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Se..., Não...Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

Editor / PublisherAssociação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

Director / DirectorCarlos Amaral Dias, PhD

(Professor Catedrático; Psicanalista e Presidente da Comissão de Ensino da AP)

Editor Chefe / Editor in ChiefAntónio Pazo Pires, PhD

(Professor Associado do Departamento de Psicologia Clínica e Saúde do Instituto Superior de Psicologia Aplicada – IU; Psicanalista; Fundador e

Associado da AP)

Co -edição /Co -editorsAntónio Alvim, MSc Psicoterapeuta Psicanalítico; Fundador e

Associado da AP); Ana Batarda, MsC (Psicoterapeuta e Terapeuta Familiar; Fundador e Associado da AP); Isabel Botelho MSc (Psicóloga; Psicoterapeuta, Fundadora e Associada da AP); João Pedro Dias MSc (Psicólogo Clínico; Fundador e Associado da AP); João Ferreira, MSc (Psicólogo Clínico; Associado da AP); Elisabete Fradique, MSc (Psiquiatra e Psicoterapeuta; Fundadora Associada da AP); Filipe Arantes Gonçalves MSc (Psiquiatra, Psicoterapeuta; Fundador e Associado da AP); Camilo Inácio MSc (Psicólogo Clínico; Associado da AP); Ângela Lacerda Nobre, PhD (Doutorada em Gestão; Professora Adjunta do Instituto Politécnico de Setúbal, Fundadora e Associada da AP); António Mendes Pedro, PhD (Visiting Professor da Universidade Paris XIII e Professor Associado da Universidade Autónoma; Psicoterapeuta, Psicanalista e

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Psicossomaticista; Fundador e Associado da AP); José de Matos Pinto, PhD (Psicólogo Clínico; Professor Coordenador da ESE de Coimbra; Fundador e Associado da AP); Isabel Plantier MSc (Psicoterapeuta Psicanalítica; Associada da AP); Clara Pracana, PhD (Psicanalista, Professora Convidada do Instituto Superior Miguel Torga, do ISMAT e do ISPA; Consultora; Fundador e Associado da AP); Catarina Rodrigues, MSc (Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Associada da AP); Manuela Gonçalves dos Santos, MSc (Grupanalista; Fundador e Associado da AP).

Conselho Editorial / Editorial BoardCarlos Alberto Afonso, PhD (Professor Associado do ISPA; MFAPA

e MFTPP da AP); Conceição Almeida, MSc (Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino da AP); Maria do Rosário Belo, MSc (Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino da AP); José Henrique Dias, PhD (Pofessor Jubilado da UNL; Director da Escola Superior de Altos Estudos do ISMT); Maria do Rosário Dias, PhD (Professora Associada no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz; Fundadora Associada da AP); Jorge Caiado Gomes, PhD (Professor da Universidade Atlântica; Fundador Associado da AP); Mário Horta, PhD (Psicanalista; Membro da Direcção da AP); João Justo, PhD (Professor Auxiliar da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa); Michael Knock, PhD (Professor Associado do ISMT; Teólogo); António Coimbra de Matos, MSc (Psicanalista; Psiquiatra; Presidente da Direcção da AP); Carlos Campos Morais, MFaPA da AP, Investigador -Coordenador apos. do LNEC, Membro Emérito da Academia de Engenharia; Cristina Nunes, MSc (Psicanalista; Membro da Comissão de Ensino e da Direcção da AP); José Gouveia Paz, PhD (Professor Auxiliar da UAL; Psicoterapeuta); Henrique Garcia Pereira, PhD (Professor Catedrático do IS; Escritor); José Carlos Coelho Rosa, MSc (Psicanalista; Vice -Presidente da Direcção e Membro da Comissão de Ensino da AP); Luís Sozcka, PhD (Psicanalista; Professor Catedrático aposentado do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Porto); Ana Vasconcelos, MSc (Pedopsiquiatra; Membro da Direção e da Comissão de Ensino da AP)

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Conselho Editorial Internacional / International Editorial BoardNancy Burke, PhD (Associate Professor of Clinical Psychiatry and

Behavioural Science in Northwestern University Feinberg School of Medicine – Chicago); Rochelle Suri, PhD (Licenced Marriage & Family Therapy; Associate Director of the International Journal of Transpersonal Psychology – San Francisco – California); Judith Parker, PhD (Psychoanalyst in private practice) – Beverly Hills – California); Lynn Somerstein, PhD (Director of the Institute of Expressive Analysis; Book Review Editor Psychoanalytic Review; Psychoanalyst in Practice – New York); Sandra Segan, PhD (Member of the WMAAPP (Western Massachusetts and Albany Association for Psychoanalytic Psychology; Psychoanalyst in Practice -New York)

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«Se..., Não... Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica» publica artigos originais do campo disciplinar, científico e praxiológico (clínica e aplicação) da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica. Contudo, também são aceites, de forma complementar, textos que exprimam a rica diversidade de interfaces entre estes domí-nios e as diversas facetas do Desenvolvimento Humano

© 2016, AP – Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

TítuloSe..., Não... Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

CapaCoisas de Ler

PaginaçãoCoisas de Ler

Impressão e acabamentoXXXXXXX

Depósito legal314677/10

ISSN1647 -7367

data de edição1.ª edição, Lisboa, Junho de 2016

Coisas de Ler EdiçõesTel.: 211 919 350 – Fax: 211 919 349

[email protected]

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Índice

EditorialJosé Manuel Pinto

O Terror e o EstranhoO estranho caso do “menino de ouro”: A transgeracionalidade

e a perversãoAlexandra Medeiros

Inocêncio X e a teoria das transformações: O terror puroLuís Delgado

O vazio desiludido e a desvinculação de si próprioConceição Almeida

Do terror à realidade: O holograma, o ornitorrinco, o desenho e o psicoterapeuta

Ricardo Gameiro Mendes

O estranho entre amor e morte. Uma análise psicanalíticaMichael Knoch

O estranho no processo analíticoJosé Manuel Pinto

Teoria e ClínicaDor psíquica e risco de suicídio. Notas para uma

compreensão dos comportamentos suicidáriosRui Campos

A palavra, o corpo e o “verdadeiro outro” – O modelo AEDP (Accelerated Experiential Dynamic Psychotherapy)

João Ferreira

[11 -14]

[17 -44]

[45 -53]

[55 -62]

[63 -76]

[77 -85]

[87 -97]

[101 -110]

[111 -130]

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O lugar da rêverie na obra de BachelardAna Gaspar

Investigação e PsicanáliseSobre os ombros de gigantesAlexandre Vaz

O estudo da representação de si através da obra fotográfica de Francesca Woodman numa perspetiva psicodinâmica e projetiva

Mariana Mendonça e Luís Delgado

Fazer rir para não chorar. Abordagem psicanalítica do humorInês Francisco e Luís Delgado

[131 -141]

[145 -153]

[155 -176]

[177 -192]

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Teoria e Clínica

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DOR PSÍQUICA E RISCO DE SUICÍDIO: NOTAS PARA UMA COMPREENSÃO DOS COMPORTAMENTOS

SUICIDÁRIOS1

Rui C. Campos2

[email protected]

RESUMONeste trabalho esboça -se uma leitura psicodinâmica dos comportamentos suicidários

tendo por base um enquadramento no funcionamento depressivo da personalidade enquanto paradigma e modelo de compreensão do sofrimento e da dor psíquica. São discutidos elementos do funcionamento interno depressivo que poderão desembocar, no seu conjunto, numa dor psíquica intolerável, responsável, em última instância, pelo comportamento suicidário: um super -eu severo e uma forte culpabilidade, uma dimensão masoquista, a lesão narcísica, a rejeição e sentimentos de solidão e desligamento, um profundo sentimento básico de insatisfação, a raiva voltada contra o próprio e, finalmente, uma desesperança e um esvaziamento ou queda libidinal.

Palavras -chave

INTRODUÇÃO

Schneidman (1993), o grande suicidologista, escreveu, há cerca de 20 anos, uma frase liminar que expressa uma ideia que tem marcado a suicidologia moderna: “No psychache, no suicide”, sem dor mental, não há suicídio. Esta frase tem marcado também, em parte, a minha reflexão mais recente e investigação de alguns anos sobre risco suicidário. Este conceito de dor psíquica não é o santo graal da suicidologia, não será “a variável”, mas será certamente “uma das variáveis” incontornáveis quando se pretende compreender os comportamentos suicidários. Esta conceptualização teórica e a constatação empírica de que outras variáveis habitualmente consideradas importantes, como a depressão 1 – Comunicação apresentada no Colóquio Psicanálise em Mudança, Lisboa, ISPA, 21 e 22 de Outubro de 2016.2 – Psicólogo Clínico. Professor Auxiliar com Agregação, Departamento de Psicologia, Escola de Ciências Sociais, Universidade de Évora.

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clínica, se ligam ao risco suicidário através da dor psíquica, dão -nos certamente lastro para reflectir. Não é de resultados de investigação que falarei hoje. Deixarei de lado também dados epidemiológicos, números, taxas e valores de prevalência e, ainda, questões nosológicas e precisões terminológicas em suicidologia, como a diferença entre ideação passiva e activa ou entre tentativa de suicídio e parasuicídio, por exemplo. Tratarei o risco suicidário, os comportamentos suicidários ou a suicidalidade genericamente como um contínuo, como uma dimensão, desde a “mera” ideação passiva ao suicídio consumado.

Tomarei também como assumido que existem diversos modelos explicativos para os comportamentos suicidários e que todos eles salientem a importância de considerar diversas causas, enfatizando, no entanto, determinado tipo de factores em detrimento de outros. Os comportamentos suicidários são multi -determinados, e os factores causais não têm uma influência linear.

Alinharei a minha comunicação com uma visão humanista e centrada no indivíduo e na sua vida psíquica. É também o que se espera numa comunicação de um evento sobre psicanálise. Evento que ocorre num tempo em que como nunca o indivíduo deve e tem de ser colocado no centro da reflexão. Num tempo em que prolifera uma prática terapêutica dominada por uma visão mecanicista do ser humano, uma abordagem centrada nos resultados, do pronto a pensar e do manual de bolso, pronto a aplicar, rápido e barato e uma cultura “anti -depressiva”, que aceita mal a tristeza, o erro e o fracasso, mas que ao fazê -lo promove a dor e o sofrimento não elaborados. Centrar -me -ei, nesta comunicação, num entendimento psicanalítico, focalizando a minha reflexão, justamente, no sofrimento, na realidade e, no limite e, num sentido genérico da expressão, na dor psíquica. É um enfoque possível. Não é, naturalmente, o único.

Os comportamentos suicidários constituem um fenómeno intrigante; trata -se em Psicopatologia de um fenómeno de fim de linha, como gosto de dizer. E é mesmo assim, literalmente, a última estação da linha psicopatológica e da própria vida, a estação sem retorno, sem bilhete de volta. O ser humano tem consciência da morte, da sua própria finitude, porque é capaz de representar e de se representar. Por isso pode pôr termos à sua vida. Ser humano capaz de dispor da sua vida, de a anular, será que

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como uma forma de contrariar a angústia de morte? Animal humano, incapaz de aceitar o fim porque ciente que a sua vida não deixará um cunho pessoal? Mais vale morrer cedo, então! (Campos, 2014).

OS COMPORTAMENTOS SUICIDÁRIOS NUMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Numa perspectiva psicanalítica, é inevitável situar o acto suicida, mais ou menos grave, mais ou menos intencional, no contexto do funcionamento depressivo da personalidade, dos seus mecanismos defensivos típicos e da sua relação de objecto característica; funcionamento depressivo da personalidade, enquanto paradigma e modelo de compreensão do sofrimento e da dor psíquica. É neste contexto que me proponho situar o acto suicida, não necessariamente no contexto da depressão clínica, no sentido psiquiátrico da palavra, enquanto conjunto de sinais e sintomas manifestos.

Elaborarei em torno de uma constelação de elementos do funcionamento interno depressivo, necessariamente interligados que, penso, podem desembocar, no seu conjunto, numa dor psíquica intolerável, responsável, em última instância, pelo comportamento suicidário. O peso relativo destes aspectos varia necessariamente de sujeito para sujeito. São eles, um super--eu severo e uma forte culpabilidade, uma dimensão masoquista, a lesão narcísica, a rejeição e sentimentos de solidão e desligamento, um profundo sentimento básico de insatisfação, a raiva voltada contra o próprio e, finalmente, uma desesperança e um esvaziamento ou queda libidinal.

Como é sabido, a personalidade depressiva tem o seu embrião na rejeição e na perda afectivas na infância, perda que acarreta um défice na compleição narcísica do indivíduo (Coimbra de Matos, 2001). Dada esta lesão na estrutura narcísica, o indivíduo de personalidade depressiva reage pior aos diversos tipos de perdas que a vida inevitavelmente sempre vai acarretando, deprimindo -se com mais facilidade, sendo que o acto suicida se poderá, eventualmente, deduzir desta vivência depressiva. Mas a perda é difícil de aceitar e a fragilidade narcísica também, pelo que uma e outra são muitas vezes negadas. Um dia virá, pensará o suicida/depressivo, em que tudo se resolverá, que a fantasia de grandiosidade se

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concretizará, ainda que além da morte, em que o objecto acabará por reconhecer as suas qualidades e admirá -lo, em que “depois do Inverno frio e chuvoso, virá a Primavera soalheira” (Campos, 1999).

Daqui se infere em parte, um elemento central da organização depressiva da personalidade, o núcleo masoquista – sofrer para ser reconhecido… mesmo que para além da morte, achará o suicida. Assim se compreenderia a boa disposição de alguns indivíduos no momento imediatamente antes do acto suicidário (Coimbra de Matos, 1982). Mas na verdade, pensamos, no último momento, seja qual for a forma como é vivido pelo indivíduo, é a parte psicótica da mente, para usar um conceito bioniano (Bion, 1962), que assume o controlo e é posta ao serviço da “vontade” de morrer – há uma perda do contacto com a realidade, ainda que momentânea, ainda que mais ou menos permeável por uma parte mais saudável da mente. Assim se pode entender, essa “coragem” de ir até ao fim; nesse acto muitas vezes visto como racional e heróico, mas que pode ser, verdadeiramente, de “loucura”.

Outra forma de morrer heroicamente e de permanecer na boa memória dos vivos, é deixar -se morrer, ou ir morrendo, por exemplo cuidando pouco de si, sujeitando -se a múltiplos acidentes ou traumatismos, como no caso das condutas de risco, das múltiplas agressões ao organismo ou na ausência ou falta de comportamentos de saúde que vão, dada a sua repetição e efeito cumulativo, lesando o corpo. Também o sujeito que morre num acidente grave, que na verdade se mata inconscientemente num acidente e que ninguém previu que fosse morrer. Noutros casos ainda, muitas vezes, pensamos, na base dos suicídios ocorridos nas idades mais avançadas, está um balanço existencial marcado pelo insucesso, por uma dura consciência daquilo que o sujeito podia e desejou ter feito, em projecto sonhado, mais ou menos adequado à realidade, mas que ficou aquém na realização concreta de uma vida que passou, que se esfumou, que não foi. O suicídio pode aparecer aqui como uma solução aceitável, que interrompe uma existência de sofrimento e de insucesso, real ou fantasiado, mas intolerável e que alivia finalmente uma lesão na auto -estima e no narcisismo (Campos, 2014).

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Razões narcísicas para o suicídio ligadas à impossibilidade de suportar o orgulho ferido, a lesão na auto -estima. Como nos diz Coimbra de Matos (1982), luto impossível, luto de um tempo perdido, “tanto tempo para amar inutilmente perdido…. Tanto e tanto amor desfeito, que a bem dizer ainda não estava feito”. E é a saudade… na realidade, pensamos, não há saudade maior do que a que se tem daquilo que foi ardentemente desejado na fantasia, no viver anímico, mas que nunca foi possível obter e concretizar. É também dessa saudade que se faz a depressão, da saudade daquilo que ficou aquém do desejo e do fantasma; depressão que pode ser responsável pela perda do desejo de viver, não propriamente do desejo de morrer (Campos, 2014).

Perda do desejo de viver no suicídio? Ou antes, desejo de viver uma outra vida? Muitas vezes, o desejo do suicida é, na verdade, o de viver uma vida diferente, uma vida mais digna, mais humana, sendo que o acto suicida pode assumir um significado comunicativo, nomeadamente em adolescentes, para fugir a um profundo desligamento/isolamento. Um parêntesis para referir que o acto suicida adolescente pode ter diversos significativos, nomeadamente o de renascimento, como refere Daniel Sampaio (1997), quando o adolescente não encontra uma forma de comunicar e pode arriscar morrer para poder na verdade sobreviver. Mas, dizia, que os sentimentos de solidão são alimentados por um profundo sentimento de desligamento e de não pertença. E a falta de um sentido de pertença associa -se por sua vez, tem a sua gestação, na rejeição e pode ligar -se à difusão da identidade.

Estes dois últimos aspectos, rejeição e uma identidade frouxa, estão intimamente ligados… porque em boa verdade “existimos” porque fomos amados e “existimos” porque existimos para alguém. Por outro lado, o desejo de viver uma outra vida (não propriamente o desejo de morrer) é o reflexo de um profundo sentimento de insatisfação, de não satisfação de necessidades afectivas básicas, das necessidades do Self, ou de objectos do Self, como diria Kohut (1971). Para além de outras, as necessidades de valorização, de pertença, de aceitação e de identificação com bons objectos são essenciais (Campos, 2014).

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Como é sabido, muito embora, não escassas as vezes, o sujeito depressivo manifeste uma tendência para a idealização dos objectos de referência, na realidade, os objectos do depressivo ficaram aquém do desejado. A partir daí, a tristeza de depender de objectos desta qualidade e a fixação a relações infantis insuficientes (Campos, 2012). No suicida as primeiras relações foram, muito provavelmente, com objectos rejeitantes e o acto suicida pode ser lido, pelo menos em parte, como o cumprir de um certo desejo infanticida. Os primeiros objectos foram muito provavelmente objectos “destrutivos”, “objectos de mortes”, “relação de objecto mortificante”, que suga o ânimo e a vontade de viver, mas a sua malevolência, a dos objectos, foi negada ou recalcada, dado que a criança não podia sobreviver psiquicamente na ausência da relação. Em alguns casos, no entanto, mais tarde, na adolescência ou adultícia, esta malevolência já não é de todo negada, e uma dura consciência aparece como um fardo insuportável – “não fui aceite e amado como sou” (Campos, 2014).

A raiva contra o objecto pode ser, e é mesmo quase sempre voltada contra o próprio, que se identifica ao objecto (Coimbra de Matos, 2001). Este mecanismo de natureza “anti -depressiva” gera, no entanto, uma degradação do Self que é invadido pela malignidade do objecto (Campos, 2009). Forma -se também um super -eu de uma exigência extrema, gerador de sentimentos de indignidade e culpabilidade (Coimbra de Matos, 1982), culpabilidade esta que agrava o masoquismo anteriormente referido e, que pode contribuir para o acto suicida, conferindo -lhe um colorido e um significado que pode ser de expiação mas, ao mesmo tempo, de libertação. Uma ruminação em temáticas relativas ao valor próprio, auto -estima, fracasso e culpa pode ser particularmente insidiosa e os indivíduos com uma personalidade de traça depressiva, introjectiva, são vulneráveis a tentativas de suicídio graves. Alguns relatos clínicos, assim como alguns relatos nos meios de comunicação ilustram o potencial suicida de indivíduos altamente talentosos, ambiciosos e muito bem sucedidos que são, no entanto, atormentados por uma intensa introspecção dolorosa, dúvida, culpa e auto -crítica (Campos, Besser, Abreu, Parraiera, & Blatt, 2014).

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O sujeito mantém, na verdade, um conflito, uma luta com o objecto interno – no suicídio ganha o objecto. Acto de cobardia ou acto heróico dependerá de quem olha, acto de derrota, derrota de viver, sempre; disso não há dúvida – o suicídio é mesmo, pensamos, o resultado da aceitação da derrota. Diminuição do gozo de viver, da existência enquanto ser humano; a impossibilidade de ser único, mas ligado ao outro (Campos, 2014). Um presente vazio, sem que seja possível, sequer, imaginar ou conceber outra coisa – é a desesperança. A desesperança e a falta de um sentido para a vida – duas faces da mesma moeda.

CONCLUSÃO

Resumidamente, os elementos compreensivos do acto suicida numa perspectiva psicanalítica que hoje brevemente aflorámos: no fundo, encontramos relações de objecto que geram sentimentos de rejeição e culpabilidade, uma dimensão masoquista e a necessidade de expiação, uma lesão na auto -estima, mas também, a raiva e a revolta contidas e voltadas contra o Self, um profundo sentimento de desligamento e uma insatisfação básica, a desesperança e uma diminuição da energia libidinal, impedido que está o sujeito de investir os objectos do presente, que permitiriam ainda que apenas parcialmente, mitigar a dor e conceber uma existência com mais colorido, vivacidade e festa. Como resultado, uma vida sombria, sem futuro, num presente profundamente dolente, porque determinado por um passado austero e desumano, que o indivíduo não pode aceitar e elaborar. É a dor psíquica, num sentido lato do termo, que se associa sempre à intolerabilidade da situação vivida pelo sujeito, seja ela como for, mas sempre intolerável.

Que seja possível terapeuticamente uma análise e uma “reparação” do passado e a promoção de um robustecimento da identidade dos sujeitos e de elos significativos com os outros que permitirão um olhar para o futuro com mais vida e esperança. Só assim é possível verdadeiramente apaziguar a dor. Vivemos numa sociedade que a perpetua e amplia; uma sociedade difusa, desconfortável, em que os elos e a entreajuda entre as pessoas perdem espessura, uma sociedade dos falsos Self, em que é preciso

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ser igual e estar na moda, mas em que é gerada uma incerteza permanente nas pessoas, uma imprevisibilidade destrutiva. Uma sociedade em que conta o que se tem, não o que se é; em que importa produzir e consumir, com pouco espaço para pensar e criar.

Nunca como agora é importante dar voz ao indivíduo, ao seu interior e à sua existência. Ousar viver ao sabor do tempo, de um tempo interno... do tempo, e do vento... da gotícula de chuva que cai, da gotícula e da partícula de luz que nos ilumina o rosto... Lá longe, contigo... sozinho, outra vez contigo, outra vez sozinho... existo porque te pertenço... num suave embalo, e no movimento pendular do desenvolvimento humano: ligação, separação, relação, identidade... ora eu, ora tu... sempre, nós.

É também e sobretudo preciso sonhar, porque o sonho comanda a vida e mutatis mutantis a acção psicoterapêutica. Processo psicoterapêutico que permita retomar o desenvolvimento suspenso, perante o olhar benévolo do psicoterapeuta, capaz de promover a ilusão necessária e a capacidade de sonhar e de criar, sinónimos de saúde mental. Permitam -me que cite um trecho do escritor moçambicano Mia Couto “– Dói -te alguma coisa? – Dói -me a vida, doutor. – E o que fazes quando te assaltam essas dores? – O que melhor sei fazer, excelência. – E o que é? – É sonhar”. Ousemos sonhar todos então... e estarmos... connosco e com os outros... Porque no início, e no fim, é a relação humana que mais conta.

E termino, se me permitem, lendo um poema escrito em 1948 por um mestre da Psicopatologia dinâmica em Portugal. Ele falou hoje aqui... Resume em apenas algumas linhas, como é comum acontecer com a poesia, muito do que se quer dizer e, neste caso, do que eu quis dizer hoje aqui. Este poema fala de dor e fala de morte, mas também fala de alegria e de vida. Os contrários... e uma busca de um sentido para a existência. Um dia uma aluna perguntava -me porque me interessava estudar o risco de suicídio e eu fiquei alguns instantes em silêncio; na verdade não tinha ainda pensado muito nessa questão, mas ocorreu -me naquele momento: estudar o suicídio, o desejo de morte, é procurar um sentido para a vida, é também celebrar a própria vida.

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Mas deixem -me então apenas ler o poema que referia. Chama -se Vive “Vive: Quando florir a primavera em teu peito / E o mundo for um paraíso… / Cada pedido um beijo / Cada palavra um sorriso / Vive! // Quando o Inverno te despir de beleza / A dor te assalte a todo o momento / E cada som seja o eco da tristeza / E cada dia um passo no sofrimento / Vive // A morte… é vazia / Nem dor, nem alegria”.

REFERÊNCIAS

Bion, W. R. (1962). A Theory of thinking. International Journal of Psychoanalysis, 43, 306 -310.

Campos, R. C. (1999). O adoecer depressivo: Síntese descritiva do modelo teórico de Coimbra de Matos de compreensão da patologia depressiva e do seu tratamento. Revista Portuguesa de Pedopsiquiatria, 15, 1 -27.

Campos, R. C. (2009). Depressivos somos nós: Considerações sobre a depressão, a personalidade e a dimensão depressiva da personalidade. Coimbra: Almedina.

Campos, R. C. (2012). ‘Porque nunca me deixaste existir a mim, precisarei para sempre de ti’: Sobrevoando o significado da dependência ao longo do espectro psicopatológico. Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, 3, 317 -338.

Campos, R. C. (2014). Porque não posso viver assim, aceito antes de tempo o meu fim: Uma reflexão sobre suicídio. Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, 5, 97 -118.

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112 Rui Campos

Title: Mental pain and suicide risk: Notes for a comprehension of suicidal behaviours.

ABSTRACTIn this work, a psychodynamic reading of suicidal behaviours is outlined, using the

depressive functioning of personality as a paradigm and model of understanding of suffering and mental pain. Several elements of depressive functioning are discussed which may lead to an intolerable mental pain, ultimately responsible for suicidal behaviours: a severe super -ego and a strong sense of guilt, a masochistic dimension, a narcissistic injury, rejection and feelings of loneliness and detachment, a deep basic feeling of dissatisfaction, the anger directed against one’s self, and finally, the hopelessness and an emptying or libidinal fall.

Keywords: Mental pain Psychodynamic perspective Suicide behaviours.

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES

A «Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica» publica artigos originais do campo disciplinar, científico e praxiológico (clínica e aplicação) da Psicanálise e da Psicoterapia Psicanalítica e textos que exprimam a rica diversidade de interfaces entre estes domínios e os outros ramos da cultura, da ciência e da arte.

Regemo -nos por um sistema de arbitragem anónima por avaliadores externos (referees), através de um procedimento de Double Blind (duplamente cego): neste processo os intervenientes (autores, revisores e gestores de artigo) são tornados anónimos. O artigo é enviado para três Pares Revisores, que o examinam e arbitram sobre a sua qualidade. O editor enviará ao autor informação sobre a eventual aceitação para publicação; reformulação e submissão para nova avaliação por pares; ou não aceitação. No caso de reformulação, os autores receberão os pareceres e recomendações dos Pares Revisores e deverão proceder às alterações recomendadas.

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

Deverão ser enviados para o editor da revista dois ficheiros:

No primeiro constará a identificação dos autores (num máximo de seis), com o nome, instituição (s) onde exercem, funções e os contactos (morada, e-mail e telefone).

No segundo, devem ser apresentados o artigo integral, com o título em português e inglês, o resumo e as palavras-chave, abstract e key -words, mas sem quaisquer elementos que façam referência explí-cita ao autor.

NORMAS GERAIS DE FORMATACÃO

Os artigos não deverão ultrapassar as 15 páginas (salvo algumas exceções), já incluindo referências, notas, tabelas, e figuras. Os últimos três elementos deverão ser evitados, exceto quando forem indispensáveis para a compreensão do texto.

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O texto deve ser apresentado em ficheiro Word, ou em formato RTF (Rich Text Format), com letra Times New Roman ou similar, tamanho 12, espaço 1,5, sem formatação, em páginas A4 e com coluna única. Deve -se evitar negritos, sublinhados, variação de tipo de letra, fundos de cor, etc..

O corpo do texto deve ser precedido pelo título, um resumo entre 150 e 200 palavras e quatro a seis palavras-chave. O título, resumo e palavras -chave deverão ser apresentados na língua portuguesa e inglesa.

Só são aceites notas de rodapé na primeira página do artigo relativas ao título e à identificação do autor. Estas notas são identificadas por numeração árabe em vez de asterisco.

Todas as outras notas, apresentadas apenas quando forem consideradas essenciais, são reunidas no final do texto como notas finais antes das referências.

As fotografias, figuras, esquemas e gráficos devem ter um título e ser enumeradas por ordem de inclusão no texto.

REGRAS DE CITAÇÃO E DE REFERENCIAÇÃO

As regras de citação e de referenciação devem ser elaboradas de acordo com as normas sugeridas pela A.P.A. (American Psicological Association).

CORRESPONDÊNCIA EDITORIAL E SUBMISSÃO DE TEXTOS

Revista Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia PsicanalíticaRua António Pedro, 127 – 3º1000-037 LisboaE-mail: [email protected]

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