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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

EDILAINE APARECIDA DELAMUTA VANZELA

O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

SANTA MARIANA, PARANÁ2012

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O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação, como requisito Final para aprovação, realizado pela Professora Pedagoga Edilaine Aparecida Delamuta Vanzela, sob a orientação d Professor Ms. João Vicente Hadich Ferreira, da Universidade Estadual Norte do Paraná, Campus de Cornélio Procópio, Estado do Paraná.

SANTA MARIANA, PARANÁ2012

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O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

Edilaine Aparecida Delamuta Vanzela1

Orientador IES: João Vicente Hadich Ferreira

RESUMO

A partir da ressignificação da função de Supervisor de Ensino e do Orientador Educacional, os pedagogos vivenciam um processo de negação e estigmatização somados a outros conflitos que, de certa forma, ocasionam desconforto, inquietações e crise de identidade profissional. Ao pedagogo, muitas vezes é atribuído, o fracasso na educação gerando em alguns casos atitudes de desmotivação. Assim, o objetivo desse artigo é contribuir para o entendimento do perfil do Pedagogo na escola pública. As respostas para estes questionamentos foram buscadas em pesquisa bibliográfica de autores como Saviani (1995); Líbano (2001); Fank (2006) e outros. Na prática, foi realizada pesquisa junto aos profissionais de ensino do Colégio Estadual Joaquim Maria machado de Assis Ensino Fundamental e Médio, no município de Santa Mariana, PR. Como resultado constatou-se que a multiplicidade de função apontado por cerca de 90% dos participantes é um dos fatores que dificulta o desempenho das ações. Outro fator está relacionado à falta de autonomia apontada por 100% dos participantes. Já, os professores, cobram da equipe técnica pedagógica, mais desempenho e apoio na solução das dificuldades que interferem na qualidade do ensino. Diante desses resultados pode-se concluir que há necessidade de uma aproximação mais efetiva, da equipe diretiva, da equipe técnica pedagógica e dos professores, para a definição em conjunto, do papel que realmente compete a cada profissional.

Palavras chave: Papel do pedagogo, Pedagogia, Multiplicidade de função

ABSTRACT

In the history of pedagogy, from the redefinition of the role of Supervisor of education and counselor education, experience a process of denial and stigmatization added to other conflicts that somehow cause discomfort, uneasiness, and above all professional identity crisis. To pedagogue is often attributed the failure

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in education in some cases generating attitudes of discouragement. The objective of this paper is to contribute to the understanding of the profile of the pedagogue in public schools. The answers to these questions were sought in literature by authors such as Saviani (1995), Libâneo (2001); Fank (2006) and others. In practice, a survey was conducted with professionals teaching the Colégio Estadual Joaquim Maria Machado de Assis Elementary and High School, in Santa Mariana, PR. As a result it was found that the multiplicity function pointed to by about 90% of the participants is a factor that hinders the performance of shares. Another factor is related to the lack of autonomy reported by 100% of the participants. Already, teachers are asking for more support for staff teaching technique for solving the problems affecting the quality of education. From these results we can conclude that there is need for a review of concepts and a more effective, the management team, technical team of teachers and teaching, that the discourse on the importance of democratic management, is effectively put into practice with the participation of the entire school community, defining together the paper it is for each one.

Keywords: Role of the pedagogue, pedagogy, Multiplicity of function

INTRODUÇÃO

Considerando o trabalho pedagógico no Colégio Estadual Joaquim Maria

Machado de Assis e em outras escolas, entende-se os pedagogos tem vivenciado

um processo de negação e estigmatização, gerado a partir das concepções que

muitos professores projetam sobre os papéis desempenhados no campo do “saber

fazer”. À Tais concepções adicionam-se outros conflitos, que desqualificam e

descaracterizam a imagem do Pedagogo, ocasionando, de certa forma, desconforto,

inquietações e, sobretudo, uma crise de identidade profissional, a quem é atribuído,

muitas vezes, o insucesso/fracasso na educação.

Observa-se que a partir da ressignificação da função do Supervisor de Ensino

e do Orientador Educacional, parece que o profissional desta área foi de súbito

acometido da crise de significados, constantemente expressa através de atitudes de

indiferença advindas de outros profissionais da escola. Nesta perspectiva, e diante

das resistências geradas por esses fatores, observa-se nos pedagogos atitudes de

isolamento, seguida de desmotivação. É fato que, também é explicita a busca de

superação das problemáticas postas na forma de contínuas reflexões sobre sua

prática, com o intuito da efetivação do trabalho coletivo, tão necessário para o

sucesso da escola pública.

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Assim, este artigo tem como objetivo geral contribuir para o entendimento de

qual seria o perfil do Pedagogo na escola pública, a partir de respostas para

questionamentos como: Por que há uma crise de significados tanto para os

pedagogos, quanto para a escola? Existirá uma concepção hegemônica sobre a

formação do pedagogo tanto na academia quanto na escola? Tais repostas serão

buscadas por meio de pesquisa bibliográfica de autores como Saviani (1995);

Líbano (2001); FANK (2006) e outros que descrevem sobre o assunto. Como

complemento da pesquisa buscou-se também, num segundo momento, conhecer o

ponto de vista do professor, por meio de um questionário com questões relativas ao

papel do mesmo na organização do trabalho pedagógico no espaço escolar do

Colégio Estadual Joaquim Maria machado de Assis Ensino Fundamental e Médio do

município de Santa Mariana, PR.

.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

O desenvolvimento de todas as ações de intervenção será subsidiado por

referências de autores progressistas que trabalham as temáticas da identidade

profissional do pedagogo, tais como: Demerval Saviani, José Carlos Libâneo, Selma

Garrido Pimenta, entre outros, além de documentos oficiais como as DCEs, textos

trabalhados nas Jornadas pedagógicas, DEB Itinerante. Os documentos do Colégio

serão analisados e discutidos (PPP e PPC e PTD) .

Há anos, as instituições de ensino contam, em seu quadro de pessoal, com o

pedagogo como profissional, especialista de educação. No entanto, essa presença

não tem conseguido interferir significativamente na qualidade dos serviços que a

escola vem prestando à sociedade.

A ação do pedagogo junto aos professores tem se revelado insuficiente,

inadequada, pouco expressiva, talvez porque, ao sair da faculdade, ele parece estar

apto a pensar criticamente a educação sem, no entanto, saber fazê-la.

O desafio fundamental que se põe para o pedagogo, hoje, extrapola as esferas

especificamente pedagógicas, situando-se na contradição central da sociedade

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moderna, que, por um lado desenvolve numa escala sem precedentes as forças

produtivas humanas, e por outro lança na miséria contingentes cada vez mais

numerosos de seres humanos.

O reconhecimento e efetivação do papel do pedagogo depende do

reconhecimento da intencionalidade e especificidade do trabalho pedagógico junto a

comunidade escolar. Portanto o envolvimento do pedagogo com questões do dia-a-

dia escolar não deve extrapolar seu tempo e espaço do fazer pedagógico.

[...] Mas muito pouco tempo é destinado ao processo de transmissão-assimilação de conhecimentos elaborados cientificamente. Cumpre reverter essa situação. Vocês, pedagogos, tem uma responsabilidade grande nesse esforço de reversão. Enquanto especialistas em pedagogia escolar cabe-lhes a tarefa de trabalhar os conteúdos de base científica, organizando-os nas formas e métodos mais propícios à sua efetiva assimilação por parte dos alunos (SAVIANI 1985, p.28).

As discussões em torno do papel do pedagogo, trazem a necessidade de

mudança de postura diante dos problemas enfrentados no cotidiano escolar, pois

conforme aponta Fank,

[...] ao pedagogo não cabe mais o papel que vinha se atribuindo a ele, ou seja, o de bombeiro, de enfermeiro, de psicólogo, entre outros. É preciso examinar se sua atuação articula-se com todos os envolvidos no processo pedagógico, havendo uma multidimensão de seu papel: social, política, cultural, mas não numa plurifunção (FANK, 2006, p.3).

Aquele pedagogo que não se posiciona politicamente e que se diz imparcial,

não conseguirá formar sujeitos autônomos. Ele apenas reproduz o que lhe é

mandado e tem medo de se indispor com a equipe pedagógica caso acabe tendo

um posicionamento ou opinião diferente das ideias dos demais. Esse sujeito não tem

postura pedagógica, e ter postura não é ser autoritário, mas é saber ouvir para se

posicionar e tomar medidas coerentes com o tipo de escola que quer construir, e o

tipo de pessoas que quer formar. “Não existe neutralidade em educação, a ação

política exige mediações profundas em torno do papel emancipador e não

conservador da escola.” (GADOTTI, 2004, p. 34).

Percebe-se aqui o pedagogo como articulador do trabalho coletivo da escola,

aquele que articula a concepção de educação da escola às relações e

determinações políticas, sociais, culturais e históricas. Assim sendo, o pedagogo,

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tem sua função de mediador do trabalho pedagógico, agindo em todos os espaços

de contradição para a transformação da prática escolar.

Um fator que interferiu de forma bastante direta na formação dos Pedagogos

nas universidades brasileiras, foi a mudança ocorrida nas Diretrizes Curriculares

Nacionais para o curso de pedagogia.

[...] O esfacelamento dos estudos no âmbito da ciência pedagógica com a conseqüente subjunção do especialista no docente, e a improcedente identificação dos estudos pedagógicos a uma licenciatura, talvez sejam dois dos mais expressivos equívocos teóricos operacionais da legislação e do próprio movimento de reformulação dos cursos de formação do educador, no que se refere à formação do pedagogo (LIBANEO, 2004, p. 51).

O processo histórico de formação dos pedagogos, ao longo da trajetória do

desenvolvimento dos cursos, vem sendo alterado conforme as próprias

necessidades políticas do período.

[...] Não há sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. De modo que não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Por consequência, se há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além, é claro, da pedagogia escolar (LIBANEO, 2001, p.6-7)

A partir da epígrafe apresentada, cabe a indagação: o que significa e onde

surgiu a pedagogia? Apesar da quantidade, diversidade e larga utilização das

correntes pedagógicas atualmente, poucos sabem onde e quando surgiu a

Pedagogia e como foi sua utilização pelos povos ao longo dos tempos.

Segundo Holtz (1999, p. 9)

A palavra Pedagogia tem origem na Grécia, paidós (criança) e agodé (condução). A palavra grega Paidagogos é formada pela palavra paidós (criança) e agogos (condutor). Portanto, pedagogo significa condutor de crianças, aquele que ajuda a conduzir o ensino. Este era o trabalho do escravo, que era encarregado também de dar formação (Paidéia), palavra grega cujo significado refere-se à prática educativa e à formação cultural do cidadão. Remete à ideia de educação ligada aos conteúdos da cultura, das práticas corporais e artísticas.

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Nesse sentido, percebe-se que muitos romanos entregaram a educação dos

seus filhos aos gregos, seus escravos, “os pedagogos”, conforme relata Holtz:

[...] com o desaparecimento da escravatura, sob influência do Cristianismo, o Pedagogo-escravo deixou de existir, passando então a constituírem-se os estudantes pobres, que aprendiam com os filósofos e se instalavam, nos castelos senhorais e na morada das famílias nobres, como encarregados da educação das crianças do lar, ou seja, dos filhos dos grandes senhores. Enquanto estudavam e ensinavam, recebiam pequenas importâncias, na maioria dos casos ensinavam em troca de hospedagem, alimentação, luz e roupa lavada. Com o tempo, e como a instrução era difícil, estes Pedagogos-estudantes começaram a reunir as crianças do palácio, com outras de famílias conhecidas das redondezas, fazendo surgir as primeiras escolas particulares. Nessa época a palavra Pedagogo, começou a ser usada como sinônimo de Mestre-Escola (HOLTZ, 1999, p. 11).

Diante disso, e de acordo com as ideias da referida autora, cabe mencionar

que foi no século XVIII que surgiu, pela primeira vez no Dicionário da Língua

Francesa, o vocábulo Pedagogia, que já se usava na linguagem corrente. “Assim,

delineando-se como a formação em educação, o vocábulo Pedagogia e

consequentemente a profissão pedagogo se enobreceram, sendo hoje a Pedagogia,

a ciência da e para a educação – teoria e prática da educação.” ( LIBANEO, 1999, p.38).

Em relação ao Brasil pode-se dizer que há uma certa tradição histórica da

Pedagogia como curso de formação de professores no Brasil. Então Libâneo afirma

que:

[...] pedagogo é alguém que ensina algo. Essa tradição teria se firmado no início da década de 30 com a influência tácita dos chamados “Pioneiros da Educação Nova”. Dessas ideias, firmou-se o entendimento de que o curso de Pedagogia seria um curso para formação de professores para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental (LIBANEO, 1999, p.36).

Nessa perspectiva “de ensinar algo”, pode-se dizer que, toda educação

corresponde a uma pedagogia, uma vez que esta se constitui como um conjunto de

influências tanto espirituais, mentais e culturais que modificam os seres humanos

para que possamos viver em sociedade, de acordo com Libâneo: “[...] é possível

caracterizar a educação como uma prática social que busca realizar nos sujeitos às

características de humanização plena.” (LIBANEO, 1999, p.28)

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Luzuriaga entende por educação:

[...] a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre s gerações jovens, com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva. A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre a terra (LUZURIAGA 2001, p. 10- 11.)

Desse modo, vale destacar que a educação é uma peça fundamental na vida

dos seres humanos, visto que permite que diferentes culturas sejam passadas de

gerações a gerações. E sendo a Pedagogia uma ciência que estuda a educação,

Luziriaga afirma que:

por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é ciência do espírito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é ciência autônoma (LUZURIAGA, 2001, p.12).

Tomando como referência esses conceitos, verifica-se que a educação é um

elemento essencial para a vida pessoal e social do ser humano, pois atua como

agente de transformação. Proporciona o convívio em sociedade e interação entre

diferentes povos e culturas, o que acaba por gerar a aquisição de novos

conhecimentos e informações.

2.2 A PEDAGOGIA NO BRASIL

O Curso de Pedagogia no Brasil foi criado devido à preocupação com o

preparo dos professores para a escola secundária e, segundo Scheibe e Aguiar,

(1999, p. 223) o curso surgiu,

Junto com as licenciaturas. Instituídas ao ser organizada a antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei n° 1190 de 1939. Essa faculdade visava à dupla função de formar bacharéis e licenciados para várias áreas, entre elas, a área da pedagógica, seguindo a fórmula conhecida como “3+1”, em que as disciplinas de natureza pedagógica, cuja duração prevista era de um ano, estavam justapostas às disciplinas de conteúdo, com duração de três anos.Formava-se então o bacharel nos primeiros três anos do curso e, posteriormente, após concluído

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o curso de didática, conferia-se-lhe o diploma de licenciado no grupo de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.

O pedagogo como bacharel, poderia exercer cargos de técnico em educação,

sendo este um campo de inúmeras funções. Já como licenciado, o seu campo de

trabalho era exclusivamente a docência. A década de 1960 foi um período em que o

curso passa por um processo de definição das especializações como inerentes à

formação do pedagogo. Tem-se a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Base

da Educação Nacional (LDBEN), Lei 4024/1961, com uma visão profissionalizante e

utilitarista e, a partir de 1962, com o Parecer Co Conselho Federal de Educação

(CFE) nº 251/1962 que estabelece um currículo mínimo e a sua duração, o curso de

Pedagogia passa a assumir a formação tanto do técnico em educação quanto do

professor de disciplinas pedagógicas do curso normal, ou seja, o curso passa a

formar o bacharel.

Desse modo, apesar de algumas modificações feitas na estrutura de 1962,

esse quadro do Curso de Pedagogia perdurou até 1969 quando:

[...] este foi reorganizado, sendo então abolida a distinção entre bacharelado e licenciatura, e criadas as “habilitações”, cumprindo o que acabava de determinar a lei 5540/68. A concepção dicotômica presente no modelo anterior permaneceu na nova estrutura, assumindo apenas uma feição diversa: o curso foi dividido em dois blocos distintos e autônomos, desta feita, colocando de um lado disciplinas dos chamados fundamentos da educação e, de outro, as disciplinas das habilitações específicas. O curso de pedagogia passou então a ser predominantemente formador dos denominados “especialistas” em educação (supervisor escolar, orientador educacional, administrador escolar, inspetor escolar, etc.), continuando a ofertar, agora na forma de habilitação, a licenciatura “Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais”, com possibilidade ainda de uma formação alternativa para a docência nos primeiros anos do ensino fundamental (SCHEIBE E AGUIAR 1999, p. 224).

Portanto, ocorre no âmbito escolar a fragmentação do trabalho pedagógico, e

os especialistas técnicos em Educação, evidentemente, são introduzidos no

processo educacional com a função de reproduzirem as relações sociais mantidas

pela sociedade capitalista, ou seja, com a função de racionalizar as questões que

englobam a escola, utilizando-se dos mesmos princípios orientadores da Administração

Empresarial.

Nesse contexto histórico, os fundamentos dessa formação eram

extremamente reprodutivistas e submissos à lógica do mercado, que apresentava o

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sistema e o definia. Também o trabalho do pedagogo, na área profissional, tinha de

adequar-se à tal lógica do mercado.

Assim sendo, será apresentado na sequência alguns aspectos da divisão do

trabalho na organização escolar, bem como, da atuação dos profissionais da

Educação, primeiramente numa perspectiva de reprodução da sociedade capitalista,

e, em seguida, numa perspectiva progressista de educação: Administração Escolar -

Fica sob a responsabilidade maior do Diretor, o qual, nos termos das Teorias da

Administração Empresarial, deve fazer cumprir as políticas educacionais do sistema.

Entretanto, é preciso que o Diretor tenha claro dois aspectos principais da teoria e

da prática da administração capitalista. De um lado as atividades de gerenciamento,

que tem a ver com o controle das relações de trabalho entre pessoas. De outro, a

racionalização, que se encarrega da distribuição de tarefas especializadas,

buscando o desenvolvimento da produtividade. Ou seja, através da organização e

coordenação da rotina escolar, cabe ao Diretor controlar as questões

administrativas, burocráticas e financeiras, além de acompanhar a execução do

Projeto Político Pedagógico da unidade escolar em que atua, afinal, o Diretor é o

líder da escola, e como tal, deve ter uma visão ampla da rotina da escola para

melhor gerenciá-la. Supervisão Educacional.

A função supervisora teve sempre o caráter de ação educativa. Desde a sua origem a característica da função supervisora .era a de estar constantemente presente junto às crianças, tomando conta delas, isto é, vigiando, controlando, supervisionando, portanto, todos os seus atos (SAVIANI, 2000, p. 17).

Entretanto, na Época Moderna, com a generalização da escola:

[...] a educação passa a ter caráter formal, e então tem início a ideia de Supervisão Educacional. Aqui no Brasil esta ideia tem início com os Jesuítas, e mais especificamente com o documento Ratio Studiorum, que colocava o Supervisor na figura do prefeito dos estudos. No referido documento as funções do prefeito dos estudos eram reguladas por trinta regras, e dentre elas, a regra nº 17 apontava, claramente, como função do prefeito dos estudos ouvir e observar os professores (SAVIANI, 2000, p. 21).

Enquanto especialidade em Educação, a Supervisão Educacional, nos

moldes do tecnicismo e regida pelas Teorias da Administração Empresarial, diz que

cabe ao Supervisor Educacional a função de assistir técnica e didaticamente ao

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professor no sentido de que se alcance a melhor produtividade possível no trabalho

com os alunos.

A profissão de Supervisor, ela só vai aparecer aqui no Brasil na década de vinte com o surgimento dos .profissionais. em educação, isto é, o aparecimento dos técnicos em escolarização, constituindo-se como uma nova categoria profissional (SAVIANI, 2000, p. 25).

O termo Orientação Educacional segundo Andrade surgiu na :

[...] década de 20, com o surgimento dos técnicos em educação, função da Orientação Educacional passou por diversos períodos históricos. Ou seja, de 1920 a 1941, no chamado Período Implementador, devido às exigências de um contexto sócio-econômico-cultural voltado à industrialização, a Orientação Educacional esteve voltada para a orientação profissional, e dessa forma, seu papel esteve voltado para o trabalho de seleção e escolha profissional. De 1941 a 1960 - Período Institucional - ocorre a exigência legal da Orientação Educacional nas escolas. De 1961 a 1970 - Período Transformador - a Orientação Educacional apresenta um caráter preventivo, ou seja, realiza trabalhos, principalmente de dinâmica de grupos, com o intuito de sustar eventuais conflitos. De 1971 a 1980 . Período Disciplinador . com a Lei 5692/71 a Orientação Educacional fica sujeita à obrigatoriedade. Neste período estava em alta o Tecnicismo, que exigia da Orientação Educacional atribuições voltadas à Psicologia, as quais envolviam, basicamente, o aconselhamento vocacional ou profissional. Nesse caso, seguindo as Teorias da Psicologia, o Orientador Educacional tem como objeto o aluno, cabendo-lhe, portanto, a função de orientação terapêutica e psicológica, ou seja, de dar conselhos ao aluno, procurando ajustá-lo ao modelo de família, escola e sociedade do sistema capitalista, cuja finalidade, em última instância, é formar para o mercado de trabalho (ANDRADE, 1976, p.38).

Com o intuito de reformular os encaminhamentos teórico metodológicos

desenvolvidos pelos Especialistas em Educação, desde o final da década de

setenta, reflexões sobre a divisão do trabalho na escola foram ganhando espaço em

debates e estudos no cenário nacional brasileiro.

A formação do pedagogo, naquele momento, era voltada para as funções

hierárquicas e articulada à direção da escola; era formação obtida através da

formação universitária e das práticas na escola.

A partir dos anos 1980 houve uma grande atuação do movimento para

reformulação dos cursos de formação do educador, cuja atividade perdura até hoje

na Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE).

Este movimento manteve, nos documentos que produziu o espírito do Parecer CFE

252/69 de segundo Libâneo :

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[...] não diferenciar a formação do professor e do especialista, tendendo esvaziar o prescrito nesse Parecer quanto às habilitações do curso. Também reafirmou a idéia de que o curso de Pedagogia é uma licenciatura, contribuindo para descaracterizar a formação do pedagogo stricto sensu (LIBANEO, 2010, p.46).

Esse entendimento permite falar de três tipos de pedagogos, que segundo

Libâneo são:

1) pedagogos lato sensu, já que todos os profissionais se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades, são, genuinamente, pedagogos. São incluídos, aqui, os professores de todos os níveis e modalidades de ensino; 2) pedagogos stricto sensu, como aqueles especialistas que, sempre com a contribuição das demais ciências da educação e sem restringir sua atividade profissional ao ensino, trabalham com atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições; 3) pedagogos ocasionais, que dedicam parte de seu tempo em atividades conexas à assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes (LIBANEO, 2001, p.9).

Algumas Faculdades de Educação, em meados da década de 1980

suspenderam ou suprimiram as habilitações convencionais (administração escolar,

orientação educacional e supervisão escolar), para investir num currículo centrado

na formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental e curso de

magistério.

A idéia de conceber o curso de Pedagogia como formação de professores, a meu ver, é muito simplista e reducionista, é, digamos, uma idéia de senso comum. A Pedagogia se ocupa, de fato, com a formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.[...] (LIBANEO 2001, p.6 ).

Considerando que em nível de graduação, segundo a Nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 64, é o

Curso de Pedagogia que forma os Especialistas em Educação, e que, na proposta

de trabalho coletivo constante nos documentos da ANFOPE, a base de todo

profissional da Educação é a docência, pois não há possibilidade de um especialista

desenvolver um bom trabalho de orientação, supervisão e direção se não tiver

embasamento teórico e experiência de docência. Ou seja, se faz necessário

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repensar o papel de cada especialista na proposta de trabalho coletivo na

organização escolar.

Atualmente, com a implantação das Diretrizes Curriculares do Curso de

Pedagogia (Resolução Conselho Nacional de Educação CNE/CP nº 1, de 15 de

maio de 2006 ), a função do Pedagogo passa do estágio fragmentado para

atividades amplas, principalmente na questão de organização do trabalho

pedagógico e curricular da escola, devendo este estar apto para desenvolver as

atividades, conforme contempla o Artigo 5º das Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Pedagogia.

Art. 2º O curso de pedagogia destina-se precipuamente à formação de docentes para a educação básica, habilitado para:a- Licenciatura em Pedagogia – Magistério da Educação Infantil;b- Licenciatura em Pedagogia – Magistério dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.Parágrafo Único – O projeto pedagógico de cada instituição poderá prever qualquer uma das habilitações ou ambas, na forma de estudos concomitantes ou subsequentes.

O Parecer ainda enfatiza a docência como base compreendida como ação educativa e

processo pedagógico metódico e intencional e estabelece a formação teórica articulada à

prática docente, à prática gestora tanto nos processos educativos escolares como não

escolares.

Dessa forma Libâneo nos destaca a importância do papel do pedagogo dentro

do ambiente escolar:

a presença do pedagogo escolar torna-se, pois, uma exigência dos sistemas de ensino e da realidade escolar, tendo em vista melhorar a qualidade de oferta de ensino para a população. [...] Sua contribuição vem dos campos de conhecimento implicados no processo educativo-docente, operando uma intersecção entre a teoria pedagógica e os conteúdos-métodos específicos de cada matéria de ensino, entre o conhecimento pedagógico e a sala de aula (LIBÂNEO, 2004, p. 62).

O trabalho pedagógico hoje requer um domínio mais aprofundado das

questões educacionais e pedagógicas presentes na escola que ultrapasse o mero

espontaneísmo e imediatismo com os quais se tem legitimado a cultura escolar.

Nessa perspectiva, Libâneo contribui afirmando sobre a importância desse trabalho,

uma vez que este: “[...] não pode eximir-se de uma determinação de sentido da

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práxis educativa, já que intervém no destino humano, na formação e no ser humano

dos educandos.” (LIBÂNEO, 2004, p.192)

Esse autor colabora, ainda, indicando a relevância de pensar uma Pedagogia

Crítica, a qual postula a formação de cidadãos capazes de intervir nos processos

políticos na conquista de estruturas socioeconômicas que assegurem as condições

de democracia, igualdade e justiça.

Diante disso, os pedagogos não podem e não devem permanecer mais na

ingenuidade e no romantismo, eximindo-se segundo Libâneo: “[...] da natureza

prática da ação educativa, de compromissos morais, do desenvolvimento de práticas

investigativas” (LIBÂNEO, 2004, p.192).

Discutir a respeito do pedagogo é tarefa difícil, pois seu trabalho pedagógico

sempre se situa no meio de um conflito ideológico, que interfere de forma

preponderante na vida escolar. O pedagogo continuará sendo visto simplesmente

como aquele que detém um poder junto à direção, caso não tenha consciência, ele

mesmo, de seu verdadeiro papel de elemento mediador e articulador do

conhecimento, e caso não compreenda em profundidade a sua relação com os

pares da escola.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 ORGANIZAÇÃO DA ENTIDADE ESCOLAR

O Colégio Estadual Joaquim Maria Machado de Assis Ensino Fundamental e

Médio, localizado à rua Antonio Manoel dos Santos, nº 335. Inicialmente chamado

de Ginásio Municipal de Santa Mariana, foi criado pela Lei n.º 207, de 07 de

dezembro de 1.954, da Prefeitura Municipal de Santa Mariana. Por força do Decreto

n.º 17.782, em 1969 passou a designar-se Colégio Estadual de Santa Mariana e

logo em seguida, Colégio Estadual Joaquim Maria Machado de Assis.

Em 1.998, visando adequação à LDB n.º 9394/96, de acordo com Ato

Administrativo n.º 289/98 de 23-09-98, do Núcleo Regional de Educação, esta escola

passou a denominar-se Colégio Estadual Joaquim Maria Machado de Assis – Ensino

Fundamental e Médio e em 1.998, procedeu-se a Adequação Curricular do Curso de

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Educação Geral para o Ensino Médio, de acordo com as Diretrizes Curriculares do

Parecer n.º 15/98 de 02-06-98, passando a ofertar de forma gradativa o novo

Currículo do Ensino Médio a partir de 1.999.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual Joaquim Maria Machado

de Assis Ensino Fundamental e Médio, município de Santa Mariana - PR, e atingiu

os pedagogos da equipe técnica e os professores do Ensino Fundamental e Ensino

Médio. Os encontros aconteceram entre os meses de setembro e novembro de

2011, quando foram discutidas algumas leituras e textos, alem de um questionário

aplicado nos participantes que puderam expor suas opiniões. A pesquisa atingiu

em torno de 50% dos profissionais da instituição.

3.3 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS

O trabalho foi realizado por meio de pesquisa Exploratória descritiva de cunho

qualitativo visando maior familiaridade como problema. Foram também utilizadas

estratégias como:

Projeção de filmes e vídeos relacionados com o assunto;

Coleta de informações por meio de entrevistas, questionário;

Grupo de estudos com professores e equipe técnica/pedagógica do Colégio

Estadual Joaquim Maria Machado de Assis Ensino Fundamental e Médio;

Discussão de textos;

Produção de textos sobre o assunto discutido

As ações trabalhadas utilizando recursos como: na sala de projeção de vídeo;

Textos sobre o assunto;

Questionários e outros recursos que fomentaram discussões, reflexões e

coleta de opiniões sobre o papel do pedagogo e a crise atinge tanto profissional,

quanto a escola.

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3.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada na sala de reunião do Colégio Estadual

Joaquim Maria Machado de Assis, com a participação de 50% dos pedagogos dessa

instituição. Como instrumento de coleta foi utilizado um formulário contendo

questões referentes ao papel, concepção dificuldades, função do pedagogo e outras.

3.5 ANÁLISE DOS RESULTDOS/ DISCUSSÃO

Tento em vista as inúmeras funções que sobrecarregam o pedagogo o

mesmo deixa de exercer seu verdadeira papel perdidos em uma infinidades de

ações burocráticas e outras atividade. Isso acaba colocando em segundo plano seu

verdadeiro papel.

Nesses encontros, várias atividades como leitura, projeção de vídeos e filmes

fomentaram discussões e os participantes puderam expressar suas opiniões e

queixas sobre o atual modelo de gestão pedagógica, oralmente ou respondendo ao

questionário proposto pelo pesquisador. Assim, foi possível constatar uma queixa

generalizada quanto a multiplicidade de funções, como fator desestimulador da

classe, apontado por cerca de 90% dos pedagogos participantes.

Questionados sobre o papel do pedagogo nas escolas, muitas respostas

reforçaram a questão sobre as funções múltiplas, mas mesmo diante dessa

diversidade de funções, todos afirmaram que sentem-se preparados para exercer

papel que lhes compete, pois receberam boa formação pedagógica nos cursos

oferecidos.

Quando questionados sobre as dificuldades enfrentadas, autonomia foi

apontada por 100% dos participantes como um fator de desestimulo, pois alguns

sentem a falta de confiança e sugere que a equipe diretiva “repense suas ações e

as direcione para uma gestão verdadeiramente democrática”. Além disso,

posicionar-se para uma efetiva mudança de gestão. Um dos participantes defendeu

seu ponto de vista dizendo:

“Acredito que para mudar tal situação, o pedagogo deve tomar para si sua real

função, posicionando-se, independente das opiniões adversas, já que enfrentamos

muitas situações onde professores acreditam que o pedagogo deve ser o “faz tudo”

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na escola. Dessa forma o professor delega ao pedagogo funções que na verdade

são deles”.

Por outro lado, pode se observar que alguns professores cobram da equipe

técnica pedagógica um suporte mais efetivo para os professores, Segundo um dos

participantes:

A equipe pedagógica organiza e orienta e os projetos complementares, o sistema

avaliativo e metodológico. [...]Que ele dê suporte às dificuldades encontradas no

ano letivo, como,por exemplo, a indisciplina, a falta de interesse dos alunos, a falta

de pré requisitos, número excessivo de alunos por sala de aula e mais aproximação

dos pais com a escola.

Notou-se que a maior queixa dos pedagogos é sobre a falta de autonomia a

a multiplicidade de funções exercidas pelo mesmos. Talvez, isso significa uma

necessidade de rever conceitos e uma aproximação mais efetiva da teoria com a

prática. Teoricamente há um discurso sobre a importância da gestão democrática,

mas na prática o que se observou é ainda um emaranhado onde a equipe técnica

pedagógica se sente impotente: Por um lado pela falta de autonomia; por outro lado

por cobranças de ações que, de seu ponto de vista, não lhes competem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que a função do pedagogo nas escolas públicas está um tanto

quanto descaracterizada de especialista em educação ele passa a fazer às vezes de

menino de recados; fiscalizador das entradas e saídas dos alunos na escola;

substituto de professores que, pelos mais variados motivos, necessitam se ausentar

das escolas em que trabalham; responsável pelo processo de conscientização do

grupo de profissionais da escola quanto a elaboração do projeto político pedagógico

e pela organização, elaboração e implementação deste; organizador de festas e

eventos , causando assim uma série de atividades paralelas que impossibilitam o

trabalho pedagógico, o qual está preparado, pelo menos teoricamente, para realizar.

Os cursos de Pedagogia, que formam estes profissionais, encontram-se

também na mira do poder público, com relação a sua regulamentação e alteração

das características que o tornam específico. Não bastasse toda a sorte de desafios

que a profissão tem de enfrentar, o enfraquecimento/esvaziamento dos cursos de

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Pedagogia possibilitado pela aprovação dos cursos Normal Superior (sejam eles

presenciais ou à distância) corrobora para o desvirtuamento de uma educação de

qualidade. Realmente, os currículos são distantes das necessidades, o ensino é

precário e há necessidade de repensar a preparação para a docência com urgência.

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