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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE … · professores de Historia, Geografia e Sociologia, percebi que eles desconheciam totalmente a importância da cultura da hortelã

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

NUCLEO DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO PARANÁ PDE.

A HORTELÃ E A IMPORTÂNCIA DO SEU CICLO ECONÔMICO NO PARANÁ (DÉCADAS DE 60 A 70)

CURITIBA 2012

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

NUCLEO DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA-PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE

A HORTELÃ E A IMPORTÂNCIA DO SEU CICLO ECONÔMICO NO PARANÁ (DÉCADAS DE 60 A 70)

CURITIBA 2012

Artigo apresentado à Secretaria de Estado da Educação como requisito para conclusão de estudo, no Programa de desenvolvimento Educacional PDE Orientador prof Dr Dennison de Oliveira

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

NUCLEO DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor: Luis Carlos Bueno

Área: História

NRE: Curitiba

Professor Orientador IES: Prof Dr Dennison de Oliveira

IES vinculada: UFPR

Escola de Implementação: Colégio Estadual Domingos Zanlorenzi

Público objeto de intervenção: Professores de História, Geografia e Sociologia.

Sobre o autor

Luis Carlos Bueno

Professor no colégio Estadual Domingos Zanlorenzi, licenciado em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari FAFIMAN. Pós Graduado em Ciências Políticas pela Faculdades Integradas Espíritas.

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RESUMO

Existe uma grande lacuna na história econômica do Paraná. Não encontramos documentos, livros, que possam nos mostrar a verdadeira importância que a cultura da hortelã trouxe para o Estado, principalmente para a região noroeste. Devido a falta desses registros, os professores de História e de Geografia da capital e região metropolitana, nunca ouviram falar dessa cultura, uma vez que não se produzia por aqui e foi extinta no Paraná há mais de quarenta anos.

A importância da hortelã, como produto industrial, reside no óleo essencial, extraído por destilação a vapor, de largo emprego na indústria alimentícia e farmacêutica. Porém, mais importante que a sua aplicação industrial e comercial, foi o efeito que provocou no desenvolvimento e na colonização da região noroeste do Paraná nas décadas de 60 e 70. Essa região, recém desmatada inviabilizava qualquer tipo de cultura, porém, segundo SANTOS e OLIVEIRA (1961), era ideal para o cultivo da hortelã, uma vez que a principal característica da lavoura é o seu desenvolvimento em terrenos de derrubada recente de matas, atravancados por troncos e galhos de árvores.

Com a cultura da hortelã grandes fortunas foram feitas trazendo consigo o desenvolvimento da região noroeste paranaense, tendo cidades que se destacaram no cenário internacional, como Barbosa Ferraz (PR) que obteve o título de capital mundial da hortelã nos anos 60.

Como existem poucos registros do tema em questão, faz-se necessário a pesquisa e sua ampla divulgação e registro nos livros de história para que não caia no esquecimento, e esteja apenas na memória daqueles que vivenciaram o período histórico.

ABSTRACT

There is a wide gap in the economic history of Parana. We did not find any documents, books that can show us the true importance that culture has brought to the Mint State, especially to the northwest region. Due to lack ofrecords, teachers of history and geography of the capital and metropolitan region, have never heard of that culture, since it is not produced here andbecame extinct in Paraná for over forty years.

The importance of mint, such as industrial product lies in the essential oilextracted by steam distillation of wide use in food and pharmaceutical industries. But more important than its industrial and commercial, was the effect that resulted in the development and colonization of the northwestern region of Paraná in the 60s and 70s. This region, recently clearedprecluded any kind of culture, however, according to Santos and

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Oliveira,was ideal for growing mint, since the main feature of agriculture is its development on land recently cleared of bushes, and encumbered by trunks tree branches.With the culture of mint great fortunes were made bringing the development of the northwestern region of Paraná, and cities who have excelled in the international arena, as Barbosa Ferraz (PR) who obtainedthe title of world capital of mint in the 60s.As there are few records of the topic, it is necessary to research and its wide dissemination and record in the history books lest he fall into oblivion, and is only in memory of those who experienced the historical period.

INTRODUÇÃO

A História Oficial, tradicionalmente, tem sido transmitida como feito dos grandes

personagens, porém, se ela fosse vista do ponto de vista do”coadjuvante”, com certeza

não seria a mesma.

Quando fui classificado no programa PDE, tive a idéia de pesquisar mais

profundamente sobre a cultura da Hortelã, porque nas conversas com os colegas

professores de Historia, Geografia e Sociologia, percebi que eles desconheciam

totalmente a importância da cultura da hortelã para o desenvolvimento do Noroeste

Paranaense, alguns ignoravam até sua existência.

O interesse pelo tema se deu pelo fato de ter vivenciado na minha infância a

fase final do beneficiamento da hortelã no bairro Urtiguinha, município de Barbosa

Ferraz (década de 60). Meu falecido pai trabalhava com essa cultura, primeiro como

arrendatário, depois como proprietário de terras. Algumas vezes eu ia até ao alambique

ou nas lavouras (roças) levar almoço, café da tarde ou jantar me lembro que quando

eles abriam a pipa para jogar os restos da rama para ser queimada ou jogada nos rios,

córregos, saia uma fumaça muito ardida.

Minha pesquisa começou na internet. Procurei a origem dessa planta, por onde

entrou no Brasil e principalmente no Paraná. Sabendo disso fui até o estado de São

Paulo no município de Paraguaçú Paulista, na fazenda São Bartolomeu. Conversei com

parentes do senhor Akira Sakai, pioneiro dessa cultura, que em 1936 trouxe as

primeiras mudas originárias da China. Em 1942 algumas mudas foram levadas para o

interior do estado do Paraná município de Ribeirão do Pinhal na fazenda Santa Julia.

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A partir de então, se espalhou rapidamente por varias regiões do Paraná, e por

volta dos anos 60 chegou a Barbosa Ferraz que é o foco principal do meu trabalho.

Na prefeitura da cidade colhi algumas informações e fui fazer a pesquisa de

campo, tirei fotos para comparar com as fotos antigas como era a paisagem antes e

agora. Conversei com agricultores antigos da região sobre a cultura e eles relataram a

riqueza da época. Havia bastante gente nos bairros, nas fazendas, nos sítios da região

e, como o serviço dessa cultura era todo manual, exigia muita mão de obra. Em

qualquer lugar era fácil arrumar serviço e também era algo comum caminhões

chegando, trazendo gente de perto e também de longe, de outros estados.

Também conversei com antigos comerciantes da região, que em seus relatos me

contaram como o dinheiro circulava na região. Segundo eles, a compra do óleo era feita

diretamente com o produtor, sem nenhuma fiscalização, nem nota fiscal. Era um

monopólio sem escrúpulo, onde as empresas compradoras pagavam o que queriam

aos agricultores, que mal sabiam o valor de seu produto. De acordo com depoimentos

de antigos produtores, na época não havia pontes nos rios da região o que dificultava

bastante o transporte e o pagamento desse produto, uma vez que não existiam bancos

na cidade de Barbosa Ferraz. Contaram também que algumas vezes, um avião com

vôos rasantes jogavam malotes de dinheiro no campo de futebol para que a empresa

pudesse efetuar o pagamento aos produtores. Era tanto dinheiro que eles tinham uma

forma peculiar de fazer o sinal da cruz; “cuca fresca, barriga cheia, talão de cheques do

“Bradesco”, caneta “Parker” e “tatuzinho”(marca de aguardente).

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Essa foto foi tirada na década de 60, e mostra uma família nordestina transportando a rama de

menta, com a carroça puxada por burros e mulas, notem que ao fundo brotas de arvores e

restos de madeira que sobraram das queimadas e todos fazendo pose para a foto.

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Essa foto da década de 60 mostra uma família paulista fazendo o transporte da rama utilizando um pequeno caminhão.

O combustível utilizado era gasolina, pois na época ainda não existiam caminhões a diesel no Brasil,o motorista Miguel de

Campos, e o dono da lavoura o Sr Mario Sotocorno, fazendo pose para a foto. Notem que ao fundo uma casa de alvenaria

sendo construída, o que não era comum na época,pois as casas eram construídas com madeiras que retiravam do local

onde se plantava a Hortelã.

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Foto da década de 60 mostra um forno de um alambique,onde se colocava fogo em

troncos de madeira, a rama da hortelã era cozida em uma caldeira, e o vapor passava por uma

serpentina, que era resfriada com água corrente e vapor se condensava transformando-se em

óleo.

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Essa pesquisa serviu como base para a minha monografia no curso de Pós

Graduação, e posteriormente como projeto no curso Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE).

O procedimento inicial de apresentação do projeto aos professores foi através de

eventos que ocorrem todo ano na rede publica de educação: a semana pedagógica e

os Dbs Itinerantes (encontro de professores coordenados pela secretaria de educação).

Esses eventos promovem momentos de reflexão e de estudos entre os professores.

Na semana pedagógica tive a oportunidade de, em uma reunião com todos os

segmentos do colégio Domingos Zanlorenzi, explanar melhor sobre o projeto, explicar o

processo de produção desde a derrubada da mata, o preparo do solo, o plantio, os

tratos culturais, a colheita, o transporte do óleo, e para que fins era destinado. Pude

perceber o interesse e a curiosidade que o tema despertou em um número grande de

professores e funcionários, mesmo os que atuam em áreas não afins.

O material que utilizei em nossos encontros foram os seguintes: em reunião com

todos os funcionários do colégio foi utilizado o data show, preparei alguns slides da

época, e, um outro do momento atual para que eles pudessem perceber as mudanças

ou transformações ocorridas, tanto na paisagem, como também nas condições em que

viviam os camponeses da época: condições de moradias, estradas, as pontes, as

balsas, que quando os rios enchiam ficavam vários dias sem poder atravessar os rios da

região, etc.

Nos encontros com professores de História, Geografia e Sociologia, mostrei o

meu projeto impresso, tirei algumas cópias para eles utilizarem com seus alunos, e no

decorrer das conversas fomos discutindo passo a passo todo o conhecimento que pude

transmitir a eles e também receber algumas informações, e assim pudemos trocar

informações, e que na minha opinião foi muito lucrativo.

Em outro momento com os professores agrupados por disciplinas, tivemos a

oportunidade de conversar sobre o projeto de uma forma diferente. Aos professores de

História, relatei a eles como essa cultura chegou ao Paraná, qual foi a sua importância

para a economia paranaense, como essa cultura mexeu com a vida dos imigrantes

(paulistas, mineiros, baianos, gaúchos etc) que deixavam suas famílias e se dirigiam

àquela região para trabalhar, e com o passar do tempo de empregados, muitos ou a

maioria deles, se tornaram grandes ou pequenos proprietários de suas terras.

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Aos professores de Geografia, conversamos sobre a mudança na geografia local,

de como a mata virgem se transformou em lavouras de Hortelã e, depois de uns quatro

ou cinco anos davam lugar as imensas lavouras de café. De como através dessas

riquezas foram surgindo as grandes e pequenas cidades ( Londrina, Maringá, Campo

Mourão, Cascavel Apucarana, Arapongas). E que depois do ano de 1975, com a forte

geada que assolou o sul do Brasil, a erradicação das cafezais deu origem a uma nova

cultura: a soja. Esta nova cultura não necessitava de tanta mão-de-obra, o que provocou

um grande êxodo de agricultores para estados vizinhos ou para as grandes cidades.

Aos professores de Sociologia, pudemos mostrar as relações de trabalho. As

diferentes formas de contratos: existiam os que eram contratados para trabalhar como

diaristas, outros como arrendatários, meeiros, porcenteiros, trabalhadores temporários,

etc. Alguns deixaram de ser empregados adquirindo propriedades e se fixaram

definitivamente na região e , de maneiras diferentes uns dos outros contribuíam para o

desenvolvimento da região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi muito interessante e gratificante participar desse projeto, principalmente por

tudo que aprendi durante essa pesquisa. Acredito que com esse projeto, um novo

capítulo possa ser acrescentado aos livros de história do Paraná e que não fique apenas

na memória dos que vivenciaram o momento histórico.

Este projeto é um instrumento que poderá ser utilizado para levar ao

conhecimento dos professores de História do Paraná a importância da cultura da menta

para a região, sua contribuição financeira e histórica. Aos professores de Geografia, a

transformação da paisagem local, da mata virgem para as lavouras e finalmente em

cidades. Aos professores de Sociologia as relações de trabalho, passando do sistema

agrícola para a urbanização e a industrialização.

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Rerências bibliográficaBANDONI, A. L.; CZEPACK, M. P. Os recursos vegetais aromáticos no Brasil.Vitória: Edufes, 2008.

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