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Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude Secretaria Executiva de Assistência Social Gerência de Projetos e Capacitação Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude · envolvem a questão social no Brasil e a importância da política de seguridade social como estratégia de cobertura

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Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e JuventudeSecretaria Executiva de Assistência Social

Gerência de Projetos e CapacitaçãoCentro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

CURSO 40

horas

VALE REFLETIR!

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupasusadas, que já tem a forma de nosso corpo, e esqueceros caminhos que nos levam sempre para os mesmoslugares. É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nósmesmos .

(Fernando Pessoa)

Organização e

a Oferta dos

Serviços de

Proteção

Especial.

A possibilidade de se estabelecer a práxis e o

protagonismo no processo de produção de

proteção social .

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Conteúdos

Módulo I

Introdução Histórica e

Conceitual sobre a Proteção

Social:

A produção de Proteção

Social

Proteção Social Especial no

SUAS.

OBJETIVOS DO

MÓDULO I

Compreender os principais conceitos que

envolvem a questão social no Brasil e a

importância da política de seguridade social

como estratégia de cobertura de riscos e

vulnerabilidades sociais;

Conhecer os antecedentes históricos da

criação do Sistema de Proteção Social no

Brasil e compreender o papel da assistência

social enquanto de garantia de direitos

assegurada na Constituição Federal de 1988;

Identificar os objetivos e as seguranças

socioassistenciais afiançadas pela política de

assistência social;

Definir e distinguir os níveis de proteção

social previstos na PNAS.

OBJETIVOS DO

MÓDULO I

Conceituar a proteção social especial no

âmbito da política de assistência social,

demarcando sua conformação e

especificidades;

Identificar os fundamentos, objetivos e

alcances da proteção social especial na

perspectiva coletiva;

Identificar a relação dos serviços da

proteção social especial com os públicos que,

historicamente, sofrem com a ausência de

proteção social e acesso à direitos sociais.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

A estruturação do SUAS e a consolidação da

PNAS estão intrinsecamente relacionados as

práticas dos trabalhadores e gestores do

SUAS que deve repercutir diretamente na

compreensão, participação e protagonismo

das famílias contempladas pela política de

Assistência Social.

Nesse sentido, o Curso atualiza o debate e

intensifica o compromisso com a produção

de proteção social especial na perspectiva

da integralidade das proteções afiançáveis e

da intersetorialidade aproximando o

pensado do vivido numa ação em Rede.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

O que penso

O que falo

O que faço

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

PRA COMEÇO DE CONVERSA ...

Conhecer é tarefa de sujeitos, não

de objetos.

E é como sujeito e somente

enquanto sujeito, que o homem

pode realmente conhecer.

Paulo Freire

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Atividade 1

Individualmente:

O que deve fundamentar a

organização dos serviços de PSE?

Grupo :

O que a organização dos serviços

precisa alcançar?

O que precisa ser revisto

cotidianamente?

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Qual o modelo de proteção social

construído na história do Brasil?

O que há de novo no modelo de

proteção social do SUAS?

Quem produz proteção social

nos diferentes cenários e

territórios?

Quando em nome da proteção

cometemos a exclusão?

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

PROTEÇÃO SOCIAL : A CONSTRUÇÃO DE UM

MODELO NO DECORRER DA HISTÓRIA DA

CIDADANIA BRASILEIRA.

(...) um modelo não tem aplicação

quando é concebido sob o

estranhamento do real. Sua aplicação

supõe conhecer fatos e fatores do real

que podem fragilizá-lo, isto é, que

retiram a força dos fatores que

estrategicamente lhe dão mais força.

Aldaiza Sposati

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

PROTEÇÃO SOCIAL : A CONSTRUÇÃO DE UM

MODELO NO DECORRER DA HISTÓRIA DA

CIDADANIA BRASILEIRA.

O modelo de proteção social não

contributivo é uma direção, ou um

norte. Isto supõe conhecer e enfrentar

os obstáculos nesse percurso e

também, não desistir da chegada pelo

fato de ter que realizar mudanças

durante o processo. Portanto...

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

É preciso ter claro que a realidade e a

concretude dos fatos, não são males

ou empecilhos e sim, as efetivas

configurações ou condições com que

se deve lidar.

Nesse sentido se o modelo não dá

conta (em seus elementos de base)

das configurações do real ele se

transforma em discurso com o mero

arranjo de palavras impactantes, mas

isto não significa o efetivo alcance de

mudanças e resultados esperados.

“A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”.

Mas sempre foi assim?

Capacita SUAS

AVANÇOS E DESAFIOS

MARCOS HISTORICOS

MARCOS LEGAIS

O CURSO

REVISITA E

RECONHECE:

CONCEITOS

CONCEPÇÕES

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Ter um modelo brasileiro de

proteção social não significa que

ele já exista ou esteja pronto,mas

que ele é uma construção que

exige muitos esforços de

mudanças.

A prática da assistência ao outro é antiga na

humanidade.

Em diferentes sociedades, a solidariedade dirigida aos

pobres, aos viajantes, aos doentes e aos incapazes

sempre esteve presente. Esta ajuda pautava-se na

compreensão de que na humanidade sempre existirão

os mais frágeis, que serão eternos dependentes e

precisam de ajuda e apoio.

A civilização judaico-cristã transforma a ajuda em caridade e

benemerência e, dessa forma, compreende-se que o direito à

assistência foi historicamente sendo substituído pelo apelo à

benevolência das almas caridosas.

Com a expansão do capital e a pauperização da força de trabalho,

as práticas assistenciais de benemerência foram apropriadas pelo

Estado direcionando dessa forma a solidariedade social da

sociedade civil.

No Brasil, até 1930, não havia uma compreensão da pobreza

enquanto expressão da questão social e quando esta emergia para

a sociedade, era tratada como “caso de polícia” e problematizada

por intermédio de seus aparelhos repressivos.

Dessa forma a pobreza era tratada como disfunção individual.

A primeira grande regulação da assistência social no país foi a

instalação do Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS - criado

em 1938.

Mestriner (2001, p.57-58)

A primeira grande instituição de assistência social foi a

Legião Brasileira de Assistência – LBA - que tem sua

gênese marcada pela presença das mulheres e pelo

patriotismo.

A relação da assistência social com o sentimento

patriótico foi “estimulada fortemente” quando Darcy

Vargas, a esposa do presidente, reúne as senhoras da

sociedade para acarinhar pracinhas brasileiros da FEB –

Força Expedicionária Brasileira – combatentes da II

Guerra Mundial, com cigarros e chocolates e instala a

Legião Brasileira de Assistência – LBA. A idéia de legião

era a de um corpo de luta em campo, ação.

Sposati (2004, p.19)

Em Outubro de 1942 a L.B.A. se torna uma sociedade

civil de finalidades não econômicas, voltadas para

“congregar as organizações de boa vontade”. Aqui a

assistência social como ação social é ato de vontade e

não direito de cidadania.

A L.B.A. assegura estatutariamente sua presidência às

primeiras damas da República, imprimindo dessa forma

a marca do primeiro-damismo junto à assistência social

e estende sua ação às famílias da grande massa não

previdenciária, atendendo na ocorrência de calamidades

com ações pontuais, urgentes e fragmentadas. Essa

ação da LBA traz para a assistência social o vínculo

emergencial e assistencial, marco que predomina na

trajetória da assistência social.

(SPOSATI, 2004 p.20).

Em 1969, a LBA é transformada em fundação e vinculada ao Ministério do

Trabalho e Previdência Social, tendo sua estrutura ampliada e passando a

contar com novos projetos e programas.

O processo de pauperização se acirra ainda mais no final da ditadura militar

exigindo do Estado maior atenção em todos os níveis.

A política social direciona-se ao exército de reserva de mão-de-obra usando

essa demanda como uma justificativa para o crescimento do Estado. Há uma

expansão de programas sociais como de Alfabetização pelo Mobral, casas

populares – BNH, complementação alimentar – Pronam e outros.

A assistência social deixa de ser simplesmente filantrópica fazendo parte cada

vez mais da relação social de produção, mas:

A criação de novos organismos segue a lógica do retalhamento social,

criando-se serviços, projetos e programas para cada necessidade, problema

ou faixa etária, compondo uma prática setorizada, fragmentada e

descontínua, que perdura até hoje. (MESTRINER, 2001, p.170).

PELO BINÔMIO REPRESSÃO X ASSISTÊNCIA, O ESTADO

MANTÉM APOIO ÀS INSTITUIÇÕES SOCIAIS.

A questão social toma maior visibilidade com o fim da repressão,

proporcionando um campo fértil para o desenvolvimento dos

movimentos sociais, que com poder de pressão almejam legitimar

suas demandas proporcionando visibilidade à assistência social ao

lado das demais políticas públicas como estratégia privilegiada de

enfrentamento da questão social, objetivando a diminuição das

desigualdades sociais.

A partir de 1964, ocorreu uma significativa mudança na relação das

forças presentes no cenário político. Com o golpe de Estado, os

governantes eleitos e reconhecidos, são sumariamente retirados do

cenário político pela força militar, rompendo-se as regras do jogo

político na escolha dos dirigentes. Os militares passam a controlar as

decisões econômicas, ocupando postos-chave da administração.(SERVIÇO SOCIAL E REALIDADE, 1996, P.32)

Neste momento o Brasil pára, proibindo-se expressamente as

manifestações populares.

A importância dos movimentos sociais na estruturação da Proteção

Social no Brasil.

Em 1968, os movimentos sociais voltam a se articular, com objetivos

diferentes, mas com um único propósito de por fim ao sistema

ditatorial. Destacam-se os movimentos estudantis, religiosos,

operários e camponeses.

Os movimentos sociais não podem ser pensados, apenas como

meros resultados de lutas por melhores condições de vida,

produzidos pela necessidade de aumentar o consumo coletivo de

bens e serviços.

Em 1975, surgem os novos movimentos sociais e, dentro

da Igreja Católica, o movimento da Teologia da Libertação,

que buscava romper com a dominação a que a população

pauperizada e os setores excluídos sofriam.

Há, ainda, de forma progressiva, a presença de

movimentos sociais na área da Saúde, Educação, e

outros, para que seja garantida a sua inserção na

Constituição Federal de 1988.

O serviço social põe sua força em campo, para

fortalecer o nascimento dessa política no campo

democrático dos direitos sociais desenvolvendo

múltiplas articulações e debates.

Em meio a essa efervescência e poder de pressão dos

movimentos sociais, as políticas sociais encontram campo

fértil para desenvolverem-se e auxiliarem a efetivação dos

direitos sociais na Constituição de 1988.

Dessa forma, os movimentos sociais exerceram grande

influência, emergindo com todo poder de pressão,

conformando e norteando a configuração das políticas

públicas e da Política de Assistência Social. Assim, os

movimentos sociais com suas lutas contribuíram para

trabalhar o rosto do Brasil e a configuração das políticas

sociais.

REGULAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL : o

nascedouro do processo.

No governo Sarney, executa-se um quadro de reformas institucionais,

visando o desenvolvimento econômico e social, esquematizando

planos de realinhamento de posições. Dentre tais planos destaca-se,

em 1985, o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República,

propondo um desenvolvimentismo baseado em critérios sociais.

Com Waldir Pires à frente da pasta da Previdência e Assistência

Social, devido sua forte oposição ao regime autoritário, houve grande

impulso inicial para as reformas nesse âmbito, que, contudo, não

tiveram continuidade com sua saída, um ano depois da sua posse,

assumindo Raphael de Almeida Magalhães.

Instala-se um complexo processo de debates e articulações com vistas

ao nascimento da Política de Assistência Social, inscrita no campo

democrático dos direitos sociais, garantindo densidade e visibilidade à

questão.

Para regulamentar e institucionalizar os avanços alcançados

na CF/88 tornou-se imprescindível a aprovação de leis

orgânicas.

A Saúde, fundamentada na VIII Conferência Nacional de

Saúde, alcançou a aprovação de sua lei orgânica em

19/09/1990.

A Previdência Social, apesar dos problemas na elaboração

de seus planos de custeio e planos de benefícios, foi

aprovada, em segunda propositura, em 27/09/1991.

A Assistência Social foi prejudicada pelo atraso no

processo de discussão e elaboração de propostas,

articuladas por universidades e órgãos da categoria

profissional (CNAS e CEFAS), ampliando gradativamente os

debates sobre a área.

E a história continua...

O Ministério do Bem-Estar Social promoveu encontros regionais

em todo o país para a discussão da Lei Orgânica da Assistência

Social, culminando na Conferência Nacional de Assistência

Social, realizada em junho de 1993, em Brasília.

Em 7 de dezembro de 1993 foi sancionada a Lei Orgânica de

Assistência Social - LOAS, pelo presidente Itamar Franco.

ATENTE PARA:

Entende-se por política social, as formas de

intervenção e regulamentação do Estado nas

expressões da questão social, envolvendo o

poder de pressão e a mobilização dos

movimentos sociais, com perspectivas de

problematizar as demandas e necessidades dos

cidadãos, para que ganhem visibilidade e

reconhecimento público.

O PENSADO X O VIVIDO

A história da Política de Assistência Social, não termina

com a promulgação da LOAS...

A Lei introduziu uma nova realidade institucional,

propondo mudanças estruturais e conceituais, um cenário

com novos atores revestidos com novas estratégias e

práticas, além de novas relações interinstitucionais e

intergovernamentais, confirmando-se enquanto

“possibilidade de reconhecimento público da legitimidade

das demandas de seus usuários e serviços de ampliação

de seu protagonismo”

(YASBEK, 2004, p.13).

De imediato, a LOAS extingue o Conselho Nacional de

Serviço Social, criado em 1938, - considerado um órgão

clientelista e cartorial – e, cria o Conselho Nacional de

Assistência Social, órgão de composição paritária,

deliberativo e controlador da política de assistência social.

Esse processo permite compreender que a Assistência

Social não “nasce” com a Constituição Federal de 1988 e

com a LOAS. Ela existe anteriormente como uma prática

social, alcançando nesses marcos legais, o status de

política social, convergindo ao campo dos direitos, da

universalização dos acessos e da responsabilidade

estatal.

IMPORTANTE DESTACAR :

No período pós-CF/88, evidenciam-se fortes inspirações

neoliberais nas ações do Estado no campo social.

O processo de Reforma do Estado, iniciado na década de

90, “trabalharia em prol de uma redução do tamanho do

Estado mediante políticas de privatização, terceirização e

parceria público-privado, tendo como objetivo alcançar um

Estado mais ágil, menor e mais barato” (Nogueira, 2004,

p.41).

Neste contexto, as políticas sociais assumem

características seletivas e compensatórias. Deflagra-se

um movimento de desresponsabilização do Estado na

gestão das necessidades e demandas dos cidadãos. O

Estado passa a transferir as suas responsabilidades para

as organizações da sociedade civil sem fins lucrativos e

para o mercado.

Consequentemente, a implementação da LOAS

esbarra em aspectos da ordem política e

econômica, que comprometem a sua efetivação.

Disso decorre, a dificuldade do alcance efetivo

da inclusão social, devido às perspectivas

fragmentadas e seletivas da Assistência Social

que focalizam os mais pobres e não contribuem

para a ampliação do caráter global da proteção

social.

A avaliação da Assistência Social pós-LOAS é, portanto,

[...] plena de ambigüidades e de profundos paradoxos. Pois se, por

um lado, os avanços constitucionais apontam para o reconhecimento

de direitos e permitem trazer para a esfera pública a questão da

pobreza e da exclusão, transformando constitucionalmente essa

política social em campo de exercício de participação política, por

outro, a inserção do Estado brasileiro na contraditória dinâmica e

impacto das políticas econômicas neoliberais, coloca em

andamento processos articuladores, de desmontagem e retração

de direitos e investimentos públicos no campo social, sob a forte

pressão dos interesses financeiros internacionais.

(YASBEK, 2004, p.24)

A assistência social, embora regulamentada, não

conseguiu avançar no campo da concretização dos

direitos, pois a estratégia neoliberal, presente nos

governos de Collor e de Fernando Henrique Cardoso

(I e II), privilegiou a implantação de programas

pontuais com forte tendência ao repasse para a

sociedade de ações sociais de enfrentamento da

pobreza, como foi o caso do Plano de Combate à

Fome e à Miséria, em 1993, e do Programa

Comunidade Solidária, em 1995.

O SUAS como estratégia de consolidação da proteção social

de assistência social

A Política Nacional de Assistência Social - PNAS, aprovada em

2004, reafirma o conteúdo da LOAS destacando o seu caráter

protetivo, estabelece diretrizes, público-alvo e organiza as ações

em base sistêmica através da implantação do SUAS. No conjunto

de princípios é importante destacar :

I – supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as

exigências de rentabilidade econômica;

II – universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o

destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais

políticas públicas;

A partir de 2000, o país passa a implementar

programas de transferência de renda com ou sem

condicionalidades como estratégia de redução da

pobreza, como foram os casos do Bolsa Escola, do

Vale Gás e da Bolsa Alimentação que, mais tarde,

seriam unificados no Programa Bolsa Família. A partir

daí podemos compreender o direcionamento que se

dará aos programas sociais no Brasil com ênfase mais

interventiva na família.

Nesse período, há uma alteração: a família surge

como personagem focalizada nas políticas e

programas sociais, segundo o qual a família, de

personagem desfocado anteriormente, assume o

centro da cena, não apenas como alvo da ação, mas

como o paradigma dominante na intervenção estatal,

ou seja, a família está no centro das políticas de

proteção social, em especial a de assistência social e

saúde.Teixeira (2010, p. 542)

O sistema brasileiro de proteção social é moldado e sustentado

com base no principio do mérito entendido basicamente como

posição ocupacional e de renda adquirida ao nível da estrutura

produtiva.

Segundo Draibe (1990, p. 38), o advento da Constituição de 1988,

implica em mudanças significativas:

sistema de proteção social, com caracterização, redistributivista;

maior responsabilidade pública na regulação, produção e

operação;

ampliação dos direitos sociais;

universalização do acesso e expansão da cobertura;

esgarçamento do vínculo contributivo, com concepção mais

abrangente da seguridade social e do financiamento;

Importância maior sobre o princípio organizacional da

participação e do controle social.

E O TEMPO VAI DANDO CONTA DA REVISÃO SOBRE AS

CONQUISTAS E A AMPLIAÇÃO DAS REFLEXÕES SOBRE O

VIVIDO DENTRO DO PENSADO...

2004, aprovada uma nova Política Nacional de Assistência Social

na perspectiva de implementação do Sistema Único de Assistência

Social – SUAS;

2005, fez-se necessário a edição de uma Norma Operacional

Básica que definisse as bases para a implantação do Sistema Único

de Assistência Social;

2009, Tipificação dos Serviços Socioassistenciais;

2011/2012, atualização da NOB SUAS...

Linha do Tempo da Assistência Social

No curso da história, a Política de Assistência Social adquiriu

status de política social. Está em franco processo de

institucionalização; de profissionalização e de alcance de

racionalidade técnica e política.

A regulação estabelece os fundamentos sobre os quais está

colocada a possibilidade de reversão da lógica do favor para a

lógica do direito à proteção social para todos os cidadãos.

Considerando a atual conjuntura política, social e econômica em

que se insere a Política de Assistência Social é necessário

compreender os limites e constrangimentos de ordem estrutural,

que comprometem a sua efetividade.

Apesar de todos os esforços e avanços, ainda permanece um

abismo entre os direitos garantidos constitucionalmente e a sua

efetiva afirmação.

A NOB-SUAS e as

Seguranças

Afiançadas Pela

Política de

Assistência Social :

direitos

conquistados

nem sempre se

traduz em

direitos garantidos

Desigualdades

sociais...

• Deve garantir alojamento e condições de sobrevivênciapara aqueles que, por quaisquer circunstâncias, estejam em situação de abandono ou ausência de moradia

Segurança de Acolhida

• Busca impedir o isolamento e afirmar e fortalecer relações de sociabilidade, reconhecimento social, troca e vivência, seja na família ou na comunidade

Segurança de Convívio

• Implica a garantia de acesso a uma renda mínima, seja para as famílias pobres ou para idosos ou pessoas com deficiência que estejam impossibilitados para o trabalho, e em benefícios eventuais, como nos casos de calamidade, carências ou urgências específicas

Segurança de Renda e

Sobrevivência

• Visa a atuar na promoção de protagonismo, participação e acesso a direitos

Segurança de Autonomia

Ass

istê

nci

a So

cial

Proteção Social

Vigilância Socioassistencial

Defesa de Direitos

ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

SOCIAL SEGUNDO SUAS FUNÇÕES

A adoção de práticas sistemáticas de planejamento, monitoramento e avaliação permitem:

• Identificação da realidade

•Definição de prioridades

•Definição de estratégias e metas

•Organização das ações

•Acompanhamento e redirecionamento permanentes

• Promoção do impacto necessário à superação das condições de vulnerabilidade e risco

• Medição do grau de alcance junto à população usuária

•Projetar a ampliação de resultados e impactos

O CAMINHO A SER

TRILHADO

Definição, identificação e

mensuração de fatores de vulnerabilidade

específicos

Definição das necessidades de

proteção

Provisões dos serviços e benefícios do SUAS

Níveis de Proteção

Social:

Proteção Social

Básica (PSB) e

Proteção Social

Especial (PSE)

Organização e a Oferta

dos Serviços de Proteção

Especial.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

A Proteção Social Especial (PSE) organiza a oferta de

serviços, programas e projetos de caráter

especializado, que tem por objetivo contribuir para a

reconstrução de vínculos familiares e comunitários, o

fortalecimento de potencialidades e aquisições e a

proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento

das situações de risco pessoal e social, por violação de

direitos.

Na organização das ações de PSE é preciso entender

que o contexto socioeconômico, político, histórico e

cultural pode incidir sobre as relações familiares,

comunitárias e sociais, gerando conflitos, tensões e

rupturas, demandando, assim, trabalho social

especializado.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

A PSE, por meio de programas, projetos e serviços

especializados de caráter continuado, promove a

potencialização de recursos para a superação e prevenção do

agravamento de situações de risco pessoal e social, por

violação de direitos, tais como:

violência física, psicológica, negligência, abandono,

violência sexual (abuso e exploração),

situação de rua,

trabalho infantil,

práticas de ato infracional,

fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do

convívio familiar, dentre outras.

Alguns grupos são particularmente vulneráveis à vivência

destas situações, tais como crianças, adolescentes, idosos,

pessoas com deficiência, populações LGBT (lésbicas, gays,

bissexuais, travestis e transexuais), mulheres e suas famílias.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

As ações desenvolvidas na PSE devem ter

centralidade na família e como pressuposto o

fortalecimento e o resgate de vínculos familiares e

comunitários, ou a construção de novas referências,

quando for o caso.

Para a PSE a definição e a organização dos

serviços, programas e projetos devem considerar a

incidência dos riscos pessoas e sociais, por

violação de direitos em cada território e suas

complexidades, assim como as especificidades do

público atingido como, por exemplo, os ciclos de

vida das famílias e indivíduos que necessitem de

sua atenção.

.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Os serviços, programas e projetos da PSE

requerem, portanto, organização técnica e

operacional específica, por atenderem situações

heterogêneas e complexas que demandam

atendimentos e acompanhamentos mais

personalizados. Considerando os níveis de

agravamento, a natureza e a especificidade do

trabalho social ofertado, a atenção na PSE

organiza-se sob dois níveis de complexidade:

Proteção Social Especial de Média Complexidade

(PSE/MC);

Proteção Social Especial de Alta Complexidade.

.

A quem se

destina os

Serviços de

Proteção

Especial?

A todas as pessoas e famílias que vivenciem

situações de risco pessoal e social ou que tiverem

seus direitos violados e/ou ameaçados por

vivências de violência física, psicológica,

negligência, abandono, violência sexual (abuso e

exploração), situação de rua, trabalho infantil,

práticas de ato infracional, fragilização ou

rompimento de vínculos, afastamento do convívio

familiar, dentre outras.

Tendo em vista fatores de maior vulnerabilidade e

aspectos históricos e culturais, alguns grupos são

particularmente vulneráveis à vivência destas

situações, tais como crianças, adolescentes,

idosos, pessoas com deficiência, populações LGBT

(lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais),

mulheres e suas famílias.

.

A cidadania

individual e coletiva, a

organização dos

movimentos sociais e

a renovação da luta

contínua: onde

começa , de fato o

protagonismo?

A quem se

destina os

Serviços de

Proteção

Especial?

ATIVIDADE EM GRUPOS DE TRABALHO

Considerando a realidade comum aos municípios

representados no grupo de trabalho socializem :

Qual o grupo mais excluído da proteção

social?

O que “justifica” essa desproteção social ?

Como a organização da proteção social

especial pode contemplar essa fragilidade?

O que precisa ser providenciado a curto

prazo?

.

Organização e a Oferta

dos Serviços de Proteção

Especial.

Eu NÃO SOU VOCÊ VOCÊ NÃO É EU

Eu não sou você

Você não é eu

Mas sei muito de mim

Vivendo com você.

E você, sabe muito de você vivendo comigo?

Eu não sou você

Você não é eu.

Mas encontrei comigo e me vi

Enquanto olhava pra você

Na sua, minha, insegurança

Na sua, minha, desconfiança

Na sua, minha, competição

Na sua, minha, birra birra infantil

Na sua, minha, omissão

Na sua, minha, firmeza

Na sua, minha, impaciência

Na sua, minha, prepotência

Na sua, minha, fragilidade doce

Na sua, minha, mudez aterrorizada

E você se encontrou e se viu, enquanto olhava pra

mim?

Eu não sou você

Você não é eu.

Mas foi vivendo minha solidão que conversei

Com você, e você conversou comigo na sua solidão

Ou fugiu dela, de mim e de você?

Eu não sou você

Você não é eu

Mas sou mais eu, quando consigo

Lhe ver, porque você me reflete

No que eu ainda sou

No que já sou e

No que quero vir a ser…

Eu não sou você

Você não é eu

Mas somos um grupo, enquanto

Somos capazes de, diferenciadamente,

Eu ser eu, vivendo com você e

Você ser você, vivendo comigo.

Madalena Freire

CONTEÚDOS :

Conceituando a Proteção Social

Especial;

Demandas Históricas no Campo dos

Direitos Violados;

A Dimensão Coletiva da PSE;

A Estruturação dos serviços de media e alta

complexidade.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

A Proteção Social Especial (PSE) organiza a oferta de

serviços, programas e projetos de caráter

especializado, que tem por objetivo contribuir para a

reconstrução de vínculos familiares e comunitários, o

fortalecimento de potencialidades e aquisições e a

proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento

das situações de risco pessoal e social, por violação de

direitos.

Na organização das ações de PSE é preciso entender

que o contexto socioeconômico, político, histórico e

cultural pode incidir sobre as relações familiares,

comunitárias e sociais, gerando conflitos, tensões e

rupturas, demandando, assim, trabalho social

especializado.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

A PSE, por meio de programas, projetos e serviços

especializados de caráter continuado, promove a

potencialização de recursos para a superação e prevenção do

agravamento de situações de risco pessoal e social, por

violação de direitos, tais como:

violência física, psicológica, negligência, abandono,

violência sexual (abuso e exploração),

situação de rua,

trabalho infantil,

práticas de ato infracional,

fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do

convívio familiar, dentre outras.

Alguns grupos são particularmente vulneráveis à vivência

destas situações, tais como crianças, adolescentes, idosos,

pessoas com deficiência, populações LGBT (lésbicas, gays,

bissexuais, travestis e transexuais), mulheres e suas famílias.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

As ações desenvolvidas na PSE devem ter

centralidade na família e como pressuposto o

fortalecimento e o resgate de vínculos familiares e

comunitários, ou a construção de novas referências,

quando for o caso.

Para a PSE a definição e a organização dos

serviços, programas e projetos devem considerar a

incidência dos riscos pessoas e sociais, por

violação de direitos em cada território e suas

complexidades, assim como as especificidades do

público atingido como, por exemplo, os ciclos de

vida das famílias e indivíduos que necessitem de

sua atenção.

.

Organização e a

Oferta dos Serviços

de Proteção

Especial.

Os serviços, programas e projetos da PSE

requerem, portanto, organização técnica e

operacional específica, por atenderem situações

heterogêneas e complexas que demandam

atendimentos e acompanhamentos mais

personalizados. Considerando os níveis de

agravamento, a natureza e a especificidade do

trabalho social ofertado, a atenção na PSE

organiza-se sob dois níveis de complexidade:

Proteção Social Especial de Média Complexidade

(PSE/MC);

Proteção Social Especial de Alta Complexidade.

.

A quem se

destina os

Serviços de

Proteção

Especial?

A todas as pessoas e famílias que vivenciem

situações de risco pessoal e social ou que tiverem

seus direitos violados e/ou ameaçados por

vivências de violência física, psicológica,

negligência, abandono, violência sexual (abuso e

exploração), situação de rua, trabalho infantil,

práticas de ato infracional, fragilização ou

rompimento de vínculos, afastamento do convívio

familiar, dentre outras.

Tendo em vista fatores de maior vulnerabilidade e

aspectos históricos e culturais, alguns grupos são

particularmente vulneráveis à vivência destas

situações, tais como crianças, adolescentes,

idosos, pessoas com deficiência, populações LGBT

(lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais),

mulheres e suas famílias.

.

ATIVIDADE 3

Considerando o resultado do trabalho em grupo

Relacione o que precisa ser verificado num

diagnóstico direcionado a organização das ofertas

considerando as seguintes situações de risco:

GT 1 VIOLÊNCIA ,

GT2 TRABALHO INFANTIL,

GT3 PRÁTICAS DE ATO INFRACIONAL,

A Dimensão Coletiva da PSE

e a Estruturação dos

serviços de media e alta

complexidade : desafios que

marcam a história da

consolidação da proteção

social num pais de

contradições.

De tanto ver, a gente banaliza o olhar – ver... não vendo.

Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.

Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não

desperta curiosidade.

O campo visual da nossa retina é como o vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.

Se alguém lhe pergunta o que você vê pelo caminho, você não sabe.

De tanto vê, você banaliza o olhar.

Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio

do seu escritório.

Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro.

Dava-lhe bom dia, às vezes, lhe passava um recado ou uma

correspondência.

Ver vendo...

Otto Lara Resende

Um dia o porteiro faleceu.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não

fazia a mínima idéia.

Em 32 anos nunca consegui vê-lo.

Para ser notado o porteiro teve que morrer.

Se, um dia, em

seu lugar tivesse

uma girafa cumprindo o rito, pode ser, também, que

ninguém desse por

sua ausência.

MATRICIALIDADE

SOCIOFAMILIAR

Atuar com família numa

perspectiva SISTÊMICA

VER vendo...

Compreender as situações

Estudar as dimensões do

problema

Reconhecer as ofertas da

Rede

Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e JuventudeSecretaria Executiva de Assistência Social

Gerência de Projetos e Capacitação

www.sigas.pe.gov.brE-mail: [email protected]

Telefone: 81 3183 0702

Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

E-mail: [email protected]: (081) 2103-2096