30
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL/PDE RUTE ABELHA JANUÁRIO A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DÉFICIT INTELECTUAL NA REDE REGULAR DE ENSINO LONDRINA 2008

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL/PDE

RUTE ABELHA JANUÁRIO

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DÉFICIT INTELECTUAL NA REDE REGULAR DE ENSINO

LONDRINA 2008

Page 2: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

2

AGRADECIMENTO

A Deus, por ter dado forças, quando julgava não

mais poder, sabedoria e fé para poder realizar este

trabalho com dignidade e satisfação.

Ao meu esposo José Carlos, aos meus filhos Júnior

e João Estevam que sempre me deram amor,

carinho e lutaram para que realizasse meus sonhos,

ainda que lhes custasse a abdicação dos seus.

A minha orientadora Sílvia Meletti e a todos que, de

alguma forma, contribuíram para que meu objetivo

fosse cumprido e ter mais um projeto realizado.

Page 3: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

3

RESUMO

Rute Abelha Januário Pedagoga especializada em Educação Especial/Área DM – CESULON/Londrina/PR

Escola Especial Maria Mendes Valente – Bela Vista do Paraíso/PR Professora PDE – SEED/PR

O objetivo do presente artigo, com um caráter de ensaio teórico e estudo de caso, é mostrar que a implementação da Educação Especial no cotidiano da escola regular constitui uma problemática digna da reflexão desencadeada por todos aqueles que se envolvem nesse processo. A troca de experiências entre os profissionais da área, o enriquecimento de informações sobre a realidade, as necessidades de cada um e a diversidade dos temas que abrange, torna possível perceber o quanto são comuns as angústias e fragilidades vivenciadas também a necessidade de busca de soluções para as mesmas. A realidade do ensino regular e da Educação Especial no país tem demonstrado que a proposta de educação inclusiva, enquanto um instrumento de construção da cidadania e de rompimento das desigualdades sociais, tem tomado rumos divergentes, realizando um caminho inverso ao daquele que foi preconizado inicialmente. Isto revela que a educação ainda submete-se a uma política social dominante e realmente excludente, do mesmo modo pelo qual se caracteriza a sociedade contemporânea, colocando em discussão a compreensão que se tem a respeito das relações existentes entre escola e sociedade. Palavras-chave: Educação inclusiva. Educação especial. Relações escola-sociedade. Desigualdades sociais. Políticas públicas.

Page 4: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

4

ABSTRACT The purpose of this article, with a character test and theoretical case study, is to show that the implementation of Special Education in the school's regular routine is an issue worthy of reflection triggered by all those who engage in this process. The exchange of experiences among the professionals in the area, the enrichment of information about reality, the needs of each and diversity of topics it covers, makes it possible to understand how the anxieties are common problems experienced and also the need to find solutions to them. The reality of regular education and Special Education in the country has shown that the proposed inclusive education as a means of building citizenship and disruption of social inequalities, have taken divergent paths, performing a reverse path to that which was initially advocated. This shows that education still subjected to a dominant social and political really exclusionary in the same manner by which it characterizes contemporary society, putting on the understanding that discussion has been about the relationship between school and society.

Keywords: Inclusive Education. Special education. School-society relations. Social inequalities. Public policies.

Page 5: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

5

INTRODUÇÃO

Políticos, profissionais da área educacional ou mesmo de outras

áreas, afirmam em meios de comunicação, em palestras ou, ainda, em suas próprias

obras, que a educação pode transformar uma pessoa. Nesse sentido, julgam que o

processo educacional pode levar o indivíduo a tornar-se de fato um cidadão e,

conseqüentemente, ser capaz de exercer, de maneira consciente e plena, seus

direitos e deveres.

A falta de cidadania é praticamente uma deficiência coletiva e um dos

problemas causados por esta situação é a desigualdade e a exclusão social.

Análises realizadas sobre a organização escolar e seu desenvolvimento têm

apontado para a questão de um paradigma que tem se firmado com o passar dos

anos, que é em relação à escola enquanto reprodutora de desigualdades sociais.

Situação esta que se agrava, quando o foco da educação direciona-se para a

Educação Especial e para os alunos portadores de necessidades educacionais

especiais.

Temos conhecimento das implicações, de caráter negativo, no

processo de formação das pessoas institucionalizadas e como interferem em suas

constituições como indivíduos (KASSAR, 1999).

Sabemos também de alunos com necessidades educacionais

especiais matriculados no ensino regular, cuja inclusão ocorre somente de forma

física ou estatística (CARVALHO, 2004).

O que queremos compreender é: O que há de especial na educação

das pessoas com necessidades educativas especiais que estão na rede regular de

ensino? Quem são os alunos com necessidades educacionais especiais e quais são

as suas necessidades? Como trabalhar para a inclusão desses alunos? Então,

buscando o entendimento destas questões, esperamos dar um passo à frente na

busca de uma educação melhor e realmente para todos.

A Educação Especial que tem como objetivo promover a educação

dos indivíduos com necessidades educacionais especiais – cujas causas podem ser

de origem patológica, social, econômica, cultural ou uma combinação multifacetada

de quaisquer destas – enfrenta, hoje, um dilema, que tem levantado discussões

favoráveis e contrárias quanto à inclusão de alunos especiais no ensino regular.

Page 6: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

6

2 DESENVOLVIMENTO 2.1 METODOLOGIA

O PDE 2007, que para o grupo de professores da área de Educação

Especial orientados pela Profª Drª Sílvia Meletti e Profª Drª Regina Vitaliano , ambas

da UEL, objetivava desde o início a implementação, não somente para os

professores da rede estadual, mas para um contingente maior de profissionais.

Dessa forma a proposta foi adaptada para nossas necessidades e

realidades, a proposta inicial do curso em realizar a intervenção na escola de cada

participante foi ampliada para discussão e reflexão de nossas práticas, aliada ao

resultado de nossos estudos para professores das redes: estadual e municipal, dos

municípios dos professores PDE envolvidos na pesquisa.

O evento foi realizado na UEL com carga horária de 32 hrs,

distribuídas nos dias: 28 de junho, 26 de Julho, 30 de agosto e 27 de setembro,

sendo que a abertura e encerramento ficaram a cargos da professoras Regina e

Sílvia respectivamente. Nós, professores PDE, formamos duplas afim de preparar e

multiplicar o conteúdo do nosso material elaborado de acordo com seu objeto de

estudos com os demais professores inscritos, abordando temáticas específicas em 4

salas simultâneas num primeiro momento e complementando as temáticas, no meu

caso, com estudos de caso, onde foi possível perceber elementos de nossas

práticas pedagógicas.

Entendemos que a carga horária seria insuficiente para tantas

questões relativas á inclusão de alunos com necessidades educacionais especias na

escola regular, tema do evento, então elegemos as mais urgentes que

seriam:Deficiência Mental, Deficiência Visual, Deficiência Auditiva e Deficiência

Física /Paralisia Cerebral, na tentativa de minimizar dificuldades no fazer pedagógico

dos interessados.

O segundo momento do nosso trabalho consistiu em estudo de caso

e usamos como referência a pesquisa realizada por Maria de Fátima Carvalho que

deu origem ao livro Conhecimento e Vida na Escola: convivendo com as diferenças,

2006.

Page 7: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

7

A autora relata o trabalho realizado com jovens e adultos em uma

instituição escolar e revela-nos como as histórias dos sujeitos estão articuladas à

história social mais ampla e como elas vão se entrelaçando revelando-nos como o

sujeito se constitui, desvelando também a história da própria instituição e as idéias

pedagógicas que fundamentam o trabalho na própria escola. Instiga e analisa as

condições de possibilidades e viabilidade do desenvolvimento humano e do

conhecimento, os modos de ensinar e aprender, de sentir e de pensar; ao mesmo

tempo em que questiona as relações de ensino, conceitos e concepções, discute

também as formas e a função da educação escolar.

Mas o que torna o trabalho da autora um referencial para a nossa

prática escolar-cotidiana, é a forma como compreende os diversos modos de

desenvolvimento dos alunos nas práticas sociais, mostrando-nos as inúmeras

possibilidades de conhecimento e de vida, na escola e principalmente fora dela.

Os alunos por ela retratados, visitavam museus, exposições,

trabalhavam vários aspectos culturais eruditos como: pinturas, músicas, poemas,

assistiam a filmes considerados por alguns profissionais como “complexos demais”

para o entendimento desses alunos, ao mesmo tempo em que a autora valorizava a

cultura destes.

Segundo a autora, todo trabalho foi precedido de planejamento dos

professores envolvidos e preparação dos alunos para ampliar as possibilidades de

participação e compreensão do que estavam vivenciando. Após as visitas, os

passeios, ou volta do cinema, as atividades na escola retomavam o visto, ouvido e

vivido na experiência de ida a esses lugares e os professores ampliavam o

conhecimento desdobrando os assuntos.

Os profissionais que não acreditavam, por não estarem envolvidos

nesta metodologia relacionavam a suposta dificuldade de compreensão dos alunos à

idade mental. O objetivo era exatamente a desconstrução da idéia de deficiência

mental associado à infância e oportunizar a resignificação de ações dos alunos que

lhes confiram o Estatuto de Jovens e Adultos.

Nestes aspectos, ora levantados, foi possível perceber a semelhança

de atitude de muitos participantes do nosso evento de implementação com os

professores relatados pela autora, pois idéias acerca da pessoa com deficiência

mental e o modo de trabalho se reproduzem e somos colocados constantemente em

Page 8: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

8

conflitos que nos movem, ou deveriam, na busca de práticas educativas

diferenciadas.

A busca de identidade comum, de participação em práticas culturais

comuns, é o que marca a proposta educativa em questão, porque coloca-nos diante

da necessidade de refletir sobre os modos em que as possibilidades e modalidades

de ação das pessoas com déficit intelectual são significadas levando-as muitas

vezes a serem negligenciadas e desqualificadas, até e na maioria das vezes por

profissionais que trabalham com seu processo de desenvolvimento educacional e

sua própria família.

São jovens e adultos, como muitos de nossos alunos que deparam-

se com dificuldades de serem assim percebidos e respeitados, pois são comumente

descritos como desinteressados, preguiçosos, apáticos, sem capacidade, pessoas

que vivem no “mundo da lua”, etc.

Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na

busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar a

existência do déficit intelectual, por profissionais habilitados a isso, para garantir o

benefício oferecido pelo INSS.

Nesta questão foram vários relatos dos participantes confirmando o

desejo de familiares em legitimar a deficiência, enquanto o jovem tenta ampliar suas

potencialidades e possibilidades de relacionar-se com o mundo em torno dele.

Alguns jovens, ao insistirem em contrapor a essas idéias de

incapacidade que os rotulam, são considerados como incapazes de perceber o

próprio limite, de distinguir o real do delírio, como mostram alguns momentos de

falas dos participantes da citada pesquisa e que são comuns em nosso meio:

“Eu quero aprender a ler e a escrever para trabalhar e arrumar uma

mulher para casar.” (Antônio, 30 anos. Citado por Carvalho, 2006, p. 13)

“Eu quero trabalhar de terno e gravata e ter uma mesa só minha.[...]”

(Francisco, 27 anos. Citado por Carvalho, 2006, p. 13)

Diante do exposto e trazendo a tona a necessidade de compreensão

dos processos de desenvolvimento físicos e psíquicos dessa população, entre outras

questões igualmente relevantes, atribui-se maior importância aos processos de

integração social do sujeito, sua historicidade e constituição, pois só conseguiremos

compreender a deficiência mental articulada com as condições de vida do sujeito.

Page 9: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

9

Com este trabalho, buscamos refletir nossas práticas pedagógicas e

buscar alternativas de ações que contribuam para a construção de novas práticas

que não desconsiderem as condições externas da vida do sujeito e que estejam

pautadas nas diretrizes curriculares propostas pelo governo para evitar o

empobrecimento curricular, mas que possam ser desenvolvidas e avaliadas de

acordo com as possibilidades de cada um, no entendimento que se busca das

adaptações curriculares e de avaliação, eliminar a dicotomia entre o ensino comum e

o especial comportando a proposta de inclusão da pessoa com deficiência mental na

escola, no trabalho e na sociedade, respeitando suas diferenças e propondo como

base de toda essa transformação uma pedagogia centralizada na pessoa e não em

sua deficiência.

Faz-se necessário construir, com e para essas pessoas, práticas

educacionais diferenciadas e que superem a relação desses sujeitos com o

conhecimento e sobretudo, que esse conhecimento possibilite a participação nas

práticas sociais.

Page 10: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

10

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com a evolução do nosso Grupo de trabalho em rede percebemos

que existe uma preocupação muito grande entre os profissionais que atuam em

Educação Especial com questões que as legislações, embora tenham um discurso

politicamente correto, ainda não deram conta de nos levar à compreensão e

ajustamento das questões mais complexas vividas em nosso tempo.

Uma dessas questões, talvez a mais polêmica é tentar compreender

inclusão sem entender que houve anteriormente a exclusão e que é preciso

compreendê-la dentro de uma perspectiva social, uma vez que nenhum sujeito

nasce excluído, mas isso se constrói na sua trajetória de vida e não podemos

responsabilizá-lo por isso, pois devemos compreender o fenômeno como parte de

um sistema maior e que se reproduz de geração em geração, provocando a

marginalidade da sociedade que comumente é chamado pobreza.

Segundo Faccion (2005) hoje em dia existem situações novas que

provocam vulnerabilidade das pessoas com situações de dívidas, desemprego,

problemas com moradia, trabalho precário e tantas outras questões da área social,

que indicam que os novos pobres não foram sempre pobres e que todos nós

estamos cada vez mais suscetíveis à exclusão social, e que os seus processos

estão dentro da sociedade e não fora dela.

No mesmo sentido, Laplane (2006) argumenta que a proposta

inclusiva é formulada numa perspectiva histórica e sociológica baseada num

movimento que transformou uma sociedade de traços inclusivos em uma sociedade

excludente. Resultado de uma sociedade moderna, individualista, competitiva,

consumista e narcisista.

Reforçando esta idéia, Meletti (2007, p. 03) refere que: “[..] uma

sociedade sustentada pelo modo de produção capitalista exclusão e inclusão são

partes constitutivas de um mesmo processo, submerso e uma trama social que

sustenta sua interdependência”. Na visão da autora, a inclusão é precária e ao

mesmo tempo perversa, pois se busca a inserção numa sociedade que é

Page 11: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

11

excludente, “o que se reivindica é aquilo que reproduz e conforma a sociedade

atual”.

Somado a essa questão, existe ainda a dificuldade de percebermos

que nosso trabalho continua de segregação, mesmo procurando integração e mais

atualmente a inclusão, isso porque a Educação Especial se constituiu como um

sistema paralelo e então justifica-se a dificuldade de compreendermos a Educação

Especial como modalidade de educação escolar, pois este fato na nossa história é

muito recente, haja vista que a Lei de Diretrizes Nacionais para Educação Especial

na Educação Básica data de 2001. Este fato justifica também a crítica de muitos

autores com relação a segregação que ocorre nas instituições de Educação Especial

e até mesmo nas classes especiais que funcionam dentro das escolas de ensino

comum, mas parece que delas não fazem parte. Existe também a questão de

recursos públicos em escola privadas e que se sustentam pela idéia de gratuidade e

filantropia.

Para finalizar consultamos Garcia (s/d) que traz uma análise

extremamente coerente dos discursos políticos sobre Educação Especial no Brasil,

principalmente no que se refere à inclusão social e educação inclusiva, que segundo

a autora ganharam importância em diferentes correntes político-ideológicos nos

últimos anos. A autora adota a compreensão segundo a que inclusão consiste na

relação travada em contexto histórico e social, por sujeitos sociais, ou seja, uma

prática complexa e contraditória com sentido de luta, embate que convive

necessariamente com o seu contrário - a exclusão, mas que se estabelece na

direção de questionar e superar práticas sociais baseadas nas desigualdades,

inclusive na hierarquização do trabalho docente: "capacitados e especializados" -

como reedição das relações de poder colocadas entre especialistas e docentes.

Page 12: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

12

4 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

Objetivamos por meio do conteúdo proposto e sustentados pela

perspectiva história e cultural compreendermos que o desenvolvimento humano é

uma construção social.

Estudos históricos relatam a forte influência de fatores internos e

externos para o entendimento da deficiência mental.

O Renascimento surgido após o longo período de subordinação ao

catolicismo, acontece com a percepção do homem como parte da natureza e que

aos poucos dissemina sua visão antropocêntrica. Nesta fase há abertura de novos

horizontes por meio de viagens marítimas, encontros de diferentes povos e

mudanças de valores.

Nos séculos seguintes, as cidades vão se tornando cada vez mais

ativas e o conhecimento e controle da natureza essenciais à sobrevivência do

homem (século XVI e XVII), surgindo, então um enorme contingente de pessoas

desprovidas de bens materiais; elucida que na década de 1630, cerca de ¼ da

população de Paris era constituídas por mendigos. Neste período, surge também, a

valorização da razão como propriedade da alma e contribuições significativas para o

desenvolvimento da pesquisa na ciência moderna.

O inatismo, idéia de preexistência inata de “dons” é identificado

desde Platão, Descartes e outros pensadores e é criticado por John Locke (1632 –

1704), que valoriza a reflexão e o sensível como fonte de todo o conhecimento.

Alguns pesquisadores como Fonseca e Pessoti (apud KASSAR, 1999), nos mostram

que as idéias elaboradas de Locke são de grande valia para a educação especial,

na medida em que apontam a experiência humana como decisiva para o

desenvolvimento da própria inteligência.

Na modernidade, o desenvolvimento das ciências naturais propicia

que a discussão acerca da influência dos componentes externos e internos ou

sociais no desenvolvimento humano vá ganhando status de cientificidade. Podemos

identificar esse movimento ao enfocar a concepção de desenvolvimento humano e a

Page 13: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

13

predestinação divina, que marca a idade média, cede lugar, segundo Pessoti (op

cit), à fatalidade hereditária na modernidade.

Nesta perspectiva científica começou-se a buscar entendimento

sobre a deficiência mental, quando médicos começam a procurar causas orgânicas

para a explicação da deficiência.

Mendes (apud KASSAR, 1999) relata que a deficiência mental era

creditada à transmissão hereditária que significava “degenerescência da espécie

humana”, contribuirá para a institucionalização intensiva de pessoas com

deficiências na Europa dos séculos XVIII e XIX.

Kassar (1999) cita que o atendimento à pessoas com deficiências no

Brasil começa com a fundação de duas instituições: O imperial Instituto dos meninos

cegos, atual Benjamim Constant, em 1854 e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1856,

atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES.

E ainda no final do séc. XIX, temos a implantação de duas

instituições para a educação de pessoas com retardo mental: uma em Salvador e

outra no Rio.

De acordo com Jannuzi (2006) a Constituição Brasileira de 1824

apregoa no que tange a educação da população: gratuidade da educação primária

“a todos os cidadãos” e a criação de colégios e universidades, não explica, porém,

de quem será a responsabilidade pela educação primária, nem de que forma será

dada e não deixando de mencionar que já naquela época, ”a educação para todos”

não atingia as grandes massas (escravos, pobres e mulheres).

Ainda, segundo a autora, na primeira constituição da república, em

1891, a educação aparece dentre as incumbências do Congresso Nacional e mais

uma vez a presença do Estado é escassa e tornou o ensino laico, favorecendo o

oferecimento do ensino por instituições privadas.

Desse modo, as “instituições privadas”, principalmente no setor de

atendimento especializado a pessoas com deficiências, apresentam-se na história

do atendimento à educação especial como extremamente fortes, com lugar

garantido no discurso oficial, chegando a confundir-se com o próprio atendimento

“público”, aos olhos da população, pelo discurso da gratuidade.

Essas instituições de atendimento especializado surgem no Brasil no

início do séc. XX. A partir de dados históricos Jannuzi (1985) e Mazzotta (1996),

identificamos o instituto Pestalozzi, criado em 1926 no Rio Grande do Sul, como a 1ª

Page 14: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

14

instituição particular especializada no atendimento a crianças com deficiência mental

e as APAEs surgiram em 1954.

As classes especiais surgiram pautadas na necessidade científica da

separação de alunos normais e anormais, na pretensão de salas homogêneas, a

partir dos preceitos da racionalidade e modernidade.

Dessa forma Helena Antipoff, na década de 30, marca a educação

especial, provendo ao Instituto Pestalozzi em Minas Gerais, tanto uma base

científica, quanto uma idéia ligada ao exercício do assistencialismo. Dias (apud

KASSAR, 1999), fazendo referência a Daniel Anipoff (1975), apresenta como

finalidade deste instituto a organização de classes especiais para anormais,

pesquisa científica sobre causas, formas e tratamentos de anormais, assistência à

infância excepcional e socialmente abandonada.

Acompanhando a industrialização na década de 30 que gerou o

crescimento das cidades, cresce também a preocupação com a escolarização da

população e isso fica registrado na Constituição de 1934, quando fica estabelecida

como competência da União traçar diretrizes da educação nacional e como

competência, tanto da União como dos Estados, a difusão da instrução pública em

todos os seus graus (KASSAR, 1999).

Na Constituição de 1937 é reiterado o compromisso com as diretrizes

nacionais, mas isso só acontece em 1961, com a Lei 4.024/61. Com relação à Lei de

Diretrizes e Bases Nacionais – LDB 4024/61, segundo as análises de Kassar (1999),

percebe-se que já naquele momento, a educação especializada não seria assumida

diretamente pelo Estado, ou seja, não se daria, em sua maioria, na escola pública,

mas em instituições especializadas privadas de caráter assistenciais, de modo que,

não se adaptando ao sistema geral de educação, o excepcional deveria ser

enquadrado em um sistema especial de educação.

Com a Lei 5692/71, é atribuída à Educação Especial a

responsabilidade de diagnóstico de deficiência mental, quer dizer, torna-se legítima

a transformação de crianças “atrasadas” em relação à idade regular de matrícula em

“deficientes mentais educáveis” e o sucesso ou fracasso dessa clientela é

respaldado pelo discurso de potencialidades inatas e pela implementação de

técnicas especializadas. É importante ressaltar que esta lei apenas propõe

“tratamento especial” aos alunos que dele necessitem, mostrando ser uma

orientação mais tecnicista.

Page 15: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

15

Nas décadas de 60 e 70, o governo transferiu suas responsabilidades

com a Educação Especial para as ONG’S, embora tenha criado a CENESP – Centro

Nacional de Educação Especial ligada ao MEC – Ministério da Educação e da

Cultura, em 1973 (JANNUZI, 2006).

Destaca também Jannuzi (2006), que em 1988, na Constituição

Federal foram escritos vários capítulos, artigos e incisos sobre Educação Especial,

habilitação e reabilitação da pessoa com necessidades, além de sua integração à

vida comunitária, prevê também a garantia de salário mínimo às pessoas portadoras

de deficiência e idosos que não possuírem meios para a própria manutenção.

Contudo, podemos dizer que as contradições presentes na Constituição Federal de

1988, na qual percebemos avanços e recuos do Estado com questões sociais são

características do movimento da própria sociedade formada por setores antagônicos

e onde prevalecem estratégias de conciliação.

Com a implementação da Lei 8069/96, conhecida como ECA –

Estatuto da Criança e do Adolescente é prevista a criação de Conselhos dos Direitos

da criança e do adolescente, mas quanto à atenção dada à criança e ao adolescente

com deficiência, o estatuto segue a mesma linha da Constituição Federal de 1988.

A lei 9394/96 tem, após oito anos de debates, seu texto concluído e

também marcado por avanços e retrocessos, pois apresenta uma inversão de papéis

do Estado e da família diante da responsabilidade do oferecimento da educação, ou

seja, distancia o Estado em relação a esse dever e isso ganha sentido pelo discurso

atual de cortes e ajustes econômicos e nas parcerias.

Kassar (1999) e Jannuzi (2006) no entanto, registram como avanço

porque somente com a LDB/96 temos um capítulo com mensagem de inclusão

escolar, além de ampliar oportunidades, como incluir a criança deficiente na

educação infantil, delegar ao estado a oferta da educação especial de 0 a 6 anos

(dever constitucional), a ampliação de atendimento na rede pública pelo poder

público, bem como o estabelecimento de critérios de caracterização das instituições

privadas sem fins lucrativos, especializada e com atuação exclusiva em educação

especial, para fins de apoio técnico e financeiro que pelo poder público cabe aos

órgãos normativos dos sistemas de ensino.

No entanto, afirma ainda Orlandi (apud KASSAR, 1999, p. 41) que:

“[...] a história do atendimento às pessoas com deficiências severas está registrada

Page 16: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

16

em cada decreto ou lei pelo seu silenciamento, à medida que ‘há um modo de estar

em silêncio que corresponde a um modo de estar no sentido’”.

Questiona ainda Kassar (1999, p. 41, 42): Que sentido (ou sentidos) teria o silenciamento da legislação educacional no que diz respeito às pessoas caracterizadas como “deficientes” severos ou “deficientes múltiplos”? Por que legislar sobre a educação a uma população considerada “ineducável”? [...] [e ainda] da forma como a legislação educacional foi sendo elaborada na história de nossa sociedade, acaba não atendendo à pessoa com deficiência mental severa, mas não sem afetá-la [...]

A extrema importância deste resgate histórico, que busca ainda

compreender a uma questão fundamentalmente relevante para muitos

pesquisadores e professores sobre “o que há de especial na educação especial”, e

cuja trajetória demonstra que ainda não superamos paradigmas e concepções da

educação especial que cristalizaram a filantropia por causa do princípio da

ineducabilidade do deficiente, nem rompemos o modelo clínico, talvez pelo fato da

educação especial ter se constituído como um sistema paralelo de ensino e não há

ainda compreensão de que é exatamente no ensino regular que a educação

especial de constitui.

Page 17: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

17

5 EDUCAÇÃO E DEFICIÊNCIA MENTAL

O processo histórico revela que o portador de deficiência mental, em

decorrência de conceitos, classificações, avaliações e diagnósticos da própria

deficiência foi sendo alvo da construção de um indivíduo sem perspectivas de vida,

colocado e mantido à margem, excluído, por desviar-se do padrão de “normalidade”

social.

Quando se fala em discriminação os mais lembrados são os negros,

os pobres e os homossexuais, esquecendo-se que os portadores de deficiência

mental também são muito discriminados. Sua maneira de ser, suas limitações físicas

e psíquicas não são geralmente compreendidas. Dependendo da síndrome

apresentada, o deficiente mental pode causar repulsa, receio e até medo nas

pessoas, agravando o comportamento discriminatório.

E, uma vez que se considera que os portadores de deficiência mental

representam uma parcela significativa da população que apresenta algum tipo de

deficiência, dados da OMS – Organização Mundial de Saúde apontam que o Brasil

possui atualmente cerca de mais de 180 milhões de habitantes, logo mais de 18

milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência, desse total, 50% são

portadoras de deficiência mental (BRANDI, 2006). A partir disso, é que se reconhece

a importância de continuar abordando esta temática, o quer torna justificável a

apresentação que se faz sobre a Deficiência Mental.

5.1 Classificação

O atraso no desenvolvimento cognitivo ainda é visto como uma das

principais características do sujeito portador de deficiência mental e que será

responsável por desencadear a lentidão ou mesmo incapacidade para a

aprendizagem. A esse respeito, a literatura tradicional foca-se em classificações de

deficiência mental que tendem a contribuir para esta visão que os professores e a

sociedade de modo em geral têm sobre o deficiente mental. Esse tipo de

Page 18: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

18

classificação para Carneiro, 1996 representa uma visão psicométrica da deficiência

e apontam para prognósticos desanimadores, pois o foco do problema acaba sendo

colocado no aluno, no seu desempenho, consolidando assim, o atraso cognitivo

como característica individual e, conseqüentemente contribuindo para uma baixa

expectativa dos educadores em relação a estes alunos.

A partir disso, veja-se o conceito de deficiência mental apresentado

pela Política Nacional de Educação Especial, que procura distanciar-se da visão

limitadora para o deficiente mental, adotando uma concepção multidimensional

desta deficiência, proposta pela Associação Americana de Deficiência Mental: [A deficiência mental] caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho (BRASIL, 1994, p.15).

O DSM-IV (1994) baseando-se na capacidade funcional e adaptativa

dos deficientes apresenta a seguinte classificação para deficiência mental:

- Dependentes: Geralmente QI abaixo de 25. Casos mais graves, nos

quais é necessário o atendimento por instituições. Há poucas, pequenas, mas

contínuas melhoras quando a criança e a família estão bem assistidas.

- Treináveis: QI entre 25 e 75. São crianças que se colocadas em

classes especiais poderão treinar várias funções, como: disciplina, hábitos

higiênicos, etc. Poderão aprender a ler e a escrever em ambiente sem hostilidade,

recebendo muita compreensão e afeto e com metodologia de ensino adequada.

- Educáveis: QI entre 76 e 89. A inteligência é dita “limítrofe ou lenta”

e estas crianças podem permanecer em classes comuns, embora necessitem de

acompanhamento psicopedagógico especial.

Para Ballone (2003) a classificação atual de deficiência mental, não

mais aconselha que se considere o retardo leve, moderado, severo ou profundo,

mais sim que seja especificado o grau de comprometimento funcional adaptativo.

Ainda segundo (AAMR, 2006; CARVALHO & MACIEL, 2003; ALMEIDA, 2004;

ALONSO, 2006 citados por Glat, 2007)

Page 19: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

19

“Na sua recente atualização, em 2002, a AAMR conceitua deficiência mental como uma condição envolvendo cinco dimensões (áreas) que se referem a diferentes aspectos do desenvolvimento do indivíduo, do ambiente em que vivem e dos suportes de que dispõe: habilidades intelectuais; comportamentos adaptativos; participação, interação e papel social; saúde; e contexto.”

5.2 Diagnóstico

Sempre que possível o diagnóstico da deficiência mental deve ser

feito por uma equipe multiprofissional, composta pelo menos de um assistente

social, um médico e um psicólogo. Tais profissionais, atuando em equipe, têm

condições de avaliar o indivíduo em sua totalidade, ou seja, o assistente social

através do estudo e diagnóstico familiar (dinâmica de relações, situação do

deficiente na família, aspectos de aceitação ou não das dificuldades da pessoa, etc.)

analisará os aspectos sócio culturais; o médico através da anamnese acurada e

exame físico (recorrendo a avaliações laboratoriais ou de outras especialidades,

sempre que necessário) analisará os aspectos biológicos e finalmente o psicólogo

que, através da anamnese, observação e aplicação de testes, provas e escalas

avaliativas especificas, avaliará os aspectos psicológicos e nível de deficiência

mental. Posteriormente, em reunião, todos os aspectos devem ser discutidos em

conjunto pelos profissionais que atenderem o caso, para as conclusões finais e

diagnóstico global, bem como para a definição das condutas a serem tomadas e

encaminhamentos necessários, sendo então a família chamada para as orientações

devolutivas e encaminhamentos adequados.

Esses fatores devem ser levados em conta e, portanto

adequadamente diagnosticados quando uma criança é suspeita de ter uma

deficiência mental, para que assim seja submetida à avaliação de sua capacidade

intelectual, permitindo a avaliação das possibilidades de inserção social, orientando

a abordagem terapêutica e educacional adequada.

Contudo, conforme ressalta Verdugo (1994) mesmo avaliando-se

todos os aspectos e fatores que envolvem a deficiência mental, o diagnóstico da

mesma é muitas vezes difícil. Numerosos fatores emocionais, alterações de certas

atividades nervosas superiores, alterações específicas de linguagem ou dislexia,

psicoses, baixo nível sócio-econômico ou cultural, carência de estímulos e outros

elementos do entorno existencial podem estar na base da impossibilidade do

Page 20: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

20

ajustamento social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente a

deficiência.

5.3 Perspectiva Educativa

O processo histórico revela que o portador de deficiência mental, em

decorrência de conceitos, classificações, avaliações e diagnósticos da própria

deficiência foi sendo alvo da construção de um indivíduo sem perspectivas de vida,

colocado e mantido à margem, excluído, por desviar-se do padrão de “normalidade”

social. No entanto, hoje esta é uma visão ultrapassada e inclusão é a palavra-chave

do momento quanto à perspectiva para a prática pedagógica na Educação Especial

de portadores de necessidades educativas especiais.

Para Martins (2003) a inclusão surge como um desafio para os

portadores de necessidades educativas especiais, como é o caso dos portadores de

deficiência mental, mas é uma proposta que visa oferecer oportunidades

educacionais adequadas a estes indivíduos, que ao longo dos anos vem sofrendo

com o processo de exclusão social. A inclusão seria uma forma de respeitar a

diversidade, o diferente, incluindo todos dentro do universo escolar e social. O que,

no entanto, pressupõe uma escola e profissionais que sejam capazes de atender às

suas especificidades, suas dificuldades, trabalhando suas limitações e habilidades.

Mas, para tanto, propõem Vieira e Pereira (2003) que o currículo

escolar para alunos com deficiência mental deve seguir os seguintes objetivos: -

reforço da formação geral; desenvolvimento de aptidões genéricas para a vida ativa

e hábitos de trabalho; permitir ao aluno o máximo de desenvolvimento pessoal nas

suas vertentes individual e social, respeitando o direito à diversidade; além de incidir

nos aspectos físicos, afetivos e intelectuais de forma global, em cada momento

evolutivo e em função dos diferentes contextos da vivência do aluno.

No mesmo entendimento, o MEC – Ministério da Educação (BRASIL,

1999) assim como Carvalho (2001) reconhecem na educação inclusiva a

necessidade de que sejam realizadas adaptações curriculares, onde se deve ter

atenção especial aos seguintes procedimentos: objetivos, conteúdos, avaliação,

metodologia, organização didática, temporalidade e organização curricular. Tais

Page 21: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

21

adaptações devem visar as necessidades do aluno, podendo ser aplicadas conforme

as necessidades identificadas nos alunos. Essas adaptações pautam-se também na

LDB 9394/96 que reconhece que modificações curriculares devem ser

implementadas sobre a perspectiva e ações focadas no trabalho educativo para o

favorecimento do desenvolvimento do aluno.

Porém, Carvalho (2001) considera que adaptações na prática

pedagógica tratam de uma questão um tanto quanto complexa e polêmica, por isso

acredita que talvez seja preciso maior compreensão e comprometimento com a

proposta inclusiva, seja na escola ou na sociedade. Segundo a autora, adequações

curriculares não significa fazer currículo para este ou aquele tipo de aluno, mas sim

uma forma de tratar com mais respeito os alunos que necessitam de respostas

educativas diferenciadas, a partir de suas características.

Sendo assim, neste século, a perspectiva educativa para os

portadores de necessidades educativas especiais, pautam-se em bases teóricas

marxistas e no materialismo histórico-dialético, onde a educação surge como uma

organização social, na sua base infra-estrutural (material, organização para a

produção dos meios de subsistência) e superestrutural (idéias, ideologia,

conhecimentos científicos, etc.), sendo que para que ocorram mudanças na

educação, é necessário que estas ocorram na organização social. Mudanças que

não devem ocorrer apenas no sistema escolar, mas, sobretudo na organização

social injusta (JANNUZI, 2006).

A esse respeito complementa Jannuzi (2006), que a educação surge

como um fator de mediação, no sentido de que permite a realização das relações do

homem com o outro homem, consigo mesmo e com o grupo. Serve como veículo

capaz de constituir o ser humano na apropriação do legado histórico e cultural do

grupo. O indivíduo se desenvolve de forma partilhada, mas não pré-determinada, a

apropriação é essencialmente uma questão de pertencer e participar nas práticas

sociais.

Com base ainda em Jannuzi (2006), entende-se que a escola

configura-se como um espaço de contradições e neste, o professor deve ser o

mediador do processo de aprendizagem, porém, com clareza de que sua prática

mediadora, a qual deve se dar sob uma perspectiva crítica de que sujeito ele espera

formar, mais do que como este sujeito deve fazer.

Page 22: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

22

Reflexões realizadas por Padilha (2004) levam ao entendimento de

que o homem é um ser histórico, que se constitui socialmente, sendo que a

linguagem é o veículo dessa construção social. Estudos realizados por Bakhtin e

Vygotsky apontam a palavra como instrumento favorecedor do jogo ideológico, logo,

isso significa que a linguagem, a palavra usada com o portador de deficiência mental

não só o está representando, mas o está afirmando, está fazendo com que ele se

torna aquilo que dizem.

Salienta Padilha (2004) que existe um discurso de impossibilidades

associado ao portador de deficiência mental e qualquer outro portador de

necessidades educativas especiais, e isso deve ser mudado, principalmente quando

esse discurso ocorre na escola, professores devem assumir seu papel de mediador

e destituir-se do papel perpetuador de estigmas e estereótipos que servem como

elementos afirmadores da condição de incapacitados e excluídos dos portadores de

deficiências.

No atendimento à perspectiva mediadora e desafiadora para a

educação de portadores de deficiência mental, Ferreira (2007) considerando a

importância e a amplitude da questão, expõe que é necessário inserir a criança

portadora de deficiência mental desde a mais tenra idade, em situações significantes

de cultura, no sentido de que desta forma poderá estar construindo ou reconstruindo

relações sociais e a linguagem, que na visão da autora, um fenômeno muito mais

complexo que a língua e que envolve dimensões dialógica e ideológica, que estão

presentes na pluralidade de vozes que constituem o sujeito.

A partir disso, Ferreira (2007) propõe que se adote o letramento

como princípio organizador da adaptação da proposta curricular no ensino básico

para alunos com deficiência intelectual. Explica a autora, que o letramento é um

objeto de natureza eminentemente lingüística, o que lhe confere mais riqueza e

possibilidades na constituição humana e no desenvolvimento das funções

psicológicas superiores dos alunos, principalmente no desenvolvimento escolar. Na

proposta curricular e na escola, o letramento tem função social e visa a inserção nos

processos de ensino, o que coloca a adaptação curricular para alunos com

deficiência intelectual no mesmo registro das atividades de ensino para todos os

demais alunos. Salienta também Ferreira (2007) que o letramento deve ser

concebido numa perspectiva curricular transdisciplinar, por apresentar uma grande

Page 23: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

23

flexibilidade pedagógica, o que é necessário ao desenvolvimento escolar dos alunos

na diversidade com se apresentam no cotidiano da sala de aula.

Nesta perspectiva, cita-se Lúria (apud FERREIRA, 2007, p. 106): “as

crianças [...] ao adquirirem os métodos e os hábitos de aprendizagem da escola,

desenvolvem as suas capacidades, compensam as deficiências e realizam o seu

potencial de desenvolvimento mental”. Com esta citação, tem-se que o letramento

representa um processo que viabiliza a imersão do sujeito e práticas sociais, e

através da escrita ou outras formas icônicas, como sistema simbólico, para tornar

significativas as práticas discursivas, nas quais concorrem diferentes níveis de

habilidades de ler e escrever.

A esse respeito refere Soares (apud FERREIRA, 2007, p. 107): [...] não é um atributo unicamente ou essencialmente pessoal, mas é, sobretudo, uma prática social: letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e escrita, em um contexto específico e, como essas habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais [...] é o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social.

Mas, destaca-se que no universo do letramento, este vai além do

domínio de leitura e escrita, corresponde a uma dimensão social transformadora da

realidade humana e do próprio indivíduo. Apresenta-se como uma alternativa, ou

instrumento educativo capaz de orientar o percurso educacional de forma a viabilizar

as condições de educação necessárias ao muito do que tais alunos podem vir a ser.

Page 24: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

24

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a intenção de reafirmar as idéias acerca da implementação da

Educação Especial como Modalidade da Educação, mas nunca concluir,

entendemos que a elaboração deste material, que ora nos propomos, contribuirá

para o que sempre desejamos como educadores, que é a participação efetiva no

processo de educação de nossos alunos com práticas educativas que não

encontraremos em "receitas prontas”, mas com o entendimento que temos de

educação como um processo histórico e socialmente construído o qual faremos

baseados em estudos constantes.

Percebemos que o maior entrave da inclusão não está na legislação,

tão pouco na falta de estrutura física das escolas, nem mesmo no entendimento das

adaptações curriculares, mas, pelos resultados das pesquisas, está centrado nas

práticas pedagógicas, isto posto que o interesse por esta temática continua sendo

dos professores que atuam na educação especial.

Dos oitenta e sete professores inscritos para o evento de

implementação, apenas cinqüenta e dois concluíram o curso e destes, a maioria

atuante em escolas especiais.

Este interesse parece estar permeado por dúvidas e insegurança no

atendimento aos alunos institucionalizados, embora houvesse o mito de que

profissionais da área estivessem realmente aptos a realizar com sucesso a

escolarização destes alunos neste lócus. Por outro lado, o desinteresse dos

professores do ensino regular, por entender, por força da legislação que oportuniza

a escolha, preferencialmente, da escola regular, preferem deixar essa reflexão com

os profissionais que já atuam com alunos com necessidades educativas especiais,

sejam eles matriculados em instituições especializadas ou em classes especiais e de

recursos no ensino regular.

Portanto parafraseando Meletti, 2007:

Page 25: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

25

“Pensar em inclusão não é pensar em um processo avesso à exclusão [...] Significa se inserir num espaço social já existente e essencialmente excludente. A inclusão é precária e perversa porque o que se busca é a inserção na sociedade que exclui, o que se reivindica é aquilo que reproduz e conforma a sociedade atual.”

REFERÊNCIAS

ABDA. Associação Brasileira de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Disponível em: <http://www.tdah.org.br/quemsomos01.php.> Acesso 05 abr. 2007.

AAMR. Ciclo Cero, v. 25 (3), p.5-25,1994.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. DSM-IV. D.C. 4 ed. Disponível em: <http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/.>. Acesso em 27 maio 2007.

AQUINO, J. G. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003. 95 p.

ARAÚJO, H. M. de. O distúrbio da atenção e hiperatividade em questão: teoria e terapia. 2000. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://usuarios.uninet.com.br/~hmiguens/disturbio_da_atencao_e_hiperatividade_em_questao.pdf.> Acessado em 22 de agosto de 2008.

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA, v. 2. São Paulo: UNESP, 1999, p. 149-164 (Seminário e debates).

BALLONE G.J. Dificuldades de aprendizagem. 2005. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/>. Acesso 20 outubro de 2008.

BAPTISTA, Cláudio Roberto. A inclusão e seus sentidos: entre edifícios e tendas. In: ______ (org.). Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006. p.83-94.

______. Vestígios... pistas e relações entre pensamento sistêmico e processos inclusivos. In: JESUS, Denise Meyrelles de. et alli. (org.). Inclusão, práticas

Page 26: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

26

pedagógicas e trajetórias de pesquisa. Porto Alegre: Mediação/Prefeitura Municipal de Vitória/CDV/FACITEC, 2007. p.154-165.

_________. Distúrbio de déficit de atenção por hiperatividade. 2005. Disponível em: <http.//www.psiqweb.med.br.>. Acesso 02 out. 2007.

BENCZIK, E. B. P. TDAH - transtorno de déficit de atenção e hiperatividade para os profissionais da educação e saúde: atualização diagnóstica e terapêutica. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=43.>. Acesso em 20 setembro de 2008.

BRANDI, F. Deficiência mental. (2006). Disponível em: <http://www.ceismael.com.br>. Acessado em 20 de setembro de 2008.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394. Brasília: Senado Federal, 1996.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília: CNE/CEB, 2001.

BUENO, J. G. S. A educação inclusiva e as novas exigências para a formação de professores: algumas considerações. In. FORMAÇÃO DO EDUCADOR E

BUENO, J. G. S. A educação inclusiva e as novas exigências para a formação de professores: algumas considerações. In. BICUDO, M.A.V. & SILVA JÚNIOR, C.A. (org.). Formação do educador e avaliação educacional: formação inicial e continuada. v. 2. São Paulo: UNESP, 1999. p. 149-164 (Seminário e debates).

BUENO, J. G. A produção social da identidade do anormal. In: FREITAS, M. C. (org.). História social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. p.159-182.

______. Inclusão escolar: uma crítica conceitual e política. In: Anais do I Seminário de Pesquisa em Educação Especial. Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória: UFES, 2005.

CABRAL, S. B. Déficit de atenção - hiperatividade (DDA ou TDAH) em adultos. Disponível em: <http://www.mentalhelp.com/hiperatividade.htm.> Rio de Janeiro. Acessado em 25 outubro de 2008

Page 27: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

27

________. Os Custos do TDAH. Disponível em: <http://www.universotdah.com.br>. Acessado em 15 jun. 2007.

CARVALHO, Maria de Fátima. Conhecimento e vida na escola: convivendo com as diferenças. São Paulo: Unijuí, 2006.

CARVALHO, Rosita Edler. Inclusão no Espaço Escolar. Mímeo, 1998.

___________. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação, 2000.

FACCION, J.R. Inclusão escolar e suas implicações. Curitiba: IBPEX, 2005.

FERREIRA, Júlio Romero. A nova LDB e as necessidades educativas especiais. Cadernos CEDES. n.46. v.1. p.7-16. 1998.

FERREIRA, Isabel Neves. Caminhos do aprender. Uma alternativa educacional para a criança portadora de deficiência mental. Brasília: CORDE, 1993.

GARCIA, Rosalba M. C. Discurso políticos sobre inclusão: questões para as políticas públicas de educação especial no Brasil. Educação Especial, n.15, CNPq, s/d. Disponível em: http://universoautista.com.br/autismo/modules/sections/index.php? op=viewarticle&artid=224 Acessado 03 novembro 2008.

JANNUZZI, G. Algumas concepções de educação do deficiente. UNICAMP. Disponível em Revista. Brasileira de Ciências e Esporte. 2004. Campinas. v.25, n.3. p. 9-25.

JANUZZI, G.S.M. O docente e a educação integradora. In. Formação do educador e avaliação educacional: formação inicial e continuada. v. 2. São Paulo: UNESP, 1999. p. 131-137. (Seminário e debates).

JANNUZZI, Gilberta de Martino. Algumas concepções de educação do deficiente. Rev. Bras. Ciênc. Esporte. Campinas, v.25, n.3, p.9-25, maio 2004.

Page 28: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

28

______. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. 2. ed. São Paulo: Autores Associados, 2006.

KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Deficiência múltipla e educação no Brasil: discurso e silêncio na história de sujeitos. São Paulo: Autores Associados, 1999.

_________________. Políticas nacionais de educação inclusiva – discussão crítica da Resolução nº. 02/2001. Ponto de Vista. Florianópolis, n.3/4, p.13-25, 2002.

KESTELMAN, I. TDAH- Um depoimento. Disponível em <http://www.tdah.org.br/reportagem01.php?tipo=T>. Acesso 02 outubro de 2008.

LAPLANE, A. L. F. de. Educação X Necessidades Especiais: uma questão política e discursiva. GT: Educação Especial. UNICAMP.

_______________. Uma análise das condições para a implementação de políticas de educação inclusiva no Brasil e na Inglaterra. Educ. Soc. Campinas, v. 27, n. 96. Especial, p. 689-715.

LIBÂNEO, J.C. O projeto de educação nacional: a desatenção aos critérios de qualidade das aprendizagens escolares. (Texto de palestra transcrito de gravação revisto pelo autor). Goiânia: 17 set. 2003.

MALUF, M. H. Agitação ou TDAH. Disponível em <http://www.aprendebrasil.com.br/entrevistas/entrevista0126B.asp.> Acessado 22 outubro de 2008.

MARQUES, Carlos Alberto. Rompendo paradigmas: as contribuições de Vygotsky, Paulo Freire e Foucault. In: JESUS, Denise Meyrelles de. et alli. (org.). Inclusão, práticas pedagógicas e trajetórias de pesquisa. Porto Alegre: Mediação/Prefeitura Municipal de Vitória/CDV/FACITEC, 2007. p.145-153.

MARTINS, J. S. A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e classes sociais. Petrópolis: Vozes, 2002.

MELETTI, Sílvia Márcia Ferreira. Diversidade e inclusão. Aula do Curso II do PDE. Londrina: UEL, 27-28 set. 2007.

Page 29: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

29

__________________. Políticas de educação inclusiva e a educação da pessoa com deficiências no Brasil. In. IX SEMANA DE EDUCAÇÃO. Política e gestão da educação: dilemas e perspectivas. Anais. Uel. Londrina, 28 a 31 de maio, 2007.

PADILHA. A.M.L. Possibilidades de histórias ao contrário ou como desencaminhar o aluno da classe especial. 3. ed., rev. e ampl., São Paulo: Plexus Editora. 2004.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO. COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL/PDE. Uma nova política de formação continuada e valorização dos professores da educação básica da rede pública estadual: documento-síntese. Curitiba: 2007.

RIEF, S. A Desordem e a DDAH. Disponível em <http://ddah.planetaclix.pt/ddah_escola.htm.1998.> Acessado em 17 de setembro 2008.

ROSA, S.P.S. Fundamentos teóricos metodológicos da inclusão. Curitiba: IESDE, 2004.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999.

STAINBACK, Susan; STAINBACK, William (org.). Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

TAYLOR, J. Hiperatividade: Corrigir Sem Criticar. Psicólogo da família. Presidente da Sun America Seminar, em Oregon, USA. 2006. Disponível em <http://www.hiperatividade.com.br/article.php?sid=69>. Acessado em 06 outubro de 2008.

TOPCZEWSKI, A. Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (DDA ou TDAH) em crianças. Dr. Vice-presidente da Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Disponível no site: <http://www.mentalhelp.com/hiperatividade_infantil_FAQ.htm.> Acessado em 25 agosto de 2008.

VERDUGO, M. Al. El cambio de paradigma en la concepcion del retraso mental: la nueva definicion de la. 1994.

Page 30: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO ......Freqüentemente encaminhados por familiares para uma escola na busca de ocupação para quem não tinha nada para fazer e também para confirmar

30

WANNMACHER, L. DHDA. Correto diagnóstico para real indicação de psicoestimulantes. ISSN 1810-0791, vol. 3, n. 10., Brasília, 2006. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/v3n10_dhda_psicoestimulantes.pdf.> Acessado em 20 de setembro de 2008.