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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED · formação para obter um trabalho digno e, por outro lado adultos trabalhadores que já ... alfabetizadores ou aos professores

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

PROFESSORA ORIENTADORA: Drª. Djane Antonucci Correa

PROFESSORA PDE: Marilene Faber de Campos

NRE: Ponta Grossa

ÁREA/DISCIPLINA: Língua Portuguesa

TÍTULO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA: O Trabalho e o Lazer

PONTA GROSSA

2011

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APRESENTAÇÃO

Esta produção didática tem por finalidade aperfeiçoar a prática de leitura e

análise linguística, dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) Ensino

Básico Fase II do CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e

Adultos) Professor Paschoal Salles Rosa, proporcionando-lhes o contato com

diferentes gêneros textuais, o que é fundamental não só para formar o prazer pela

leitura, como para transformar os indivíduos em leitores competentes. Pois como

afirma Marcuschi (2009), os gêneros textuais contribuem para ordenar e estabilizar

as atividades comunicativas do dia-a-dia. “São entidades sócio-discursivas e formas

de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa”(MARCUSCHI,

2009, p.1). Entretanto, para a maior parte de nossos alunos, esse contato só é

possível na escola e, mesmo assim, raramente é prazeroso, quase sempre, os

momentos de leitura são seguidos de cobranças que impedem a livre fruição do

texto. Dessa forma, cabe ao professor direcionar leituras de acordo com o tema a

ser trabalhado, tornando-se assim uma fonte inesgotável de lazer e novos

conhecimentos.

Nesse sentido, precisa-se criar uma situação de ambiente agradável e

descontraído. Num primeiro momento, torna-se necessário deixar os alunos livres

para a escolha das leituras, comentários, incentivando-os na busca de novos

conhecimentos, por meio de suas experiências.

Desse modo, o tema proposto para a produção das atividades será

Trabalho e Lazer, visto que as grandes maiorias dos alunos desta modalidade de

ensino são, por um lado adolescentes de quinze anos ou mais que buscam uma

formação para obter um trabalho digno e, por outro lado adultos trabalhadores que já

possuem o seu próprio sustento, com certo grau de experiências e conhecimentos

relacionados a este tema, facilitando assim a realização das atividades propostas.

Essas atividades sugeridas visam a instalar uma dinâmica na sala de aula, as quais

propiciam interações, estimulam a participação, partindo sempre da realidade dos

alunos, buscando aproveitar seus conhecimentos prévios, a fim de problematizar

esses conhecimentos e apresentar sugestões. Conforme apresentam as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica:

compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas,

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pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem. (DCES, 2008, p. 56).

O presente material didático foi elaborado, basicamente, a partir da leitura

dos seguintes referenciais teóricos: Freire (1990), Kleiman (2000), Silva (1995),

Marcuschi, (2009) entre outros, tendo por base os três eixos sobre os quais se

estruturam a disciplina de Língua Portuguesa: leitura, escrita e oralidade. Enfatiza-se

neste trabalho o primeiro eixo.

Paulo Freire (1990, p. 11) ensina que “a leitura do mundo precede a leitura

da palavra”. Este mesmo autor adverte para a compreensão crítica do ato de ler, que

não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou de linguagem escrita,

mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.

O aluno que lê sem o exercício da crítica, sem imaginação, que lê, mas não

faz da leitura uma descoberta ou um ato de conhecimento, não terá meios de

interferir sobre o que historicamente está posto.

A prática da leitura deve ultrapassar os limites da sala de aula, isto é, do

conhecimento de todos os professores, mas na realidade tal prática torna-se quase

utópica, quer pelo alto custo dos livros, pela ineficácia dos livros didáticos, que não

refletem a realidade vivenciada pelos alunos, ou pela própria história cultural de

nosso povo.

A leitura é fundamental para a integração do indivíduo no seu contexto

sócio-econômico e cultural, pois o ato de ler abre perspectivas que permitem o seu

posicionamento crítico diante da realidade.

Induzindo-se o aluno a pensar no contexto, na intenção que está por trás do

texto, a leitura deixará de ser uma análise de simples palavras e passa a ser uma

conscientização sobre os usos da linguagem mediante a leitura. Ajudando-o a

pensar na intenção do autor, o texto será analisado buscando marcas linguísticas

dessa intencionalidade.

Desta forma, Kleiman (1996, p. 92) enfatiza que:

Perceber a estrutura do texto é chegar até o esqueleto... Processar o texto é perceber o exterior as diferenças individuais superficiais; perceber a intenção... é chegar ao íntimo, à personalidade através da intenção. É uma abstração que se fundamenta nas outra. (KLEIMAN, 1996, p. 92).

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A vivência com a leitura proporciona o desenvolvimento do pensamento

organizado, levando quem lê a uma postura consciente, reflexiva e crítica, frente à

realidade social em que vive e atua.

Para Silva (1995, p. 26):

[...] fruir o texto e crescer pessoalmente ou transformar-se politicamente são partes de um mesmo ato. Ao leitor... cabe não só compreender, mas também imaginar como a realidade poderia ser diferente; não só compreender, mas transformar e transformar-se; não só transformar, mas sentir o prazer de estar transformado. (Silva 1995, p. 26).

A leitura crítica é a condição para uma educação libertadora, e uma

verdadeira ação cultural a ser implementada nas escolas. O ato crítico de ler

aparece como atos da consciência do leitor, que são acionados quando este

encontra com a mensagem escrita, o que garante o caráter libertador da leitura Silva

(1995).

A leitura sempre foi para os professores uma atividade preocupante, pois se

percebe uma rejeição e uma falta de interesse muito grande por parte de alguns

alunos. A tão propalada falta de tempo para realizá-la convenientemente, associa-se

a um despreparo do educador na área leitura. Esta por sua vez está presente, ou

supõe-se que deva estar em todos os níveis de escolaridade e o livro, um dos

objetos de leitura, constitui-se em instrumento básico das funções pedagógicas

realizadas por todo professor, pois a leitura é fonte constante de conhecimento; daí

sua importância na vida das pessoas.

Contudo, seu ensino e habilidade em algumas situações são realizados ao

acaso, de modo superficial e pouco atraente. Portanto, cabe aos professores de

todas as áreas, o desafio de formar alunos “leitores críticos”, e não restringir essa

responsabilidade aos professores de 1ª série pré-escolar, conhecidos como

alfabetizadores ou aos professores de Língua Portuguesa.

PROCEDIMENTOS

A proposta de atividade será unidade didática composta por material

confeccionado pela própria professora composto por textos de vários gêneros

relacionados com o tema trabalho e lazer.

Pretende-se trabalhar com as atividades propostas durante oito encontros

divididos em quatro horas cada, durante quatro meses: agosto, setembro, outubro e

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novembro. Cumpre-se lembrar que as escolhas dos gêneros a serem trabalhados

serão de acordo com as necessidades dos alunos participantes.

Pretende-se com este trabalho também envolver uma professora em

formação e uma mestranda na área de Letras, tendo por objetivo a troca de

conhecimento entre os envolvidos.

Cabe enfatizar que as técnicas utilizadas serão: leitura silenciosa e coletiva,

interpretação individual, comentários sobre as respostas coletivas e produções

textuais. A avaliação será diagnóstica e contínua.

Após essas atividades será organizada uma coletânea com as respectivas

produções destes alunos.

ATIVIDADES

Nesta unidade didática, você vai realizar várias atividades a partir da leitura

de alguns gêneros que tratam do trabalho na vida do homem e o tempo livre.

Antes de iniciar a leitura de cada um dos textos, vamos conversar um pouco

sobre o tema de nosso estudo: o trabalho e o lazer. Para tanto, apresentamos

reflexões a partir dos seguintes questionamentos:

● “O trabalho e lazer se completam ou um é totalmente o inverso de outro?”

Comente sobre o enunciado.

● Todas as profissões são dignas de respeito. Você concorda com isso?

Comente.

● A maioria dos alunos da EJA busca esta modalidade de ensino

exclusivamente pela necessidade de qualificação exigida pelas empresas onde

trabalham. Você concorda com isso? Comente e compartilhe sua experiência com

os demais.

● Qual sua opinião sobre o tempo livre, lazer. É importante? Traz benefícios?

Auxilia para voltar ao trabalho mais animado? Enfim comente sua opinião.

Agora vamos ler o texto 1 e responder as questões abaixo.

TEXTO 1 : ÓCIO E NEGÓCIO

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“O Conceito romano que separa os pobres e escravos pela forma como

empregam o seu tempo ainda vigora”.

Desde as mais antigas civilizações existe divisão entre aqueles que

mandam – e, portanto pensam, concebem, inventam – e os que só obedecem e

executam.

Entre os romanos, o trabalho para sustentar a vida era identificado a palavra

negócio, literalmente, negação do ócio. O ócio significava, para os amigos, a forma

nobre e digna de ocupar o tempo livre com o lazer, a arte do governo e a reflexão.

Enquanto isso, as atividades relacionadas diretamente com a sobrevivência material

ficavam a cargo dos escravos, cujas funções eram consideradas desprezíveis.

À primeira vista até poderíamos admitir que fosse um desenvolvimento

“natural” da civilização, já que alguns teriam melhor capacidade para o pensar,

enquanto outros só desempenhariam bem os trabalhos manuais. O olhar mais

atento constata, no entanto, que a sociedade descobre mecanismos para manter a

divisão não conforme os talentos, mas sim de acordo com a classe a que cada um

pertence.

Um dos instrumentos de manutenção desse estado de coisas é a educação,

privilégio daqueles que são proprietários. Não por acaso, a palavra scholé, de onde

deriva “escola”, significa, inicialmente, o “lugar de ócio”. Aí as crianças das classes

mais abastadas se ocupam com jogos, ginástica, música e retórica, enquanto as

demais, pertencentes aos segmentos pobres, seguem seu “destino” social, sem que

se levem em conta as tendências individuais. Nesse caso, ou são excluídos da

escola, ou se encaminham para a aprendizagem de um ofício.

Assim se mantém a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual,

a escola funcionando como um “divisor de águas”.

KUPSTAS, Márcia. O direito ao lazer: ócio e negócio. São Paulo: Moderna, 1988. p. 26-27. Acesso em: 07 de jun. de 2011. Disponível em: <http://eja.sb2.construnet.com.br/cadernosdeeja/tempolivreetrabalho/tl.php?acao3_cod0=16eb7b102db5b8e2bf9294509b1d2596 >. Coleção Cadernos de EJA: Tempo livre e trabalho.

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OBJETIVOS

● Analisar a divisão social do trabalho, relacionando-a aos significados de

ócio e negócio nas sociedades antigas e atuais.

● Discutir o papel da escola na conquistado direito ao trabalho e ao lazer.

● Refletir sobre as relações entre trabalho e escola, considerando as

condições de vida da classe trabalhadora.

ATIVIDADES

1) Este texto aborda, historicamente, as relações sociais de trabalho e o papel da

educação “como um dos instrumentos de reprodução da divisão social e da

manutenção do “status quo”“. A temática ócio e negócio, lazer e trabalho é

relacionada a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual. Assim sendo,

com base na leitura do texto e também dos seus conhecimentos prévios, digam se

as afirmações abaixo são falsas ou verdadeiras, corrigindo aquelas que são falsas.

a) O papel da escola, da educação, na atualidade é retratado não mais como

espaço de reprodução das desigualdades sociais.

b) A escola hoje é considerada um lugar de conquista dos direitos da cidadania,

como o direito ao trabalho e ao lazer.

c) Atualmente nesta fase de capitalismo em que vivemos a crise estrutural do

emprego, exige de nós que tenhamos uma boa formação acadêmica para nos

estabilizarmos profissionalmente.

2) Agora, vamos juntamente fazer um levantamento sobre os tipos de trabalhos e

trabalhadores que na atualidade desenvolvem atividades que podem ser

classificadas como: trabalho manual ou trabalho intelectual: quem faz o quê? Em

seguida faremos um levantamento e discussão das diferenças entre os tipos de

trabalhos identificados. Por que há uma hierarquia de valores entre os diferentes

tipos de trabalhos realizados na sociedade? Sim? Não?

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3) O texto inicia com a seguinte afirmação: ”Desde as mais antigas civilizações

existe divisão entre aqueles que mandam – e, portanto pensam, concebem,

inventam – e os que só obedecem e executam”. Reflita e responda sobre o que você

pensa sobre esta afirmação.

4) Leia o texto e responda qual a diferença do significado das palavras ócio e

negócio para os povos romanos na antiguidade e no mundo atual?

5) A autora nos diz que na antiguidade a escola era o lugar do ócio (descanso) para

as crianças das classes abastadas (ricas). E hoje, na opinião de vocês a escola, a

educação ainda é privilégio de uma classe?

6) Produzam um texto sobre o papel da escola para a conquista do direito ao

trabalho e ao lazer na sociedade atual.

“Para os gregos o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se

às ideias e ao espírito...”

Na Grécia antiga dava-se mais valor ao ócio do que ao trabalho,

principalmente entre os atenienses, já que os espartanos eram guerreiros. O

cotidiano do povo grego acontecia fundamentalmente nos ginásios esportivos, nas

termas, no fórum ou outros lugares de reunião.

Interessante notar que a palavra ócio, em grego, é skole; de onde deriva a

palavra escola em português, que em latim é schola e em castelhano, escuela. Quer

dizer, os nomes dados aos lugares destinados à educação significavam ócio para os

gregos. Assim, eles consideravam o ócio como algo a ser alcançado e desfrutado.

Para o filósofo Aristóteles, o ócio era uma condição ou estado – o estado de

estar livre da necessidade de trabalhar. Ele fala também da vida ociosa em

contraposição à vida de ação, entendendo por ação as atividades dirigidas para

obtenção de fins materiais. Não considerava ócio a diversão ou o recreio, porque

TEXTO 2 : A HISTÓRIA DO LAZER

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eram atividades diretamente relacionadas com descanso; e a capacidade de viver

devidamente o ócio era a base do homem livre feliz.

Já o conceito de ócio dos romanos na Idade Média era que as pessoas

muito ocupadas buscavam-no não como um fim, mas como descanso e diversão no

intervalo se suas diversas atividades – exército, comércio, governo.

De acordo com estudiosos, a vida de ócio dos gregos só foi possível por

causa da escravidão, pois na época havia duas classes de homens: os dedicados à

arte, à contemplação ou à guerra; e os que eram obrigados a trabalhar, inclusive em

condições precárias: os escravos.

Para os gregos, o ócio não significava não fazer nada, mas sim dedicar-se

às ideias e ao espírito, na contemplação da verdade, do bem e da beleza, de forma

não utilitária.

GUERRA FILHO, Raulito Ramos. Adaptado por página viva da Revista Partes. O conceito do tempo livre: A história do lazer. Acesso em 10 de jun. de 2011. Disponível em:< http://eja.sb2.construnet.com.br/cadernosdeeja/tempolivreetrabalho/ Coleção Cadernos de EJA.

CONCEITO DE LAZER

Vários autores e o cidadão comum utilizam diferentes termos para se referir

ao tempo livre:

- Ócio (do latim otiu) = vagar, descanso, repouso, preguiça;

- Ociosidade (do latim) = o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça;

- Descanso = repouso, sossego, folga, vagar, pausa, apoio, demora;

- Lazer = (do latim licere) = ócio, vagar.

Fazendo convergir às diversas expressões, podemos considerar a ausência

de qualquer atividade concreta, ou seja, certa liberdade de não fazer coisa alguma.

Surge de forma clara uma tentativa de definir certo tempo (fora das ocupações

diárias) em contraponto com o outro tempo (o das ocupações diárias). Assim, o

conceito “tempo livre” parece aquele que melhor corresponde à necessidade de

“batizar” a parte do dia em que não estamos ocupados com atividades definidas.

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O conceito mais aceito a respeito do lazer é o do sociólogo francês Joffre

Dumazedier: “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de

livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou,

ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua

participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou

desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais”.

Como o próprio texto diz, o ócio pode ser entendido de várias maneiras e

interpretações diferentes. No entanto, a maioria das pessoas entendem que esse é

um tempo que o ser humano dedica-se a si mesmo. Neste mundo em que somos

dominados pela valorização do trabalho, o ócio parece, à primeira vista, sinal de

vagabundagem. Muitas vezes nos sentimos envergonhados quando dizemos que

não fizemos nada, como se fôssemos obrigados a sempre estarmos fazendo algo

produtivo para o outro ou para o mundo. Quando dizemos que não fizemos nada,

esse nada não significa ausência de atividade, mas que essa atividade à qual nos

dedicamos num determinado momento é nosso momento de prazer. O que para

uma pessoa pode ser lazer, para outra pode ser uma atividade muito monótona e

cansativa (passear na natureza). Historicamente o trabalho está ligado ao esforço,

ao sacrifício, e o prazer, ao ócio. Na cultura ocidental o artista muitas vezes é taxado

como um ser ocioso, porque seu trabalho causa-lhe prazer e para criar passa um

tempo considerável em situação de ócio. A fábula da cigarra e da formiga é um bom

exemplo dessa visão.

OBJETIVO

● Fazer com que os alunos sejam capazes de reconhecer as partes

componentes do “convite” e perceber os níveis de linguagem utilizados na redação

desse gênero.

Vamos trabalhar sobre o gênero convite, porque é ele que na maioria das

vezes nos proporciona encontrose momentos de lazer e alegria na comemoração de

diversos eventos. Também se espera a ampliação da capacidade de observação e

escrita, em vários registros linguísticos, do gênero “convite”.

ATIVIDADES

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1) Atividades de leitura: Discutir o texto com os alunos e pedir comentários sobre o

conceito de lazer criado por Jofre Dunmazedier.

a) Perguntar qual seria, na opinião de cada um deles, a melhor forma de lazer.

b) Lembrar que “festas” (quando não se trabalha nelas) são formas de lazer.

Quando se trabalha também pode ser, não!? Comente sua opinião.

2) Atividades de produção de textos

a) Mostrar aos alunos vários tipos de convites (de aniversário de criança, de

aniversário de adulto, de casamento, de inauguração de um espaço, de uma

apresentação artística, etc.). Pedir para os alunos que comentem os tipos de

convites que conhecem e já receberam.

b) Analisar, com os alunos, as partes componentes de um convite: nome da

pessoa que está sendoconvidada, data e local do acontecimento, tipo de

comemoração (aniversário, batizado, casamento, etc.), nome da pessoa ou

entidade que envia o convite. Analisar os dizeres do convite: são tradicionais?

São inovadores?

3) Falar, então, sobre o uso de cartões: se exigem envelopes; se podem conter

alguma espécie de erro relativamente à norma culta (festas juninas, por exemplo), se

tem uma forma padrão de ordenar o texto no espaço do cartão, etc. Discutir o

porquê dos diferentes tamanhos.

4) Criar, com os alunos, situações para que escrevam convites: comemorações da

escola, da comunidade, dos próprios alunos, para chamar os colegas de outras

salas para verem a exposição de convites de sua sala, para assistirem a uma

apresentação de teatro ou de poemas, etc.

5) Expor, em um mural, os convites criados pelos alunos.

TEXTO 3 : A CIGARRA E A FORMIGA

(La Fontaine)

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A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o

inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a

uma amiga: sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão, qualquer

bocado, até o bom tempo voltar. “Antes de agosto chegar, pode estar certa a

senhora: pago com juros, sem mora.” Obsequiosa, certamente, a formiga não seria.

“Que fizeste até outro dia?”, perguntou à imprevidente. “Eu cantava, sim, senhora,

noite e dia, sem tristeza.” “Tu cantavas? Que beleza! Muito bem; pois dança agora...”

LA FONTAINE. A cigarra e a formiga. Acesso em: 02 de jul. de 2011. Disponível

em: <http://www.saudeanimal.com.br/fabula12.htm >.

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro.

Só parava quando cansadinha: e seu divertimento era observar as formigas na

eterna faina de abastecer as tulhas.

Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos,

arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes

apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá

se dirigiu para o formigueiro. Bateu- tique, tique, tique...

Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.

- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a

tossir.

- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...

A formiga olhou-a de alto a baixo.

- E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa?

A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.

TEXTO 4 : A CIGARRA E A FORMIGA (A

FORMIGA BOA) (Monteiro Lobato)

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- Eu cantava, bem sabe...

- Ah!...Exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava

nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?

- Isso mesmo, era eu...

Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua

cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos

sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui

terá cama e mesa durante todo o mau tempo.

A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser alegre cantora dos dias de

sol.

Texto extraído da Coleção Cadernos da EJA. Emprego e trabalho, UNITRABALHO,

MEC,Brasil,2005,p.37.

OBJETIVO

● Possibilitar aos educandos a perceberem as relações entre os

personagens dos textos com os tipos humanos que eles representam.

ATIVIDADES

De acordo com o caderno de atividades da coleção cadernos de EJA

(Emprego e Trabalho, p.47). A fábula é um texto que possui um “sentido” oculto, a

chamada “moral da história”, pela qual se procura transmitir determinados valores e

conceitos. Revelar esse sentido é fundamental para a compreensão da fábula. Os

textos em questão trazem versões diferentes da mesma fábula, dando a ela sentidos

diversos e até opostos. Para entender o que está oculto no texto, é preciso

relacionar os personagens com os tipos humanos que eles representam. Por

exemplo, a formiga pode representar o trabalho manual, o esforço físico, e a cigarra

pode representar o trabalho cultural.

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1) De acordo com as leituras dos textos identifique os temas que cada um apresenta

e qual a moral da história. Explorem o texto e verifiquem os elementos que o

compõem: título, ilustração, corpo etc.

2) Em grupos vocês deverão ler, reler e identificar: os animais personagens

principais; outros animais envolvidos; elementos da natureza citados; atividades

desenvolvidas pela formiga e pela cigarra; desfecho da história; mensagem principal;

outras leituras do grupo; o valor atribuído ao trabalho pelo autor da fábula; como as

relações trabalho-natureza são aí tratadas.

3) Os textos nos apresentam versões da tradicional fábula que alimentou a

educação de várias gerações, especialmente das mulheres, pois trata-se de uma

história feminina e o valor moral do trabalho, à condenação do ócio, às relações com

a natureza. Como o trabalho é visto em cada uma das abordagens da fábula? Os

valores contidos nelas ainda perduram em nossa sociedade? Como esses valores

morais se relacionam com o mundo do trabalho?

4) Agora cada grupo irá produzir um texto no qual vocês serão os narradores e seus

personagens serão: a formiga má, da fábula de La Fontaine, e a formiga boa, da

história de Monteiro Lobato.

Ele saiu com sua melhor roupa, de mãos dadas com o filho maior, e o menor

no colo. Deu um beijo na mulher, ela sorriu, enxugou as mãos na barra da saia e foi

olhar da porta a saída alegre da família. Era domingo de céu azul. Todos os

domingos ele fazia o mesmo trajeto com os filhos. (...)

Para ler o texto em sua íntegra consulte a Revista Caros Amigos, n. 48, março de

2001.

TEXTO 5 : PARQUE DE DIVERSÕES

(ANA MIRANDA)

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OBJETIVO

● Discutir e conhecer as possibilidades de lazer dos trabalhadores e suas

famílias.

Também podemos refletir sobre as diferentes formas de utilizar o tempo

livre. O texto nos leva a refletir sobre o que temos feito de nosso tempo livre.

Atualmente o assunto que envolve lazer, tempo livre é de suma importância para a

nossa qualidade de vida. A grande competitividade no mundo do trabalho faz com

que as pessoas se envolvam na busca de qualificação e melhoria, deixando de lado

as atividades de lazer por falta de tempo.

ATIVIDADES

1) Requisitar a leitura do texto em voz alta coletivamente;

2) Em grupos e auxiliados pelo texto, pedir a eles que respondam às seguintes

questões:

a) Você acha que o pai das crianças é um trabalhador?

b) Onde você imagina que é o local de habitação desta família? Justifique.

c) Por que você acha que o pai está levando as crianças neste dia e para este

passeio?

d) Que local é este onde estão as escadas rolantes, visitado pela família, em

sua interpretação?

e) O que você acha do tipo de lazer desfrutado pela família e sugerido pelo

texto?

3) Em seguida, apresentar os resultados em plenário e conversar com o grupo sobre

eles.

4) Pedir para os alunos comentarem sobre as atividades que eles fazem nos

momentos de folga.

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5) Perguntar aos alunos se eles acreditam que os setores menos favorecidos têm

sido beneficiados ultimamente quanto às possibilidades de, também, usufruírem do

ócio e do lazer.

6) Em grupos, novamente, pedir a eles que elaborem um texto que expresse uma

situação vivida por uma família, durante uma semana, que articule o trabalho com o

lazer.

7) Expor esse material no mural da sala e pedir à turma para dar um título a ele.

Atividades adaptadas do caderno do professor/ tempo livre e trabalho, p. 39.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil – gostosuras e bobices. 4ed. São Paulo: Scipione, 1994.

Coleção Cadernos de EJA, Tempo Livre e trabalho, UNITRABALHO,MEC, P. 9,

24,25.

DUMAZIDIER, Joffre. Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo, Perspectiva, 1997. Disponível em: < http://www.partes.com.br/ed48/turismo2.asp>. Acesso em 10 de agosto de 2011. FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 24 ed. São Paulo: Cortez, 1990.

KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas, SP: Pontes, 2000.

KUPSTAS, Márcia. O direito ao lazer: ócio e negócio. São Paulo: Moderna, 1988. p. 26-27. Acesso em: 07 de jun. de 2011. Disponível em: <http://eja.sb2.construnet.com.br/cadernosdeeja/tempolivreetrabalho/tl.php?acao3_cod0=16eb7b102db5b8e2bf9294509b1d2596 >. Coleção Cadernos de EJA: Tempo livre e trabalho.

LA FONTAINE. A cigarra e a formiga. Acesso em: 02 de jul. de 2011. Disponível

em: <http://www.saudeanimal.com.br/fabula12.htm >.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa.

Curitiba; Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Departamento de Educação

Básica. Curitiba: JAM3 da comunicação, 2008.

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SILVA, E. A produção da leitura na escola: pesquisas x propostas. São Paulo: Ática, 1995.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa.

Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Departamento de Educação Básica.

Curitiba: JAM3 da comunicação, 2008.

Coleção Cadernos de EJA. Tempo livre e trabalho. UNITRABALHO, MEC, p. 9,

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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definições e funcionalidade. 2009.

Disponível em:

<http://www.proed.unit.br/generos_textuais_definicoes_funcionalidades.rtf>. Acesso

em 06 de agosto de 2011.