoce e de qualidade, para ganhar tempo; 3. Desfibrilhao precoce, para restabelecer a actividade elctrica do corao; 4. Cuidados ps-reanimao (SAV), para melhorar qualidade de vida.

Captulo 2. Figura 2. Cadeia de sobrevivncia da vtima adulta

1.1.

Acesso Precoce

O rpido acesso ao sistema de emergncia mdica assegura o incio da cadeia de sobrevivncia. Cada minuto sem chamar socorro reduz as possibilidades de sobrevivncia.

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Para o funcionamento adequado deste elo fundamental que quem presencia uma determinada ocorrncia seja capaz de reconhecer a gravidade da situao e saiba activar o sistema de emergncia, ligando adequadamente 112. A incapacidade de adoptar estes procedimentos significa falta de formao. A conscincia de que estes procedimentos podem salvar vidas humanas deve ser incorporada o mais cedo possvel na vida de cada cidado.

1.2.

SBV Precoce

Para que uma vtima em perigo de vida tenha maiores hipteses de sobrevivncia fundamental que sejam iniciadas de imediato, no local onde ocorreu a situao, manobras de reanimao. Isto s se consegue se quem presencia a situao tiver a capacidade de iniciar o Suporte Bsico de Vida.

O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma circulao e alguma ventilao at chegada de socorro mais diferenciado, capaz de instituir procedimentos de Suporte Avanado de Vida.

Desfibrilhao Precoce A maioria das paragens Cardio-Respiratria no adulto ocorre devido a uma perturbao do ritmo cardaco a que se chama Fibrilhao Ventricular (FV). Esta perturbao do ritmo cardaco caracteriza-se por uma actividade elctrica catica de todo o corao, em que no h contraco do msculo cardaco e, portanto, no bombeado sangue para os tecidos.

O nico tratamento eficaz para esta arritmia a desfibrilhao, que consiste na aplicao de um choque elctrico, externamente a nvel do trax da vtima, para que, ao atravessar o corao, possa parar a actividade catica que este apresenta.

Tambm este elo da cadeia deve ser o mais precoce possvel porque a probabilidade de conseguir tratar a FV com sucesso depende do tempo. A desfibrilhao logo no 1 minuto em que se instala a FV pode ter uma taxa de sucesso prxima dos 100 % mas ao fim de 8 - 10 minutos a probabilidade de sucesso quase nula.

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1.3.

Cuidados ps-reanimao (SAV)

Este elo da cadeia uma mais-valia. Nem sempre a desfibrilhao por si s eficaz para recuperar a vtima ou, por vezes, pode mesmo no estar indicada. O SAV permite conseguir uma ventilao mais eficaz (atravs da entubao traqueal) e uma circulao tambm mais eficaz (atravs da administrao de frmacos). Idealmente dever ser iniciado ainda na fase pr-hospitalar e continuado no hospital, permitindo a estabilizao das vtimas de PCR que foram reanimadas para melhorar a sua qualidade de vida.

Recomenda-se que os operadores dos CODU sejam treinados para colher informao, com protocolos especficos, a quem pede ajuda. As questes formuladas para obter informao devem esclarecer se a vtima responde e como est a respirao. Na ausncia de respirao, ou se a vitima no responde e no respira normalmente, deve ser activado o socorro, por suspeita de PCR.

A cadeia de sobrevivncia representa simbolicamente o conjunto de procedimentos que permitem salvar vtimas de paragem cardio-respiratria. Para que o resultado final possa ser, efectivamente, uma vida salva, cada um dos elos da cadeia vital e todos devem ter a mesma fora. Todos os elos da cadeia so igualmente importantes: de nada serve ter o melhor SAV se quem presencia a PCR no sabe ligar 112.

Quando sujeitas a situaes de presso as cadeias partem pelo elo mais fraco. A paragem cardaca a mais emergente das situaes com que se defrontam os profissionais de sade. O acontecimento geralmente inesperado e o sucesso do tratamento exige rapidez e coordenao. Nesta situao, a cadeia de sobrevivncia, como todas as cadeias, partir pelo seu elo mais fraco.

Em resumo: O bom funcionamento da cadeia de sobrevivncia permite salvar vidas em risco. Todos os elos da cadeia de sobrevivncia so igualmente importantes. A cadeia de sobrevivncia tem apenas a fora que tiver o seu elo mais fraco.

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2. RISCOS PARA O REANIMADOR

Por vezes, o desejo de ajudar algum que nos parece estar em perigo de vida pode levarnos a ignorar os riscos que podemos correr. Se no forem garantidas as condies de segurana antes de se abordar uma vtima poder, em casos extremos, ocorrer a morte da vtima e do reanimador.

Existe uma regra bsica que nunca deve ser esquecida: o reanimador no deve expor-se a si, nem a terceiros, a riscos que possam comprometer a sua integridade fsica.

Antes de se aproximar de algum que possa eventualmente estar em perigo de vida, o reanimador deve assegurar primeiro que no ir correr nenhum risco: Ambiental choque elctrico, derrocadas, exploso, trfego, etc. Toxicolgico exposio a gs, fumo, txicos, etc; Infeccioso tuberculose, hepatite, HIV, etc.

Na maioria das vezes, uma avaliao adequada e um mnimo de cuidado so suficientes para garantir as condies de segurana necessrias.

Se pra numa estrada para socorrer algum, vtima de um acidente de viao deve: Posicionar o seu carro para que este o proteja funcionando como escudo, isto , antes do acidente no sentido no qual este ocorreu; Sinalizar o local com tringulo de sinalizao distncia adequada; Ligar as luzes de presena ou emergncia; Usar roupa clara para que possa mais facilmente ser visvel; Desligar o motor para diminuir a probabilidade de incndio.

Estas medidas, simples, so em princpio suficientes para garantir as condies de segurana.

No caso de detectar a presena de produtos qumicos ou matrias perigosas fundamental evitar o contacto com essas substncias sem luvas e no inalar vapores libertados pelas mesmas.

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Nas situaes em que a vtima sofre uma intoxicao podem existir riscos acrescidos para quem socorre, nomeadamente no caso de intoxicao por fumos ou gases txicos (como os cianetos ou o cido sulfrico). Para o socorro da vtima de intoxicao importante identificar o produto bem como a sua forma de apresentao (em p, lquida ou gasosa) e contactar o CIAV para uma informao especializada, nomeadamente sobre possveis antdotos.

Em caso de intoxicao por produtos gasosos fundamental no se expor aos vapores libertados, que nunca devem ser inalados. O local onde a vtima se encontra dever ser arejado ou, na impossibilidade de o conseguir, a vtima dever ser retirada do local.

Nas situaes em que o txico corrosivo (cidos ou bases fortes) ou em que pode ser absorvido pela pele, como os organofosforados (exemplo: 605 Forte), mandatrio, alm de arejar o local, usar luvas e roupa de proteco para evitar qualquer contacto com o produto, bem como mscaras para evitar a inalao.

Se houver necessidade de ventilar a vtima com ar expirado dever ser sempre usada mscara ou outro dispositivo com vlvula unidireccional, para no expor o reanimador ao ar expirado da vtima. Nunca efectuar ventilao boca-a-boca.

Em resumo: Ao socorrer vtimas em que possa ter ocorrido uma intoxicao dever cumprir rigorosamente as medidas universais de proteco, isto , usar luvas, bata, mscaras e culos (ou mscara com viseira).

A possibilidade de transmisso de infeces entre a vtima e o reanimador tem sido alvo de grande preocupao, sobretudo mais recentemente, com o receio da contaminao pelos vrus da hepatite B ou C e pelo VIH. No existe, no entanto, qualquer registo de transmisso destes vrus durante a realizao de ventilao boca-a-boca. A transmisso de qualquer um dos vrus, mesmo no caso de contacto com saliva, altamente improvvel, a no ser no caso de a saliva estar contaminada com sangue.

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O sangue o principal veculo de contgio, em relao ao qual devem ser adoptadas todas as medidas universais de proteco. So igualmente importantes medidas de proteco em relao ao contacto com fluidos orgnicos (como o smen ou secrees vaginais, lquidos amnitico, pleural, peritoneal ou cefaloraquidiano). No se consideram necessrias as mesmas medidas de proteco em relao a fluidos orgnicos como a saliva, secrees brnquicas, suor, vmito, fezes ou urina, na ausncia de contaminao com sangue.

Esto descritos alguns casos de transmisso de infeces durante a realizao de ventilao boca-a-boca (nomeadamente casos de tuberculose cutnea, meningite meningoccica, herpes simplex e salmonelose). No entanto, a frequncia de ocorrncia destes casos baixa.

Existe um risco pequeno de infeco por picada com agulha contaminada, pelo que necessrio adoptar medidas cuidadosas no manuseio de objectos cortantes ou picantes os quais devem imediatamente ser colocados em contentores apropriados.

Em resumo: Podemos dizer que, embora a ventilao boca-a-boca parea segura, recomendvel a utilizao de mtodos de interposio sobretudo nos casos em que a vtima tem sangue na saliva; Um leno uma proteco ineficaz e pode, inclusivamente, aumentar o risco de infeco; O sangue o principal veculo de contaminao pelo que devem ser adoptados cuidados redobrados, sobretudo com os salpicos de sangue, utilizando roupa de proteco adequada, luvas e proteco para os olhos.

2.1.

Treino de SBV em Manequins

A correcta formao em SBV implica o treino em manequins pelo que surgiu a preocupao com o eventual risco de transmisso de infeces durante o treino. O risco de transmisso de infeces nestas circunstncias extremamente baixo. No existe qualquer registo de que alguma vez tenha ocorrido uma infeco associada ao treino de SBV em manequins (mais de 70 milhes de pessoas s nos EUA).24/115 2 Suporte Bsico de Vida SBV.02.11

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No caso de no serem utilizadas mscaras individuais, as superfcies dos manequins so desinfectadas com um produto apropriado que minimiza o risco de transmisso de vrus, bactrias ou fungos entre os praticantes.

3. SBV NO ADULTO

Nos pases ocidentais umas das principais causas de morte so as doenas cardiovasculares. A maioria destas mortes (cerca de 2/3) ocorre fora do ambiente hospitalar.

No obstante o desenvolvimento tecnolgico nos ltimos anos, o aperfeioamento das tcnicas de reanimao, a formao em Suporte Bsico e Avanado de Vida e a criao de sistemas organizados de emergncia mdica, morrem anualmente em todo o mundo milhes de pessoas por ausncia, atraso ou insucesso das manobras de SBV. O objectivo da RCP recuperar vtimas de paragem cardio-respiratria, para uma vida comparvel que tinham previamente ao acontecimento. O sucesso das manobras de RCP est condicionado pelo tempo, pelo que quanto mais precocemente se iniciar o SBV maior a probabilidade de sucesso. Se a falncia circulatria durar mais de 3 - 4 minutos vo surgir leses cerebrais, que podero ser irreversveis. Qualquer atraso no incio de SBV reduz as hipteses de sucesso.

O Suporte Bsico de Vida um conjunto de procedimentos bem definidos e com metodologias padronizadas, que tem como objectivo reconhecer as situaes de perigo de vida iminente, saber como e quando pedir ajuda e saber iniciar de imediato, sem recurso a qualquer dispositivo, manobras que contribuam para a preservao da ventilao e da circulao de modo a manter a vtima vivel at que possa ser institudo o tratamento mdico adequado e, eventualmente, se restabelea o normal funcionamento respiratrio e cardaco.

As manobras de SBV no so, por si s, suficientes para recuperar a maior parte das vtimas de paragem cardio-respiratria.

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O SBV destina-se a ganhar tempo, mantendo parte das funes vitais at chegada do Suporte Avanado de Vida. No entanto, em algumas situaes em que a falncia respiratria foi a causa primria da paragem cardio-respiratria, o SBV poder reverter a causa e conseguir uma recuperao total.

O Suporte Avanado de Vida (SAV), executado por equipas mdicas diferenciadas, implica a utilizao de frmacos, ventilao por entubao traqueal, monitorizao cardaca e desfibrilhao elctrica.

Como referido anteriormente o conceito de SBV implica que seja praticado sem recurso a qualquer equipamento especfico.

3.1.

Etapas e Procedimentos

O SBV inclui as seguintes etapas: Avaliao inicial; Manuteno de via area permevel; Compresses torcicas e ventilao com ar expirado.

A sequncia de procedimentos, aps a avaliao inicial, segue as etapas ABC, com as iniciais a resultarem dos termos ingleses Airway, Breathing e Circulation: A - Via Area (Airway); B - Ventilao (Breathing); C - Circulao (Circulation).

Como em qualquer outra situao, deve comear por avaliar as condies de segurana antes de abordar a vtima.

Como referido anteriormente, o conceito de SBV implica que seja praticado sem recurso a qualquer equipamento especfico. A utilizao de algum equipamento para permeabilizar a via area (exemplo: tubo orofarngeo) ou de mscara facial para as insuflaes ou

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ventilao com ar expirado (exemplo: mscara de bolso) implica a designao de SBV com adjuvantes de via area.

3.1.1. POSICIONAMENTO DA VTIMA E DO REANIMADOR As manobras de SBV devem ser executadas com a vtima em decbito dorsal, no cho ou num plano duro.

Se a vtima se encontrar, por exemplo, numa cama, as manobras de SBV, principalmente as compresses torcicas, no sero eficazes uma vez que a fora exercida ser absorvida pelas molas ou espuma do prprio colcho. Se a vtima se encontrar em decbito ventral, se possvel, deve ser rodada em bloco, isto , mantendo o alinhamento da cabea, pescoo e tronco.

O reanimador deve posicionar-se junto da vtima para que, se for necessrio, possa fazer insuflaes e compresses sem ter que fazer grandes deslocaes.

3.1.2. SEQUNCIAS DE ACES A avaliao inicial consiste em: Avaliar as condies de segurana no local; Avaliar se a vtima responde;

Depois de assegurar que esto garantidas as condies de segurana, aproxime-se da vtima e pergunte em voz alta Est bem? Sente-se bem?, enquanto a estimula batendo suavemente nos ombros.Est bem? Sente-se bem?

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Captulo 2. Figura 3. Avaliao do estado de conscincia.

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Se a vtima responder, pergunte o que se passou, se tem alguma queixa, procure ver se existem sinais de ferimentos e, se necessrio, v pedir ajuda, ligando 112. Desde que isso no represente perigo acrescido, deixe-a na posio em que a encontrou;

Se a vtima no responder, e estiver sozinho pea ajuda gritando em voz alta Preciso de ajuda! Est aqui uma pessoa desmaiada!. No abandone a vtima e prossiga com a avaliao. Se houver outro reanimador, informe-o e prossiga a avaliao;

AJUDA! Est aqui uma pessoa desmaiada!

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Captulo 2. Figura 4. Primeiro pedido de ajuda.

A etapa seguinte a via area - A. Pelo facto da vtima se encontrar inconsciente, o relaxamento do palato mole e da epiglote pode causar obstruo da via area (OVA). Este mecanismo a causa mais frequente de obstruo da via area num adulto inconsciente. A OVA pode acontecer tambm por corpos estranhos (vmito, sangue, dentes partidos ou prteses dentrias soltas podem estar na origem da obstruo).

Assim, importante proceder permeabilizao da via area: Desaperte a roupa volta do pescoo da vtima e exponha o trax; Se visualizar corpos estranhos na boca (comida, prteses dentrias soltas, secrees) deve remov-los. No deve perder tempo a inspeccionar a cavidade oral; Coloque a palma de uma mo na testa da vtima e os dedos indicador e mdio da outra mo no bordo do maxilar inferior; Efectue simultaneamente a extenso da cabea (inclinao da cabea para trs) e elevao do mento (ou queixo).

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As prteses dentrias bem fixas no devem ser removidas.

NOTA: Ao efectuar a elevao do mento no comprima as partes moles, devendo colocar os dedos apenas na parte ssea (no maxilar inferior).

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Captulo 2. Figura 5. Extenso da cabea e elevao do queixo.

Se existir a suspeita de traumatismo da coluna cervical no deve ser feita a extenso da cabea. Vrias situaes podem causar traumatismo da coluna cervical, nomeadamente: acidentes de viao, quedas, acidentes de mergulho ou agresso por arma de fogo. Nestes casos a permeabilizao da via area deve ser feita apenas por tcnicos devidamente credenciados, pelo que deve ligar 112.

Aps ter efectuado a permeabilizao da via area passe avaliao da existncia de Ventilao (respirao) - B

Para verificar se respira normalmente deve manter a permeabilidade da via area, aproximar a sua face da face da vtima olhando para o trax e: VER - se existem movimentos torcicos; OUVIR - se existem rudos de sada de ar pela boca ou nariz da vtima; SENTIR - na sua face se h sada de ar pela boca ou nariz da vtima;

Dever Ver, Ouvir e Sentir (VOS) at 10 segundos.

Aquando da avaliao do VOS deve procurar a existncia de movimentos respiratrios normais, isto , observar o trax elevar e baixar ciclicamente, como numa respirao normal.SBV.02.11 2 Suporte Bsico de Vida 29/115

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Algumas vtimas podem apresentar movimentos respiratrios ineficazes conhecidos por gasping ou respirao agnica que no devem ser confundidos com respirao normal. Estes movimentos correspondem a uma fase transitria e precedem a PCR.

Durante a avaliao da vtima inconsciente, a ausncia de respirao normal, ou a presena de gasping, so considerados sinais de PCR.

Se a vtima respira normalmente e no existe suspeita de traumatismo da coluna cervical dever ser colocada em Posio Lateral de Segurana (PLS). Aps a colocao em PLS dever ir pedir ajuda e regressar para junto da vtima reavaliando-a frequentemente; (A tcnica para colocao em PLS ser descrita mais frente.)

Se a vtima no respira normalmente, deve ser activado de imediato o sistema de emergncia mdica, ligando 112;

Captulo 2. Figura 6. Activao do sistema de emergncia.

Se estiver sozinho, aps verificar que a vtima no respira, ter de abandon-la para efectuar o pedido de ajuda diferenciada, ligando 112. Ao faz-lo, deve informar que se encontra com uma vtima inconsciente que no respira normalmente, fornecendo o local exacto onde se encontra.

Se estiver algum junto de si deve pedir a essa pessoa que ligue 112, dizendo-lhe, se necessrio, como dever proceder (isto , deve dizer que a vtima est inconsciente e no respira normalmente) e fornecer o local exacto onde se encontra, e que no fim da ligao regresse novamente. Enquanto o segundo elemento vai efectuar o pedido de ajuda diferenciada, o primeiro inicia de imediato as compresses torcicas.30/115 2 Suporte Bsico de Vida SBV.02.11

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Este pedido de ajuda diferenciada extremamente importante para que a vtima possa ter desfibrilhao e/ou SAV o mais rpido possvel, j que improvvel que a vtima recupere apenas com manobras de SBV. Como foi referido anteriormente a causa mais frequente de PCR, num adulto, de origem cardaca, habitualmente devido a uma perturbao do ritmo cardaco Fibrilhao Ventricular, cujo nico tratamento a desfibrilhao.

Para iniciar compresses torcicas a vtima deve estar em decbito dorsal sobre uma superfcie rgida com a cabea no mesmo plano do resto do corpo: Ajoelhe-se junto vtima; Coloque a base de uma mo no centro do trax da vtima (na metade inferior do esterno); Coloque a outra mo sobre esta; Entrelace os dedos e levante-os, ficando apenas a base de uma mo sobre o esterno, e de forma a no exercer qualquer presso sobre as costelas; Mantenha os braos esticados e, sem flectir os cotovelos, posicione-se de forma que os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno da vtima;

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Captulo 2. Figura 7. Posicionamento / compresses torcicas.

Pressione verticalmente sobre o esterno, de modo a que este baixe pelo menos 5 cm (no mximo 6 cm);

Alivie a presso, de forma que o trax possa descomprimir totalmente, mas sem perder o contacto da mo com o esterno;

Repita o movimento de compresso e descompresso de forma a obter uma frequncia de pelo menos 100/min (no mximo 120/min);

Recomenda-se que comprima com fora e rapidez.

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O gesto de compresso deve ser firme, controlado e executado na vertical. Os perodos de compresso e descompresso devem ter a mesma durao. til contar em voz alta 1 e 2 e 3 e 4 e 5 e... e 29 e 1 de forma a conseguir manter um ritmo adequado, ter a noo do nmero de ciclos (logo do tempo decorrido desde o incio) bem como a coordenao com o outro reanimador (quando estiver presente).

Para iniciar a sincronizao das compresses com insuflaes: Ao fim de 30 compresses, permeabilize a via area (extenso da cabea e elevao do mento); Efectue 2 insuflaes, que devero demorar cerca de 1 segundo cada. As insuflaes devem fazer elevar a caixa torcica; no entanto, se no for o caso no deve repeti-las; Reposicione as mos sem demoras na correcta posio sobre o esterno e efectue mais 30 compresses torcicas; Mantenha as compresses torcicas e insuflaes numa relao de 30:2.

Captulo 2. Figura 8. Colocao da mscara de bolso (pocket mask) / Ventilao boca-mscara.

Se as insuflaes iniciais no promoverem uma elevao da caixa torcica, ento na prxima tentativa deve: 32/115

Observar a cavidade oral e remover qualquer obstruo visvel; Confirmar que est a ser efectuada uma correcta permeabilizao da via area; Efectuar 2 insuflaes antes de reiniciar compresses torcicas.2 Suporte Bsico de Vida SBV.02.11

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fundamental garantir que o SBV executado de forma ininterrupta e com qualidade.

Para isso devem minimizar-se as pausas (planear as aces seguintes com antecipao) e comprimir o trax com fora e rapidez (deprimir o trax 5 a 6 cm a um ritmo de 100 a 120/min).

Entrada do Segundo Elemento Se estiverem presentes dois elementos com treino em SBV, quando o elemento que foi efectuar o pedido de ajuda diferenciada regressar, deve entrar para as compresses torcicas, aproveitando o tempo em que o primeiro elemento efectua as 2 insuflaes para localizar o ponto onde dever fazer as compresses. Deste modo reduzem-se as perdas de tempo desnecessrias.

Captulo 2. Figura 9. Manobras de SBV a 2 reanimadores (com mscara de bolso e com insuflador manual).

Deve iniciar as compresses logo que esteja feita a segunda insuflao, aguardando apenas que o outro reanimador se afaste, no esperando que a expirao se complete passivamente. As mos devem ser mantidas sempre em contacto com o trax, mesmo durante a fase das insuflaes. Dever ter o cuidado, nesta fase, de no exercer qualquer presso, caso contrrio aumenta a resistncia insuflao de ar, a ventilao no eficaz e ocorre insuflao gstrica com a consequente regurgitao.

O reanimador que est a fazer as insuflaes dever preparar-se para iniciar as mesmas logo aps a 30 compresso, com o mnimo de perda de tempo possvel.

Isto requer treino para que no haja perda de tempo mas sem prejuzo da correcta execuo das manobras.

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Troca de Reanimadores A necessidade de efectuar compresses com fora e rpidas leva naturalmente fadiga do reanimador, pelo que se torna necessrio trocar. A troca deve ser efectuada perdendo o menos tempo possvel a cada 2 minutos (5 ciclos de 30:2).

O reanimador que est a fazer as compresses deve anunciar (ex: durante as insuflaes) que pretende trocar no final da prxima srie de 30 compresses. Durante essa srie de 30 compresses o reanimador que estava a fazer as insuflaes preparara-se para passar a fazer compresses.

Logo que complete a srie de 30 compresses o mesmo reanimador deve efectuar de seguida as duas insuflaes. Durante esse perodo o outro reanimador localiza o ponto de apoio das mos, para que uma vez terminada a segunda insuflao possa fazer de imediato compresses.

As manobras uma vez iniciadas devem ser continuadas sem interrupo at que:

Chegue ajuda diferenciada e tome conta da ocorrncia; A vtima recupere: inicie respirao normal, movimento ou abra os olhos; O reanimador esteja exausto.

Nas situaes de PCR s deve interromper as manobras de SBV, para reavaliao da vtima, caso esta apresente algum sinal de vida: respirao normal, tosse, presena de movimentos ou abertura dos olhos. Nesse caso o reanimador deve confirmar a presena de respirao normal, efectuando o VOS.

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SUPORTE BSICO DE VIDA

Garantir Condies de SEGURANA

Inconsciente?

Gritar porAJUDA

Permeabilizar a Via Area

No Respira Normalmente? Gasping?

Ligar 112

30 compresses torcicas

2 Insuflaes 30 CompressesCaptulo 2. Esquema 1. Algoritmo de SBV

Continuar at: A vtima recuperar: Movimento; Abertura dos olhos; Respirao Normal; Chegada de ajuda diferenciada; Exausto.

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3.2.

Problemas Associados ao SBV

O SBV quando executado correctamente, permite manter a vtima vivel at chegada do SAV. Podem no entanto ocorrer alguns problemas.

3.2.1. PROBLEMAS COM A VENTILAO O principal problema que pode ocorrer com a ventilao a insuflao de ar para o estmago, que pode provocar a sada do contedo do mesmo para a via area, provocar a elevao do diafragma que restringe os movimentos respiratrios tornando a ventilao menos eficaz. Fazer insuflaes com grande quantidade de ar, com grande velocidade e durante um curto perodo de tempo facilita a ocorrncia de insuflao gstrica. Se detectada, no deve tentar resolver-se comprimindo o estmago, dado que apenas estar a causar regurgitao do contedo do mesmo.

No caso de vtimas desconhecidas e na ausncia de algum mecanismo de barreira para efectuar as insuflaes, no dever efectuar ventilao boca-a-boca. Neste caso prefervel efectuar apenas compresses torcicas, a um ritmo de 100/min, que no efectuar nenhum SBV.

3.2.2. PROBLEMAS COM AS COMPRESSES As compresses torcicas, mesmo quando correctamente executadas, conseguem gerar apenas aproximadamente 25 % do dbito cardaco normal. Efectu-las obliquamente em relao ao trax pode fazer rolar a vtima e diminui a sua eficcia. tambm importante que o trax descomprima totalmente aps cada compresso para permitir o retorno de sangue ao corao antes da prxima compresso e optimizar o dbito cardaco.

As compresses torcicas podem causar fractura de articulaes condro-costais (articulao das costelas com o esterno), leso de rgos internos, rotura do pulmo, do corao ou do fgado. Este risco minimizado, mas no totalmente abolido, pela correcta execuo das compresses.

A preocupao com as potenciais complicaes do SBV no deve impedir o reanimador de iniciar prontamente as manobras de SBV dado que, no caso de uma vtima em paragem cardio-respiratria, a alternativa ao SBV a morte.36/115 2 Suporte Bsico de Vida SBV.02.11

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3.2.3. REAVALIAES E SUSPENSO DE MANOBRAS DE SBV As hipteses de uma vtima de paragem cardio-respiratria recuperar actividade cardaca espontnea sem SAV so muito reduzidas pelo que no faz qualquer sentido reavaliar a existncia de respirao normal, excepto se a vtima mostrar sinais de vida / recuperao. Caso contrrio no deve interromper as manobras de SBV at chegada de SAV. Mesmo que lhe possa parecer infrutfero no deve suspender as manobras de SBV sem indicao mdica

Os esforos de reanimao s podem ser terminados por deciso mdica.

Em resumo: O SBV uma medida de suporte que permite manter a vtima vivel at chegada do Suporte Avanado de Vida; A sequncia de aces baseia-se na metodologia ABC: Via Area, Ventilao, Circulao; fundamental saber como e quando pedir ajuda e iniciar precocemente as manobras de SBV.

4. POSIO LATERAL DE SEGURANA

Tal como foi referido anteriormente, se a vtima respira normalmente mas est inconsciente, deve ser colocada em posio lateral de segurana (PLS).

Quando uma vtima se encontra inconsciente em decbito dorsal, mesmo que respire espontaneamente, pode desenvolver um quadro de obstruo da via area e deixar de respirar, devido ao relaxamento do palato mole e da epiglote.

A via area pode tambm ficar obstruda por regurgitao do contedo gstrico, secrees ou sangue.

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Nestes casos a vtima deve ser colocada numa posio que mantenha a permeabilidade da via area, garantindo a no obstruo por relaxamento do palato mole e epiglote, permitindo a livre drenagem de um qualquer lquido da cavidade oral, evitando a entrada do mesmo nas vias respiratrias, nomeadamente no caso de a vtima vomitar.

A Posio Lateral de Segurana deve respeitar os seguintes princpios: Ser uma posio o mais lateral possvel para que a cabea fique numa posio em que a drenagem da cavidade oral se faa livremente; Ser uma posio estvel; No causar presso no trax que impea a respirao normal; Possibilitar a observao e acesso fcil via area; Ser possvel voltar a colocar a vtima em decbito dorsal de forma fcil e rpida; No causar nenhuma leso vtima.

particularmente importante no causar nenhuma leso adicional vtima com a colocao em PLS, por este motivo, no caso de existir suspeita de traumatismo da coluna cervical, no est indicada a colocao da vtima em PLS.

Se h suspeita de trauma a vtima s deve ser mobilizada se for impossvel manter a permeabilidade da via area de outro modo, e neste caso, deve ser sempre respeitado simultaneamente o alinhamento da coluna cervical.

4.1.

Como proceder para colocar uma vtima em PLS:

Ajoelhe-se ao lado da vtima e estenda-lhe as duas pernas; Permeabilize a via area, atravs da extenso da cabea e elevao da mandbula; Retire culos e objectos volumosos (chaves, telefones, canetas etc.) dos bolsos da vtima, alargue a gravata (se apropriado) e desaperte o colarinho;

Coloque o brao da vtima, mais prximo de si, dobrado a nvel do cotovelo, de forma a fazer um ngulo recto com o corpo da vtima ao nvel do ombro e com a palma da mo virada para cima;

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Captulo 2. Figura 10. Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS).

Dobre o outro brao sobre o trax e encoste a face dorsal da mo face da vtima do lado do reanimador;

Com a outra mo segure a coxa da vtima, do lado oposto ao seu, imediatamente acima do joelho e levante-a, de forma a dobrar a perna da vtima a nvel do joelho;

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Captulo 2. Figura 11. Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS).

Mantenha uma mo a apoiar a cabea e puxe a perna, a nvel do joelho, rolando o corpo da vtima na sua direco, para espao criado para o efeito;

Ajuste a perna que fica por cima de modo a formar um ngulo recto a nvel da coxa e do joelho;

Captulo 2. Figura 12. Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS).

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Se necessrio, ajuste a mo sob a face da vtima para que a cabea fique em extenso;

Captulo 2. Figura 13. Colocao em Posio Lateral de Segurana (PLS).

Verifique se a via area se mantm permevel, certificando-se que a vtima respira normalmente (se fizer rudo reposicione a cabea);

Vigie regularmente.

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Captulo 2. Figura 14. Posio Lateral de Segurana (PLS).

Se a vtima tiver que permanecer em PLS por um longo perodo de tempo, recomenda-se que ao fim de 30 minutos seja colocada sobre o lado oposto, para diminuir o risco de leses resultantes da compresso sobre o ombro.

Se a vtima deixar de respirar espontaneamente necessrio voltar a coloc-la em decbito dorsal, reavaliar e iniciar SBV.

Em resumo: As vtimas inconscientes que respiram devem ser colocadas em PLS, desde que no haja suspeita de trauma; A colocao em PLS permite manter a permeabilidade da via area e evitar a entrada de contedo gstrico na via area.

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4.2.

Como Proceder para Voltar a Colocar a Vtima em Decbito Dorsal:

Ajoelhe-se por trs da vtima; Apoie com uma mo a anca da vtima e estenda a perna que est por cima com a outra alinhando-a;

Sem deixar de apoiar a anca retirar a mo que se encontra sob a face da vtima e coloque o brao sobre o trax, ao longo do corpo;

Mantendo uma mo a segurar a anca da vtima, apoie com a outra a cabea; Com um movimento seguro e firme puxe ao nvel da coxa, rolando a vtima sobre as suas coxas, mantendo simultaneamente outra mo a apoiar a cabea;

Captulo 2. Figura 15. Desfazer a Posio Lateral de Segurana (PLS).

Afaste-se progressivamente de forma a acompanhar o movimento da vtima at esta estar em decbito dorsal;

Estenda o outro brao ao longo do corpo.

Em resumo: As vtimas inconscientes que respiram devem ser colocadas em PLS, desde que no haja suspeita de trauma; A colocao em PLS permite manter a permeabilidade e evitar a entrada de contedo gstrico na via area.

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5. ABORDAGEM DA VIA AREA

5.1.

Obstruo da Via Area (OVA) em Vtima Adulta

5.1.1. EPIDEMIOLOGIA, CAUSAS E RECONHECIMENTO A OVA uma emergncia absoluta que se no for reconhecida e resolvida leva morte em minutos.

Uma das formas mais frequentes de obstruo da via area a resultante de uma causa extrnseca via area alimentos, sangue ou vmito. Qualquer objecto slido pode funcionar como corpo estranho e causar obstruo da via area obstruo por corpo estranho.

A gua no actua como corpo estranho pelo que no esto indicadas manobras de desobstruo da via area em vtimas de afogamento pois podem causar complicaes e apenas atrasam o incio de SBV.

Podem ocorrer situaes de obstruo da via area por edema dos tecidos da via area como por exemplo no caso de uma reaco anafiltica (alergia), uma neoplasia (cancro) ou uma inflamao da epiglote (epiglotite) sendo esta ltima mais frequente nas crianas obstruo patolgica.

A obstruo da via area deve ser considerada numa vtima que faz paragem respiratria sbita, fica cianosada e inconsciente sem motivo aparente.

Captulo 2. Figura 16. Obstruo da via area.

Nos adultos, a obstruo da via area por corpo estranho (OVA CE) ocorre habitualmente durante as refeies, com os alimentos, e est frequentemente associada a alcoolismo ou

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tentativa de engolir pedaos de comida grandes e mal mastigados. Os doentes idosos com problemas de deglutio esto tambm em risco de obstruo da via area por corpo estranho e devem ser aconselhados a comer de forma cuidadosa.

A OVA, sobretudo quando ocorre num local pblico, como um restaurante, frequentemente confundida com um ataque cardaco.

importante distinguir a obstruo da via area de outras situaes dado que a abordagem diferente. Na OVA CE existem vrias manobras que podem ser efectuadas com o objectivo de resolver a obstruo e que caso sejam bem sucedidas podem evitar a paragem respiratria.

5.1.2. CLASSIFICAO A obstruo da via area pode ser grave ou ligeira.

Distino entre obstruo da via area por corpo estranho (OVA CE) ligeira e grave Sinal Obstruo ligeira Obstruo grave Incapaz de falar, pode Est sufocado? Sim Consegue falar, tossir e respirar (pode haver Outros sinais* estridor) acenar No respira / respirao ruidosa / tosse inaudvel / inconsciente

* Sinais gerais de OVA: durante alimentao, vtima aponta para o pescoo

Na obstruo ligeira ainda existe a passagem de algum ar a vtima comea por tossir, ainda consegue falar e pode fazer algum rudo ao respirar. Enquanto a vtima respira e consegue tossir de forma eficaz o reanimador no deve interferir, devendo apenas encorajar a tosse, vigiar se a obstruo ou no resolvida e se a tosse continua a ser eficaz.

A vtima com obstruo ligeira / parcial da via area pode, logo partida, apresentar uma tosse ineficaz, dificuldade respiratria marcada e cianose, ou estes sinais podem surgir progressivamente se a situao no for resolvida.

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Nesta situao necessrio actuar rapidamente como se de uma obstruo grave se tratasse.

OBSTRUO DA VIA AREA POR CORPO ESTRANHO NO ADULTO

Garantir Condies de SEGURANA

Consciente? Sinais de OVA?

Avaliar a GRAVIDADE

Obstruo grave da VA (tosse ineficaz)

Obstruo ligeira da VA (tosse eficaz)

INCONSCIENTE Ligar 112

CONSCIENTE5 Pancadas inter-escapulares 5 Compresses abdominais

ENCORAJAR TOSSEVigiar agravamento / tosse ineficaz Ou at resoluo da obstruo

Iniciar SBV

Captulo 2. Esquema 2. Algoritmo Desobstruo da Via Area por Corpo Estranho - Adulto.

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Na obstruo grave j no existe passa