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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA MONICA INFANTE DE OLIVEIRA DE SOUZA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO. ANÁLISE E PROPOSTA DE ATUAÇÃO. Rio de Janeiro 2015

segregação socioespacial na metrópole do rio de janeiro. análise e

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

MONICA INFANTE DE OLIVEIRA DE SOUZA

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO. ANÁLISE E PROPOSTA DE ATUAÇÃO.

Rio de Janeiro 2015

MÔNICA INFANTE DE OLIVEIRA DE SOUZA

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO. ANÁLISE E PROPOSTA DE ATUAÇÃO.

Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro 2015

Ficha Catalográfica

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de Especialização em Engenharia Urbana

Segregação socioespacial na metrópole do rio de janeiro. Análise e proposta de atuação. Cidade do Rio de Janeiro

Por Mônica Infante de Oliveira de Souza– Rio de Janeiro, 2015.

63 p. Trabalho de Conclusão – 2015

1. Segregação Socioespacial. 2. Metrópole Rio de Janeiro. 3. Planejamento Urbano

MÔNICA INFANTE DE OLIVEIRA DE SOUZA

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO. ANÁLISE E PROPOSTA DE ATUAÇÃO.

Rio de Janeiro 2015

______________________________________________________ Orientador, Prof. Angela Maria Gabriella Rossi, D. Sc. PEU/UFRJ

__________________________________________________ Coordenador, Prof. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/UFRJ

1

SUMÁRIO

CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais sobre o tema.............................................................................4

1.2. Objetivo

1.3. Justificativa

1.4. Metodologia

1.5.Estrutura do Trabalho.....................................................................................................5

CAPITULO 02 – SEGREGAÇÃO URBANA E CRIAÇÃO IDEOLÓGICA DA “CIDADE OFICIAL”

2.1. Segregação Urbana através do mecanismo econômico..................................................7

2.1.1. Valorização econômica do solo através do fator localização.......................................................8

2.1.2. Valorização econômica do solo através do fator proximidade com atrativos naturais.................9

2.1.3. Valorização econômica do solo através do fator concentração de investimentos públicos e

privados.......................................................................................................................................................10

2.2. Segregação Urbana através do mecanismo ideológico..................................................12

2.2.1. Segregação Voluntária e Segregação Involuntária......................................................................14

2.2.2. Opapeldamídianaconstruçãoideológicadacidadeoficial......................................................14

2.3. Segregação Urbana através do mecanismo político.....................................................15

2.3.1. A localização dos centros de decisão do Estado junto às áreas de maior renda.........................15

2.3.2. A concentração de investimentos públicos junto às áreas de maior renda..................................16

2

2.3.3. Legislação Urbanística feita pela e para as classes de maior renda............................................21

CAPITULO 03 - A FORMAÇÃO DA ESTRUTURA URBANA DA METRÓPOLE DO RIO DE

JANEIRO ANALISADA A PARTIR DA QUESTÃO DA SEGREGAÇÃO SÓCIO ESPACIAL.

3.1. A metrópole fluminense no contexto global...................................................................23

3.2. O processo de formação da metrópole fluminense......................................................24

3.2.1. Os bairros de alta renda do Rio de Janeiro................................................................................25

3.2.2. Os bairros populares do Rio de Janeiro.....................................................................................28

3.3. A Distribuição desigual dos recursos na metrópole.....................................................28

3.3.1. Condições desiguais de mobilidade na metrópole............................................................................28

3.3.2. Concentração de empregos na metrópole....................................................................................... ...29

3.3.3. Centralidade x Limite Periférico.......................................................................................................32

3.3.4. Concentração de leitos hospitalares...................................................................................................33

3.3.5. Concentração de equipamentos culturais...........................................................................................35

3.3.6. Justiça Ambiental para poucos...........................................................................................................37

3.4. O modelo predatório de crescimento urbano.............................................................37

3.4.1. DéficitHabitacionalxDomicílioseáreasintraurbanasociosas................................................41

3.4.2. Novo Centro Velho x Velho Centro Novo:

Porto Maravilha x Centro Metropolitano da Barra....................................................................42

3

CAPÍTULO 4 – PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA PLANEJAMENTO URBANO DA

METRÓPOLE FLUMINENSE

4.1. Direito à Centralidade Urbana....................................................................................44

4.2. Diretrizes de planejamento e gestão urbana para a metrópole do Rio de Janeiro

4.2.1- Criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Metrópole Fluminense.......................46

4.2.2. Criação do Conselho Metropolitano de Política Urbana...................................................................49

4.2.3. Diretrizes para o Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano................................................50

A. Policentralidade metropolitanas......................................................................................................50

B . Rede de Mobilidade Urbana ............................................................................................................53

C. Principais polos de emprego .............................................................................................................56

D. Estratégias de Preservação e Recuperação Ambiental......................................................................58

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................60

FONTES CONSULTADAS....................................................................................................61

LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................62

4

INTRODUÇÃO

I. Considerações Iniciais sobre o tema

O padrão de segregação centro/periferia está presente em todas as metrópoles brasileiras. Este

padrão apresenta-se da seguinte maneira: O centro, ocupado por camadas de maior renda,

concentra a maior número de serviços urbanos públicos e privados. A periferia, ocupada por

camadas de menor renda, é desassistida por serviços tanto privados quanto públicos e na maior

parte das vezes, apresenta dificuldade de acesso aos equipamentos existentes nos centros

metropolitanos, através de um sistema de transportes públicos.

II. Objetivo

Este trabalho busca contribuir para as questões da Segregação Urbana e do Direito à Cidade,

através do estudo dos principais padrões sócio espaciais presentes na Metrópole do Rio de

Janeiro e do entendimento do Planejamento Urbano como ferramenta de debate e ação para a

conquista de uma metrópole mais justa do ponto de vista sócio espacial.

III. JUSTIFICATIVA:

A questão da segregação sócio espacial, em um contexto global, está presente em algumas das

principais metrópoles do mundo, em especial as situadas em países periféricos e semiperiféricos.

Observa-se nesses aglomerados urbanos um padrão de crescimento urbano acelerado, na maior

parte das vezes não acompanhado por mecanismos de planejamento e gestão urbana. O presente

estudo mostra-se relevante ao buscar entender as raízes da questão da segregação sócio espacial

assim como propor mecanismos de superação deste panorama através do planejamento e gestão

urbana.

IV. METODOLOGIA:

Este trabalho apresenta como principal base teórica os estudos sobre segregação sócios espaciais

desenvolvidos por Flávio Villaça em Espaço Intra Urbano no Brasil. A partir da análise do

desenvolvimento urbano das metrópoles brasileiras, o autor observa a existência de traços e

movimentos comuns a todas as estruturas territoriais analisadas e detecta ainda relações entre

5

estrutura territorial e a estrutura social dessas metrópoles. Neste presente estudo, buscou-se

recortar a análise à metrópole do Rio de Janeiro, buscando compreender o processo de formação

da estrutura urbana, assim como analisando de forma crítica o panorama atual de crescimento

urbano. Ainda a partir de Villaça, conceitua-se a questão da Segregação Urbana, buscando

aprofundar o entendimento sobre suas principais causas e mecanismos.

Além deVillaça, foram base para este trabalho, outros teóricos tais como:Henri Lefebvre

que introduz o debate sobre Direito à Cidade e sobre o processo de produção do espaço

urbano;DavidHarvey,querevisitaaobradeLefebvreeanalisaopanoramaatualreferenteaos

movimentos de luta pelo direito à cidade; Milton Santos, quando analisa a relação entre lugar

e valor do indivíduo e Manuel Castells, quando apresenta os novos paradigmas na estruturação

das cidades contemporâneas, sobretudo com a revolução da informação.

Utilizou-seaindacomoimportantereferênciabibliográficao“AtlasdasCondiçõesdeVidana

Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, coletânea de mapas temáticos e analises textuais que

permitem uma melhor compreensão sobre o panorama atual de desenvolvimento da metrópole

fluminense.

Apartirdessesprincipaisautoresedasanálisescartográficas,buscou-seestruturarpropostas

iniciaisdeplanejamentourbanoparaametrópolefluminense,quetemcomoobjetivoageração

dereflexãosobreotemadaSegregaçãoSócioEspacial.

O conceito de Engenharia Urbana, foi utilizado no trabalho como área da Engenharia que

“inclui de forma sistêmica todos os serviços de engenharia civil e ambiental relacionados

comoscomplexosproblemasreferentesàsquestõesdeinfraestrutura,serviçoseedificações,

ambientais e de uso do solo enfrentados nas áreas urbanas” (ROSSI, 2013). A Engenharia

Urbana busca de forma sistêmica contribuir para o planejamento e gestão urbana de forma

sistêmica e holística.

ESTRUTURAÇÃODOTRABALHO

Nosegundocapítulo,“Segregaçãourbanaecriaçãoideológicadacidadeoficial”,analisou-se,

combaseemVillaça,osprincipaismecanismosdeflagradoresdaquestãodasegregaçãosócio

6

espacial: mecanismo econômico, mecanismo político e mecanismo ideológico. Analisaram-

se ainda os principais fatores para a definição de áreas preferidas e preteridas da estrutura

urbana metropolitana, que permitem entender a dinâmica de disputa pelas áreas privilegiadas

da metrópole.

Noterceirocapítulo,“Aformaçãodaestruturaurbanadametrópoledoriodejaneiroanalisada

a partir da questão da segregação sócio espacial.” analisam-se, a partir de Villaça e Maurício de

Abreu,oprocessodeformaçãodametrópolefluminensedesdeoiníciodoséculoXIX,coma

modificaçãodaestruturasocialeeconômicadecolonialeruralparacapitalistaeurbana,atéo

séculoXX.Analisou-se,aindaomodelodecrescimentoatualdametrópoledoRiodeJaneiro

e a distribuição desigual dos benefícios na estrutura territorial, tais como a condição desigual

de mobilidade urbana e a concentração de empregos e outros recursos fundamentais como os

sistemasdesaneamento,leitoshospitalares,equipamentosculturaiseadeficiêncianoacesso

aodireitoaumambientesaudável.Destacou-seaindaacontradiçãoentreodéficithabitacional

e a existência de domicílios e áreas urbanas ociosas nos centros urbanos. Analisou-se os dois

principais novos centros de negócios da Metrópole Fluminense: Centro Metropolitano, na Barra

da Tijuca e o Porto Maravilha, na Região Portuária do Rio de Janeiro.

Finalmente,noquartocapítulo,“Propostadediretrizesparaplanejamentourbanodametrópole

fluminense”,foramapresentadaspropostasdediretrizesdeplanejamentourbano,quetenham

como objetivo a conquista do Direito à Cidade e a superação da Segregação Socioespacial na

cidade do Rio de Janeiro. Propõe-se a criação de um modelo inicial de gestão metropolitana,

que busque articular os interesses dos diferentes municípios que compõem o aglomerado

urbano. Foram propostas, através de mapas temáticos, diretrizes gerais de planejamento urbano

paraametrópolefluminense:rededemobilidadeurbana,polosdeempregoseestratégiasde

recuperação e preservação ambiental.

7

CAPÍTULO 2 - SEGREGAÇÃO URBANA E CRIAÇÃO IDEOLÓGICA DA CIDADE “OFICIAL”

ASegregaçãoUrbana,segundoVillaça(2001),podeserdefinidacomo“umprocessosegundoo

qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes

regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole.”

O Espaço Urbano é produzido pelo trabalho humano despendido necessário na produção de

algo socialmente útil. Neste sentido, a estruturação do espaço urbano dá-se por um processo

de constante luta de classes em torno da conquista das áreas mais vantajosas. Para Castells

(1983),ocorreuma“disputapelaapropriaçãodiferenciadadoespaçourbanoenquantoproduto

do trabalho.” Neste contexto, as classes de maior renda dominam as áreas mais vantajosas,

segundo Villaça (2001), através de três mecanismos: 1. De natureza econômica, através,

sobretudo do mercado imobiliário; 2. Através da Ideologia e 3. De natureza política, através do

controle do Estado. Para melhor compreender as raízes da segregação urbana, faz-se necessário,

aprofundar-se sobre esses três pontos.

2.1. Segregação Urbana através do mecanismo econômico

No primeiro mecanismo, de natureza econômica, devem-se avaliar os processos de geração de

valor do solo. Este trabalho abordará o conceito de valor a partir da perspectiva marxista (valor

de uso e valor de troca). Para Villaça (2001), existem dois valores que são gerados a partir da

produção do espaço urbano:

“Oprimeiroéodosprodutosemsi–osedifícios,asruas,aspraças,asinfraestruturas.Ooutroéovalor

produzido pela aglomeração. Esse valor é dado pela localização dos edifícios, ruas e praças, pois é essa

localização que os insere na aglomeração. A localização se apresenta assim como um valor de uso da terra

–doslotes,dasruas,daspraças,daspraias–valorquenomercado,setraduzempreçodaterra(valor

de troca). Tal como qualquer valor, o da localização também é dado pelo tempo de trabalho socialmente

necessário para produzi-la, ou seja, para produzir a cidade inteira da qual a localização é parte.”

A partir desta lógica as áreas de maior valor de troca são apropriadas pelas classes de média e

alta renda, enquanto as áreas preteridas por essas camadas são ocupadas pela classe de menor

renda.

8

Podemos dizer que a preferência por determinada área em detrimento de outras, se dá devido

a três principais fatores: 1. A localização estratégia em relação às demais localidades; 2. Os

atrativos naturais e de paisagem que determinado local possui; 3. As vantagens decorrentes da

concentração de investimentos públicos e privados.

2.1.1. Valorização econômica do solo através do fator localização

A principal fator de valorização econômica do solo, diz respeito a localização e o tempo de

deslocamento de um determinado ponto em relação aos demais pontos de interesse da cidade.

Como já foi dito, o espaço urbano é constituído por um grande estoque de recursos produzidos

através do trabalho humano de toda a sociedade. Existem áreas, porém, em que esses recursos

estão concentrados, daí a busca pela localização junto a estas áreas. Segundo Villaça (2001):

“Adistânciaétempo;nãoapenastempodeumdeslocamento,masdosomatóriodetodososdeslocamentos,

bemcomoseuscustosefreqüênciaparatodososmembrosdafamília”eainda“Éadesigualdadefrutodas

diferenças de acessibilidade a todos os pontos do espaço urbano. A segregação das classes dominantes é um

mecanismo necessário para otimizar a apropriação, em proveito delas, das vantagens do espaço desigual.”

Ofatorlocalização,portanto,influidemaneirafundamentalnovalordeusodaterra.Este,por

sua vez, transforma-se em valor de troca. A população de maior renda apropria-se dos espaços

urbanos de melhor localização, enquanto a população de menor renda ocupa as áreas preteridas,

sempre cada vez mais longínquas. Aqui também há um processo de gradação da ocupação

urbana, existindo uma relação inversamente proporcional, de modo geral, entre renda e tempo

de deslocamento às áreas de maiores recursos da cidade.

As infra estruturas de transporte público são estruturantes no entendimento do fator localização

e tempo de deslocamento. Um bairro que tenha acesso a rede de linhas de metro, por exemplo,

possui uma valorização em relação aos demais bairros, pelo fato de possibilitar a redução

do tempo de deslocamento para os demais pontos de interesse da cidade. Conclui-se que

o fator acessibilidade émais importante que o fator distância, para a definiçãodovalor de

uso relacionado ao tempo de deslocamento de um ponto em relação aos demais pontos de

interesse da cidade. Neste contexto, bairros, bastante próximos ao centro principal, tais como

Santa Teresa, Urca ou Laranjeiras, podem ser considerados menos vantajosos, segundo o fator

9

tempo de deslocamento, quando comparados com outros bairros vizinhos que possuam maior

variedade de conexões por transporte público com as demais localidades e o centro principal.

Da mesma maneira, o valor localização desempenha um papel importante na escolha por

localização da população de menor renda. Embora esta camada tenha suas possibilidades de

escolha muito restritas, quando comparada à camada de maior renda, existe a possibilidade

de morar mais perto das áreas com maiores recursos da cidade, porém, ao fazer esta escolha,

o indivíduo e sua família são penalizados por ser preciso morar, muitas vezes, em locais de

risco, como encostas demorros, áreas de alagamentos ou dominadas pelo tráfico.Ou seja,

em áreas próximas aos grandes centros, mas que foram descartadas pelas camadas de média

e alta renda por representarem algum risco ou por não serem passiveis de ocupação como as

áreas de preservação permanentes. No Rio de Janeiro, este fenômeno é potencializado, por

suatopografiaacidentada.AsfavelasdaZonaSul,taiscomoRocinha,Vidigal,DonaMarta,

surgiram a partir desta demanda por habitação próxima às centralidades onde concentram a

maior oferta de trabalho e os benefícios oferecidos pela concentração de equipamentos públicos

e privados. A lógica do valor do solo segundo sua localização ajuda a explicar, por exemplo,

porque, muitas vezes, uma família prefere pagar mais caro por uma casa precária na Rocinha

a ter que passar três ou mais horas diárias no transporte público em direção a algum bairro

dormitório da Baixada Fluminense onde, por vezes, as condições de moradia são até melhores

quando comparadas àquelas apresentadas na favela. Esta escolha, embora perversa, permite

avaliar a importância do fator localização na produção do espaço urbano.

Há,portanto,umabuscapelaconquistadotempodedescansooulazer,queseganhaapartir

dasuperaçãodotempo-desgaste“perdido”duranteosdeslocamentosnacidade.Estetempoé

recuperadopeladominaçãodoespaço,jáque,comobemobservouLefebvre(1974),“otempo

não se permite reduzir”.

2.1.2. Valorização econômica do solo através do fator proximidade com atrativos naturais

O segundo fator determinante para a volorização do solo urbano, sobretudo pelas camadas de

alta renda, é a condição de proximidade com atrativos naturais e de apelo paisagístico. Esse

fator pode ser evidenciado, por exemplo, através da valorização das áreas de orla, na maior

10

parte das metrópoles litorâneas do Brasil.

AZonaSulcariocapossuidiversosbairroscomcontatodiretoparaáreasnaturais:orlamarítima,

lagoas, áreas de mata e maciços, além de marcos paisagísticos construídos pelo homem, tais

como o Bondinho do Pão de Açúcar, a imagem do Cristo no alto do Morro do Corcovado

ou o Aterro do Flamengo. Todos esses apelos paisagísticos, conhecidos internacionalmente,

valorizam sobremaneira esta região. Um apartamento com fachada principal para o sol poente

pode custar mais caro que outro de mesmo tamanho com fachada principal para Sul, apenas

pelo fato de possuir uma bela vista para o Cristo.

Por vezes, as camadas de média e alta renda, abrem mão do fator localização e tempo de

deslocamento, pelo fator da proximidade com elementos naturais ou com ambientes mais

amenos e de menor densidade urbana. Isso explica a existência de bairros de alta ou média renda,

localizados de maneira periférica aos principais centros, tais como: Bairro Vale dos Cristais

emNovaLima,cidadeasuldeBeloHorizonte,aconurbaçãodamanchaurbanadaRegião

Metropolitana de São Paulo com São José dos Campos e Sorocaba através de um modelo de

ocupação caracterizado por condomínios fechados de baixa densidade e a ocupação da região

de Vargem Grande o Alto da Boa Vista no Rio de Janeiro.

A perpetuação desta lógica de valorização imobiliária pela proximidade de bairros de alta e

média classe com elementos naturais depende, é claro, da permanência e manutenção dessa

paisagem. Por esse fato, o cuidado, por parte do Estado, sobre áreas com relevância ambiental

e paisagística é, de maneira geral, maior quando estas se localizam junto à população de maior

renda.

A lógica inversa, no entanto, é observada em áreas periféricas e de pouco interesse do setor

imobiliário. Esta população, além de sofrer com a carência de infra estrutura e serviços urbanos,

é impactada por empreendimentos de grande impacto ambiental.

2.1.3. Valorização econômica do solo através do fator concentração de investimentos

públicos e privados

Finalmente, o terceiro fator de valorização do solo urbano é a concentração de investimentos

11

públicos e privados. Como já foi dito, o espaço urbano é formado por um grande estoque de

recursos produzidos pelo trabalho humano. Porém, as áreas com população de maior poder

econômico, ideológico e político, concentram o maior número desses recursos e atraem para

siosprincipaiscentrosdedecisãoepoder.MiltonSantos(2007),defineessesrecursoscomo

“fixos”eosclassificacomo“fixospúblicos”e“fixosprivados”.Segundoesteautor,osfixos

privados localizam-se seguindo os critérios de oferta e procura do mercado. Estes critérios irão

determinarumamaiorlocalizaçãodefixosprivadosemáreascompopulaçãodemaiorrenda

eirãoregulartambémospreçosacobrar.Jáosfixospúblicosdevemserinstaladosseguindo

critérios sociais, tais como a densidade populacional. Busca-se com isso uma maior equidade

territorial. No Brasil, no entanto, o que observa-se na maior parte das metrópoles brasileiras,

como já foi dito anteriormente, é uma concentraçãodefixos públicos emáreas commaior

renda. Esta concentração acontece, pela dominação do Estado pelas camadas de maior poder

econômico, político e ideológico.

Essa lógica de distribuição de recursos contribui para reforçar o padrão de segregação sócio

espacial das metrópoles brasileiras. Para Santos (2007):

“Morarnaperiferia é condenar-seduasvezesàpobrezageradapelomodeloeconômico, segmentadordo

mercado de trabalho e das classes sociais, superpõe-se a pobreza geral domodelo territorial. Este, afinal,

determina quem deve ser mais ou menos pobre somente por morar neste ou naquele lugar, Onde os bens sociais

existem apenas na forma mercantil, reduz-se o número dos que potencialmente lhes têm acesso, os quais se

tornam ainda mais pobres por terem de pagar o que, em condições democráticas normais, teria de lhe ser

entregue gratuitamente pelo poder público.”

Pode-se concluir, que a sobreposição dos principais fatores que geram vantagens de uma

determinada área sobre outras, determinam os locais de maior valor de uso que transforma-se

em valor de troca, através do mercado imobiliário, e são ocupados pelas camadas de maior

renda.AZonaSuldoRiodeJaneiro,porexemplo,possuidemaneirageralostrêsfatoresque

definemapreferênciadestaáreaemrelaçãoàsdemais:1.Localizaçãoestratégiaemrelação

aos demais pontos de interesse da cidade, sobretudo o centro de comércio e serviços principal;

2. A existência de elementos naturais e de apelo paisagístico e a concentração de investimentos

públicos e privados.

Essa preferência por determinada área, no entanto, não é estagnada no tempo. Villaça (2001),

entende“estruturaurbanaenquantoumtodoarticuladodepartesqueserelacionam,noqual

12

alterações em uma parte, ou em uma relação, acarretam alterações nas demais partes e relações”.

Na cidade do Rio de Janeiro, como veremos no próximo capítulo, a área de maior concentração

declassesdemaior rendamigroudaZonaNorte (TijucaeSãoCristóvão)paraaZonaSul

(Botafogo e Copacabana), deslocando desta maneira, a centralidade principal da cidade do

Campo de Santana em direção à Cinelândia.

2.2. Segregação Urbana através do mecanismo ideológico

Osegundomecanismo,denaturezaideológica,exerceimportanteinfluênciasobreoprimeiro

mecanismo, valorização do solo, e sobre o terceiro, dominação do Estado. Aqui, se faz

necessárioaprofundaradefiniçãodoconceitodeideologia.ParaChauí(1980)ideologiaéum

“mascaramentodarealidadesocialquepermitealegitimaçãodaexploraçãoedadominação.

Por intermédio dela, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo”. E ainda “Cada

novaclassenopoderéobrigada,quantomaisnãosejaparaatingirseusfins,arepresentarseu

interesse como sendo o interesse comum a todos os membros da sociedade (...) ou a dar a seus

pensamentos a forma de universalidade, a representá-los como sendo os únicos razoáveis, os

únicos verdadeiramente válidos.” (Marx e Engels, s.d.)

A metrópole do Rio de Janeiro possui uma mancha urbana de, aproximadamente, 1.000Km².

A área onde se concentra a maior parte da população com alta renda corresponde à 8% da área

totaldesteaglomeradourbano.Observa-seque taisáreas localizam-senaZonaSul,Barrae

Niterói. Essas áreas concentram a população com rendimento familiar entre 5 a 10 salários

mínimos (de R$3.940 a R$7.880) presentes nos bairros de Copacabana, Flamengo, Botafogo

e Laranjeiras. As áreas que concentram população com rendimento domiciliar acima de 10

salários mínimos (acima de R$7.880) localizam-se nos bairros de Ipanema, Leblon, Barra da

TijucaeSãoConrado.Apesardeestasseremáreasdensasdopontodevistademográfico,como

sevenafigura2. concentram apenas 6% de todos os domicílios da região metropolitana. A

imagemda“cidadeoficial”,divulgadapelosmeiosdecomunicaçãoestádiretamenteligadaàs

áreas onde se concentra a população de maior renda.

Por outro lado, as áreas complementares a estas, onde estão localizados os 94% dos domicílios

dametrópoleéentendidocomo“periferia”,“subúrbio”ou“nãocidade”.

13

Fig. 1. Mapa de Faixas de Rendimento (Fonte: JACOB, 2014)

6 12 55 73 150 290 925 1775

Fig. 2. Mapa de Densidade Demográfica (Fonte: JACOB, 2014)

14

2.2.1. Segregação Voluntária e Segregação Involuntária

Ao analisar-se o conceito de Segregação Socioespacial, observa-se no discurso do grande

público(incluídososespecialistase intelectuais)aconsideraçãodapartedacidadedefinida

como“segregada”,comoaquelaemqueestá“àmargem”dacidadedefinidaideologicamente

comoa“cidadeoficial”,ouaquelaquecontacommenosrecursosdisponíveisdestacidade.

ParaVillaça“Asegregaçãoéumprocessodialético,emqueasegregaçãodeunsprovoca,ao

mesmo tempo e pelo mesmo processo, a segregação de outros.” Porém, apenas uma parte da

população possui a possibilidade de escolha real do local onde irá morar. Desta forma, pode-

se dizer que a parcela da população demaior renda, ao definir uma região específica onde

deseja morar, segrega-se de forma voluntária, enquanto a maior parte da população segrega-

se de forma involuntária. Existe, é claro, uma gradação neste processo, onde a possibilidade

de escolha do local de moradia do indivíduo terá, de modo geral, uma relação diretamente

proporcional ao seu nível de renda.

2.2.2. O papel da mídia na construção ideológica da cidade oficial

Aimagemdacidadeédefinidaemumcontextoideológico.Aimprensaeamídiaemgeral,

funcionamcomoimportantesporta-vozesdaimagem“oficial”aserdifundidaeincorporada

por todos os seus cidadãos. Observa-se nos noticiários uma maior predominância de notícias

referentes às áreas das classes de maior renda.

Em Maio de 2015 um ciclista que transitava na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul

do Rio de Janeiro foi esfaqueado após reagir a um assalto. O fato foi manchete em todos os

principaisjornais,repercutindoemtodoopaís,atravésdamídiaoficial.

Ocaso torna-seaindamais emblemáticoquando seobserva, atravésdedadosoficiais,uma

queda do número de mortes ocorridas em Maio de 2015 quando comparado com o mesmo mês

em anos anteriores. Segue trecho da matéria do Jornal o Globo de Maio de 2015 que ilustra esta

questão:

“Apesar de ter sido ummês emque vários casos violentos deixaram a população insegura, os índices

decriminalidade referentesamaiodesteanoapresentarammaisumaquedasignificativanonúmerode

15

homicídios dolosos no estado. Foram 344 casos, o que representa, segundo o Instituto de Segurança

Pública (ISP), o menor volume de registros para este mês desde 1991, quando os dados começaram a ser

disponibilizados pela Polícia Civil. Em maio daquele ano foram registrados 650 homicídios. Divulgada

nesta terça-feira, a pesquisa mostra uma redução no número de homicídios de 22,5% (em maio de 2014

foram registrados 444 casos).”

A atenção dada pela mídia ao caso, portanto, fez aumentar a sensação de insegurança em toda

ametrópole,apesardeoficialmenteaviolênciaterdiminuído.Omesmojornalquedivulgou

em matéria de capa o assassinato do ciclista da Lagoa noticiou a queda da violência no mês

de Maio de 2015. Porém, o destaque dado às duas notícias não foi o mesmo, evidenciando

a possibilidade de manipulação dos fatos de maneira a tornar a violência ocorrida na Lagoa

Rodrigo de Freitas, bairro nobre da Região Metropolitana, como merecedor de maior atenção

por parte da população. Desta forma se torna evidente, o papel ideológico na construção do

imaginário da cidade por parte da classe dominante.

2.3. Segregação Urbana através do mecanismo político

O terceiro mecanismo refere-se à dominação do Estado pela classe de maior renda. Este

mecanismo também possui forte caráter ideológico. Sobre este ponto Villaça (2001) aponta

que: “Subliminarmente, a ideologia inculca nasmentes damaioria a idéia de que a cidade

é aquela parte constituída por onde estão os dominantes. Essa ideologia facilita a ação do

Estado, que privilegia essa parte. Ao investir nela, o Estado está investindo na cidade.” Ainda

segundo Villaça, o Estado garante maiores vantagens para determinada área através de três

principais ações: 1. Através da localização dos aparelhos do Estado; 2. através da concentração

deinvestimentoseminfraestruturasefinalmente,3.atravésdalegislaçãourbanística.Iremos

discorrer sobre esses três pontos.

2.3.1. A localização dos centros de decisão do Estado junto às áreas de maior renda.

Observa-se, analisando a história da evolução da cidade do Rio de Janeiro, uma relação entre

alocalizaçãodosedifíciossedescomoquesedefineideologicamentecomooscentrosmais

16

valorizados.Duranteo iníciodo séculoXIX, comoveremosmais adiante, nopróximo

capítulo, existia uma concentração das classes de mais alta renda no trecho que ligava o Centro

a São Cristóvão e Tijuca. Desde 1824 a sede do Senado funcionou no Campo de Santana, onde

se concentravam importantes edifícios administrativos do Estado. Com o deslocamento, da

concentraçãodapopulaçãodemaiorrendaparaazonaSulnasegundametadedoséculoXIXe

o declínio da região de São Cristóvão, ocorre um deslocamento do centro principal em direção

à Praça Marechal Floriano, onde o Senado Federal passa a ter sede, no antigo Palácio Monroe,

a partir da primeira década do séculoXX.Omesmo ocorre com aCâmaraMunicipal que

transfere sua sede do Campo de Santana para a Cinelândia. A sede do Governo Federal, durante

o governo provisório, utilizou como sede o Palácio do Itamarati, também localizado na região

do Campo de Santana, transferindo-se posteriormente para o Catete. Neste mesmo contexto,

pode-se citar o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, que durante o Estado Novo, tornou-se

residênciaoficialdeGetúlioVargas.

Fig. 3. Teatro Municipal em primeiro plano, Praça Floriano Peixoto e Palácio Monroe ao fundo.

Fig. 4 Copacabana no início do século XX.

2.3.2. A concentração de investimentos públicos junto às áreas de maior renda.

A segunda ação do Estado, que demonstra uma dominação deste pelas classes de maior renda,

é a concentração de investimentos públicos. No Rio de Janeiro, assim como na maior parte das

metrópoles brasileiras, os investimentos em infra estrutura sempre estiveram ligados às áreas

de maior interesse das classes de alta renda e, por conseqüência, do mercado imobiliário. O

processo de urbanização dos bairros de Copacabana, em 1890, e Barra da Tijuca, em 1960,

demonstram como o Estado pode servir aos interesses deste setor. No caso de Copacabana, o

17

Estado antecipou-se ao processo de maior demanda por ocupação pelas classes de maior renda.

No caso da Barra da Tijuca, além de investimentos na infra estrutura viária principal (Elevado

doJoáeasAvenidasdasAméricaseAyrtonSena)ocorreuumimportanteincentivoporparte

doEstadocomacriaçãodeuma“campanha”ideológicapelaexpansãodacidade“oficial”para

aZonaOeste litorâneaea induçãodacriaçãodeumnovocentrometropolitanonestaárea.

Não por coincidência, essas áreas já haviam sido adquiridas por grandes proprietários de terra

e incorporadores imobiliários.

O movimento oposto ocorre nas áreas periféricas, onde o Estado, não investe em infra estrutura

urbana antes do processo de ocupação urbana e, por vezes, nem mesmo após este processo

acontecer. Na maior parte dos casos, as infra estruturas urbanas, tais como saneamento básico,

calçamento e iluminação pública são instaladas, somente muitos anos após a expansão urbana

ocorrer.

O mapa de instalação das principais redes de abastecimento e saneamento1 evidencia esta

Fig.5. Mapa com as principais redes de abastecimento

1 Ver Figura 5

18

análise. Observa-se que as áreas com melhores índices de acesso às redes coincidem com as

áreas onde se localizam os 15% dos domicílios com maior renda. Do mesmo modo, ocorre uma

tendência ao decréscimo deste índice nas áreas de população com menor renda.

Os investimentos que estão sendo realizados para os Jogos Olímpicos de 2016, na região da

Barra da Tijuca, ilustram essa questão. Importantes infra estruturas de mobilidade conectarão

estaáreacommaiorfacilidadeaorestantedametrópole,valorizandodemaneirasignificativa

o preço da terra urbana. São elas: a linha 4 do Metro até o bairro de Ipanema; a linha de

BRT Transolímpica até o bairro de Deodoro; a linha de BRT Transcarioca até o Aeroporto

Internacional e a linha de BRT Transoeste (já em operação) até o bairro de Santa Cruz. A criação

desta rede de mobilidade demonstra o interesse do Estado em potencializar a Barra da Tijuca

como uma importante centralidade metropolitana.

Ao analisar-se o mapa de densidade populacional2 observa-se, no entanto, que o principal

tronco, que concentra a maior parte da população da metrópole, localiza-se ao longo dos ramais

ferroviáriosdaZonaNortedacidadeindoemdireçãoaosmunicípiosdaBaixadaFluminense.

Outro braço se estende para a ZonaOeste, através doRamal de SantaCruz e outro braço

atravessa a Baia de Guanabara, chegando a Niterói e São Gonçalo. Quando comparada a estas

áreas mais densas o vetor de expansão da cidade em direção à Barra da Tijuca parece não

seromais“natural”,masmuitopelocontrário,porsercercadapormorros,MaciçodaPedra

Branca e Maciço da Tijuca, esta área poderia ser uma zona residencial afastada, mas não tão

naturalmente uma centralidade metropolitana. Quando Lúcio Costa, em 1969, propõe o novo

Centro Metropolitano na Barra da Tijuca, ele já apontava essa questão:

“OproblemadoaproveitamentodaenormeáreaqueseestendedosCamposedoPontaldeSernambetiba

até à Barra da Tijuca, abrangendo em profundidade a vasta baixada de Jacarepaguá, não é de fácil

equacionamento. Bloqueada pelosmaciços da Tijuca e da Pedra Branca, que lhe dificultam o acesso,

preservou-se in natura enquanto a cidade derramava-se como um líquido pela zona norte e se comprimia

contida entre os vales e praias da zona sul.” (Lúcio Costa. Plano Piloto para a urbanização da baixada

compreendida entre Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá)

2 Ver Figura 2.

19

Fig 6. Lúcio Costa. Plano Piloto Barra da Tijuca

Fig 7. Plano Doxiadis, 1965.

20

Antes de Lúcio Costa, Doxiadis em 1965, já havia apresentado proposta para a área da Barra da

Tijuca,indicandoesta(assimcomoaRestingadaMarambaiaeMaricá)como“ÁreasdeUso

Recreativo”,demonstrandoacaracterísticade“fimdelinha”,áreaturísticaenãocentral.

Já se sabia, no entanto, do interesse por parte das classes altas pela região da Barra da Tijuca,

como área de expansão imobiliária, seguindo o litoral. Quando o Estado pede a Lúcio Costa um

PlanoPilotoparaaárea,estenãoofazdemaneiraaconsultarsobre“qualseriaamelhorárea

da cidade para uma expansão urbana ou a criação de um novo centro”, mas sim já indicando que

a área a ser trabalhada seria a da Barra da Tijuca.

LúcioCostatrabalha,portanto,comumademandafechada.Suafunçãoécriarumajustificativa

necessária ao investimento do Estado na área da Barra da Tijuca. Sobre o Plano de Doxíades,

concorda com a importância da implantação de um novo centro de negócios entre o Núcleo

Industrial proposto na Baia de Sepetiba e o centro de negócios existente. Lúcio discorda, porém,

da localização deste novo centro que, para Doxíades, deveria localizar-se próximo à Santa

Cruz. O arquiteto argumenta que havia sido ignorado no plano anterior o vetor de expansão

representado pela BR-101, atual Avenida das Américas. Cruzando este vetor Leste Oeste,

propõeoutrovetorNorteSul,conectandoacentralidadepropostaàZonaNortedoEstadoda

Guanabara.

“OplanodiretorDoxiadisAssociados–valiosacompilaçãoecoordenaçãodedadosvisandooestabelecimento

deumarcabouçodeinfraestruturacapazdepermitirocrescimentoharmônicodacidade–planoelaborado

comacooperaçãodetécnicoslocais–,dáadevidaênfaseàduplapenetraçãonosentidodabaseindustriale

portuária de Sepetiba e reconhece a fatalidade da criação de um novo pólo CBD (Central Business District)

para contrabalançar o CBD original, isto é, o atual centro da cidade, mas propõe a sua localização em

algumpontodesseeixo,depreferêncianaalturadeSantaCruz.Éque,naânsiadeatapetaroestadode

fora a fora para o ano 2000, ou seja, para amanhã, com uma trama esquemática uniformemente urbanizada,

talvez subestimassem a carga propulsora representada pela implantação da BR-101, escapando-lhes então

que–semembargodoacertodaprevisãodeumcentrocomplementaremSantaCruz,vinculadoàárea

industrialeportuáriadeSepetiba–abaixadadeJacarepaguáéopontonaturaldeconfluênciadosdoiseixos

leste-oeste, o do norte, rodo-ferroviário, e o rodoviário do sul, através das brechas existentes entre as serras

do Engenho Velho, dos Pretos Forros e o tampão do Valqueire, e que portanto é ai que o novo CBD deverá

surgir.” (Lúcio Costa. Plano Piloto para a urbanização da baixada compreendida entre Barra da Tijuca, o

Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá)

O exemplo acima demonstra como a criação de uma nova centralidade, pode não ocorrer

21

de maneira espontânea, sendo possível ser produzida a partir de um projeto ideológico com

participação do Estado.

2.3.3. Legislação Urbanística feita pela e para as classes de maior renda.

A Legislação Urbanística é a terceira ação de subordinação do Estado aos interesses da classe

dominante. No Brasil, observa-se uma maior predominância na mancha urbana de loteamentos

e ocupações irregulares em áreas periféricas quando comparada com o que define-se

ideologicamentecomo“cidadeoficial”.ALegislaçãoUrbanísticaetodososparâmetrosurbanos

de ocupação e uso são pensados, tendo em vista, o trecho de maior verticalização da cidade, que

coincide com as áreas de população com maior renda. Nas áreas mais periféricas, caso exista a

legislação, esta é aplicada de maneira extremamente permissiva, ou mesmo ignorada.

A partir dos anos 50, ocorreu no Brasil um forte movimento de migração das áreas rurais para

as áreas urbanas. Esse processo, no entanto, não foi acompanhado, por parte do Estado, por

investimentos públicos oriundos de um planejamento urbano e territorial metropolitano que

respondesse ao processo de rápida expansão urbana.

Em toda a zona Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense o padrão

de ocupação ocorreu através da compra de terra ou ocupação em loteamentos, por vezes

clandestinos,realizadosporgrilheiros.Emgrandeparte,asresidênciasforamedificadasatravés

de autoconstrução, através de mutirão de vizinhos ou familiares, ao longo de anos.

ALegislaçãoUrbanística,definidoradeparâmetrosurbanísticosdeusoeocupação,parecenão

acompanhar a lógica particular da ocupação das regiões populares das metrópoles brasileiras

que, como se sabe, corresponde certamente, a maior parte da mancha urbana desses aglomerados.

Para Rolnik (1999):

“Ahistóriadosbairrospopulareséahistóriadosquintaiscoletivos,doscômodosmínimosalugadospara

famílias inteiras, da situação eternamente cambiante, da progressão lenta feita dos pequenos investimentos

familiares.Estepadrão,estesritmos,estalógicacomercial,espacialefinanceira,sempreausentedasnormas

urbanísticas, nada têm a ver com os investimentos massivos e em bloco que criaram a cidade formal.”

Conclui-se, portanto, que o processo de criação de uma centralidade principal e da geração de

22

áreas privilegiadas restritas, ocupadas por uma população com maior renda em contraposição

com grandes áreas preteridas, ocupadas pela população de menor renda se dá a partir de

mecanismos econômicos, políticos e, sobretudo, ideológicos.

23

CAPÍTULO 3. A FORMAÇÃO DA ESTRUTURA URBANA DA METRÓPOLE DO RIO DE

JANEIRO ANALISADA A PARTIR DA QUESTÃO DA SEGREGAÇÃO SÓCIO ESPACIAL

3.1. A metrópole fluminense no contexto global

Aquestãodasegregaçãosocioespacialtrazimportantesdesafiosquedevemserenfrentadospor

todaasociedadedametrópoledoRiodeJaneiro,afimdeconstituirumaregiãoambientale

socialmentejustaparatodososseuscidadãos.Essesdesafios,naverdade,sãoencontradosem

diversas grandes cidades do mundo, sobretudo nos países periféricos do sistema capitalista: São

Paulo, Brasil (20 milhões de habitantes) Karachi, Paquistão (20,2); Lagos, Nigéria (12); Deli,

Índia (22,8); Jakarta, Indonésia (26,7); Daca, Bangladesh (15,6).

Em 2007, pela primeira vez, mais da metade das pessoas do mundo passou a viver em cidades.

Destapopulaçãourbana,quase15%vivememmegacidades,quesegundodefiniçãodaONUsão

aquelas com mais de 10 milhões de habitantes. Estudo realizado pela consultora Demographia,

em 2015, demonstra que mais da metade da população de cidades com 500mil habitantes ou

maislocalizam-senaÁsia,morandoem532das1009maioresáreasurbanasdomundo.

Fig 8. Distribuição das Megacidades no Mundo (com população de 500mil hab. ou mais)

Fig. 9. Distribuição da População Urbana e Rural no

As taxas de crescimento urbano no mundo tendem a serem maiores nos países periféricos e

semi periféricos. Segundo dados da ONU, de 2000 a 2030, existe previsão de uma taxa de

crescimento de 157% para o continente africano, 92% para o continente asiático, 54% para

América Latina, 43% para Oceania, 31% para América do Norte e apenas 4,73% para a Europa.

A Segregação Socioespacial é uma das principais características das megacidades localizadas

24

nos países periféricos. A busca por mecanismos de superação da questão da concentração

de capital nas megacidades é, portanto, um dos principais temas a serem fomentados para a

superação das condições de pobreza no mundo.

Neste panorama global, a metrópole do Rio de Janeiro, é a quarta maior megacidade da América

Latina, atrás de São Paulo (20milhões), Cidade do México (19,8) e Buenos Aires (13).

3.2. O processo de formação da metrópole fluminense

“Terminado o período de patriarcalismo rural [...] e iniciado o período industrial das grandes usinas e

das fazendas e até estâncias exploradasporfirmascomerciaisdas cidades,maisdoquepelas famílias,

tambémdazonaruralosextremos–senhoreescravos–queoutroraformavamumasóestruturaeconômica

ou social, completando-se em algumas de suas necessidades e em vários de seus interesses, tornaram-se

metades antagônicas ou, pelo menos, indiferentes uma ao destino da outra. Também no interior as senzalas

foram diminuindo; e engrossando a população das palhoças, das cafuas ou dos mucambos: trabalhadores

livresquasesemremédio,semassistênciaesemoamparodascasasgrandes“(Freire,1968).

Para entender com maior profundidade o modelo atual de desenvolvimento urbano da

metrópole do Rio de Janeiro, faz-se necessário investigar as origens de sua formação, com

enfoque especial na questão da segregação espacial. Para isso, pretende-se descrever de maneira

breve, o processo de constituição do núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro, assim como

os principais vetores de sua expansão. Busca-se entender as origens da segregação espacial

nacidadedoRiodeJaneiroidentificandoasáreasescolhidaspelasclassesmédiasealtas,que

originaram os primeiros bairros burgueses e a área preterida por estas classes que originaram

os primeiros bairros populares.

Segundo Villaça (2001), a metrópole do Rio de Janeiro expandiu-se em função do ponto

escolhido para seu porto, a partir deste ponto começa a se desenvolver a aglomeração e seu

centro. A implantação da ferrovia, posteriormente, veio formar com o Porto os principais

elementos estruturadores da cidade.

“Oconjuntoporto-ferroviaassume,entãodupladeterminaçãonoespaçourbanodametrópolelitorânea.

Marca, de um lado, o local que se tornaria o centro da cidade e, de outro, o eixo (...) ao longo do qual foram

implantadasasprimeirasindustriasearmazéns.Maistardeasmesmasrazõesregionaisfizeramcomqueas

grandes autoestradas se localizassem também nas mesmas direções. (Villaça, 2001)

25

“ORioéamaisantigametrópoledopaís.NoiníciodoséculoXIX,tornou-sesededeumacorteeuropeia

que converteu a cidade em um centro cultural com sua imprensa, suas academias navais e militares, uma

faculdadedemedicina,um jardimbotânicoeumabiblioteca.Missõesartísticasecientíficasvieramda

Europa, convidadas pela corte” (Morse, apud, Villaça, 2001)

ApartirdachegadadeDomJoãoVI,no iníciodo séculoXIX, teve inícioumprocessode

estratificaçãosocialdacidadedoRiodeJaneiro.

De maneira geral, as classes de maior renda concentravam em três principais vetores que partiam

do centro principal: 1. Em direção à São Cristóvão, onde a família real instalou-se na Quinta

da Boa Vista, passando ao longo dos Caminhos Mata-Cavalos e Mata-Porcos (Riachuelo e Frei

Caneca), assim como na Rua de São Pedro (Presidente Vargas), onde moravam portugueses e

ingleses, da administração pública. 2. Outro vetor desenvolvia-se ao longo da praia da Glória,

chegandoatéBotafogo,ondemoravamingleses.3.Haviaaindaovetorqueligavaocentroà

Tijuca, onde moravam principalmente franceses.

As chácaras, tipo de ocupação burguesa situadas em áreas para além do núcleo urbano, eram

ocupadas por famílias cujo chefe, muitas vezes, exercia profissão urbana ou usavam com

frequência a cidade.

Oestilosuburbanodemoradia,emchácarasisoladas,segundoVillaça,podetersidoinfluenciado

pelos estrangeiros, exilados políticos e diplomatas, que alimentavam uma vontade de voltar

à Europa e, em parte por isso, não tenha se integrado à comunidade brasileira. Essa elite

estrangeira,predominantementenãoportuguesa,exerceinfluencia,portanto,àsfamíliasdaelite

carioca que estava em processo de urbanização.

“Opatriarcadoruralcarioca,enquantoseurbanizava,nãotransferiuolocaldesuacasa.Passouaburguês

urbano e continuou morando na mesma casa enquanto esta era absorvida pela metrópole em crescimento.”

(Villaça, 2001)

NametadedoséculoXIX,ocorreumperíododetransiçãodoperfilsocialdaeliteeconômica

da cidade, passando de predominantemente patriarcal e escravocrata para o surgimento de uma

classe burguesa e urbana.

Observa-se nesta época, uma gradual absorção das atividades desempenhadas na casa grande

patriarcal e colonial pela cidade. Cada vez mais, os chefes das famílias e suas esposas utilizavam

26

os serviços urbanos, indo ao teatro, às lojas, às confeitarias ou ao médico.

A proximidade com a cidade passa a ser progressivamente valorizada. Os bairros próximos

ao centro passam a sofrer um processo de urbanização. As chácaras, antes afastadas, passam a

estar inseridas em bairros como Botafogo, Laranjeiras e Catete.

AtéofimdoséculoXIX,observou-seumprocessodemaiorconcentraçãodaaltaclassenos

bairrosdaZonaSuleumadesvalorizaçãodosbairrosdaZonaNorte:SãoCristóvão,Catumbi

e Rio Comprido, que mais tarde sofreriam um processo de industrialização que traria com isto

uma parcela da população proletária.

AindanoséculoXIX,aorladapraianãoeravalorizada.Observa-sequeoprocessodeocupação

se deu pelo interior, dando às costas a orla. Segundo Villaça, certamente, neste período os

bairros da Gávea e Jardim Botânico possuíam mais ocupações do que Copacabana.

SomentenaviradadoséculoXIXparaoXXohábitodobanhodemar,quecomeçaasermoda

na Europa, passa a fazer parte do estilo de vida carioca. A partir dessa época os bairros de orla

passam a ser valorizados e saneados.

“No início do séculoXX,Copacabana, Ipanema eLeblon incorporam-se à então capital brasileira em

virtude tanto do crescimento urbano como do deslocamento dos transportes. Reunindo um excepcional

conjunto de vantagens locacionais e naturais, esses locais passaram a ser disputados pelas elites cariocas.”

AindanoiníciodoséculoXX,ocorreuumareorientaçãodalocalizaçãodocentroprincipal.A

Avenida Central passa a ser o principal eixo da cidade, e a Praça Marechal Floriano (Cinelândia),

que passa a abrigar importante conjunto arquitetônico (Senado, Biblioteca Nacional, Câmara

Municipal,TeatroMunicipal,Hotéis,Mesbla,etc.)articulaocentroaograndiosoprojetoda

Avenida Beira Mar. Os principais investimentos do Estado, portanto, passam a estar localizados

no vetor sul da cidade.

ObairrodaTijuca,noiniciodoséculoXX,aindaconcentravapartedacamadadealtarendada

cidade. Porém, com a progressiva valorização da orla e com o deslocamento do centro principal

mais em direção a sul (Cinelândia) e a desvalorização do centro à Norte (Praça Tiradentes e

PraçaMauá),obairrodaTijucapassaaficarcadavezmaisisolado.Apartirdametadedadécada

de 50, o bairro da Tijuca, passa a ser caracterizado como um bairro de maior predominância de

27

camadas de classe média.

Com a constante valorização da orla sul, o preço da terra passou a crescer consideravelmente,

o que fez com que os índices construtivos dos setores junto à orla, fossem aumentados

progressivamente. O aumento da densidade populacional permitiu que os bairros da zona sul

deixassem de ser exclusivos das classes de alta renda passando a abrigar uma população de

menor renda, porém ainda de classe média.

“(...)doFlamengoaoLeblon,surgiuumcuriosopadrãodesegregação,segundofaixasparalelasaomar,no

qual três camadas médias conviviam; a de mais alto nível socioeconômico ocupando a frente para o mar;

uma classe média e média baixa nas ruas comerciais, como a Avenida Nossa Senhora de Copacabana; e

uma classe média e mesmo média alta nas localizações mais afastadas (Barata Ribeiro, Toneleiros, Bairro

Peixoto, Barão da Torre). Evidentemente nem nessas faixas havia total homogeneidade social.” (Villaça,

2001)

Em Copacabana, especialmente, a constante valorização do preço da terra fez com que

o potencial edificativo fosse “sugado” aomáximo, com a criação de prédios sem recuos e

apinhados de pequenos apartamentos.

ApreferênciadasclassesmédiasealtapelaZonaSulcariocaeavalorizaçãodaterra,fezcom

que suas belezas naturais e seu estilo de vida tivessem rápida divulgação, ainda na primeira

metadedoséculoXX,tornandoaregiãoturística,porém,semalteraracaracterísticaresidencial

dos bairros da zona sul.

Para Villaça, não foram os melhoramentos de acesso, com a criação de túneis e a implementação

delinhasdebondesquelevaramaburguesiaparaCopacabana,masaocontrário:“Aburguesia

é que levou pra lá esses e outros melhoramentos. Copacabana já estava lotada e arruada pela e

paraaburguesianoiniciodoúltimoquarteldoséculoXIX,quasevinteanosantesdaabertura

do primeiro túnel.”

28

3.3. A Distribuição desigual dos recursos na metrópole

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro apresenta como característica fundamental de sua

estruturaçãourbanaaquestãodasegregaçãosócioespacial.Aseguirexemplifica-seaquestão

da distribuição desigual de recursos públicos e privados na metrópole do Rio de Janeiro.

3.3.1. Condições desiguais de mobilidade na metrópole

Como foi visto no capítulo anterior, existe uma tendência nas metrópoles brasileiras a uma

maior concentração de recursos públicos e privados junto às áreas com população de maior

renda. Esse fato leva grande parte da população a deslocarem-se todos os dias para cumprir

suas atividades diárias.

EmumestudorealizadopeloObservatóriodasMetrópoles,osdadosdocensodemográfico

foramutilizadosparachegar-seaumfatordefinidoporessegrupodepesquisadorescomo:

“ÍndicedeBemestarUrbano(IBEU)”.Este índiceécompostopor5principaisdimensões:

mobilidade urbana, condições ambientais urbanas, condições habitacionais urbanas;

atendimento de serviços coletivos urbanos e infraestrutura urbana. Este índice considera as

338áreasdeponderação,definidaspeloIBGE,distribuídaspelos19municípiosdaRMRJ.A

dimensão mobilidade possui como indicador o tempo de deslocamento casa trabalho. Para isso,

foi considerado como tempo razoável 60 minutos de percurso.

Segundooestudo,de todasasdimensõesparaadefiniçãodo IBEU,àquelaqueapresentou

os piores resultados em toda a metrópole foi a dimensão Mobilidade Urbana. Das 338 áreas

de ponderação analisadas 240 apresentam condições de mobilidade ruim ou muito ruim.

Nesta região moram 8,9milhões de pessoas, o que representa 75% da população da metrópole

fluminense.NacidadedoRiodeJaneirosão3,9milhõesnestamesmacondiçãodemobilidade,

representando 62% da população. Até mesmo em áreas servidas por importantes infraestruturas

detransporte,talcomoaZonaNorte,quepossui3ramaisferroviáriosapresentoucondiçãode

deslocamentoclassificadacomoruim.ObairrodeMadureira,porexemplo,servidoporduas

estaçõesferroviáriaspossuiíndice0,6.AZonaOestetambéméclassificadacomomuitoruim,

assim como praticamente toda a região da Barra da Tijuca (com índices em torno de 0,45). As

29

piores condições de deslocamento encontram-se em Japeri (0,001 a 0,063) e Queimados

(0,069a0,129).Asáreascommelhoresíndicesdemobilidadeurbanaconcentram-senaZona

SuldacidadedoRiodeJaneirocomonosbairrosdeCopacabana(0,983)eHumaitá(0,9783)

e no Centro do Rio de Janeiro.

AS DIMENSÕES DO BEM‐ESTAR URBANO 

  A dimensão mobilidade urbana (D1) possui apenas um indicador: deslocamento casa‐

trabalho. Este indicador diz respeito ao tempo gasto pelas pessoas ocupadas no trajeto de ida 

entre o domicílio de residência e o local de trabalho, sendo considerado adequado um tempo 

gasto de até 1 hora de deslocamento. 

  De todas as dimensões analisadas pelo IBEU, a mobilidade urbana foi a que obteve os 

piores  índices. Das 338  áreas de ponderação  existentes  em  toda  região metropolitana, 240 

apresentaram condições de mobilidade urbana  ruim ou muito  ruim,  representando 71% das 

áreas, como pode ser visto no mapa abaixo. 

As áreas que apresentaram os melhores  índices de mobilidade urbana estão situadas 

em Copacabana (0,983); Humaitá (0,9783) e Rio Comprido (0,9782), pertencentes ao município 

do  Rio  de  Janeiro.  As  áreas  que  apresentaram  os  piores  índices  estão  localizadas  nos 

municípios de Japeri  (com  índices que variaram de 0,001 a 0,063) e Queimados  (com  índices 

que variaram de 0,069 a 0,129). Há áreas de ponderação em Pedra de Guaratiba e Barra de 

Guaratiba (0,138), no município do Rio de Janeiro, com resultados muito baixos. 

 

 

   

Fig. 10. Mapa de Índice de Qualidade de Mobilidade e Urbana na Metrópole do Rio de Janeiro. (Fonte: IBEU, Observatório das Metrópoles. 2010)

3.3.2. Concentração de empregos na metrópole

O mapa da concentração de empregos é complementar ao mapa de condição de mobilidade

urbana. Segundo o arquiteto Sérgio Magalhães em matéria publicada no Globo em 04/01/2014,

o centro continua concentrando a maior parte dos empregos da cidade do Rio de Janeiro.

“Verifica-seque37%localizam-senoCentro,22%naZonaNortesuburbana,18%naZonaSul+Tijuca.

NaBarra+Recreio,7%.”3 (Osório apud Magalhaes, Jornal O Globo, 2014)

Emoutramatéria,tambémdoGlobo,de01/01/2014,comotítulo“CentrodoRioéomotor

econômico da cidade”, são citados dados da pesquisa elaborada pelo professor de Economia

da UFRJ Mauro Osório que mapeia o rendimento na capital, com base nos dados da Relação

Anual de Informações Sociais (Rais).4

“ApesardaexpansãoimobiliáriadacidaderumoàZonaOeste,oCentroaindaéomotoreconômicodoRio

de Janeiro. Com a presença de estatais, sedes de grandes empresas e boa parte do comércio, o Centro detém

3 Presumiu-sequeadescriçãoacimafazreferênciaàsÁreasdePlanejamentodacidadedoRiodeJaneiro.4 Fonte: IBGE,Cadastro Central de Empresas 2013. Rio de Janeiro: IBGE, 2015

30

um quarto do emprego da cidade (25,37%), e o salário médio é o oitavo maior entre os mais de 160 bairros:

R$ 3.576,98. Se acrescentada a zona portuária, que abrange Gamboa, Saúde, Caju e Santo Cristo, a região

passaaconcentrar37%doempregodacidade,bemacimadaZonaOeste.”(Osório,JornalOGlobo,2014)

Relaciona-se os empregos totais dos municípios5 da RMRJ ao número de habitantes, seguindo

uma proporção de 1 emprego para cada 100 moradores. Para a cidade do Rio de Janeiro, de

grande proporção territorial e importância econômica, optou-se por dividi-la em Áreas de

Planejamento.

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Fig. 11. Tabela distribuição do número de empregos da metrópole (Fonte: IBGE/ Osório/Autor)

5 Para a composição da referente ao número de empregos , distribui-se o total de empregos da cidade do Rio de Janeiro, por regiões

atravésdasproporçõescitadas“Verifica-seque37%localizam-senoCentro,22%naZonaNortesuburbana,18%naZonaSul+Tijuca.Na

Barra+Recreio,7%.

31

A concentração do maior número absoluto e de empregos na metrópole localiza-se junto ao

Centro,TijucaeaZonaSuldoRiodeJaneiro,concentrando40%detodososempregosda

RM. Essa concentração coincide com o principal centros de decisão e poder da metrópole. A

Barra da Tijuca, apesar de toda a campanha ideológica para sua consolidação como o Novo

CBD (Central Business District), desde os anos 70, não possui ainda grande concentração

de empregos, sobretudo quando comparada ao seu número de habitantes. Sobre essa questão

Osórioafirma:

“-AcentralidadedaBarraémuitomenordoqueaspessoasimaginam.Atualmente,procura-seadensar

as cidades pelo seu centro e isso é racional, para reduzir a mobilidade obrigatória. Como a tendência da

populaçãoénãocrescermais,nãofazsentidoaspessoasmoraremlongedotrabalho-afirmaOsório.”

“OsnúmerosmostramqueoplanodoarquitetoeurbanistaLúcioCostadeimplantarnaBarradaTijucaum

novo centro da cidade ainda parece longe de ser realidade. A Barra e o Recreio concentraram 31,4% dos

lançamentos residenciais e comerciais de 2013, segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas

do Mercado Imobiliário (Ademi). Apesar disso, a Barra tem apenas o 24º salário da cidade, em média: R$

2.467,32, o que pode estar ligado à grande concentração de comércio. A participação no emprego também

é modesta. A região da Barra, Recreio e Jacarepaguá responde por somente 7% do emprego da cidade.”

(Osório, Jornal O Globo, 2014)

Fig. 12. Mapa da distribuição dos empregos na metrópole (Fonte: IBGE/ Osório/Autor)

32

3.3.3. Centralidade x Limite Periférico

Ao relacionarmos o mapa de concentração do número de empregos/hab. ao mapa de condições

de deslocamento, observa-se que existe uma condição de atração das áreas definidas pelo

Centro,TijucaeZonaSulcomoaprincipalcentralidadenametrópole.OmunicípiodeItaguaí

também apresenta uma grande concentração de empregos quando relacionada ao seu número de

habitantes.OmapadacondiçãodedeslocamentoemItaguaídefinetodasasáreasdeponderação

existentes nesse município com índices de deslocamento bom ou muito bom, o que indica que

a maior parte dos deslocamentos acontece dentro do próprio município, não sendo dependente

da centralidade principal.

Observa-se um “limite periférico”. Podemos fazer uma analogia ao conceito de bacia

hidrográfica,sendoaáreacentralopontomaisbaixodabaciaeo“limiteperiférico”comoo

pontomaisaltooua“cumeeira”.Aosecompararomapadecondiçãodemobilidadeaomapa

de faixas de renda da população, constata-se a seguinte relação: quanto maior a renda, menor a

distância entre a principal centralidade, quanto menor a renda maior a distância entre a principal

centralidade. Pode-se dizer que municípios como Japeri, Queimados e Itaboraí, situam-se neste

“limiteperiférico”,sãoessesmunicípiosqueapresentamospioresíndicesdedesenvolvimento

humano, de qualidade do entorno dos domicílios, de renda e as piores condições de mobilidade

urbana.

Existe, no entanto, ummomento de “ruptura” da condição de dependência da centralidade

principal. Municípios como Paracambi, Guapimirim e Maricá apresentam certa independência

em relação ao centro principal.A partir domapa de Índice de Desenvolvimento Humano,

constata-se uma melhor condição de vida nesses municípios. Além da concentração de

empregos, junto às áreas com maior renda, observou-se uma tendência à maior concentração

de outros recursos, tais como o acesso às redes urbanas (água, esgoto, lixo e energia elétrica),

Infraestrutura urbana (Iluminação pública, pavimentação, calçada,meio fio/guia, bueiro ou

boca de lobo), equipamentos culturais(museus, bibliotecas, centros culturais, parques públicos,

teatros e salas de cinema), acesso à saúde(leitos hospitalares) e direito à Justiça Ambiental.

Esses, como sabemos, são recursos indispensáveis a uma condição de vida igna para qualquer

cidadão.ignapara qualquer cidadão.

33

RIO DE JANEIRO

MAGÉ

MARICÁ

ITABORAÍRIO BONITO

NOVA IGUAÇU

CACHOEIRAS DE MACACU

ITAGUAÍ

GUAPIMIRIM

DUQUE DE CAXIAS

SEROPÉDICA

TANGUÁ

NITERÓI

PARACAMBI

JAPERI

QUEIMADOS BELFORD ROXO

MESQUITA

NILÓPOLIS

SÃO JOÃODE MERITI

SÃO GONÇALO

85

IDHMMuito Alto

Alto

Médio

Baixo

Muito Baixo

UDH Sem informação

Limite Municipal

IDHM da Região Metropolitana

do Rio de Janeiro

2010População: 11.945.976 (74,7% do total estadual)

PIB: R$ 276,9 bilhões (68% do total estadual)

Densidade demográfica: 1.773,1 hab./km²

IDHM: 0,771

IDHM Educação: 0,686

IDHM Longevidade: 0,839

IDHM Renda: 0,796

Fig. 13. Mapa do Índice de Desenvolvimento Médio na metrópole do Rio de Janeiro (Fonte: PNUD, Ipea e FJP, 2014)

RIO DE JANEIRO

MAGÉ

MARICÁ

ITABORAÍRIO BONITO

NOVA IGUAÇU

CACHOEIRAS DE MACACU

ITAGUAÍ

GUAPIMIRIM

DUQUE DE CAXIAS

SEROPÉDICA

TANGUÁ

NITERÓI

PARACAMBI

JAPERI

QUEIMADOS BELFORD ROXO

MESQUITA

NILÓPOLIS

SÃO JOÃODE MERITI

SÃO GONÇALO

85

IDHMMuito Alto

Alto

Médio

Baixo

Muito Baixo

UDH Sem informação

Limite Municipal

IDHM da Região Metropolitana

do Rio de Janeiro

2010População: 11.945.976 (74,7% do total estadual)

PIB: R$ 276,9 bilhões (68% do total estadual)

Densidade demográfica: 1.773,1 hab./km²

IDHM: 0,771

IDHM Educação: 0,686

IDHM Longevidade: 0,839

IDHM Renda: 0,796

3.3.4. Concentração de leitos hospitalares

Sobre a questão do acesso ao serviço de saúde pública na cidade do Rio de Janeiro, foi realizado

um estudo, através do Ministério da Saúde (2005), intitulado: “Reorganizando o SUS no

Município do Rio de Janeiro”. A partir deste documento foi elaborada a tabela referente aos

leitos hospitalares6. Existiam, por tanto, 15.705 leitos hospitalares na cidade do Rio de Janeiro,

sendo 25% na AP 1, 28% na AP 2, 20% na AP 3, 18% na AP 4 e 8% na AP 5.

Segundooestudo,adistribuiçãodeleitossegueaofertadefinidapelasespecialidadesmédicas.

As áreas de planejamento poderiam ser caracterizadas a partir de uma maior predominância das

internações, da seguinte forma:

AP 1 - gravidez/parto/pós parto e às neoplasias¹;

AP 2.1(ZonaSul)eAP4(BarraeJacarepaguá)-ostranstornosmentais;

AP 3.3 (Acari até Vista Alegre), AP 5 - gravidez/parto/pós parto;

AP 2.2 (Grande Tijuca) - gravidez/parto/pós parto, neoplasias¹ e doenças do aparelho circulatório;

AP 3.1(Bonsucesso até JardimAmérica e Ilha doGovernador) – neoplasias¹ e doenças doaparelho circulatório;

6 Ver Fig. 13. Tabela da distribuição do número de leitos hospitalares na metrópole (Fonte: IBGE/Ministério da Saúde/Autor, 2015)

34

AP 3.2(Méier, Engenho de Dentro e outros) - gravidez/parto/pós parto e transtornos

mentais.”

Observa-se que as especialidades que necessitam tratamentos mais prolongados, como

problemas mentais, neoplasia (tratamento do câncer) e doenças mentais localizam-se junto às

maiorescentralidades (Centro,ZonaSuleTijuca). Enquantoàsquenecessitam tratamento

médico por um período restrito, tal como parto e pós parto encontram-se distribuídos em toda

a cidade.

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Fig. 14. Tabela da distribuição do número de leitos hospitalares na metrópole (Fonte: IBGE/Ministério da Saúde/Autor)

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número ideal de leitos hospitalares é de

três a cinco para cada mil habitantes. Ao relacionar o número de leitos à população da AP 5,

35

obtém-se um índice de 0,75 para cada mil habitantes, muito a baixo, portanto do recomendado.

A AP 3, também apresenta 1,34 leitos/mil habitantes. Apenas AP 1, AP 2 e AP 4 apresentam

índices considerados adequados com, respectivamente, 13.3, 4.3 e 3.2.

Além disso, a maior concentração de leitos hospitalares localiza-se na cidade do Rio de Janeiro.

Existe, portanto, uma necessidade de grandes deslocamento, sobretudo para àquelas pacientes

que necessitem de especialidades médicas que exijam um longo tratamento, como nos casos de

doenças mentais, cardíacas e o tratamento do câncer.

3.3.5. Concentração de equipamentos culturais

Sobre a distribuição dos equipamentos culturais Melo e Peres (2006), em um estudo intitulado

“Espaço, lazerepolítica:desigualdadesnadistribuiçãodeequipamentosculturaisnacidade

do Rio de Janeiro”, demonstram que sua localização está bastante relacionada com as áreas de

maior concentração de população com maior renda.

Para a análise, os pesquisadores levantaram através de jornais de grande circulação. A partir

desses dados, desenvolveram um Índice denominado IDAC, Índice de Desenvolvimento e

AcessoCultural,considerandoavariaçãodemográficadecadaregião.

A AP 2, apesar de possuir a maior quantidade de equipamentos em número absoluto, concentrando

42%detodososequipamentoslevantados,ficaemsegundolugar,quandocomparadaàAP1,

que historicamente concentra grande número de equipamentos culturais e possui uma população

menorqueaZonaSul.AP3eAP5,apresentamospioresíndices,demonstrandoumarelação

entre renda e acesso à equipamentos culturais

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Fig. 15. Tabela da distribuição dos equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro a cada 10.000 habitantes. (Fonte: Melo e Peres / Autor, 2015)

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

36

Apesar dos baixos investimentos, públicos e privados para a criação de equipamentos

culturaisnasZonasNorte(AP3)eOeste(AP5),osmovimentosculturaisnãodeixamdeexistir

nesses locais. A cultura, como se sabe, pode ser um mecanismo importante de expressão de uma

comunidade e não um elemento de consumo. Portanto, independe da renda. A reportagem do

JornaloGlobo,de30/05/2015“Omapadaculturacariocafeita‘naraça’”,tratadestaquestão.

Através da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foram levantados 610 projetos culturais

espalhados por toda a cidade. Segue trecho da reportagem:

“Paraquemachaqueaculturacariocaestá restritaa teatros,museus,cinemas,casadeshows,salasde

concerto, lonas e instituições mais conhecidas da cidade, o mapa abaixo será uma surpresa. Para quem

conhece a cultura que acontece em garagens, becos, viadutos e praças do Rio, também. Pela primeira vez,

opoderpúblicofezumlevantamentodosprojetosartísticosquesobrevivem“naraça”,ouseja,quesão

praticamenteinvisíveis,semCNPJouqualquerapoiofinanceiro.”(Filgueiras,Jornal O Globo, 2015)

O Mapa dos Projetos Culturais na cidade do Rio de Janeiro demonstra todo o potencial criativo

eartísticodapopulaçãodoRiodeJaneiro,quesobrevivecomousemapoiofinanceiropúblico.

Fig. 16. Mapa dos Projetos Culturais na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Jornal o Globo, 30/05/2015)

37

3.3.6. Justiça Ambiental para poucos

Finalmente, observa-se uma menor proteção com relação ao direito do indivíduo de viver em

um ambiente ecologicamente equilibrado nas áreas mais periféricas da metrópole, enquanto nas

áreas mais centrais os recursos naturais são relativamente melhor preservados.

Alguns estudos referentes ao tema da Justiça Ambiental relacionam a predominância das

chamadas“ZonasdeSacrifício”aáreashabitadasporumapopulaçãodemenorpodereconômico

esocial.Sobreestetema,SilvaeBueno(2013)definem:

“Aexpressão“zonasdesacrifício”éadequadaparadescreverlocalidadesescolhidasparareceberatividades

de grande poluição, contaminação, incômodo ou periculosidade, cujos impactos negativos são sentidos

pelos moradores próximos. O conceito surgiu nos EUA nos anos 1980, quando os movimentos sociais

fizeraminúmerasdenúnciasrelacionandoasegregaçãoracialealocalizaçãodeempreendimentosdealto

impacto ambiental, como aterros sanitários ou estações de tratamento de esgotos.” (Silva e Bueno, 2013)

São exemplos de áreas pobres que receberam empreendimentos de grande impacto ambiental na

metrópole do Rio de Janeiro: O aterro do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias; o COMPERJ,

em Itaboraí; o superporto de Sepetiba e o Núcleo Industrial da CSN em Itaguaí. Nos casos de

ItaboraíeItaguaí,asprefeiturasforamdiretamentebeneficiadaspelaproduçãodereceitaaos

cofres públicos municipais.

A escolha da localização para implantação do Comperj, por exemplo, foi muito comemorada

pelos dirigentes dos municípios da Região Leste da RMRJ, no início. A partir da paralisação

das obras, no entanto, ocorreu uma diminuição do número de empregos e geração de impostos,

o que gerou uma grande frustração, para os moradores e gestores públicos. O complexo passa

a ser um grande problema, sobretudo para o município de Itaboraí. Os investimentos que se

anunciavam para o município deixam de existir, só resta, até o momento, o grande impacto

ambiental gerado.

3.4. O modelo predatório de crescimento urbano.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro possui uma área urbanizada correspondente a

1.000km², sendo a segunda maior conurbação urbana do Brasil. A região possui o 2º maior

38

Produto Interno Bruto do país, algo em torno de R$322bilhoes, o que representa quase 7% do

PIB nacional. A população desta região, no ano de 2010, atingiu a marca de 11,83 milhões de

habitantes.

A distribuição dos benefícios produzidos na metrópole, no entanto, ocorre de forma bastante

desigual.SegundooAtlasdoDesenvolvimentoHumanonasRegiõesMetropolitanas,publicação

realizada pelo PNUD em parceria com o IPEA e Fundação João Pinheiro, cerca de 21% da

população situa-se na faixa de vulnerabilidade à pobreza e 1 em cada 4 indivíduos com mais de

18 anos não possui o ensino fundamental completo e não faz parte do mercado formal.

O crescimento populacional da região vem caindo, atingindo 0,76% ano na cidade do Rio de

Janeiro e 0,86% na Região Metropolitana . No entanto, este crescimento populacional e urbano

não ocorre de maneira homogênea na mancha urbana. Os bairros mais bem localizados, dotados

de infraestruturas de transporte, serviços públicos e privados perdem população, enquanto se

expande a borda da metrópole, nos municípios mais distantes do centro principal, onde os

índices de urbanização são os mais altos da região.

NoRiodeJaneiro,aÁreadePlanejamento1 (CentroeZonaPortuária), definidapelos15

bairros da região central, vêm apresentado taxas negativas de crescimento anual. Durante os

últimos 20 anos essa região foi uma das que mais perdeu população. De 1991 a 2000, o censo

demográfico registrouumaperdade15,6%dapopulaçãodesta áreada cidade, apresentado

um pequeno crescimento apenas nos últimos anos. Lógica semelhante, embora com menor

intensidade,ocorrenaZonaSul,ondenomesmoperíodoaregiãoperdeu3%desuapopulação.

Bairros tradicionais tais como Leblon, Copacabana, Botafogo e Flamengo vêm registrando

taxas negativas de crescimento demográfico. Desta região, apenas a Rocinha e o Vidigal

apresentaram crescimento. A perda de população pode ser explicada, entre outros fatores pela

constantevalorizaçãodospreçosdosimóveisnaZonaSulepelamigraçãodasclassesdemaior

renda para a Região Oeste, acompanhando o litoral através da Barra da Tijuca, Recreio dos

Bandeirantes e Vargem Grande.

AÁreadePlanejamento3(ZonaNortecomexceçãodaTijuca),emboranãotenhaapresentado

decréscimodepopulação,vemapresentandocrescimentodemográficobaixo,sobretudoquando

comparadaabairrosdaZonaOestecomoVargemGrande,Recreio,GuaratibaeJacarepaguá.

39

Observam-se na área de Planejamento 4 (Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Região das Vargens),

um modelo de ocupação marcado pela presença de condomínios e loteamentos fechados,

acessados predominantemente através de automóvel. A região das Vargens, por exemplo, de

grande fragilidade ambiental, vem sofrendo uma severa pressão imobiliária, que não vem

acompanhadapormaioresinvestimentosemplanejamentourbano(somenteodiscutível“PEU

das Vargens”), ou mesmo a discussão pública, sobre a ocupação dessas áreas. O bairro de

Vargem Pequena apresentou entre 1990 a 2000 uma taxa geométrica de crescimento anual

equivalente a 14,56 e o Bairro de Vargem Grande 3,97.

Fig. 17. Mapa do Crescimento Demográfico na Metrópole entre 2000 e 2010. (Fonte: JACOB, Cesar Romero. et al, 2014)

40

Outrosmunicípios dametrópole também apresentam crescimento demográfico significativo

entre 2000 a 2010, sobretudo nas regiões periféricas: a Leste da Metrópole: Maricá (5,2);

Guapimirim (3,1) e Itaboraí (1,5); e também a Oeste: Queimados(1,24), Japeri(1,36),

Seropédica(1,82) e Itaguaí(2,9)7. Grande parte desses municípios, no entanto, apresentam os

menoresníveisdequalificaçãoefaixasderendimentomensal,apresentando,inclusive,com

exceção de Itaguaí, poucas oportunidades de emprego. São municípios dormitório, dependentes

de outras centralidades. Observam-se nessas áreas a expansão de um padrão de ocupação

através de assentamentos ilegais ou áreas subnormais, sem a presença de infraestrutura urbana

e equipamentos de saúde, educação e lazer.

A partir dos dois modelos de ocupação, citados acima, constata-se que a expansão da área

urbanizada avança em direção às áreas rurais e naturais da metrópole. Essa ampliação do

aglomerado urbano acontece de maneira horizontal, sem geração de novas centralidades

que estruturem a borda metropolitana. As duas formas de ocupação urbana, sejam aquelas

destinadasàscamadasdemédiaealtarenda,naZonaOestecarioca,sejamaquelasrealizadas

pelos municípios periféricos com população de menor renda, são incompatíveis com a criação

deumsistemadetransportepúblicometropolitanoeficiente,jáquedemandarãocadavezmais

investimentos para atender seu padrão de expansão constante.

Outro padrão de ocupação urbana que apresenta elevadas taxas de crescimento é a habitação em

favelas.Desde1991oCensoDemográficocontabilizaapopulaçãodestessetorescensitários

através do conceito de Aglomerado Subnormal. Em 2010, a Região Metropolitana do Rio de

Janeiro possuía 1.034 aglomerados subnormais onde moravam cerca de 1,7milhões de pessoas,

ou 14% da população total da metrópole. Na cidade do Rio de Janeiro essa concentração é

ainda maior. Segundo dados de 2010, os aglomerados subnormais da cidade do Rio de Janeiro

concentravam uma população de 1,4milhões, ou seja, a cada 5 cariocas 1 é morador de favela.

Umaconcentraçãobastante significativa.Amaiorconcentraçãodesse tipodeocupaçãoestá

localizadanoCentro,naAP1enaZonaNorte,naAP3,comrespectivamente35%e27%do

total da população.8

Novos empreendimentos verticais estão presentes em toda a metrópole, atendendo população

de alta ou média renda, podem ser encontrados tanto na Barra da Tijuca quanto na Zona

7 VerMapadeCrescimentoDemográficonaMetrópole.(Figura16)

8 Fonte de dados: UEMURA, 2009

41

Norte ounaBaixadaFluminense,muitas vezesfinanciados pelo poder público através

do programa Minha Casa Minha Vida. No entanto, esse modelo de incorporação imobiliária

é predominantemente monofuncional. Novos bairros, ainda que se verticalizem, perdem

população. Esse fenomeno ocorre, em parte pelo fato, dos agentes imobiliários preferirem,

muitas vezes, negociar lotes ou exclusivamente residenciais (verticais) ou exclusivamente

comerciais (horizontais). Este modo de incorporação, no entanto, subutiliza o solo privado,

e muitas vezes, permite a criação de bairros exclusivamente residenciais, sem incentivo ao

uso comercial, já que este se torna dispendioso e inviável para venda. O uso misto, presente

nacidade tradicional,emcontrapartida,mostra-semaiseficiente,aoaproveitaro térreodos

edifícios verticais (na maior parte das vezes subutilizados) para ocupação comercial. Além do

aproveitamentodosolomaiseficiente,ousomistopermiteumamelhorrelaçãocomasáreas

públicas, gerando fachadas ativas. O que observa-se, no entanto, é a proliferação de bairros,

sem vida urbana, com grandes embasamentos ocupados por estacionamentos ou áreas comuns

privadas em condomínios verticais que exigem grandes gastos em vigilância constante. Este

modo de ocupação exalta o individualismo e condena o público.

3.4.1. Déficit Habitacional x Domicílios e áreas intraurbanas ociosas

Segundo dados da Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional nametrópole do Rio de

Janeiro, em 2010, era de 386.025 domicílios o que representava cerca de 10% dos domicílios

particularesocupados.NacidadedoRiodeJaneiroodéficit,em2010,erade220.774domicílios,

representando também 10% dos domicílios ocupados.

Como vimos anteriormente, o crescimento da metrópole tende a diminuir, sobretudo nas áreas

já consolidadas, com maior população. Na cidade do Rio de Janeiro, observa-se um processo

dediminuiçãogradativadonúmerodepessoasmoradorasdocentroeZonaSul.

Segundodadosdeumapublicação,realizadapeloCentroGasparGarciadeDireitosHumanos

em parceria com o Instituto Polis (2009), intitulada “Moradia éCentral - Rio de Janeiro”,

afirmavaque,em2000,osbairrosEstácio,RioComprido,SãoCristóvão,SantoCristo,Santa

Tereza, Gamboa, Centro e Cidade Nova possuíam percentual de domicílios vagos acima de

20%, bem acima da média do município do Rio de Janeiro que na época era de cerca de 10%. O

42

quedeveserconsideradocomoumparadoxoquandoexisteumdéficithabitacionaltãogrande.

Esse é o principal argumento utilizado pelos movimentos sociais de luta por moradia em áreas

centrais.

Existem, no entanto, interesses econômicos bastante fortes relacionadas à especulação

imobiliária,queimpedemoacessoàmoradia,tantonoquetangeamanutençãodeedificações

e terrenos vazios nas áreas centrais quanto na ampliação da mancha urbana, como nos casos da

ocupação de áreas como Vargem Grande.

Considerando toda a mancha urbana metropolitana de 1.000km² onde vivem 11,8 milhões

de pessoas, obtém-se uma densidade média populacional de 63hab/ha, que é considerado

bastantebaixo.Épossível,portanto,queapopulaçãocresça,semnecessariamenteexpandira

mancha urbana, evitando desta forma que se amplie a distância entre centro e periferia e que se

sacrifiquemáreasruraisounaturaisdabordametropolitana.

Conclui-se, a partir dos dados pesquisados, que a manutenção do modelo atual de ocupação

da metrópole do Rio de Janeiro, com a ampliação da mancha urbana, através da implantação

de bairros de baixa densidade e sem criação de novas centralidades, levará a uma tendência de

agravamento das condições socioeconômicas, sobretudo nas áreas mais periféricas da RMRJ.

3.4.2. Novo Centro Velho x Velho Centro Novo: Porto Maravilha x Centro Metropolitano da

Barra

A metrópole do Rio de Janeiro tem como principais centros de decisão e poder o centro

consolidado,queemconjuntocomàsáreasadjacentesaeste(ZonaSuleTijuca),concentram

41% de todos os empregos formais da metrópole e o futuro Centro Metropolitano da Barra da

Tijuca, em processo de campanha ideológica desde os anos 70, porém ainda sem sucesso de

implementação,concentrandoapenas7%dosempregosdametrópole(Barra+Jacarepaguá).

Como vimos, apesar dos esforços empreendidos pelo Estado, a serviço das grandes construtoras,

para deslanchar a pouco acessível área da Barra da Tijuca: Parque Olímpico, Transolímpica,

Transoeste, Transcarioca e Linha 4 do metro, esta ainda é uma área pouco interessante para a

concentração de uma centralidade metropolitana.

Atualmente, os esforços do Estado, tem se voltado para a área portuária da cidade do Rio de

43

Janeiro,emumanovacampanhaideológicadenominada“PortoMaravilha”.Inicialmente,

segundo Rolnik, o Plano tinha como objetivo inicial incentivar a ocupação da área portuária

para a criação de um bairro predominantemente residencial, com incentivo à implantação

de habitação social. Atualmente, porém, o perfil do empreendimento, passa a ser muito

mais corporativo que residencial. Embora os dados não sejam completamente transparentes,

é previsto que o PortoMaravilha atraia uma populaçãoflutuante de 800mil pessoas. Para

se terumaideia,essapopulaçãorepresenta80%detodaapopulaçãoresidentenaÁreasde

Planejamento2(ZonaSul+Tijuca).

“OPortoMaravilhaéumaoperaçãoderequalificaçãourbanaquepromoveoreencontrodaRegiãoPortuária

com a cidade, lançando novo padrão de qualidade de vida no Rio de Janeiro. Com as mudanças previstas

para o município e para a área do Porto Maravilha, a degradação de décadas será revertida na histórica

onda de reformas urbanas que servem como referência para outros bairros. A operação foi concebida para

a recuperação da infraestrutura urbana, dos transportes, do meio ambiente e dos patrimônios histórico e

cultural. No centro da reurbanização está a melhoria das condições habitacionais e a atração de novos

moradores para a área de 5 milhões de metros quadrados (m²). A chegada de grandes empresas, incentivos

fiscais e adoção de serviços públicos de qualidade vão estimular o crescimento da população e da

economia.Projeçõesdeadensamentodemográficoindicamsaltodosatuais32milpara100milhabitantes

nos próximos 10 anos na região que engloba na íntegra os bairros do Santo Cristo, Gamboa, Saúde e

trechosdoCentro,Caju,CidadeNovaeSãoCristóvão.Aexpectativadepopulaçãoflutuantequepassa

pela região diariamente deverá sair dos 100 mil atuais e atingir 800 mil. A cidade retorna ao próprio eixo

comumconjuntodeedificaçõesresidenciais,comerciais,empresariaiseculturaissobinovadoraconcepção

urbanísticaerespeitoaosprincípiosdesustentabilidade.”(PortoMaravilha–aOperaçãoUrbana)

Sabe-se que o Rio de Janeiro, possui um gargalo quanto à demanda de produtos corporativos,

quenãoconseguiusercapturadanaBarradaTijuca.OPortosignificaumaáreadeexpansãoda

necessidade de ampliação deste produto imobiliário.

Odiscursode“retornoaopróprioeixo”,parecenãofazersentido,quandoobserva-sequea

maior parte dos empregos da cidade do Rio de Janeiro (37%), ainda concentram-se no centro

do Rio.

A iniciativa potencializa o principal centro metropolitano do Rio, sem que aconteçam

investimentos em transporte público para acesso ao centro por toda a população da metrópole.

A tendência, portanto, é o agravamento do padrão de segregação urbana da metrópole, com

maior concentração de investimentos e empregos no centro do Rio de Janeiro.

44

CAPÍTULO 4 – PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA DA

METRÓPOLE FLUMINENSE

“Qualquerárvorequequeiratocaroscéusprecisaterraízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.”

Carl Jung

SegundoLefebvre,“acidadeéaprojeçãodasociedadesobreumlocal”.Seconsiderarmosque

as relações sociais interferem no espaço urbano, podemos supor que o contrário também possa

ser uma possibilidade de ação. Desta forma, o planejamento urbano pode ser entendido como

uma estratégia de alteração da questão da Segregação Social nas cidades.

Ao longo deste capítulo serão abordadas idéias iniciais cujo objetivo é contribuir para a

reflexãodetodaasociedadefluminensenabuscaporumametrópolemaisjusta,democráticae

sustentável.

4.1. Direito à Centralidade Urbana

Entende-se como centralidade urbana uma determinada área da cidade capaz de atrair pessoas

através da concentração de recursos públicos e privados e da maior oferta de postos de emprego

Como foi visto no capítulo 2, Segregação urbana e criação ideológica da “cidade oficial”,

a concentração de investimentos públicos e privados em determinado local da cidade em

detrimento de outros se dá, entre outros motivos, por questões ideológicas.

Os centros de decisão e poder, de modo geral, localizam-se junto às áreas com população de

maiorpoderaquisitivo.SegundoVillaça(2001),“Nosocial,nadaé;tudotorna-seoudeixade

ser. Nenhuma área é (ou não é) centro; torna-se ou deixa de ser centro.” Portanto, a produção

docentroou“nãocentro”sópodeserentendidacomoprocesso.

“(...)Outroexemplo:“Ocentroécentroporquealiestãoograndecomércioeassedesdas

45

grandes instituições.” Nesse caso, o grande comércio e as instituições preexistem em relação

aocentro.Ou:“assedesdasgrandesinstituiçõesedocomércioaliselocalizamporquealiéo

centro–agoraéprecedênciaédocentro.”

Nocasodametrópolefluminenseocentroprincipaldedecisãoepoderconsolida-secadavez

mais desde a modificação do modelo econômico de rural/colonial para urbano/capitalista,

nametadedoséculoXIX,apartirdarelaçãodeproximidadedestecentrocomasclassesde

maior renda. Ou melhor, a existência de um centro, produziu em sua proximidade uma região

urbana de domínio das classes de maior renda. A proximidade do centro com a região urbana

de domínio das classes de maior renda, por sua vez, potencializou este centro, fazendo com que

fossem concentrados os principais investimentos públicos e privados ao longo do tempo nesta

área da cidade.

Damesmaforma,ocentropodeser“produzido”atravésdaideologia.Ocentrometropolitano

da Barra da Tijuca é um excelente exemplo deste processo. Como foi visto anteriormente,

as classes de maior renda da metrópole estão em processo de migração em direção a oeste

seguindoolitoral,desdeoiníciodoséculoXX:Copacabana,Ipanema,Leblon,SãoConrado,

Barra da Tijuca, chegando em áreas extremas como Vargem Grande e Recreio. Esse processo,

de ocupação da orla, em um principal vetor torna a região dominada pelas classes de maior renda

cada vez mais distante do centro principal. Esse fato cria a necessidade da produção de um novo

centro de decisão e poder que atenda a esta classe. O fato de este novo centro estar localizado em

umlocaldedifícilacessoparaamaiorpartedapopulaçãodametrópolefluminenseevidencia

que a escolha de criação deste centro não segue critérios de equidade urbana. Pelo contrário,

a escolha da localização do novo Centro Metropolitano visa à valorização econômica desta

região, através da concentração de investimentos públicos e privados nas áreas eleitas pela

classe de maior renda.

Em uma democracia, todos os cidadãos devem ter direito às mesmas condições de acesso

e utilização dos benefícios e recursos disponíveis na cidade produzidos a partir do trabalho

coletivo desta sociedade. Não é o que observamos nas metrópoles brasileiras.

A Constituição Federal Brasileira define que: “São direitos sociais a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados (...)”. (Artigo 6º). Ao analisar-se

46

a estrutura social das metrópoles brasileiras, observa-se, no entanto, que os cidadãos mais

desprotegidosdosdireitossociaisdefinidospelaConstituiçãoBrasileira,sãojustamenteàqueles

de menor poder aquisitivo, e que por este fator, não possuem as mesmas condições de acesso

aos benefícios da cidade que aqueles cidadãos de maior poder econômico. Neste contexto, a

cidade passa a ser entendida meramente como produto de consumo de privilegiados e não como

um direito de todos os cidadãos.

O direito à cidade apresenta-se, portanto, como um importante passo para a consolidação de

uma sociedade brasileira efetivamente democrática.

4.2. Diretrizes de planejamento e gestão urbana para a metrópole do Rio de Janeiro.

4.2.1- Criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Metrópole Fluminense.

Oprincipaldesafioenfrentadoparaodesenvolvimentodaregiãometropolitanafoiainexistência,

nos últimos 25 anos, com a extinção da Fundrem (Fundação para o Desenvolvimento da Região

Metropolitana), de um órgão que centralizasse a função do planejamento e gestão de maneira

autônoma e democrática. Em outubro de 2015, através de decreto assinado pelo governo do

Estado do Rio de Janeiro, foi criada a Câmara Metropolitana. Atualmente o projeto de lei está

em tramitação na Assembleia Legislativa (Alerj). Neste novo órgão as decisões serão tomadas

por um Conselho Deliberativo, cujos assentos serão ocupados pelos prefeitos e pelo governador.

O Estatuto da Metrópole surge em 2015 como uma importante iniciativa federal na busca de

integração institucional no âmbito das metrópoles.

A partir da Constituição Federal de 1988, os municípios passaram a ter uma maior autonomia na

questão do planejamento e gestão urbana. O Estatuto das Cidades de 2001, também representou

uma grande conquista quanto à possibilidade dos municípios de planejar e gerir o uso do solo

urbano em nível local.

A obrigatoriedade de desenvolvimento de Planos Diretores Municipais Participativos representou

um avanço na questão das lutas democráticas pelo Direito à Cidade. Observa-se uma gradual

47

conscientização da sociedade civil quanto à possibilidade de participação nos processos de

elaboração dos Planos Diretores assim como no acompanhamento de sua aplicação. A criação

de Conselhos Municipais de Políticas Urbanas em nível municipal com participação de gestores

públicos, membros dos setores produtivos e do terceiro setor, também representa avanço no

debate do planejamento e gestão urbano de forma democrática e transparente.

Observa-se, portanto, uma maior autonomia dos municípios para o desenvolvimento de planos

urbanos. Existem, porém, alguns problemas que precisam ser destacados. Ao mesmo tempo

em que a obrigatoriedade do desenvolvimento de Planos Diretores Municipais Participativos

para municípios situados em regiões metropolitanas representou a possibilidade de esses

municípios repensarem questões estruturantes para seu desenvolvimento urbano, representou

um“problema”paraseusgestoresurbanos.

Muitas vezes as secretarias de urbanismo não dispõem de pessoal técnico necessário para

o planejamento, ocupando todo seu pessoal em cargos executivos e de fiscalização. Esse

é, por sinal, um tema dramático da gestão pública no Brasil. Com isso, muitos municípios

optaram pela contratação de empresas de consultoria de planejamento urbano. Dois problemas

podem ser destacados a partir desta ação: Primeiro: muitas vezes, por mais competente que

seja a empresa de consultoria, esta nunca irá dispor de todas as informações que os gestores

municipais dispõem, devido à sua experiência e conhecimento da dinâmica local. Segundo:

Após a elaboração do Plano, pela empresa de consultoria, este nunca irá ser implementado

de maneira satisfatória pelos gestores municipais, pelo fato destes não terem participado da

elaboração do plano.

Constata-se, portanto, em alguns municípios um grande desperdício de verba pública em Planos

Diretores não implementados em sua complexidade.

Além disso, e mais grave que isso, esses planos, na maior parte das vezes, não possuem um

contexto metropolitano, não dialogam com os municípios do entorno ou são abandonados pela

próxima administração municipal, por possuir qualquer diferença de interesse político com o

plano desenvolvido pela administração anterior.

A iniciativa de criação da Câmara Metropolitana vem, em parte, atender à necessidade de criação

de um órgão de gestão e planejamento metropolitano, porém, assim como no caso dos Planos

48

Diretores Municipais, essa Câmara estará mais vinculada a questões de interesses políticos de

curto prazo do que de interesses técnicos e de longo prazo da região metropolitana, já que este

órgão será comandado pelos prefeitos e governador eleitos para uma gestão de quatro anos.

Conclui-se que a questão do desenho de um modelo de governança autônomo para o planejamento

e gestão metropolitano, não é tarefa fácil. Porém, ao desenvolvê-lo os municípios que compõem

a RM ganharão a vantagem de competir em bloco com as demais regiões urbanas em contexto

nacionaleglobal.Oobjetivo,portanto,éacriaçãodeumaregiãometropolitanafluminense

economicamente e socialmente desenvolvida e atrativa.

Para garantir o equilíbrio de forças de todos os municípios que compõem a RMRJ, propõe-se

um modelo de gestão participativa metropolitano em forma de autarquia.

“Autarquia é a entidade autônoma, auxiliar e descentralizada da Administração Pública,

fiscalizada e tutelada pelo Estado, com patrimônio formado com recursos próprios, e cujo

objetivo é executar serviços de natureza estatal ou que interessam a coletividade” (Piscitelli,

apud Cândido, 2004)

São exemplos de autarquias da administração pública os institutos de previdência INSS e o

INCRA. No âmbito do planejamento e gestão urbana, pode-se citar como exemplo positivo o

Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) que existe desde os anos 60.

“Curitibasedestacaentreascapitaisbrasileirasporsuassoluçõesurbanasdiferenciadasepelos

indicadores de qualidade de vida. Émundialmente conhecida por seu sistema integrado de

transporte de massas, grande indutor do desenvolvimento urbanístico a partir da década de

70. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) foi criado em 1965, a

partirdaconstataçãodequeosplanosurbanísticos,pormelhoresquefossem,ficavamquase

sempre guardados nas gavetas. Jorge Wilheim, arquiteto da empresa vencedora do concurso

para o Plano Preliminar de Urbanismo de Curitiba de 1964, propôs a criação de um órgão

que acompanhasse continuamente o processo de planejamento. O IPPUC é uma autarquia

municipal, e como tal, atende interesses locais de rotina, a partir de dotações orçamentárias

públicas. Também tem autonomia para obtenção de receitas próprias, através da prestação de

serviço a terceiros e a celebração de convênios ou cooperação técnica.” (BUGS, 2009)

49

Seriam funções do Instituto de Pesquisa e Planejamento Metropolitano proposto:

• DesenvolveroPlanoDiretordeDesenvolvimentoMetropolitanoerevisá-loacada5

anos.

• Ordenarocrescimentodametrópole,criandosoluçõesintegradasentreosmunicípios.

• Criar planos setoriais metropolitanos tais como planos de habitação, saneamento e

transportes públicos.

• Articularasdiretrizesdeplanejamentourbanodosmunicípios

• Desenvolverpesquisasdeinteressepúblicoecriaçãodeumbancodedadoseinformações

de acesso público por todos os cidadãos da metrópole.

• Coordenaraimplantaçãodosplanosjuntoàssecretariasdeplanejamentourbanosdos

municípios que compõem a RMRJ.

• Captar e gerenciar recursos de financiamentos externos (Bancos Nacionais e

Internacionais) e internos, com a criação de um Fundo Metropolitano de Desenvolvimento

Urbano.

• Participaçãonasdefiniçõesorçamentáriasdosmunicípiosedoestado.

4.2.2. Criação do Conselho Metropolitano de Política Urbana

“Aidéiamaisrevolucionáriaarespeitodourbanismonãoénemurbanística,nemtecnológica,nemestética.

ÉadecisãodereconstruirintegralmenteoterritóriosegundoasnecessidadesdopoderdosConselhosde

trabalhadores” (GuyDebord.AsociedadedoEspetáculo)

Propõe-se a criação de um Conselho Deliberativo que reúna membros das 296 centralidades

definidas no Plano de Policentralidades Metropolitana. Definiu-se como parâmetro para a

criação do plano de policentralidades a relação de 40.000 habitantes por centralidade. Desta

maneira, a AP 3, concentra 60 centralidades, AP 1 (7), AP2 (25), AP4 (23), AP5 (43). Os demais

50

municípios da RM concentram juntos 158 centralidades.9

Essas centralidades foram localizadas junto às centralidades já existentes ou próximas às áreas

de maior densidade populacional. Em cada centralidade será constituído um conselho, também

de caráter deliberativo, que irá tratar de questões locais. Este conselho, por sua vez, elegerá um

representante que terá direito a uma cadeira no Conselho Metropolitano de Política Urbana.

Além dos representantes dos diversos Conselhos das Centralidades Metropolitanas, serão eleitos

membros da gestão pública e do segundo setor para formar de maneira paritária o Conselho

Metropolitano.

4.2.3. Diretrizes para o Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano

Neste tópico serão propostas diretrizes gerais de planejamento da metrópole fluminense.

Propõe-se que os investimentos em infraestrutura de transporte, bem como o incentivo à criação

de novos polos de trabalho ocorram de forma a atender o maior número possível de habitantes

da metrópole. Entende-se, desta forma, que o planejamento urbano metropolitano deva ter

comoprincipalcritériodedefiniçãodeinvestimentospúblicosoconceitodeequidadeurbana.

A. Policentralidade metropolitanas

Comofoiditoanteriormente,foramdefinidas296pontosurbanosdistribuídospeloterritório

tendo como referência a relação de 40.000 habitantes por ponto urbano. Optou-se por localizar

esses pontos urbanos junto às centralidades existentes.10

Observa-se que o maior número de pontos centrais concentra-se junto ao tronco ferroviário que

surge a partir do centro principal e segue até os municípios da Baixada Fluminense. A partir

dessa região da metrópole partem dois vetores de concentração de pontos urbanos, um que tem

início em Deodoro indo em direção ao extremo Oeste da cidade do Rio de Janeiro, chegando até

o município de Itaguaí e outro vetor de concentração de pontos urbanos que atravessa a Baia de

Guanabara através da Ponte Rio-Niterói chegando até os municípios de Niterói, São Gonçalo

e Itaboraí

9 Verfigura17.MapadePontosCentraisdaMetrópole.(Fonte:Autor)

10 Verfigura17.MapadePontosCentraisdaMetrópole.(Fonte:Autor)

51

FIG

. 18.

MA

PA D

E PO

NTO

S CE

NTR

AIS

DA

MET

RÓPO

LE.

(FO

NTE

: AU

TOR)

52

4.2.3. Diretrizes para o Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano

Neste tópico serão propostas diretrizes gerais de planejamento da metrópole fluminense.

Propõe-se que os investimentos em infraestrutura de transporte, bem como o incentivo à criação

de novos polos de trabalho ocorram de forma a atender o maior número possível de habitantes

da metrópole. Entende-se, desta forma, que o planejamento urbano metropolitano deva ter

comoprincipalcritériodedefiniçãodeinvestimentospúblicosoconceitodeequidadeurbana.

A. Policentralidade metropolitanas

Comofoiditoanteriormente,foramdefinidas296pontosurbanosdistribuídospeloterritório

tendo como referência a relação de 40.000 habitantes por ponto urbano. Optou-se por localizar

esses pontos urbanos junto às centralidades existentes.11

Observa-se que o maior número de pontos centrais concentra-se junto ao tronco ferroviário que

surge a partir do centro principal e segue até os municípios da Baixada Fluminense. A partir

dessa região da metrópole partem dois vetores de concentração de pontos urbanos, um que tem

início em Deodoro indo em direção ao extremo Oeste da cidade do Rio de Janeiro, chegando até

o município de Itaguaí e outro vetor de concentração de pontos urbanos que atravessa a Baia de

Guanabara através da Ponte Rio-Niterói chegando até os municípios de Niterói, São Gonçalo

e Itaboraí

Ainda do tronco ferroviário principal surgem outro vetor em direção à Barra da Tijuca, passando

por Jacarepaguá, que concentra 14 pontos urbanos, Cidade de Deus com 1 ponto urbano e a

Barra da Tijuca propriamente dita com 8 pontos.

Observa-se também a existência de vetores com menor concentração de pontos urbanos: em

direção aos municípios de característica mais amena, tais como Paracambi, Maricá e Magé.

11 Verfigura17.MapadePontosCentraisdaMetrópole.(Fonte:Autor)

53

Município ou Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro

População residente % RMRJ % Rio de

Janeiro

Pontos Centrais Propostos

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Número de Empregos Fonte:

IBGE,Cadastro Central de

Empresas 2013.

% RMRJ % Rio de

Janeiro

Nº de empregos a

cada 100Hab.

Nº de Leitos Hospitalares

Nº de Leitos por 1.000Hab.

Nº de Equipamentos

Culturais

% Rio de

Janeiro

Nº de equipamentos

culturais a cada 10.000hab

11.835.708 100% 296 100% 3.518.190 100% 29,73

Tanguá 30732 0% 1 0% 4.373 0% 14,23 - Paracambi 47124 0% 1 0% 4.934 0% 10,47 Guapimirim 51483 0% 1 0% 5.558 0% 10,80 Seropédica 78186 1% 2 1% 14.074 0% 18,00 Japeri 95492 1% 2 1% 6.587 0% 6,90 245 2,57 Itaguaí 109091 1% 3 1% 40.884 1% 37,48 208 1,91 Maricá 127461 1% 3 1% 16.169 0% 12,69 Queimados 137962 1% 3 1% 23.234 1% 16,84 384 2,78 Nilópolis 157425 1% 4 1% 19.013 1% 12,08 340 2,16 Mesquita 168376 1% 4 1% 16.823 0% 9,99 165 0,98 Itaboraí 218.008 2% 5 2% 49.079 1% 22,51 Magé 227.322 2% 6 2% 20.182 1% 8,88 483 2,12 São João de Meriti 458.673 4% 11 4% 63.125 2% 13,76 917 2,00 Belford Roxo 469332 4% 12 4% 50.172 1% 10,69 336 0,72 Niterói 487.562 4% 12 4% 191.516 5% 39,28 - Nova Iguaçu 796.257 7% 20 7% 98.354 3% 12,35 1125 1,41 Duque de Caxias 855.048 7% 21 7% 166.325 5% 19,45 1277 1,49 São Gonçalo 999.728 8% 25 8% 119.857 3% 11,99

0%Total demais municípios RM 5.515.262 47% 138 47% 910.259 26% 16,50 5480 0,99

0%Rio de Janeiro 6 320 446 53% 100% 158 53% 100% 2.607.931 74% 100% 41,26 15.705 100% 2,48 440 100% 0,696153

AP1 (Centro e Zona Portuária) 297 976 3% 5% 7 3% 5% 964934 27% 37% 323,83 3961 25% 13,3 105 24% 3,524 AP 2 (Zona Sul e Tijuca) 1 009 170 9% 16% 25 9% 16% 469428 13% 18% 46,52 4349 28% 4,3 185 42% 1,833 ÁP3 (Zona Norte) 2 398 572 20% 38% 60 20% 38% 573745 16% 22% 23,92 3214 20% 1,34 60 14% 0,250 AP 4 (Barra e Jacarepaguá) 909 955 8% 14% 23 8% 14% 182555 5% 7% 20,06 2899 18% 3,2 70 16% 0,769 AP 5 (Zona Oeste) 1 704 773 14% 27% 43 14% 27% 417269 12% 16% 24,48 1282 8% 0,8 20 5% 0,117

Fig. 19. Tabela de Pontos Centrais na Metrópole. (Fonte: Autor)

B . Rede de Mobilidade Urbana

A partir da concentração desses pontos centrais, propõe-se a constituição de uma rede de

mobilidade metropolitana, que tenha como critério de implantação a densidade populacional

existente. O objetivo é a elaboração de um plano de mobilidade em malha, potencializando

centralidades urbanas existentes e permitindo a criação de novos pólos de empregos e moradia

em contraponto ao modelo atual de mobilidade altamente concentrado em direção ao Centro,

ZonaSuleTijucaoquetornaosdeslocamentospendularesesaturados.12

12 Verfigura19MapaRededeMobilidadeUrbana(Fonte:Autor)

54

FIG

. 20.

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55

Rede Metroviária – Alta Capacidade de transporte

Propõe-se a criação de uma malha metroviária central a ser implantada ao longo dos três

ramais ferroviários existentes e ao longo da Avenida Brasil. Transversais a estes eixos propõe-

se a implantação de linhas metroviárias ao longo da Linha Amarela até o bairro de Engenho de

Dentro, ao longo da Transcarioca desde o Aeroporto Internacional até o bairro de Madureira,

ao longo da Avenida Brasil de Parada de Lucas até Deodoro e ainda uma outra linha paralela ao

RioSaracuruna,desdeJardimGramachoemDuquedeCaxiasatéÉdsonPassosemMesquita.

De Deodoro até o bairro de Campo Grande, propõem-se dois eixos paralelos um ao longo do

Ramal de Santa Cruz e outro ao longo da Avenida Brasil. Finalmente, propõe-se outro eixo em

direção ao Bairro de Alcântara em São Gonçalo, passando pelo centro de Niterói ao longo do

ramal ferroviário existente.

Rede de VLT – Média Capacidade de transporte

Funcionando de maneira complementar à rede metroviária, propõe-se a criação de uma rede de

Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) de média capacidade de transporte.

A Barra da Tijuca seria acessada por linhas de VLT implantada ao longo da Linha Amarela, a

Transolímplica e a Transcarioca. A linha 4 do Metro no trecho entre Jardim Botânico e o Jardim

Oceânico pode receber um veículo de menor capacidade não comprometendo a ligação entre

esses dois pontos.

Rede de BRT – Menor capacidade de transporte

Funcionando de maneira complementar a rede metroviária e a de VLT, propõem-se linhas

deacessoàsáreasurbanasmaisextremas taiscomoMaricá, Itaipu,SeropédicaeXerém.E

ainda, ligações complementares tais como a linha de BRT de ligação entre Magé e Manilha em

Itaboraí.

Rede Aquaviária – Menor capacidade

Propõe-se a ligação via Baia de Guanabara entre as Estações Existentes: Praça XV,

Praça Araribóia, Charitas, Cocotá e Paquetá, e a criação de novas estações, tais como:

Enseada de Botafogo, Ilha do Fundão, Aeroporto Internacional e Graxim em São Gonçalo.

56

C. Pólos de empregos articuladas a rede de mobilidade

“redesconstituemanovamorfologiasocialdenossassociedadeseadifusãodalógicadasredesmodifica

de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura...

A presença da rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fontes cruciais

de dominação e transformação de nossa sociedade: uma sociedade em rede....” (Borja e Castells, 1999)

“Acidadeglobaléumarededenósurbanosdedistintosníveisecomdistintasfunçõesqueseestendepor

todo o planeta e que funciona como centro nervoso de uma nova economia, em um sistema interativo de

geometriavariávelaoqualdeveconstantementeseadaptardeformaflexível,asempresasecidades.O

sistema urbano global é uma rede, não uma pirâmide.” (Borja & Castells, 1999)

Historicamente,aconcentraçãodeempregosemumadeterminadacentralidadeeacriaçãode

umamalhadetransportesqueacesseessacentralidaderepresentouabuscapelaeficiênciaem

deslocamentos.

A complementaridade de funções em centros urbanos é o principal fator pra que estes existam.

Éinteressantequeasededeumescritóriodeadvocaciaestejapróximoaofórum,queassedes

das empresas estejam reunidas, para que possam ocorrer reuniões de negócios e que as sedes

dos órgãos do Estado também estejam reunidas nesse local: equipamentos culturais, de ensino

e centros de gestão pública. Observa-se, no entanto, que essa necessidade tende, em parte, a

diminuir com o avanço das tecnologias de informação.

Além da questão da complementaridade de funções existe a questão simbólica. Os elementos

que caracterizam um centro de cidade tais como: grandes torres de escritórios, praças públicas

e edifícios históricos imponentes, possuem a função de comunicar que este é o local de decisão

e poder de uma determinada sociedade.

Em uma megacidade, como a metrópole do Rio de Janeiro, a existência de apenas um grande

centro torna-secadavezmenoseficienteeconômicaesocialmente.Pormelhoresquesejam

as infraestruturas de transporte, uma cidade que possua 11milhões de pessoas distribuídas em

1.000km² e que mantenha a concentração de investimentos e empregos em apenas uma região,

terá inevitavelmente problemas de mobilidade urbana e segregação social.

57

FIG

. 21.

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58

Neste contexto, propõe-se que sejam incentivados a criação de novos polos de emprego ao

longo da rede de mobilidade proposta. Sobretudo junto aos nós e entroncamentos dessa rede.

Esse incentivo virá de duas formas: com a implantação da malha de transporte que permitirá

acesso a terrenos mais baratos que o centro da cidade para a implantação de empresas e segundo,

atravésdeincentivosfiscais.

O principal critério de implantação da habitação de interesse social deve ser a proximidade com

os polos de emprego.

D. Estratégias de Preservação e Recuperação Ambiental

Como visto no capítulo anterior, a dinâmica de crescimento populacional da metrópole avança

sobre as áreas rurais e naturais metropolitana, propõe-se que este processo seja controlado

tendo às áreas naturais, sobretudo às mais frágeis do ponto de vista ambiental, um plano

de preservação e recuperação. Também foi observado no capitulo anterior, que a densidade

global da mancha urbana metropolitana é de 63hab./ha. Existe, portanto, a possibilidade de

melhor aproveitamento das áreas já urbanizadas, a partir de múltiplas estratégias de ocupação:

densificação,sobretudojuntoaospólosdeempregopropostos,ereutilizaçãodasedificações

vagas existentes. Essa diretriz, além de contribuir para conter a expansão da mancha urbana

evitando deslocamentos urbanos cada vez maiores, permite a manutenção de áreas naturais

próximas às áreas urbanas possibilitando a criação de uma rede de parques urbanos públicos.

As áreas extremas da mancha urbana, que possuem menor densidade populacional tais como:

Seropédica, Paracambi, Santa Cruz, Vargem Grande, Barra da Tijuca, Magé, Itaboraí e Maricá,

que atualmente apresentam as maiores taxas de crescimento urbano da metrópole, avançando

sobre as áreas naturais, precisam ter o uso do solo não incentivado, através do controle dos

índices construtivos e da delimitação de um Perímetro Urbano Metropolitano que contenha a

expansão da mancha.

Ainda será incentivada a produção agrícola, através de pólos de produção coletiva com apoio

técnico a pequenos produtores na periferia da metrópole. Além disso, os governos municipais

e estadual podem atuar, por exemplo, comprando essa produção para a alimentação escolar.

59

FIG

. 22.

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60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se ao longo deste trabalho estabelecer relações entre estrutura urbana e estrutura

social, de forma a estabelecer estratégias de planejamento e gestão urbana que conciliem o

crescimento populacional da metrópole com a promoção de desenvolvimento humano e social

de seus moradores.

Através deste trabalho, investigaram-se as origens do processo de segregação sócio espacial,

atravésdaobservaçãododesenvolvimentodametrópolefluminenseaolongodotempo.Foi

analisada de forma crítica o crescimento na mancha urbana metropolitana e o modelo de

planejamento urbano adotado, ou a ausência deste planejamento em alguns casos. Através de

dadosquantitativos,pode-seexemplificaraconcentraçãodebenseserviçospúblicoseprivados

junto à centralidade principal da metrópole e, ao mesmo tempo, a expressiva carência de

serviços, equipamentos e postos de trabalho nas áreas periféricas.

A partir da análise da dinâmica de crescimento da metrópole, propõe-se um novo modelo de

planejamento e gestão urbana, baseado na distribuição de serviços públicos e o incentivo ao

desenvolvimento de atividades privadas compatíveis com o número de habitantes de cada

região, e incentivando a criação de novos centros metropolitanos nas regiões de mais fácil

acesso para maior parte destes habitantes. O principal parâmetro, portanto, é o entendimento que

o planejamento urbano deve atender de forma equânime a todos os cidadãos, não privilegiando

de nenhuma forma a qualquer parcela da população.

Emboradeformabreve,estetrabalhopretendeucontribuirparaareflexãoeconstruçãodeum

novoolharsobreametrópolefluminense,quepermitaobservá-lasobumpontodevistamais

amplo, buscando abarcar toda sua complexidade e riqueza. Somente a partir deste novo olhar,

será possível construir novos caminhos que considerem, de forma democrática, todos os seus

cidadãos e não apenas alguns poucos privilegiados.

61

FONTES CONSULTADAS

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de sacrifício. Anpur, 2013.

BUGS, Geisa. Modelos de Gestão de projetos urbanos. Revista Iberoamericana de Urbanismo,

Buenos Aires, Vol. 1, n.1, p. 41-56, 2009.

CASTELLS, Manueal. A sociedade em rede. Tradução Roneide Venancio Majer; atualização

para a 6ª edição Jussara Simões. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CHAUÍ,Marilena.O que é ideologia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1980.

COSTA, Lúcio. Lucio Costa, registro de uma vivência. São Paulo, Empresa das Artes, 1995.

DEBORD, Guy.A Sociedade do Espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. São Paulo:

Editora Contraponto, 2007.

FILGUEIRAS, Mariana. “O mapa da cultura carioca feita na raça”. Rio de Janeiro: Jornal

O Globo, 30 de maio de 2015.

HARVEY,David.Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. Tradução

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JACOB, Cesar Romero. et al. Atlas das condições de vida na região metropolitana do Rio

de Janeiro [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio , 2014.

LEFEBVRE,Henri.O direito à cidade. Tradução Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro,

2001.

LEFEBVRE,Henri.A produção do Espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sergio Martins

(dooriginal:Laproductiondel’eespace.4ªéd.Paris:ÉditionsAnthropos,2000),2006.

MELO, Victor e PERES, Fabio. A cidade e o lazer: as desigualdades sócio-espaciais na

distribuição dos equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro e a construção de um

indicador que oriente as ações em políticas públicas. Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 127-151,

setembro/dezembro de 2005.

62

OSÓRIO, Mauro. “Centro do Rio é o motor econômico da cidade”. Rio de Janeiro: Jornal O

Globo, entrevista concedida à Clarice Spitz em 01 de janeiro de 2014.

MAGALHÃES,Sérgio.“João Teimoso”. Rio de Janeiro: Jornal o Globo, 04 de janeiro de

2014.

SANTOS, Milton. O Espaço do Cidadão. São Paulo: EDUSP, 2007.

UEMURA, Margareth. et al. “Moradia é Central - Rio de Janeiro”. Instituto Polis, 2009.

VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, FAPESP,

Lincoln Institute, 2001.

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1. Mapa de Faixas de Rendimento (Fonte: JACOB, Cesar Romero. et al, 2014)

Fig.2.MapadeDensidadeDemográfica(Fonte:JACOB,CesarRomero.etal,2014)

Fig. 3. Teatro Municipal em primeiro plano, Praça Floriano Peixoto e Palácio Monroe ao

fundo.

Fig.4. CopacabananoiníciodoséculoXX.

Fig. 5. Mapa com as principais redes de abastecimento (Fonte: JACOB, Cesar Romero. et al,

2014)

Fig. 6. Lúcio Costa. Plano Piloto Barra da Tijuca.

Fig. 7. Plano Doxiadis, 1965.

Fig. 8. Distribuição das Megacidades no Mundo (com população de 500mil hab. ou mais)

Fig. 9. Distribuição da População Urbana e Rural no Mundo

Fig. 10. Mapa de Índice de Qualidade de Mobilidade e Urbana na Metrópole do Rio de

Janeiro. (Fonte: IBEU, Observatório das Metrópoles. 2010)

63

Fig. 11. Tabela da distribuição do número de empregos da metrópole (Fonte: IBGE/

Osório/Autor, 2015)

Fig. 12. Mapa da distribuição dos empregos na metrópole (Fonte: IBGE/ Osório/Autor)

Fig. 13. Mapa do Índice de Desenvolvimento Médio na metrópole do Rio de Janeiro

(Fonte: PNUD, Ipea e FJP, 2014)

Fig. 14. Tabela da distribuição do número de leitos hospitalares na metrópole (Fonte:

IBGE/Ministério da Saúde/Autor, 2015)

Fig. 15. Tabela da distribuição dos equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro a

cada 10.000 habitantes. (Fonte: Melo e Peres / Autor, 2015)

Fig. 16. Mapa dos Projetos Culturais na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Jornal o Globo,

30/05/2015)

Fig.17. MapadoCrescimentoDemográficonaMetrópoleentre2000e2010. (Fonte:

JACOB, Cesar Romero. et al, 2014)

Fig. 18. Mapa Pontos Centrais da Metrópole. (Fonte: Autor)

Fig. 19. Tabela de Pontos Centrais na Metrópole. (Fonte: Autor)

Fig. 20. Mapa Rede de Mobilidade Urbana (Fonte:Autor)

Fig. 21. Mapa polos de emprego articuladas à rede de mobilidade (Fonte: Autor)

Fig. 22. Mapa Estratégias de Preservação e Recuperação Ambiental (Fonte: Autor)