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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMA EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha de Identificação - Artigo Final
Professor PDE/2012 Título ANÁLISE DOS ANÚNCIOS DO JORNAL
DEZENOVE DEZEMBRO (1854-1888) SOBRE A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ.
Autor Marineide Correa de Camargo
Escola de Atuação Col. Est. Alberto Santos Dumont – EFMP
Município da Escola Campina da Lagoa
Núcleo Regional de Educação Campo Mourão
Professor Orientador Astor Weber
Instituição de Ensino Superior UNESPAR
Disciplina/Área de ingresso no PDE Historia
Resumo: A finalidade deste artigo é discutir e refletir sobre a história da Cultura Afro-brasileira e paranaense. Como fonte utiliza-se os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro que permitem evidenciar a presença da escravidão no Paraná. Para compreender algumas questões que envolvem a escravidão no Paraná fez-se uma breve contextualização da escravidão brasileira da segunda metade do século XIX. Por intermédio dos anúncios de compra, venda e fuga de escravos, contidos nos periódicos do jornal Dezenove de Dezembro busca-se demonstrar como as fugas eram utilizadas estrategicamente pelos negros como prática de resistência a dominação senhorial. O artigo também retrata a experiência do estudo dessa temática realizada com os alunos do Colégio Estadual Alberto Santos Dumont. O que se procura demonstrar é que apesar de serem escravos, os negros também foram sujeitos da sua própria história tendo como condicionante circunstância histórica especifica.
Palavras-chave Escravidão; Anúncios; Jornal; Paraná; Resistência.
ANÁLISE DOS ANÚNCIOS DO JORNAL DEZENOVE
DEZEMBRO (1854-1888) SOBRE A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ.
Autora: Marineide Correa de Camargo1 Orientador: Astor Weber2
Resumo: A finalidade deste artigo é discutir e refletir sobre a história da Cultura Afro-brasileira e paranaense. Como fonte utiliza-se os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro que permitem evidenciar a presença da escravidão no Paraná. Para compreender algumas questões que envolvem a escravidão no Paraná fez-se uma breve contextualização da escravidão brasileira da segunda metade do século XIX. Por intermédio dos anúncios de compra, venda e fuga de escravos, contidos nos periódicos do jornal Dezenove de Dezembro busca-se demonstrar como as fugas eram utilizadas estrategicamente pelos negros como prática de resistência a dominação senhorial. O artigo também retrata a experiência do estudo dessa temática realizada com os alunos do Colégio Estadual Alberto Santos Dumont. O que se procura demonstrar é que apesar de serem escravos, os negros também foram sujeitos da sua própria história tendo como condicionante circunstância histórica especifica. Palavras chaves: Escravidão. Anúncios. Jornal. Paraná. Resistência.
Introdução
Este artigo se propõe apresentar algumas questões sobre a escravidão no
Brasil que possam contribuir para a discussão sobre a presença da escravidão no
Paraná (1854-1888), tendo como fonte o Jornal Dezenove de Dezembro, sendo que,
o foco principal são os anúncios de fugas que foram um dos meios de resistência do
negro contra a escravidão. O enfoque maior dos anúncios de fuga teve como
objetivo gerar nos alunos a possibilidade de compreensão da dinâmica das relações
sociais entre escravos e senhores no Paraná do século XIX. A relação não passava
simplesmente pela relação de dominação, mas havia resistência à escravidão para
desta maneira observar a condição do escravo como sujeito de sua própria história.
1 Professora de Historia do Colégio Estadual Alberto Santos Dumont – EFMP de Campina da Lagoa
do Núcleo Regional de Campo Mourão – Pr. Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional, turma 2012. Contato:[email protected] 2 Professor Mestre em História. Professor do curso de História da UNESPAR Campus de Campo
Mourão – PR. Contato: [email protected]
Das relações de dominação e resistência dos povos africanos que vieram na
condição de escravos e concluir que os negros também foram sujeitos de sua
própria história.
A atenção em relação à presença negra no Paraná nos anúncios do Jornal
Dezenove de Dezembro torna-se relevante, porque raramente aparecem nos livros
didáticos ou em outros meios de disseminação cientifica. A abordagem do tema
justifica-se ainda com o proposito de fornecer subsídios à concretização da Lei
Federal 11.645/08 que determina que nos “estabelecimentos de ensino fundamental
e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da História e
Cultura Afro- brasileira e Indígena” reafirmando a possibilidade rumo ao caminho da
construção da igualdade e da desconstrução de atitudes e posturas discriminatórias
no espaço escolar.
Este artigo organiza-se a partir de uma revisão bibliográfica dos seguintes
temas: a escravidão no Brasil e no Paraná. Após a leitura bibliográfica fez-se a
análise do Jornal Dezenove de Dezembro focando nos anúncios de fuga de
escravos. Feita a leitura bibliográfica e a análise dos anúncios partiu-se para o
emprego dessa fonte no sentido de contribuir e esclarecer aspectos relacionados a
história afro-brasileira e paranaense para os alunos em sala de aula. O objetivo foi
evidenciar para o aluno a não passividade dos escravos negros diante do regime de
escravidão imposto pela sociedade da época. Apresenta-se no artigo também a
metodologia empregada para a realização dessa proposta temática. As atividades,
recursos didáticos, os participantes desta pesquisa, os instrumentos aplicados e o
procedimento encontram-se descritos no artigo. Por fim, segue a exposição dos
dados coletados, sua análise e as considerações finais desta pesquisa.
Escravidão no Brasil e no Paraná
O recorte cronológico proposto (1854-1888) indica um período de muitas
mudanças no Brasil, a partir do século XIX a escravidão passou a ser contestada
pela Inglaterra que tinha interesse em aumentar seu mercado consumidor no Brasil
e no mundo. A partir de 1845 fica estabelecida a lei que proibia o tráfico de
escravos.
Em 1850, foi votada a Lei Eusébio de Queiroz, proibindo definitivamente o
tráfico de escravo no Brasil. E outras leis foram criadas como: Lei do Ventre Livre,
Sexagenária e por fim a Lei Áurea. A escravidão tinha acabado, mas os negros
continuaram sendo discriminados, explorados, violentados.
A escravidão foi um dos momentos mais críticos de nossa história. No
nordeste, surge como uma proposta de economia política para viabilizar a indústria
açucareira com o menor custo e o maior lucro possível na primeira metade do século
XVI. A mão de obra utilizada escrava esteve presente nos engenhos de açúcar no
nordeste. Os comerciantes de escravos vendiam os africanos vindos da África como
se fossem mercadoria. Um grande número de negros foi trazido ao Brasil. Ao chegar
os escravos eram examinados pelos compradores. Ficavam expostos como
mercadoria, objetos e coisas. De acordo com seu estado eram valorizados. Depois
de comprados eram levados aos locais de trabalho.
Além das atividades desenvolvidas nos engenhos e na mineração, enfim, em
todas as atividades empregavam mão de obra escrava, já nesse tempo exigiam
certo tipo de habilidade e cuidado. No entendimento de Schwarcz, 1987:
Uma longa experiência com a escravidão negra a península ibérica intensifica durante a expansão da indústria açucareira no Atlântico familiarizava os portugueses com os africanos e suas aptidões [...] No Brasil, os colonizadores, há tempo habituados ao emprego, em Portugal e nas ilhas atlânticas, de negros em serviços domésticos, como artesãos urbanos e escravos especializados, começaram a pensar na África como uma fonte lógica de homens com tais aptidões (SCHWARCZ, 1987, p.68).
No século XIX a escravidão era vista como instituição social, ou seja, ter
escravos era símbolo de poder, status e ascensão social. Muitos senhores
colecionavam escravos, como se fossem objetos. Sentiam prazer de serem
importantes e de serem chamados de senhor de poder. Enfim, como diz Munanga
(1986):
O sistema escravista foi uma experiência crucial para os negros, visto que os europeus, convencidos de sua superioridade, tinham um total desprezo pelo mundo negro, apesar de todas as riquezas que dele tiraram. A necessidade de manter a dominação por suas vantagens econômicas e psicossociais levaram defensores da situação colonial a recorrerem não somente a força bruta, mas, a outros recursos de controle, como o de desfigurar completamente a personalidade moral do negro e suas aptidões intelectuais (MUNANGA, 1986, p.9).
De acordo com a historiografia a escravidão do Paraná não difere das
demais regiões do Brasil. A escravidão foi bastante significativa na formação da
sociedade paranaense. Ela inicia em torno da atividade mineradora, ocorrida no
litoral, onde os nativos indígenas já trabalhavam como escravo e mais tarde com o
aumento da produção do ouro os africanos foram trazidos para servir de mão de
obra. Os escravos eram vistos como mercadoria estabelecida na sua compra, venda
e aluguel. Os anúncios de jornais da época confirmam traços típicos da relação
entre escravidão e trabalho na sociedade paranaense. E as informações levam a
compreender o valor do escravo para o Paraná. O negro tinha grande parte de seu
tempo ocupado com os mais diversos trabalhos. Segundo Hartung (2005):
No estado do Paraná o escravo negro esteve presente de forma significativa no Litoral ou no Planalto, nas cidades, vilas e freguesias, na mineração, na pecuária, na agricultura de subsistência, no cultivo da erva mate ou no café (HARTUNG, 2005, p.06).
Os anúncios de jornais da época confirmam traços típicos da relação entre
escravidão e trabalho na sociedade paranaense. E as informações levam a
compreender o valor do escravo para o Paraná. O negro, além de participar
ativamente de alguns ciclos econômicos do Paraná, participou com seu trabalho da
ocupação dos Campos Gerais durante uma fase de nossa história chamada
troperismo. A contribuição negra est presente no talento, na habilidade e o
conhecimento de técnicas de construção. Conclui-se que a contribuição da cultura
afro-brasileira paranaense é fruto da interação cultural, na qual os africanos e seus
descendentes foram protagonistas. E sua contribuição pode ser evidenciada em
vários aspectos do nosso dia a dia.
A presença dos escravos e escravas colaborou em todos os setores da
economia paranaense. Um dos seus trabalhos era vender na rua, prestar serviços
de toda ordem e diversos. Os escravos após sua jornada de trabalho entregavam
seus ganhos aos seus proprietários e ficavam com uma pequena parte, o que
significou a possibilidade de juntar dinheiro e comprar sua liberdade. Portanto, nessa
relação de subjugação havia pequenos espaços para a possibilidade de uma futura
pretensa “liberdade” para o escravo. Certamente, muitos não alcançavam essa
liberdade e isso somente foi possível mediante uma intensa atividade de trabalho.
A contribuição do uso dos anúncios do século XIX no Ensino de história em
sala de aula.
Embora haja uma considerável produção historiográfica sobre e a temática
da escravidão, novas possibilidades tem surgido para aprimorar novos métodos e
fontes de pesquisas. A utilização de jornal para a produção de uma história social da
escravidão tem sido um deles. O jornal teve um ganho significativo que despertou
interesse nas mais diversas fases da construção histórica.
O trabalho com o jornal requer cuidados metodológico, uma vez, que é
necessário observar o período de produção do jornal, pois ele expressa as
circunstâncias históricas de sua elaboração, em um determinado período e sempre
expressa o que esta se vivendo naquele momento.
Os jornais brasileiros dos finais do século XIX são fontes raras para serem
usadas como instrumentos para investigar a sociedade daquele período. Por meio
de seus registros é possível perceber o cotidiano, as principais discussões da época.
Neste período o escravo é presença constante nas páginas dos periódicos,
principalmente nos anúncios.
Os jornais eram o único meio de informação existente no Brasil e por
intermédio de seus anúncios foi possível coletar dados sobre o processo de
escravidão. Segundo Mott “os anúncios, enquanto fonte de pesquisa e, objeto de
estudo pode fornecer após a coleta e transcrições quantitativas sobre inúmeros
dados e aspectos desta classe da população escravizada” (1986, p. 5).
Por intermédio dos anúncios dos jornais do século XIX é possível conhecer a
importância dos escravos, traçar o perfil dos mesmos, sua origem, habilidades,
características físicas, costumes, comportamentos, sinais de castigos, enfim
conhecer um pouco da escravidão na região paranaense.
Enfim, o Jornal Dezenove de Dezembro contém anúncios de compra, venda
e fuga dos negros e comprova a presença ativa do negro africano na formação da
sociedade paranaense. Objeto da investigação proposta.
O Jornal Dezenove de Dezembro foi utilizado como fonte de pesquisa e
apresenta muitos assuntos, “cabe mencionar que os anúncios de fuga, compra,
venda e aluguel de escravos ocuparam espaços significativos nos anúncios do jornal
de Candido Lopes” (SOUZA e NISHIKAWA, 2003, p.98).
No Paraná o primeiro periódico foi criado em abril de 1854, o Jornal Dezenove
de Dezembro, o único jornal da Província a circular por 30 anos, criado em abril de
1854, por Candido Martins Lopes. O nome do jornal de Dezenove de Dezembro
refere-se a homenagem feita a data em que foi oficialmente reconhecida a província
do Paraná, que circulou até 1890. Candido Mendes Lopes, dono do jornal veio
de Niterói, fundou o jornal em Curitiba, na Rua das Flores, Nº 13.
Conforme Souza e Nishikawa o jornal Dezenove de Dezembro nos primeiros
anos era “um periódico de quatro páginas. Uma página era reservada para os
anúncios e outros reclames. Logo passa a serem chamadas de folhetim. Suas
publicações eram semanais, e foi chamado de revista semanal”. No decorrer do
tempo passou a ser editado duas vezes por semana. Seus dirigentes eram pessoas
ligadas ao governo (SOUZA E NISHIKAWA, 2003 p, 83 -89).
Segundo a Impresa Paranaense, os periódicos a circular continuam ajudando
muito no papel educativo. O Jornal Dezenove de Dezembro tem um discurso Liberal
que nos permite conhecer um pouco mais da escravidão do Paraná, noticiados com
frequência em suas páginas, até o ano de 1890. Portanto, o jornal pode ser utilizado
como uma fonte interessante para esclarecer algumas questões que envolvem a
escravidão. No caso paranaense, o Jornal Dezenove de Dezembro é fonte
riquíssima para esclarecer algumas duvidas que envolvem as relações sociais
estabelecidas entre senhores e escravos no século XIX. Para o aluno também é
primordial entender que as fontes e sua análise são elementos essenciais na
construção e constituição da nossa história.
O que nos mostra os anúncios de escravos?
Na maioria dos anúncios encontramos descrição de elogios ao tratamento
dado pelos senhores aos seus escravos. Como se o sentido da escravidão fosse
atenuada por esse “benefício” dado pelos senhores aos cativos.
Em relação às características dos escravos ora os anúncios atestam as suas
boas qualidades como: muito fiel, bom lavrador, boa cozinheira, muito habilidoso,
esperto, humilde, entre outros adjetivos que podemos chamar de positivos e ora
apresentam qualidades negativas como: arrogante, mal encarado e outros.
Além disso, nos anúncios estão descritas outras informações em relação aos
negros como: nome, idade, cor, sexo, profissão. Essas descrições das
características físicas servem de parâmetro para perceber como a sociedade traça o
perfil dos cativos.
Os anúncios expressam a identificação dos perfis dos escravizados. Segundo
Maestri (1979):
Tendo sido o homem escravizado alienado em sua humanidade e transformado em coisas (mercadoria, produtora de mercadoria), ocupa ele,
sistematicamente na “literatura” da época imperial, um lugar: a seção dos “anúncios classificados”. Ali podemos encontrar o rastro da compra ou venda dos moleques, amas de leite, escravo da nação, pretos cozinheiros, etc. (MAESTRI,1979, p.78-79).
Bastos (2007) diz que anúncios de venda e compra tinham vários objetivos,
dentre eles: a comercialização dos cativos, a necessidade de redução de gastos ou
devido a idade avançada dos cativos, além de outras questões. Os anúncios ficavam
expostos em muro, paredes e os cativos eram peças de mercadoria nas mãos de
seus senhores. Observe a expressão do eu diz Bastos nesse anúncio:
“ATTENÇÂO: Vende-se uma preta de idade de 20 anos, cozinha, lava, engoma e faz todo serviço de uma casa de família; para ver e tratar, em Paranaguá na rua das Flores N.5 (JORNAL DE DEZENOVE DE DEZEMBRO, 13 DE JANEIRO DE 1858, ANO IV, Nº 75, P.04).
O anúncio apresenta a qualidade da preta que sabe: cozinhar, lavar,
engomar, faz todo serviço de uma casa de família. Encontra-se também o endereço,
localidade da residência de família na qual se localiza a escrava, que fica na região
litorânea da província. É bom salientar que a maioria dos escravos encontra-se no
serviço doméstico, para as famílias ricas era sinal de status.
Percebe-se nos anúncios as diversas formas de discriminação claras e as
relações de poder e controle impostas pelos senhores em relação aos escravos e
principalmente impostas pelo próprio sistema. Mesmo sendo desumana a forma
como era enunciada essas características, elas contribuíram e, ainda contribuem
para conhecer melhor esse povo africano que formou, juntamente com outros povos,
a grande população brasileira e paranaense.
As fugas anunciadas no século XIX
Segundo Chalhoub (1990), não há como classificar antecipadamente a
atuação dos escravos como sujeitos históricos em termos de dualidade como
passividade e agilidade, conformismo e resistência, coisificação e rebeldia. Vai-se de
um discurso de denúncia e de uma extrema violência da escravidão e
consequentemente vitimização do negro, a reação escrava irracional por meio de
fugas, assassinatos ou suicídios, ou a louvação dos feitos heroicos de alguns deles.
Os atos de rebeldia dos negros escravos durante o século XIX ocorriam em
toda parte do Brasil. Os motivos desses atos era a insatisfação diante da condição
que eles viviam e por isso ocorriam inúmeras fugas. A rebeldia intensificava-se
principalmente quando os laços familiares eram quebrados, frutos da dinâmica do
próprio sistema escravista. A violência, maus tratos levaram muitos a fugirem do
domínio senhorial e irem para lugares de difícil acesso, como também para as
cidades, onde muitos até passavam por libertos e penetravam na sociedade. As
fugas ocorriam nas diversas regiões brasileiras, e era fato presente na história da
província paranaense.
Pode-se perceber que as fugas eram estratégias de resistência do negro á
dominação senhorial. As fugas eram apenas, dentre outras formas encontradas,
para resistir à escravidão, porém eram as mais constantes. De acordo com os
estudos de Challoub (1990) “Os negros tinham sua própria concepção do que seria
o cativeiro justo, ou pelo menos tolerável”. E segundo Geraldo Soares:
A fuga mais do que à rejeição pura e simples da escravidão nos parece mais uma estratégia de negociações da própria escravidão. A fuga sempre estava associada a uma avaliação por parte do escravo de suas condições enquanto escravo e de suas expectativas em relação à liberdade. Mas não era apenas isso, uma vez que, tendo fugido, o escravo também avaliava sua própria liberdade e as condições a ela associadas. Além do mais, escravidão e liberdade não eram tidas pelos escravos como valores absolutos e a fuga não se constituía na linha divisória entre um mundo de desespero e o mundo dos sonhos (SOARES, 2003, p.70).
Entretanto, com o crescimento das fugas, os donos de escravos passaram a
publicar nos jornais anúncios de escravos fugitivos. As fugas podiam ser individuais
ou coletivas. No Paraná não era diferente das demais províncias, os negros eram
castigados e caso o negro se evadia, os capitães do mato eram acionados para
recuperá-los e a sua fuga era anunciada na imprensa periódica. Para Souza e
Nishikawa (2003):
Quando esses negros fugiam, não apenas os capitães do mato eram acionados, mas também a imprensa periódica, que servia para veicular os anúncios de fugas, contribuindo para que os escravos fossem capturados e entregues aos seus senhores o mais rápido possível (SOUZA e NISHIKAWA, 2003, p.99).
O Jornal Dezenove de Dezembro desde sua fundação 1854 até 1890, ano
que deixa de circular o que mais aparecem são os anúncios de fuga, com um
número maior de informações a respeito das características do escravo, como
profissão, modos de ser e agir e outros. Em 1890 suas descrições são mais precisas
e procuravam mostrar as características físicas do negro fugitivo. Sem contar que o
anuncio de fuga demonstra resistência ao sistema escravista, vamos conhecer um
anuncio de fuga:
ESCRAVO FUGIDO. Firmino, mulato, cor de índio, idade 24 anos, pouca barba, boa dentadura, bonita figura, altura e corpo regular, mãos delicadas, cabelo de negro, falta humildade, bom domador e bom contador de animais, muito inclinado a jogo, fandango, etc. Levou no corpo calça e camisa de riscadinho trançado americano, paletó pardo, chapéu pardo pequeno e poncho de pano azul forrado de baeta vermelha. Levou uma trouxa com calça e camisa de algodão azul trançado e paletó de xadrez escuro. O dito escravo fugiu da cidade de Tatuhy no dia 28 de março . Onde estava para ser vendido. Quem o apreender e entregar nesta cidade a seu Sr. Higino José Ribeiro e na sua ausência a João José de Almeida Belo será bem gratificado. Ponta Grossa 12 de abril de 1871. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, CURITIBA, 15 DE ABRIL DE 1871, ANO XVIII, Nº1. 192 P.04).
O anuncio acima destaca as características “físicas” do escravo, deixando
claro que todo o anuncio de fuga apresenta uma discussão mais detalhada sobre o
escravo fugitivo, deixando claro do que ele gosta, seu modo de ser e agir. O que nos
leva a pensar o porquê de sua fuga. Algumas fugas ocorriam de forma individual ou
coletiva. Quando se apresenta de forma coletiva mostra que os dois dividem do
mesmo anseio e revolta em relação ao sistema escravista.
Escravos fugidos. Fugiram da cidade de Ponta Grossa os escravos Clemente, pardo, de 18 a 19 anos de idade, alto, boca grande, pernas tortas, pés grandes e mal feitos e muito faladores; e Sebastião, bem preto, bonito e de 16 anos de idade, mais ou menos. Consta que Clemente esteve ou está na capital. Dá-se 100U a quem apreender a qualquer destes dois escravos ou 200U a quem capturar a ambos e entregar ao seu senhor Antônio José Pereira Branco naquela cidade, a Manoel José Correa de Lacerda, na vila do Príncipe ou a Bernardo José Ribeiro Vianna, nesta capital. (JORNAL DEZENOVE DE DEZEMBRO, CURITIBA, 30 DE JULHO DE 1870, ANO XVII, Nº1118, P. 04).
O anúncio apresenta uma fuga coletiva, provavelmente eles tenham antes
planejado juntos como seria a fuga. A fuga mais que um ato de rebeldia, foi um forte
instrumento de resistência.
ESTUDO E ATIVIDADES DOS ANÚNCIOS DO JORNAL DEZENOVE DE
DEZEMBRO COM OS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL ALBERTO SANTOS
DUMONT
Foram 32 alunos que participaram da experiência de tentar problematizar a
escravidão no Brasil e, principalmente no estado do Paraná, utilizando como
referências os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro. Esses alunos fazem
parte do nono (9º) ano B, período matutino do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Alberto Santos Dumont – EFMP, com idade entre 13 e 14 anos de idade.
Além do Jornal Dezenove de Dezembro (1854-1888) surgiu a necessidade de
complementar a análise com a coleta de dados por meio de entrevistas, pois os
próprios alunos mostraram interesse em compreender o que as pessoas na atual
sociedade pensam sobre a escravidão. Os alunos se organizaram em equipes de
acordo com o grau de afinidades e escolheram algumas pessoas para realizar a
entrevista, como: comerciante, auxiliar de limpeza, vereador, professor, estudante,
donas de casa, agricultor, secretária, padre, pastor, funcionário público, bancários.
Os alunos se organizaram e confeccionaram o modelo de entrevista sob a
orientação da professora e pesquisadora. Tratando-se de uma pesquisa
qualitativa, os dados coletados serão categorizados e analisados a partir dos
pressupostos teóricos e metodológicos da análise de conteúdo, de Bardin (1977),
através da técnica da categorização.
Lembrando que a temática sobre a escravidão foi trabalhada com os alunos
no Caderno Pedagógico composto de III Unidades didáticas. Antes de iniciar as
entrevistas os alunos tiveram acesso à discussão sobre a história da presença dos
negros africanos na colonização do Paraná, comprovados pelos anúncios do Jornal
Dezenove de Dezembro (1854–1888).
Vários instrumentos foram utilizados para enriquecer a discussão sobre a
temática da escravidão, tais como: atividade expositiva e dialogada, recorte de
filmes, estudos de textos, interpretações de musicas, seminários que estimularam os
alunos a fazerem um exercício permanente de compreensão do passado e de seus
reflexos hoje no cotidiano dos afrodescendentes. Antes da apresentação do tema
fez-se necessária uma breve sondagem através de perguntas, com o intuito de
verificar o conhecimento prévio dos alunos sobre escravidão.
Santos (2001, apud Costa, 2010) ressalta que o ambiente escolar pode
proporcionar ao aluno o conhecimento de si e do outro a partir da promoção de
atividades que tragam discussões, diálogos e questionamentos sobre certos temas.
Sobre as atividades propostas, Costa (2010) ressalta que:
Enfrentar este desafio implica em rever nossa mentalidade, nossas formas de pensar o eu e o outro, para iniciar o diálogo e discussão sobre o racismo e as práticas de preconceito racial, ou seja, as relações étnico-raciais no Brasil e no espaço escolar (COSTA, 2010 pág. 151).
Após vários questionamentos procurou-se entender o porquê da vinda dos
africanos ao nosso país. As leis abolicionistas foram apresentadas em grupos na
sala de aula através de muitas reflexões do processo de escravidão no Brasil
durante o século XIX. Através desse inicio foi possível o direcionamento do trabalho
e começo do Projeto de Intervenção Pedagógica aos alunos. Cabe ressaltar, nesse
primeiro momento, que foi realizado com entusiasmos por todos os integrantes do
projeto, ocorrendo uma participação unânime.
A atividade central e fundamental, que norteou esse artigo foi a análise dos
anúncios de jornais. Foi analisada pelos alunos a possibilidade do uso do jornal
como referencial para o entendimento do passado. Os anúncios do Jornal Dezenove
de Dezembro como fonte, colaboraram para a reflexão sobre o trabalho do negro
escravo e a comercialização dos negros e comprovação da presença escrava do
negro no Paraná.
Foi estabelecida também uma comparação dos anúncios do século XIX com
os anúncios de hoje encontrados nos jornais. Por intermédio dessa dinâmica
realizada com os anúncios do Jornal Dezenove de Dezembro, com leitura e
discussão, os pontos comparados foram principalmente como os anúncios
expressam a identificação dos perfis, dos modelos e estereótipos étnicos.
Relacionou-se essa visão escravo africano/mercadoria e que evidencia a procura de
negros fujões, o interesse em adquirir escravos com ofícios específicos e também a
comparação de anunciar a venda de seres humanos no jornal. Hoje se anuncia
serviços, bens, mas não seres humanos/mercadorias, assunto que chamou muita
atenção dos alunos. Houve um debate em sala de aula com questionamentos sobre
escravidão de ontem (Brasil colônia) e hoje (trafico de seres humanos).
A discussão sobre a participação da mulher escravizada nos anúncios de
jornais (1854-1888) também recebeu destaque entre os alunos. A mulher negra
vitima de profunda discriminação expressa em letras de musicas foi destacada pelos
alunos que traçaram um paralelo com os anúncios de compra e venda do Jornal
Dezenove de Dezembro de negras cativas. Concluíram que a mulher negra ainda
continua sendo discriminada.
Após o estudo da contextualização da escravidão no Paraná e a
problematização do uso do Jornal Dezenove de Dezembro como fonte, os alunos
compreenderam que não há como negar a presença da escravidão negra no
Paraná. Além disso, entenderam que os escravos não podem ser vistos apenas
como massa passiva que não fizeram frente a escravidão e que as comunidades
quilombolas são exemplos históricos dessa não passividade negra.
Após essa reflexão e questionamentos levantados em sala de aula, os
próprios alunos sugeriram a possibilidade de realizar entrevistas com algumas
pessoas da sociedade para verificar qual o entendimento que essas pessoas tem
sobre escravidão. A entrevista abordou o conhecimento da população sobre a
escravidão do Paraná, o Jornal 19 de Dezembro e estendeu-se sobre a temática da
discriminação racial.
Para tanto, foram entrevistados 50 pessoas de ambos os sexos, com idade
entre 14 e 55 anos, com diferentes níveis socioeconômicos e profissões diversas.
Para melhor apresentar os dados, organizou-se uma tabela expositiva.
Tabela 01: Das profissões entrevistadas.
PROFISSÕES ENTREVISTADOS
Comerciantes 06
Líderes religiosos 06
Do lar 05
Estudantes 05
Professores 05
Agricultores 05
Secretárias 05
Agentes educacionais 04
Bancários 04
Vereadores 03
Enfermeiro 01
Funcionário público 01
TOTAL 50
Fonte: Dados coletados nas entrevistas realizadas pelos alunos.
A entrevista consistia em 20 perguntas abertas, questionando sobre o
conhecimento do entrevistado sobre a escravidão no Paraná, bem como abordando
os temas “preconceito” e “discriminação racial”. Para que tal entrevista fosse
realizada, a sala foi dividida em diversos grupos que escolheram na sociedade
alguns representantes de cada categoria acima citado.
Após a coleta de dados, os alunos analisaram as respostas das entrevistas e
concluíram que, em sua grande maioria, os entrevistados não têm conhecimento
sobre a escravidão no Paraná e desconhecem a existência de quilombolas no
mesmo estado. Sobre a existência do Jornal 19 de Dezembro, também foi
constatado que os entrevistados não tinham conhecimento.
Em algumas entrevistas, os entrevistados foram questionados sobre o motivo
da vinda de tais negros para o Brasil, tal pergunta se destacou devido a resposta de
todos os entrevistados relacionarem tal vinda como um ato de livre e espontânea
vontade, ou seja, vieram em busca de trabalho, terras, promessas de uma vida
melhor. Porém, o que se encontra na literatura histórica é que estes eram traficados,
por muitas vezes, vendidos pelas próprias famílias, ou capturados como animais,
sendo forçados a embarcarem em navios sem o conhecimento de seu destino.
Observa-se ainda que devido às péssimas condições de vida ofertados a estes
negros escravizados, muitos fugiam das fazendas como meio de resistência à
escravidão, buscando abrigos em quilombolas. Quando isto ocorria, os senhores
(dono do escravo) publicavam anúncios em jornais com as características do negro
para que este fosse encontrado novamente e capturado.
Sobre o tema de discriminação racial, os entrevistados definiram como algo
ruim, alguns pontuaram a discriminação racial como “quando a pessoa é humilhada
pela cor”, “é desfazer do outro, ignorá-lo”, “egoísmo”, “é uma coisa de quem não tem
o que fazer”, “não é do gosto da outra pessoa”, “excluir pessoas por serem
diferentes”. Ainda sobre este tema, alguns entrevistados disseram nunca ter
presenciado uma situação de discriminação racial, porém, os entrevistados que
pontuaram ter vivenciado tal situação relataram terem se sentindo muito mal,
constrangidos e até mesmo chateados. Todos os entrevistados ressaltaram serem
contra a discriminação e que ao presenciar tal cena, dependendo da ocasião, eles
tomariam a atitude de defender quem fosse discriminado.
Segundo ainda os dados coletados, os entrevistados consideram que tais
atitudes discriminatórias interferem na sociedade, gerando um maior número de
violência, e acreditam que as pessoas que praticam tal ato deveriam ser
conscientizadas.
Faz-se necessário pontuar que, ao término de cada entrevista foi entregue
aos entrevistados um folheto contendo todas as informações sobre o Jornal 19 de
Dezembro, a escravidão no Paraná e sobre a discriminação racial.
Os alunos sugeriram ainda que, a população deve se informar mais sobre os
assuntos abordados, bem como, tais temas deveriam ser tomados nas aulas,
principalmente na disciplina de História, para que pudessem obter um maior
conhecimento. Após a sugestão dos alunos, foi explicado a eles que o ensino da
História da África e cultura afro-brasileira na Educação Básica já estão previstos na
Lei n° 10.639/2003.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do trabalho, a partir das reflexões e análise das fontes, percebe-se
que discutir as relações escravistas no Brasil, é um processo difícil, exige muito
comprometimento, não só pelo aprofundamento em relação ao tema, pela
responsabilidade que se deve ter em produzir uma narrativa histórica.
Principalmente em se tratando de escravidão, dever-se-ia inicialmente ter um
conhecimento mais pormenorizado sobre a história da África e não somente estudar
sua influência cultural, mas também política, religiosa, econômica e social exercida
sobre nossa sociedade.
O recurso do uso das fontes pode ser uma dessas alternativas para se
conhecer de forma mais pormenorizada o cotidiano da escravidão brasileira e
paranaense. As fontes a serem usadas requerem certos cuidados metodológicos,
como também muita atenção ao modo de interpretá-las e analisá-las, pois
expressam valores e ideologias da época. Ter um bom conhecimento sobre a
discussão historiográfica sobre o tema é um passo importante para uma boa análise
das fontes que forem pesquisadas.
Percebe-se que o estudo sobre os afrodescendentes ainda encontra
resistência por parte de alguns professores e que os mesmos necessitam se
aprofundar no assunto para levantar maior discussão junto aos alunos. Faz-se
necessário abordar à questão de preconceito e racismo, pois são problemáticas que
ainda norteiam o espaço escolar e social. Embora a escola tenha um papel
fundamental nessa conscientização e formação de uma identidade histórica, isso
não cabe só a ela, mas também a sociedade em geral. A concretização da Lei nº
10.639/03e em 2008, a referida lei incorporou também a obrigatoriedade do ensino
de história e cultura dos povos indígena, mudando para lei nº11. 645 colaborou para
a disseminação de uma maior conscientização histórica do papel relevante e
fundamental dos negros na formação da nossa nação. Reafirmando assim a
necessidade da desconstrução social do preconceito e da discriminação racial que
são atribuídos a população negra.
Sem dúvida, o resultado obtido nesse trabalho, destaca-se os anúncios do
Jornal Dezenove de Dezembro que confirmam que o Estado do Paraná estava
claramente inserido no escravismo. Os anúncios de fuga foram uma forma de
perceber a não passividade do negro frente à escravidão, uma atitude temida pelos
senhores. A fuga era para o escravo a solução mais simples contra a violência da
dominação branca. Essa gama de informações teve como objetivo gerar nos alunos
a compreensão das relações de dominação e resistência dos povos africanos que
vieram na condição de escravos e até certa medida foram os sujeitos de sua própria
história.
REFERÊNCIAS
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