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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEEDUNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE– UNICENTRO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
UNIDADE PEDAGÓGICAÁREA: HISTÓRIA
PROFESSORA: MARILDA LOPES SIMÃO
DO CINEMA À ESCOLA: POSSIBILIDADES E LIMITES
GUARAPUAVANOVEMBRO/2008
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SUMÁRIO
1 – Identificação................................................................................................................3
2 – Apresentação...............................................................................................................4
3 – Fundamentação Teórica...............................................................................................5
4 – A Guerra do Fogo......................................................................................................17
5 – Ficha Técnica.............................................................................................................18
6 – Os Primeiros Homens................................................................................................19
7 – Atividades..................................................................................................................30
8 – Reflexões Críticas sobre o Filme...............................................................................35
9 – 1492 – A Conquista do Paraíso.................................................................................36
10 – Ficha Técnica...........................................................................................................37
11 – A Descoberta da América .......................................................................................39
12 – Atividades................................................................................................................47
13 – Reflexões Críticas sobre o Filme.............................................................................53
14 – Referências..............................................................................................................54
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1 - IDENTIFICAÇÃO 1.1 – ÁREA:
HISTÓRIA
1.2 – PROFESSORA PDE:
MARILDA LOPES SIMÃO
1.3 – PROFESSOR ORIENTADOR:
EDGAR ÁVILA GANDRA
1.4 – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR:
UNICENTRO – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
1.5 – LOCAL: GUARAPUAVA
1.6 – NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO:
GUARAPUAVA
1.7 – LOCAL DE RESIDÊNCIA:
GUARAPUAVA
1.8 – TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO:
ENSINO CRÍTICO DE HISTÓRIA EM PERSPECTIVA: A FILMOGRAFIA COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO 1.9 – TÍTULO:
DO CINEMA À ESCOLA: POSSIBILIDADES E LIMITES.
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2 - APRESENTAÇÃO
Este Caderno foi idealizado pela Professora PDE, Marilda Lopes Simão e
coordenado pelo Professor Orientador da UNICENTRO, Professor Dr. Edgar
Ávila Gandra.
Seu objetivo é propiciar um conjunto de atividades metodológicas que
possam contribuir para elevar a aprendizagem de História dos alunos das 5ª
séries do Colégio Estadual Mahatma Gandhi – Ensino Fundamental e Médio.
O Caderno Pedagógico prescreve formas possíveis e caminhos
recomendáveis de como utilizar a filmografia em sala de aula sem, contudo,
limitar a liberdade e a criatividade do professor, mas, ao contrário, auxiliando-o
na prática com sugestões de atividades, que desenvolvam o pensamento
crítico dos alunos, ou seja, a capacidade de questionar o senso comum, de
pensar por conta própria, passando a ser um aprendiz arrojado, com atitudes
de reconstrução contínua, inovadora, com fundamentos teóricos sólidos, capaz
de unir teoria e prática com autonomia e autodeterminação.
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3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 O CONHECIMENTO DA HISTÓRIA E O CINEMA
Este trabalho teoricamente divide-se em três perspectivas conceituais
diferenciadas e que, no entanto, podem ser passíveis de uma articulação
comum. Notadamente nos aproximaremos das correntes historiográficas
denominadas de "Marxismo Inglês", "História Política Renovada" e "História
Crítica". Dentro destas dimensões teóricas, há alguns conceitos importantes a
serem destacados: o primeiro seria o da memória, afinal o filme é uma memória
cristalizada em um momento e espaço estabelecidos e outro o das fontes
históricas, as quais são os instrumentos de trabalho de que o historiador dispõe
para a sinalização da forma como o acontecimento se organizou e se
consolidou.
Assim entendemos por “memória”, a propriedade de conservar certas
informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas
que permitem ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou
reinterpretadas como passadas.
A memória está nos próprios alicerces da história, confundindo-se com
o documento, com o monumento e com a oralidade. A memória é construída
historicamente, mas ela em si mesma, não é história. Possui dois momentos:
conservação de sensações (o arquivo) e reminiscência (o ato de lembrar). O
cinema apresenta também estes aspectos: conserva, enquanto imagem, o
registro de um tempo e espaço e a sua posse nos sugerem uma lembrança.
O cinema, como arquivo da memória, pode se tornar uma fonte de
pesquisa histórica, do imaginário e da memória coletiva. A história é o
conhecimento, o documento é memória. Mesmo que seja uma memória parada
no tempo, o cinema cria uma ilusão de movimento e realidade, e como tal, não
se articula com o presente, através do tempo, mas sendo ou não realidade, é o
seu referente que continua conservado.
O termo fonte histórica, em seu sentido lato:
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São todos os termos correlatos para definir tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; herança material e imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento histórico. (SILVA e MACIEL, 2005, p. 158)
A palavra mais clássica para conceituar fonte histórica é documento,
termo este, no entanto, que devido às concepções da escola positivista,
significa não apenas o registro escrito, mas principalmente o registro oficial. A
história era feita por documentos escritos e o historiador tinha como tarefa
submetê-los à crítica externa (autenticidade) e a crítica interna (veracidade),
sendo vestígio a palavra preferida, ou seja, o documento é o mais importante e
os mitos, a fala, o cinema, a literatura, tornam-se fontes coadjuvantes para o
conhecimento da história.
Ao longo do tempo, o tratamento ou mesmo a utilização dada às fontes
foram sofrendo alterações e ampliações e novas temáticas se impuseram como
objeto de pesquisa e conseqüentemente uma série de novas fontes.
Na atualidade, as fontes audiovisuais têm despertado o interesse
renovado de pesquisadores de diferentes campos do conhecimento. Vivemos
um contexto onde as imagens, no sentido de produções que envolvam criação
ou reprodução de cenas, sejam elas reais ou ficcionais, fazem parte do nosso
cotidiano. Enquanto todo o filme de ficção nasce da intenção de seu autor em
propor ao seu público a imaginação de seu conteúdo, o documentário
apresenta uma intenção assertiva que, por sua vez, leva o público a uma
postura de credibilidade do conteúdo do filme. É no campo do cinema não-
ficcional que reside o discurso fílmico, carregado de afirmações ou asserções
sobre a realidade e proposições sobre o mundo são apresentadas para o
público e estas devem ser experimentadas como "verdade", "realidade".
Ao analisarmos o cinema como fonte histórica, precisamos identificar
por meio da análise, a sociedade da qual faz parte, indicando suas
ambigüidades, dúvidas e tensões, senão o cinema perde sua real dimensão
como fonte histórica.
Através do movimento de renovação da historiografia denominado
"Nova História", a iconografia destaca-se como possibilidade de fonte
interpretativa do passado e os estudos do imaginário passaram a distinguir a
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importância de se dar um "novo" tratamento aos documentos, negando-se a
idéia de que estes fossem meros reflexos de uma época, passando o filme a
ser um documento histórico, passível de crítica "positiva" ou "negativa".
O filme, então, adquiriu, de fato, a constituição precípua para a
compreensão dos comportamentos, das visões de mundo, de valores, de
identidades e de ideologias de uma sociedade ou de um momento histórico. O
filme adquiriu o status, como já mencionado, de documento para a pesquisa
histórica, na medida em que se articula com o contexto histórico-social em que
foi inspirado, passando a ser visto como uma construção, modificando-se
realidades, através de uma ligação entre a imagem, palavra, som e movimento.
Dessa forma, a imagem não ilustra nem reproduz a realidade, ela a reconstrói a
partir de uma linguagem própria, cabendo ao historiador aprender a "ler",
interpretar e compreender estas imagens.
3.2 RELAÇÕES ENTRE CINEMA E EDUCAÇÃO
Nas últimas décadas do século XX, a disciplina de história foi alvo de
inegáveis pesquisas e debates, os quais muito contribuíram para que se
percebesse a superação e a transformação deste campo do conhecimento,
levando educadores a modificarem concepções paradigmáticas do fazer
pedagógico em sala de aula. Esta mudança gerou conflitos, a partir das
décadas de 1950 à 1960, exigindo dos profissionais a busca por novas formas
de adaptação e transmissão do conhecimento, reconhecendo e utilizando as
"novas linguagens."
A imagem, hoje, é um dos mais importantes e efetivos meios de
comunicação, ratificando que a tecnologia provoca alterações nas formas de
pensamento e de expressão. É incontestável a emergência na integração de
diferentes linguagens e exploração dos meios audiovisuais, oxigenando-se os
conteúdos de história.
Ferro alertava para a desconfiança que ainda pairava no início da
década de 1970:
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De que realidade o cinema é verdadeiramente a imagem?Nesse contexto, os filmes são recursos facilmente agregados à rotina escolar, mas nunca deixando de lado uma reflexão: o que estamos fazendo com ele?A questão central para o historiador que quer trabalhar com a imagem cinematográfica diz respeito a este ponto: o que a imagem reflete? Ela é a expressão da realidade ou é uma representação? Qual o grau possível de manipulação da imagem? Essas perguntas são úteis para indicar a particularidade e a complexidade desse objeto, o qual começa a ser reconhecido. (FERRO, 1988, p. 202)
As novas linguagens nos evidenciam que comunicar não se consiste
somente em transmitir idéias, fatos, mas sim, em oferecer novas formas de ver
coisas, influenciando e até modificando significados e conteúdos.
Os filmes possuem uma linguagem própria e compreendê-los vai além
da apreciação de imagens e sons, sendo preciso decodificar as significações
cinematográficas e sua abordagem sócio-cultural e histórica.
A linguagem cinematográfica marca uma nova etapa entre história,
comunicação e cinema. Surgem novas possibilidades exploratórias quanto à
utilização de filmes como recurso didático-pedagógico.
O filme possui uma estrutura em sua produção que deve ser levada em
consideração enquanto ferramenta pedagógica, no sentido de uma construção
da cidadania. Precisa-se inserir a mídia no currículo escolar, de modo que os
alunos aprendam a ser exigentes, críticos em relação ao que vêem e ouvem,
devendo ser encarada como um veículo fundamental no movimento de reforma
educacional e de reestruturação do ensino-aprendizagem.
Segundo Saviani (1992, p. 42) os meios de comunicação de massa
não podem ser ignorados pela escola, pois exercem influência significativa na
vida das crianças e também dos jovens. A perspectiva do emprego de filmes
para o ensino de história, mesmo sendo complexo, deve ser suscetível de
exploração, pois já faz parte do cotidiano do corpo discente, e logo, desprezá-
la, seria uma forma de distanciamento da relação professor-aluno-realidade.
Contudo, usá-la como “adereço” não tem finalidade pedagógica justificável.
Assim, pretende-se, dentro dos limites possíveis, ressignificar o filme
como apoio no desenvolvimento eficaz de um conteúdo de história. Saviani
considera que a escola deve buscar respostas para as novas necessidades
que surgem ou mesmo se adaptar o que ele considera alguns dos novos
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instrumentos no cotidiano do trabalho escolar.
Ao optar por trabalhar com as “novas linguagens” aplicadas ao estudo
de história, o professor, primeiramente, terá que ter em mente que ele não é
crítico de cinema, pesquisador ou especialista e que esta novidade não irá
resolver os problemas didático-pedagógicos, e tampouco, como substituição
dos conteúdos de aprendizado, tomando o cuidado com a agregação desses
recursos, principalmente numa época de desvalorização do conhecimento
científico.
As novas tecnologias estão presentes em sala de aula e delas se
esperam soluções favoráveis para problemas crônicos do ensino-
aprendizagem, agindo como suporte, citando-se, entre elas, a utilização de
filmes durante as aulas, como possibilidade educativa, atraindo alunos, mas
não alterando fundamentalmente a relação pedagógica.
Ao fazer uso dessa ferramenta pedagógica, o professor aproxima seus
alunos do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da
sociedade, introduzindo-se novas questões ao processo educacional.
A observação através da imagem projetada e da audição sonora exige,
indispensavelmente, uma resistência contra o espírito de festa que estas
técnicas sugerem no desenvolvimento da aula, tendo o cuidado de não se
caracterizar como um divertimento. A projeção coletiva exige a intervenção
eficiente do professor, interferindo sutilmente no esforço da criança a passar da
curiosidade, de um saber confuso, global, fragmentário, a um saber
organizado, intelectual. Observar é verificar com fidelidade e precisão,
conduzindo-se a uma avaliação, mediação ou, pelo menos, a um registro
escrito, compreendendo, não apenas enumerando, mas interpretando,
explicando, descobrindo relações, compreendendo de uma totalidade,
chegando a uma síntese, organizando.
Não podemos nos esquecer que levar o cinema para a escola não é
tarefa fácil, pois, a atividade escolar utilizando o cinema deve ir além da
experiência cotidiana, onde assistir um filme na escola não pode ser como em
casa ou no cinema. O professor desempenhará papel fundamental,
posicionando-se como mediador, atuando entre a obra e os alunos, propondo
leituras mais ambiciosas, incentivando o educando a se tornar um espectador
mais exigente e crítico. “O cinema é sempre ficção, ficção engendrada pela
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verdade da câmera [...] o espectador nunca vê cinema, vê sempre filme. O
filme é um tempo presente, seu tempo é o tempo da projeção”. (ALMEIDA,
2004, p. 40).
Ao utilizar o filme como conteúdo de ensino, o professor deverá fazer
um planejamento prévio, através do qual terá clareza quanto aos objetivos a
serem alcançados e sua relação entre os conteúdos que serão trabalhados em
sala de aula. Deverá estar preparado para que antes da exibição do filme em
sala de aula, conhecendo profundamente o vocabulário utilizado em seu
conteúdo, para que o aluno possa literalmente compreender a linguagem da
trama. O não entendimento do discurso literário incorporado ao filme e de sua
articulação com os demais elementos da linguagem cinematográfica, levará o
aluno a desmotivação, transformando, assim, uma atividade que deveria ser, a
princípio, entretenimento e lazer, em momentos entediantes e
desinteressantes, inviabilizando a aprendizagem objetivada.
Moran (2006, p. 34) em seu texto “Os vários usos do cinema e vídeo na
escola” faz um alerta para os usos inadequados em sala de aula,
exemplificando algumas maneiras utilizadas erradamente pelos professores ao
fazer uso dessa tecnologia: vídeo-tapa buracos – usar este expediente quando
acontece um problema inesperado; vídeo-enrolação - exibir um vídeo sem
ligação com a matéria; vídeo-deslumbramento – uso de vídeos em todas as
aulas; só-vídeos – exibir vídeos sem discuti-los, sem integrá-los ao assunto da
aula.
Mídia educativa e tecnologia da educação são presentemente as
expressões mais usadas mundialmente para designar esse autêntico arsenal
de equipamentos e materiais a serviço do ensino, comuns nas salas de aula,
veículo fundamental de reestruturação de reforma educacional do ensino-
aprendizagem.
O aspecto fundamental na utilização de qualquer recurso audiovisual é
o de impedir a passividade do aluno frente a ele, sendo que técnicas e
didáticas devem ativar a classe, portanto, interromper a projeção nos pontos
necessários, voltar o filme, repetir algumas cenas, são meios que os
professores devem aproveitar, procurando-se desenvolver no aluno a
capacidade de observação e criticidade, descoberta das relações entre os
fenômenos apresentados através das imagens, sendo uma delas, a interação
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afetiva. Após a projeção, continua-se o aproveitamento do material
apresentado, desde um simples interrogatório até as técnicas mais dinâmicas
de ensino, como o trabalho em grupo para análise do conteúdo do filme e o
estudo dirigido para posterior verificação da compreensão, reforçando-se
pontos importantes e outras para fixar, desenvolver e ampliar as informações
trazidas pelo recurso audiovisual. “Nenhuma imagem fala por si só. Para que
ela seja útil na aprendizagem, é essencial a intervenção do professor”
(SEVERO, 2004, p. 68).
De maneira geral, os documentos audiovisuais são utilizados de forma
marginal e secundária pelos estudos históricos, tratados mais como meios e
menos como objetos de ensino. Raramente são explorados em seu potencial
como veículo de representação social, menos ainda no que se refere à
pesquisa sobre o imaginário social. Por que não fazer com que o audiovisual se
torne mais ativo como agente de uma tomada de consciência social? Será que
educadores devem se questionar quanto à utilização do audiovisual e o que ele
poderá transmitir como meio didático de apoio à aprendizagem? ”Assim como
todo produto cultural, toda ação política, toda indústria, todo filme tem uma
história que é uma História”. (FERRO, 1992, p. 17).
Todo historiador/educador deveria perceber o filme como fonte
documental, não no sentido de imagem objetiva da realidade, mas sim no
poder de revelador ideológico, político, social e cultural de interesses, nem
sempre mostrados de modo explícito, entretanto, sujeitos de serem observados
nas sutilezas e entrelinhas das imagens expostas num filme.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o objetivo
do ensino fundamental é a formação básica do cidadão, mediante, entre outros,
“a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores que se fundamenta a sociedade". (BRASIL,
1996)
Para uma formação integral e adequada às características culturais do
cidadão das sociedades modernas, faz-se necessária à inclusão de novas
formas de construção do processo de ensino-aprendizagem e o cinema torna-
se então, uma proposta educativa evidente e uma ferramenta educacional, pois
representa um instrumento de mudança social.
Ferro (1992, p. 19) indica duas vias para a leitura do cinema: “a leitura
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histórica do filme e leitura cinematográfica do filme". A primeira leitura
corresponde à leitura do filme através da história, ou seja, na direção em que
foi produzido; a segunda leitura é vista como uma leitura do filme enquanto
discurso do passado, a história lida pelo cinema.
Também temos como urgente, a necessidade de discutir a
temporalidade dos filmes, afinal, a obra fílmica é edificada dentro de um
contexto específico com marcas da sociedade em que foi produzida.
De acordo com Costa (1989, p. 27), o cinema enquanto objeto de
estudo, conhecimento e informação, pode ser analisado da seguinte forma:
A) A história no cinema: analisar os filmes enquanto fonte de documentação histórica e meio de representação da história com possibilidade de utilizá-los em conjunto com outras fontes.B) O cinema na história: analisa a repercussão que os filmes alcançam na sociedade, podendo assumir um papel importante no campo da propaganda política e na difusão de ideologias. (COSTA, 1989, p. 27)
Em paralelo a colocação de Costa (1989), Napolitano (2006), existe
três possibilidades de relações, entre história e cinema:
O cinema na História é visto como fonte primária para a investigação historiográfica; a história no cinema é o cinema abordado como produtor de ‘discurso teórico’ e como ‘intérprete do passado’, e, finalmente a História do cinema enfatiza o estudo dos ‘avanços tecnológicos’, da linguagem cinematográfica e condições sociais de produção e recepção dos filmes. (NAPOLITANO, 2006, p. 240-241)
Muitos historiadores tradicionais ainda não admitem a idéia da
utilização do filme como fonte documental de pesquisa, em virtude do seu
caráter mais espontâneo que possui em relação a documentos escritos,
defendendo-se o culto pelos documentos escritos, por considerarem como
únicos detentores da verdade histórica. Torna-se necessário reconhecer que
não existe apenas uma verdade, ou que a verdade que trazem os audiovisuais
não são confiável ou mesmo, inimiga da verdade escrita.
Toda imagem é histórica, na medida em que ela é produto de seu tempo e carrega consigo, mesmo que de forma indireta, subreptícia e muitas vezes inconsciente para quem a produziu, as ideologias, as
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mentalidades, os costumes, os rituais e os universos simbólicos do período em que foi produzido. (NOVA, 2008, p. 10)
A escrita não vai desaparecer como forma de expressão de um
acontecimento passado, porém o historiador precisa se dar conta de que ela
não é o único caminho de abordagem e que deve estar preparado para as
novas possibilidades e inovações.
O cinema cria uma linguagem específica, um entendimento
característico, especial e assim, ao pensar cinema, a escola pode também
refletir sobre a educação que dissemina os métodos, os conteúdos
programáticos e até mesmo a sua organização, pois o cinema não chega à
escola sem conflitos.
Como produto da indústria cultural, os filmes não foram pensados para
atender determinados pontos que a educação executada e exigida pela escola:
a apropriação de um conteúdo preestabelecido, à seriação às especialidades,
às disciplinas, aos horários. A educação escolar ainda está em grande parte
voltada para a escrita e oralidade das aulas expositivas que os professores
ministram.
Para Ferro (1992, p. 15): “O cinema pode tornar-se ainda mais ativo
como agente de uma tomada de consciência social, com a condição de que a
sociedade não seja somente um objeto de análise a mais”.
Os indivíduos são de algum modo produtos da cultura onde estão
inseridos, e professores poderão compensar as falhas ou peculiaridades desta
cultura, não abolindo parâmetros comunicativos opostos aos da cultura
dominante. A sintonia com o aluno é essencial e de nada servem os raciocínios
se não se consegue contatar com o destinatário, e diante deste quadro, a
emoção deverá estar incorporada ao processo educacional. Talvez seja o
momento de pensar que se pode aprender a aprender com prazer, divertindo-
se. Educar, levando em conta o prazer, é o desejado, sendo uma das funções
do professor, afinal, atua como promotor da cultura, procurando despertar o
desejo pelo aprendizado.
É simples concluir que a flexibilidade, a reflexibilidade e a criatividade
são esperadas do professor, e que, deverá influenciar indiretamente nas
metodologias educacionais empregadas. O educador se relaciona com
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sujeitos, não apenas com idéias e, portanto, não pode partir unicamente de
idéias preestabelecidas, mas também, deve-se adaptar às reações suscitadas
no interlocutor. A flexibilidade de que a metodologia deve carregar consigo se
apresenta como um verdadeiro desafio para o professor. “Se a nova geração
não consegue converter as imagens em pensamento” – comenta Ferrés (1996,
p. 93) – “convergindo na cultura do espetáculo, é porque o professor antes não
conseguiu converter o pensamento em imagens, chegar ao o aluno”.
Nesta cultura do espetáculo, a imagem, emoções e a intuição são
privilegiadas, por estarem em uma sintonia natural com o aluno. Uma imagem
pode ser rápida, imediata e momentânea como o próprio contexto cultural que
está habituado ao dinamismo, às mudanças, tornando-se terreno fértil e
convidativo para a utilização do cinema como recurso audiovisual na didática
do ensino.
O cinema empresta ao aluno a sua força comunicativa, expressando
realidades que somente com palavras não seriam passíveis de transparência.
A cultura discursiva e lógica, com a qual o aluno tem pouca familiaridade é
substituída pela cultura da imagem e da emoção.
Ferro fica a meio caminho entre o filme como fonte e como objeto:
Partir da imagem das imagens. Não procurar somente, nelas, ilustrações, confirmações ou desmentidos de outro saber, o da tradição escrita. Considerar as imagens tais quais são, mesmo se for preciso apelar para outros saberes para melhor abordá-las. (FERRO, 1974, p. 240)
Segundo Napolitano (2006), um aspecto fundamental que o professor
deve levar em conta e que remete a duas armadilhas no uso do cinema em
sala de aula são: o anacronismo - ocorre quando os valores do presente
distorcem as interpretações do passado e são incompatíveis com a época
representada - e efeito de super-representação, ou seja, o que é visto é
assimilado como verdade absoluta.
Para ele, o professor deve saber lidar com essa questão e não cobrar
“verdade histórica” nos filmes, porém, não deve deixar de problematizar
eventuais distorções na representação fílmica do período ou da sociedade em
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questão.
O mais importante é o historiador entender o porquê das adaptações e
omissões que são apresentadas num filme, sendo que nem todos os filmes
conseguem ser fiéis ao passado representado, não devendo ser este aspecto o
único tomado como absoluto na análise histórica do filme.
Ao se propor analisar fontes audiovisuais, o historiador treinado para a
análise de fontes escritas, hesita entre a análise das fontes em si e o confronto
com informações históricas exteriores, deixando que o contexto delimite a idéia
do texto. Não se pode desconsiderar a especificidade técnica de linguagem, os
suportes tecnológicos e os gêneros narrativos que aparecem nos documentos
audiovisuais, correndo o risco de transpor a análise. Para isto, torna-se
necessário decodificar a natureza técnico-estética, que são os mecanismos
formais específicos da linguagem cinematográfica, bem como, a natureza
representacional que está relacionada a determinados eventos, personagens e
processos históricos nela representados.
Segundo Napolitano (2006, p. 57) seja qual for o uso ou abordagem do
filme na sala de aula, é importante que o professor conheça alguns elementos
de linguagem e história do cinema, os quais acrescentarão qualidade ao
trabalho. Boa parte dos valores e das mensagens transmitidas pelos filmes se
efetiva, não tanto pela história contada em si, mas pela forma de contá-la.
Existem elementos sutis e subliminares que transmitem ideologias e valores
tanto quanto a trama e os diálogos explícitos.
A eficácia do trabalho do professor com o cinema em sala de aula está
embasada no conhecimento e domínio desta técnica pedagógica e de alguns
conceitos básicos que acrescentarão qualidade aos seus trabalhos.
Parafraseando Nova: para que o filme finalmente se torne um
documento historiográfico falta uma etapa em que consiste:
Comparação do conteúdo apreendido do filme com os conhecimentos histórico-sociológico acerca da sociedade que produziu o filme e com outros tipos de filmes para então sintetizar os pontos em que o filme reproduz esses conhecimentos e, por outro lado, os elementos novos que ele apresenta para a compreensão histórica da mesma. (NOVA, 2008)
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Assim o filme – imagem e som – chega ao ambiente escolar como
ilustração, anexo, acessório do texto, que ainda é o mais forte ponto de
referência para a escola, mesmo com toda a energia que a linguagem
audiovisual adquiriu na sociedade contemporânea. O cinema na escola deve
se constituir em oportunidades para deixar claro os conflitos e enfrentamentos
que a educação terá que realizar.
Hoje, parece ter chegado o tempo das incertezas. A reclassificação das disciplinas transforma a paisagem científica, questiona as primazias e estabelecidas, afeta as vias tradicionais pelas quais circulava a inovação. Os paradigmas dominantes, que se ia buscar nos marxismos ou nos estruturalismos, assim como no uso confiante da quantificação, perdem sua capacidade estruturadora [...]. A história, que havia baseado boa parte de seu dinamismo em uma ambição federativa, não é poupada por essa crise geral das ciências sociais. (CHARTIER, 1994, p. 97-113).
A obra cinematográfica estimula e alimenta nossa memória, onde o
imaginário em cada indivíduo atua com características semelhantes à
estruturação de um filme, construindo qualidades e dimensões próprias sobre
os objetos e elementos que os cercam, no qual o "tempo" ganha a
maleabilidade de alternâncias e a velocidade de mudanças, envolvendo e
agindo como um instrumento cartático na criação espontânea do imaginário do
espectador, resignificando algumas apreensões dos alunos que vivenciam a
execução do filme.
O imaginário é a maneira pela qual as pessoas estruturam seu mundo, lhe encontra uma maneira de dar sentido a sua vida, as relações, ao mundo que as cerca. É uma necessidade do ser humano, e parte essencial de sua cultura. O imaginário não é por isto mesmo externo as coisas, superposto a realidade. Ele é a forma inteligível pela qual as coisas existem para o ser humano. Neste sentido imaginário e discurso se assemelham, são formas de representação da realidade. O discurso trabalha com conceitos, o imaginário com imagens e símbolos, mas ambos são representações que freqüentemente se combinam. (CARVALHO, 1995, p. 15)
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4 - A GUERRA DO FOGO
http://www.comciencia.br/resenhas/guerradofogo.htm
Conteúdo: Primeiros agrupamentos humanos.
Objetivos: Compreender as principais modificações físicas, as diferentes
formas de organização, de produção e de comunicação que ocorreram na
evolução do homem, percebendo a importância dessas, para a sobrevivência
humana.
Recursos: TV e DVD
Organização do Trabalho: As atividades serão desenvolvidas
individualmente e em grupo.
Procedimentos: Antes da exibição do filme, informar somente aspectos
gerais do filme (duração, personagens principais, música). Não interpretar
antes da exibição, deixando para que cada aluno possa fazer a sua leitura.
Durante a exibição anotar as cenas mais importantes e sendo necessário,
interromper a projeção, voltar o filme, repetir algumas cenas e fazer um rápido
comentário. Depois da exibição, rever as cenas mais importantes ou difíceis,
chamando atenção para a trilha musical, situações consideradas mais
importantes e fazer comentários juntamente com os alunos, uma conversa
sobre o filme, tendo o professor como mediador. Depois do término da análise
do filme, passar para o aluno a ficha técnica contendo as informações do filme
e um texto sobre Os primeiros homens, para que ele consiga desenvolver o
trabalho.
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5 - FICHA TÉCNICA Título Original: La Guerre du Feu
Gênero: Fantasia - Aventura
Tempo de Duração: 100 minutos
Estúdio: Twentieth Century Fox Film Corp
Distribuição: Costa do Castelo Filmes, AS
Direção: Jean-Jacques Annaud
Roteiro: Gérard Brach
Música: Philippe Sarde
Direção de Fotografia: Claude Agostini
Desenho de Produção: Véra Belmont, Jacques Dorfmann, Denis Héroux, John
Kemeny
Sinopse:
A reconstituição da pré-história, tendo como eixo a descoberta do fogo. A
saga de uma tribo e seu líder, Naoh, que tenta recuperar o precioso fogo
recém-descoberto e já roubado. Através dos pântanos e da neve, Naoh
encontra três outras tribos, cada umanum estági diferente de evolução,
caminhando para a atual civilização em que vivemos. CURIOSIDADES: - Os
sons guturais e a linguagem embrionária de "A Guerra do Fogo" são criações
do escritor Anthony Burgess, de "Laranja Mecânica". - A expressão corporal e
os gestos foram criados por Desmond Morris, de "O Macaco Nu". - O projeto do
filme levou quatro anos para ser concluído, três somente para pesquisas e um
para as filmagens, realizadoras na Escócia, Quênia e Canadá. - A história
ambientada há 80 mil anos, é uma mistura de ficção científica e aventura, mas
sem utilizar palavras, apenas grunhidos, música e imagens. - O filme recebeu o
Oscar de maquiagem, criada por Christopher Tucker com efeitos especiais de
Stéphan Dupuis.
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A CONQUISTA DO FOGO
O FOGO FOI UMA DAS DESCOBERTAS mais importantes dos povos primitivos. Permitiu que eles se mantivessem aquecidos quando as temperaturas eram muito mais baixas do que as atuais, que afugentassem os animais, que cozinhassem os alimentos e enrijecessem a ponta dos arpões de madeira. Desde muito tempo antes, é provável que os povos usassem o fogo causado pelos raios. O grande passo foi dado quando se descobriu como produzir o fogo, há pelo menos 250 mil anos. O aprendizado das técnicas usadas para produzir e controlar o fogo não foi feito por todos os homens ao mesmo tempo. Enquanto alguns grupos sabiam apenas controlar o fogo surgido de forma natural, outros desenvolveram modos de criá-lo através do atrito de pedras ou madeiras de diferente dureza; por fim, havia aqueles que nem sequer sabiam manter o fogo surgido naturalmente. Estes últimos grupos buscavam adquirir o fogo roubando-o dos grupos que dominavam sua manutenção: são as chamadas “guerras do fogo”. O domínio do fogo é um bom exemplo de como alguns grupos humanos começaram a desenvolver técnicas para dominar e transformar a natureza, melhorando seu modo de vida. Os grupos que não conseguiram realizar essas transformações tenderam a ser dominados ou expulsos de suas regiões de origem. Enfim, o período entre 40 mil e 4 mil anos atrás foi marcado por intensas lutas e transformações na vida dos homens.
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http://www.universohq.com/quadrinhos/2004/imagens/capitaocaverna.jpg
7 -Atividades:
Quando fazemos algo arriscado, perigoso, diz-se que estamos
“brincando com fogo”. As crianças são, muitas vezes,
advertidas pelos pais por quererem brincar com isqueiros,
fogueiras, fogões etc. Entretanto, as fogueiras são sempre
bonitas de ver e nos atraem. Em algumas festas, há
brincadeiras em que a diversão é justamente pular fogueira.
Como você explicaria a atração que o fogo exerce sobre os homens?____________________________________________________________________________________________________________________________________
Muito antes da era glacial, o homem já utilizava o fogo, mas sua
obtenção era difícil pois dependia de incêndios ocasionais nas
florestas. E o trabalho para conservá-lo era ainda maior. O
fogo tinha que ser mantido continuamente com gravetos e
galhos, porque constituía uma importante fonte de calor e de
luz. Além disso, facilitava a defesa contra os animais e
possibilitava o cozimento dos alimentos. Agora responda às
seguintes questões:
a) Qual a importância da descoberta da produção do fogo para os grupos humanos pré-históricos?
______________________________________________________________________________________________
b) O fogo ainda tem importância especial para a organização da vida cotidiana?
_______________________________________________ _______________________________________________
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A notícia abaixo foi publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 18 de abril de 1996. Leia-a e, em seguida, redija um pequeno texto respondendo às questões. [Lembre-se, também, do que você já estudou]
Homem viveu há 11 mil anos em cavernas na
Amazônia
Descobertas de vestígios humanos datados dessa época foram
relatadas na revista Science.
Escavações feitas numa caverna com as paredes pintadas, próximo de
Monte Alegre, na margem norte do Amazonas, trouxeram à tona
descobertas tão importantes (...) que valeram a seus autores a capa da
respeitada revista norte-americana Science. Foram encontradas lascas
de pontas de lança e de outras ferramentas, carvão de acampamentos
humanos e restos de alimentos, como frutas e animais, além de pedras
pintadas que atestam a presença de culturas indígenas no local durante
1200 anos a partir de 11 mil anos atrás, mesma época dos primeiros
vestígios humanos na América do Norte.Trecho de artigo de Martha San Juan França publicado em O Estado de São Paulo, 18 de abril de 1996.
http://quintoanotarde.blogspot.com/2008_06_01_archive.html
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a) Algo que ocorreu há 11 mil anos pode ser considerado pré-histórico? Justifique.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Há elementos no texto que indiquem tratar-se de homens que viveram na Pré-história? Quais?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) O texto fala da Pré-história da América? Justifique.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Rabos & pêlos
Darcy Ribeiro, antropólogo, educador e escritor (1922-1997), escreveu vários trabalhos sobre as culturas indígenas brasileiras. Teve participação política em vários momentos da história brasileira, ficou exilado entre 1964 e 1976. Foi responsável pela fundação da Universidade de Brasília e pela elaboração da lei que rege a educação no Brasil atualmente – a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Era conhecido por seu bom humor, evidente no texto a seguir.
Os homens em sua evolução foram ganhando coisas e perdendo coisas.
Algumas perdas foram graves. Os ganhos foram poucos.
O olfato, por exemplo, foi uma perda essencial. Qualquer bicho tem
faro melhor que o nosso, se orienta por ele para procurar comida e
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namorada. Andam até no escuro, guiados pelos cheiros. Grave, também,
foi a perda do focinho e o encolhimento da boca,
mas teve a vantagem de permitir que a gente abandonasse o hábito de
usar a boca antiga para carregar as coisas.
Para isso, começamos a usar as mãos, que também se
aperfeiçoaram com o polegar, que permite manipulações delicadas.
A perda do pelame foi lamentabilíssima. Um cachorro ou
um macaco, ao natural, quer dizer, nus, estão vestidos. Nós,
nuelos, provocamos escândalos. Isso porque nos faltam os pêlos,
que é a vestimenta natural dos seres. Sem eles, se tem que fabricar
roupa e também que ficar na moda, sobretudo as mulheres, o que fica
muito caro.
A perda mais grave, a meu juízo, foi a do belo rabão dos macacos.
Trocamos o rabo pela bunda acolchoada que temos. Mau negócio.
Nada nos podia ser mais útil do que bons rabos. Com eles, nos
verteríamos em primatas desbundados. A única vantagem que trouxe foi
nos dar a possibilidade de usar cadeiras para sentar, mas não seria ruim
sentar no rabo enrodilhado no chão. Pense só na beleza que seria
passear, pulando de galho em galho, com a garantia que o rabo dá para
se equilibrar. Melhor, ainda, seria nas fábricas, nas escolas, em toda
parte, os seres providos de rabos teriam os pés e as mãos livres para
fazer coisas. A professora, por exemplo, ficaria controlando a turma,
pendurada pelo rabo no lustre. Em lugar das carteiras, teríamos traves,
de parede a parede, onde o pessoal se dependuraria, liberando as patas
e as mãos para o trabalho. Dependurado nas traves, você podia segurar
o livro com a mão esquerda, pegar a caneta com a mão direita, usar a
pata esquerda para consultar o dicionário e, ainda, a pata direita para
coçar a orelha. Formidável, não é?
A perda mais radical foi a da posição quadrúpede,
que usamos durante muitos milhões de anos, para
a posição ereta. Como quadrúpedes, púnhamos as
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quatro patas no chão, o que dava muito mais solidez.
Sobre duas patas, ficamos sempre meio desequilibrados e, depois,
quando se perde uma, fica muito complicado viver e trabalhar. A
conseqüência principal da adoção da posição bípede foi a dor ciática,
que castiga demais os velhos. É uma dor terrível no traseiro. Dizem que
é a saudade da nossa posição
quadrúpede, porque, enquanto tínhamos quatro
patas no chão, as vísceras se dependuravam na
espinha, postas em posição vertical. Levantando
os braços, as vértebras se comprimem umas nas outras, o que provoca
aquela dor insuportável. O ganho único foi a possibilidade de subir
escadas. Você acha que valeu a pena?
RIBEIRO, Darcy, ZIRALDO. Noções de coisas. São Paulo: FTD, 1995. p.48-9.
Vocabulário:
Bípede: que anda sobre dois pés.
Dor ciática: dor no nervo na região do quadril.
Enrodilhado: enrolado.
Ereta: direita, erguida.
Manipulações: ato ou modo de preparar com a mão.
Pelame: a pele dos animais; o pêlo.
Quadrúpede: aquele que tem quatro pés.
Trave: viga usada para sustentar uma construção.
Verter: transformar.
Vértebras: cada um dos ossos que formam a espinha dorsal dos vertebrados.
Vísceras: órgãos internos.
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Compreendendo o texto:
Qual o assunto do texto?_____________________________________________ _____________________________________________
_____________________________________________
De qual trecho você mais gostou? Justifique._______________________________________________________________________________________________________________________________________
Faça uma lista do que os homens ganharam e perderam em sua evolução segundo o autor. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________
Você concorda com o autor que, durante a evolução de nossa espécie, perdemos mais do que ganhamos? Por quê? ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________
____________________________________________
8 - Sobre o filme:
Ao assistir ao filme “A guerra do fogo”, quais os momentos que lhe chamaram mais atenção? Justifique: ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________
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9 – 1492 – A CONQUISTA DO PARAÍSO
http://br.i1.yimg.com/br.movies.yimg.com/cinemateca/fotos/10042ctz_aol.jpg
Conteúdo: As grandes navegações
Objetivos: Compreender o impacto da conquista européia sobre as
populações nativas da América e sobre a própria mentalidade dos europeus da
época.
Recursos: TV e DVD
Organização do Trabalho: As atividades serão desenvolvidas
individualmente e em grupo.
Procedimentos: Antes da exibição do filme, informar somente aspectos
gerais do filme (duração, personagens principais, música). Não interpretar
antes da exibição, deixando para que cada aluno possa fazer a sua leitura.
Durante a exibição anotar as cenas mais importantes e sendo necessário,
interromper a projeção, voltar o filme, repetir algumas cenas e fazer um rápido
comentário. Depois da exibição, rever as cenas mais importantes ou difíceis,
chamando atenção para a trilha musical, situações consideradas mais
importantes e fazer comentários juntamente com os alunos, uma conversa
sobre o filme, tendo o professor como mediador. Depois do término da análise
do filme, passar para o aluno a ficha técnica contendo as informações do filme
e um texto sobre A conquista da América, para que ele consiga desenvolver
o trabalho.
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10 - FICHA TÉCNICA
Título Original: 1492 The Conquest of ParadiseLa Guerre du Feu
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 155 minutos
Estúdio: Paramount Pictures / Gaumont / Cyrk / Due West / French Ministry of
Culture and Communication / Légende Enterprises / Spanish Ministry of Culture
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Roselyne Bosch
Música: Vangelis
Direção de Fotografia: Adrien Biddle
Desenho de Produção: Norris Spencer
Direção de Arte: Martin Hitchcock, Antonio Patón, Kevin Phipps e Luke Scott
Figurino: Charles Knode e Barbara Rutter
Edição: William M. Anderson, Françoise Bonnot, Leslie Healey, Armen
Minasian e Deborah Zeitman
Efeitos Especiais: The Computer Film Company
Sinopse:
A viagem de Cristóvão Colombo, que acreditava ser possível atingir "el levante
por el poniente", ou seja, o Oriente navegando para o Ocidente, é o cenário
épico desse filme de Ridley Scott.
A odisséia de Colombo está presente no filme através do cotidiano
desgastante, dos motins da tripulação e de toda incerteza que cercava uma
expedição daquela época quanto ao rumo e ao prosseguimento da viagem.
Sem apoio financeiro de Portugal, a maior potência da época, Colombo dirigiu-
se à Espanha e associou-se aos irmãos Pinzon, recebendo ainda uma ajuda
dos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Com uma nau
(Santa Maria) e duas caravelas (Pinta e Nina), o navegador de origem
controversa (genovês ou catalão) partiu do porto de Palos em 3 de agosto de
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1492 fazendo escala nas ilhas Canárias para reparo de uma das embarcações.
Em 12 de outubro do mesmo ano avistou a ilha de Guanani (atual São
Salvador). Sem duvidar que estava no Oriente, realizou ainda mais quatro
viagens, tentando encontrar os mercados indianos.
O filme focaliza também espírito vanguardista de Colombo, suas negociações
com a coroa espanhola e a tentativa de estabelecer colônias na América,
retratando até a velhice, aquele que é considerado um dos navegantes mais
ousados de sua época.
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Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente
portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.
Os objetivos
No século XV, os países europeus que quisessem comprar
especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com aces- so aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha de- sejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Um outro fator importante, que estimulou as navegações
nesta ]época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com oaumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos.
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Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época.
Planejamento das Navegações
Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada,
principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e , portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo. Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência. Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mer- cadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.
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Navegações Espanholas
A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas
deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Fernando e Isabel financiam as viagens de Cristóvão Colombo, que descobre a América em 1492 e dá início a um vasto império colonial espanhol no Novo Mundo. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América ( maias, incas e astecas), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.
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Civilização Maia
O povo maia habitou a região das florestas tropicais das atuais
Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e IX a.C. Nunca chegaram a formar um império unificado, fato que favoreceu a invasão e domínio de outros povos. As cidades formavam o núcleo político e religioso da civilização e eram governadas por um estado teocrático.O império maia era considerado um representante dos deuses na Terra. A zona urbana era habitada apenas pelos nobres (família real), sacerdotes ( responsáveis pelos cultos e conhecimentos), chefes militares e administradores do império (cobradores de impostos). Os camponeses, que formavam a base da sociedade, artesão e trabalhadores urbanos faziam parte das camadas menos privilegiadas e tinham que pagar altos impostos. A base da economia maia era a agricultura, principalmente de milho, feijão e tubérculos. Suas técnicas de irrigação eram muito avançadas. Praticavam o comércio de mercadorias com povos vizinhos e no interior do império. Ergueram pirâmides, templos e palácios, demonstrando um grande avanço na arquitetura. O artesanato também se destacou: fiação de tecidos, uso de tintas em tecidos e roupas. A religião deste povo era politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. Elaboraram um eficiente e complexo calendário que estabelecia com exatidão os 365 dias do ano. Assim como os egípcios, usaram uma escrita baseada em símbolos e desenhos (hieróglifos). Registravam acontecimentos, datas, contagem de impostos e colheitas, guerras e outros dados importantes.
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Desenvolveram muito a matemática, com destaque para a invenção das casas decimais e o valor zero. Na época da chegada do colonizador espanhol (final do século XV), a civilização maia estava em processo de dominação pelos astecas.
Civilização Asteca
Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México
entre os séculos XIV e XVI. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco.
A sociedade era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Esta camada mais baixa da sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os convocava para trabalhos em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides). Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser for mado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O império começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os espanhóis dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro desta civilização. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas minas de ouro e prata da região.
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Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as chinampas (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate, cacau etc. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas por este povo. O artesanato a era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com pinturas. A religião era politeísta, pois cultuavam diversos deuses da natureza (deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e uma deusa representada por uma Serpente Emplumada. A escrita era representada por desenhos e símbolos. O calendário maia foi utilizado com modificações pelos astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia. Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos.Estes,eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes. A história da conquista do Império Asteca pelos espanhóis teve início em fevereiro de 1519, quando Hernán Cortés desembarcou na Península de Yucatán, combinando violência e habilidade, prendeu o imperador asteca, Montezuma, e saqueou a cidade Tenochtitlán.
Civilização Inca
Os incas viveram na região da Cordilheira dos Andes
(América do Sul) nos atuais Peru, Bolívia, Chile e Equador. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de Cuzco (que significava “umbigo do mundo”). Foram dominados pelos espanhóis em 1532.
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O imperador, conhecido por Sapa Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade era hierarquizada e formada por: nobres (governantes, chefes militares, juízes e sacer- dotes), camada média ( funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa (artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao rei em mercadorias ou com trabalhos em obras públicas. Na arquitetura, desenvolveram várias construções com enormes blocos de pedras encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Machu Picchu foi descoberta somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura era extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus formados nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão, milho (alimento sagrado) e batata. Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou- se pela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias. Domesticaram a lhama (animal da família do camelo) e utilizaram como meio de transporte, além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eram criadas. A religião tinha como principal deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagra- dos como o condor e o jaguar. Acreditavam num cria- dor antepassado chamado Viracocha (criador de tudo). Criaram um interessante e eficiente sistema de contagem : o quipo. Este era um instrumento feito de cordões coloridos, onde cada cor representava a conta gem de algo.Com o quipo, registravam e somavam as colheitas, habitantes e impostos. Mesmo com todo desen- volvimento, este povo não desenvolveu um sistema de escrita.
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ATIVIDADES Conceitos e Noções
Expansão Marítima
Leia um texto do pesquisador brasileiro Adauto Novaes, que organizou um ciclo de conferências sobre as grandes navegações:
O momento das descobertas foi também o momento das
rupturas. Ao lado das invenções técnicas, que permitiram as
aventuras dos navegantes, transformações nas estruturas
materiais e mentais deram início ao que a filosofia e a história
chamam de “liberação do indivíduo”, tirando-o do anonimato
medieval: “divinização do homem e humanização de Deus”. Com o
nascimento da idéia de indivíduo, surge um novo homem que se
pretende autônomo. É essa autonomia que permite a construção,
por meio da experiência, de uma nova ordem econômica e política
que se contrapõe, no plano das idéias, ao caráter
ideológico dominante.
Vemos, na circunavegação, a criação do grande pro
cesso de circulação: surgimento do espírito capitalista,
com a circulação da mercadoria e da moeda; ao mesmo tempo
que o gosto do risco nas navegações se afirma, aparece o
primeiro esforço para organizá-lo racionalmente através de
contratos de seguro, fundação das bolsas e dos grandes bancos.
NOVAES, Adauto. Experiência e destino. In: ______ (org). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 10-1
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Segundo o autor, qual a relação entre as navegações e as mudanças materiais e mentais na sociedade européia?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Mudanças e Permanências O trecho abaixo descreve o primeiro contato de Colombo
com os habitantes da América. A partir da leitura, identifique descrições que ainda hoje são usadas por não-indígenas quando se referem aos indígenas ou aponte descrições divergentes.
“ (...) vieram nadando até os barcos dos navios onde
estávamos, trazendo papagaios e fio de algodão em
novelos e lanças e muitas outras coisas, que trocamos por
coisas que tínhamos conosco, como miçangas e guizos.
(...) Andavam nus como a mãe lhes deu à luz; inclusive as
mulheres, embora só tenha visto uma robusta rapariga. E
todos os que vi eram jovens nenhum com mais de trinta
anos de idade: muito bem-feitos, de corpos muito bonitos
e cara muito boa; os cabelos grossos, quase como o pêlo
do rabo de cavalos, e curtos (...). Todos, sem exceção, são de
boa estatura, e fazem gesto bonito, elegantes. (...). Devem ser
bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a
gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu
que não tinham nenhuma religião”.
(Cristóvão Colombo. In: Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Trad. Milton Persson. Porto Alegre, L&PM, 1999. p. 52-53)
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___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________
Relacionando Passado e Presente Portugal e Espanha quase guerrearam entre si por causa dos interesses políticos e econômicos em torno da posse das novas terras americanas. Esse tipo de disputa ainda marca as relações internacionais? Cite alguns motivos de conflitos entre os países do mundo contemporâneo.
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Desenvolvendo Atitudes A partir do século XV, a sociedade européia sofreu grandes transformações provocadas pelas inovações téc- nicas na “arte de navegar”. Atualmente a tecnologia insere-se, cada vez mais, no cotidiano das pessoas. Aponte alguma das inovações tecnológicas atuais e responda: a tecnologia atinge a todos da mesma manei- ra? Por quê? __________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Trabalhando com Documentos
Este primeiro documento que você vai ler é de origem maia. Foi retirado de uma obra conhecida como Livro dos livros de Chilam Balam. Contém antigas tradições; mitos e costumes maias, do século V à época da chegada dos espanhóis. Traz o que parece ser uma profecia feita pelos sacerdotes maias, sobre a chegada dos europeus à América. Mas não se sabe com certeza se esse trecho foi escrito antes (como uma previsão) ou depois da chegada dos espanhóis.
Chegaram os estrangeiros de barbas avermelhadas, os filhos do
sol, os homens de pele clara. Ah! Entristecemo-nos porque
chegaram ! Do Oriente vieram quando chegaram a esta terra os
barbudos, os mensageiros do sinal da divindade, os estrangeiros
da terra [...] Ah! Entristecemo-nos porque vieram, porque
chegaram os grandes amontoadores de pedras [...] os que soltam ~
fogo pela extremidade do braço [...]
Livro dos livros de Chilam Balam. In: Ciências sociales. Madri: McGraw-Hill, 1996.p.131
Este segundo documento é um trecho do diário de bordo de Cristóvão Colombo. Foi escrito no ano de 1492, a bordo do navio que o conduziu à América, e compilado anos mais tarde pelo frei Bartolomeu de Las Casas. O navio avistou terra firme no dia 11 de outubro, uma das ilhas das Bahamas, que ele denominou San Salvador; no dia seguinte, a tripulação fez seu primeiro contato com a população local. Os trechos reproduzidos abaixo trazem a impressão do navegador diante de sua “descoberta”.
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Os índios vinham nadando até as barcas do navio onde
estávamos. E nos traziam papagaios e fios de algodão em
novelos e muitas outras coisas mais, e trocavam-nas conosco por
outras coisas que lhes dávamos [...]. Me pareceu que era gente
muito pobre. Andavam todos nus como sua mãe os pariu, e
também as mulheres. [...] E todos os que eu vi eram mancebos,
não vi nenhum de idade de mais de 30 anos. Muito bem feitos,
de corpos muito charmoso e aparências muito boas; os cabelos
grossos quase como sedas de cauda de cavalos, e curtos [...]. Eles
não trazem armas nem as conhecem, pois lhe mostrei espadas, e
eles as tomaram pelo fio, e se cortavam com ignorância. Não
tinham nenhum ferro. [...] E creio que rapidamente se fariam
cristãos, pois me pareceu que não tinham nenhuma seita. [...]
levarei daqui, na época da minha partida, seis deles a Vossa
Alteza, para que aprendam a falar. ( 12 out 1492)
Diário de Colombo. In: Livro da primeira navegação e descobrimento das Índias. Madri: Biblioteca Americana Vetustíssima, 1962.p.9-10
Leia atentamente os dois textos. Depois, tente respon- der:
a) Como os mesoamericanos viram a chegada dos espa- nhóis, de acordo com o primeiro texto?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) O que significa “amontoadores de pedras”? _______________________________________ ______________________________________ ____________________________________ ___________________________________
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c) Qual o significado da expressão “soltar fogo pela extremidade dos braços”, utilizada pelos maias ao se referirem aos espanhóis? __________________________________________
__________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________
d) Como os americanos caracterizam os europeus? Por quê?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
e) Como Colombo caracteriza os habitantes da América? Qual a sua opinião a respeito dessa caracterização? __________________________________________ _________________________________________ ______________________________________ ____________________________________ ____________________________________
f) Colombo faz algumas deduções antes mesmo de conhecer melhor aqueles que encontrou. Que deduções são essas?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Sobre o filme: Indique as cenas e imagens que mais lhe chamaram atenção e justifique.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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14 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Milton José de. Imagens e sons: a nova cultura oral. São Paulo: Cortez, 2004.
BLASCO, Pablo González. Educando a afetividade através do cinema. Curitiba: IEF, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.
CARVALHO, José Murillo de. A nova historiografia e o imaginário da República. Revista do Programa da Pós-Graduação em História. Porto Alegre,UFRGS, n. 3, 1995.
CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 97-113, 1994.
COSTA, Antonio. Compreender o cinema. São Paulo: Globo, 1989.
COTRIM, Gilberto. Saber e fazer História. São Paulo: Saraiva, 2005
______________ História global. 8. ed. São Paulo: Saraiva 2005
DREGUER, Ricardo. História: conceitos e procedimentos, 6ª série. São Paulo: Atual, 2006.
FERREIRA, Oscar Manuel de Castro. Recursos audiovisuais no processo ensino-aprendizagem. São Paulo: EPU, 1986.
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