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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ · de lento para veloz e de controlado pela atenção para automático. REPRESENTAÇÃO TEÓRICA DOS ESTÁGIOS DE APRENDIZAGEM

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

CARLOS JOSÉ HERVATINI

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICO

Produção Didático-Pedagógico,

apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional

– PDE, sob orientação do Professor Ernani Xavier Filho

do Departamento de Educação Física, da Universidade Estadual

de Londrina.

LONDRINA 2010/2011

APRENDIZAGEM MOTORA

PRÁTICA EM BLOCOS E PRÁTICA VARIADA (RANDÔMICA)

IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Somente o desenvolvimento perceptivo-motor correto garantirá a criança

uma concepção mais ajustada sobre o mundo externo que a rodeia. Dificuldades de aprendizagem simbólica (representação do mundo de

forma verbal, escrita e teleológica), refletem uma deficiente integração das noções espaço e tempo que são fundamentais para a organização do sistema sensório-motor da criança.

Qualquer aprendizagem escolar quer se trate de leitura, escrita ou de cálculo (lógico-matématica) é, fundamentalmente, um processo de relação perceptivo-motora.

APRENDIZAGEM MOTORA

Mudança interna no domínio motor do indivíduo, deduzida de uma

melhoria relativamente permanente em seu desempenho, como resultado da prática.

No contexto educativo se promove no conjunto de atividades GLOBAIS da criança.

No contexto esportivo-competitivo estuda e aprimora a aquisição de DESENPENHO-PERFORMACE técnico de habilidades motoras isoladas.

Habilidades motoras uma vez aprendidas podem ser influenciadas por fatores psicológicos, fisiológicos ou ambientais (Magill).

Teorias Clássicas

Segundo as teorias clássicas de aprendizado motor a realimentação

sensorial foi considerada como fator fundamental para o seu desenvolvimento.

Keele em 1968 elaborou a teoria do circuito aberto que afirma a existência de

um programa motor resultante de um processo de aprendizado que quando

solicitado para uma atividade gera o movimento sem a necessidade de

realimentação para gerenciá-lo.

Na década seguinte, Adams (1971) desenvolveu a teoria do circuito fechado

que diferentemente da primeira admite o uso constante das informações

sensoriais como guia e como informantes do resultado final atingido pelo

movimento. (SHUMWAY-COOK e WOOLLACOTT, 2003).

Ainda na década de 70, Schmidt propôs uma nova teoria em resposta às

limitações das teorias anteriores integrando-as. Assim, dependendo do tipo de

atividade o controle seria por circuito aberto ou fechado, atividades mais lentas

seriam governadas por mecanismos de realimentação e em atividades

balísticas não haveria tempo suficiente para processamento de tantas

informações e, portanto seriam controladas por circuitos abertos. (SCHMIDT,

1975; TANI 2005)

A Teoria dos Modelos Internos aperfeiçoou a Teoria do Esquema descrita

por Schmidt (1975) e propôs que o treino propiciava a formação de um

programa motor que armazena uma série de normas adquiridas durante o

aprendizado, que poderiam ser aplicadas a diversos contextos. Para tanto,

após a execução de um movimento, quatro aspectos seriam armazenados na

memória: (1) condições iniciais de movimento (fatores gerais a respeito do

sujeito e do objeto); (2) parâmetros utilizados no programa motor generalizado;

(3) efeito do movimento em termos de conhecimento de resultados; (4)

conseqüências sensoriais do movimento (SHUMWAY-COOK e

WOOLLACOTT, 2003; TANI, 2005).

Discussão

Dentre todas essas teorias e suposições o objetivo comum ainda é

esclarecer os mecanismos e processos relacionados à aquisição de

habilidades motoras e os fatores que afetam essa aquisição (TANI, 2005).

Do momento em que você levanta da cama até o momento em que volta para

dormir mais uma noite de sono, raramente para de mover-se. Seus pais e

professores podem tê-lo auxiliado em aprender movimentos, enquanto outros,

você aprendeu por tentativa e erro.

Neste trabalho poderemos entender um pouco mais da forma como se

dá a aprendizagem de uma determinada tarefa motora, utilizando dois tipos de

prática: a prática em blocos e a prática variada para aquisição da habilidade

motora saque do voleibol e discutir sobre qual prática tem efeito mais

duradouro.

Segundo Schimidt & Wrisberg(2001), nascemos com algumas habilidades e

precisamos somente de um pouco de maturação e experiência para produzi-las

de uma forma relativamente madura. Algumas tarefas motoras são inatas,

como andar e correr, outras, precisamos de uma quantidade considerável de

prática para que se tenha uma melhora na performance.

HABILIDADE MOTORA

As habilidades motoras podem ser conceituadas de duas formas:

Primeira, as habilidades podem ser vistas como tarefa, sinuca, por exemplo, ou

ato de destrinchar o frango do almoço de domingo.

Segunda, as habilidades também podem ser vistas em termos de

características que distinguem o executante de alto nível do de baixo nível.

Uma forma de se ver o conceito de habilidade é determinar suas

características. Três características utilizadas para classificar tarefas incluem, a

forma de como o movimento é organizado, a importância relativa dos

elementos motores e cognitivos e o nível de previsibilidade ambiental

envolvendo a performance da habilidade. Veremos a seguir algumas de suas

dimensões.

DIMENSÕES MOTORA E COGNITIVA DA HABILIDADE

Habilidade motora – Uma habilidade para a qual os principais determinantes

são o sucesso e a qualidade do movimento que o executante produz.

Habilidade cognitiva – Uma habilidade para a qual o determinante principal do

sucesso é a qualidade da decisão do executante em relação ao que fazer.

EXEMPLOS

HABILIDADES MOTORAS HABILIDADES COGNITIVAS

Tomada de decisão Alguma tomada Tomada de decisão

Minimizada de decisão maximizada

Controle motor Algum controle Controle motor

Maximizado motor minimizado

____________________________________________________________________________

Salto em altura Andar de bicicleta Jogar Xadrez

____________________________________________________________________________

Levantar peso Dirigir carro de corrida Cozinhar

____________________________________________________________________________

Trocar um pneu Caminhar em um terminal Treinar uma equipe

movimentado de aeroporto esportiva

Habilidade discreta – Uma tarefa de habilidade organizada de maneira que a

ação é normalmente breve em duração e tem inicio e fim bem definidos.

Habilidade seriada – Um tipo de organização de habilidade caracterizado por

várias ações discretas conectadas em uma seqüência, sendo frequentemente,

a ordem da ação crucial para o sucesso da performance.

Habilidade continua – Uma habilidade organizada de maneira que a ação se

desdobra sem inicio e fim identificados de uma forma contínua e repetitiva.

EXEMPLOS

HABILIDADE DISCRETA SERIADA CONTÍNUA

Inicio e fim distintos Ações conectadas discretas Início e fim não distintos

_______________________________________________________________________________________________

Arremessar um dardo Martelar um prego Dirigir um automóvel

_______________________________________________________________________________________________

Pegar uma bola arremessada Rotina de ginástica Nadar

_______________________________________________________________________________________________

Levantar-se da posição sentada Escovar os dentes Patinar de Roller

HABILIDADES CLASSIFICADAS PELO NÍVEL DE PREVISIBILIDADE AMBIENTAL

Uma terceira maneira para classificar habilidades motoras é considerar até que ponto

o ambiente é estável e previsível durante o desempenho.

Habilidade Aberta – Uma habilidade executada em ambiente imprevisível ou que está

em movimento e que requer que as pessoas adaptem seus movimentos em resposta

às propriedades dinâmicas do ambiente.

Habilidade Fechada – Uma habilidade executada em ambiente previsível ou parado e

que permite que as pessoas planejem seus movimentos com antecedência.

DIMENSÕES ABERTA E FECHADA DA HABILIDADE

HABILIDADES FECHADAS HABILIDADES ABERTA

Ambiente previsível Ambiente semiprevisível Ambiente imprevisível

_______________________________________________________________________________________________

Ginástica Caminhar na corda bamba Futebol

_______________________________________________________________________________________________

Digitar Dirigir um automóvel lutas

_______________________________________________________________________________________________

Cortar vegetais Atravessar uma rua Perseguir uma galinha

APRENDIZAGEM MOTORA E PERFORMANCE MOTORA

Aprendizagem motora – Mudanças em processos internos que determinam a

capacidade de um indivíduo para produzir uma tarefa motora. O nível de

aprendizagem motora de um indivíduo aumenta com a prática e é

frequentemente inferido pela observação de níveis relativamente estáveis da

performance motora da pessoa.

Performance motora – Tentativa observável de um indivíduo para produzir

uma ação voluntária. O nível de uma performance de uma pessoa é suscetível

a flutuações em fatores temporários, tais como motivação, ativação, fadiga e

condição física. O aprendizado motor faz parte da memória implícita, definido

como um conjunto de processos não conscientes, associados com a prática e

repetição de movimentos, que levam às mudanças permanentes nas respostas

motoras. Isto é possível devido às modificações das redes neurais

responsáveis pelas respostas motoras, possibilitando um desempenho mais

eficaz da tarefa treinada (MOLINARI ET AL 1997; WILLINGHAM, 1998). Assim

com o decorrer do processo o desempenho evolui de impreciso para acurado,

de lento para veloz e de controlado pela atenção para automático.

REPRESENTAÇÃO TEÓRICA DOS ESTÁGIOS DE APRENDIZAGEM

MOTORA E CARACTERÍSTICAS DE PERFORMANCE MOTORA

ASSOCIADAS

REFERENCIA ESTÁGIO INICIAL DE APRENDIZAGEM ESTÁGIO FINAL DE APRENDIZAGEM

Fitts e Posner Cognitivo Associativo Autônomo

(1967) (tentativa e erro) (acertando) (livre e fácil)

__________________ ____________________________________________________________________________

Adams (1971) Verbal-motor Motor

(mais fala) (mais ação)

______________________________________________________________________________________________

Gentile (1972) Adquirindo a idéia de movimento Fixação/diversificação

(habilidade aberta ou fechada)

_______________________________________________________________________________________________

Newell (1985) Coordenação (adquirir o padrão) Controle

(adapta o padrão conforme a

necessidade).

CARACTERÍSTICAS DE PERFORMANCE MOTORA ASSOCIADAS

APRENDIZAGEM INICIAL APRENDIZAGEM FINAL

Aparência Rígida Mais relaxado Automático

Impreciso Mais preciso Preciso

Inconsistente Mais consistente Consistente

Lento, interrompido Mais fluente Fluente

Tímido Mais confiante Confiante

Indeciso Mais decidido Decidido

Inflexível Mais adaptável Adaptável

Ineficiente Mais eficiente Eficiente

Muitos erros Menos erros Reconhece erros

EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM - DEFINIÇÕES

Capacidades – Traços estáveis e duradouros que, na sua maioria, são

geneticamente determinados e que embasam a performance habilidosa dos

indivíduos.

Potencialidades – Características dos indivíduos que são sujeitas à mudança

como resultado da prática e que representam o potencial de uma pessoa para

exceder a performance de uma tarefa.

Experiências de aprendizagem – Situações nas quais as pessoas produzem

tentativas deliberadas para aumentar sua performance de um particular

movimento ou ação.

Ao auxiliar o aprendiz na aquisição de uma determinada tarefa motora dois

conceitos são úteis, o estabelecimento de meta e a transferência de

aprendizagem.

Estabelecimento de meta – Processo de estabelecer alvos para a

performance futura.

Metas de resultado – Alvos para performance que focam no resultado final da

atividade.

Metas de performance – Alvos para a melhora performance relativa a uma

execução prévia do indivíduo.

Metas de processo – Alvos para melhora da performance que fixam na

qualidade da produção do movimento.

EXEMPLOS

ATIVIDADE METAS DE RESULTADO METAS DE PERFORMANCE METAS DE PROCESSO

_______________________________________________________________________________________________

Atirar com rifle terminar em primeiro uma melhorar o percentual de tiro Expirar vagarosamente

competição local de tiro ao centro do alvo de 60 para 70% antes de cada pressão

no gatilho.

_______________________________________________________________________________________________

Esqui aquático qualificar para um Aumentar o número médio de Focar visualmente no

campeonato regional passagens bem-sucedidas lado externo das bóias.

pelas bóias , de 4 para 5.

_______________________________________________________________________________________________

Voleibol Vencer o título da Aumentar o percentual de Penetrar no plano da rede

competição bloqueio de 40 para 50% em cada tentativa de

bloqueio.

Habilidades-alvo – Tarefas que os indivíduos querem ser capazes de realizar.

Comportamentos-alvo – Ações que os indivíduos devem ser capazes de

produzir a fim de que executem com sucesso as habilidades-alvo em

contextos-alvo.

Contexto-alvo – Contexto ambiental onde os indivíduos desejam ser capazes

de realizar uma habilidade.

EXEMPLO

ATIVIDADE HABILIDADES-ALVO COMPORTAMENTOS-ALVO CONTEXTO-ALVO

_______________________________________________________________________________________________

Tocar piano Performance sem erro de Alinhamento apropriado de Competição regional de

uma peça de Mozart mãos e dedos piano

_______________________________________________________________________________________________

Jogar Basquete Técnica eficiente de rebote Utilizar o corpo para bloquear Jogo de basquete,

o oponente em cada tentativa categoria junior.

_______________________________________________________________________________________________

Surfar Surfar em uma onda de Ajustamento apropriados do Em uma praia local

dificuldade moderada corpo e pés com amigos.

TRANSFERÊNCIA DE APRENDIZAGEM

Generalização – Tipo de transferência de aprendizagem que ocorre de uma

tarefa para outra ou situação muito semelhante; também chamada de

transferência próxima.

Transferência próxima – Tipo de transferência de aprendizagem que ocorre de

uma tarefa para outra tarefa ou situação muito similar; também chamada de

generalização.

Transferência para longe – Tipo de transferência de aprendizagem que ocorre

de uma tarefa para outra tarefa ou situação muito diferente.

ELEMENTOS DE MOVIMENTO

EXEMPLO

ATIVIDADES ELEMENTOS DO MOVIMENTO ELEMENTOS PERCEPTIVOS ELEMENTOS CONCEITUAIS

_______________________________________________________________________________________________

Tênis e Rotação do ombro antes da Perseguição visual da bola ou Varie a seleção da batida.

Badmington batida. Peteca.

______________________________________________________________________________________________

Boliche e Finalização do movimento Julgamento preciso da Colocação eficiente do objeto.

shufleboard em direção ao alvo. localização do alvo.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Hoquei sobre Manutenção do equilibrio Interpretação precisa dos Manter distância apropriada

o gelo enquanto está manipulando movimentos do oponente. entre companheiros da

um objeto. sua equipe.

ESTÁGIOS DE APRENDIZAGEM

No estágio verbal-cognitivo os aprendizes são confrontados com uma tarefa

inteiramente não-familiar. Como o nome sugere, os aprendizes no estágio

verbal-cognitivo passam muito tempo falando (verbal) para si mesmos sobre o

que tentarão fazer e pensando (cognitivo) sobre estratégias que poderiam

funcionar.

No estágio motor, os aprendizes tendo resolvido a maioria dos

problemas de estratégia ou cognitivos, e tendo obtido uma idéia geral de como

é o movimento, o foco agora troca para o refinamento da habilidade pela

organização mais eficiente dos padrões de movimento para produzir a ação.

No estágio autônomo após uma prática extensiva alguns aprendizes são

capazes de produzir a ação quase automaticamente com pouca ou nenhuma

atenção, esses indivíduos desenvolvem seus “programas motores” a tal nível

que podem usá-los para controlar suas ações por longos períodos de tempo.

Por exemplo, uma exímia ginasta é capaz de realizar uma rotina na barra

assimétrica sem ter que pensar nas habilidades que a série utiliza.

Exemplo disso pode-se observar em Michael Jordan extraordinário jogador de

basquete americano que repetidas vezes disse que cria seus mais

inacreditáveis movimentos de uma forma espontânea à medida que a ação

está acontecendo.

Programa motor – Conjunto de comandos motores pré-estruturado no nível do

sistema executivo e que define os detalhes essenciais de uma ação habilidosa;

análogo a um gerador de padrão central.

Agora que tivemos a oportunidade de conhecer o que significa

aprendizagem motora iremos nos ater a dois tipos de prática que podem

auxiliar a execução de uma determinada tarefa motora, a prática em blocos e a

prática variada. A seguir conceituaremos os dois tipos de prática.

Prática em blocos

Uma abordagem de senso comum para programar uma escala seria

dedicar um bloco fixo de tempo para o aprendiz praticar a primeira tarefa antes

de passar para a seguinte. Então o aprendiz gastaria um período de tempo na

segunda tarefa antes de passar para a terceira. Esta abordagem de escala, na

qual o tempo integral de treinamento do aprendiz é gasto em uma tarefa antes

de começar a prática seguinte, é chamada de “prática em blocos”.

Prática Variada

Algumas vezes o indivíduo pratica várias tarefas em uma única sessão.

Na ”prática variada (randômica)”, por exemplo, a ordem do treinamento de

um número de diferentes tarefas é interligada, ou combinada, durante o

período de prática. Os aprendizes alternam-se continuamente entre as tarefas

e, em casos mais extremos, eles nunca desenvolvem a mesma tarefa duas

vezes seguidas.

Observações

No presente estudo a maioria das pesquisas efetuadas apontam que a

prática variada com grande número de movimentos de forma randômica tende

a ser menos produtiva do que os indivíduos que praticam os movimentos em

forma de blocos, porém ao se avaliar a aprendizagem de determinado

movimento os da prática randômica demonstram uma retenção superior, tendo

em vista o enunciado acima, no projeto de intervenção iremos estudar qual das

práticas melhor se aplica no ensino do fundamento saque do voleibol em

escolares de 5ª e 6ª séries do colégio estadual Érico Veríssimo de Faxinal.

O saque, segundo MAGILL (1998), “é uma habilidade motora

discreta (com início e fim facilmente definidos, de duração muito breve) e

fechada (o ambiente é estável e previsível)”. Na classificação e GENTILE

(1987), “o saque localiza-se na categoria 2 (dois) (condições estacionárias, há

manipulação de um objeto, não há variabilidade entre tentativas, não há

deslocamento do corpo), o que o caracteriza como uma atividade

predominantemente fechada”. O estudo terá por fim, analisar o comportamento

observável dos escolares dentro da organização das duas práticas segundo o

modelo apresentado por MEIRA (1999) e ao final apontar considerações sobre

qual das práticas melhor se aplica ao grupo analisado.

Para GUIDETTI (1976), os saques por baixo (de segurança) e por

cima (tênis) são considerados frontais. A descrição de cada um deles é

apresentada a seguir, segundo GAMBARDELLA (1987).

Saque por baixo

Figura 01(Saque por baixo/ Autoria: amora 2009esportes.pbworks.com)

O saque por baixo é uma habilidade motora de fácil execução,

utilizado na aprendizagem da modalidade e deve ser executado da seguinte

forma:

-peso do corpo na perna de trás, afastamento antero-posterior das

pernas que devem estar semiflexionadas, perna oposta ao braço de saque à

frente e voltada para o alvo, tronco inclinado ligeiramente para frente, cabeça

elevada, braço de saque estendido e braço de apoio semiflexionado com a bola

na palma da mão;

-movimento pendular do braço no sentido antero-posterior,

lançamento da bola para cima (20-30 cm) ou apenas a retirada da mão que a

apóia, mão de contato aberta (porção inferior), movimento de quadril para

frente, e braço de contato para frente.

Saque por cima

Figura 02 (Saque por cima tipo tênis/ Autoria: carmenvolei.blogspot.com)

O saque por cima, que é o mais utilizado na prática do voleibol,

requer boa força da parte superior do corpo juntamente com a coordenação de

todos os segmentos do corpo. É mais difícil de ser executado que o saque por

baixo, pelo modo como o lançamento da bola é executado, pela posição inicial

e movimento do braço de saque, e pelo ponto de contato com a bola. A

descrição do saque por cima é apresentada a seguir:

-pernas na posição antero-posterior, leve flexão dos joelhos, peso do

corpo na perna de trás, pés e cintura pélvica quase perpendicular à rede, pé

oposto ao braço de saque à frente e voltado para o alvo, braço de saque

semiflexionado acima da altura do ombro e inclinado em relação ao cotovelo, e

bola apoiada na ponta dos dedos;

-lançamento da bola para cima na direção do ombro de saque,

aproximadamente a um metro acima da cabeça. No inicio o lançamento se

inicia a armação do braço de saque que pode ser feita com o braço flexionado

ou estendido. O lançamento da bola depende da velocidade de movimentação

do braço sacador: quanto mais veloz o braço, menor altura da bola. O contato é

feito no meio da bola com a porção inferior da mão (próxima ao punho).

Durante a fase de contato, o cotovelo se posiciona a frente do ombro e da mão

e a parte superior do corpo se movem paralelamente à rede. Há mínima

continuação do movimento depois do contato com a bola. O peso do corpo é

transferido da perna de trás para frente quando a bola é lançada para o alto,

finalizando imediatamente após o contato. O pulso permanece rígido durante

toda a fase de contato.

De acordo com a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE

VOLLEYBALL (1992), o saque “se constitui na ação de colocar a bola em jogo

pelo jogador de defesa da direita, posicionando-se na zona de saque, o qual

golpeia a bola com uma das mãos ou qualquer outra parte do braço, depois de

ter sido solta ou lançada ao ar e antes que toque a superfície de jogo”.

No estudo e ser implementado na escola a verificação constará de

05 fases teste de entrada, fase de aquisição, pós-teste, retenção e

transferência.

Pré-teste (teste de entrada)

Com a orientação do professor será determinada a forma para a

execução do programa motor específico envolvendo o saque por baixo e por

cima, em 16 tentativas (08 para cada tipo de saque) em direção ao alvo 02

(figura 03) e anotação na ficha de registro dos dados do pré-teste, será

realizada apenas uma sessão e após serão formados os grupos GA. (aleatório)

GB (em blocos).

O experimento será conduzido pelo professor PDE e contará com a

participação de um pesquisador assistente que auxiliará na montagem do

ambiente de pesquisa e dois professores (as) de educação física do Colégio

Estadual Érico Veríssimo de Faxinal na condução do estudo como um todo. A

anotação da pontuação será realizada sempre pelo Professor PDE.

Aquisição

A fase de aquisição das duas variações de saques será realizada

em oito sessões executadas nas diferentes estruturas de prática, em blocos e

randômica (aleatória) com a mesma quantidade de execuções.

O objetivo específico da tarefa de verificação será o de acertar o

ponto central do alvo afixado no solo (10 pontos). Os (as) escolares serão

instruídos para que não pratiquem as habilidades motoras tanto dentro da

quadra quanto fora do ambiente de pesquisa.

A coleta de dados será feita com três escolares por vez, cada qual

executando um bloco de 32 tentativas divididas 08 tentativas por vez, para

então ceder lugar aos demais integrantes do trio, quando retornarão para a

execução do segundo bloco.

A filmagem e/ou fotos das tentativas serão realizadas individualmente.

Na fase de aquisição, o intervalo entre as tentativas será de

aproximadamente cinco segundos.

Oferecer feedback da tarefa motora aos escolares quando

necessário sempre de forma pontual ao observar um desvio significativo do

programa motor, de forma idêntica a todos os alunos e alunas de ambos os

grupos.

A coleta de dados na fase de aquisição será realizada

preferencialmente ás segundas, quartas e sextas-feiras durante quatro

semanas. Cada escolar executará um total de 512 tentativas, sendo em cada

sessão efetuadas 64 repetições por escolar em dois blocos de 32 tentativas

divididas em 08 tentativas por vez e tipo de saque e serão anotadas nas fichas

de avaliação qualitativa do saque e ficha de pontuação de precisão, vide

anexos 01, 04 e 05.

Em cada bloco de aquisição (32 tentativas), os grupos executarão as

tarefas motoras da seguinte maneira:

Grupo em blocos (GB): oito saques por baixo ao alvo 1 (B1), oito

saques por cima ao alvo 1 (C1), oito por baixo ao alvo 2 (B2), e finalmente oito

saques por cima ao alvo 2 (C2). Exemplo B1, B1, B1, B1, B1, B1, B1, B1, C1,

C1, C1, C1, C1, C1, C1, C1, B2, B2, B2, B2, B2, B2, B2, B2, C2, C2, C2, C2,

C2, C2, C2, e C2.

Grupo aleatório (GA): apresentação dos saques aleatoriamente,

garantidos 16 saques de cada variação. Exemplo: B1, C1, C2, B2, C1, C2, B1,

B2, C1, C2, C1, B1, B2, C2, B1, C1, C2, B2, C1, B1, C2, B2, C1 e B1 e assim

sucessivamente.

Após a fase de aquisição, informar aos escolares seu escore, com o

intuito de motivá-los na execução das tarefas seguintes do estudo.

Pós-teste

Serão realizadas duas sessões com 32 execuções, 20 minutos após

a ultima sessão da fase de aquisição de cada variação do saque sendo 08

tentativas no alvo 01 e 08 tentativas no alvo 02 para cada grupo e tipo de

saque, e será anotada sua pontuação utilizando as fichas de avaliação

qualitativa do saque e ficha de pontuação e precisão, com o objetivo de utilizar

seu resultado como parâmetro para a fase de retenção.

Retenção

Será dividida em dois momentos: o primeiro será de execução do

pós-teste 20 minutos após a fase de aquisição divididas em duas sessões para

definir parâmetros a serem comparados nos testes da fase de retenção e o

segundo onde serão realizados novamente os testes em 02 sessões com 32

tentativas, sendo 08 tentativas no alvo 01 e 08 tentativas no alvo 02 utilizando o

saque por baixo e 08 tentativas no alvo 01 e 08 tentativas no alvo 2 utilizando o

saque por cima, serão anotadas sua pontuação utilizando as fichas de

avaliação qualitativa do saque e ficha de pontuação e precisão, dois dias após

a realização das fases anteriores.

Ao final das atividades propostas no delineamento acima, espera-se

poder determinar através da análise dos escores de qualidade e precisão qual

das práticas testadas melhor se aplica no ensino da tarefa motora, saque do

voleibol, em escolares de 5ª e 6ª séries na faixa etária de 10,5 a 13 anos.

As atividades de implementação ocorrerão entre os meses de agosto e outubro.

A análise e tabulação dos dados ocorrerão nos meses de novembro e dezembro.

Transferência

Será realizado após o teste de retenção o teste de transferência, onde

os escolares utilizarão os saques por baixo e por cima, partindo de 03 posições

intermediárias da quadra para inicio a execução dos saques e o alvo a ser

atingido é o de número 1, figura 03 proposto por MEIRA JR. (1999), utilizando o

mesmo procedimento na condução desta sessão de saques, após a coleta e

tabulação de dados serão feitas as considerações necessárias.

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