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SÉCULO XX: PRIMEIROS TEMPOS

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Século XX: primeiros tempos / Instituto Arte na Escola ; autoria de Olga Egas ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2010.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 152)

Foco: CT-B-22/2010 Conexões TransdisciplinaresContém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; BibliografiaISBN 978-85-7762-055-5

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes – Brasil - Século 20 3. História do Brasil 4. Arte e história 5. Desenvolvimento urbano I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

SÉCULO XX: PRIMEIROS TEMPOS Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Olga Egas

Assessoria em História: Claudio Moreno Domingues

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLAOrganização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDSÉCULO XX: PRIMEIROS TEMPOS

Ficha técnicaGênero: Documentário.

Palavras-chave: Escultura; pintura; arquitetura; fotografia; cinema; mobiliário; caricatura; ilustração; moda; cor; luz; temática figurativa; sociologia; história do Brasil; política; cidades.

Foco: Conexões Transdisciplinares

Tema: O Brasil de 1900 a 1917 e seu contexto histórico, político e sociocultural.

Personalidades abordadas: Antônio Parreira, Augusto dos Anjos, Eliseu Visconti, Henrique Bernardelli, Marechal Rondon, Montei-ro Lobato, Oswaldo Cruz, Procópio Ferreira, Rodolfo Amoedo, Rodolfo Bernardelli, Zeferino da Costa, entre outros.

Indicação: A partir do 9º ano do Ensino Fundamental.

Nº da categoria: CT-B-22

Direção: Fernando Severo.

Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo.

Ano de produção: 1993.

Duração: 18’.

Coleção/Série: Panorama histórico brasileiro.

SinopseNo Brasil de 1900 a 1917, consolida-se o regime republicano e as cidades se desenvolvem. O documentário mostra o processo de urbanização pelo qual passam a cidade do Rio de Janeiro, na época capital federal, e a cidade de São Paulo, impulsionada pela agricultura cafeeira. O país se modifica sob influência da Belle Époque europeia, da cultura dos imigrantes e da introdução da eletricidade na vida cotidiana. Os temas urbanos e os problemas cotidianos são o foco das manifestações artísticas.

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Trama inventivaPonto de contato, conexão, enlaçado em Os olhos da Arte com um outro território provocando novas zonas de contágio e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, a fazer contato, a contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se com-plementando, ora se tensionando, ora acrescentando, uns aos outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o incons-ciente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre tantas outras, permite que na cartografia proposta se desloque o documentário para o território das Conexões Transdisciplinares. Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmeraUm menino acorda sob a luz de um lampião. A narração da atriz Ester Góes nos convida a ver a evolução do progresso tecnológi-co e político da sociedade brasileira no inicio dos anos 1900, bem como as consequências da Primeira Guerra Mundial, momento transformador da história europeia e das relações mundiais.

A vida nos grandes centros urbanos é rapidamente alterada com a chegada da eletricidade e da cultura europeia trazida pelos imi-grantes que aqui desembarcam. Fragmentos de filmes da época, recriação de cenas com atores, ilustrações de revistas, fotografias e pinturas enchem a tela, mostrando o começo do século que passou, revelador da gênese de nossa formação social e cultural.

Em Século XX: primeiros tempos, vê-se a tentativa da cons-trução da “cara” do Brasil republicano influenciado pela Belle Époque francesa na arquitetura, na decoração, na moda e no lazer da elite, assim como a rejeição à cultura popular e caipira. O traçado urbano do Rio de Janeiro é remodelado sob a luz da arquitetura do ecletismo e da estética Art Nouveau. Nas artes, a reforma do ensino oficial acadêmico, a poesia, a literatura, a

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pintura, o teatro de revista e o cinema recebem influências de modelos europeus, mas também das ideias relativas à busca de uma identidade nacional.

O documentário oferece possibilidades para conexões com os territórios Forma-Conteúdo – a cor e a luz impressionista; Linguagens Artísticas – escultura, pintura, literatura, teatro, fotografia, arquitetura, ilustração, cinema e design; Saberes Estéticos e Culturais – impressionismo, cultura popular; For-mação: Processos de Ensinar e Aprender – reforma do ensino oficial de artes plásticas; além da história e do contexto político do Brasil, em Conexões Transdisciplinares.

Os olhos da ArteA arte não pode parar. Modifica-se permanentemente. Agrada agora o que antes era detestado. (...) O homem não para. Vai sempre adiante. Os futuristas, os cubistas são todos expressões respeitáveis, artistas que tateiam, procurando alguma coisa que ainda não alcançaram. Eles agitam, sacodem, renovam. São dignos, por conseguinte, de toda admiração.

(Eliseu Visconti. Disponível em: <http://www.eliseuvisconti.com.br>)

Na primeira década do século XX, a velha cidade do Rio de Janei-ro, porta de entrada do Brasil, não está à altura das aspirações republicanas nem possui o visual adequado para atrair capital e investimentos estrangeiros. Um novo projeto paisagístico é assim desenhado pelo então prefeito Pereira Passos, reorganizando a cidade em sua espacialidade e transformando-a no símbolo de civilização e modernidade da sociedade brasileira. O projeto põe abaixo a cidade, substituindo as ruas estreitas por largas ruas, avenidas e praças, à imagem dos boulevards franceses, eliminando velhos casarões de feitio colonial e antigos cortiços, expulsando seus moradores do centro e forçando-os a subir e se apinhar nos morros circundantes. A “cidade maravilhosa” vê nascer o novo Cais do Porto, a Avenida Beira Mar e a Avenida Central, mas também as favelas.

Concluída em 20 meses, a Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, em seus 1.800 metros, passa a reunir edifícios governamentais e públicos, como o Theatro Municipal, a Escola

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Eliseu Visconti - Maternidade, 1906óleo sobre tela, 1,65 x 2,00 cmAcervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo

Theatro José de Alencar, 1910 Fortaleza/CE

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Nacional de Belas Artes (Enba) e o Palácio Monroe, e muitas atividades comerciais entre bancos, confeitarias, lojas de ves-tuários, magazines e jornais.

O Rio de Janeiro quer ser Paris: abajur, laquê, filé, boné, toalete, chofer, butique, bisturi, buquê, balé, magazine e boulevard... Très chic! Para muitos, a avenida parece uma “mulata apertada em um vestido francês” – como dizem Beatriz Kushnir e Sandra Horta (2006) em seu artigo eletrônico “Avenida Central: con-trastes do tempo”. Na avenida, edificações de belas fachadas e figuras alegóricas, colunas, frisos, florões, guirlandas, torreões e cúpulas surgem inspirados no estilo Art Nouveau, mas com interior simples e funcional.

Reagindo à temática histórica da arte acadêmica do século XIX e ao sentimentalismo dos românticos, o estilo Art Nouveau se adapta às transformações e ao ritmo acelerado da vida mo-derna, valorizando a beleza dos arabescos e das linhas curvas, inspiradas na natureza e na assimetria dos contornos das flores, dos animais e do corpo da mulher.

No Brasil, a exploração da borracha entre 1850/1910 viabiliza a apropriação de elementos Art Nouveau nas cidades de Be-lém e Manaus, em residências e prédios públicos, mesclados a representações da Amazônia e aos grafismos marajoaras. A Vila Penteado, prédio atualmente pertencente à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), na Rua Maranhão, é considerada um dos mais represen-tativos exemplares de Art Nouveau em São Paulo.

E se a modernidade é inevitável, no meio artístico, acontece a transformação da Academia Imperial em Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Com o objetivo de romper com o modelo imperial de ensino, os artistas “modernos” Eliseu Visconti, Henrique e Rodolfo Bernardelli, Zeferino da Costa e Rodolfo Amoedo preconizam a renovação, organizando um modelo alternativo de trabalho e ensino de arte, o Ateliê Livre, com ênfase na formação do artista. O país vive, então, uma fase nacionalista, em pleno processo de construção de uma legítima Escola Brasileira de Artes.

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Na Europa, explode o fauvismo de Matisse; Picasso e Braque inventam o cubismo (1907) e Marinetti divulga seu Manifesto futurista (1909). Começa a revolução da arte no século XX. Alheios ao tumulto europeu, os pintores brasileiros começam a aventurar-se pelos caminhos já traçados do impressionismo. A pintura histórica apreciada pela Corte Imperial já não domina mais. A linguagem artística que ecoa com mais força na época é o realismo, por possibilitar a representação de temas regionais, sendo o artista Rodolfo Amoedo, professor da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), um importante pintor do realismo bur-guês. As pinturas decoram as mansões urbanas. Predominam os retratos e as idealizações de estilos nobres de vida.

Eliseu Visconti, por sua vez, despreza o realismo burguês. Para alguns historiadores da arte, é com Visconti que a tradição impressionista alcança entre nós o mais alto nível, em obras que em nada ficam a dever aos grandes mestres europeus. Em Visconti, o impressionismo é um processo de decomposição da cor, a desestruturação cromática, que correspondia ao seu senso do belo e ao seu ideal estético. Em sua pintura, o desmaiar cromático enfatiza a expressão da delicadeza dos sentimentos, num mundo enevoado, povoado de luz, cor e linhas esfumadas pela emoção, pela impressão causada pelas paisagens naturais e humanas que abstrai de suas reflexões e de seu olhar. De outro modo, Eliseu Visconti e Belmiro de Almeida criam a suave mulher da Belle Époque, pintando etéreas adolescentes nuas, como na tela Gioventú (1898) de Visconti.

No começo do século XX, a arte começa a se unir à indústria. Belmiro de Almeida e Eliseu Visconti dedicam-se também à caricatura em jornais e à criação de capas de livros, cartazes, murais publicitários, cerâmicas e vitrais Art Nouveau. Surgem os primeiros mestres do design industrial brasileiro.

Nos primeiros tempos do século XX, se o sentimento é brasileiro, a imaginação é europeia; e as transformações que estavam em curso no país incluíam a arte e suas linguagens. Esse percurso, em breve, fez nascer uma arte plenamente brasileira nos seus conceitos, formas e expressões. O caminho do modernismo brasileiro estava traçado!

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O passeio dos olhos do professorConvidamos você a ser leitor do documentário antes do pla-nejamento de sua utilização. Deixe-se envolver pelo clima de mudanças do inicio do século XX e suas próprias impressões sobre o cotidiano daquela época, fazendo anotações livres, usando palavras, formas e cores, marcando o início de um diário de bordo, instrumento para o seu pensar pedagógico durante o processo de trabalho junto aos alunos. Sugerimos uma pauta do olhar para apoiar/provocar sua percepção:

Que sensações o documentário provoca em você?

Para você, o documentário apresenta conhecimentos novos?

O que o documentário mostra em relação ao processo de transformação cultural, especialmente das linguagens artísticas? É possível perceber um percurso? Coerente ou marcado por rupturas?

Que surpresas e estranhamentos o documentário apresenta para seus alunos? O que eles gostariam de ver?

Para você, qual o foco de seu trabalho em sala de aula que pode ser desencadeado pelo documentário?

Reveja suas anotações e as possibilidades desveladas. Elabore uma pauta para o olhar dos seus alunos sobre o documentário. Quais são as questões instigantes que poderiam ampliar os olhares dos alunos?

Percursos com desafios estéticos

O passeio dos olhos dos alunos Algumas possibilidades de entrada no documentário.

No documentário, a pintura impressionista de Eliseu Visconti ganha destaque. Antes da exibição do documentário, proponha aos alunos descobrir como registrar a luminosidade dos espaços

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da escola. O desafio pode ser resolvido em pequenos grupos: da sala de aula ao pátio, da administração à quadra esportiva, munidos de lápis de cor ou aquarela os alunos registram sobre papel suas impressões e as percepções que têm dos diferentes espaços. É um bom momento para conversar sobre as escolhas realizadas, as dificuldades encontradas e as possibilidades expressivas advindas da cor-luz, pesquisada pelo artista.

O título do documentário Século XX: primeiros tempos pos-sibilita a investigação sobre como os alunos interpretam o atual século em que nasceram. Qual é o imaginário da turma sobre os anos 1900? Que marcas foram deixadas e como nos ajudam a resgatar a história? Qual a expectativa da turma em relação a um filme com esse título? Após a discussão, exiba o documentário. Quais as surpresas e descobertas desveladas durante a exibição. O que eles desejam saber mais sobre a virada do século XIX para o XX?

Para impulsionar um olhar sobre o documentário, mostre imagens da reurbanização da então Capital Federal, produzi-das em 1900 por Marc Ferrez e Augusto Malta, visitando os acervos digitais nos sites indicados no final deste material. Após a apreciação das fotografias, provoque uma discussão sobre o desenvolvimento das cidades como reflexo da indus-trialização e da chegada dos imigrantes, como mão de obra e agentes de difusão de novos hábitos culturais. É possível perceber diferenças na formação das cidades coloniais e na capital republicana? O que os alunos pensam sobre os projetos de reurbanização de sua cidade? Como se colocam quanto à expulsão dos trabalhadores pobres do centro da ci-dade para, ao mesmo tempo, higienizá-la e melhorar o visual? Em que o filme amplia a compreensão sobre o urbanismo, a imigração e a exclusão social dos brasileiros naturais?

Desvelando a poética pessoalÉ importante estimular o aluno a ampliar a sua percepção e imaginação e descobrir sua poética pessoal. A ideia não é

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realizar um único trabalho, mas incentivar a criação de uma série que possa depois ser apreciada e discutida sob a perspectiva pessoal de cada aluno.

Como um pesquisador, sensível e curioso, seu aluno pode criar uma série de trabalhos para apresentar os “primeiros tempos” do século XXI. Desenhos de observação, colagens, fotografias, vídeos ou mesmo montagens, utilizando PowerPoint, podem registrar o mundo em que vivem. O “novo em confronto – oposi-ção/substituição ao antigo” em diferentes detalhes do cotidiano: hábitos de consumo, de lazer e entretenimento. Para isso, você pode oferecer a oportunidade de rever o documentário buscando um olhar mais atento à sua produção.

Uma pesquisa sobre cor-luz utilizando a tinta aquarela, perce-bendo transparências, luminosidades, texturas, pode animar muitos alunos. Pode-se produzir essa tinta com goma arábica (duas colheres de sopa) como aglutinante, anilina comestível (três a quatro gotas se for líquida e uma colher de sobremesa se for em pó) como pigmento e água filtrada como solvente para diluir a tinta, que terá uma consistência pastosa. Como a aquarela exige que se trabalhe com camadas aguadas para ob-ter efeitos de transparência, é importante dissolver a tinta com água durante a pintura. Utilize papéis com maior espessura, por exemplo: canson ou cartolina.

Cada proposta pode funcionar como uma pesquisa pessoal em paralelo ao projeto desenvolvido na aula. O acompanhamento do professor e a socialização para o grupo ampliam a leitura e a compreensão do mundo e da cultura.

Ampliando o olhar A trajetória do artista Eliseu Visconti aponta para múltiplos

interesses. Com sua formação em belas artes e nas artes decorativas, ele realiza no Rio de Janeiro uma exposição individual de seus projetos para objetos em ferro, cerâmica, marchetaria, selos postais, estamparia de tecidos e papel de parede. Considerado o pioneiro do design brasileiro, Visconti

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elementos da visualidade

cor, luz

teatro

cinema

linguagensconvergentes

temática figurativa

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

Forma - Conteúdo

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

meiostradicionais

escultura, pintura

artesvisuais

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

sociologia, política, cidades, contexto cultural e político

história do Brasil,

fotografia

impressionismo

figura humana, paisagem, retrato

Linguagens Artísticas

meiosnovos

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caricatura, ilustração, moda, arquitetura, mobiliário, ilustração, design

música

ensino de arte

Formação: Processos de Ensinar e Aprender

concepção de ensino de arte, escola de arte

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aproxima arte e indústria, inaugurando parcerias que hoje são frequentes. Proponha a criação de um painel onde os alunos possam olhar a produção de Visconti, fazendo uma compa-ração visual entre a produção do artista e do designer.

No documentário, o ator Rubens Caribé interpreta o poema Versos íntimos, de Augusto dos Anjos:

Vês?! Ninguém assistiu ao formidávelEnterro de tua última quimera.Somente a ingratidão – esta pantera –Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera!O Homem, que, nesta terra miserável,Mora, entre feras sente inevitávelNecessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena tua chaga,Apedreja essa mão vil que te afaga,Escarra nessa boca que te beija!

Utilizando o Cemitério da Consolação em São Paulo como cenário para sua performance, o ator incorpora a visão de mundo pré-modernista do poeta. Há perplexidade na mistura entre o vocabulário popular e erudito, entre a melancolia e o cotidiano inusitado para a poesia conhecida até então. Que outras interpretações seus alunos atribuem ao texto?

O filme Sonhos tropicais, de 2002, dirigido por André Sturm, baseado no romance homônimo de Moacyr Scliar, retrata a Capital Federal, Rio de Janeiro, no início do século XX e a saga da urbanização e higienização da cidade. O filme conta a trajetória do sanitarista Oswaldo Cruz e de Esther, uma imigrante polonesa que vem ao Brasil com o sonho de se casar e iniciar uma nova vida, culminando no episódio conhe-cido como a “Revolta da Vacina” (1904). Selecione alguns trechos do filme para apresentar o trabalho de reconstrução de época (cenografia e caracterização dos personagens) do Rio Antigo. Aproveite também apara ampliar as discussões sobre as questões sociais envolvidas nesse processo de elitização da Capital Federal, o qual excluía uma parcela

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considerável de seus principais agentes sociais, ou seja, os trabalhadores urbanos.

Conhecendo pela pesquisa Uma das telas de Eliseu Visconti em que se evidencia a

influência do Impressionismo é Ninando no jardim, de 1916, que pertence ao acervo dos Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro. Características impressionistas encontram-se também em obras de João Timótheo da Costa e Georgina de Albuquerque. O que os alunos podem descobrir sobre o Impressionismo no Brasil, pesquisando esses artistas?

Quais foram os acontecimentos importantes do século XX? A pergunta é o mote para pesquisar o Brasil republicano. Com o rápido processo de industrialização e intercâmbio com outras nações, surgem novos hábitos de consumo e de convívio social. E o que mais aconteceu? O que esses acontecimentos influenciaram na produção artística e cultural de nosso país?

As charges de J. Carlos testemunham o surgimento do telefone, da fotografia, do chope, do samba, do bonde elétrico, do automóvel, do cinema, do rádio, do avião, da cultura do futebol, da praia e do carnaval. Sua crônica visual retrata o cotidiano carioca. Seus originais são realizados a lápis, recebendo acabamento em bico de pena e nanquim, às vezes guache para engrossar o traço. Para as cores, dá preferência à aquarela, usando muito dois tons alternados sobre fundo branco, quase sempre em grandes superfícies chapadas. O que os alunos podem pesquisar sobre a origem da caricatura e das revistas ilustradas no Brasil do início do século passado até hoje?

Heitor Villa-Lobos afirma que deixa cantar os rios e os mares do Brasil em suas músicas. Pioneiro ao explorar a sonoridade do Brasil em suas composições, Villa-Lobos abriu espaço para outros músicos seguirem esse mesmo caminho, como Antonio Carlos Jobim, Marlui Miranda, Ana Maria Kieffer e o

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grupo mineiro Uakti, entre outros. O que os alunos podem aprender sobre a diversidade do meio ambiente brasileiro ao pesquisar e ouvir as composições desses músicos?

Monteiro Lobato, escritor nascido e criado no Vale do Paraíba, interior paulista, na década de 1910, tornou-se um importante crítico de arte na cidade de São Paulo. Com seu olhar de artista, desenhou o “Jeca Tatu”, um personagem preguiçoso e adepto da “lei do menor esforço”, completamente diferente dos caipiras e indígenas idealizados por romancistas, como José de Alencar. O que os alunos podem pesquisar sobre a crítica de arte formulada por Lobato e o seu papel atual? Como seus alunos percebem o cotidiano e a vida no campo? Proponha para a turma “pintar com palavras” ou “escrever com desenhos” tais percepções.

Amarrações de sentidos: portfólioA construção de um portfólio pode se tornar uma interessante provocação para olhar e refletir, evidenciar as buscas e inda-gações, mostrando toda a produção realizada no projeto. A proposição é um portfólio no formato de uma revista ilustrada, tendo como tema os primeiros tempos do século XX, apresen-tados no documentário. Descobertas, inquietações e surpresas podem ser expressas com colagens, desenhos, reproduções de fotografias antigas, além de caricaturas e charges. Organize as revistas ilustradas de seus alunos, dividindo-os em grupos para que o material seja socializado. Vale a pena planejar uma exposição, da montagem à mediação cultural, entre alunos e demais visitantes.

Valorizando a processualidadeOnde houve avanços? O que os alunos perceberam que co-nheceram? Como entendiam o Brasil no inicio do século XX e quais formulações fazem agora? A apresentação do portfólio pode desencadear boas reflexões sobre essas questões. A discussão em pequenos grupos, sobre todo o processo vivido,

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pode fechar o que foi mais importante nesse percurso e o que ainda querem conhecer.

É o momento também de você refletir sobre seu diário de bordo: o que percebe que aprendeu com esse projeto sobre arte e seus alunos? O projeto germinou novas ideias em você? O que pode ser diferente e aperfeiçoado? Que novos achados para a sua ação pedagógica foram descobertos nessa experiência?

Personalidades abordadas Augusto dos Anjos (Cruz do Espírito Santo/PB, 1884 - Leopoldina/MG, 1914) – Bacharel em Letras, na Faculdade do Recife. Três anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde exerce durante algum tempo o magistério. Do Rio, é transferido para Leopoldina/MG. Morre com pouco mais de trinta anos. Seus versos são publicados no livro Eu em 1912, seu único trabalho. Ocupa como poeta um lugar de destaque na poesia brasileira, tanto pela profundidade filosófica que transpira dos seus pensamentos como pela fantasia de suas divagações pelo mundo científico.

Eliseu Visconti (Itália,1866 - Rio de Janeiro/RJ, 1944) – Estuda no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), abandonando-a para integrar o Ateliê Livre que tem como objetivo atualizar o ensino tradicio-nal. Recebe o premio viagem ao exterior da Escola Nacional de Belas Artes (Enba) e vai a Paris, Madri e Itália. Pintor múltiplo, revela-se um incansável pesquisador em busca de uma expressão plástica para sua alma de artista. Tem forte influência do Impressionismo, do Art Nouveau e do desenho in-dustrial e gráfico no Brasil. Hoje, é aclamado como precursor do modernismo brasileiro e sempre lembrado como um dos agentes das transformações ocorridas na pintura brasileira na passagem do século XIX para o XX.

Henrique Bernardelli (Chile, 1858 - Rio de Janeiro/RJ, 1936) – Irmão do escultor Rodolfo e do violonista e pintor Félix Bernardelli. Matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), juntamente com o irmão Rodolfo. Viaja para a Itália por oito anos, e quando retorna ao Brasil realiza no Rio de Janeiro uma exposição individual que causa interesse e polêmica no meio artístico local. Leciona na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) de 1891 a 1905. Na década de 1890, realiza importantes trabalhos decorativos, para o Theatro Municipal, a Biblioteca Nacional, o Museu Paulista (São Paulo) e o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Em 1931, diversos pintores, insatisfeitos com o modelo de ensino da Enba, organizam-se coletivamente criando um grupo voltado ao aprimoramento técnico e a reformulação do ensino artístico, dando-lhe o nome de Núcleo Bernardelli em homenagem aos professores Henrique e Rodolfo.

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Monteiro Lobato (Taubaté/SP, 1882 – São Paulo/SP, 1948) – Personalidade de múltiplos interesses foi advogado, promotor, crítico de arte, editor, es-critor, industrial, adido comercial em Nova York, fotógrafo e pintor. Adquiriu a Companhia Editora Nacional, produzindo livros de todos os gêneros, em especial para o público infantil, com sua marca inconfundível: livros bem impressos, com projetos gráficos apurados e enorme sucesso de publico. Lobato fez questão de transmitir conhecimento e ideias em livros que fa-lam de história, geografia e matemática, tornando-se pioneiro na literatura paradidática. Polêmico, engajou-se em campanhas que apontavam novos caminhos e soluções para os problemas socioeconômicos crônicos do Brasil.

Oswaldo Cruz (São Luís do Paraitinga/SP, 1872 – Petrópolis/RJ, 1917) – Médico, especialista em bacteriologia pelo Instituto Pasteur de Paris. Ao voltar da Europa, engaja-se no combate às doenças epidêmicas e na pesquisa para a fabricação de soros e vacinas. No combate à febre amarela, no Rio de Janeiro, enfrenta vários problemas porque a maioria dos médicos e da população acreditava que a doença era transmitida pelo contato com os doentes. Oswaldo Cruz tinha uma nova teoria: o transmissor da febre amarela é um mosquito. Sua ação levaria ao episódio histórico da “Revolta da Vacina”, de 1904. Em 1908, o Instituto Soroterápico Federal é rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz (atual Fiocruz).

Rodolfo Amoedo (Salvador/BA, 1857 - Rio de Janeiro/RJ, 1941) – Pintor. Estuda no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) no Rio de Janeiro. Viaja para Paris em 1879, como pensionista da Aiba. Em 1887 retorna ao Brasil e realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, em 1888. Nomeado professor honorário de pintura histórica na Aiba, torna-se vice-diretor em 1893, e professor catedrático honoris causa em 1931. Realiza trabalhos de decoração no Palácio Itamaraty, na Biblioteca Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Supremo Tribunal Militar, no Rio de Janeiro, no Museu Paulista, em São Paulo e no Teatro José de Alencar, em Fortaleza.

Rodolfo Bernardelli (México, 1852 - Rio de Janeiro/RJ, 1931) – Irmão dos pintores Henrique e Félix Bernardelli, deixa o México, com sua família, para fixar-se no Rio Grande do Sul. Muda-se para o Rio de Janeiro com os pais, futuros preceptores das princesas Isabel e Leopoldina, a convite do imperador D. Pedro II. Entre 1870 e 1876, frequenta as aulas de escultura de estatuária e de desenho de modelo vivo na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Como aluno pensionista, permanece em Roma por sete anos e, no seu retorno ao Brasil, leciona Escultura na Aiba. Considerado um dos reformadores do ensino artístico no Brasil, Rodolfo Bernardelli é, entre 1890 e 1915, o primeiro diretor da recém-instituída Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Em 1919, em Madri, é proclamado acadêmico honorário da Real Academia de Belas Artes de San Fernando. Em 1931, no Rio de Janeiro, é fundado o Núcleo Bernardelli em homenagem aos irmãos Rodolfo e Henrique.

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SÉCULO XX: PRIMEIROS TEMPOS

GlossárioAlegoria – Figura de estilo utilizada nas artes visuais e na literatura para expressar ideias abstratas e/ou sentimentos. Trata-se de expressar um pensamento ou conceito por meio de uma ou várias imagens (ou metáfo-ras), com as quais se passa de um sentido literal a um sentido figurado ou alegórico. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>. Acesso em: ago. 2009.

Art Nouveau – Estilo artístico também conhecido como Arte Nova, Arte Floreal, Jugendstil, Modern Style, Style Liberty. Desenvolve-se no período entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo. O Art Nouveau dialoga com a produção industrial em série. Os novos materiais do mundo moderno são amplamente utilizados (o ferro, o vidro e o cimento), assim como são valorizadas a lógica e a racionalidade das ciências e da engenharia. A fonte de inspiração pri-meira dos artistas é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. O movimento da linha assume o primeiro plano dos trabalhos, ditando os contornos das formas e o sentido da construção. Os arabescos e as curvas, complementados pelos tons frios, invadem as ilustrações, o mundo da moda, as fachadas e os interiores. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>. Acesso em: ago. 2009.

Arte moderna – “No final do século XIX, iniciou-se um questionamento a respeito das noções de realidade e sua representação, abalando toda uma confortável noção de imitação da natureza. (...) O grande trunfo da arte moderna é a aquisição do pensamento sobre a construção da linguagem, processo esse instalado visivelmente a partir do Impressionismo.” Fonte: DERDYK, Edith. O desenho da figura humana. São Paulo: Scipione, 1989. p. 80.

Ateliê Livre – O termo faz referência a uma disputa, sobre o ensino artístico no país, travada nos anos de 1888 e 1890, entre dois grupos – os “positivistas” e os “modernos” – no interior da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). O primeiro grupo reafirma a manutenção do projeto inaugural, neoclássico, como uma escola de formação dupla, tanto nas áreas técnicas e aprendizado de ofícios quanto no campo das belas-artes. Os “modernos” representados entre outros, pelo pintor Eliseu Visconti, defendem a renovação do modelo acadêmico de ensino, organizando um modelo alternativo de trabalho e ensino, com ênfase exclusiva nas belas artes para aprimorar a formação do artista. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>. Acesso em: ago. 2009.

Cor – Elemento da visualidade cuja relação entre as cores cria um contexto colorístico que determina o valor exato de cada cor. Cada nova relação cria novo contexto que implica a percepção de tonalidades (mais claras ou mais escuras, mais ou menos saturada), das “temperaturas” cromáticas (quen-

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tes e frias), de tensões espaciais (cores que se expandem, se aproximam, se afastam, se contrastam entre si). Assim, a cor sempre dependerá do conjunto em que é vista, ou seja, a mesma cor pode definir o espaço de maneiras diferentes. Fonte: OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.

Impressionismo – Corrente pictórica que tem origem na França, entre as décadas de 1860 e 1880, e constitui um momento inaugural da arte mo-derna. Há o abandono da pintura de interior e de cavalete pela saída ao ar livre, para captar as sensações, sentir o momentâneo, perceber aquilo que é passageiro e expressar o mutável. Sensibilidade, sensação, sentimento passam então a primar sobre o olhar. A forma, reconceituada e reconstruí-da, adquire outro traçado definido pelo que está à sua volta e não pelo seu contorno. A cor torna-se reflexo da luz, podendo revestir uma infinidade de coloridos e tonalidades. A tela abandona o seu teor documentalístico e es-tático para captar o instante fugaz de algo em permanente mutação. Fonte: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>. Acesso em: ago. 2009.

BibliografiaALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva, 1976.

BASTOS, Fernanda. O Art Nouveau brasileiro através de J. Carlos. Revista Eletrônica Zupi, 8 jan. 2007. Disponível em: <http://www.zupi.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from%5Finfo%5Findex=25&infoid=1344&sid=6&tpl=view%5Fnews%2Ehtm>. Acesso em: ago. 2009.

CAMARGOS, Márcia. Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana. São Paulo: Ed. Senac, 2001.

CARDOSO, Rafael. A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930). Rio de Janeiro: Record, 2008.

CAVALCANTI, Ana Maria Tavares; ELUF, Lygia (Org.). Eliseu Visconti. São Paulo: Imprensa Oficial; Campinas: Ed. da Unicamp, 2008.

LOPES, Myriam Bahia. Corpos ultrajados: quando a medicina e a caricatura se encontram. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v.6, n.2, p. 257-275, jul./out. 1999. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59701999000300002&script=sci_arttext>. Acesso em: ago. 2009.

MORAES, José Geraldo Vinci de; PRADO, Maria Ligia; CAPELATO, Maria Helena. Cidade e cultura urbana na Primeira República. 4.ed. São Paulo: Atual, 1994.

NEVES, Margarida de Souza; HEIZER, Alda. A ordem é o progresso: o Brasil de 1870 a 1910. São Paulo: Atual, 1991.

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SÉCULO XX: PRIMEIROS TEMPOS

RICCI, Claudia Thurler. Imagens e crônicas da arquitetura nas revistas ilustradas. 19&20: A Revista Eletrônica de DezenoveVinte. v.2, n.1, jan. 2007. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte decorativa/ad_arq_revistas.htm>. Acesso em: ago. 2009.

SERAPHIM, Mirian N. Eros adolescente: no verão de Eliseu Visconti. Cam-pinas: Autores Associados, 2008.

SOBRAL, Julieta. J. Carlos, designer. In: CARDOSO, Rafael (Ed.). O design brasileiro antes do design: aspectos da história gráfica, 1870-1960. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

SOUZA, Iara Lis Schiavinatto Carvalho. A República do progresso: a cidade na Belle Époque. São Paulo: Atual, 1995.

VISCONTI, Eliseu. Eliseu Visconti: arte e design. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2008.

Webgrafiaos sites a seguir foram acessados em 20 fev. 2009.

AUGUSTO Malta. Disponível em: <http://portalaugustomalta.rio.rj.gov.br/login>.

AVENIDA Central. Fachadas. Marc Ferrez. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://bndigital.bn.br/redememoria/galerias/AGCFachadas/index.htm>.

AVENIDA Central. Fotos. Augusto Malta. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://bndigital.bn.br/redememoria/galerias/AGCFotos/index.htm>.

ELISEU Visconti. Disponível em: <http://www.eliseuvisconti.com.br>.

HISTÓRIA. Textos sobre história do Brasil. Historianet, a nossa história. Disponível em: <http://www.historianet.com.br>.

HISTÓRIA do Brasil. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/pais/historia>.

KUSHNIR, Beatriz; HORTA, Sandra. Avenida Central: contrastes do tempo. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://bndigital.bn.br/redememoria/avcentral.html>.

MEMÓRIA da destruição: Rio - uma história que se perdeu. Disponível em <http://www.rio.rj.gov.br/arquivo/anexo/memoria_da_destruicao.pdf>.

MONTEIRO Lobato. Disponível em: <http://lobato.globo.com/lobato_Bio-grafia.asp>.

REVISTA Careta. Disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/careta>.

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REVISTA de História da Biblioteca Nacional. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br>.

REVISTA O Malho. Disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/omalho>.

SÃO Paulo 450 anos. De Vila a Metrópole. Disponível em: <http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/2>.

VILLA-Lobos. Disponível em: <http://www.museuvillalobos.org.br>.

FilmografiaAMAZÔNIA: de Galvez a Chico Mendes. Dir. Marcos Schechtman. S.l.: Som Livre, 2007. 7 DVDs (144 min.). Minissérie da Rede Globo de Televisão.

Retrata a história do Acre com seus conflitos e heróis ao longo de 100 anos. Do período áureo da borracha, em plena Revolução Industrial, vai até o final do século XX.

O CORONEL e o lobisomem. Dir. Maurício Farias. Rio de Janeiro: Globo Filmes: Natasha Filmes, 2005. 1 DVD (106 min.).

História que narra o fenômeno do coronelismo, baseada no romance homônimo de José Candido de Carvalho.

O CORTIÇO. Dir. Francisco Ramalho Jr. S.l.: Argos Filmes, 1978. 1 DVD (110 min.).

Rita Baiana é moradora de um cortiço, mulher expansiva e liberada. Ao se apaixonar por Jerônimo, um jovem lusitano, ela deflagra um jogo de paixões que acaba em tragédia. Baseado no romance homônimo de Aluísio Azevedo.

GAIJIN: caminhos da liberdade. Dir. Tizuka Yamasaki. S.l.: CPC - Centro de Produção e Comunicação: Embrafilme, 1980. 1 DVD (104 min.).

No início do século XX, o primeiro grupo de japoneses que emigra para o Brasil passa a trabalhar em uma fazenda cafeeira, tendo que se adaptar às novas condições de vida em uma terra estrangeira.

O QUATRILHO. Dir. Fábio Barreto. S.l.: Filmes do Equador; Rio de Janeiro: LC Barreto Produções Cinematográficas, 1995. 1 DVD (92 min.).

A história de dois casais de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, numa adaptação do romance do mesmo nome.

SONHOS tropicais. Dir. André Sturm. São Paulo: Pandora Filmes: TV Cultura, 2001. 1 DVD (120 min.).

Filme sobre a urbanização e higienização da Capital Federal, Rio de Janeiro, no início do século XX e a atuação de Oswaldo Cruz e a Revolta da Vacina.

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