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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO · (Meu reino encantado – Valdemar Reis e Vicente F. Machado) 1 – A letra da música está se referindo a quê? ... expressão “caipira”,

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

MARLENE MORADORE GUEDES

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS NO MUNICÍPIO DE

SÃO JOÃO DO IVAÍ - PR

SÃO JOÃO DO IVAÍ 2011

Foto: Arquivo próprio

MARLENE MORADORE GUEDES

Produção Didática Pedagógica – Caderno Pedagógico, apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação, requisito parcial para o cumprimento das atividades propostas, sob a orientação da professora Doutora Margarida de Cássia Campos do Departamento de Geociências, da Universidade Estadual de Londrina.

São João do Ivaí 2011

SUMÁRIO 1 Apresentação.............................................................................................. 3 2 Encaminhamento Metodológico – Unidade 1 – Apresentação do Projeto 4 3 Reflexão geográfica................................................................................... 5 4 Para saber mais.......................................................................................... 8 5 Unidade 2 – O trabalho e a transformação da natureza e do espaço

geográfico................................................................................................. 9

6 Unidade 3 – Por que ainda temos fome?................................................... 12 7 Visitando a biblioteca................................................................................ 13 8 Unidade 4 – Estudo dos textos................................................................. 14 A modernização do espaço agrário........................................................... 14 Reflexão geográfica.................................................................................. 15 Visita ao laboratório de informática............................................................ 16 9 Unidade 5 – A dependência do capital na agricultura................................ 22 10 Unidade 6 – A importância das pequenas propriedades rurais.................. 27 11 Unidade 7 – Modernização da agricultura no norte do Paraná:

transformações socioespaciais.................................................................. 31

Sinopse e comentário do filme................................................................... 34 12 Unidade 8 - Modernização da agricultura e transformações

socioespaciais no Município de São João do Ivaí – Pr.............................. 36

13 Unidade 9 - A modernização da agricultura muda a paisagem do Município....................................................................................................

41

14 Unidade 10 – Modernização dolorosa........................................................ 50

15 Unidade 11 – Visita a um espaço rural modernizado................................. 54

16 Unidade 12 – Organizar um workshop....................................................... 55

Avaliação dos alunos.................................................................................. 56

Orientação/ Recomendações ao professor................................................ 56

Proposta de avaliação do material didático............................................... 56 17 Referência bibliográfica.............................................................................. 57

3

APRESENTAÇÃO

O Caderno Pedagógico é um material elaborado a partir de estudos e

orientações ofertados pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que

norteará o desenvolvimento do Projeto: Modernização da Agricultura e

Transformações Socioespaciais no Município de São João do Ivaí – PR, que será

aplicado com os alunos do 2º ano do Ensino Médio.

É papel fundamental da Geografia, levar o educando a ter uma visão

crítica da produção do espaço, neste contexto o desenvolvimento do projeto tem

como objetivo aprofundar o conhecimento dos educandos sobre a modernização

agrícola ocorrida no município de São João do Ivaí, avaliando as transformações

socioespaciais e as mudanças que foram significativas no decorrer do processo da

modernização. Diante disso, é importante que o aluno conheça os motivos que

levaram à produção atual do espaço geográfico.

O tema proposto foi escolhido, observando a realidade dos alunos,

visto que a maioria é oriunda da zona rural, ou está ligada a ela, sendo filhos de

proprietários ou de trabalhadores temporários e o espaço agrícola faz parte do seu

cotidiano. Neste contexto é que o Projeto vai analisar como as transformações

socioespaciais modificaram o espaço geográfico no município de São João do Ivaí.

O trabalho está dividido em unidades, cada qual organizada com

atividades para que o conteúdo seja mais bem contextualizado.

A intenção é que este saber possa proporcionar mudanças positivas na

conduta dos alunos, e que este possa repensar sobre as mudanças ocorridas na

produção do espaço, sobre as ações que a produzem, reconstroem e lhe conferem

novos usos, e assim atuar no lugar em que vivem de forma consciente e

participativa.

Foto: Arquivo próprio

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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Unidade 1

Apresentar o projeto à turma, para que conheçam a proposta do trabalho

que será desenvolvido no decorrer da implementação.

Dialogar com os alunos, com o objetivo de investigar os conhecimentos

que os educandos possuem sobre a Modernização da Agricultura e as

transformações socioespaciais ocorridas no município de São João do Ivaí

– PR.

Questionar com os alunos o que eles mais gostam da vida no campo.

Ouvir a música: Reino Encantado, para refletir.

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Reflexão geográfica

Observe a letra da música e responda às questões a seguir:

Meu reino Encantado

Eu nasci num recanto feliz Bem distante da povoação

Foi ali que eu vivi muitos anos Com papai mamãe e os irmãos

Nossa casa era uma casa grande Na encosta de um espigão

Um cercado pra guardar bezerro E ao lado um grande mangueirão

No quintal tinha um forno de Lenha ...

(Meu reino encantado – Valdemar Reis e Vicente F. Machado)

1 – A letra da música está se referindo a quê? 2 – Que valor sentimental tem a letra da música? 3 – Esta música traz para você alguma recordação? 4- Você gosta do lugar onde mora? Por quê?

Foto: Arquivo próprio

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A música retrata uma vida simples no campo onde exalta a natureza,

dando exemplos de situações vividas que desperta saudades, principalmente na

geração de nossos pais e avós. Foi um tempo em que o trabalhador rural, era visto

como uma pessoa muito simples e atrasada. A educação no Brasil privilegiou por

muito tempo as classes dominantes, o lavrador sob o olhar dos governantes não

tinha necessidade de aprender a ler e a escrever, pensar e refletir, pois o trabalho

era braçal e o conhecimento era passado de pai para filho. Segundo escreve

Cardoso;

Foto: Jeca Tatu. Folha de S. Paulo.

A modernidade não privilegiou os modos de vida no campo. A questão do trabalho rural teve ampla desvalorização social e econômica, a figura do homem rural adquiriu um significado pejorativo com a expressão “caipira”, “da roça” como atestado de incapacidade de compreender os avanços tecnológicos, de ser carente de cultura, de atraso em relação a rapidez do desenvolvimento urbano e, em especial, da cultura urbana que seria doravante o padrão a ser adotado para ser considerado “moderno”. O perfil do homem do campo, ridicularizado por Jeca Tatu de Monteiro Lobato na literatura, tornando concreto por Mazzaropi no cinema e nos quadrinhos de Chico Bento de Maurício de Souza (CARVALHO, 2007, p.07), por mais que sejam obras bem intencionadas, não deixam de sustentar uma figura que não serve de modelo de inteligência, beleza e sofisticação. CARDOSO, 2009, p.02 e 03)

7

Depois de ler o texto responda:

1 – Segundo o texto como era visto o homem do campo?

2 – Nos dias de hoje, o que mudou na vida das pessoas que moram no campo?

3 – Compare as duas figuras abaixo, e comente sobre as duas versões.

Imagem: Vida na roça! Imagem: Cantora Country.

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PARA SABER MAIS!!!

O homem sendo um ser cultural, o processo educacional ocorre mesmo fora

das escolas, pois aprende com a vivência diária e com as experiências passadas.

Hoje em dia os costumes do

cotidiano rural estão muito parecidos

com o urbano, pois foi na cidade que

teve o início do processo da

modernização, sendo em função

disso considerada por muito tempo

sinônimo de moderna em oposição

ao rural, atrasado e arcaico. No

entanto esse processo se expande

para o rural a partir do uso da

tecnologia que além de contribuir

para a mecanização e modernização do campo, também mudou os hábitos das

famílias camponesas, com modo de vida, valores e comportamentos próprios que

vem lentamente sendo transformados através dos meios de comunicações

modernos como: o telefone, a televisão e a internet, inserindo-os num mundo

globalizado modificando a cultura. Os meios de transportes modernos facilitaram a

locomoção das pessoas e das mercadorias atendendo as necessidades geradas

pela interdependência campo e cidade. Pois com o uso da tecnologia a agricultura

ficou subordinada a indústria principalmente de máquinas e insumos, além do

comércio e bancos. Essa interdependência cresce a cada dia, estreitando os laços

entre o campo e cidade, de modo que se distância a possibilidade de voltarem a

serem coisas distintas.

Foto: Arquivo próprio 1 Foto: Arquivo próprio

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Unidade 2

O homem desde o começo de sua existência tem procurado meios de

facilitar o trabalho de cultivar o campo, tendo em vista que é da terra que sai o seu

sustento, o ser humano aperfeiçoou as formas de trabalho. Teve a capacidade de

aprender com seus erros, procurando meios mais eficientes de realizá-lo e assim

aprendendo novos conhecimentos.

Foto: Arando Foto: Arquivo próprio

Foto: Vintage Tracto Foto: Arquivo próprio

Observe as figuras e responda

Origem da Agricultura

O ser humano ao utilizar novas técnicas buscou formas diferenciadas de se relacionar com o meio em que vive. Ao analisar a sequência das figuras acima, que mudanças você verifica no relacionamento do ser humano com a natureza? O que isso trouxe de positivo e negativo para o homem e para o meio ambiente?

10

A palavra agricultura, de origem latina, significa “cultivo do campo”. A

atividade agrícola foi uma das mais importantes descobertas da humanidade. Há

cerca de doze mil anos, durante a pré-história, no período neolítico ou período da

pedra polida, alguns indivíduos de povos caçadores-coletores notaram que alguns

grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser

enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os

originaram. Essa descoberta ocasionou profundas modificações na sociedade

humana. O homem deixou de ser nômade e passou a ter residência fixa. O trabalho

passa a ser dividido entre homens e mulheres, os homens cuidam da segurança,

caça e pesca, enquanto as mulheres eram quem semeavam, colhiam e preparavam

os alimentos.

O cultivo da terra provoca o sedentarismo (moradia fixa em aldeias) e o

desenvolvimento da vida em sociedade, assim como o avanço cultural e o aumento

da população.

A agricultura foi evoluindo lentamente por todo o mundo. Os grupos humanos

foram aperfeiçoando gradativamente os métodos de exploração da natureza e de

intervenção no meio ambiente, provocando alterações ecológicas, como a poluição

das águas superficiais com resíduos de fertilizantes e pesticidas, a alteração

genética de plantas e animais, a destruição de habitats, desmatamento,

assoreamento, erosão do solo, poluição por contaminação dos agrotóxicos etc.

Observe estes exemplos

A erosão acarreta a perda de milhares de toneladas de solos agricultáveis, é um dos mais graves problemas ambientais e o que abrange as maiores extensões terrestres.

Foto: Arquivo próprio

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Responda:

1- Qual é a função da agricultura para a sociedade humana? Esta função sempre

foi a mesma?

2 – Observe a produção agrícola do município de São João do Ivaí. Todos os

produtos agrícolas produzidos são utilizados para a alimentação?

3 – Em sua opinião por que se usa na agricultura uma quantidade considerável de

agrotóxico?

4 – Por que acontece a erosão do solo?

Os agrotóxicos podem permanecer nos alimentos mesmo que eles sejam lavados, cozidos ou descascados. E se afetar a saúde de uma pessoa pode causar danos até a quarta geração.

Foto: Arquivo Próprio

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Unidade 3

Foto: Hands of the poor

O homem conseguiu chegar a Lua, mas não conseguiu acabar com a

fome do mundo. Pesquisas revelam que os países pobres entre eles o Brasil, são os

que apresentam índices mais elevados de fome e desnutrição.

A preocupação com a fome no mundo já vem de muito tempo atrás, com

o economista e pastor da Igreja Anglicana Thomas Robert Malthus, que em sua obra

– Ensaio sobre o princípio da população, 1798 – concluiu que a produção de

alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população tenderia a

aumentar em progressão geométrica, gerando fome e miséria das grandes massas.

(Malthus, apud, Osvaldo Piffer, p. 53). Atualmente, o problema da pobreza e da fome

não está necessariamente vinculado aos índices de crescimento natural das

populações, está relacionado mais com o modelo agrícola existentes em cada país,

principalmente as dos países pobres.

A partir da década de 1950, os Estados Unidos e a ONU incentivaram a

implantação de mudanças nas técnicas agrícolas em vários países

subdesenvolvidos com o objetivo de resolver o problema da fome no mundo. Esse

conjunto de mudanças ficou conhecido como Revolução Verde.

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VISITANDO A BIBLIOTECA

Em equipe vamos pesquisar e responder:

1 - O que foi chamado de Revolução verde?

2 - Escreva os pontos positivos e negativos dessa revolução.

3 – Qual a principal causa da fome no Brasil?

4 – Observe as duas imagens e comente sobre as diferenças apresentadas.

Plantio de milho na tecnologia Plantio de milho de maneira simples

Foto: Arquivo próprio Foto: Arquivo próprio

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Unidade 4

ESTUDO DOS TEXTOS

De acordo com o Projeto de Implementação Modernização da Agricultura

e Transformações Socioespaciais no município de São João do Ivaí – Pr , faz-se

necessário que o aluno conheça as transformações ocorridas na agricultura e

relações de trabalho nela empregada. Por isso é de suma importância o estudo dos

textos a seguir:

A agricultura passou por mudanças significativas, uma agricultura arcaica

conhecida como “complexo rural”, para o processo de modernização, que aliados a

profundas mudanças resultaram na constituição dos “complexos agroindustriais”.

(GRAZIANO DA SILVA, 1998, p. 5).

Para Sorj (1982, p. 29) “complexo agroindustrial é o conjunto formado

pelos setores produtores de insumos e maquinários agrícolas, de transformação

industrial dos produtos agropecuários e de distribuição, e de comercialização e

financiamento nas diversas fases do circuito agroindustrial”.

A agricultura ganha um novo impulso a partir de 1850 com a crise do

complexo rural, que se deu pela proibição do tráfico negreiro e a implantação da Lei

de Terras no Brasil e posteriormente com a substituição de importações, estes fatos

acentuaram-se com a crise de 1929. Tal crise contribuiu para mudanças na dinâmica

da economia nacional, que passa a valorizar a agricultura destinada ao mercado

interno, criada pela urbanização.

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Responda Agora!!!

Segundo Graziano da Silva (1998, p. 7 e 8) até a crise de 1929, o café era

o principal produto de exportação do Brasil, após esse fato, há uma regressão

bastante considerável nas exportações. Mas foi com a cafeicultura que se deu a

transição do trabalhado escravo para o trabalho livre, assalariado, esse por sua vez

modificou a relação de trabalho. Surgiram novos regimes de trabalho as relações de

parcerias e o colonato se deu a partir da incorporação das famílias de imigrantes.

Reflexão Geográfica

Quase todo o trabalho das fazendas, como cuidar das lavouras de

Outro fato importante foi a demanda urbana que o complexo cafeeiro

engendrou. O autor baseado em Cano (1977) ainda pontua que, através da

cafeicultura deu-se a expansão das atividades agrícolas, as estradas de ferro, as

fábricas têxteis, investimentos em novas máquinas e equipamentos de

beneficiamento. Estas atividades oriundas da cafeicultura foram financiadas em

grande medida, pelos excedentes acumulados dos próprios fazendeiros de café. De

acordo com as necessidades geradas pela cafeicultura o Brasil passa a ter uma

economia mais aberta e um mercado interno que se estrutura nas indústrias.

A partir de 1930 a produção agrícola começa a passar lentamente por

algumas transformações importantes, dentre elas a diversificação de produtos e a

valorização do mercado interno. Quanto à forma de produzir, ainda não apresentava

grandes mudanças. A utilização dos implementos agrícolas acontecia em número

reduzido, entre os anos de 1940 e 1950, o número de tratores utilizados cresceu de

3.380 unidades para 8.372 unidades, nesse período não havia produção nacional de

tratores. A partir da década de 1960 houve um salto, passando para 61.345 tratores

utilizados, neste período já se fabricava tratores no Brasil e isso facilitava a compra

dos mesmos. (GRAZIANO DA SILVA, 1998, p.19).

Quais foram as necessidades geradas pela urbanização que valorizou a agricultura destinada ao mercado interno?

Qual a diferença do trabalho escravo para o trabalho assalariado. E quais as principais contribuições dessa mudança para o desenvolvimento do Brasil?

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Visita ao laboratório de informática

A modernização da agricultura foi implantada de forma decisiva a partir do

pós-guerra, tanto nas relações capitalistas, como na base técnica de produção,

passando a utilizar insumos oriundos da indústria. Começa a fazer uso de tratores e

fertilizantes com o intuito de aumentar a produtividade, o Brasil não possuía esses

recursos, portanto os mesmos eram importados. Era preocupação governamental

implantar no país indústrias de fertilizantes e maquinários, mas a principio, só foi

possível investir na indústria de fertilizantes, diminuindo assim as importações.

O rápido crescimento da utilização de máquinas e insumos agrícolas

atraiu e facilitou a entrada das multinacionais no setor agroindustrial e devido à falta

de pesquisas, a agroindústria ficou subordinada a uma tecnologia gerada em outros

países, portanto nem sempre compatíveis às necessidades brasileiras, como

econômicas e climáticas.

As indústrias que fabricam tratores são quase que totalmente controladas

pelo capital estrangeiro. Enquanto que as empresas nacionais investiram nas

máquinas e implementos agrícolas que se desenvolveram em torno da produção de

trigo e soja, sendo a maioria delas situadas no Sul do país.

Pesquise

Os pequenos produtores que não conseguiram acompanhar a

modernização do campo que se resume na utilização de insumos, máquinas e

equipamentos, não aumentaram a produtividade, consequentemente o lucro passa a

Faça uma pesquisa no site do IBGECIDADE e descubra quantos tratores existem no nosso município (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default2.php)

Você utiliza ou conhece alguém que utiliza produtos na agricultura que são fabricados pelas multinacionais? Quais são esses produtos e para que servem?

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ser menor ou quase nulo, isso aumenta a chance de perderem suas terras para os

grandes e médios proprietários.

Proprietários de pequeno porte ficaram desestimulados e muitas vezes

apresentaram dificuldades em saldar as dívidas contraídas pela aquisição do crédito

rural. Várias razões levam ao não pagamento, como problemas climáticos, secas ou

chuvas na hora da colheita, o uso de maquinários não adequados que diminui a

produtividade, falta de assistência técnica, a ausência de uma política voltada para

os pequenos proprietários, entre outros fatores fez com que muitos pequenos

agricultores perdessem suas terras, aumentando ainda mais o contingente de

pessoas morando nas cidades (SORJ, 1980, GRAZIANO DA SILVA, 1982, 1998,

MARTINE, 1991).

É relevante destacar que com a modernização da agricultura houve a

substituição do trabalhador permanente pelo temporário que passa a morar nas

cidades. Com as relações capitalistas de produção são eliminadas as velhas formas

de remuneração das grandes plantações de café, açúcar e cacau. Surge a mão de

obra assalariada temporária, um novo proletariado rural. Vários fatores levaram a

substituição do trabalhador permanente pelo temporário, um destes fatores foi a

criação da legislação social no campo em 1963 que a partir dessa lei os proprietários

passaram a ter obrigações trabalhistas, isso fez com que muitos proprietários

expulsassem seus empregados.

O trabalhador temporário passou a ser mais viável para o empregador

rural, pois só utilizam sua força de trabalho em períodos específicos, não precisando

manter o ano todo. Lembrando que os trabalhadores temporários não são apenas

aqueles menos favorecidos dos meios de produção, mas também inclui muitos

arrendatários, posseiros e pequenos proprietários que perderam suas terras. Esses

foram morar nas vilas e cidades, mas trabalham no campo, são popularmente

conhecidos como bóias-frias. A modernização aumenta as exigências de uma mão

de obra mais qualificada, portanto os trabalhadores permanentes apresentam mais

qualificação, como por exemplo, os tratoristas, mecânicos e operador de máquinas

(SORJ, 1982, p.125 a 127).

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Pense, Reflita e Pesquise:

Com a modernização da agricultura, houve um aumento considerável no

consumo de fertilizantes, herbicidas, sementes selecionadas fornecidas pelas

multinacionais e com isso a produção torna-se cada vez mais dependente da

indústria, cada vez mais complexa, mais intensiva, surge um novo padrão agrícola,

voltado para o aumento da produtividade, embora esse novo padrão não atingisse a

todos os agricultores em um mesmo momento, pois a agricultura tradicional ainda

vem sendo lentamente substituída até os dias atuais, principalmente nas regiões

Norte e Nordeste.

Conforme escreve Muller (apud GRAZIANO DA SILVA, 1998 p. 24) a

década de 1960 foi um marco de um novo padrão agrícola pela constituição do

complexo agroindustrial (CAI) brasileiro, surge como produto de modernização, a

partir daí, a expansão do CAI passa a ser o principal vetor da modernização da

agricultura. A sua implantação do complexo agroindustrial só se concretizou a partir

do momento que desenvolvem as indústrias voltadas para fabricação de máquinas

agrícolas e insumos. Conforme afirma:

A estrutura e a evolução do CAI na década de 70 refletem de forma clara a nova dinâmica agrícola do período recente: uma dinâmica que não pode mais ser apreendida só a partir dos mecanismos internos da própria atividade agrícola (como a propriedade da terra, a base técnica da produção, a fronteira), nem a partir da segmentação do mercado interno versus externo. Trata-se de uma dinâmica conjunta da indústria para a agricultura agricultura-indústria (GRAZIANO DA SILVA, 1998, p.25-26).

A implantação do complexo agroindustrial (CAI) só se expande a partir da

implantação do D1 (departamento produtor de bens de capital), que passam a ser

determinantes neste novo padrão de agricultura. Surgem novas preocupações,

como as questões dos mercados (internos e externos), preços, tecnologias

empregadas, políticas agrícolas, entre outras. Neste momento a agricultura não está

Você tem casos na família ou conhece alguém que era trabalhador permanente em alguma propriedade rural e atualmente é trabalhador temporário? Se não conhece, pesquise, e procure saber o motivo dessa mudança.

19

apenas subordinada ao mercado externo, mas também ao interno, pois fornece

matéria-prima para as indústrias (GRAZIANO DA SILVA, 1998, p. 31 e 32).

Responda

1- De que maneira as atividades agrícolas do nosso município estão relacionadas

com a atividade industrial e como isso pode ser observado na paisagem?

2 – Qual foi a importância da cafeicultura para a economia brasileira?

3 – Comente as principais mudanças ocorridas na relação entre a cidade e o campo

com o início da modernização agrícola?

4 – Por que a maioria das empresas nacionais que investiram nas máquinas e

implementos agrícolas estão situadas no Sul do país?

5 – Quais os pontos positivos e negativos que podemos encontrar em relação a

entrada maciça das multinacionais no setor de máquinas e insumos agrícolas?

6 – Qual a importância da indústria para o campo após o processo de

modernização?

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7 - Observe o gráfico e responda as questões a seguir.

Gráfico: Número de Tratores por Região

BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa.1996. p. 392

A) Qual região brasileira apresenta maior e menor número de tratores? O que

justifica isso?

B) Qual é a classificação da região em que se encontra o nosso município?

21

8 – Com da modernização da agricultura o Brasil alcançou um avanço excepcional

no agronegócio, contudo, agravou alguns problemas sociais. Observe a charge

abaixo e descreva alguns desses problemas.

Imagem: CEFET - SP

9 – A tecnologia trouxe novos problemas ao

ser humano, através da charge, aponte o

problema e justifique.

Imagem: Tecnologia/ Qualidade de vida

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Unidade 5

Com a modernização, a produção agrícola passa a ficar dependente do

capital, as novas técnicas empregadas exigem novos financiamentos, esse

desenvolvimento agrícola se deu com a institucionalização do Sistema Nacional de

Crédito Rural (SNCR), tal política de crédito rural se tornou o principal vetor do

projeto modernizador para agricultura.

Somente com a introdução da política de crédito rural, como carro-chefe da modernização do setor agropecuário, desloca-se o eixo da política por produtos para a política da mercadoria rural em geral. O crédito subsidiado é provido de maneira generosa e por intermédio do sistema bancário institucionalizado. A própria necessidade de financiamento se torna crescente uma vez que tanto a elevação da capacidade produtiva quanto as necessidades de financiamento de capital de trabalho na agricultura passam a depender cada vez mais de recursos adquiridos no mercado. As fontes usuárias tradicionais, ligadas ao capital comercial, cedem lugar à rede bancária. E esta, ao se imiscuir no negócio rural, traz implícito um projeto de modernização que visa crescentemente mudar a própria base técnica da agricultura (DELGADO, 1985, p. 21).

O Estado tem um novo papel neste modelo agrícola, passa a financiar e

administrar a economia rural a fim de beneficiar os capitais integrados e garantir sua

autovalorização.

Reflexão

O sistema nacional de crédito rural (SNCR) era destinado a manter e

viabilizar a modernização agrícola, com regras específicas de financiamentos

Você já ouviu falar no Crédito Rural e sabe para que serve? Sua família utiliza?

23

direcionados a custeio e investimentos em maquinários, esse crédito durou até

1979. A partir da década de 1980 muda a linha de crédito rural, que passa a ser um

sistema financeiro geral, apenas com taxas de juros e prazos de carências

diferenciados. O crédito rural subsidiado perde sua base de sustentação política. A

taxa inflacionaria fez crescer as taxas prefixadas pelo SNCR e houve uma redução

do volume de depósitos canalizados para o crédito rural, sendo uma imposição do

Fundo Monetário Internacional como pretexto de diminuir o déficit público, reduzindo

assim a demanda de crédito (GRAZIANO DA SILVA, 1998 p. 51).

O programa de crédito afetou significativamente o desenvolvimento da

produção nacional por meio do estímulo de abertura de novas áreas principalmente

na Região Centro-Oeste, beneficiando as maiores propriedades e culturas mais

tecnificadas, como a soja. Através do gráfico abaixo podemos observar as regiões

que foram mais beneficiadas com o crédito rural.

Gráfico: Distribuição Regional de Crédito Rural em %

Fonte: (COELHO, 2001, p.36, apud CAMPOS, 2010, p.45)

Leitura do Gráfico

Pesquise

Responda: 1 – De acordo com o gráfico Distribuição Regional de Crédito Rural qual a região mais e menos beneficiada? E por quê? 2 – Quais os anos tiveram maiores investimentos nas seguintes regiões: Norte e Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste?

24

Assim, no início da modernização agrícola os governos incentivaram a

partir de uma política de crédito rural subsidiado, mas num segundo momento, a

nova linha de crédito rural favoreceu a integração de capitais que beneficiou a

concentração da terra e a centralização de capitais, como consequência desta ação

governamental, houve um desequilíbrio do abastecimento alimentar e o êxodo rural.

A modernização agrícola gerou riqueza de um lado e miséria de outro,

provocou mudanças tanto na questão da produtividade, que veio acompanhada das

novas tecnologias, como na dependência do capital, serviu para realçar ainda mais a

concentração da propriedade das terras e modificou as relações de trabalho no

campo. Com a mecanização houve uma drástica diminuição de utilização de mão de

obra, e a entrada do capital afetou os arrendatários, parceiros, posseiros e pequenos

produtores. Acentuando o êxodo rural, onde os trabalhadores deixam o campo e

passam a residir nas cidades.

Momento de reflexão

De acordo com o texto acima e o refrão da música Reino Encantado “Nosso sítio que era pequeno pelas grandes fazendas cercado precisamos vender a propriedade para um grande criador de gado”. É possível atribuir algum tipo de semelhança com o nosso município?

Reunidos em equipe, faça uma pesquisa sobre o Credito Rural (Pesquise nas cooperativas ou bancos)

Quem tem o direito ao Credito Rural?

Qual é a forma de pagamento?

O valor do financiamento é acrescido de juros?

Existe alguma diferença entre o pequeno, médio e grande para a aquisição do Credito Rural. Se existe quem são os mais beneficiados?

25

Faça em seu caderno

1 - Observe o gráfico abaixo e responda as questões a seguir:

Gráfico: Brasil: populações urbana e rural 1940 – 2000 (em %)

Fonte: DANELI, Sonia C. S., 2007, p.68

1 – O que aconteceu com a população rural do Brasil, no período de 1940 a 2000?

2 – O que aconteceu com a população urbana?

3 – Quais os motivos que contribuíram para essa mudança?

26

PARA REFLETIR

Leia o poema a seguir:

ÊXODO RURAL

(...) Por isso que ele plantava

Com graça e dedicação,

Mas veio a evolução

Com máquinas em quantidade;

E empurraram pra cidade

O braço do trabalhador.

Que um dia teve valor,

No vigor da mocidade...

Albeni Carmo de Oliveira

Após a leitura do poema, organizar um debate para que os alunos possam

expor suas ideias e experiências em relação a letra do poema e a realidade de cada

um.

Foto: Arquivo próprio

27

Unidade 6

Atualmente agricultura familiar é responsável pela maior parte da

produção de alimentos que são destinados ao mercado interno, por serem muito

pequenos ou naturalmente impossibilitados não conseguem ter um comportamento

empresarial. Pois, são nas pequenas propriedades, onde os trabalhos são

realizados pelas famílias, pelos proprietários ou parceiros, que se produz a maioria

dos alimentos básicos, aqueles que vão à mesa dos brasileiros todos os dias, como

o feijão, o arroz, batata, tomate, mandioca dentre outros. Esses pequenos

agricultores na sua maioria apresentam um baixo nível de escolarização fazendo

com que permaneçam no campo, de modo a diversificarem sua produção para

aumentarem a renda e aproveitarem as oportunidades de oferta.

Conforme os pequenos produtores vão se inserindo na economia de

mercado, começa a exigir maiores esforços dos que nela trabalham, pois a maioria

deles não possui recursos tecnológicos, por isso há um aumento da jornada de

trabalho, incluindo mulheres e crianças nas atividades agrícolas.

Essas pequenas propriedades são responsáveis pela geração de muitos

empregos, pois utiliza em sua maioria a mão-de-obra humana, apresentam um nível

baixo de tecnifícação, são atuantes no mercado tanto na venda como na compra de

insumos, pois a produção está centrada no modo capitalista, por isso o produtor

precisa obter a renda para pagar os custos. A maior parte dos pequenos produtores

produz culturas de subsistência fundamental para o mercado interno, onde tem

custos monetários elevados representados pelos insumos e técnicas modernas,

quando empregadas, assim não podem vender a produção a qualquer preço, é

preciso pagar esses custos.

28

Responda com base no texto acima

O pequeno produtor está buscando meios para garantir sua renda e

permanência no campo, a diversificação da produção é a melhor opção para

viabilizar a pequena

propriedade. Em áreas

relativamente pequenas é

necessário buscar meios para

garantir o sustento durante o

ano todo. A cultura do tomate na

nossa região é um bom exemplo

e vem se destacando como

fonte alternativa de produção

entre os pequenos proprietários.

Não é viável para os pequenos

produtores produzirem culturas

baseadas em comomodities

(soja, trigo, milho), são culturas

que exige alto investimentos

com retornos uma vez por ano e

ainda sujeitos as variaçoes

climáticas. É importante

procurar outros meios que

sejam mais rentáveis.

São João do Ivaí é um município no qual predomina a cultura da soja,

mesmo entre os pequenos produtores, assim sendo, se faz necessário um maior

investimento partindo de progragramas da Secretaria da Agricultura, no qual

impulsione a agricultura local.

Qual a importância do pequeno produtor para a sociedade brasileira?

Foto: Arquivo próprio

Foto: Arquivo próprio

29

De olho no mapa

Fonte: Ipardes

Responda

De acordo com o mapa Número de Estabelecimentos Classificados como Agricultura Familiar- 2006. Qual a classificação do nosso município? Destaque os pontos positivos e negativos dessa classificação.

30

VISITA A UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL

Visite uma pequena propriedade rural com o objetivo de conhecer as

técnicas empregadas e o modo de produzir dessa propriedade. Faça uma entrevista

com os moradores da propriedade, a qual segue:

Em sala de aula discutir e registrar os pontos positivos e negativos observados

durante a visita e produza um material que posteriormente será divulgado para toda

a escola.

1- O que essa propriedade produz?

2- É para o mercado interno ou externo?

3- Onde vende seus produtos? 4- Qual a tecnologia empregada na produção?

5- Quem realiza o trabalho na propriedade?

6- Obtêm lucros no final da produção?

31

Unidade 7

Segundo Graziano da Silva (1982, p. 90) “o Norte do Paraná se constituiu

com a expansão da cafeicultura paulista, que ai encontrou enormes extensões de

terras roxas, ideais para essa cultura”. As pessoas vieram atraídas pela perspectiva

de possuir um lote de terra, que era vendida pela Companhia de Terras do Norte do

Paraná de capital inglês, a qual baseava suas vendas em pequenos lotes, facilitando

assim a compra, pois muitos dos que ali estabeleceram eram ex-colonos paulistas,

que conseguiram alguma economia com objetivo de investir em seu próprio pedaço

de terra.

A expansão da cafeicultura contribuiu com a colonização do Norte do

Paraná, sendo uma cultura que exige muita mão de obra, a zona rural do estado se

tornou uma área de atração populacional, recebendo um grande contingente de

pessoas que se estabeleceram na região, conforme relata Fresca:

A par das profundas mudanças da estrutura produtiva norte - paranaense após 1970, correlatamente ocorreram alterações na dinâmica populacional. Esta foi caracterizada até 1960, pelo contínuo e intenso crescimento da população total, tanto pela elevada taxa de natalidade como também pela chegada de novos habitantes oriundos, sobretudo do estado de São Paulo, inseridos no avanço das frentes pioneiras. Até então, a distribuição da população se concentrava majoritariamente no campo e os índices de urbanização eram muitos baixos, correlatos à dinâmica social e econômica instaurada até então com forte base nos pequenos estabelecimentos rurais e mão-de-obra familiar. (FRESCA, 2000, p.218)

A decadência da cafeicultura e inicio do processo da modernização

agrícola do Norte do Paraná torna o território uma área de repulsão populacional.

Isso devido à anexação das propriedades impulsionadas pela expansão do

capitalismo e as mudanças nas relações de trabalho que gerou a expulsão de

32

muitos trabalhadores rurais, sejam eles, arrendatários, parceiros, posseiros ou até

mesmo pequenos proprietários, esses trabalhadores foram morar nas periferias das

cidades engrossando a fila dos desempregados.

Alguns ficaram morando nas cidades mais próximas, outros foram para as

cidades maiores como São Paulo e Curitiba em busca de empregos nas indústrias,

que não se expandiu o suficiente para absorver toda a mão de obra liberada do

campo. Sendo que os mesmos não tinham instrução profissional e em sua maioria

eram analfabetos.

Segundo Carvalho (1991, p. 63) o fim do ciclo do café no Paraná

começou na década de 1960 com a política de erradicação cafeeira, devido à

ocorrência de geadas, secas e esgotamento do solo que causava a baixa

produtividade, como também as inúmeras lavouras de pés de café que a produção

era de baixa qualidade. A autora ainda aponta que foi promovido pelo Estado

Brasileiro o Plano de Erradicação de Cafeeiros Anti-econômicos, que visava a

redução da produção de cafeeiros, pois se plantava em grandes quantidades, o que

acarretava altos custos de armazenagem ao mesmo tempo em que os preços

internacionais sofreram quedas.

Era plano de o governo erradicar as lavouras de café velhas de pouca

qualidade e baixa produtividade e modernizar os novos plantios. Para isso segundo

Carvalho foi criado “o Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura (GERCA),

que desenvolveu dois programas, com objetivos de erradicação de cafezais

antieconômicos, a modernização da cafeicultura brasileira e a substituição destes

cafezais por lavouras em bases modernas”. (CARVALHO, 1991, p.72).

A ação do GERCA ocorreu em três fases: a primeira de 1962 a 1963; a segunda de 1964 a 1966 e a terceira de agosto de 1966 até abril de 1967. Em cada uma delas a ação e os efeitos foram diferenciados, sendo que na primeira erradicou-se elevado percentual dos pés de café; na segunda o índice alcançado foi menor face as alterações político-econômicas ocorridas em 1964, na terceira etapa, a erradicação foi acompanhada pela exigência do GERCA de obrigatoriedade na diversificação de culturas como forma de impedir a expansão das pastagens, tendência crescente nas áreas onde ocorria a erradicação. (FRESCA, 2000, p. 162).

Esse programa pagava uma indenização por pé de café eliminado. O

produtor que utilizava o GERCA escolhia a cultura que substituísse o café. No

Paraná foram erradicados 19.000 ha. O programa também visava à renovação do

33

plantio com emprego de técnicas modernas e novas variedades, mas houve um

interesse muito reduzido por parte dos produtores (CARVALHO, 1991, p.72 e 74).

Outro motivo que acentuou o fim do ciclo do café no Norte do Paraná foi

uma geada que ficou conhecida como “geada negra”. De acordo com (SCHWARTZ,

2011) “a geada negra aconteceu no dia 18 de julho de 1975 e mudou a geografia do

Paraná, foram eliminados 200 milhões de pés de café e danificados os restantes 700

milhões, que correspondiam no total, 32% de participação na produção brasileira,

zerando a safra estadual de 1976”.

Diante do processo de modernização agrícola que assolava o Paraná, a

geada foi a “gota d’água” para a decisão de erradicação da cafeicultura no norte

paranaense, já havia incentivos do governo para o plantio de outros tipos de

culturas, essa mudança gerava insegurança para alguns agricultores, pois envolvia

técnicas modernas, emprego de maquinários e novos conhecimentos, enfim,

transformava totalmente a estrutura de trabalho, era algo diferente para o produtor.

Mas, com o fomento da modernização agrícola e os subsídios destinados

pelo crédito rural os produtores optaram pelas culturas temporárias, como milho,

algodão e a soja que já despontava na pauta das exportações.

PARA COMPREENDER MELHOR:

Assista ao filme “Gaijin ama-me como sou”, para posteriormente fazer a relação

entre o texto estudado e o filme.

Ficha Técnica

Título original: Gaijin 2

Gênero: Drama

Duração: 2h 10 min

Ano de lançamento: 2005

34

Sinopse e Comentário

do

Filme

Fonte: Filmow

Sinopse

Em 1908 chega ao Brasil Titoe (Kyoko Tsukamoto), japonesa que vem ao

país na intenção de conseguir dinheiro com seu trabalho para então retornar ao

Japão e poder seguir sua vida no país-natal. Em 1935, já com sua filha Shinobu

(Nobu McCarthy) nascida e com dinheiro insuficiente para retornar ao Japão, Titoe

decide comprar seu primeiro lote de terras em Londrina. A Segunda Guerra Mundial

e suas consequências para o Japão acabam adiando ainda mais os planos de Titoe

35

em retornar ao país, principalmente após Kazumi e Maria (Tamlyn Tomita), seus

netos, nascerem. Já crescida, Maria se casa com Gabriel (Jorge Perrugoría), gaijin

filho de pai espanhol e mãe italiana, com quem tem dois filhos: Yoko (Lissa Diniz) e

Pedro. Os negócios de Gabriel vão bem, até que o confisco feito pelo Governo

Collor em 1990 o leva à falência. Sem alternativas, Maria e as crianças vão morar

com Titoe enquanto Gabriel embarca para Kobe, província japonesa, na intenção de

trabalhar temporariamente e juntar dinheiro para a família.

COMENTÁRIO

O filme é excelente, conta a história de imigrantes japoneses que vieram para

o Brasil com o sonho de enriquecer e deparou-se com muitas dificuldades e

frustrações. Também aborda o início da colonização de Londrina e as dificuldades

vividas pelos primeiros colonizadores. Sendo São João do Ivaí um município situado

no Norte do Paraná, teve uma colonização semelhante a de Londrina, pois os

problemas enfrentados foram os mesmos, houve a derrubada da Mata Atlântica e o

plantio do café. Neste contexto o objetiva-se com o filme, que os alunos conheçam

um pouco da história e das dificuldades vividas na época.

36

Unidade 8

A fim de despertar a curiosidade dos educandos foi elaborado um

questionário para ampliar seus conhecimentos sobre o lugar em que vivem, levando-

os a comparar o presente com o passado, sendo capaz de refletir sobre as

transformações ocorridas. Também será pedido que procurem com os moradores

mais velhos, fotos antigas para que através das mesmas possam fazer um estudo

da paisagem.

Entrevista Geográfica

Procure saber com os moradores mais antigos 1 – O que atraiu as pessoas para o município de São João do Ivaí? 2 – Como era a paisagem antes da chegada dos colonizadores? O que mudou? 3 – Por que aconteceu a derrubada da mata original que cobria a nossa região? O desmatamento foi ordenado ou desordenado? Teve consequências? Ainda existe parte dessa mata? 4 – Como era a configuração do espaço no lugar onde você vivia antes da modernização da agricultura? 5 – Os objetivos dos pioneiros foram alcançados? 6 – Quais as dificuldades encontradas pelos pioneiros? 7 – Quais os tipos de culturas que eles produziam? Procurem resgatar com as pessoas entrevistadas fotos que retratem o início da ocupação.

37

São João do Ivaí é um município situado no Centro Norte do Paraná e

pertencia a Manoel Ribas que com a Lei nº 4859 de 28 de abril de 1964 foi elevado a

categoria de distrito, pertencente a Ivaiporã. Em 26 de junho de 1964, de acordo

com a Lei nº 4859 foi elevado a município, não mais pertencendo a Ivaiporã. Fazia

parte do município de São João do Ivaí, Lunardelli que foi desmembrado em 19 de

dezembro de 1979, com a Lei Estadual nº 7502, e Godoy Moreira que foi

emancipado em 05 de abril de 1989 com a Lei Estadual nº 8947. Atualmente o

município conta com uma área de 323.776 quilômetros quadrados (IBGE, 2011).

Mapa 1: Localização de São João do Ivaí no Estado do Paraná

Fonte: IPARDES (2011).

Em 1945, surgem os primeiros moradores, dando inicio a colonização.

(IBGE, 2011). Os primeiros colonizadores praticavam a agricultura de subsistência

para o sustento das famílias e a primeira cultura destinada à comercialização foi a

hortelã e logo após iniciou o plantio do café, o qual teve um maior desempenho e

contribuiu com o desmatamento rápido da Mata Atlântica que cobria a região.

Foto: Arquivo próprio Foto: Arquivo próprio

38

Segundo entrevista realizada com pioneiro Pedro Morador o município

desenvolveu-se com a cafeicultura e se tornou uma área de atração populacional,

devido a grande oferta de empregos gerados pela cultura de café. O trabalho nas

pequenas e médias propriedades era realizado pelas famílias, mas como não

conseguiam dar conta, era necessário contratar outras pessoas, geralmente num

sistema de parcerias, isso fez com que o município atraísse muita gente e

alcançasse um número alto de população. Também plantavam milho e feijão entre

as ruas de café e em terrenos menos apropriados para o cultivo de cafezais.

Segundo os dados coletados pelo IBGE (2011), pode-se ter uma visão

mais clara da dinâmica populacional do município de São João do Ivaí.

Tabela 1: População urbana e rural do município de São João do Ivaí – Pr de 1970 a

2010.

Ano Urbana Porcentagem %

Rural Porcentagem %

Total

1970 4.498 9,4% 43.264 90,5% 47.762

1980 11.051 26,9% 30.018 73% 41.069

1991 9.795 59% 6.780 40,9% 16.575

2000 9.368 70,9% 3.828 29% 13.196

2010 8.879 77% 2.644 22,9% 11.523

Fonte: (IBGE 2011) Obs: Nos dados referentes aos anos de 1970 estão inclusos os municípios de Lunardelli e Godoy Moreira. Nos dados de 1980 constam os municípios de Godoy Moreira e São João do Ivaí. Após 1991 dos dados referem-se apenas a São João do Ivaí.

Observe a tabela!!!

De acordo com a tabela e o texto responda: 1 – O que aconteceu com a população rural e urbana do município no período representado na tabela? 2 – Compare as porcentagens da população rural e urbana nas décadas de 1970 a 2010. O que você concluiu? 3 – Por que a população total do nosso município regrediu?

39

Pesquise

Nota-se que houve uma perda considerável da população rural e total,

essa regressão populacional afetou o movimento do comércio local, levando ao

fechamento de alguns estabelecimentos comerciais, tais como: Casas

Pernambucanas e Bazar Brasil. A cidade passou a sofrer os impactos do

enfraquecimento do comércio diminuindo a oferta de empregos. As agências

bancárias também sofreram com a queda populacional.

Até a década de 1980, São João do Ivaí contava com cinco agências

bancárias: Banco do Brasil, Banco Nacional, Banco Bamerindus do Brasil, Banco do

Estado do Paraná e Caixa Econômica Federal. Hoje, conta apenas com duas

agências: Banco do Brasil e Banco Itaú. E recentemente foi inaugurada a Sicredi.

O município que na década de 1960 e 1970 se caracterizou pelo contínuo

crescimento da população, principalmente a rural, mas aos poucos foi se tornando

uma área de repulsão populacional. Os modernos implementos agrícolas, que

auxiliavam no processo de produção, ao mesmo tempo causavam o desemprego.

Conforme destaca Fresca (2000, p.223) em seus estudos “tornaram o campo em

apenas mais um ramo da produção industrial. Esvaziado demograficamente na

medida em que se introduziam vigorosas formas técnicas de elevação da produção

e produtividade”. Os que perderam suas terras ou seus empregos foram morar na

cidade, muitos mudaram para os grandes centros em busca de melhores condições

de vida, pois São João do Ivaí era e continua sendo uma cidade pequena que não

possuí indústrias, por isso a oferta de empregos é baixa.

Faça uma pesquisa no site do IBGECIDADES (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) referente ao número da população atual do município de Lunardelli e Godoy Moreira e faça uma soma com a população atual do nosso município e compare com a década de 1970. Escreva o que você observou.

40

Pesquisa Geográfica

Faça uma pesquisa com alguém que já morou na zona rural e procure saber:

Por que veio morar na cidade?

Qual era a principal atividade realizada na área rural onde morava?

Onde você morava continua do mesmo jeito? O que mudou?

Você se lembra de algum comércio considerado “forte” que foi fechado devido ao número populacional ter regredido?

Procure resgatar fotos com essas pessoas entrevistadas, para posteriormente compará-las com as atuais.

41

Unidade 9

Desde o inicio da década de 1960 o estado do Paraná já incentivava a

modernização agrícola, ainda de acordo com Carvalho (1991) o Estado estava

preocupado em renovar a agricultura, comprometida com as ocorrências de geadas

e secas. Além da soja outras culturas foram incentivadas pela Companhia

Agropecuária de Fomento Econômico do Paraná (Café do Paraná), as lavouras de

algodão, arroz, milho, feijão, amendoim e mamona. O Café do Paraná, através de

convênios com o IBC, proporcionou sementes com o objetivo de inserir os

agricultores nas produções modernas, dando prioridade para o algodão

(CARVALHO, 1991, p.76).

Os produtores de café desanimados diante dos problemas que o cultivo

da cultura vinha apresentando e influenciados pela modernização agrícola

começaram a erradicar a plantação e a se dedicarem a outros tipos de culturas,

como o algodão, a soja, o milho e o trigo.

Foto: Arquivo próprio Foto: Arquivo próprio

42

Tabela 2 – Área plantada das principais culturas agrícolas no município de São João

do Ivaí de 1973 a 2009:

Ano

Café Feijão Milho Algodão Soja Trigo Cana-de-açúcar

Área plantada

(hectare)

Área plantada

(hectare) Área

plantada

(hectare)

Área plantada

(hectare) Área

plantada

(hectare)

Área

plantada

(hectare)

Área plantada

(hectare)

1973 ----------- 5.568 13.814 2.920 1.200 525 75

1975 4.500 3.950 16.000 3.300 2.600 720 75

1980 3.938 13.423 16.500 8.300 8.500 2.870 80

1985 1.727 8.540 6.100 2.500 3.600 5.661 656

1990 562 5.860 3.050 8.793 6.300 6.850 700

1995 ----------- 1.450 6.300 7.200 5.000 2.000 1.600

2000 666 1.985 4.377 2.250 11.300 3.160 738

2009 180 350 9.700 230 18.000 5.000 2.100

Fonte: Os dados de 1973 a 2000 (IBGE, 2011a) e 2009 (IBGE 2011b) Fonte: (IBGE 2011) Obs: Nos dados referentes aos anos de 1970 estão inclusos os municípios de Lunardelli e Godoy Moreira. Nos dados de 1980 constam os municípios de Godoy Moreira e São João do Ivaí. Após 1991 os dados referem-se apenas a São João do Ivaí.

Análise Geográfica!!!

Com base nas informações vistas até o momento sobre o processo da modernização do campo, analise a tabela 2. Área plantada das principais culturas agrícolas no município de São João do Ivaí de 1973 a 2009 e responda as questões abaixo: 1 – Quais as produções que mais se destacaram nos anos de 1970 e 1975 e o que isso implicou para São João do Ivaí? 2 - Em 1985 qual a cultura que mais de se destacou? 3 – Em que ano a produção da cultura do café passa a ser menor: O que isso representou para a sociedade de São João do Ivaí? 4 – Quais são as culturas que mais aparecem no ano de 2009? Quais estão inseridas no processo de modernização? 5 – Das culturas em destaque qual oferece mais emprego? E por quê?

43

A cultura da soja

Conforme demonstra a tabela 2, houve uma expansão da produção da

soja, passando de 1.200 hectares em 1973 para 18.000 hectares em 2009. Esse

crescimento acompanhou a “explosão” da soja no Brasil com destaque para as

regiões Sul e Centro-Oeste. Como aponta Campos (2010, p.01) a soja “é o principal

produto agrícola na pauta de exportações brasileiras e o maior responsável pelo

aumento da colheita nacional de grãos”. Além de sua importância para a balança

comercial brasileira, a produção de soja também é importante para o abastecimento

do comércio interno.

O farelo da soja é amplamente utilizado para

ração animal, tanto no Brasil como no

exterior. Um importante derivado da soja, é o

óleo vegetal que veio substituir a gordura de

porco, é altamente consumido tanto no

mercado interno como externo.

Campos (2010, p.52) aponta que

“a produção da soja foi considerada pelo

governo como um produto estratégico, sendo

protegido, subsidiado e estimulado” foi neste contexto que os produtores do

município de São João do Ivaí começaram a produzir a soja. Teve como ponto

negativo a exclusão do trabalhador permanente do campo, pois intensificou o uso de

novas tecnologias. “A expansão da soja foi beneficiada pela facilidade de sua

associação ao cultivo do trigo, gerando duas safras anuais com o mínimo capital

fixo”. (BRAGUETO, 1996, p.211, apud FRESCA, 2000, p.172). São culturas

produzidas em estações do ano diferentes, sendo a soja no verão e o trigo no

inverno, utilizam as mesmas formas de cultivos. ”A expansão destas produções,

tanto no Paraná como em outros estados brasileiros, foi induzida por um conjunto de

fatores e medidas que visavam atender a diferentes interesses de grupos

hegemônicos” (FRESCA, 2000, p.172).

A soja também tem se destacado na fabricação do biodiesel, que vem

como fonte de energia alternativa para substituir o petróleo, que é uma fonte limitada

com previsão de esgotamento no futuro. O objetivo é adicionar o biodiesel ao diesel,

Foto: Arquivo próprio

44

pois visa à redução da dependência externa de importação de diesel consumida no

país e a redução da poluição atmosférica, além de ser proveniente de fontes

renováveis. “O emprego do biodiesel como combustível vem apresentando um

potencial promissor no mundo inteiro, sendo um mercado que cresce

aceleradamente” (FERRARI; OLIVEIRA; SCABIO, 2011, p.02).

O cultivo de milho de verão é empregado em menos escala que a soja,

mas é de suma importância porque é utilizado como rotação de cultura e o milho

“safrinha” que vem sendo produzido em áreas antes destinadas ao plantio do trigo,

em virtude de maior lucratividade.

Para atender a demanda do novo processo de produção, se instalou no

município duas cooperativas: COAMO que iniciou 1984 e a C-VALE em julho de

2009.

Reflexão Geográfica

1-O que levou os agricultores do nosso município a optar pelo o plantio da soja? 2- Essa opção foi relevante para o município? 3- Quem foram os mais beneficiados com a cultura da soja? 4- O plantio da soja é viável para o pequeno produtor? Por quê?

45

Visita ao laboratório de informática

Pesquise no site (http://www4.fct.unesp.br/nera/atlas/m_agri_analiticos.htm) o mapa: SOJA: EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA 1990 – 2006 e o mapa: USO DA TERRA – 2006 e responda as questões a seguir:

a) Os estados brasileiros que se destacam no plantio da soja, são os mesmos que se destacam em lavouras?

b) Como é a classificação do nosso estado em relação aos dois mapas

observados? c) Existe alguma relação com a evolução da área plantada de soja nas

regiões Centro-Oeste e Nordeste e com as áreas de lavouras? d) Quais os estados que mais de destacaram em área plantada de soja

em 2006?

e) Compare o estado do Paraná com o Mato Grosso em relação ao Uso da Terra, o que você pode concluir?

f) A região do estado da Bahia que mais se destaca em lavoura é a

mesma que se destaca em área plantada de soja?

g) Escreva os estados que mais se destacam em:

Lavouras

Pastagens

Matas e Florestas

46

A cultura do algodão no município de São João do Ivaí

O algodão destacou-se no início da

década de 1970 alcançando seu auge

até o final da década de 1980 e São

João do Ivaí tornou-se centro do

algodão, atraindo para o município

quatro algodoeiras, (Algodoeira Ivaí,

Assaimenka, Kariri, Copiva).

Pesquisa Geográfica

Pode-se afirmar que a duração do ciclo da cultura do algodão no município

acompanhou a evolução e a queda no Paraná, conforme afirma:

[…] no Paraná, observa-se que a produção teve seu ápice no ano de 1985, quando foram produzidos 1,04 milhão de toneladas, o que correspondeu a cerca de 39% da produção nacional de algodão. No comparativo entre as safras de 1985 e 2003, a produção registrou variação negativa de 93,1%, alcançando 71,6 mil toneladas em 2003. (ZIMOVSKI e CONCIÇAO, 2004, p.01)

Os fatores que levaram a decadência do cultivo do algodão, ainda de acordo

com Zimovski e Conceição (2004) foram a intensificação da abertura comercial a

partir do final da década de 1980 e a redução do crédito rural aos agricultores. A

abertura comercial implicou na redução das alíquotas de importação e facilitou a

entrada do algodão. Houve uma queda bastante significativa nessas tarifas,

passando de 55% em 1988 para 0% em 1990.

Com os preços baixos, as novas pragas que surgiam prejudicando a lavoura e

diminuindo a produtividade, aliados a falta de mão de obra que foi ficando escassa,

Em equipe formada com quatro pessoas, procurem saber onde eram as instalações das algodoeiras citadas no texto. Vão até o local e tirem fotografias para posteriormente usarmos no trabalho final.

Foto: Arquivo próprio

47

por causa do êxodo rural que se intensificava, muitos que trabalhavam como bóias-

frias na época da colheita mudaram para os grandes centros em busca de maiores

oportunidades de empregos, isso tudo desestimulou os produtores de algodão do

município de São João do Ivaí.

Atualmente o município conta com uma algodoeira, a Algovale e conforme

uma entrevista com proprietário, o mesmo relatou que a maior parte do algodão

comprado vem do município vizinho Godoy Moreira e outra pequena parte do Distrito

de Santa Luiza da Alvorada informando que a safra de 2011 será muito pequena,

pois diminuiu a área de plantio. No município de Godoy Moreira os terrenos são

mais íngremes, dificultando o uso de certos maquinários, então os pequenos

produtores optam pela cultura do algodão, porém, atualmente estão se dedicando a

cultura do tomate.

Houve uma transferência do cultivo do

algodão para o cerrado, em detrimento de

melhores condições climáticas e

topográficas e por serem grandes

propriedades possuem maiores

investimentos em tecnologia.

Pesquisa Geográfica

Pesquise qual é o estado que se destaca na produção do algodão.

Foto: Arquivo próprio

48

A cultura da cana-de-açúcar no município de São João do Ivaí - Pr

Atualmente São João do Ivaí tem uma

forte participação da cultura da cana-de-

açúcar incentivada pela Ivaicana

Agropecuária Ltda. Instalada no

município vizinho São Pedro do Ivaí.

Essa empresa iniciou em 1981 no auge

do programa Proálcool, somente com a

produção do álcool hidratado e

chamava-se Destilaria Vale do Ivaí S/A,

em 1989 passou a se chamar Ivaicana

Agropcuária Ltda. e 1993 deu um grande salto com a produção do açúcar

(VALEDOIVAI, 2011).

É importante destacar que o Proálcool (Programa Nacional do álcool) foi

um programa do governo federal que nasceu impulsionado pela crise do petróleo

que afetou o mundo em 1973. Foi através de pesquisas em busca de fontes não

convencionais de energia a pedido do governo que se chegou ao álcool, o mesmo

“era considerado o subproduto do açúcar passou a desempenhar papel estratégico

na economia brasileira.” (BERTELLI, 2011, p.01).

Muitos que residem no município trabalham na usina, alguns no escritório

da empresa e outros no corte da cana, sendo estes a maioria. Essa empresa é a

maior geradora de emprego da região. A maior parte do corte da cana-de-açúcar é

realizada manualmente, mas existe previsão para ser totalmente substituído por

máquinas, para evitar as queimadas que prejudicam o meio ambiente. Isso assusta

os trabalhadores, põem em risco seus sustentos, sendo que os mesmos não

possuem estudos e terão dificuldades em arrumar novos empregos, gerando um

novo processo de exclusão, pois, provavelmente terão que deslocar-se para outros

centros, diminuindo ainda mais a população do município.

Foto: Arquivo próprio

49

Reflexão Geográfica

Foto: Arquivo Próprio

Foto: Arquivo Próprio

A substituição do corte manual da cana-de-açúcar pelas máquinas pode gerar um problema social para a nossa cidade? Apontem alguns.

50

Unidade 10

Foi na transição da cultura do café para a mecanização que muitos dos

pequenos e médios proprietários perderam suas terras, uma “modernização

dolorosa” conforme denomina Graziano da Silva (1982), pois para produzir eram

necessários os empregos das novas tecnologias, como maquinários, implementos

agrícolas, insumos, sementes selecionadas e tudo isso gerava um custo muito alto,

onde os produtores recorriam ao financiamento ofertado pelo crédito rural. Devido

aos problemas climáticos, aliados a pragas que surgiam, a falta de assistência

técnica e de conhecimento, muitos produtores não conseguiam produzir o suficiente

para pagar as dívidas, isso fez com que muitos agricultores descapitalizados

perdessem suas terras, havendo uma concentração de terras.

Segundo Martine (1991. p.19) “Neste novo cenário, não basta terra para

poder produzir: é preciso dispor de capital. Além disso, para viabilizar a adoção de

novas técnicas, é preciso ser mais informado, ter atitudes empresariais e capacidade

de endividamento”. De acordo com o depoimento de algumas pessoas que foram

entrevistadas os que mais tiveram dificuldade em se inserir na modernização

agrícola foram as pessoas mais velhas, que não conseguiram acompanhar as novas

técnicas de produção e tiveram medo do endividamento.

O município teve sua colonização baseada em pequenas e médias

propriedades e com a modernização agrícola a estrutura fundiária sofre alterações.

As profundas mudanças na estrutura produtiva causaram a concentração da

propriedade da terra e um forte êxodo rural, que começou com a erradicação da

cafeicultura e acentuou com a decadência do algodão. As modificações ocorridas no

espaço agrário “não poderia ser mais perverso: aumentou drasticamente a

concentração da renda no campo, a proporção de pobres cresceu e os pobres se

tornaram relativamente mais pobres”. (SILVA, 1998, p.149). O campo teve um

desenvolvimento desigual, um processo excludente, que expulsou e continua

expulsando os menos favorecidos.

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Reflexão Geográfica

AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS

O gráfico abaixo mostra o número de estabelecimentos agrícolas no

município de São João do Ivaí, nos anos de 1970 a 2010.

Gráfico: Número de Estabelecimentos Agrícolas no Município de São João do Ivaí –Pr - 1970 a 2010.

Fonte: IBGE, 2011.

Você ou sua família conhece alguém que perdeu suas terras na transição da cafeicultura para a mecanização? Como ficou a vida dessas pessoas? Onde trabalham atualmente?

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1 - Ao observar o gráfico responda:

a) O que aconteceu com o número dos estabelecimentos entre os anos de 1970 a

2000?

b) Quais foram os principais motivos dessa redução?

c) Quais foram as principais conseqüências dessa redução para o município?

d) Sabendo que Lunardelli pertencia ao nosso município até 1979 e Godoy Moreira

até 1989, procure no site do IBGECIDADES

(http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) o número de estabelecimentos

destes dois municípios em 2010 e some com o número de São João do Ivaí e faça a

comparação com o ano de 1970. Que conclusão você chegou?

e) Que relação pode-se fazer com o gráfico e o termo “modernização dolorosa”

usado por Graziano da Silva?

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Momento de Reflexão

2 – Leia a frase de Graziano da Silva e responda as perguntas a seguir:

“O que fazer com os que já foram excluídos, ou os “barrados do

baile”, ou os descamisados, ou os pobres do campo ou qualquer

outro nome que se dê a essa população sobrante do ponto de vista

das necessidades internas de acumulação do

sistema?”(GRAZIANO DA SILVA, 1998 p.149)

a) O que você entendeu com esses termos: “barrados do baile, descamisados e

pobres do campo”?

b) De acordo com o que estudamos no decorrer do desenvolvimento do Projeto,

você é capaz de relacionar a frase ao nosso município?

c) Você consegue enquadrar essa frase na vida de alguém que você conhece?

Foto: Arquivo próprio

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Unidade 11

Visite uma propriedade rural que utiliza técnicas modernas, com o

objetivo de conhecer os novos implementos utilizados na agricultura. Faça uma

entrevista com o dono ou gerente dessa propriedade para obter maiores

informações a respeito da tecnologia empregada e os benefícios desses

maquinários para o aumento da produtividade.

Na visita serão tiradas fotografias para posteriormente serem usadas em

uma exposição com acesso de todos os membros da escola.

Em sala de aula será debatido os pontos positivos e negativos

observados nessa visita.

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Unidade 12

Organizar um workshop sobre a expansão da modernização da

agricultura. Todas as fotos que foram coletadas durante o desenvolvimento do

trabalho serão expostas em uma sala ambiente, organizadas pelos alunos da turma,

os quais explicarão o trabalho para todos os membros da escola.

56

AVALIAÇÃO DOS ALUNOS A avaliação será contínua, contando com o interesse e desempenho dos alunos

durante a aplicação das atividades propostas. A cada unidade os alunos serão

avaliados com atividades e situações diversificadas, oportunizando maior interação

com os conteúdos e com o conhecimento.

ORIENTAÇÃO/ RECOMENDAÇÕES AO PROFESSOR

Este Caderno Pedagógico é uma ferramenta que vai subsidiar o trabalho do

professor em sua prática pedagógica, portanto, a todos aqueles que usufruirão deste

material que busque conduzir o trabalho com compromisso e dedicação para que

todos os objetivos sejam alcançados e que o aluno, o nosso alvo de inspiração, seja

o maior beneficiado neste processo, com uma educação de qualidade significativa

para sua vida.

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este Material Didático é fruto de muito estudo, pesquisas e dedicação,

construído através do Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE, ofertado

pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, a qual luta por um ensino de

qualidade para as escolas pública do Paraná.

Assim, espera-se que os conteúdos aqui desenvolvidos venham contribuir

para que a qualidade do ensino avance cada vez mais, possibilitando uma

participação ativa e atuante mediante a realidade presente.

57

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARANDO./ Disponível em: <http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=8524&picture=arando&large=1>. Acesso em: 14 maio 2011. BERTELLI, Luiz Gonzaga. A verdadeira historia do Proalcool.O Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/proalcool/historia/proalcool-historia-verdadeira.htm>. Acesso em 08 mar. 2011. BOLIGIAN, Levon; ALVES, Andressa. Geografia espaço e vivência. Atual Editora. 2004. Número de tratores por região, p. 392. CAMPOS, Margarida Cássia. A Embrapa/Soja em Londrina – PR a pesquisa agrícola de um país moderno. 2010. Tese (Doutorado em Geografia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade de Santa Catarina. Florianópolis. CARDOSO, Tânya Marques./ O sujeito rural no pensamento urbano e a pós-modernidade e a trajetória da produção musical de expressão rural./ Disponível em: <http://www.faac.unesp.br/direitoshumanos/Anais_III_Encontro/arquivos/trab/pdf/5/6.pdf>. Acesso em: 25 maio 2011. CARVALHO, Márcia Siqueira de. A produção de café no norte do Paraná. 1991. Tese (Doutorado em Geografia)-Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. DELGADO, Guilherme Costa. Capital Financeiro e Agricultura no Brasil: São Paulo: Ícone, 1985. FERRARI, Roseli Aparecida; OLIVEIRA, Vanessa da Silva; SCABIO, Ardalla. Biodiesel de soja – Taxa de conversão em ésteres etílicos, caracterização fisicoquímica e consumo em gerador de energia. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v28n1/23031.pdf>. Acesso em 10 abr.2011. FOLHA de São Paulo, ilustrada. 2010. Jeca Tatu./ Disponível em: <http://www.pingado.com/wp/?cat=13>. Acesso em: 10 maio 2011. FRESCA, Tania Maria. Transformações na rede urbana do Norte do Paraná: Estudo comparativo de três Centros. 2000. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. GAIJIM – Ama-me como sou./ Disponível em: <http://filmow.com/gaijin-ama-me-como-sou-t5064/>. Acesso em 18 jul. 2011.

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