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UnB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FGA - FACULDADE GAMA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO TÉCNICA DE EQUIPAMENTOS MÉDICOS REGISTRADOS NA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA WALTER LIMA RAMIREZ FILHO ORIENTADORA: Profª Drª Lourdes Mattos Brasil DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA PUBLICAÇÃO: 050A/2016 BRASÍLIA/DF: 04 DE JULHO 2016

SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAÇÃO …repositorio.unb.br/bitstream/10482/21451/1/2016_WalterLimaRamirezF... · ainda é incipiente na proposição de uma ferramenta

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  • UnB - UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FGA - FACULDADE GAMA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA

    BIOMDICA

    SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAO

    E COMPARAO TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS

    REGISTRADOS NA AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA

    SANITRIA

    WALTER LIMA RAMIREZ FILHO

    ORIENTADORA: Prof Dr Lourdes Mattos Brasil

    DISSERTAO DE MESTRADO EM ENGENHARIA BIOMDICA

    PUBLICAO: 050A/2016

    BRASLIA/DF: 04 DE JULHO 2016

  • ii

    UnB - UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FGA - FACULDADE GAMA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA

    BIOMDICA

    SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAO

    E COMPARAO TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS

    REGISTRADOS NA AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA

    SANITRIA

    WALTER LIMA RAMIREZ FILHO

    DISSERTAO DE MESTRADO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PS-

    GRADUAO EM ENGENHARIA BIOMDICA DA FACULDADE GAMA DA

    UNIVERSIDADE DE BRASLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS

    NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM

    ENGENHARIA BIOMDICA.

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    WALTER LIMA RAMIREZ FILHO

    SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAO E COMPARAO

    TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS REGISTRADOS NA AGNCIA

    NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, [Distrito Federal] 2016.

    107p., 210 x 297 mm (FGA/UnB Gama, Mestre, Engenharia Biomdica, 2016).

    Dissertao de Mestrado - Universidade de Braslia. Faculdade Gama. Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Biomdica.

    1. SECTEM 2. ESPECIFICAO TCNICA

    3. COMPARAO TCNICA 4. EQUIPAMENTOS MDICOS

    I. FGA UnB Gama/ UnB. II. Ttulo (srie)

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    FILHO, W. L. R. (2016). SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE

    ESPECIFICAO E COMPARAO TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS

    REGISTRADOS NA AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA.

    Dissertao de Mestrado em Engenharia Biomdica, Publicao 050A/2016, Programa de

    Ps-Graduao em Engenharia Biomdica, Faculdade Gama, Universidade de Braslia,

    Braslia, DF, 107p.

    CESSO DE DIREITOS

    AUTOR: WALTER LIMA RAMIREZ FILHO

    TTULO: ENGENHEIRO BIOMDICO

    GRAU: Mestre

    ANO: 2016

    concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta dissertao

    de mestrado e para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitos acadmicos e

    cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte desta dissertao

    de mestrado pode ser reproduzida sem a autorizao por escrito do autor.

    ________________________________________________

    2016

    QI 14 BLOCO H APT 213, GUAR I.

    CEP .: 71.015-080. Braslia, DF Brasil.

  • iv

    DEDICATRIA

    O Mestre na arte da vida faz pouca distino entre

    o seu trabalho e o seu lazer, entre sua mente e seu

    corpo, entre sua educao e sua recreao. Ele

    simplesmente persegue sua viso de excelncia

    em tudo o que faz, deixando para os outros a

    deciso de saber se est trabalhando ou se

    divertindo. Ele acha que est sempre fazendo as

    duas coisas simultaneamente.

    Texto budista.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    A todos que participaram diretamente ou

    indiretamente na execuo deste trabalho.

  • vi

    RESUMO

    SECTEM: SISTEMA BASEADO NA WEB DE ESPECIFICAO E

    COMPARAO TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS REGISTRADOS

    NA AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA

    Autor: Walter Lima Ramirez Filho

    Orientadora: Prof Dr Lourdes Mattos Brasil

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Biomdica

    Braslia, 04 de Julho de 2016.

    A criao de ferramentas computacionais para aperfeioar o cuidado em sade e o

    atendimento racionalizao, sustentabilidade dos eventos clnicos, econmicos e sociais

    da sade possibilita solucionar problemas decorrentes da m especificao na aquisio de

    Equipamentos Mdicos (EMs) no contexto da sade pblica. No presente estudo foi

    proposto um Sistema de Especificao e Comparao Tcnica de EMs (SECTEM) que

    auxilie profissionais tcnicos da Engenharia Clnica (EC), Engenharia Biomdica, entre

    outros, em atender s solicitaes clnicas, por meio da especificao tcnica, em relao

    compra de EMs para as Unidades de Sade. Estimam-se, tambm neste trabalho, aspectos

    ainda no abordados pela literatura, quanto ao gerenciamento de tecnologias de sade,

    medida que se discutem os impactos qualitativos da sade, quando lanado o processo de

    compra de EMs. O software foi elaborado pelo padro Modelo, Viso e Controlador

    (MVC), isto , em trs camadas que permite o acompanhamento e a realizao de vrios

    pequenos ajustes durante o seu incremento. Os resultados evidenciaram que em meio

    preocupao com o fator cuidado de sade, assim como a efetividade da atuao de

    EMs, aps a aquisio pelo parque tecnolgico, a maioria (99%) dos achados cientficos

    ainda incipiente na proposio de uma ferramenta capaz de auxiliar na adequada

    conduo das comparaes e especificaes efetuadas na atualidade. O SECTEM proposto

    foi capaz de empregar o indispensvel conhecimento tcnico para especificar e comparar

    as tecnologias de forma til e simplificada para os profissionais de sade.

    Palavras- Chave: SECTEM, Especificao Tcnica, Comparao Tcnica, Equipamentos

    Mdicos.

  • vii

    ABSTRACT

    TCSME: WEB BASED SYSTEM FOR ESPECIFICATION AND TECHNICAL

    COMPARISON OF MEDICAL EQUIPMENT REGISTERED IN THE NATIONAL

    SANITARY VIGILANCE AGENCY

    Author: Walter Lima Ramirez Filho

    Supervisor: Prof Dr Lourdes Mattos Brasil

    Post-Graduation Program in Biomedical Engineering

    Braslia, 04 de July of 2016.

    The creation of computational tools to improve health care and service rationalization,

    sustainability of clinical, economic and social events in healthcare allows solving

    problems arising from mismanagement in purchasing Medical Equipments (MEs) in the

    context of public health. In this work it was proposed a Technical Comparison System of

    MEs (TCSME) that helps technical professionals of Clinical Engineering (CE), Biomedical

    Engineering, among others, to meet clinical demands, through the technical specification,

    in relation to the purchase of MEs for Health Units. This work also estimates aspects not

    yet addressed by literature on the management of Health Technologies, as it discusses the

    qualitative impacts of health when launched the process of buying MEs. The results shows

    that amid concern with the "Health Care" factor, as well as with the effectiveness of MEs

    operation after its acquisition, the majority (99%) of scientific researchers are still

    incipient in proposing a tool which is able to help in the proper conduct of the

    comparisons and specifications made today. The proposed TCSME was able to apply the

    indispensable technical knowledge to specify and compare the technology in a simplified

    and useful way for healthcare professionals.

    Key-words: TCSME, Medical Equipment, Technical Specification, Technical

    Comparison.

  • viii

    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................................................... 15

    1.1 Contextualizao e Formulao do Problema ........................................................................... 15

    1.2 Objetivos .................................................................................................................................... 17

    1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 17

    1.2.2 Objetivos Especficos ............................................................................................................ 18

    1.3 Reviso da Literatura ................................................................................................................. 19

    1.4 Organizao do Trabalho ........................................................................................................... 25

    2 FUNDAMENTAO TERICA .............................................................................................................. 26

    2.1 Especificao Tcnica de Equipamentos Mdicos ......................................................................... 26

    2.1.1 A Importncia Real da Especializao Profissional na Especificao de Tecnologias .......... 28

    2.1.2 A EC e sua Relao com o Cuidado de Sade ....................................................................... 30

    2.2 Aquisio de EMs ....................................................................................................................... 31

    2.2.1 Licitao Pblica ................................................................................................................... 31

    2.2.2 Elaborao de Projeto Bsico ............................................................................................... 32

    2.2.3 Compras ................................................................................................................................ 33

    2.2.4 Fornecedores ........................................................................................................................ 34

    2.3 Implicaes Clnicas .................................................................................................................... 34

    2.4 Implicaes Legais ...................................................................................................................... 35

    2.4.1 Casos de Impercias no Cuidado de Sade ........................................................................... 36

    2.5 Teorias Computacionais de Software.............................................................................................. 37

    3 METODOLOGIA ................................................................................................................................... 41

    3.1 O Ambiente do Estudo ............................................................................................................... 41

    3.1.1 Elaborao do Sistema ......................................................................................................... 41

    3.1.2 Proposta Inicial ..................................................................................................................... 41

    3.1.3 Proposta do Sistema de Comparao .................................................................................. 43

    3.2 Delimitao do Estudo ............................................................................................................... 45

    4. RESULTADOS ..................................................................................................................................... 46

    4.1 Viso Geral ................................................................................................................................. 46

    4.2 Sistema SECTEM ......................................................................................................................... 46

    4.2.1 Levantamento e Requisitos do Sistema .................................................................................. 46

    4.2.2 Apresentao do SECTEM ....................................................................................................... 64

    4.3 Viabilidade da Pesquisa .............................................................................................................. 75

  • ix

    4.4 Limitaes do Sistema ................................................................................................................ 76

    5 DISCUSSO E CONCLUSO ................................................................................................................. 78

    6 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................................................ 80

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................................. 81

    ANEXOS/APNDICES .............................................................................................................................. 86

    ANEXO 1: SUBMISSES .................................................................................................................... 87

    APNDICE 1: MANUAL DO APARELHO DE RAIOS-X VMI .................................................................. 89

    APNDICE 2: MANUAL DO APARELHO DE RAIOS-X GE ................................................................... 92

    APNDICE 3: MANUAL DO APARELHO DE RAIOS-X SIEMENS ......................................................... 94

    APNDICE 4: MANUAL DO CARDIOVERSOR ZOLL ........................................................................... 96

    APNDICE 5: MANUAL DO CARDIOVERSOR PHILIPS ....................................................................... 98

    APNDICE 6: MANUAL DO CARDIOVERSOR PHILIPS ..................................................................... 100

    APNDICE 7: MANUAL DO CARDIOVERSOR GE ............................................................................. 102

    APNDICE 8: MANUAL DO CARDIOVERSOR NIHON KOHDEN ....................................................... 104

    APNDICE 9: MANUAL DO CARDIOVERSOR CMOS DRAKE ........................................................... 106

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Algumas especificaes mnimas dos aparelhos de raios-X .............................. 50

    Tabela 2: Algumas especificaes mnimas dos cardioversores ........................................ 56

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Ciclo de vida dos EMs. ........................................................................................ 27

    Figura 2: Fluxo de elaborao do SECTEM proposto. ....................................................... 43

    Figura 3: Ao e Descrio. ................................................................................................ 44

    Figura 4: Comparar tipos de produto. .................................................................................. 44

    Figura 5: ANVISA Pgina Inicial - Servios. .................................................................. 47

    Figura 6: ANVISA Produtos para Sade. ......................................................................... 47

    Figura 7: ANVISA Consulta a Banco de Dados / Produtos para Sade. ......................... 48

    Figura 8: ANVISA Pesquisa sobre Rotulagem e Instrues de Uso do Produto.. ........... 48

    Figura 9: ANVISA Resultado da pesquisa.. ..................................................................... 49

    Figura 10: Viso geral da arquitetura do SECTEM.. .......................................................... 64

    Figura 11: Pgina Inicial do SECTEM.. .............................................................................. 65

    Figura 12: Tipo de Produto - Novo.. .................................................................................... 66

    Figura 13: Cadastrar tipo de Produto.. ................................................................................. 67

    Figura 14: Editar tipo de Produto.. ...................................................................................... 68

    Figura 15: Apagar tipo de Produto. ..................................................................................... 68

    Figura 16: Cadastrar Parmetros. ........................................................................................ 69

    Figura 17: Produto - Novo. .................................................................................................. 70

    Figura 18: Inserir Produto desejado. ................................................................................... 70

    Figura 19: Discriminar os itens de acordo com o manual da ANVISA. ............................. 71

    Figura 20: Comparao do SECTEM. ................................................................................. 71

    Figura 21: Definir o tipo de Produto para Comparao. ..................................................... 72

    Figura 22: Resultado comparativo - aparelho de raios-X. ................................................... 73

    Figura 23: Resultado comparativo cardioversor. .............................................................. 74

    file:///C:/Alunos_Especializao_SBS/Patrycia/Verso%20Agosto/Monografia_Texto/Texto/Monografia%20(Patrycia%20Klavdianos)_VFinal.docx%23_Toc270776767file:///C:/Alunos_Especializao_SBS/Patrycia/Verso%20Agosto/Monografia_Texto/Texto/Monografia%20(Patrycia%20Klavdianos)_VFinal.docx%23_Toc270776768file:///C:/Alunos_Especializao_SBS/Patrycia/Verso%20Agosto/Monografia_Texto/Texto/Monografia%20(Patrycia%20Klavdianos)_VFinal.docx%23_Toc270776768file:///C:/Alunos_Especializao_SBS/Patrycia/Verso%20Agosto/Monografia_Texto/Texto/Monografia%20(Patrycia%20Klavdianos)_VFinal.docx%23_Toc270776769

  • xii

    LISTA DE SMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAES

    ABDI - Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

    ACCE - American College of Clinical Engineering

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    ASD - Adaptive Software Development

    BIREME - Biblioteca Regional de Medicina

    BPA Boas Prticas de Aquisio

    BPF Boas Prticas de Fabricao

    BVS - Biblioteca Virtual em Sade

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CDC - Cdigo de Defesa do Consumidor

    CFM - Conselho Federal de Medicina

    CGIS - Coordenao-Geral de Investimentos em Sade

    DSDM - Dynamic Systems Development Method

    EAS - Estabelecimentos Assistenciais de Sade

    EC Engenharia Clnica

    ECG - Eletrocardiograma

    EMHs - Equipamentos Mdico-Hospitalares

    EMs - Equipamentos Mdicos

    FDD - Feature Driven Development

    GEATS - Gerncia de Tecnologia em Sade

  • xiii

    IEEE - Institute of Electrical and Electronic Engineers

    LILACS - Literatura Latino Americana e do Caribe em Cincias da Sade

    MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

    MS - Ministrio da Sade

    MVC - Modelo, Viso e Controlador

    NCBI - National Center for Biotechnology Information

    NLM - National Library of Medicine

    OMS - Organizao Mundial da Sade

    OPAS - Organizao Pan-Americana da Sade

    PubMed Publicaes Mdicas

    PUC - Pontifcia Universidade Catlica

    SCIELO - Scientific Eletronic Library On Line

    SECTEM Sistema de Especificao e Comparao Tcnica de Equipamentos Mdicos

    SPO - Oxmetria de Pulso

    SUS - Sistema nico de Sade

    TCU - Tribunal de Contas da Unio

    UFG - Universidade Federal de Gois

    UFPR - Universidade Federal do Paran

    UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFSC - Universidade de Santa Catarina

    UnB - Universidade de Braslia

  • xiv

    UNICAMP - Universidade de Campinas

    USP - Universidade de So Paulo

    UTI - Unidade de Tratamento Intensivo

    WHO - World Health Organization

    XP - Extreme Programming

  • 15

    1 INTRODUO

    O trabalho em questo apresentou um software capaz de auxiliar na especificao e

    comparao dos Equipamentos Mdicos (EMs), em especial, dos aparelhos de raios-x e

    cardioversores. Os equipamentos e materiais de sade ou "produtos correlatos" so

    aparelhos, materiais ou acessrios cujo uso ou aplicao esteja ligado defesa e a

    proteo da sade individual ou coletiva, higiene pessoal ou de ambientes, ou

    diagnsticos e analticos, os cosmticos e perfumes, e, ainda, os produtos dietticos,

    pticos, de acstica mdica, odontolgicos e veterinrios (ANVISA, 2009). O sistema

    proposto deve contribuir para a anlise tcnica dos EMs j registrados na ANVISA

    como uma ferramenta de apoio na aquisio ou escolha de EMs via Web.

    1.1 CONTEXTUALIZAO E FORMULAO DO PROBLEMA

    A confiabilidade de tecnologias em sade um campo h muito visto como

    multidisciplinar do conhecimento, pois envolve implicaes clnicas, sociais, ticas,

    legais e econmicas das tecnologias em sade. O processo de compras de EMs situa-se

    nesse campo de interesse, ou seja, acaso ocorra uma superviso sem efeito no curso do

    processo de aquisio, em funo do notrio saber de especialistas, desencadeia efeitos

    negativos no cuidado de sade (OMS, 2009; CHANG HU et al., 2012).

    O ato de compra de EMs forte instrumento da gerncia de tecnologia em Sade

    (GEATS), pois capaz de causar impactos na rea de atuao da Engenharia Clnica

    (EC) e, consequentemente no cuidado ao doente: especificar, adquirir, avaliar, manter e

    desativar a arquitetura tecnolgica (SOUZA et al., 2013; INFANTE e SANTOS, 2007).

    O processo de aquisio de equipamentos hospitalares restringe-se a alguns

    pormenores a serem observados: necessidades clnicas, avaliao das condies

    ambientais, levantamento dos equipamentos existentes no mercado, especificaes dos

    equipamentos, avaliao de propostas, escolha dos fornecedores, emisso do contrato e

    instalao do equipamento. Dentre estas etapas, a especificao dos equipamentos a

    mais fundamental, em funo das informaes bsicas que nela dever constar e,

    portanto, definir a melhor escolha do fornecedor e a melhor proposta para a aquisio

    (JACOBS, 2009).

  • 16

    Em regra, um processo de compras de equipamentos hospitalares inicia com a

    solicitao do corpo clnico. A requisio pode ocorrer pela demanda em realizar a

    reposio de equipamentos ou ainda a atualizao de tecnologias j existentes. No caso

    de rgos pblicos, obrigam-se s exigncias da Lei Geral de Licitaes Pblicas n

    8.666, de 21 de junho de 1993, visto que o dispositivo legal institui normas gerais sobre

    licitaes e contratos administrativos relativos s obras, servios, compras, alienaes e

    locaes, dentre outros que so igualmente importantes (RAMREZ, 2005; CALIL,

    2002).

    Para proceder ao certame licitatrio, o contratante observa se o objeto de compra

    exclusivo de determinados fornecedores ou no. Se no houver exclusividade de

    fornecimento, de acordo com a Lei Geral de Licitaes Pblicas n 8.666/1993,

    propcia abertura de um certame licitatrio e, este depende do valor da aquisio dos

    equipamentos e da tcnica solicitada (BRASIL, 2004).

    Ao especificar um equipamento o profissional dever identificar informaes como

    o nome do equipamento, a aplicao clnica, a configurao fsica, o tipo de montagem,

    a capacidade nominal, as dimenses e peso, os parmetros, os dispositivos de controle e

    alarmes, exatido, preciso e sensibilidade, alimentao, entrada e sadas, acessrios,

    exigncias tcnicas e normativas. Tudo isto concorre para configurar o ciclo de vida de

    uma tecnologia e principalmente dispor sobre a segurana, desempenho, instalao e

    uso de equipamentos (BRASIL, 2013; ANVISA, 2004).

    Alm das especificaes tcnicas, legitimar o processo de aquisio de EMs

    implica em exigncias especiais, visto que no se pode prever que as exigncias

    institucionais e tcnicas iro corresponder ao solicitado pela equipe clnica e tcnica.

    Assim, so clusulas especiais do processo de compra a especificao dos

    equipamentos, as peas de reposio, esquemas eltricos, prazo de garantia do

    equipamento, treinamento equipe clnica/tcnica, assistncia tcnica e manuteno,

    instalao e aceitao, custos e requisitos legais (BARBIERI, 2006; MARTIN et al.,

    2011).

    A investigao da aquisio de EMs orienta mensurao da segurana do

    paciente/doente, medida que se avaliam os mecanismos da assistncia que impactam

    negativamente o cuidado de sade. Neste sentido, alguns estudos tm sido bem

  • 17

    conduzidos para evidenciar que os insumos tecnolgicos influenciam na oferta da

    qualidade em sade (WHO, 2011; SOUZA et al., 2013).

    Uma das explicaes para encontrar um nmero considervel de equipamentos

    mdicos que esto inoperantes a falta de capacitao tcnica de especialistas e do

    conhecimento acerca dos aspectos legais, clnicos, administrativos, gerenciais dos

    Estabelecimentos Assistenciais de Sade (EAS), no momento da aquisio. A partir

    desta realidade necessrio um melhor gerenciamento das tecnologias (COELLI, 2002;

    SANTOS, 2011).

    O processo de obteno de um EM resulta da necessidade em garantir o ciclo de

    vida das tecnologias, enquanto critrio mais importante para mant-las atuante, alm de

    outros igualmente relevantes, como os custos de operao e a qualidade em sade

    (BATISTA, 2008).

    sabido que o interesse clnico satisfazer os requisitos de qualidade e segurana,

    ao adquirir EMs. No entanto, de acordo com as condies em que so adquiridos, ou

    seja, a busca por um timo equipamento, seguro e em menor preo tem se tornado um

    processo difcil de assimilao pelas EAS. As principais razes desta ocorrncia so a

    complexidade das tecnologias, dificuldades das polticas hospitalares e fornecedores

    para promover treinamentos tcnicos, pouca flexibilidade da Lei Geral de Licitaes

    Pblicas n 8.666/1993 (RAMIREZ, 2005; ALMEIDA et al., 2013).

    Assim, foi desenvolvido um software de comparao tcnica para auxiliar na

    especificao e comparao tcnica de EMs, denominado de SECTEM. Trata-se de uma

    ferramenta computacional, em que consta o conjunto de informaes tcnicas, conforme

    parmetros legais, que dar subsdios velocidade e apurao de informaes

    respectivas a um conjunto especfico de EMs, pelos especialistas, no momento da

    proposio de incorporao da tecnologia ao parque tecnolgico.

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo geral

  • 18

    Desenvolver um software de especificao e comparao tcnica de EMs, em especial

    dos aparelhos de raios-X e cardioversores registrados na ANVISA, para subsidiar a

    aquisio deles.

    1.2.2 Objetivos especficos

    Quanto aos objetivos especficos, este trabalho segue um aspecto ou rea de interesse: o

    gerenciamento da tecnologia mdico-hospitalar.

    Este trabalho se disps a:

    i. Testar um sistema computacional que disponibilize a especificao e

    comparao de EMs, em especial, dos aparelhos de raios-x e cardioversores;

    ii. Abordar a Lei Geral de Licitaes Pblicas n 8666/1993 e as exigncias

    pertinentes aquisio de equipamentos, projeto bsico, direcionamento, modalidades,

    menor preo, tcnica, entre outros;

    iii. Descrever o processo de compra de EMs;

    iv. Descrever o sistema computacional para subsidiar a especificao tcnica feita

    por tcnicos;

    v. Verificar a viabilidade de utilizar uma ferramenta computacional como auxlio

    na especificao tcnica de EMs, em especial dos aparelhos de raios-X e cardioversores,

    realizada pelo conhecimento de profissionais envolvidos na anlise de propostas para

    aquisio de equipamentos mdicos;

    vi. Propor a especificao dos EMs de forma prtica e til ao universo clnico, por

    meio da disponibilizao de planilha eletrnica, constante de ferramenta computacional;

    vii. Prever por meio do projeto bsico, no processo de compra, especificaes

    efetivas do que o EAS necessita em termos de equipamento mdico.

  • 19

    1.3 REVISO DA LITERATURA

    Uma reviso narrativa1 na literatura necessria, a fim de verificar se h publicaes

    recentes, que propem abordagem computacional para efetivar especificaes de EMs,

    sob a perspectiva do cuidado de sade. A partir desta constatao ser definida a reviso

    de literatura.

    A pesquisa da base bibliogrfica para a fundamentao terica deste trabalho foi

    composta de livros, manuais, teses, dispositivos legais, artigos de revistas estrangeiras,

    boletins informativos da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA),

    monografias e artigos ligados de alguma forma a Universidades, tais como

    Universidade de Braslia (UnB), Universidade de Campinas (UNICAMP), Pontifcia

    Universidade Catlica (PUC), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

    Universidade Federal do Paran (UFPR), Universidade de So Paulo (USP),

    Universidade Federal de Gois (UFG), rgos governamentais de regulao,

    informativos tcnicos constantes da Organizao Mundial da Sade (OMS) e artigos nas

    seguintes fontes especializadas: Science Direct, Publicaes Mdicas (PubMed), uma

    base de dados que permite a pesquisa bibliogrfica de artigos submetidos em revistas de

    grande circulao da rea mdica. A PubMed foi desenvolvida pelo National Center for

    Biotechnology Information (NCBI) e mantida pela National Library of Medicine

    (NLM); Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES);

    Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE); Science Direct; Ministrio da

    Sade (MS) com base na Biblioteca Virtual em Sade (BVS), cuja consolidao

    devida Organizao Pan-Americana da Sade / Organizao Mundial da Sade

    (OPAS/OMS), assim como cooperao tcnica com a Biblioteca Regional de Medicina

    (BIREME) em informaes cientficas em sade na Amrica Latina e Caribe, a partir da

    integrao de sistemas nacionais que operam redes de bibliotecas e centros de

    documentao em cincias da sade.

    Verificou-se que a BVS dispe de consulta nas bases de dados, de literatura tcnica

    cientfica: Literatura Latino Americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS);

    1 Uma reviso narrativa, assim como outros tipos de estudo de reviso, so publicaes amplas, apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento ou o "estado da arte" de um determinado assunto, sob ponto de vista terico

    ou contextual. As revises narrativas no informam as fontes de informao utilizadas, a metodologia para busca das

    referncias, nem os critrios utilizados na avaliao e seleo dos trabalhos. Constituem, basicamente, de anlise da

    literatura publicada em livros, artigos de revista impressas e/ou eletrnicas na interpretao e anlise crtica pessoal

    do autor. (BERNADO et al., 2004).

  • 20

    Scientific Electronic Library Online (SciELO) do Brasil e Medical Literature Analysis

    and Retrieval System Online (MEDLINE), todas so coordenadas pela BIREME. Das

    bases citadas apenas a SciELO fora acesssada sob chave Compra de equipamentos

    mdicos, que retornou 381.000 itens, com as opes aquisio ou compra. Destes

    foram selecionados 11, que tratavam da aquisio de insumos hospitalares, entretanto

    apenas 9 foram referenciados, ou seja, os trabalhos de Batista e Maldonado (2008),

    Jacobs (2009), Tomazi et al (2004), Infante e Santos (2007), Almeida et al (2013),

    Rocha et al (2007), Barra et al (2006), Silva e Ferreira (2009), Bulgarin (2009), visto

    que apresentaram os aspectos que potencializam a iniciativa das instituies pblicas

    em direo obteno de tecnologias, quais sejam, legais, administrativos e clnicos.

    Alm disso, os referenciados ofertaram, em um primeiro momento, conceitos

    importantes compreenso da pesquisa. O critrio de excluso dos selecionados deu-se

    com base no que referenciavam o gerenciamento de materiais hospitalares, em vez de

    tecnologias, enquanto foco da pesquisa.

    No foram utilizadas referncias muito recentes, principalmente do ano de 2015,

    sendo que foram referenciadas algumas publicaes do ano de 2013 e 2014, ou alguns

    estudos especficos que complementam os achados mais recentes. Destaca-se que,

    medida que a pesquisa for desenvolvida, pelo pesquisador, possvel que a demanda de

    referncias seja atualizada. Uma observao mais aguada constatar que o tema

    inovador, por isso a escassez de literatura. Os achados mais recentes no encontraram

    vastas publicaes que pudessem ir ao encontro da ideia de elaborao de ferramentas

    computacionais, para o gerenciamento tecnolgico-hospitalar.

    A busca de referncias fora feita de forma hierrquica na apresentao dos

    assuntos, ou seja, partiu-se dos conceitos genricos para em seguida expor aspectos

    especficos como especificao, comparao, sistema, nomes de EMs, software, entre

    outros acerca da aquisio de tecnologias mdicas.

    Acerca do fator importncia da especializao profissional na especificao de

    tecnologias mdicas, procedeu-se busca na base BIREME com os termos

    engenheiro clnico e tecnologias, enfermagem e uso de tecnologias, Fisioterapeuta

    e EMs, que retornou 15.200 itens, sendo 20 selecionados e 2 referenciados os artigos

    de Oliveira (2009) e Guirro (2002). Foram eliminados 18 artigos, em funo de que no

    abordavam a associao entre os profissionais elencados e EMs. Por sua vez, os 2

  • 21

    arquivos referenciados satisfazem busca, tendo em vista que fundamentaram a

    importncia da estruturao de saberes e experincia para gerenciar tecnologias, em prol

    do cuidado de sade.

    A partir de outras fontes de informao cientfica, destaca-se a Science Direct, o

    objetivo do estudo direcionou-se para a busca de artigos que fornecessem informao

    acerca do cuidado em sade. A pesquisa realizada, com o argumento management of

    purchasing medical equipments, retornou 25 itens, dentre estes foram referenciados os

    trabalhos de Chang Hu et al (2012), Martin et al (2011), Sloane (2003), no total de 3

    itens, porque descrevem a preocupao da EC, em suprir as necessidades tecnolgicas

    clnicas e o cuidado mdico com o paciente, bem como citam o processo de compra de

    tecnologias mdicas e seus efeitos na logstica hospitalar. Entretanto, 22 itens foram

    descartados porque estudam especificamente os custos das tecnologias em sade,

    aspecto que desmerece o foco da presente abordagem cientfica.

    A base IEEE uma instituio de engenheiros, cujo objetivo promover

    conhecimento no campo da engenharia eltrica, eletrnica e computao. Assim,

    buscaram-se dados a partir do indexador em Ingls Purchasing of Equipment, 11

    arquivos retornaram. Nenhum deles tratava da questo de aquisio de equipamentos

    mdicos. Uma busca similar foi realizada com outro indexador em Ingls Acquisition

    ofmedical equipment, a resposta trouxe 100 arquivos que descreveram impactos dos

    custos da tomada de deciso nas compras de EMs, assim como aspectos tcnicos dos

    equipamentos, sem vincular com o gerenciamento de compra. Logo, nenhum satisfez ao

    tema de pesquisa.

    Outro aspecto de busca para a construo terica foi o processo de compras de

    EMs, o que se valeu da aplicao da chave licitao pblica, especificamente no stio

    da ANVISA. Retornaram 14 itens, em que foram todos selecionados, visto que so

    cartilhas e manuais de gerenciamento de compras de EMs, assim como ofertam as

    diretrizes metodolgicas de especificao de compras, notadamente porque citam a Lei

    de Licitaes Pblicas de n. 8.666/93 e sua sistemtica. Foram referenciados apenas 6

    itens: Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) (2010), ANVISA

    (2003), ANVISA (2004), ANVISA (2005), ANVISA (2011), ANVISA (2012), tendo

    em vista que se tratam de manuais mais recentes, do ano de 2002 a 2013, elaborados

    pela Unidade de Tecnovigilncia UTVIG. Os mais antigos foram descartados.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_el%C3%A9ctricahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_eletr%C3%B4nicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_computa%C3%A7%C3%A3o

  • 22

    Uma procura similar foi realizada no MS, pois uma pesquisa isolada para o

    argumento gerenciador de EMs foi efetivada, uma vez que o objetivo era saber como

    ocorre o gerenciamento da compra de tecnologias para a sade e descrever o processo

    de compra com nfase nas etapas de elaborao da proposta tcnica. Obteve-se a

    resposta com 70 itens, dos quais todos foram selecionados porque tratam de orientaes

    acerca da abertura de processo licitatrio para compras de EMs. Somente foi relevante o

    total de 6, porque descreveram boas prticas de aquisio de EMs, por meio de

    orientao tcnica, legal e administrativa, a exemplo dos seguintes arquivos: Brasil

    (1993), Brasil (1994), Brasil (2002), Brasil (2013), OMS (2010), MS (2007). Outro

    ponto positivo dos arquivos referenciados diz respeito descrio do processo de

    compra, desde a elaborao do projeto bsico at a confirmao da compra de

    tecnologias mdicas.

    Uma vez que j se esgotavam as possibilidades de pesquisa para achar as diretrizes

    metodolgicas do processo de compras de EMs e, diante da necessidade em

    potencializar as pesquisas iniciais com maiores posicionamentos cientficos, recorreu-se

    aos repositrios das Universidades, por exemplo, o da UNICAMP, sob o tema

    Enfermagem e as tecnologias de sade, resultando em 78.500 itens, dos quais apenas

    3 foram satisfatrias, ou seja, os trabalhos de Salvador et al (2012), Calil (2005),

    Ramirez (2005), por tratar de referncia ao manejo de EMs, realizado por enfermeiros,

    sob a perspectiva das campanhas lanadas pela OMS, em prol do cuidado de sade.

    Foi realizada, ainda, outra pesquisa na Universidade de Santa Catarina (UFSC),

    com a frase equipamentos mdico-assistenciais e resultou em 9 itens, dos quais

    apenas 2 foram satisfatrios. Um deles, o trabalho de Vergara (1999), que menciona

    sobre os procedimentos de aquisio de EMs de dois setores especficos de uma EAS

    por meio de uma ferramenta computadorizada. O outro, o trabalho de Santos (2009),

    que apresenta uma proposta de sistema para substituio de EMs.

    Outras pesquisas efetivadas no repositrio da UnB, com a frase compra de

    equipamentos mdicos, retornaram 437.000 resultados, sendo 7 selecionados e 4

    referenciados. Dos referenciados apreciou-se a meno confiabilidade dos EMs

    especificamente nos trabalhos de Souza (2012), Lemos (2012), Cartilha de Compras

    (2014), Santos (2011), como requisito primordial para alcanar a qualidade em sade e

    a abordagem do processo de compras por instituies do governo.

  • 23

    O mesmo parmetro de pesquisa foi lanado no repositrio da Pontifcia

    Universidade Catlica do Paran (PUC/PR), com o termo Equipamentos Hospitalares,

    retornou 70 arquivos, dos quais 10 foram selecionados e apenas 1 referenciado porque

    tratava das implicaes trazidas ao contexto clnico, administrativo e legal por

    profissionais que no esto preparados para o uso de equipamentos hospitalares

    (BERTOLINI e NOHAMA, 2007). A conformidade com as normas tcnicas tambm

    prevaleceu nos documentos referenciado.

    Uma pesquisa aplicada no repositrio da UFRJ para a chave compra de EMs,

    retornou 111 itens, dos quais apenas foram selecionados 20, por mencionar

    equipamentos hospitalares. Porm foi referenciado apenas 1 trabalho de Coeli (2008)

    em funo de que apresenta uma ferramenta tecnolgica que otimiza a qualidade de

    sade. Contudo, 19 itens foram excludos porque somente descreveram aspectos

    econmicos tais como, o ambiente negocial e o industrial da compra de EMs, o que no

    est dentro da proposta do presente estudo.

    Em outro repositrio, da USP, utilizou-se o argumento compra de equipamentos

    hospitalares, responderam 98 itens, dos quais foram selecionados 20 arquivos, mas

    destes apenas referenciou-se 1 item, visto que descreve um documento acerca da NR32,

    norma de segurana e sade no trabalho em servio de sade, elaborado por Marinho

    (2005). Todavia, 19 itens foram descartados devido abordagem ao gerenciamento de

    materiais mdicos, edital de licitao com as normas de compras, aspecto j fartamente

    colhido em outros artigos anteriormente consultados.

    No stio da World Health Organization (WHO), ao lanar no campo de pesquisa o

    seguinte termo Patient Safety, a resposta correspondeu com 113 arquivos. Destes

    achados, foram selecionados 40 itens, pois aferem o cuidado ao paciente sob a condio

    de uma nova disciplina do corpo clnico, sobretudo buscando a adoo de melhores

    prticas em benefcio da prestao de assistncia em sade. Entretanto, ao analisar os

    abstracts dos documentos apenas interessou, aos objetivos da pesquisa, uma coletnea

    de itens, no total de 11, sem a especificao de autores, que relata, respectivamente: os

    princpios da Investigao em Segurana do Paciente, a mensurao ao dano, o conceito

    de segurana do paciente doente, os requisitos de segurana do paciente doente, as

    causas dos incidentes de segurana, a identificao e a implementao de solues, a

    causa de investigar da segurana do paciente, a mensurao do que no vai bem ao

  • 24

    cuidado de sade, a avaliao do impacto das solues de segurana, a aplicao prtica

    na segurana de sade, a notificao de erros em sade. Estes boletins relatam falhas e

    riscos no cuidado de sade, inclusive descrevem uma campanha mundial lanada pela

    WHO como resultado da sua preocupao com o cuidado de sade. A motivao, assim,

    descrita justifica-se em funo da prtica recorrente de erros mdicos e falhas na

    assistncia em sade. O uso incorreto de insumos mdicos tambm est relatado nestes

    achados do stio da WHO, em especial nos pases subdesenvolvidos como a frica. Os

    demais achados no se adequavam descrio feita para a pesquisa porque abordam o

    uso incorreto de materiais mdicos, como seringas, dentre outros, que no os aspectos

    tecnolgicos de sade.

    Quanto aos livros consultados, no total de 3, a maior parte (2) so da rea do

    Direito Administrativo, de autoria respectiva a Gasparini (2005), Filho (2007), Niebuhr

    (2003), Barbieri (2006). O direito administrativo legitimou o processo de licitao

    pblica, ao passo que a obra da Cincia da Administrao abordou a logstica hospitalar,

    por isso todos selecionados e referenciados.

    Relativamente aos boletins informativos, foi consultado o Tribunal de Contas da

    Unio (TCU) para saber a respeito da situao dos EMs inoperantes no Brasil. A

    resposta trouxe 2 informativos contendo, respectivamente, matria especializada

    publicada no ento repositrio do TCU, denunciando o descaso com a rea de sade, em

    conformidade com relato feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e descrio

    dos processos licitatrios. Ambos os arquivos foram selecionados e referenciados, bem

    como so de autoria, respectivamente, de Mendes (2014), Camargo (2015).

    De fato, a maioria das publicaes evidencia a preocupao com o gerenciamento

    de EMs, mas tendo por critrio o atendimento aos princpios constitucionais que

    regulam os aspectos econmicos do sistema de sade brasileiro. Em relao aquisio

    de EMs, especificamente o alcance da qualidade em sade, encontrou-se uma lacuna no

    desenvolvimento de pesquisa com este efeito. E, isto um pensamento manifestado em

    pesquisas estrangeiras, de forma que em achados internacionais, a exemplo dos relatos

    de Chung Hu et al (2012), no obstante serem poucos se verificou maior avano em

    relao inquietao com o cuidado de sade. O prximo captulo tratar da

    Fundamentao Terica que dar embasamento para esse trabalho.

  • 25

    1.4 ORGANIZAO DO TRABALHO

    Este trabalho est organizado em seis captulos, incluindo este captulo.

    No captulo dois, apresentada uma viso geral da Fundamentao Terica,

    objetivando a compreenso na especificao e comparao de novas tecnologias,

    conceitos e padres utilizados na aquisio de EMs na rea mdica. Logo, so

    abordados os seguintes temas: Especificao Tcnica de EMs, A importncia Real da

    Especializao Profissional na Especificao de tecnologias, A EC e sua relao com o

    cuidado de sade, Aquisio de EMs, Licitao Pblica, Elaborao de Projeto Bsico,

    Compras, Fornecedores, Implicaes Clnicas, Implicaes Legais, Casos de Impercia

    no Cuidado de Sade, Ferramenta Computacional para EMs e Definies Tcnicas.

    O captulo trs detalha a metodologia utilizada no estudo.

    O captulo quatro descreve os resultados.

    O captulo cinco discute os pontos de maior importncia envolvendo o tema deste

    estudo e apresenta as concluses finais do trabalho.

    Por fim, o captulo seis apresenta os trabalhos futuros que podem ser desenvolvidos

    a partir das ideias apresentadas neste documento.

  • 26

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Este captulo versar sobre os EAS e os procedimentos neles realizados que tm

    apresentado mudanas significativas no que diz respeito aquisio de novas

    tecnologias, mesmo se forem considerado apenas os ltimos 50 anos. No incio do

    sculo XXI tratou-se no Brasil o conceito de qualidade em ambiente mdico-hospitalar

    associado satisfao das expectativas do cliente em relao ao servio prestado. Logo,

    ao se falar em qualidade, irrefutvel o valor dos protocolos e certificaes de

    conformidade baseados em normas de Boas Prticas de Aquisio (BPA) e Boas

    Prticas de Fabricao (BPF) do MS do Brasil, entre outras.

    2.1 ESPECIFICAO TCNICA DE EQUIPAMENTOS MDICOS

    EM qualquer equipamento de diagnstico, terapia e de apoio mdico-hospitalar.

    Existem prescries e clusulas tcnicas a serem observadas junto ao edital de licitao

    pblica para atender ao processo de aquisio de EMs, por instituies prestadoras de

    servios de sade que utilizam procedimentos de licitao. Entretanto, a especificao

    tcnica no isenta outras instituies que no adotam o processo licitatrio, embora

    tenham que proceder s devidas adequaes a fim de que a compra seja efetivada

    (ABDI, 2010; ANVISA, 2004; BRASIL, 1994).

    A especificao de EMs atribuio pertinente equipe tcnica instituda para

    aquisio dos equipamentos mdico-hospitalares. Desta forma, imprescindvel gerar

    as especificaes para seleo do equipamento, em atendimento s prescries tcnicas,

    a serem inseridas no projeto bsico, em conformidade com as diretrizes do edital de

    licitaes pblicas (Lei n 8.666/93). Alm disso, deve-se proceder ao recebimento do

    equipamento, acompanhamento de sua instalao e sua aceitao (ANVISA, 2004).

    A instituio de sade responsabiliza-se por constituir a equipe tcnica para

    aquisio do equipamento mdico-hospitalar requisitado. Neste caso, o dirigente da

    unidade responsvel pela destinao clnica do equipamento, ou ainda o representante, o

    dirigente da unidade responsvel pela gerncia e manuteno de equipamentos

    comprados pela instituio ou representante participam da instituio do corpo tcnico,

    para fundamentar o processo de compra (ANVISA, 2004). A Figura 1 apresenta a

    intensidade de uso dos EMs em trs etapas: incorporao, utilizao e renovao, sendo

  • 27

    a primeira etapa a mais importante para este trabalho, visto que contempla a

    especificao e a aquisio de novas tecnologias mdicas.

    Figura 1: Ciclo de vida dos EMs (Elaborao prpria).

    A etapa mais importante do processo de aquisio de EMs a especificao destes,

    em funo de tal procedimento dispem-se informaes bsicas acerca da escolha de

    fornecedor com a melhor e mais apropriada proposta. Dentre as informaes contidas na

    especificao destacam-se: o nome do equipamento, aplicao clnica, configurao

    fsica (se descartvel, reutilizvel, implantvel ou no, invasivo ou no, esterilizvel ou

    no), tipo de montagem, capacidade nominal, resoluo, dimenses e peso, parmetros,

    dispositivos de controle e alarmes, exatido, preciso e sensibilidade, alimentao,

    entradas e sadas, acessrios, exigncias tcnicas e normativas (MS, 2002).

    A especificao tcnica um posicionamento tcnico que tambm faz parte da

    anlise de mrito que o MS oferta ao pleito da aquisio de Equipamentos Mdico-

    Hospitalares (EMH) pelos EAS. Assim, a Coordenao-Geral de Investimentos em

  • 28

    Sade (CGIS), no MS, direciona-se rea tcnica de equipamentos e, portanto analisa

    projetos de investimentos no setor sade, dentre os quais a obteno de EMH (MS,

    2007).

    A normatizao presente em manuais tem sido o referencial para as especificaes

    feitas e custos sugeridos na proposta de projeto pelo proponente, isto , verifica-se a

    compatibilidade tcnico-econmica dos EMs. Esto includos na anlise tcnico-

    econmica parmetros legais porque servem como documentos de referncia (MS,

    2007).

    A observncia das normas nacionais (NBR IEC 60601-2-22) (10) e internacionais

    (IEC 60825-1 e TR IEC 60825-8) (11, 12), no processo de especificao tcnica, visa

    segurana dos usurios e operadores dos equipamentos hospitalares. A este respeito,

    curioso constatar que no Brasil ainda faltam procedimentos padronizado de ensaios de

    verificao, alm de laboratrios e pessoal treinado (BERTOLINI, 2007).

    Especificar elaborar um documento de forma criteriosa, tendo em vista que as

    informaes garantem a oferta de propostas adequadas s necessidades da instituio

    em sade. No documento da especificao deve constar o escopo, ou seja, as reas

    cobertas pela especificao, a organizao e o estabelecimento de abreviaes. A

    respeito da lista de documentos que devero constar da especificao, a mesma define

    as eventuais alteraes especificao (MS, 2002).

    As exigncias especficas para o equipamento, relativo ao processo de obteno de

    EMs, possuem a finalidade de evitar que a equipe de manuteno e equipe clnica

    tenham longos e desgastantes conflitos com os fornecedores. Tais conflitos podem

    ocorrer sob a hiptese das exigncias tcnicas no atenderem s informaes

    necessrias s solicitaes clnicas (MS, 2002).

    2.1.1 A Importncia Real da Especializao Profissional na Especificao de

    Tecnologias

    O corpo tcnico para proceder especificao de EMs deve ser composto de

    profissionais graduados nas reas de sade; Engenharia Eltrica; Eletrnica ou

    Mecnica com especializao e/ou ps-graduao em engenharia Clnica ou o prprio

  • 29

    Engenheiro Biomdico. necessrio ainda que estes profissionais sejam experientes na

    rea de engenharia clnica (MS, 2007; SALVADOR et al., 2012).

    O manejo ineficiente do processo de compras de EMs tem afetado

    consideravelmente a qualidade e a eficincia da aquisio destes insumos. Desta forma,

    imprescindvel a instituio de uma alternativa eficaz para especificar tecnologias

    (CHUNG HU et al., 2012).

    O treinamento tcnico de pessoal, assim como a especializao constitui requisito

    primordial para a manuteno de cada tipo e modelo de equipamento. Gerir as

    atribuies para lidar com equipamentos hospitalares cabe ao engenheiro clnico.

    Assim, a criao e a melhoria das tecnologias j atuantes so um aspecto chave para a

    qualificao da assistncia mdica (WADA e FELIPE, 2010).

    O engenheiro clnico, tal como definido pela American College of Clinical

    Engineering (ACCE), a partir dos seus conhecimentos em engenharia e prticas

    gerenciais em tecnologias da sade, promove melhorias no cuidado aos pacientes. A

    introduo da EC no Brasil fora induzida em virtude do elevado custo de manuteno

    dos equipamentos e seus acessrios. No entanto, existem diversas instituies de sade

    que enfrentam dificuldades para executar a poltica da EC, em vista da baixa qualidade

    tcnica da mo-de-obra, devido insuficincia de profissionais capacitados, e a falta de

    uma poltica clara para o setor (WADA e FELIPE, 2010).

    Importante entender que em relao contribuio da especialidade em EC pode-se

    esperar alta conscincia das contribuies econmico-financeiras que a gesto de

    tecnologia apropriada pode trazer ao ambiente hospitalar. No obstante essa perspectiva,

    a atuao da EC ainda incipiente, frente densidade de complexos EMs, o que

    culmina em evidente risco para a segurana de pacientes e usurios. Frise-se que a viso

    estabelecida acerca da incipincia da instalao da EC, em hospitais brasileiros, deve-se

    discrepncia entre a magnitude do parque tecnolgico e o nmero de servios em

    engenharia (MEDEIROS, 2009).

    A prtica da enfermagem no cuidado ao paciente pode ser fortemente impactada

    pelas tecnologias. Ento, uma assistncia de qualidade impe a especializao e o

    aperfeioamento dos conhecimentos do enfermeiro a respeito de tudo que envolve a sua

  • 30

    prtica. Operar no processo de trabalho em sade, em especial com mquinas,

    necessrio possuir saberes estruturados (BARRA, 2010; ROCHA, 2008; SILVA, 2009).

    O enfermeiro deve estar atento aos possveis impactos, riscos e relaes que se

    estabelecem entre os sujeitos participantes do processo de cuidado. Todavia, a forma

    como as tecnologias sero contempladas que ir atender s necessidades dos usurios.

    De fato, enfermeiros buscaram maiores conhecimentos com vistas a redimensionar o

    espao para cuidar, pois a prestao do servio deve ser de qualidade (SILVA e

    FERREIRA, 2012; PEREIRA et al., 2010).

    2.1.2 A EC e sua relao com o cuidado de sade

    O cuidado de sade condiciona-se ao gerenciamento que a EC patrocina as tecnologias

    mdico-hospitalares. possvel a partir da EC identificar solues variadas para

    problemas e situaes. O impacto que se verifica entre a EC e a preocupao com o

    doente refere-se garantia de prestao de servios de melhor qualidade e com menor

    custo (OLIVEIRA, 2009).

    J existe uma gama de pesquisas no sentido de evidenciar e identificar as melhores

    prticas de gerenciamento de equipamentos em sade e, consequentemente legitimar a

    acreditao hospitalar, a qualidade, eficcia e segurana em servios de sade. Por

    certo, muito do que foi publicado no fora colocado em prtica, no entanto induz ao

    desenvolvimento de outros sistemas capazes de conter falhas na prestao de assistncia

    ao doente (TOMASI et al., 2003).

    O cuidado de sade vem desafiando profissionais da EC e gestores na conduo e

    aperfeioamento do parque tecnolgico e, a partir deste, das aes por meio da

    disseminao dos meios capazes de democratizar o acesso a um servio de sade de

    qualidade. A busca da abordagem tecnolgica adequada no tratamento do doente

    inquietao constante do contexto da EC (WHO, 2010).

    Pesquisas realizadas no campo de sade (WHO, 2008) evidenciaram que h

    magnitude de cuidados inseguros, especialmente nos pases que se encontram em

    situao de desenvolvimento. Observa-se tambm que a extenso dos danos

    ocasionados por falhas sistmicas aos doentes, na maioria dos casos, no tem sido

    relatada em publicaes. Neste sentido, cabe EC administrar a segurana dos

  • 31

    profissionais de sade e, consequentemente a segurana do paciente/doente (NR-32,

    2005).

    2.2 AQUISIO DE EMs

    2.2.1 Licitao Pblica

    Os critrios envolvidos na licitao so importantes para compreender porque surgem

    problemas gerenciais e tcnicos, ou melhor, inadequao ao uso de EMs ou ausncia de

    manuteno bsica (RAMREZ, 2005).

    As atividades da Administrao Pblica encontram-se regidas por princpios:

    legalidade, impessoalidade, publicidade, economicidade e eficincia. Estes princpios

    evitam o arbtrio que desacredita e compromete, substancialmente, o servio pblico.

    Destaca-se que esses parmetros so essencialmente gerenciais, atuando, portanto, como

    vetor da adequada gesto de recursos pblicos (BUGARIN, 2009).

    Cada um dos princpios constitucionais resguarda a responsabilidade do gestor em

    aplicar racionalmente o dinheiro pblico, de forma que todo o regramento estabelece

    limites realizao de despesas. Portanto, o gestor, isto , os administradores e rgos

    pblicos, devem buscar alternativas para diminuir os gastos ou investimentos de

    projetos (OLIVEIRA, 2009).

    O atendimento ao interesse da coletividade a mola mestra das atividades

    realizadas pela Administrao, devendo por isso ser ininterrupto, consoante resguarda o

    princpio constitucional da continuidade. Assim, o interesse pblico no deve ser

    prejudicado. Da mesma forma o objetivo da licitao, qual seja, autorizar

    administrao que contrate fornecedores que renam condies necessrias para

    satisfao do interesse pblico, tendo por critrio aspectos relacionados capacidade

    tcnica e econmico-financeira da empresa licitante, qualidade do produto e ao valor

    do objeto (BERMDEZ et al., 2014).

    O enquadramento da modalidade de licitao obedece aos critrios quantitativo e

    qualitativo. Em funo do primeiro, afirma-se que se define o objeto em nome do valor

    auferido para contratar. Em relao ao segundo, prevalecem as caractersticas do objeto.

    Com efeito, so modalidades: prego eletrnico (bens e servios comuns, qualquer

    valor); convite (bens e servios no definidos pelo edital, at R$ 80.000 para compras e

  • 32

    R$ 150.000 para obras); tomada de preos (convite e licitao internacional, at R$

    1.500.000); concorrncia (obras e servios de grande vulto e licitao internacional,

    acima de R$ 1.500.000 para obras e acima de R$ 650.000 para compras) (JUSTEN

    FILHO, 2007).

    As marcas do objeto a ser licitado so vedadas preferncia do administrador,

    salvo se como parmetro de qualidade, aspecto que facilita a descrio do objeto, mas

    que dever conter as expresses ou equivalente, ou similar e ou de melhor

    qualidade (BERMUDEZ et al., 2014).

    Nos casos de licitao dispensvel, de acordo com o artigo 24 da Lei n

    8.666/1993, a Administrao pode contratar a competio. Assim, essencial que o

    gestor escolha, no mnimo, trs oramentos. Entretanto, cabvel a inexigibilidade de

    licitao, em funo da existncia de apenas um objeto que atenda s necessidades da

    Administrao, hiptese em que poder o administrador contratar diretamente o objeto

    (NIEBHUR, 2003).

    Para disciplinar as compras do setor pblico a Lei n 8.666/93 prevalece, com foco

    em seu artigo 1: Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitaes e contratos

    administrativos pertinentes a obras, servios, inclusive de publicidade, compras,

    alienaes e locaes no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal

    e dos Municpios. A Lei de licitaes para o gestor pblico forte instrumento de

    gesto, para aplicar na compra de obras, servios ou bens com os quais o Administrador

    deseja negociar (SOUZA et al., 2013).

    2.2.2 Elaborao de Projeto Bsico

    Um projeto bsico o documento prvio ao procedimento licitatrio e base para

    elaborar o edital. O desenvolvimento deste documento sempre feito pelo setor

    requisitante, juntamente com a Diretoria de compras. A aprovao do projeto ocorre

    pelo gestor do processo licitatrio.

    A elaborao do projeto, em qualquer licitao, condio principal para que a

    Administrao tenha seus objetivos atendidos. Ao contrrio, um projeto bsico falho e

    incompleto tornar a licitao viciada. Efetivamente, o projeto possui elementos

    necessrios e suficientes, com nvel de preciso adequado, a fim de caracterizar a obra,

  • 33

    servio ou aquisio de materiais, portanto deve ser construdo com base nas indicaes

    de estudos tcnicos preliminares (BRASIL, 1993).

    A unidade requisitante direciona seu projeto com os seguintes elementos: objeto,

    justificativa, preo estimado, quantidade, prazo de entrega, contratao/modo de

    fornecimento, especificaes gerais e/ou prestaes de servios, pagamento, obrigaes

    da contratada, obrigaes do contratante, penalidades/sanes, dotao oramentria,

    acompanhamento da entrega, equipe da elaborao do projeto bsico, nmero da verso

    do projeto, autorizao do diretor ou responsvel pela unidade requisitante, autorizao

    do Diretor-Geral Administrativo para dar incio ao procedimento licitatrio (BRASIL,

    2013).

    Por certo, o modelo de Projeto Bsico algo flexvel, podendo ento ser adaptado

    ao objeto a ser licitado. Em anexo ao Projeto Bsico devem constar as especificaes

    tcnicas. Relativamente ao pagamento, frise-se que em face da necessidade, pode-se

    elaborar o cronograma fsico-financeiro. O sucesso da aquisio ou contratao depende

    da observao dos elementos constantes do projeto (BRASIL, 2013).

    O projeto permite que a Administrao Pblica tome conhecimento do objeto que

    se deseja licitar, em seus aspectos gerais, de modo claro e exato. Por igual, fornece ao

    licitante as informaes pertinentes boa elaborao de proposta, de acordo com as

    regras estabelecidas pela Administrao (BERMUDEZ et al., 2014).

    2.2.3 Compras

    por meio das compras que as instituies pblicas procedem aquisio de insumos

    para o seu perfeito funcionamento. Para a Administrao Pblica, a compra implica na

    seleo da proposta mais vantajosa e, obedece aos princpios da legalidade

    impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa,

    vinculao ao instrumento convocatrio, julgamento objetivo e outros que so

    pertinentes (JACOBS, 2009).

    A proposta mais vantajosa significa que o objeto ou o servio contratado satisfaz ao

    interesse pblico. Ento, so condies de compra: a definio do objeto a ser

    contratado, a pesquisa perfeita das condies de mercado e concorrncia, condies de

    relacionamento, o cumprimento dos princpios constitucionais (GASPARINI, 2007).

  • 34

    A especificao do equipamento, de forma clara e objetiva, conforme as normas da

    ANVISA e demais parmetros legais, condio inafastvel para que a compra seja

    efetivada. Frise-se que as abordagens tcnicas se estendem ao MS a fim de que este

    possa assegurar o empenho financeiro na conta do projeto, para assegurar o pagamento

    dos equipamentos (MS, 2007; ALMEIDA et al., 2013).

    2.2.4 Fornecedores

    Por meio da escolha de bons fornecedores em tecnologias mdicas conjugam-se foras

    positivas e traz benefcios ao cuidado de sade. A boa qualificao torna-se clara a

    partir da especificao a ser realizada por tcnicos. Certamente que a descrio tcnica

    de tecnologias mdicas deve evidenciar aspectos fsicos e operacionais, por exemplo,

    procedimentos necessrios antes do uso do equipamento, informaes detalhadas sobre

    a natureza, tipo e a intensidade de uso, dentre outros (ABDI, 2010).

    crucial que EMs tenham especificadas as precaues a adotar, nos casos de

    alterao de funcionamento. Para tanto, informaes claras devem constar nas

    instrues de uso e resoluo de problemas.

    2.3 IMPLICAES CLNICAS

    s implicaes clnicas da especificao inadequada de EMs somam-se as implicaes

    ticas, tendo em vista que o paciente que paga a conta, alm de no obter o retorno do

    cuidado em sade (BERTOLINI e NOHAMA, 2007).

    As especificaes tcnicas que se direcionam a avaliar a aquisio de equipamentos

    geram importantssimas informaes e dados que refletem possveis conflitos entre os

    benefcios, custos e riscos aos pacientes e ao hospital. De fato, a aquisio um

    investimento de capital (SLOANTE et al., 2003; SOUZA et al., 2013).

    A inoperncia de EMs possibilita danos ao paciente ou at mesmo a sua morte,

    assim como prejuzos atuao do operador. A este respeito literatura tem proposto

    diversos relatos sobre ocorrncias de danos sade provocados por falhas tecnolgicas

    (NETO, 2004).

    A partir da disponibilidade dos equipamentos hospitalares, de forma plena, ocorre a

    melhoria da qualidade da prestao dos servios mdicos/hospitalares. A falta de

    correspondncia de uma dada tecnologia com os servios de sade impacta

  • 35

    consideravelmente o atendimento prestado nos EAS, j que, em sentido positivo,

    aperfeioa a assistncia, alm de incrementar a disponibilidade de recursos financeiros

    (JACOBS, 2009).

    2.4 IMPLICAES LEGAIS

    A partir da no conformidade s prescries tcnicas de EMs, as instituies esto

    sujeitas s sanes previstas na legislao sanitria e nos contratos firmados entre os

    EAS e rgos financiadores dos EMs que esto sendo comprados (ANVISA, 2004).

    Outro procedimento previsvel nos casos de no atendimento s prescries

    tcnicas a realizao de Auditoria. A ocorrncia de Auditoria tem como objetivo

    verificar o cumprimento das prescries tcnicas estabelecidas para EMs, a fim de que

    medidas precatrias determinadas pela autoridade sanitria competente sejam tomadas

    nos casos do descumprimento do regramento. As auditorias so de responsabilidade do

    sistema de sade que nomeia auditores formalmente reconhecidos pelo sistema de sade

    (ANVISA, 2004; MS, 2007).

    Tal como preconizado pelo artigo 31 da Instruo Normativa STN N. 1, de 15 de

    janeiro de 1997, a Coordenao Geral de Investimentos em Sade, do MS, deve emitir,

    a partir dos aspectos tcnicos das propostas de compras de EMs, parecer acerca da

    prestao de contas parcial ou final. Com base nesta exigncia para executar convnios,

    proceder-se- aos laudos de vistoria e coleta de informaes a respeito dos proponentes

    dos projetos de compras. Sendo assim, as informaes apresentadas pelos proponentes

    da compra de tecnologias so de sua inteira responsabilidade. No mesmo sentido, o

    Cdigo Penal Brasileiro bem claro quando determina, em seu artigo n 299, sanes

    por falsidade ideolgica (MS, 2007).

    O paciente beneficirio do tratamento conferido pelo uso de EMs , diante do

    contexto de sade, um cliente, portanto est amparado pelo Cdigo de Defesa do

    Consumidor (CDC). Em face do recebimento do servio mdico com vcios de

    qualidade ter direito restituio de valores e de servios (BERTOLINI e NOHAMA,

    2007).

  • 36

    2.4.1 Casos de Impercias no Cuidado de Sade

    flagrante o descaso com o cuidado em sade e a administrao em recursos pblicos,

    para com a sociedade que o paciente. Neste sentido, bastando verificar denncia

    efetuada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), segundo o qual h o sucateamento

    de quase mil unidades bsicas de sade no Brasil. O CFM fiscalizou e constatou que,

    aproximadamente 331 unidades de sade apresentam mais de 50 itens em

    desconformidade com as normas sanitrias, at mesmo falta o ambiente propcio

    instalao dos insumos hospitalares (CAMARGO, 2015).

    Ainda, conforme investigao realizada pelo CFM em ambulatrios, unidades

    bsicas de sade, centros de sade e postos dos programas de Sade, destaca-se o de

    Estratgia da Famlia do Sistema nico de Sade (SUS), constatou-se que faltam EMs,

    por exemplo, desfibriladores, em torno de 74% das unidades consultadas. Neste caso,

    cabe ao Ministrio Pblico investigar e criminalizar, a partir da responsabilizao pelas

    ocorrncias (CAMARGO, 2015).

    Equipamentos inoperantes lesam a populao, no tratamento mdico ofertado e nos

    aspectos ticos, financeiros, j que conduz ao descrdito em funo de resultados

    inconsistentes, irrelevantes (BERTOLINI e NOHAMA, 2007).

    A impercia para a assistncia dispensada em sade tem sido questo das mais

    complexas e polmicas, em tempos atuais, visto que aos profissionais de sade so

    imputadas variadas faltas, dentre as quais: prescries inadequadas; negligncia pr e

    ps-operatrias; diagnsticos errados; emprego de mtodos no sancionados

    cientificamente; omisso no tratamento; emprego de equipamentos defeituosos durante

    a anestesia; omisso no aconselhamento ao paciente; erros em transfuses de sangue;

    experincias clnicas com inobservncia das normas correspondentes, absentesmo

    (WHO, 2010).

    Os diversos estudos publicados, no sentido de investigar impercias do campo da

    sade, so ordenados em funo da chamada segurana do paciente/doente. De fato,

    trata-se de uma linha explorada em diversas publicaes, em que se constata a exausto

    e erros no cuidado de sade por especialistas (SHANAFELT, BALCH e BECHAMPS,

    2010).

  • 37

    A OMS tambm tem lanado esforos no sentido de responder aos desafios globais

    na rea de segurana do paciente. Uma de suas aes, neste sentido, condiz com o

    Programa de Segurana dos pacientes da OMS, ou seja, a higienizao/lavagem das

    mos e a lista de verificao de segurana cirrgica (WHO, 2010).

    Acerca dos eventos adversos ou queixas tcnicas associados aos EMs, as suspeitas

    devem ser documentadas pelo servio de sade.

    2.5 TEORIAS COMPUTACIONAIS DE SOFTWARE

    Ultimamente, a comunidade de software se depara com um grupo de novas

    metodologias de desenvolvimento de sistemas, classificadas como Metodologias

    geis. Foi assinado o Manifesto para o Desenvolvimento gil de Software em

    fevereiro de 2001 por um grupo de pessoas que se reuniram no estado de Utah, nos

    Estados Unidos, dentre os quais, alguns representantes de metodologias como Extreme

    Programming (XP) e adeptos da necessidade de desenvolvimento de software dirigidos

    documentao (ADDISON, 1999; HIGHSMITH, 2002). Tal manifesto foi intitulado

    de Aliana gil de Desenvolvimento (AGILE ALLIANCE, 2015).

    Devido s regras e procedimentos criados em torno da Engenharia de Software, a

    produo ficou muito complexa e dispendiosa. Logo, a comunidade perdeu o controle

    sobre os vrios documentos e modelos tidos como necessrios em qualquer

    desenvolvimento (EXTREME PROGRAMMING, 2015).

    Aps a assinatura do Manifesto para o Desenvolvimento gil de Software foi

    definido alguns valores para o desenvolvimento de sistemas (HIGHSMITH, 2002):

    Indivduos e iteraes sobre processos e ferramentas;

    Software funcionando sobre documentao compreensiva;

    Cooperao do cliente sobre negociao de contrato;

    Resposta mudana sobre adotar um plano.

    Em sntese, os processos e ferramentas so importantes, mas as iteraes as pessoas

    so muito mais. A Aliana gil cita que as metodologias oferecem mais realce ao

    processo usado em detrimento das pessoas que realizaro o trabalho. Da mesma forma,

  • 38

    apesar da documentao sustentar a elaborao do software, o objetivo final a

    efetivao do software e a despeito de um contrato ser importante para estabelecer

    limites e responsabilidades de um projeto de software, uma equipe s pode entender e

    entregar o que o cliente deseja por meio da cooperao do cliente. Ademais, para

    qualquer projeto ter plano admirvel, mas o mesmo deve estar passvel a alteraes

    caso exista necessidade (HIGHSMITH, 2002).

    Assim, os indivduos e iteraes, software funcionando, cooperao do cliente e

    resposta mudana refletem o aspecto principal das metodologias geis, isto , o que

    verdadeiramente valioso nestas metodologias. Os processos e ferramentas,

    documentao compreensiva, negociao de contrato e adotar um plano indicam uma

    prioridade secundria, contudo, no menos importante. (HIGHSMITH, 2002).

    O Manifesto para o Desenvolvimento gil de Software, alm dos valores,

    tambm inclui os princpios que a Aliana gil acredita de um processo de

    desenvolvimento de software. Dentre eles, importante destacar (FOWLER, 2001):

    Satisfazer o cliente por meio de entrega contnua e rpida de software de valor;

    Mudanas em requisitos devem ser bem vindas, mesmo que em momentos

    tardios do desenvolvimento;

    Cliente e desenvolvedores devem trabalhar juntos, diariamente no projeto;

    Deve-se utilizar a comunicao pessoal como o mtodo mais eficiente e efetivo

    de fluxo de informaes;

    Deve-se utilizar como medida principal de progresso do projeto o software

    funcionando;

    Deve-se assumir simplicidade para todos os aspectos do projeto.

    Dentre as metodologias geis mais comentadas atualmente esto a Extreme

    Programming (XP), Adaptive Software Development (ASD), Crystal, Dynamic Systems

    Development Method (DSDM), Feature Driven Development (FDD) e Scrum, sendo XP

    a mais conhecida e utilizada (FOWLER, 2000).

  • 39

    O XP uma metodologia gil de desenvolvimento de software, nascida nos Estados

    Unidos ao final da dcada de 90. Faz sucesso em diversos pases por contribuir na

    criao de sistemas de qualidade, que so produzidos de forma celere e econmica que

    o habitual. Os objetivos so alcanados por meio de um pequeno conjunto de valores,

    princpios e prticas, que diferem da forma tradicional de se desenvolver software

    Portanto, o XP uma tecnologia gil para equipes pequenas e mdias e que iro

    desenvolver software com requisitos vagos e em constante mudana. Para isso, adota a

    estratgia de constante acompanhamento e realizao de vrios pequenos ajustes

    durante o desenvolvimento de software (EPCC, 2009).

    O XP admite que os requisitos do sistema variem constantemente, diferentemente

    de outras metodologias. Essa metodologia constitui-se do que se chamou "Metodologia

    gil". A mesma replica com velocidade as variaes nas especificaes de um projeto

    de software e tambm libera a gerao da documentao em tempo real. Logo, o XP

    uma Metodologia gil para equipes pequenas e mdias desenvolvendo sistemas com

    requisitos vagos e em constante mudana, conforme citado por Kent Beck, criador da

    XP (EPCC, 2009).

    Os principais fundamentos do XP tiveram origem nas tradies do desenvolvimento

    em Smalltalk e datam de meados da dcada de 80, quando Kent Beck e Ward

    Cunningham trabalhavam na Tektronixs, Inc. Prticas, tais como, refatorao,

    programao em par, mudanas rpidas, feedback constante do cliente, desenvolvimento

    iterativo, testes automatizados, entre outras, so elementos centrais da cultura da

    comunidade Smalltalk. Olhando deste ponto de vista, XP pode ser considerado o modo

    de agir do Smalltalk generalizado para outros ambientes (TELES, 2005).

    Entre 1986 e 1987, comearam a surgir algumas contribuies fundamentais para

    aquilo que viria a ser o XP, uma dcada depois. De 1986 a 1996, Kent e Ward

    desenvolveram um amplo conjunto de boas prticas que foram condensadas

    sucintamente no padro de linguagem Episodes. Este padro foi publicado em 1996 sob

    o ttulo Pattern Languages of Program Design 2 (TELES, 2005).

    Os cinco valores fundamentais da metodologia XP so: comunicao, simplicidade,

    feedback, coragem e respeito. A partir desses valores, possui como princpios bsicos:

    feedback rpido, presumir simplicidade, mudanas incrementais, abraar mudanas e

    http://www.desenvolvimentoagil.com.br/xp/metodologiahttp://www.desenvolvimentoagil.com.br/xp/valoreshttp://www.desenvolvimentoagil.com.br/xp/principioshttp://www.desenvolvimentoagil.com.br/xp/praticashttp://www.desenvolvimentoagil.com.br/xp/desenvolvimento_tradicional

  • 40

    trabalho de qualidade. O processo de desenvolvimento XP envolve quatro atividades

    metodolgicas: Planejamento, Projeto (Designing), Codificao e Testes (TELES,

    2005).

    Definio tcnica do Software proposto - O padro Modelo, Viso e Controlador

    (MVC) foi descrito pela primeira vez em 1979 por Trygve Reenskaug, que trabalhava

    no Smalltalk, na Xerox PARC. A implementao original descrita em profundidade

    no artigo de Steve Burbeck, Ph.D. com o ttulo:

    "Applications Programming in Smalltalk-80: How to use ModelView

    Controller".

    Tem-se um relato de experincia da implantao de boas prticas de Engenharia de

    Software em um ambiente heterogneo onde se aborda o uso de metodologias geis para

    o desenvolvimento em 3 camadas, isto , MVC.

    Modelo Consiste nos dados da aplicao, regras de negcios, lgica e funes:

    PHP - Linguagem de programao do lado do servidor;

    MySQL - Banco de dados.

    Viso - Gera uma representao (viso) dos dados presentes na camada MODELO:

    Bootstrap - Layout do sistema.

    Controlador Envia comandos para as camadas de VISO e MODELO:

    Javascript Linguagem de programao do lado do cliente. O Javascript envia

    comandos para a camada MODELO por meio de requisies AJAX e recebe o retorno

    no formato JSON para ento enviar comandos VISO.

    O prximo captulo tratar da Metodologia empregada neste trabalho.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Trygve_Reenskaughttps://pt.wikipedia.org/wiki/Smalltalkhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Xerox_PARC

  • 41

    3 METODOLOGIA

    Nesta seo, apresentar-se- o desenvolvimento de um software de especificao e

    comparao tcnica para auxiliar profissionais da sade e da EC. Foram justificadas as

    ferramentas computacionais escolhidas para a desenvoltura do trabalho e mtodos de

    teste.

    3.1 O AMBIENTE DO ESTUDO

    Apesar do SECTEM possuir a capacidade de especificar e comparar os EMs, foi

    realizado um estudo em um hospital de grande porte com aproximadamente duzentos

    leitos que contm uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e tambm uma Clnica

    de Radiologia.

    Assim, para a aquisio de aparelhos de raios-X e de cardioversores, os

    profissionais de tais setores contaram com o apoio do SECTEM para especificar e

    comparar tecnicamente os referidos equipamentos mdicos.

    3.1.1 Elaborao do sistema

    O software foi elaborado com a metodologia de desenvolvimento Extreme

    Programming (XP) que permite o acompanhamento e a realizao de vrios pequenos

    ajustes durante o desenvolvimento de software. Como citado anteriormente, o processo

    de desenvolvimento XP envolve quatro atividades metodolgicas: Planejamento,

    Projeto (Designing), Codificao e Testes.

    3.1.2 Proposta inicial

    A proposta inicial foi desenvolver um sistema de comparao tcnica, com interface de

    planilha, a partir de parmetros tcnicos indicados em manuais fornecidos pela

    ANVISA que vo nortear s especificaes dos EMs, vigentes no mercado, para auxiliar

    profissionais da rea de EC a especificar com maior preciso tais equipamentos.

    Com base na planilha a equipe tcnica de EC pode prever as diferenas

    considerveis, quanto escolha do EM conveniente s necessidades do EAS. A ideia

    com o lanamento desta ferramenta computacional foi simular ao comportamento de um

  • 42

    profissional gabaritado, para avaliar a melhor proposta para aquisio de EMs. Destaca-

    se que a proposta inicial do sistema computacional foi apenas um prottipo que,

    posteriormente, poder ser melhorado e incrementado, conforme a necessidade dos

    EAS.

    O software SECTEM visa, ainda, o uso simples e intuitivo, fcil e inteligvel, pois

    transmite informaes tcnicas de forma efetiva, independente das condies ambientais

    ou das habilidades dos tcnicos.

    Essa proposio tecnolgica deve constar do projeto bsico, para elaborao de

    proposta ao certame licitatrio, em especial quando da previso do treinamento tcnico

    a ser dispensado por fornecedores, aos profissionais responsveis pela especificao

    tcnica das tecnologias comercializadas. Na meno das especificaes tcnicas, junto

    ao projeto bsico, a fim de atender s diretrizes do edital de licitao, a equipe tcnica

    deve fazer considerar que essa proposta do software um projeto de modernizao de

    prticas de especificao.

    A especificao contida no sistema tem um ponto de equilbrio entre a opo 1

    (mnima) e 2 (mxima), claro, de acordo com a necessidade da unidade hospitalar. A

    referida ferramenta computacional, em princpio, contm atualizao peridica de

    acordo com a evoluo tecnolgica dos EMs, por exemplo: Planilhas comparando

    parmetros tcnicos e modelos semelhantes de marcas diversas. Futuramente, a ideia

    implantar no sistema as seguintes especificaes para cada EM:

    Condies mnimas: Acessrios, cabos, transformador, no-break, entre outros,

    claro, quando for o caso.

    Condies gerais: Treinamento operacional (relativo ao equipamento, para que o

    fornecedor tenha a obrigao do treinamento do corpo clnico), treinamento tcnico, o

    equipamento deve possuir registro na ANVISA, fornecimento do manual operacional e

    tcnico, entre outros.

    O software SECTEM tem como meta atender s especificaes mnimas das

    tecnologias hospitalares, conforme quesitos demandados pelas normas, enquanto

    elementos determinantes para atender s necessidades clnicas, econmicas e, sobretudo

    ao escopo social da sade pblica. A preocupao com a qualidade da sade uma

  • 43

    constante no software proposto, j que disponibilizou informaes tcnicas que

    auxiliam na melhor escolha de EMs, em especial dos aparelhos de raios-X e

    cardioversores.

    Por fim, o SECTEM adotou as normas vigentes de armazenamento em mdias

    magnticas e assinatura eletrnica (ABNT. NBR ISO 9000-3, NBR 13596 e NBR

    ISO/IEC 12207).

    3.1.3 Proposta do Sistema de Comparao

    Segue a Figura 2 que resume o fluxo de elaborao do SECTEM proposto que analisou

    os prs e os contras. Ento, percebeu-se que a construo de um prottipo um

    excelente desafio, pois desenvolver um software, inserir os parmetros e compar-los

    uma ao dispendiosa principalmente com todos os recursos disponveis de tecnologia e

    a diversidade de EMs. Logo, a preocupao foi em diminuir as falhas e omisses na

    elaborao do sistema de comparao.

    Figura 2: Fluxo de elaborao do SECTEM proposto.

    A Figura 3 apresenta as aes para o cadastro dos parmetros que foram inseridos

    no SECTEM no intuito de atingir o objetivo proposto de comparar os EMs de marcas

    diferentes e modelos semelhantes.

  • 44

    Figura 3: Ao e Descrio.

    A Figura 4 apresenta o procedimento operacional para a insero dos parmetros

    dos EMs, visto que a comparao dos EMs ocorrer somente aps a configurao dos

    parmetros e o cadastramento dos produtos.

    Figura 4: Comparar tipos de produto.

  • 45

    3.2 DELIMITAO DO ESTUDO

    Apesar do SECTEM permitir a especificao e comparao de diversos EMs, este

    estudo considerou primeiramente a execuo de comparaes e especificaes dos

    aparelhos de raios-X e dos cardioversores selecionados.

    Assim, atividades relacionadas avaliao e a compra dessas tecnologias por meio

    do SECTEM foram analisadas. Acredita-se que os resultados obtidos no estudo podem

    auxiliar aqueles que desejarem adquirir os equipamentos mencionados, entre outros

    parmetros lgicos pautados na elaborao do SECTEM que servem para qualquer EM.

    Alm disso, a metodologia de trabalho adotada no procurou analisar as atividades

    associadas gesto e a manuteno das tecnologias estudadas, nem to pouco, descrever

    todo o processo de implantao dessas tecnologias.

    O trabalho apresentado limitou-se a proporcionar uma opo para solucionar o

    problema das especificaes e comparaes das tecnologias dos EMs, em especial dos

    aparelhos de raios-X e dos cardioversores. Assim, no que tange ao apoio aos EAS que

    desejam adquirir novos equipamentos com comodidade, segurana, celeridade e

    qualidade mediante explanao de uma soluo de software.

    O SECTEM tem como objetivo principal auxiliar o corpo clnico, a administrao

    pblica ou privada na especificao ou escolha de EMs. Assim, para solucionar o

    problema das especificaes ou comparaes no bem elaboradas de EMs, o SECTEM

    deve possibilitar o auxlio necessrio na soluo destes problemas.

    importante frisar que a aplicao foi desenvolvida utilizando como plataforma a

    internet. Os seguintes requisitos de qualidade tambm foram contemplados:

    Utilizao de ambientes grficos;

    Preocupao com a usabilidade;

    Tempo de acesso s pginas e recuperao do Banco de Dados adequados;

    Portabilidade;

    Software que auxilie na especificao ou escolha de EMs.

  • 46

    4 RESULTADOS

    Os resultados do SECTEM proposto so apresentados neste captulo de forma a

    sustentar o desenvolvimento do SECTEM para subsidiar efetivamente a especificao e

    a comparao de EMs, em especial, dos aparelhos de raios-x e cardioversores, por

    profissionais que possuam ou no tanto conhecimento e experincia no contexto da EC.

    4.1 VISO GERAL

    A proposta inicial para o projeto do SECTEM foi a construo de um sistema capaz de

    realizar uma soluo em software livre que permitiria auxiliar na especificao ou

    comparao de EMs j registrados na ANVISA, em especial, dos aparelhos de raios-x e

    cardioversores. Este estudo tem como foco a apresentao da proposta de criao de um

    software para auxiliar nas especificaes ou comparaes das tecnologias.

    4.2 SISTEMA SECTEM

    4.2.1 Levantamento e Requisitos do Sistema

    Os parmetros estabelecidos pelos manuais com as especificaes e a manuteno

    mnimas de EMs, alm da especificao completa relativa a algumas marcas de EMs,

    so informaes tcnicas que norteiam a representao grfica da especificao

    constante do software desenvolvido. As informaes so representadas em linguagem

    HTML 5.0, Javascript e PHP5. Os parmetros so analisados graficamente, isto , em

    forma de planilhas, pois estas representaes grficas so essenciais ao reforo do

    conhecimento que os profissionais da EC devem possuir para atuar na especificao

    tcnica de equipamentos.

    A coleta dos parmetros para avaliao dos resultados da viabilidade do SECTEM

    proposto foi realizada a cada mensurao do andamento de elaborao do dispositivo

    informacional. Estas avaliaes so feitas a cada repetio do procedimento de

    especificao, a ser promovido pelo pesquisador, entre outros especialistas, utilizando o

    sistema em fase de teste. A seguir, nas Figuras de 5 a 9, tem-se um roteiro de como

    acessar os manuais dos EMs no site da ANVISA para a coleta dos parmetros.

  • 47

    Figura 5: ANVISA Pgina inicial - Servios.

    Figura 6: ANVISA Produtos para Sade.

    Ir no menu Servios.

    Ir na opo Produtos para Sade.

  • 48

    Figura 7: ANVISA Consulta a Banco de Dados / Produtos para Sade.

    Figura 8: ANVISA Pesquisa sobre Rotulagem e Instrues de Uso do Produto.

    Ir na opo Pesquisa sobre rotulagem e Instrues de uso do produto.

    Descrever o Nome do Fornecedor ou Nome do Produto ou N de Registro do produto.

  • 49

    Figura 9: ANVISA Resultado da pesquisa.

    Aps a pesquisa dos manuais de determinados EMs fornecidos pela ANVISA,

    foram geradas planilhas com especificaes e caractersticas intrnsecas para cada

    equipamento selecionado. A coleta e anlise desses parmetros so fundamentais para

    nortear a comparao entre equipamentos de marcas diversas e modelos semelhantes.

    Como exemplo, seguem as planilhas dos aparelhos de raios-X e dos cardioversores que

    renem os parmetros retirados dos manuais fornecidos pela ANVISA, os referidos

    manuais encontram-se nos Apndices.

    Ir na opo Word.

  • 50

    Tabela 1: Algumas especificaes mnimas dos aparelhos de raios-X.

    FABRICANTE MARCA VMI GE SIEMENS SHIMADZU

    NACI