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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA ANDREAS WÜRZBURGER O PARANÁ CONTEMPORÂNEO: PODER, TRABALHO E CULTURA PONTA GROSSA

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · A elaboração do texto didático pedagógico se constitui em uma tarefa desafiante por estimular ao professor a escrever o seu próprio

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

ANDREAS WÜRZBURGER

O PARANÁ CONTEMPORÂNEO: PODER, TRABALHO E CULTURA

PONTA GROSSA

1

ANDREAS WÜRZBURGER

O PARANÁ CONTEMPORÂNEO: PODER, TRABALHO E CULTURA

Material Didático elaborado para definir diretrizes de ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

Secretaria de Estado da Educação - Paraná .

Orientador: Professora Mestre Janaína de

Paula do Espírito Santo

PONTA GROSSA

2008

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................... ............................................................... 3

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5

UNIDADE UM: PODER.................................. ....................................................... 8

A TRAJETÓRIA DO PODER NO PARANÁ DE 1964 A 1982................................ 9

AS OPINIÕES DOS GENERAIS QUE PARTICIPARAM DO GOLPE MILITAR E

DOS OPOSICIONISTAS EM 1964.................................................................. 12

A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA NO PARANÁ A PARTIR DE 1982-1995... 16

A INFLUÊNCIA DO NEOLIBERALISMO NO GOVERNO JAIME LERNER......... 20

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS.......................................................... 23

CLIENTELISMO E NEPOTISMO NO PARANÁ................................................... 27

UNIDADE DOIS: RELAÇÕES CULTURAIS................... ................................... 30

A PRESENÇA JAPONESA NO BRASIL E NO PARANÁ ................................... 31

O PRECONCEITO POR DE TRÁS DOS PORTADORES DO VIRUS

DA AIDS............................................................................................................. 36

HÁBITOS ALIMENTARES CURITIBANOS...................................................... 40

OS ARABES E SUA VIDA EM FOZ DO IGUAÇU........................................... 44

A MULHER PARANAENSE NO SÉCULO XX E XXI ..................................... 48

UNIDADE TRÊS: TRABALHO........................................... .......................... 53

A INDÚSTRIA PARANAENSE E SUA EVOLUÇÃO DENTRO DA GLOBALI-

ZAÇÃO ......................................................................................................... 54

A GEADA DE 1975 E SEUS EFEITOS SOBRE O AGRICULTOR PARANAEN-

SE................................................................................................................... 60

O MODO DE VIDA AGRICOLA PARANAENSE NAS DÉCADAS DE SETEN-

TA A NOVENTA.............................................................................................. 64

O ASSENTAMENTO EMILIANO ZAPATA, EXEMPLO DO MST ................ 69

A AÇÃO GOVERNAMENTAL NAS VILAS RURAIS DO GOVER-

NO LERNER....................................................................................................... 72

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. ............................................. 76

BIBLIOGRAFIA....................................... ...................................................... 77

3

APRESENTAÇÃO

Figura 1: mapa histórico paranaense

Fonte: http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/livro/mapas_iap3 .html

A elaboração do texto didático pedagógico se constitui em uma tarefa

desafiante por estimular ao professor a escrever o seu próprio material didático

usado em sala de aula.

A vantagem de o professor ser o autor está em sua leitura do cotidiano

escolar e sua relação com o conteúdo, na possibilidade de desenvolver sua prática

em sala conforme as dificuldades e experiências de seus alunos.

Partindo deste principio a elaboração do caderno pedagógico escolheu temas

sobre a História do Paraná no período recente de 1964 a 2002. A escolha pelo tema

Paraná se fez por existir no período do Regime Militar e da recente

redemocratização visto que a mesma apresenta lacunas de textos para se entender

o período e a relação com a conjuntura brasileira de então.

Buscou-se elaborar material de analise de eventos relacionados a problemas

sociais, culturais e de poder influentes sobre a vida paranaense. De modo a se

entender a construção da consciência história no processo de entender o presente,

a partir do passado e ter o futuro construído a partir deste entendimento. E as

4

relações desta “micro-história” com a macro-história, compreendendo a ligação entre

os eventos e a intervenção no cotidiano do ser humano.

As unidades do caderno pedagógico estão divididas em três partes de acordo

com as dimensões estruturais, propostas pelas diretrizes curriculares (PARANÁ,

2008, p.34): Poder, Trabalho e Relações Culturais. E em cada unidade há textos,

elaborados a partir de resenhas e pesquisa sobre dissertações, artigos, teses e

reportagens encontradas em arquivos de universidades e jornais, cuja utilidade está

ausente ao conhecimento do professor em sala de aula. O objetivo é tornar atividade

corriqueira ao professor consultar fontes universitárias e transformá-las em material

didático a ser usado em sala de aula. De modo a não ser o livro didático a única

ferramenta bibliográfica a ser estudada pelo aluno.

Portanto o caderno pedagógico vai ao encontro da construção do

conhecimento didático pelo professor e seu uso conforme as peculiaridades de cada

sala de aula.

.

5

INTRODUÇÃO

Figura 2: Terra de imigrantes de várias origens étn icas e brasileiras, o Paraná se formou a partir de estruturas de poder onde o poder emanava da posse da terra (fonte :

http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. p)

A História entende as formas de agir, pensar e se relacionar do ser humano

ao longo do tempo como seu objeto de estudo. E estas formas de relação se

configuram nas dimensões de poder, de trabalho e cultura.

As diretrizes curriculares do Estado do Paraná ao se referirem ao ensino de

História entendem que a leitura por parte do aluno das dimensões acima

mencionadas tem a meta de formar indivíduos conscientes da finalidade do

pensamento histórico por meio do conhecimento. E entender que o processo

histórico de um evento pode apresentar mais uma interpretação ou explicação, de

modo ao aluno construir a sua consciência histórica por meio de sua leitura destes

eventos (PARANÁ, 2007, p.14).

Os eventos históricos são classificados por meio das dimensões de poder,

trabalho e cultura, os quais contem conhecimentos históricos fundamentais para o

entendimento dos estudos da História como disciplina escolar (2007, p.32).

Na dimensão de poder, segundo Bobbio (PARANÁ, 2008, p34), o poder se

manifesta dentro das relações sociais e ideológicas estabelecidas entre os sujeitos,

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onde um se submete ao domínio do outro, não só na esfera do Estado, mas nas

diversas instituições (escolas, igrejas, sindicatos, grupo de amizade e outros).

A cultura se relaciona a conjuntos de significados que o ser humano confere a

sua realidade para explicar o mundo. Dentro deste pensamento, Carlo Guinzburg

considera as relações culturais como ações e valores dos sujeitos comuns, de suas

famílias e comunidades (2008, p.36).

O trabalho, segundo as diretrizes curriculares vem a ser a relação dos seres

humanos com a natureza com referencia a produção material (2008, p.32) E esta

definição leva a relações humanas ao longo do tempo histórico a construir modo de

produção que se inserem nas suas relações sociais. Estas são transmitidas por

valores e experiências pelos sujeitos históricos (2008. p33).

O caderno pedagógico se preocupa em levantar tema relacionando as

dimensões estruturais com a história local, notadamente o Paraná, a partir do

espaço temporal referente a 1964 a 2002, para verificar as mudanças dentro da vida

paranaense da conjuntura do Regime Militar e da Redemocratização. Pois esta

justificativa se alinha a teoria da História do Presente, de modo o ensino da

disciplina cumpra uma de suas finalidades: “a compreensão dos fatos cotidianos

pelo aluno não são provocados por personagens heróicos ou ação do acaso

fatalista, além de situar os acontecimentos em um tempo histórico mais amplo, em

uma duração que contribua a compreensão de uma situação imediata repleta de

emoções” (BITTENCOUT, 2007.409p.)

As unidades do caderno pedagógico obedecem à ordem das dimensões

estruturais de modo a você, professor, possa trabalhar temas relacionados a poder,

trabalho e cultura. A escolha dos temas de cada unidade obedece à relação com o

cotidiano de história local do espaço Paraná e do sujeito aluno.

Na unidade sobre poder os temas escolhidos: a construção da democracia no

Paraná a partir de 1982-1995, a força do medo na escola pública, a influência do

neoliberalismo no governo Jaime Lerner, a trajetória do poder no Paraná de 1964 a

2002, as opiniões dos generais que participaram do movimento militar de 1964 no

Paraná e clientelismo e nepotismo no Paraná.

Na unidade de cultura: a mulher paranaense no século xx e xxi, a presença

japonesa no Brasil e no Paraná, hábitos alimentares, o preconceito por de trás dos

portadores do vírus da AIDS e os árabes e sua vida em Foz do Iguaçu.

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Na unidade sobre trabalho: O assentamento Emiliano Zapata, a agricultura

paranaense, a geada de 1975 e seus efeitos sobre o agricultor paranaense, a ação

governamental nas vilas rurais do governo Lerner e a indústria paranaense e sua

evolução dentro da globalização.

A elaboração dos textos a partir do uso como fonte dos arquivos das

universidades paranaenses e de outras instituições de ensino superior, jornais,

revistas e outros se construiu para que o aluno tenha a consciência de que este

tema se relaciona aos seus problemas do dia a dia, seja ele da periferia ou de

bairros centrais ou de zonas rurais. Pois entendimento do processo de construção

de uma conjuntura histórica não se faz pelo acaso, mas por uma serie de fatores de

ordem econômica, social e cultural.

Deste modo, o caderno pedagógico sobre o Paraná contemporâneo quer ser

uma fonte bibliográfica de analise do período, mas, também, estimular outros textos

por parte do professor de História sobre o Paraná.

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UNIDADE UM

Figura 3: Coruja, o poder é simbolizado neste, pelo símbolo da sabedoria (Fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. ph).

.

PODER

9

A TRAJETÓRIA DO PODER NO PARANÁ DE 1964 A 1982

Em 31 de março de 1964, o presidente João Goulart era destituído pelas

Forças Armadas do cargo que fora eleito em 1960 e os governadores estaduais,

deputados federais, senadores e militares, amigos de seu governo foram retirados

de seus cargos políticos pelo novo governo militar. O governador Nei Braga, ex-

militar, por ter ficado do lado vencedor continuou no comando do governo

paranaense, até ser nomeado ministro da Agricultura, no governo do marechal

Castelo Branco.

Durante o regime militar as eleições de presidente e de governador de estado

deixaram de ser feitas por consulta ao povo brasileiro e passaram a ser feitas por

assembléias de eleitores (deputados federais e estaduais). Estes escolhiam os

candidatos apoiados pelo presidente militar que dirigia o país. Portanto os governos

paranaenses de 1971 a 1983 foram autoridades apoiavam o Regime Militar.

Figura 4: da esquerda para direita Nei Braga, Paulo Pimentel, Jaime Canet e Haroldo León Peres, governantores aliados do

Regime MIlitar e executores de governos controlados por tecnocratas.( fonte:

http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=95)

10

E houve o caso do senhor Haroldo Leon Peres, eleito em 1970( indicado pelo

presidente Médici) nos seus primeiros meses de governo tomou atitudes contrárias

ao governo dos militares, sendo demitido rapidamente.

Os governos dos governadores nomeados fizeram administrações cujas

realizações procuravam aumentar o número de rodovias, favorecerem a entrada de

indústrias estrangeiras, o crescimento agrícola para o mercado exportador para a

soja, milho e café. Tendo como conseqüência o crescimento das populações das

grandes cidades, como Curitiba, Londrina e Maringá.

E com o crescimento das cidades cresceram problemas sociais, pois famílias

imigraram na esperança de trabalho e foram viver em regiões destas cidades,

chamadas de periferias onde havia sérios problemas como: sem rede de

abastecimento de energia elétrica ou esgoto, rede de transporte deficiente e distante

de atendimento médico e educacional.

E para tentar resolver parte destes problemas os governos de Paulo Pimentel e

Nei Braga criam a Sanepar (companhia de saneamento paranaense) e a Copel

(companhia paranaense de eletricidade), empresas com recursos do governo

estadual para substituir empresas particulares que não satisfaziam as necessidades

de crescimento da rede de energia elétrica e de tratamento de água. O povo se

favoreceu com as obras destas empresas, mas também as grandes indústrias das

grandes cidades paranaenses.

A política de desenvolver a economia brasileira pelo Regime Militar, entrou em

decadência, em razão da alta dos preços do barril de petróleo (fonte de matéria-

prima para as indústrias de fertilizantes, plásticos e combustíveis)no mercado

internacional( o Brasil importa o produto dos países árabes) e alta dos juros

cobrados na divida externa brasileira pelos bancos nos EUA e Europa, tornando o

pagamento difícil e reduzindo investimentos no crescimento econômico. Em virtude

desta situação acontece o crescimento do desemprego e dos preços dos alimentos,

da redução poder de compra do salário mínimo e da pobreza. E claro o povo

desconte com a situação.

O povo paranaense mostrou o descontentamento com a situação, na eleição

de governador, decide votar, depois de dezessete anos sem eleição direta (o povo

elegendo), o candidato do PMDB (partido contrário ao governo dos militares) José

Richa, contra o candidato do governador Nei Braga (a favor do Regime Militar).

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Terminava os governos escolhidos pelos presidentes militares e iniciava os eleitos

pela maioria do povo paranaense.

ATIVIDADES

1- ANÁLISE DO TEXTO

A- Quem era o governador do Paraná em 1964?

B- Qual fato aconteceu com o presidente João Goulart, em 31 de março de 1964?

C- Como passou a ser escolhido o governador paranaense durante o regime

militar?

D- Quais as preocupações administrativas dos governadores estaduais, durante o

regime militar?

RESPOSTAS

A- Nei Braga

B- Foi deposto pelas Forças Armadas

C- Era nomeado pelo governo federal controlado pelos militares.

D- Construir rodovias, desenvolver a indústria e estimular a agricultura exportadora.

2-SUGESTÃO DE ATIVIDADE

2.1-Leia o texto abaixo e relacione o governador Nei Braga com os militares.

“O ano de 1964 começou com grande agitação nos quartéis. A insubordinação dos sargentos da Marinha foi um duro golpe na hierarquia e na disciplina de toda a Força, uma vez que essas notícias espalhavam-se como rastilhos de pólvora pelas unidades militares, de Norte a Sul. Setores da elite política começaram a bater às portas dos quartéis solicitando providências. O Governador Ney Braga foi à televisão e fez um pronunciamento contra o que chamava de “baderna”. Supõe-se que esse pronunciamento seria a prova de que os militares precisavam para terem certeza dos propósitos de Braga, pois havia, no meio político, comentários de que ele não era um revolucionário de primeira hora. Depois do pronunciamento ninguém mais teve dúvidas do lado em que estava. Isso tranqüilizou sobremaneira os militares...” Fonte: DUTRA, José Carlos. A Revolução de 1964 e o movimento militar no Paraná: a visão da caserna. Re vista

Sociologia Política. Curitiba. Junho/2004.

2.2-Peça aos alunos uma pesquisa sobre ditadura e democracia. Destacando as

diferenças e as semelhanças entre estes sistemas de poder.

12

AS OPINIÕES DOS GENERAIS QUE PARTICIPARAM DO GOLPE MILITAR E

DOS OPOSICIONISTAS EM 1964

Em 31 de março de 1964 depois do conturbado mês de Março com greves de

marinheiros, comício por reformas de base e passeatas contra estas reformas de

base, o presidente João Goulart foi deposto pelas Forças Armadas. A intenção deste

texto é mostra a visão dos militares que serviam no Paraná e participaram do golpe

de Estado que derrubou um governo eleito e impôs novo sistema político passeado

em leis de fortalecimento do Poder Executivo e do próprio governo federal sob a

influência dos militares das três forças armadas.

Figura 5 Durante o Regime Militar as liberdades ind ividuais eram controladas pela polícia(fonte:. http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2.p)

O Estado do Paraná em 1964 era uma região importante para os militares

golpistas (contra o governo João Goulart), pois servia de barreira para as tropas que

serviam na região Sudeste em relação às tropas da região Sul. Pois em 1961 as

tropas militares comandadas pelo general Machado Lopes reagiram contra a

manobra dos ministros militares que desejavam impedir a posse do vice-presidente

João Goulart, após a renúncia do presidente Jânio Quadros e apoiando o

governador gaúcho Leonel Brizola a favor da posse de Jango na presidência

(apelido de João Goulart). Temendo uma nova reação as tropas paranaenses

estavam de alerta.

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Figura 6: O medo de revolução comunista levou ao regime militar a controlar os direitos do cidadão, sobretudo o direito a manifestação política. Na charge acima a opressão ao trabalhador que reivindicava trabalho para sustentar sua família (fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3. php).

Quando do movimento que depôs o presidente João Goulart se iniciou, os

chefes militares da região militar de Curitiba, desrespeitando a ausência do

comandante da região, general Silvino Costa de Nóbrega (contrário ao movimento

militar), apoiaram o movimento de deposição e preparam o terreno para o confronto

com as tropas militares do Rio Grande do Sul (a favor de João Goulart), o que não

aconteceu.

Segundo os depoimentos de militares que serviam na Região Militar de

Curitiba em 1964, major Raimundo Negrão Torres, o coronel Ítalo Conti e o capitão

Justo de Moraes o movimento militar pretendia evitar a eclosão da revolta de

partidos de esquerda, ligados aos partidos comunistas brasileiros e aos movimentos

camponeses. E dar a resposta ao apoio de João Goulart à greve dos marinheiros,

desrespeitando a hierarquia militar (no código militar o comandante seja general ou

coronel ou major ou capitão não pode ser desobedecido pelo soldado ou

marinheiro). Esta situação reflete a visão de mundo na década de sessenta, pois se

temia por parte das classes sociais ricas e médias a revolução socialista, contraria a

propriedade de bens materiais e a favor da posse coletiva destes bens pela classe

trabalhadora.

Os três militares citados destacaram a figura do governador paranaense, da

época, Nei Braga (por ser coronel da reserva) e sua atuação nos conflitos de terra

na região Sudoeste ter sido resolvido graças à nova ordem de poder sob os

militares.

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Os militares mencionados defendem o regime militar e negam a violência em

torturas e afirmaram que há manipulação pela imprensa dos indivíduos perseguidos

e presos pelos militares (os grupos de esquerda comunista e democráticos).

Para os militares que serviram no Paraná em 1964, o regime militar não foi

criação das Forças Armadas, mas da sociedade brasileira, temerosa com uma

possível revolução comunista, como aconteceu em Cuba, em 1959.

Enquanto que os contrários a deposição de João Goulart tem a opinião de

que o presidente era um político preocupado com a situação de miséria do povo

brasileiro e via nas reformas: agrária, bancária, urbana e eleitora (direito ao voto pelo

analfabeto) meias para amenizar a situação. Mas as forças Armadas entendiam as

reformas como ligadas a uma revolução comunista e esqueciam a condição de

grande proprietário rural do presidente deposto (palavras do deputado federal pelo

PTB, Antonio Annibelli em entrevista a TV Exclusiva, em 22 de dezembro de 1996).

E o Paraná, como o país inteiro, passou a ter mudanças políticas que

deixaram marcas na vida dos brasileiros e dos paranaenses.

ATIVIDADES

1- Leia o texto e responda as perguntas:

A- Por que as tropas do Exercito que se serviam no Paraná eram importantes

para os militares que depuseram João Goulart?

B- Segundo a opinião dos militares do Paraná, em 1964, qual a razão da saída

de João Goulart?

C- Qual problema no Paraná foi resolvido graças à existência do governo de Nei

Braga, apoiado pelos militares?

RESPOSTAS:

A- Porque impediriam o avanço das tropas vindas do Rio Grande do Sul, a favor de João

Goulart.

B- O presidente apoiava os movimentos de esquerda que pretendiam se revoltar.

C- A questão dos conflitos de terra, na região Sudoeste.

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2- Faça a relação do fato ocorrido em 1964 com o Jo sé da Silva com o texto

sobre movimento militar de 1964.

1

“José da Silva, agricultor no município de São Pedro dos Desferrados.

Em 1964, meados de abril, sua esposa passou mal e necessitava ir para Curitiba. Pegou o Ford 1939, do sogro e partiu rumo a Capital.

No caminho, próximo a Ponta Grossa, encontraram uma barreira militar. Zé parou o fordinho, numa fila de espera de uns vinte carros. Procurando explicar a ida para Curitiba por causa da mulher, perguntou ao comandante da operação:

- Por que não posso ser liberado?

- Por que temos que revistar pessoa a pessoa a fim de encontrar o Luis Carlos Prestes que fugiu para o Paraná e queremos pegá-lo.

José da Silva, após a explicação do comandante:

- Senhor, olhe bem a minha cara e veja se sou o Prestes disfarçado?

O comandante olhou bem o José e disse aos soldados:

- Libera o homem!

“E José e a patroa chegaram a Curitiba a tempo.”

Ah, sim: o José é negro e o Prestes branco.

1 Fonte: está é uma criação imaginária do autor deste caderno.

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A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA NO PARANÁ A PARTIR DE 19 82-1995

A posse de José Richa em 15 de março de 1983 mudou os rumos da

administração do Paraná. Pois nos governos indicados buscavam-se manter a

obediência as diretrizes do governo federal, dominado pelas Forças Armadas,

favorecendo medidas a entrada de empresas estrangeiras, a grande propriedade

agrícola e a falta de estímulo a participação política do povo paranaense.

O governo Richa se preocupou em fortalecer a campanha pelo fim do Regime

Militar, com medidas de estímulo a debates em associações sociais sobre as ações

de seu governo junto a população. Desenvolveram-se medidas de apoio a pequena

propriedade agrícola, à saúde pública, ao meio-ambiente, a indústria ligada a

produção agrícola (como Batavo, Coamo, Frimesa e outras) e na educação se

estabeleceu a eleição pela comunidade escolar dos diretores dos estabelecimentos

públicos de ensino. E ainda, foi um dos líderes da campanha das Diretas Já de

1984.

Figura 7: José Richa ( 1983-1986) eleito após anos de governadores nomeados, buscou reintegrar a prática democrática na

vida dos paranaenses(.( fonte: http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=95)

Mas, a maioria das cidades pequenas paranaenses continuava a depender de

recursos financeiros do Estado e tornou os seus prefeitos membros do partido do

governador, o PMDB (inclusive de políticos que antes defendiam os governadores

ligados ao Regime Militar).

Os governadores eleitos após o governo Richa: Álvaro Dias e Roberto

Requião pertenciam ao PMDB, o que não queria dizer nada, pois os partidos

políticos passaram a ser simples siglas sem programas de idéias sobre a sociedade,

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a economia e a administração, formadas por pessoas de diferentes classes sociais e

setores econômicos. Assim, os governos adotaram medidas que podemos dizer de

esquerda ou direta (segundo a professora Marion Brepohl de Magalhães, Esquerda

seria a prioridade dos direitos e necessidades sociais sobre as individuais; e de

Direita a prioridade dos direitos e necessidades individuais sobre os direitos sociais).

O período de Álvaro Dias continuou a política de governos estaduais da

época do Regime Militar, com construção de rodovias, inicio da hidrelétrica de

Segredo e incentivo a agricultura. O fato marcante que demonstra traços de

repressão policial contra a livre participação política deu-se com a repressão a

passeata dos professores estaduais em greve pelo teto salarial de três mínimos,

conquistado no governo Richa, o governo Dias se mostrava contrario. A

manifestação duramente reprimida e com vítimas por parte dos professores. A

violência marcou a relação dos professores estaduais com os governos seguintes,

pois o dia 30 de agosto tornou data a ser lembrada pela ação violenta da policia

militar sobre a passeata dos professores através de paralisação anual deste então.

Entretanto há um fato positivo para os estudantes assalariados ou sem recursos

financeiros que cursavam as universidades estaduais, neste período. O governo

Dias concedeu a gratuidade para cursar o ensino superior estadual.

. Figura 8 Roberto Requião e Álvaro Dias, o domínio d o PMDB no governo estadual, através da vontade elei toral dos

paranaenses ( 1987-1994).Fonte: (.( fonte:

http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/con teudo.php?conteudo=95)

O governo Requião (de 1991 a 1994) se preocupou com a agricultura, criando

o programa Panela Cheia (onde o produtor pagava o financiamento de sua colheita,

pagando a divida, conforme o preço da saca de 60 kg de milho) e estimulando a

criação de ovelhas e gado bovino de leite (entrega de animais selecionados e de

qualidade), estimulou o emprego com redução de impostos estaduais sobre as

pequenas empresas, terminou a usina hidrelétrica de Segredo e construiu a estrada

de ferro de Cascavel ao porto de Paranaguá ( Ferro oeste) e na educação

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estabeleceu cursos de aperfeiçoamento e correção dos salários dos professores

mensalmente, conforme os índices da inflação.

Em 1994 termina o domínio do PMDB com a eleição de Jaime Lerner que

apoiado pelo candidato Fernando Henrique Cardoso (popular graças ao Plano real

que reduziu a inflação crescente brasileira) derrota o candidato do PMDB, Álvaro

Dias.

ATIVIDADES

1- Leia o texto e responda as perguntas abaixo:

A- Entre as medidas do governo Richa qual você considerou importante? Justifique

sua resposta.

B- Qual foi a pratica dos prefeitos paranaenses durante o governo Richa em

relação ao governo estadual?

C- Quais as realizações semelhantes dos governos Álvaro Dias e Roberto

Requião?

RESPOSTAS:

A- Resposta pessoal do aluno B- Os prefeitos para terem recursos do governo estadual se ligaram ao partido do governador. C- Construção de rodovias e incentivo a agricultura.

2-ATIVIDADE: Leia as três anedotas abaixo e identif ique quais são os

personagens de importância na História paranaense d os anos oitenta e

noventa. E identifique o tempo histórico da vida pa ranaense que participaram 2.

“Dona Luordes ouviu vozes em sua cozinha e sabia que deveria ser algum

convidado para o café, com seu marido, o presidente da Câmara de Castro, Jeová

Ribeiro. Então desceu para ver se não estava faltando nada. Quando chegou à

cozinha, quase teve um ataque cardíaco! Não é que o seu Jeová convidou para 2 Ambos os causos são criações imaginárias do autor deste caderno.

19

tomar um cafezinho, nada menos do que o governador do Estado, Álvaro Dias. Alias

segundo seu relato ele adorou o seu café e o bolo de fubá.”

“ O velho coronel Pitanga, de Rancho Velho, pediu audiência ao governador José Richa e esperava ser atendido na sala de espera do Palácio Iguaçu. Já passava de uma hora de espera, o velho resolveu xingar o homem: - Num vejo à hora de dar cara a cara com o Richa e vou dizer umas verdades. Nisso chega um senhor de cabelos grisalhos e ouve as queixas do coronel e pergunta: - E o senhor vai dizer o que para o governador? - Ele é um sem-vergonha e preguiçoso. Já me fez esperar uma hora! O senhor grisalho sai da sala e cinco minutos depois, o coronel Pitanga é avisado pela secretaria que pode entrar no gabinete de Richa. Pitanga ao entrar no gabinete quase tem um ataque cardíaco, pois o senhor grisalho da sala de espera era o próprio Richa. Este pergunta a o Pitanga: - O que o senhor gostaria de me dizer? E o velho Pitanga, mais vermelho do que um pimentão: - Excelência, o senhor é o homem mais direito que eu conheço.”

“Comício do candidato a governador, o senador Roberto Requião na cidade de Jana city. Cidade em peso no local do acontecimento. Após um show de cantores caipiras, inicia a fala do senador Requião: - Povo janacidense, tenho muita honra de pedir seu voto para governo... Nisso abre a boca para falar o Xisto Pinganimin : - ó "homi” fala menos que quero ouvir o Zé Violeiro. E bastava o senador reiniciar o discurso para o Xisto o interromper. - ó "homi” fala menos que quero ouvir o Zé Violeiro cantar. O senador Roberto Requião se assustou, pois se contrariasse o Xisto poderia perder o dois mil votos em disputa na cidade. E pediu ajuda a um assessor: - O que faço? O assessor, morador da cidade foi ao Xisto e cochichou no seu ouvido. Sem demora o Senhor Xisto saiu correndo do comício. E o senador terminou o discurso sem as paradas constantes do Xisto. E perguntou ao assessor o que disse a Xisto: - “Eu o avisei que o Zé Violeiro não iria cantar e pior estava na casa do Xisto já três horas.” Ah, o Zé Violeiro é o maior mulherengo de Jana city.

20

A INFLUÊNCIA DO NEOLIBERALISMO NO GOVERNO JAIME LER NER

(1995 A 2002)

Ao ler o texto anterior você estudou a definição de direita e esquerda feita por

Marion Brepohl de Magalhães. A diferença principal é o político de direta defende os

direitos de cada individuo enquanto o político de esquerda considera os direitos da

maioria da sociedade mais importantes do que os individuais. O governo Jaime

Lerner defendia as idéias do político da direita.

Figura 9Jaime Lerner,herdeiro de Nei Braga tinha co mo projeto neoliberal de tornar o Paraná um estado

industrializado e sem a presença do Estado na gestã o econômica e social (fonte:www.casacivil.pr.gov.br )

Nos anos de 1980 a 1990 surgiu um novo conjunto de idéias políticas e de

direção da atividade econômica chamadas de neoliberalismo. Estas idéias

defendiam a liberdade de empresas particulares e estrangeiras de crescerem sem

os governos estaduais ou governo federal controlarem seus lucros ou impedirem de

atuar em setores da distribuição de energia, de água e esgotos, de transporte e

telecomunicações. O governo Jaime Lerner era defensor destas idéias.

Figura 10: Chrysler Imperial de 1934. A Chrysler se

beneficiou das facilidades concedidas pelo governo Lerner se instalando em Campo Largo, mas .os lucros não vieram

e deixou seus trabalhadores paranaenses no desesper o do desemprego(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chrysler)

21

E qual o resultado das idéias para a vida paranaense durante o governo

Lerner? A entrada de empresas estrangeiras no Paraná, com distribuição de

recursos dos impostos para a compra de terrenos e da construção das fábricas e

planos de ficarem por alguns anos sem pagar impostos. Exemplos destas empresas:

a Renault (automobilística), Tetrapak (embalagens), Chrysler (automobilística) e a

Volkswagen (automobilística).

No entanto esta política teve pontos negativos, como concentração das novas

indústrias na região metropolitana de Curitiba (influenciando a migração do interior

para a capital) e desrespeito as questões ambientais (a Renault conseguiu construir

sua fábrica em um terreno importante em manancial de água potável da Bacia do rio

Iguaçu).

Mas, você deve estar questionando o seguinte: Lerner conseguiu ser reeleito

em 1998 ( um ano antes foi aprovada a emenda em Brasília que permitia a reeleição

do presidente, dos governadores e dos prefeitos) apesar disso tudo! Suas medidas

no prazo curto favoreceram o crescimento da oferta de emprego e a propaganda

paga pelo seu governo (cerca de 334 milhões de reais) favoreceram ao seu governo,

bem como a redução da evasão escolar.

Figura 11 A francesa Renault com melhores estratégi as de mercado, aproveitou a política industrial de Lerner e

conquistou uma fatia do mercado brasileiro, as cust as dos impostos dos paranaenses.(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Renault_Sc%C3%A9nic)

Como o governo Lerner investiu os recursos dos impostos em propaganda e

empréstimos a empresas estrangeiras houve a necessidade da política de arrendar

novos recursos com a venda de empresas de controle do governo estadual, como o

Banestado, a Sanepar e privatização das estradas estaduais para empresas de

pedágio. Em nome do progresso do Estado do Paraná como estado industrial.

22

Ao término do governo Lerner deixou um resultado de crescimento industrial,

como de aumento dos gastos do Estado.

ATIVIDADES

1- Leia o texto e responda:

A- Qual é a definição de neoliberalismo?

B- Qual governador foi eleito em 1994, defensor do neoliberalismo?

C- Leia o texto e responda: “o governo neoliberal de Jaime Lerner favoreceu ao

Estado do Paraná em sua opinião?” Justifique.

RESPOSTAS:

A- Estas idéias defendiam a liberdade de empresas particulares e estrangeiras de crescerem sem os governos

estaduais ou governo federal controlarem seus lucros ou impedirem de atuar em setores da distribuição de energia,

de água e esgotos, de transporte e telecomunicações.

B- Jaime Lerner

C- Resposta pessoal do aluno

2- Observe as duas fotos de dois modelos de automóv eis produzidos no

Paraná. E faça a relação destes automóveis como gov erno Jaime Lerner.

23

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Figura 12 A pureza infantil desapareceu das escolas. De quem é a culpa?(fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. p)

A partir dos anos oitenta e noventa cresceram manifestações de depredações

aos bens escolares, agressões físicas aos bens materiais escolares, aos alunos, aos

professores e outros agentes escolares. As escolas públicas paranaenses não são

exceção, pois a violência é um fator social presente no país e na América Latina (é

uma característica existente em toda a sociedade). Devido à violência ser

relacionada ao ser humano, ela se torna símbolo de controle das vontades da

comunidade escolar, na medida em que prejudica o desempenho escolar do aluno

através do medo de ser agredido ou furtado ao deixar sua casa e se dirigir ao

estabelecimento escolar.

Figura 13: a violência tira crianças da escola e pa ssam a trabalhar com a reciclagem (http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscarImagens2. p)

A violência preocupa a professores e pais porque não se restringe ao

ambiente externo escolar, mas invade as dependências da escola. Dois motivos

poderiam explicar este crescimento. Primeiro de ordem social: a rejeição as regras

24

estabelecidas dentro da escola, como proibição de ir ao banheiro sempre que tiver

vontade, a obrigação de não conversar durante a explanação do professor, não usar

boné na sala de aula, o conteúdo das disciplinas não fazer parte de seu mundo, a

obrigação de freqüentar a escola diariamente por necessidade de receber auxílio do

Estado e entre outros motivos.

Figura 14: A tranqüilidade é aparente. A escola é a tingida pela violência, fruto do modelo econômico b rasileiro liberal

que estimulou o mercado de consumo e se esqueceu d e elevar a renda salarial dos mais humildes(fonte:

www.diaadiadaeducacao.pr.gov.br.)

O segundo refere-se à marginalização dentro da sociedade de

consumo (nós,dentro da sociedade em que participamos somos estimulados pelos

meios de comunicação a comprar produtos de variada utilidade, independente se

temos recursos financeiros para adquiri-los). Entenda-se, a maioria das casas mais

humildes financeiramente tem aparelhos de televisão e nestes lares entra a

motivação a comprar alimentos e estilos de calçados e roupas, no entanto a maioria

ganhar de um a três salários mínimos e naturalmente torna impossível a compra. E

nos lares onde os pais estão desempregados ou vivendo de subsalários o sonho

destes bens materiais é mais distante. Os jovens destes grupos familiares estão

sujeitos a influência de grupos de adolescentes infratores que os seduzem com a

possibilidade do bem de consumo adquirido através de roubo ou assalto, tráfico,

entre outros

E a escola para estes grupos de violência (chamadas gangues) é o palco para

aterrorizar com a destruição de vidros e portas, como o uso da quadra para cheirar

cola. Isto decorre porque a escola faz parte do seu território é rejeitada pela gangue

25

por prejudicar a expansão do narcotráfico e a exploração dos jovens da comunidade

na cobrança de pedágios.

Acontece também, a violência dentro da escola com brigas dos alunos adolescentes

por questões de namoro ou de impor a autoridade sobre outro, são também reflexos

da sociedade de consumo, onde a violência é a forma de se impor como pessoa a

ser respeitada pelo ambiente social.

O governo estadual de Roberto Requião (2003-2010) criou a Patrulha Escolar

a fim de iniciar a proteção da comunidade escolar e estabelecer campanhas de

conscientização sobre combate a violência, seja física e verbal. Mas há desviou da

função do patrulheiro escolar, na medida em que professores e a equipe

pedagógica, querem todos os problemas de indisciplina dentro da escola sejam

solucionados por eles, fugindo da responsabilidade em buscar soluções dentro do

próprio ambiente escolar.

Figura 15 A violência escolar impede o sonho de com unidades mais humildes as voltas com gangues de rea lizarem o sonho de ascensão social pelo ensino (http://www.se ed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2 . p)

E como se eliminar esta violência? Com a patrulha escolar? Com a

integração dos pais aos problemas da escola? Com programas educacionais de

conscientização dos jovens sobre os males da violência? Fim do Estatuto do Menor

e do Adolescente, pois proíbe a prisão de adolescentes antes dos dezoitos anos?

Talvez a melhoria distribuição da riqueza com salários justos para os pais de

família?

Como você resolveria esta violência? Discuta com amigos, pais e se

manifeste!

26

ATIVIDADES

1-Leia e responda:

A- Por que a violência na escola pública é um caso sério?

B- Por que acontece a violência nas escolas, segundo o texto?

C- Em sua opinião, quais atos de violência acontecem na sua escola?

RESPOSTAS:

A- Por que prejudica o desempenho do aluno pelo medo da violência.

B- Por causa da rejeição de certos alunos as regras estabelecidas na escola ou pela presença de gangues desejosas

de controlar a comunidade escolar.

C- Resposta individual de cada aluno

2-Peça aos alunos para escreverem sobre a relação das duas charges abaixo e relacionar com a violência na escola (Fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. ph).

.

27

CLIENTELISMO E NEPOTISMO NO PARANÁ

Os grupos financeiramente poderosos desejam participar dos chamados três

Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) para satisfazer seus interesses. Estes

ligados ao controle dos recursos de impostos pagos pela população em seu proveito

ou de informações sobre o destino deste mesmo dinheiro para suas empresas.

Desenvolvem duas práticas negativas na administração dos bens públicos (

relaciona-se ao Estado): clientelismo e nepotismo.

O clientelismo em relação política em que uma pessoa dá proteção a outra(s)

em troca de apoio, estabelecendo-se um laço de dependência pessoal. E o

nepotismo é a prática de favorecer, com cargos dentro da administração pública,

parentes e amigos.

Figura 16: A amizade dentro das relações de poder favorece a pratica do clientelismo ((http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscarImagens2. p)

Em campanhas para prefeito ou governador ou deputado estadual

empresários financiam as campanhas eleitorais tendo como uma das finalidades de

ter influência dentro do governo estadual.

E você já ouviu o termo político de carreira? O termo está ligado a famílias

que desde a época da monarquia (1822-1889) dominam cargos no Executivo,

Legislativo ou Judiciário, como os descendentes de Manuel Antônio Guimarães, o

Visconde de Nacar ou da família Camargo. A ascensão destes cargos se dá pela

eleição direta (campanhas milionárias) e indicação por favorecimento político

(alguém é nomeado por fazer parte da turma do grupo que financiou a campanha).

28

Sendo exemplo de nepotismo ao favorecer o grupo familiar com nomeações em

cargos dos três poderes na esfera do Estado.

E o clientelismo como entrar neste processo? Pense comigo: para favorecer

um parente ou aliado, o governante ou deputado tem se aliar a outro grupo político

que em troca de favorecer o nepotismo recebe cargos em secretárias, empresas

públicas (Sanepar, Copel, Itaipu e outras). Temos o esquema do clientelismo.

O prejuízo deste esquema de favorecimento está em atitudes que impedem a

população mais humilde ter o acesso a um melhor serviço público de saúde,

educação e atendimento judiciário, pois auxiliam aos interessem dos grupos

dominantes que desejam controlar a vontade da população com medidas de solução

duvidosa e dão a ilusão de serem boas para o povo. Exemplo: dar uniforme escolar

aos alunos ou cesta básica para famílias carentes ou distribuir camisetas são

medidas que não diminuem a pobreza, apenas fazem o individuo ficar em dívida

eleitoral com o político benfeitor.

Ao votar devemos ter idéias sobre a melhoria da condição de vida da

sociedade e escolher candidatos comprometidos com estas idéias? Ou elegerem-se

indivíduos que favorecem bem estar das famílias tradicionais ou empresas, quais

entender o poder sobre o Estado, como sua propriedade? É uma pergunta a ser

respondida.

ATIVIDADES

1-Leia e responda:

A- Nepotismo e clientelismo são práticas diferentes? Explique.

B- Qual interesse de grupos financeiros ou famílias ricas em participar do

governo ou na Assembléia Legislativa?

C- Por que o clientelismo e o nepotismo são desfavoráveis ao povo paranaense?

RESPOSTAS:

A- Não, pois ambos ajudam a parentes e amigos dentro da administração pública.

29

B- Estes ligados ao controle dos recursos de impostos pagos pela população em seu proveito ou de informações sobre

o destino deste mesmo dinheiro para suas empresas.

C- O prejuízo deste esquema de favorecimento está em atitudes que impedem a população mais humilde ter o acesso a

um melhor serviço público de saúde, educação e atendimento judiciário, pois auxiliam aos interessem dos grupos

dominantes que desejam controlar a vontade da população com medidas de solução duvidosa e dão a ilusão de

serem boas para o povo. Resposta pessoal do aluno

2- Sugestão: Peça aos alunos refletirem sobre a fra se: “Os administradores

públicos são empregados do Povo” e escrevem se conc ordam com a frase

(não se esquecendo de justificar a resposta).

30

UNIDADE DOIS

RELAÇÕES

Figura 17: cão é o animal que culturalmente vive com o ser humano ( Fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. ph).

.

CULTURAIS

31

A PRESENÇA JAPONESA NO BRASIL E NO PARANÁ (1808 A 1970)

A presença dos descendentes japoneses na agricultura, no comércio e na

indústria paranaense é importante na medida em que entendemos os motivos

levados pelos primeiros imigrantes a chegarem ao Brasil e suas relações com a

sociedade brasileira e paranaense.

O início da imigração japonesa se dá com a chegada do navio Kasato Maru

de famílias que vinham para trabalhar nas fazendas de café do Estado de São

Paulo, por meio de contrato com dos donos destas fazendas.

Figura 18: Símbolo da arquitetura japonesa, presente na Praça Japão em Curitiba (fonte: Fonte: www.curitiba-

parana.net/fotos/imigracao-japonesa)

Os primeiros imigrantes japoneses vinham com o sonho de construir seu

futuro financeiro nos cafezais e voltar para seu país, pois ao contrário de 2007, o

Japão era um país de grande número de habitantes e poucas oportunidades de

trabalho. O Brasil era visto como paraíso onde havia arvores de ouro (o café) e

ganhar dinheiro facilmente. Esta visão era a propaganda da época para atrair

imigrantes, como fazem as lojas de eletrodomésticos na televisão.

Nas fazendas a realidade era diferente da propaganda. As condições de

moradia que lhes eram oferecidas, casas toscas, de madeira ou de tijolos pintadas

com cal, às vezes de pau-a-pique e chão de terra batida, camas feita de sacos de

palha de milho, geraram os primeiros desapontamentos. O impacto foi antes de tudo

cultural, já que estavam acostumados a dormir em colchões de algodão e suas

casas eram forradas com tatame (feito de palha de arroz prensada revestida com

esteira de junco).

32

Figura 19: a dura realidade no Brasil, longe dos so nhos de fartura prometidos (fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Japanese)

No chão batido de terra havia palhas, as camas eram feitas de tronco de

árvores enfileirados, o acolchoado era feito de retalho de panos de algodão, forrados

por cascas de milho e dormiam com uma manta. A refeição era composta por arroz

feijão e carne seca. Às cinco horas da manhã soava o sino do despertador e às

cinco e meia saíamos para o serviço; trabalhávamos até as seis horas da tarde,

totalizando doze horas de trabalho diário.

Percebendo que a realidade era diferente da sonhada e sendo explorados

pelos fazendeiros com dividas em seus armazéns da fazenda, imigrantes fugiram

das fazendas paulistas e se dirigiam para a cidade de São Paulo ou para o Paraná,

onde com recursos economizados iniciavam sua própria produção agrícola.

No Paraná de 1917, o Missaku Hara comprou terras em Antonina e com a

ajuda da família desenvolveu, não só a propriedade agrícola como empresas de

bebidas, secos e molhados.

O norte do Paraná tornou-se região de re-imigração japonesa com o

crescimento da produção cafeeira e necessidade de trabalho, facilitado pela

33

presença de empresas de terras de origem japonesa, interessadas em instalar

colônias de seus imigrantes na região de Londrina.

No entanto as autoridades brasileiras entre 1808 a 1950 não vinham com

bons olhos este grupo de imigrantes, por questões da falsa superioridade racial

branca e com o crescimento do Japão, como país industrial (quem sabe os pobres

agricultores japoneses poderiam se unir para dominar o Brasil,na cabeça das

autoridades).

Assim, durante a Segunda Guerra Mundial, escolas japonesas foram

fechadas para impedir a “ameaça amarela”. Mas a noite e escondidos os filhos dos

imigrantes aprendiam a cultura, o idioma de seus pais (sendo que professores

japoneses foram presos por isso).

As colônias japonesas viam a educação como forma de transmitir a cultura e

o idioma japonês por isso fundou-se escolas para seus filhos.

No Paraná os imigrantes japoneses se enraizaram a história do estado, como

Ikeda que após deixar São Paulo, comprou 32 alqueires no vale do Tibagi e criou a

fazenda Assailand, a qual originou a cidade de Assaí. Outro imigrante Suzuki ajudou

a funda a vila de Uraí. Em Curitiba, em 1905 uma fruta vinda do Japão e

posteriormente cultivada pelos imigrantes em terras paranaenses faziam a

curiosidade da população, o caqui.

Os imigrantes ao perceberem que a volta ao Japão se tornava difícil

passaram a investir em permanecer no país, adquirindo terras e imóveis, bem como

estimulando seus filhos a estudarem em universidades públicas, de modo a

ascenderem na sociedade brasileira.

A presença japonesa no Paraná e no Brasil marca a expansão do algodão, da

soja e do café, bem como o trabalho sendo símbolo da conquista destes imigrantes

e seus descendentes de melhores condições de vida do inicio em 1908.

34

Figura 20 o trem transportou a maioria dos imigrant es japoneses para o Paraná (fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Japanese_Immigr ants_in_a_train.jpg)

ATIVIDADES

1- Leia e responda:

A- Explique os motivos que levaram os primeiros japoneses a imigrarem para o

Brasil.

B- E qual região se iniciou a imigração japonesa no Paraná?

C- Quais problemas enfrentaram os imigrantes japoneses por causa de racismo no

Brasil?

D- Qual a importância da educação para o imigrante japonês?

RESPOSTAS:

A- Os primeiros imigrantes japoneses vinham com o sonho de construir seu futuro financeiro nos cafezais e voltar para seu

país.

B- Assaí e Antonina.

C- Na Segunda Guerra Mundial, escolas japonesas foram fechadas para impedir a “ameaça amarela”.

D- As colônias japonesas viam a educação como forma de transmitir a cultura e o idioma japonês, por isso, fundou-se

escolas para seus filhos.

2-Atividade: compare as três fotos e as relacione c om a imigração japonesa:

35

36

O PRECONCEITO POR DE TRÁS DOS PORTADORES DO VIRUS DA AIDS

Os anos da década de 1981 a 1990 apresentaram uma nova doença, Aids,

tornando-se “perigosa” a medida que não apresentava cura e atingia, a principio, ao

grupo de homossexuais, identificados, num primeiro momento com a doença. Ao

longo da década de oitenta se constatou a ferocidade do vírus, pois atingia não só

os homossexuais, como hemofílicos, heterossexuais, dependentes de drogas, por

exemplo.

Figura 21: os drogados são umas das vítimas da AIDS , pois todo o grupo usa a mesma seringa

((http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm _buscarImagens2. p)

A Aids (Acquired immune deficiency syndrome, em inglês, ou síndrome da

imunodeficiência adquirida), é causada pelo vírus HIV, causador da Imunodeficiência

Humana( enfraquece as defesas internas do organismo humano as doenças como

gripe,herpes,pneumonia entre outras) e sua propagação se deu em todos os países

e sua origem é contraditória até a presente data. Além da falta de cura para a

doença, o pior foi a discriminação da doença pela sociedade, seja paranaense ou

brasileira ou mundial, em relação ao doente. Pois a morte de atores ou cantores de

fama levou a se considerar a AIDS como enfermidade dos homossexuais e na

medida em que outros grupos começaram a se tornar risco a contrair a doença foi

discriminada como figuras perigosas a sociedade ou a própria família. Então este

texto mostra testemunhos de alguns aidéticos paranaenses que relatam

preconceitos e a falta de carinho e amor por seus familiares e amigos.

37

A população paranaense da década de oitenta não ficou imune a doença e

por isso se apresenta três casos de portadores do vírus da Aids, de pessoas

moradoras e participantes da vida paranaense. São representantes de três grupos

de risco (pessoas com grande chance de serem inoculadas com a doença):

homossexuais, drogados e relações heterossexuais sem a preocupação do uso de

preservativos. E a importância desta leitura está em se

Conscientizar, a adolescência paranaense para os riscos da falta de

prevenção, seja para a Aids ou qualquer doença adquirida em relações sexuais ou

uso de drogas licitas ou ilícitas.

O primeiro testemunho é de um adulto de 36 anos que é homossexual,

assalariado, mas como filho único escondeu dos pais a doença e a opção sexual.

Tem consciência do perigo da infestação e por isso se afastou de novos

relacionamentos masculinos. Como grande parte da sociedade brasileira é

preconceituosa com os homossexuais procurou companhias femininas, mas não

tinha atração sexual. O contato com o vírus o amedronta por temer a perda do

emprego.

O segundo testemunho é de uma senhora de 25 anos, assalariada, casada,

mãe de menino de quatro meses. É heterossexual, contraindo a doença com o

marido que é viciado em drogas injetáveis, o qual se nega fazer o teste do

soropositivo e não discute com ela sobre a doença. Tentou abandoná-lo, por este

comportamento machista, mas voltou para a casa na periferia de Curitiba a pedido

dele. Luta para viver por causa do filho.

O terceiro caso é de uma jovem de 26 anos, solteira, contraiu a doença com

um dos seus casos amorosos. Não incentivava a camisinha, pois considerava objeto

de uso de drogados e homossexuais. A prática sexual com os namorados não por

desejo seu, mas por exigência dos parceiros que ameaçavam com o rompimento

caso não tivessem relações. Como a mãe é tímida no relacionamento com ela e as

irmãs, o sexo foi descoberto no grupo de amigas e desconhecem a doença da filha.

Seu maior medo é perder a beleza física e considera perdida a chance de

casamento.

Qual a importância dos testemunhos acima? É verificar que a sociedade em

vivemos paranaense ou brasileira é preconceituosa em relação ao portador da AIDS,

pois as vitimas acima foram atingidas por relacionamentos homossexuais, por

parceiros viciados em drogas e relacionamentos com parceiros de alta freqüência

38

sexual, ou seja, comportamentos considerados marginais dentro das relações

humanas. Mas são vítimas de famílias de valores que negam a liberdade sexual e

deixam a desejar no relacionamento com os filhos. E há o preconceito com medidas

prevenção como a camisinha, por motivos de ordem machista (orgulho da

superioridade ou vaidade masculina) ou pessoal ( preceito religioso).

Há o egoísmo de parceiros que limitam a pratica sexual aos seus próprios

gostos e negam ao companheiro ou companheira o respeito ao afeto e abstinência

sexual. Causada pela desinformação e pelo desinteresse pela leitura e audição a

programas sobre tema, sob o argumento de serem chatos. E desconhecem os

números de cerca de 33 milhões de aidéticos no mundo, sendo 620 mil pessoas no

Brasil e aproximadamente 24 mil no Estado do Paraná (com crescimento de jovens

heterossexuais na faixa dos 15 anos)

A leitura sobre estes relatos de infectado com o vírus da AIDS, ainda continua

a ser uma doença grave, é importante na medida em evitar julgamentos a

comportamentos, estimulando a solidariedade da conversa, da amizade e do

respeito aos doentes. E, sobretudo, tomar consciência de amar não é só receber

afeto, mas retribuir este mesmo afeto.

Portanto a contribuição do ensino de História está em conscientizar ao

paranaense de que a Aids, propagada na década de oitenta, sem cura na primeira

década do século XXI, pode ser o futuro daqueles paranaenses sem interesse na

informação sobre a doença e daqueles que se consideram imunes a ela, em nome

de moralismos de ordem religiosa ou pessoal.

ATIVIDADES

1-Leia o texto e responda :

A- No testemunho do homossexual, como ele contraiu a doença?

B- No caso da jovem por que ela contraiu a AIDS com o namorado?

C- E a senhora casada como adquiriu a AIDS?

39

RESPOSTAS:

A- Relacionamentos sexuais masculinos.

B- Não incentivava a camisinha, pois considerava objeto de uso de drogados e homossexuais.

C- Contraindo a doença com o marido que é viciado em drogas injetáveis.

2- Segundo o gráfico abaixo sobre as mulheres com 1 5 anos infectadas a

doença tem crescido em quais continentes?

FONTE: © Programa Conjunto de las Naciones Unidas sobre el VIH/Sida (ONUSIDA) y Organización Mundial de la Salud

(OMS) 2007

40

HÁBITOS ALIMENTARES CURITIBANOS

Figura 22 Delícias da sociedade de consumo, mas seu excesso trouxe maleficios à saúde( Fonte:

http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/Jornal68/Imagens/batata_frita.jpg)

A refeição tem sua importância na vida humana na medida em que o ato de

se alimentar se configura num ritual de confraternização dos pais com os filhos e dos

amigos entre si. O crescimento econômico das cidades com a industrialização criou-

se novos hábitos pelos trabalhadores. A necessidade do aproveitamento do tempo

de descanso do almoço para voltar rapidamente ao trabalho, mudança do perfil da

mulher na sociedade contemporânea modificaram o hábito de se alimentar. Curitiba

faz parte destas mudanças a partir da sua inserção na economia de metrópole

industrial e comercial, acrescentando ao aumento da população residente, vinda de

outras regiões paranaenses.

As crianças foram às primeiras atingidas pela ausência maternal dentro da

casa, pois a necessidade de refeições de fácil preparo levou as mães a contentá-las

com hábitos alimentares “não recomendáveis”, com a ingestão de sanduíches de

alto teor de gordura, lanches desprovidos de vitaminas e sais minerais, e bebidas

calóricas prejudiciais a saúde bucal e óssea. Deste modo cresce o consumo de

pizzas, lasanhas, hambúrgueres, tortas prontas e refrigerantes.

Os efeitos destes hábitos estão em altos índices de obesidade infantil e

diabetes (uma doença caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar

no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas quando em

excesso, pode trazer várias complicações à saúde. decorrentes da falta de uma

disciplina alimentar rica em alimentos com vitaminas, fibras e sais minerais).

41

Figura 23 O medo pelas doenças referentes a aliment ação inadequada levou a proibição nas escolas públi cas de guloseimas e salgados(http://www.seed.pr.gov.br/por tals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.p)

Existe outro responsável pela ausência da alimentação saudável: a

propaganda vinculada à mídia de grandes empresas do setor de comidas rápidas

(os fastfood) em se estimula o consumo de lanches recheados de embutidos de

carne industrializada, molhos ricos em sal e temperos, pães pobres em fibras e

outros produtos pobres em nutrientes básicos para o desenvolvimento físico, mental

e circulatório. A necessidade de conquistar o mercado consumidor leva a criação de

personagens estimuladores do consumo dos produtos do fastfood em troca de

bonecos, brinquedos e até doces.

A economia neoliberal encorajou o ser humano a ser competitivo, a não

perder nenhum minuto com lazer e refeições, pois cada minuto perdido significava

perda de dinheiro com a ausência de atendimento ao consumidor financeiro ou

comercial. E os restaurantes fastfood cresceram a partir desta visão do mercado e

Curitiba, a partir de 1989 começa a ter suas primeiras lojas do Mac Donalds,

multinacional norte-americana que se expandiu a partir do hábito do norte-americano

em não perder seu tempo em refeições demoradas, prejudiciais ao seu desempenho

profissional. E os curitibanos passam a incorporar hábitos por refeições rápidas,

mesmo sendo feitas em restaurantes por quilo ou lanchonetes de consumo de

frituras e guloseimas salgadas.

Qual a importância social desta alteração alimentar para os moradores de

centros urbanos, no caso de Curitiba, Londrina e Maringá? Está na mudança de

relação entre pais e filhos, onde o costume de todos se sentarem a mesa para

refeições e desenvolverem o dialogo sobre o dia a dia é abandonando, tornando

cada membro da família um individuo independente do outro, distanciando os pais

42

dos problemas dos filhos e do próprio convívio. Buscam-se então por parte dos filhos

em outro grupo social que possa suprir as suas necessidades de afeto e

relacionamento humano, no caso os amigos. E estes também interferem nos

hábitos alimentares ao se reunirem em estabelecimentos de fastfood ou

estabelecimentos de alimentos rápidos e de alto teor gorduroso, os petiços (

coxinhas, pasteis, pizzas, empadas e etc.), como consumo de por parte de

adolescentes de bebidas fermentadas e destiladas. Elevando os casos de

dependência juvenil de bebidas alcoólicas.

A mudança de hábitos alimentares é um produto da sociedade de consumo e

industrializada, na medida em que o ato de alimentar, não se configura como

recuperar as energias gastas com o trabalho físico e mental, mas um produto de

consumo vinculado aos interesses de lucro das empresas nacionais e multinacionais

de alimentos rápidos. E favorece ao crescimento de doenças vinculadas a doenças

como obesidade, diabetes, hipertensão, cáries e entre outros.

Ao se levantar a questão alimentar de parte do povo paranaense se busca a

consciência de cada um para seus costumes e como estes interferem em sua vida.

A doença por meio de uma alimentação errada é o primeiro passo a se refletir em

que medida o trabalho e as poucas horas de folga não estão tornado as relações

humanas mercadoria do sistema de mercado (busca-se consumidores com produtos

baratos, por meio de mais horas de trabalho e menos horas de descanso).

ATIVIDADES

1-Leia o texto e responda:

A- Qual mudança se fez sentir Curitiba com a industrialização?

B- Qual comentário o texto faz sobre pizzas, lasanhas e salgadinhos?

C- Qual a importância da propaganda no consumo de alimentos não saudáveis?

RESPOSTAS:

A- A necessidade do aproveitamento do tempo de descanso do almoço para voltar rapidamente ao trabalho, mudança

do perfil da mulher na sociedade contemporânea modificaram o hábito de se alimentar.

43

B- Estes alimentos podem provocar em altos índices de obesidade infantil e diabetes (uma doença caracterizada por

um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue.

C- Estimula o consumo de lanches recheados de embutidos de carne industrializada, molhos ricos em sal e temperos,

pães pobres em fibras e outros produtos pobres em nutrientes básicos para o desenvolvimento físico, mental e

circulatório.

2- Através do laboratório de informática os alunos assistirem ao video sobre

obesidade no site do youtube: http://br.youtube.com /watch?v=SnGW1W6tuLo

44

OS ARABES E SUA VIDA EM FOZ DO IGUAÇU

A partir do dia 11 de setembro de 2001 a curiosidade pela cultura árabe-

muçulmana cresceu. Um espaço desta cultura dentro do Estado do Paraná pode ser

representado na comunidade libanesa muçulmana de Foz do Iguaçu e de Londrina.

A vinda dos primeiros árabes se dá por motivos por fuga de perseguições

religiosas e condições sócio-econômicas inferiores na região de origem sob o

domínio do Império Turco.

Figura 24 As cataratas de Foz do Iguaçu, bela paisa gem para o turismo e comércio locais, onde há prese nça da

colônia árabe(http://www.seed.pr.gov.br/portals/ban coimagem/frm_buscarImagens2.php).

No Brasil a imigração foi menor em comparação com os imigrantes árabes

com destino a América do Norte e Europa, crescendo a partir do século XX para se

dedicarem a agricultura e comércio, sendo das etnias: libanesa e síria.

A comunidade se desenvolve graças à ausência da xenofobia ( ódio a

estrangeiros), tornando-os propícios a aceitar a cidadania brasileira. Mantendo

relações familiares e comerciais com parentes que imigraram para a Argentina ou

EUA ou Canadá.

Figura 25 exemplo de brasileira, descende da cultur a libanesa e muçulmana (Fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens3.php)

45

E a comunidade árabe se influencia pela presença de familiares ou

concidadãos da cidade libanesa ou síria de origem a fim de estabelecerem relações

de amizade e atividades de comércio até com comunidades árabes e sírias na

Europa e EUA, por meio da internet de modo. Este contato é para libanês importante

na medida em que conserva os laços de família e da religião islâmica com os

parentes e amigos moradores da mesma aldeia ou cidade em que emigraram do

Líbano.

O território da comunidade árabe é a Mesquita (centro de culto da religião

islâmica) e dos locais de comércio, cujos produtos seguem as regras da religião

islâmica (proibição do consumo de carne de porco e consumo de álcool).

Figura 26: a guerra civil no Líbano que obrigou vár ias famílias a buscar Foz do Iguaçu ( fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Libanesa)

Dentro da Mesquita o livro doutrinário, como para os cristãos é a Bíblia, é o

Corão. Este livro sagrado é escrito na escrita e no idioma árabe, por isso é

importante dentro das famílias, como identidade de sua herança árabe, conhecer o

idioma árabe. Se um filho brasileiro de família libanesa chega ao Líbano sem falar o

árabe é considerado brasileiro e não libanês.

Figura 27 A mesquita símbolo religioso islâmico, lo cal de encontro da colônia árabe

muçulmana((http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoi magem/frm_buscarImagens2.php)

46

A região de Foz do Iguaçu abriga a maior comunidade árabe-muçulmana do

Paraná, pois facilitava aos imigrantes vindos do Líbano ter uma comunidade que os

auxiliassem na integração ao Brasil, com trabalho e ajuda nos primeiros meses.

Inclusive justifica a redução do número de pessoas da comunidade árabe de

Londrina, pela migração para Foz do Iguaçu.

Figura 28: A mesquita, como a igreja para os cristã os é o local de adoração a Deus, na visão

islâmica(http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoima gem/frm_buscarImagens2.php)

ATIVIDADES

1-Leia o texto e responda:

A- Em qual região paranaense há a comunidade árabe-libanesa?

B- Quais motivos levaram os libaneses para o Brasil?

C- Explique a importância da Mesquita para a comunidade árabe brasileira?

D- E para o libanês o que representa o seu idioma árabe para sua família?

RESPOSTAS:

A- Foz do Iguaçu

B- A vinda dos primeiros árabes se dá por motivos por fuga de perseguições religiosas e condições sócio-econômicas

inferiores na região de origem sob o domínio do Império Turco.

C- É o centro de culto da religião islâmica.

D- O livro sagrado é escrito na escrita e no idioma árabe, por isso é importante dentro das famílias, como identidade de

sua herança árabe, conhecer o idioma árabe.

47

2-Descreva as três fotos abaixo e A colônia árabe paranaense tem alguma

relação com a terceira foto?Justifique

48

A MULHER PARANAENSE NO SÉCULO XX E XXI

Figura 29: Desenho de Chapeuzinho Vermelho. A mulhe r ingênua e romântica do

inicio do século XX era a caracteristicas da maiori a das mulheres paranaenses, na

época http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem /frm_buscarImagens2.php)

.

Dependendo da comunidade em que se vive a resposta a pergunta qual é a tarefa

da mãe na família pode ser diferente. Em um lar de bairro de trabalhadores

assalariados pode ser de aquela de a mãe trabalhar o dia inteiro e só voltar para

casa a noite. Em uma família de classe média alta a de ser responsável pela casa e

pela educação dos filhos. Ou aquela mãe trabalhadora, abandonada pelo homem

cuida do sustento e da educação da família. Estes são exemplos da mudança do

modelo de mãe construído pela sociedade patriarcal em que a mulher tinha a função

de mãe e dos afazeres domésticos, para novo comportamento feminino.

Ao longo do século XX a luta de grupos feministas em prol de direitos a votar,

igualdade de condições salariais e respeito à condição de trabalhadora levou a

mudança do modelo de mulher universalmente aceito. A mulher paranaense não

poderia fugir a esta luta e ao longo do século vinte pode se verificar esta mudança

pelo trabalho de Marilza Bertasssoni Alves Mestre, em sua tese para doutorado:

Mulheres do século XX: memórias de uma vida, suas representações. Veremos a

seguir dois casos específicos de mudança do comportamento da mulher

paranaense, dentro da classe média paranaense (entenda-se classe média como

grupo intermediário em remuneração entre a classe privilegiada e a classe

trabalhadora de um a dez salários mínimos).

49

Figura 21: a pintura Duas Raças de Guto Rodrigues mostra duas típicas

mulheres de classe média típica das décadas de tri nta e quarenta, como a jovem Branca.

(http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscarImagens3. php)

O primeiro de uma jovem dos anos vinte em que cresceu numa família onde o pai

era viciado em jogo, arruinava o patrimônio da família com este jogo e quando a

filha, chamada Branca chegou à idade de 17 anos sua família a obrigou a casar com

o senhor de quarenta anos. O casamento foi infeliz e com a ajuda da família que a

obrigou a casar iniciou a vida como pequena empresária da produção de sapatos e

expulsou o marido de casa, pois não agüentava mais sua companhia ( ele era

viciado no jogo, como seu pai e não o amava). Aos 36 anos se casou novamente

com um jovem de 17 anos e juntos construíram uma família com amor

e solido financeiramente. E mesmo sendo o marido mais jovem, ele a deixou viúva

aos 83 anos de idade.

O segundo exemplo é a de uma jovem dos anos sessenta pertencente a classe

média cujo destino é outro exemplo feminino de construção de sua independência

social e de trabalho. Seu nome é Raquel, cuja educação se deu em colégio religioso,

sendo controlada na adolescência pelos pais, cujo primeiro namorado tinha 28 anos

e ela 15 e se tornou seu marido. Este casamento foi para fugir da vigilância dos pais

e para, segundo ela, ficar livre como ser humano. Mas este casamento não foi feliz,

pois havia pressão por engravidar logo, depois a descoberta das infidelidades

sexuais do marido, levando a separação. Com a separação e sem pensão construiu

50

uma carreira profissional como promotora de eventos e não se casou mais, tendo

relacionamentos curtos com homens mais jovens, sendo feliz por ter aos 49 anos

ser independente profissionalmente com sua empresa de eventos.

Figura 30: a pintura de Van Gogh expressar a mulher do século XIX, educada para ser mãe e esposa. A dé cada de

setenta e oitenta do século vinte derrubar a esta i magem feminina(fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/wm 000004.jpg).

Os dois exemplos citados correspondem à mudança do comportamento feminino,

antes interessado em construir um lar solido educar os filhos para a vida em

sociedade, satisfazer ao marido, para a construção da figura feminina de se

preocupar com sua felicidade pessoal, educando os filhos para vida em sociedade,

mas controlando este número de filhos concebidos através de métodos

anticoncepcionais( pílula), sendo feliz ao lado do marido, escolhido dentro de uma

relação de conquista e de respeito mútuo e desenvolvendo sua carreira profissional,

não como atividade de passar o tempo, mas para sua realização pessoal de

construir seus sonhos e seu próprio sustento.

Os reflexos na vida paranaense são sentidos com a redução do número de filhos, o

crescimento da mulher na vida política paranaense (exemplo a eleição de prefeitas,

vereadoras e deputadas estaduais) e a formação da guarda feminina na Policia

Militar, nos anos setenta. E, o comportamento feminino de independência a tutela

masculina.

51

Figura 31: Emilia Erichsen, professora que não pre cisou da ajuda masculina para vencer na pequena cid ade de

Castro-Pr 9fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/ download/imagem/wm000004.jpg).

No entanto comportamentos antigos permanecem por parte de grupos

femininos, não só nas classes médias e altas, mas nas classes assalariadas

mínimas em que mesmo participando do mercado de trabalho, mulheres continuam

a mercê da dominação masculina, deste de servir de doméstica e se agredida

sexualmente e fisicamente. E lutam pelos seus direitos de ser humano onde a

dignidade da mulher está não em mãe e dona de casa, mas senhora de seu destino.

ATIVIDADES

1- Leia o texto e responda:

A- Segundo o texto quais as tarefas da mulher?

B- Você considera que a mulher é a única responsável pela educação dos filhos

e da manutenção da casa? Justifique.

C- A mulher tem os mesmos direitos que o homem em relação a trabalho,

educação e felicidade pessoal? Justifique.

RESPOSTA:

52

A- Em um lar de bairro de trabalhadores assalariados pode ser de aquela de a mãe trabalhar o dia inteiro e só voltar

para casa a noite. Em uma família de classe média alta a de ser responsável pela casa e pela educação dos filhos.

B- Resposta pessoal do aluno.

C- Resposta pessoal do aluno.

2- Peça que os alunos entrevistem sua mãe e outra m ulher de sua comunidade

ou família com questões de sua livre escolha (mas a s duas devem responder

ao mesmo questionário).

Após as entrevista, o professor fará um esquema no quadro, diferenciando as

duas mulheres entrevistadas pelos alunos com as do texto.

53

UNIDADE TRÊS

Figura 32: o cavalo ajudou ao ser humano ao longo da história como ferramenta de produção (Fonte: http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_b uscarImagens2. ph).

TRABALHO

54

A INDÚSTRIA PARANAENSE E SUA EVOLUÇÃO DENTRO DA GLO BALIZAÇÃO

A indústria paranaense na primeira metade do século XX se relacionava com

as principais atividades agrícolas: mate, café e madeira. Era de baixa produtividade

e de tecnologia atrasada em comparação à usada pelas indústrias de São Paulo, na

mesma época. Entretanto com a industrialização com capital estrangeiro se viu

favorecida em território paranaense a partir dos anos sessenta e se viu atingida por

outra onda de investimentos nos anos noventa.

Figura 33 Exemplo de refinaria para fabricação de d erivados de petróleo. O Paraná, graças a mentalidad e

industrialista dos governos estaduais no Regime Mil itar conseguiram a instalação da refinaria de Refin aria

Presidente Getúlio

Vargas,REPAR/Petrobras(http://www.seed.pr.gov.br/po rtals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php ).

A década de sessenta é o inicio da entrada de empresas industriais norte-

americanas e européias no Brasil. Esta instalação de indústrias de tecnologia

superior a indústria brasileira deu por meio do Plano de Metas do presidente

Juscelino Kubitschek de Oliveira, com facilidades de créditos dos bancos federais,

facilidade para remessa de lucros d estas empresas para suas matrizes nos EUA,

Europa e Japão. O objetivo era tornar o Brasil um país industrializado rapidamente e

deixar de ser unicamente visto como país agrário e exportador.

Nei Braga, no seu primeiro governo estadual, de 1961 a 1965, pretendia a

instalação destas indústrias em território paranaense, a fim de mudar a característica

econômica do estado de agricultura de pequena propriedade, para industrializado e

voltado ao mercado externo. Seu governo se preocupa com a construção de

55

rodovias e a criação do Banco de Desenvolvimento do Estado do Paraná (Badep)

para incentivar a entrada das indústrias estrangeiras em território paranaense.

Figura 34 :A industrialização favoreceu o crescime nto populacional de Curitiba, bem como a construçã o de

edifício(http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoima gem/frm_buscarImagens2.php).

Aquela indústria ligada à cafeicultura, erva-mate e madeira foi perdendo lugar

para uma indústria atrelada ao centro industrial de maior potencial do estado de São

Paulo, a qual tornou a produtora de matérias-primas, alimentos e produtos agrícolas

vinculados as necessidades destes produtos para a indústria paulista. Assim a

indústria paranaense é vinculada ao mercado de consumo industrial interno, sendo

insignificante dentro do Produto Interno Bruto da economia do Estado do Paraná.

A política econômica de governos estaduais,nos anos setenta, de Jaime

Canet e Nei Braga passaram a estimular a mudança do quadro industrial

paranaense com política de incentivo de bancos estatais de desenvolvimento (

bancos cuja finalidade eram conceder créditos financeiros as empresas que se

instalam-se no estado)desenvolvimento de infra estrutura ( saneamento, rodovias,

rede de energia elétrica e de água potável e outros) permitindo a entrada de novos

ramos de industria ligados a material elétrico, material de transporte e refino de

petróleo.

As novas indústrias de capital estrangeiro se concentram na região metropolitana de

Curitiba, pelas facilidades apresentadas na infra-estrutura. E no interior crescem

indústrias ligadas à produção agrícolas, as quais vão determinar normas para a

produção agrícola local. Com isso se uma indústria de óleo de soja se instala na

56

região norte do Paraná, ela vai estimular a produção de grãos de soja para serem

transformados em sua indústria.

Figura 35 Uma conseqüência da industrialização e do aumento populacional na região metropolitana de Cu ritiba, a

poluição dos rios e mananciais (http://www.seed.pr. gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2. php) .

Figura 36: Um exemplo de setor industrial dos anos oitenta, a indústria da informática

(http://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_ buscarImagens2. php).

Nos anos oitenta o Brasil viveu um período de baixo crescimento econômico,

em decorrência da inflação crescente, da dificuldade em saldar empréstimos

externos e na queda do poder de compra dos salários. A economia paranaense

sofreu com esta crise, mas o seu setor industrial em comparação com o crescimento

industrial brasileiro foi maior (cerca de 20% de crescimento). Em virtude da

vinculação da produção industrial com a agricultura (de fertilizantes, por exemplo) e

da produção dos setores de transportes (ônibus e caminhões) e de informática.

Os anos noventa foram de recuperação dos investidores nacionais na

economia brasileira, graças ao plano Real, dos governos Itamar Franco e Fernando

Henrique Cardoso. A economia paranaense e sua indústria sofreram influência na

medida que havia o interesse da entrada de industrias automobilísticas no Estado,

57

havia de se estabelecer a imagem de estado industrial em detrimento da imagem de

Estado agrícola.

Novamente os recursos do Estado foram usados para atrair as montadoras de

automóveis, como a Renault, Volkswagen e Chrysler. Atraíram-se com facilidades de

empréstimos de bancos públicos paranaenses, incentivo de recursos financeiros

para compra de capitais destas empresas, facilidades de acesso a terrenos com

infra-estrutura e prazos longos para pagarem tributos a Fazenda Estadual.

Você deve perguntar: houve crescimento da oferta de emprego? Houve

crescimento de 59% do emprego na indústria, mas não no setor industrial recém

instalado, mas setores antigos que cresceram com investimentos de recursos de

empresas estrangeiras, como bebidas e alimentação, vestuário e mecânico, setores

já de destaque na economia paranaense.

Este novo perfil econômico tem apresentado crescimento industrial em todas

as regiões paranaenses, destacando a região metropolitana de Curitiba que recebeu

a indústria automobilística devido à estrutura já existente em estradas, energia e

mão-de-obra capacitada.

A industrialização recente paranaense é relacionada às exigências do

mercado globalizado (sistema de comércio, produção de bens duráveis e não

duráveis, como também financeiro, onde envolve grande parte dos países de quase

todos continentes buscando propiciar mercado de consumo, matérias primas baratas

e mercadorias, também). Este determina onde cada fábrica em determinada região

do mundo obedece a regras de produção, de estilo de mercadorias e de divisão do

trabalho conforme as exigências de custo das sedes destas empresas. Ou seja, a

elas a produção industrial paranaense e trabalhador paranaense só terão utilidade

na medida em que favorecerem o lucro para as sedes das indústrias americanas,

européias e japonesas, como fez a Chrysler ao deixar o território paranaense, devido

aos baixos lucros com o comércio de suas caminhonetas Dakota.

ATIVIDADES

58

1- Leia e responda:

A- No inicio do século XX quais eram as características da indústria

paranaense?

B- Quais as diferenças entre a indústria da região de Curitiba com a indústria do

interior paranaense?

C- Qual a influencia da globalização na indústria paranaense?

RESPOSTAS:

A- Eram indústrias de baixa produtividade e de tecnologia atrasada em comparação a usada pelas indústrias de São

Paulo, na mesma época.

B- As novas indústrias de capital estrangeiro se concentram na região metropolitana de Curitiba, pelas facilidades

apresentadas na infra-estrutura. E no interior crescem indústrias ligadas à produção agrícolas, as quais vão

determinar normas para a produção agrícola local.

C- Este determina onde cada fábrica em determinada região do mundo obedece a regras de produção, de estilo de

mercadorias e de divisão do trabalho conforme as exigências de custo das sedes destas empresas.

2-Pesquise sobre as quatro empresas abaixo e elabor e um texto destacando a

importância de cada uma para a sociedade paranaense .

59

Figura 37 Três exemplos de indústria bem sucedidas na década de oitenta no Paraná. Da esquerda para a direita: a

laticínios Batavo, a montadora de veículos de trans porte Volvo, a indústria de ferramentas elétricas B osch e a

indústria de carnes e derivados a Frimesa.

60

A GEADA DE 1975 E SEUS EFEITOS SOBRE O AGRICULTOR

PARANAENSE

Figura 38: O dia 18 de julho de 1975 parecia invern o da cidade de Nova York, a neve cobrindo carros e os curitibanos

(Fonte: www.youtube.com.br/neve em Curitiba).

.

Naquela manhã de 18 de julho de 1975 os moradores de Curitiba se

divertiram brincando com a neve que caiu sobre a cidade. Bonecos de neve e guerra

de bolinhas de neve foram alguns exemplos. Quando se comemorou a data em

2005 os relatos das pessoas da época são de saudades e torcida pela ocorrência

novamente do fenômeno meteorológico.

Figura 39 a produção de feijão foi uma das culturas agrícolas que se expandiram com a perda dos cafeza is com a

geada negra(http://www.seed.pr.gov.br/portals/banco imagem/frm_buscarImagens2.php).

61

Mas houve pessoas e famílias de agricultores, ao contrário, choraram de

desespero por outro fenômeno meteorológico: a geada, do tipo negra, a pior de

todas. Pois ao contrário da geada normal que queima frutos e folhas, a geada negra

destruiu grande parte dos pés de café do norte do Paraná. Para dar um exemplo: em

1975, cerca de 50% de café colhido no Brasil era do Paraná e no ano seguinte,

devido à geada negra, nenhum grão de café paranaense foi exportado!

Figura 40 o café que trouxe o cresciemento populac ional para o norte paranaense, mas sua decadência c omo

monocultura no norte paranaense se desfez em 18 de julho de 1975(http://pt.wikipedia.org/wiki/Paraná).

Geada é a formação de uma camada de cristais de gelo na superfície ou na

folhagem exposta devido a queda de temperatura da superfície abaixo de zero grau

Celsius. A geada negra típica ocorre quando o ar está muito seco e a planta morre

antes que ocorram: formação e congelamento do orvalho. Nas condições brasileiras

normalmente se conhece como Geada Negra os danos de ventos frios que

desidratam os tecidos expostos. Por isso também se chama a geada negra de

geada de vento.

Os pequenos proprietários de terra venderam sua propriedade e foram buscar

trabalho em Curitiba, Londrina e até no Estado de São Paulo. Os médios

proprietários aproveitando a política do governo federal (a época a ditadura militar

sob a presidência do general Ernesto Geisel) de ocupar as terras de Mato Grosso,

Rondônia e Acre para a agricultura compraram terras e iniciaram o cultivo de soja,

milho e algodão. Tornando os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e

Rondônia importantes centros de produção de grãos vinculados a tecnologia

agronômica.

62

E os proprietários paranaenses que permaneceram passaram a cultivar milho,

soja, algodão e cana-de-açúcar para se recuperarem dos prejuízos.

O norte paranaense apresentava, até 1975, crescimento populacional

constante, passou a diminuir pela migração da população de pequenas cidades para

centros maiores, onde foram viver na periferia destas cidades e trabalhando em

atividades de domésticos ou na construção civil ou no comércio.

Aquela manhã de 18 de julho de 1975 mudou a vida do norte paranaense e

favoreceu a ocupação de novas áreas agrícolas, como o cultivo de novas espécies

sem o risco de sofrerem com a geada negra. Fazem mais de trinta anos não

acontece.

ATIVIDADES

1-LEIA O TEXTO E RESPONDA:

A- Qual acontecimento marcou a vida dos curitibanos em 18 de julho de 1975?

B- E no norte paranaense por que houve desespero?

C- Quais mudanças aconteceram com a agricultura do norte paranaense, após a

geada negra de 1975?

RESPOSTAS:

A- Naquela manhã de 18 de julho de 1975 os moradores de Curitiba se divertiram brincando com a neve que caiu sobre

a cidade.

B- Mas houve pessoas e famílias de agricultores ao contrário choraram de desespero por outro fenômeno

meteorológico: a geada, do tipo negra, a pior de todas. Pois ao contrário da geada normal que queima frutos e

folhas, a geada negra destruiu grande parte dos pés de café do norte do Paraná.

C- E os proprietários paranaenses que permaneceram passaram a cultivar milho, soja, algodão e cana-de-açúcar para

se recuperarem dos prejuízos.

2-ATIVIDADE: organize com os alunos uma pesquisa so bre a realidade

brasileira e mundial (até a local) do ano de 1975, os temas podem ser

63

sobre economia ou política ou cultural ou social. A atividade pode usar

almanaques de ano ou relatos com avós ou pais sobre o referido ano.

Os eventos pesquisados serão apresentados em sala p elos alunos em

seminário e por meio de relatório.

64

O MODO DE VIDA AGRICOLA PARANAENSE NAS DÉCADAS

DE SETENTA A NOVENTA

A influência do Regime Militar brasileiro afetou a agricultura paranaense, a

partir do pensamento econômico de produção voltada a exportação, independente

de o agricultor ser grande ou médio ou pequeno. Isto transformou as características

da agricultura paranaense, cujas propriedades em sua maioria eram de pequena

extensão de terras de até dez hectares.

Os governos Nei Braga e Paulo Pimentel consideravam a agricultura familiar

de pequena propriedade um atraso para Paraná, o qual deveria voltar-se para a

industrialização e a modernização da agricultura voltada à grande produtividade com

intenso uso de tecnologia mecânica e química (tratores, colheitadeiras, adubos e

fertilizantes). Como se cria o pensamento de que o produtor deveria acompanhar a

modernização senão iria fracassar em manter a agricultura convencional voltada ao

auto consumo ou para consumo da região urbana próxima a sua propriedade.

Pequenos produtores têm facilidades de financiamento (mas inferior ao

grande fazendeiro que recebia 73% de recursos de bancos estatais enquanto o

pequeno apenas 23,9%). Com o financiamento o pequeno produtor adquire adubos,

fertilizantes e maquinário, sem assessoramento de agrônomos ou técnicos

agrícolas, por exigir despensas.

Figura 41 Uma plantação de milho sem herbicidas e a produção de mel orgâncio , a forma do médio e pequ eno

agricultor enfrentar mercado globalizado www.seed.p r.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php )

65

Figura 42 A agricultura paranaense se voltou ao mod elo exportador nos anos setenta, para as médias pro priedades,

com uso da mecanização. Nas imagens agricultor prep arando a terra para o plantio, enquanto as crianças atendem ao

chamado da mãe para serviços domésticos (foto do ac ervo do autor)

O endividamento dos pequenos produtores e a perda de suas propriedades

para os bancos e compra pelos grandes produtores, levou ao aumento da população

urbana das regiões de Curitiba, Londrina e Maringá.

Figura 43: O meio ambiente é o principal prejudica do pela agricultura voltada a exportação, pelos

herbicidas lançados na natureza(fonte: rio Serra

Negrahttp://www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/ frm_buscarImagens2.php).

Os pequenos produtores que conseguiram sobreviver passam a desenvolver

novas formas de uso da terra. Produzindo a partir da agroecologia (regiões de

Rebouças, Irati e Rio Azul) ou partido da pluriatividade (região de Araucária, Tijucas

do Sul e Piên).

A agroecologia parte da idéia da propriedade respeitar a preservação do

ambiente com uso de técnicas de produção sem venenos e fertilizantes

industrializados e técnicas voltada ao consumo do mercado urbano próximo da

propriedade.

66

A pluriatividade é a divisão do tempo de trabalho do produtor com sua terra e

atividades na cidade próximas. Trabalhando como mecânico de autos ou doméstica

ou funcionário de comércio, para aumentar a renda familiar. Na propriedade as

atividades são realizadas pelos mais velhos ou pela esposa, com a produção de

frutas ou horticultura, cuja venda é para o mercado consumidor da cidade próxima a

propriedade.

Figura 44 A erosão do solo, sendo motivada pela fal ta de assistência técnica aos pequenos proprietário s (fonte:

www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarIm agens2. php.)

Analisando a história da agricultura pelo lado do pequeno produtor se percebe

que este se adaptou ao mundo globalizado, onde os preços e o mercado de

exportação são determinados pelas Bolsas de Valores dos EUA, Europa e Japão.

Nas bolsas de valores são feitas as vendas de colheitas agrícolas pelos

importadores americanos, europeus e japoneses. Ele não deseja abandonar sua

propriedade, pois o modo de vida rural é mais solitário, o trabalho é visto como

prazer e não como obrigação e as relações familiares são mais próximas.

A partir da visão do pequeno produtor responsável pelo mercado interno (ele

produz cereais, frutas, legumes e grãos para o consumo da população brasileira e

não para o exterior) há possibilidades de melhoras na conservação do meio

ambiente e de técnicas agrícolas que não usem produtos químicos prejudiciais ao

ser humano e ao ambiente.

Figura 45 construção de rodovias para escoar a prod ução agrícola para os portos de exportação. Priorid ade pelos

governos paranaenses (fonte: www.seed.pr.gov.br/por tals/bancoimagem/frm_buscarImagens2. php.).

67

.

Figura 46 A cultura do trigo foi incentivada pelos governos estaduais, entre 1964-85, de modo a não de pender das

importações do produto, mas os médios proprietários se viram com condições de financiamento que os lev aram a não

saldar as dívidas (fonte: www.seed.pr.gov.br/portal s/bancoimagem/frm_buscarImagens2. php.).

ATIVIDADES

1- LEIA O TEXTO E REPONDA:

A- Qual era a visão dos governadores Nei Braga e Paulo Pimentel sobre a

agricultura da década de 1960?

B- Quais as conseqüências para o pequeno agricultor da política de produção

voltadas à exportação?

C- Qual a importância da agroecologia para os produtores de Irati e Araucária?

RESPOSTAS:

A- Os governos Nei Braga e Paulo Pimentel consideravam a agricultura familiar de pequena propriedade um atraso para

Paraná, o qual deveria voltar-se para a industrialização e a modernização da agricultura voltada a grande

produtividade com intenso uso de tecnologia mecânica e química (tratores, colheitadeiras, adubos e fertilizantes).

B- O endividamento dos pequenos produtores e a perda de suas propriedades para os bancos e compra pelos grandes

produtores, levou ao aumento da população urbana das regiões de Curitiba, Londrina e Maringá.

C- A agroecologia parte da idéia da propriedade respeitar a preservação do ambiente com uso de técnicas de produção

sem venenos e fertilizantes industrializados e técnicas voltada ao consumo do mercado urbano próximo da

propriedade.

2- Divida a sala em quatro equipes e cada uma irá c ultivar em determinado

local da escola um tipo de horta. E cada equipe apó s um mês deve relatar esta

experiência. O professor deve encaminhar o trabalho para que os alunos

experimentem e comparem os produtos que produziram com os

68

comercializados. E realizar um debate sobre produto s químicos na agricultura

a partir da experiência dos alunos.

69

O ASSENTAMENTO EMILIANO ZAPATA, EXEMPLO DO MST

Figura 47 o assentado e o olhar de esperança. A esp erança de voltar a viver da propriedade agrícola, a bandonada pela

ilusão com a cidade (fonte: www.seed.pr.gov.br/port als/bancoimagem/frm_buscarImagens2. php.).

Pelos noticiários da televisão e jornais uma das visões sobre o Movimento

dos Sem Terra como grupo de agitadores da ordem e inimigos dos agricultores que

produzem para o Brasil. A realidade apresentada é mostrar a visão sobre o

movimento que participam homens e mulheres cujas vidas antes de entrar no grupo

eram a da falta de esperança no futuro.

Figura 48 Emiliano Zapata, revolucionário mexicano, defensor dos camponeses mexicanos, foi homenageado com

batizado ao assentamento dos sem-terra em Palmeira (http://pt.wikipedia.org/wiki/Zapata).

O assentamento Emiliano Zapata surgiu na cidade de Palmeira, formado por

150 famílias que vieram de vários estados brasileiros (São Paulo, Rio Grande do Sul

e Minas Gerais, a maioria). Nasceram em propriedades agrícolas de pequeno porte

e a necessidade de sobrevivência ou perda da propriedade para os bancos, levou-os

para a cidade e a não adaptação os levou para o MST. O nome do assentamento é

em homenagem ao herói mexicano Emiliano Zapata, líder dos pequenos produtores

rurais que enfrentou os grandes proprietários de terra,em 1910, buscando o direito

70

das famílias de sua comunidade ao uso da terra de forma coletiva e igualitária entre

todos.

Para estas famílias humildes de desempregados o MST é à volta a vida rural

e a posse da propriedade da terra.

Dentro do assentamento o MST organizar as famílias para vida no grupo (proibição

de armas, de jogo de azar e de bebidas alcoólicas), a restrição as informações sobre

a ação de novas ocupações (evitar a reação dos donos das terras ocupadas), a

prática da agricultura ecológica (sem produtos químicos da empresas estrangeiras)

e respeito aos valores do trabalho coletivo e da solidariedade.

O MST é visto como grupo marginal, por alguns setor es da sociedade, mas a união do grupo é pela melhor ia de

condições de vida (fonte: www.seed.pr.gov.br/portal s/bancoimagem/frm_buscarImagens2. php.).

Dentro do assentamento Emiliano Zapata há dificuldades, como violência

(ação de pistoleiros dos grandes proprietários), fome, falta de saúde e de transporte.

Estas dificuldades são superadas pelas relações coletivas do grupo, como a

consciência, adquirida dentro do movimento, de ser uma classe social explorada

pela classe dos proprietários de terra como mão-de-obra barata e a dos bens

materiais ( televisão, geladeira, moveis, roupas e etc.) não terem valor maior do que

as relações sociais humanas de amizade e cooperativismo.

Segundo os membros do assentamento Emiliano Zapata as ocupações na

região de Ponta Grossa se realizam em propriedades cujas terras não são usadas

para o trabalho agrícola ou como no caso da invasão da Embrapa (empresa

brasileira de pesquisa agropecuária) pelo uso de terras públicas por agricultores

ricos.

71

O assentamento Emiliano Zapata está em processo de que cada família

receba seu lote de terra e inicie a vida de pequeno proprietário rural. E há o medo de

o grupo perder o sentimento coletivo e passa a defender seus interesses

particulares, prejudicando as relações de ajuda mútua entre eles.

ATIVIDADES

1-Leia o texto e responda:

A- Quem foi Emiliano Zapata?

B- Qual a localização do assentamento Emiliano Zapata?

C- Leia ao texto e comente sobre os motivos de famílias pobres viverem no

assentamento?

RESPOSTAS:

A- Mexicano Emiliano Zapata, líder dos pequenos produtores rurais que enfrentou os grandes proprietários de

terra,em 1910, buscando o direito das famílias de sua comunidade ao uso da terra de forma coletiva e igualitária

entre todos.

B- O assentamento Emiliano Zapata surgiu na cidade de Palmeira, formado por 150 famílias que vieram de

vários estados brasileiros (São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a maioria).

C- Nasceram em propriedades agrícolas de pequeno porte e a necessidade de sobrevivência ou perda da

propriedade para os bancos, levou-os para a cidade e a não adaptação os levou para o MST.Para estas famílias

humildes de desempregados o MST é à volta a vida rural e a posse da propriedade da terra.

2- Pesquise sobre o MST (na internet ou jornais ou revistas). Destacando os

pontos a favor e contra o movimento.

72

A AÇÃO GOVERNAMENTAL NAS VILAS RURAIS DO GOVERNO JA IME

LERNER

O governo que iniciava a 01 de janeiro de 1995 sob o comando do ex-prefeito

de Curitiba, Jaime Lerner, tinha a imagem de estilo de governo voltado à criatividade

de medidas ousadas, como a criação de calçadas (fechou ruas e passaram-se por

cima pedregulhos) na época de sua primeira gestão na administração de Curitiba

(1970-1975). Então para combater o êxodo rural (a saída do trabalhador rural para a

cidade), sua gestão na administração do Estado do Paraná criou as vilas rurais, com

a esperança de permitir ao trabalhador rural remunerado a esperança de viver com

dignidade no campo.

A proposta do governador Jaime Lerner (1995 a 2003) de garantir aos

trabalhadores rurais volantes, chamados de bóia-fria, um lote que garantisse sua

moradia e a produção de alimentos para serem comercializados mostra o discurso

político demagógico (se aproveitar da ingenuidade do povo em suas necessidades

se ganhar apoio político para seu governo ou pessoa) e ilusório. Este projeto de

financiamento de lotes residenciais se chamou de Vilas Rurais.

O projeto que construiu 405 vilas rurais em que cada família receberia 0,5

hectares de terra para morar e produzir para o comércio da cidade próxima a vila

rural. O financiamento veio do Banco Mundial e sua execução como exemplo de

reforma agrária planejada e interessada em garantir condições de vida dignas para o

trabalhador rural e sua família. O Banco Mundial tem a missão de lutar contra a

pobreza através de financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento.

Seu funcionamento é garantido por quotizações definidas e reguladas pelos países

membros. É composto por 184 países membros. Sede: Washington DC, EUA.

A realidade se mostrou diferente, pois a maioria das famílias morava na zona rural,

mesmo tendo infra-estrutura de água potável e saneamento, não dispunha de

transporte para atingir o centro urbano mais próximo e procurar atendimento médico

ou previdenciário.

73

Figura 49 :Quadro de Vincent Gogh sobre o ambiente rural e a vila próxima. O sonho de Lerner era de fo rmar vilas

rurais como esta vila européia do século XIX, pen a que faltou dar infra-estrutura ao trabalhador rur al(fonte:

www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarIm agens2.php.).

A localização das vilas e seus moradores na área rural visavam

auxiliares os empresários do setor agrícola a ter próximo de suas propriedades

trabalhadores avulsos que antes morando nas periferias das cidades tinham

dificuldades em chegar ao local de trabalho.

Outro objetivo do programa a produção de excedente, para aumentar a renda

das famílias das Vilas Rurais com a venda desta produção para os mercados das

cidades próximas, tornou-se impraticável por causa da distância do centro de

comércio com a região da Vila Rural e área para produção do trabalhador é muito

reduzida para ter um excedente.

Figura 50: A esperança faz parte da vida do trabalh ador volante ou bóia-fria de ter uma vida digna (fo nte:

www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarIm agens2. php.).

.

74

Cada família adquiria sua propriedade e tinha até 25 anos para quitar a divida

com 20% de seus dois salários mínimos, ou seja, há possibilidade de não pagarem a

divida em razão da sua baixa remuneração.

Figura 51: Trabalhador assalariado ou bóia-fria, ap esar da modernidade do século XX as características de vida dos

camponeses sofreram poucas alterações (fonte: (font e:

www.seed.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarIm agens2. php.).

Investir em moradia para grupos de trabalhadores sem renda suficiente é

importante, mas o uso deste programa de habitação na zona rural é produzir falsas

expectativas em pessoas simples na crença de que o Estado pensa no seu bem

estar, mas sim no seu uso como mão-de-obra para o setor agro-exportador.

ATIVIDADES

1-Leia o texto e responda

A- Qual governo estadual criou as Vilas Rurais?

B- Quem podia receber os lotes nas Vilas Rurais?

C- As Vilas Rurais deram certas? Justifique sua resposta.

RESPOSTAS:

A- Governador Jaime Lerner (1995 a 2003).

B- Trabalhadores rurais volantes, chamados de bóia-fria.

C- Resposta pessoal do aluno.

75

2-Escreva a relação existente entre três imagens ab aixo:

76

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao entrar no Programa de Desenvolvimento da Educação senti apreensão

pelo fato de não estar acostumado a escrever textos sobre a minha área de atuação,

História. E ao longo deste ano pode afeiçoar-me a escrita, a reflexão sobre o

trabalho em sala de aula e a leitura.

A importância de buscar fontes para a construção do projeto de pesquisa

serviu para entrar em contato com teorias historiográficas desconhecidas, sobretudo

sobre a História do Presente e a Didática da História. A primeira tem o poder de

sedução de entender o tempo presente sob a análise dos eventos próximos ao aluno

e poder relacioná-los com a História de outras gerações e estruturas de outros

tempos do passado humano. E a Didática da História pelo objetivo de encontrar

métodos do aluno entender a importância da História no seu cotidiano e favorecer a

construção de sua consciência histórica.

A partir da leitura dos autores das fontes historiográficas se partiu a reflexão

sobre o tema a ser desenvolvido e trabalhado. E nasceu o projeto de usar arquivos

das produções do ensino superior, de jornais, de revistas e outros fundos históricos

para construir o texto didático. Este tendo como objetivo o aluno e sua relação com

a História, de modo a ele entender o processo de construção do seu presente, passa

pela leitura do passado e a visão do futuro relaciona-se a estas duas unidades de

tempo (passado e presente).

A elaboração do caderno pedagógico do título Paraná Contemporâneo é

resultado do roteiro pesquisa, reflexão e leitura, desenvolvendo material didático de

apoio a todos os professores de História da rede pública estadual do Paraná, o qual

desejar ser o inicio para completar ou enriquecer os temas contidos nesta fonte

bibliográfica.

77

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