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 Luta no Ar  A Alemanha revoluciona a guerra aérea Armas de represália alemã V-1 e V-2  A operação Overlord entrava em sua segunda semana quando,  pouco antes do amanhecer de 13 de junho de 1944, uma tremenda explosão sacudiu o povoado de Swanscombe, no condado de Kent, a uns 35 km de distâ ncia da esta ção central londr ina de Cha ring Cross. Segundos antes, observadores do se rv iço de defesa ci vi l haviam avistado, voando naquela direção e procedente do Canal da Mancha, um estranho avião cuja silhueta não se identificava com nenhum dos aparelhos aliados ou inimigos conhecidos até então. Uma testemunha o descreveu como "um pequeno avião de asa média que voava a grande velocidade, com um ronco parecido ao de um Ford T ao subir uma encosta; da sua cauda se desprendia um jato chamejante".  Essa declaração e outras similares, unidas ao fato de não ser  encontrado o menor traço de algum cadáver entre os restos do avião - que jaziam dispersos em torno da cratera da explosão - e aos informes encont ra dos dos ar qu ivos do Intell ig ence Se rv ic e, levaram as autoridades britânicas à conclusão de que o estranho artefato devia ser um avião não tripulado e provido de uma potente carga explosiva, in tegrante do famoso arsenal de "armas secretas" com que, freqüenteme nte, a propaganda alemã ameaçava .  A notícia do novo perigo que pairava sobre a cidade causou viva impressão na população londrina, que temia voltar a viver, talvez numa versão mais terrível, as sangrentas jornadas da batalha aérea da Ingla terra. Ass im, não é de estranha r que, nas prime iras dez sema nas que se seguiram ao episódio de Swanscombe, mais de um milhão de londrinos tenham-se transferido voluntariamente ao campo, fora quase 300.000, na maioria mulheres com filhos pequenos e crianças em idade escolar, que foram evacuados por decisão governamental.  Hitler pede represálias  

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Luta no Ar

 

A Alemanha revoluciona a guerra aérea

Armas de represália alemã V-1 e V-2 

A operação Overlord entrava em sua segunda semana quando, pouco antes do amanhecer de 13 de junho de 1944, uma tremendaexplosão sacudiu o povoado de Swanscombe, no condado de Kent, auns 35 km de distância da estação central londrina de Charing Cross.Segundos antes, observadores do serviço de defesa civil haviamavistado, voando naquela direção e procedente do Canal da Mancha,um estranho avião cuja silhueta não se identificava com nenhum dosaparelhos aliados ou inimigos conhecidos até então. Uma testemunhao descreveu como "um pequeno avião de asa média que voava agrande velocidade, com um ronco parecido ao de um Ford T ao subir uma encosta; da sua cauda se desprendia um jato chamejante".

 Essa declaração e outras similares, unidas ao fato de não ser 

encontrado o menor traço de algum cadáver entre os restos do avião -que jaziam dispersos em torno da cratera da explosão - e aos informesencontrados dos arquivos do Intelligence Service, levaram asautoridades britânicas à conclusão de que o estranho artefato devia ser um avião não tripulado e provido de uma potente carga explosiva,integrante do famoso arsenal de "armas secretas" com que,freqüentemente, a propaganda alemã ameaçava.

 A notícia do novo perigo que pairava sobre a cidade causou viva

impressão na população londrina, que temia voltar a viver, talveznuma versão mais terrível, as sangrentas jornadas da batalha aérea daInglaterra. Assim, não é de estranhar que, nas primeiras dez semanasque se seguiram ao episódio de Swanscombe, mais de um milhão delondrinos tenham-se transferido voluntariamente ao campo, fora quase300.000, na maioria mulheres com filhos pequenos e crianças emidade escolar, que foram evacuados por decisão governamental.

 

Hitler pede represálias

 

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Segunda Guerra Mundial 2

Os devastadores ataques aéreos desencadeados pela aviação aliadana primavera de 1942, em particular o incêndio e a destruição da velhacidade hanseática de Lübeck, em Schleswig-Holstein, provocaram um

acesso de furor em Hitler, que imediatamente ordenou a execução deum programa de bombardeios de represália que espalhariam o terror entre a população civil e prejudicariam o esforço bélico britânico. A"operação Baedecker" ocasionou danos consideráveis em cidadescomo Bath, York e Exeter, porém a perda de quase 40 bombardeirosem pouco mais de 200 missões constituiu um preço muito elevado

 para as esquadrilhas participantes, transferidas propositadamente doteatro de guerra do Mediterrâneo, para esta operação a oeste da

França. Também, como índice da diminuição da eficácia daLuftwaffe, cabe registrar o fato de que num ataque contra Norwich,somente duas toneladas de bombas, de um total de 102 lançadas,caíram nos limites da cidade. Foi então que, para a execução dacampanha de represálias exigido pelo Führer, o Ministério do Ar alemão decidiu exumar de seus arquivos, nos quais dormia desdeantes da guerra, um projeto de avião sem piloto, propulsado por umaturbina rudimentar, apresentado pela firma Argus Motorenwerke. Por 

sua vez, e também com a finalidade de represália, o exércitodeterminou acelerar a desenvolvimento do projeto A-4, um foguete delongo alcance, em que trabalhava, desde alguns anos, uma equipe detécnicos encabeçada por Chamier-Glisenski, Dornberg e Werner vonBraun.

 O Inspetor-geral da Luftwaffe e Diretor de Equipamento da arma,

Marechal-de-Campo Erhard Milch, presidiu, a 19 de junho de 1942,

uma reunião no ministério, que foi assistida por representantes defirmas industriais vinculadas com o projeto "Argus". Decidiu-se,então, confiar à Fieseler (construtora do famoso avião Fieseler-Storch,"Cegonha") o, desenho e a produção do aparelho, enquanto a Argus ea Askania se encarregariam, respectivamente, do sistema de propulsãoe de controle, com o engenheiro militar Brée, representante doMinistério do Ar, atuando como coordenador. Embora o MarechalMilch tivesse prometido um tratamento de alta prioridade ao

desenvolvimento e produção do novo engenho bélico, transcorreriamdois longos anos - em lugar dos 15 meses calculados pelos peritosantes que o projeto chegasse à fase operativa.

 A primeira experiência do "Fieseler 103", como foi designado em

  princípio (denominação mudada mais adiante, ainda na faseexperimental, para FZG-76), ocorreu em dezembro de 1942, e

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Armas de Represália Alemãs 3

consistiu no lançamento de um protótipo sem motor, de um Focke-Wulf 200 "Condor" sobre o campo de provas de Peenemunde, onde oexército continuava suas experiências com o foguete de longo alcance

A-4. Poucos dias depois, a 24 de dezembro, efetuou-se o primeirolançamento, de terra, alcançando o projétil uma distância de trêsquilômetros.

  No verão de 1943, os preparativos para o produção em grande

escala do FZG-76 - somente ao entrar em serviço seria designado como nome de V-1 (abreviatura de Vergeltungswaffe 1 ou Arma deRepresália n° 1) - estavam quase concluídos. Porém um violento

ataque do aviação anglo-americana contra as fábricas Fieseler, emKassel, impôs um adiamento de várias semanas nos planos.Finalmente, o produção maciça foi iniciada nos estabelecimentosVolkswagen, de Fallersleben, em setembro de 1943 (isto é, a trêsmeses da data prevista para o início das operações).

 Enquanto isso, os preparativos seguiram seu curso e os unidades

formadas continuaram a instrução e treinamento das tropos que teriam

a responsabilidade do manejo das novas armas. O Flakregiment 155W (artilharia antiaérea), unidade designado para a operação do aviãonão tripulado, foi transferido, durante o verão, a Zinnowitz, na ilha deUsedom, próximo a Peenemunde. No primeiro momento, o Major-General Welter Dornberger, um perito em bolística de longo alcance,considerado o "pai" do foguete A-4 (chamado mais tarde V-2), tinha aseu cargo, tanto a supervisão dos programas de produção e suacoordenação com as necessidades de campanha como o comando

direto das operações. Posteriormente, das operações com a futura V-1seria encarregado um veterano artilheiro, o Tenente-General ErichHeinemann, enquanto que ao Major-General Richard Metz seriaconfiado o comando operativo da V-2. O Alto-Comando daWehrmacht, todavia, contava como certo que ambas as armas estariamem condições operativas a tempo de oferecer um desagradável

 presente de Natal aos britânicos. 

Informes alarmantes Se bem que a explosão da primeira V-1 em Swanscombe pudesse

causar alarma na população das ilhas, o acontecimento, de tãoesperado, apenas produziu surpresa nas altas esferas aliadas: há váriosmeses se conhecia aproximadamente a natureza da nova ameaçaalemã e estavam em estudo medidas para contrabalançar o seu efeito

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Segunda Guerra Mundial 4

ou anulá-la, caso chegasse a concretizar-se. O fato de que, mesmo naobscuridade, a defesa antiaérea tenha podido reconhecer o estranhoartefato e descrevê-lo como um “avião não tripulado”, desde o

momento em que cruzou a linha da costa, indica o alto nível de prevenção alcançado pelas defesas britânicas, com base na informaçãorecolhida de várias e diversas fontes desde o começo da guerra.

 Já na fase inicial da luta, uma infinidade de informes denunciavam

Peenemunde como um dos mais importantes centros de investigaçãodas "armas secretas" alemãs, espécie de trunfo insuperável exibidoameaçadoramente pela propaganda do III Reich até ao final da guerra.

Porém, durante muito tempo, as advertências concernentes aPeenemunde caíram mais ou menos no vazio, superadas por outrasurgências mais imediatas que o decurso dos acontecimentos iamimpondo à condução da guerra britânica. E assim se pode dizer que as

 primeiras fotografias aéreas de Peenemunde foram obtidas quase por casualidade: a 15 de maio de 1942, o Tenente D. W. Steventon, depoisde uma missão de reconhecimento de Kiel, voou sobre aquele

 polígono de provas, fotografando o aeródromo; os peritos registraram

a presença de uma série de estranhas construções ovóides,aparentemente de cimento armado, cuja finalidade não conseguiraminterpretar. Em conseqüência, o "caso Peenemunde" ficou arquivadouma vez mais.

 Até que, em dezembro de 1942, novos informes reunidos pelo

Intelligence Service indicavam, com rara unanimidade, esse polígonode provas como sede de experiências alemãs com foguetes de grande

alcance. Desta vez, sim, o alarma abalou as altas esferas e foiordenada uma série de reconhecimentos aéreos, tanto de lugares"suspeitos" na Alemanha, como da faixa costeira francesa, confinantecom o Canal; desse modo, os peritos obtiveram indícios reveladoresda natureza dessas experiências. No entanto, o fato de não existir naorganização de guerra britânica um departamento coordenador detodas as informações recolhidas pelos diversos serviços de inteligênciadas forças armadas, provocou múltiplas indecisões e demoras,

 primeiro quanto às medidas mais adequadas para conjurar o perigo e,segundo, quanto à oportunidade de aplicá-las. Ilustra perfeitamente asituação o fato de que, em determinado momento, muitos dosmelhores agentes de espionagem britânicos estivessem empenhados -à custa de incalculáveis riscos e invertendo nela muito tempo edinheiro - na tarefa de reunir todas as informações possíveisconcernentes, não somente ao avião não tripulado FZG-76 ou

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Armas de Represália Alemãs 5

"bomba-voadora" V-1 e ao foguete A-4 (V-2), como também, e com ocaráter de alta prioridade, a um hipotético foguete de 60 toneladas de

 peso e 10 toneladas de carga explosiva, capaz de arrasar um bairro

inteiro. Ao que parece, este fantástico artefato nunca existiu senão naimaginação de alguns assessores científicos do Gabinete da Guerra. Logo se tornou evidente a necessidade de centralizar numa só

 pessoa toda a informação relativa às novas armas, supostas ou reais,alemãs. A escolha recaiu, em meados de abril de 1943, em Mr.Duncan Sandys, secretário parlamentar no Ministério deAbastecimentos e genro de Winston Churchill. De imediato se

ordenou à Unidade Central de Interpretação iniciar, com a máxima  prioridade, "uma investigação especial sobre artefatos bélicos doinimigo de natureza até agora desconhecida", missão que foiencomendada ao Comandante de Ala, Hamshaw Thomas, um. dos

 pioneiros da fotografia aérea. E Peenemunde, que somente havia sidofotografada do ar seis vezes, nos dois anos e meio da guerra, foi"visitada" pelos aviões de reconhecimento nada menos que quatrovezes naquele mesmo mês. Simultaneamente, a aviação aliada

 perscrutava e fotografava uma es treita faixa costeira, compreendidaentre Cherburgo e a fronteira belga. As fotografias de Peenemunderevelaram, indiscutivelmente, a existência de longos objetoscilíndricos a bordo de enormes caminhões estacionados junto a umasérie de pistas de asfalto. As obtidas na costa francesa, especialmentenas imediações de Bois Carré, mostravam um número crescente deconstruções de cimento armado, de teto semicilíndrico, unidas arampas "em forma de esquis" por trechos convergentes de estradas

asfaltadas; posteriormente verificou-se o significativo detalhe de quetodas as rampas "apontavam" para Londres. Ao mesmo tempo, por vias secretas, chegava à capital britânica a advertência de que, dentrode não muito tempo, essa cidade seria atacada mediante uma minaaérea com asas, governada por controle remoto e impulsionada por umfoguete", precisando que o lançamento teria o auxílio de umacatapulta.

 

Assim, pois, embora a ninguém tenha ocorrido ainda relacionar asrampas "em forma de esquis" - cujo número aumentava de semana asemana - com a bomba-voadora, da qual já se tinham precisas eabundantes referências, o novelo ia se desenredando, embora muitasvezes boa parte de seus fios se confundissem no emaranhado de umainformação promissora, porém contraditória. De qualquer maneira,Duncan Sandys tinha em suas mãos provas mais que suficientes para

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Segunda Guerra Mundial 6

formular na reunião da seção Operações do Comitê de Defesa, presidida por Churchill, a 29 de junho, o pedido de um ataque maciçocontra Peenemunde. Apelo que foi aprovado, mas a oposição de

alguns céticos, que argumentavam que tudo não passava de umestratagema da contra-espionagem alemã, tendente a atrair sobreobjetivos secundários muitas toneladas de bombas, destinadas agolpear pontos vitais do esforço de guerra do III Reich. No noite de 16de agosto, 600 bombardeiros decolaram de suas bases para efetuar uma incursão de quase 2.000 quilômetros que os levaria à costa dogolfo da Pomerânia, no litoral do mar Báltico; e embora 40 dos aviõesatacantes fossem derrubados pelo fogo antiaéreo e pelos caças

noturnos, o preço foi considerado aceitável, em vista dos tremendosdanos infligidos às instalações da estação experimental. A ofensiva se atrasa

 De fato, as sucessivas vagas de bombardeiros arrasaram

 praticamente a zona em que se desenrolavam as provas com o foguete,assim como também as residências dos técnicos, em cujas fileiras se

registraram numerosos mortos, entre os quais o General Chamier-Glisenski, chefe da base. Curiosamente, a parte meridional da estação,onde se experimentava a "bomba-voadora" não sofreu o menor dano, a

 ponto do Coronel Wachtel, chefe do Flakregiment 155 W, pensar quese tratasse de um mero alarma aéreo, não se dando conta, até à manhãseguinte, da magnitude das destruições causadas.

Um dos imediatos resultados do devastador ataque aéreo foi que osalemães tiveram que abandonar o seu programa de montagem dos

foguetes em Peenemunde, Friedrichshaffen e Wiener Neustadt. Paraevitar ulteriores ataques decidiram recorrer a uma oficina subterrânea, próxima de Niedersachswerfen, nas montanhas Herz.

 Em virtude do mesmo temor, e cumprindo ordens pessoais do

Führer - que depois de ver num filme o lançamento de um foguete A-4havia mudado o seu anterior ceticismo no mais fervente entusiasmo

 pelas novas armas - o General Heinemann determinou a transferência

 para o leste alemão, e até para Blizna (Polônia), das unidades sob oseu comando, às quais se haviam somado, recentemente, equipes derastreio aéreo, dotadas de rádio e de radar, com a missão específica deavaliar a precisão do material em experiência e o grau de treinamentodas tropas. Com esta medida, se bem que as unidades ficassem acoberto de possíveis ataques aéreos, as provas podiam ser facilmente

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Armas de Represália Alemãs 7

fiscalizadas pelos agentes da Resistência polonesa, cujos informes nãotardariam a chegar a Londres.

 

Um pouco mais adiante, em fins de 1943, foi criado o 65

o

Corpo,sempre sob os ordens de Heinemann, que teria ao seu cargo a duplaofensiva com as Vergeltungswaffen V-1 e V-2. Era integrado peloFlakregiment 155 W (Coronel Wachtel) e Harko 91 (General Metz).Essas unidades ficaram reorganizadas em quatro brigadas cada uma,compostas por quatro baterias, cada uma das quais teria a seu cargoquatro posições de lançamento. As de Wachtel operariam em 64rampas de lançamento das 96 construídas entre o Passo de Calais e

Cherburgo, assim como em outras instalações erguidas emLottinghem, Siracourt e Equeurdreville. As quatro brigadas de Metz -das quais três eram móveis operariam de 39 posições de tiroestabelecidas ao norte do Somme e 6 na Normandia, assim como dasgrandes instalações de Wizernes e Sottevast.

 Se bem que no OKW (Comando Supremo da Wehrmacht) se

considerasse possível o início da dupla ofensiva com a "bomba-

voadora" e o foguete A-4 em princípios de 1944, o GeneralHeinemann, depois de uma visita de inspeção à sua futura zona deoperações, alimentava sérias dúvidas o respeito. Segundo ele, os

  pontos para lançamento da V-1 tinham o grave inconveniente deserem facilmente localizáveis pela aviação aliada e muito vulneráveisaos seus ataques. Por outro lado, nas obras haviam participado muitostrabalhadores franceses, o que permitia razoavelmente supor que noIntelligence Service já deviam existir detalhados informes acerca das

construções. Em conseqüência, depois de haver refletido sobre os prós e os

contras da sua decisão, Heinemann propôs, ao OKW desistir das  posições “em forma de esquis” já preparadas que serviriam, dequalquer modo, como "isca", para atrair os golpes da aviação inimiga -e preparar, em seu lugar, uma nova rede de posições de tiro, muitosimplificadas com relação às anteriores. A sugestão foi aceita, e

Heinemann ordenou um programa de construções onde foramreforçadas as medidas de segurança e se empregou exclusivamentemão-de-obra alemã. Nessas "posições modificadas" - como asdesignaram os serviços de inteligência aliados - a obra viva ficoureduzida ao mínimo: apenas as rampas de lançamento -cuidadosamente camufladas, por sua vez e os depósitos subterrâneosde combustível para as "bombas-voadoras". Quanto a estas, foram

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Segunda Guerra Mundial 8

eliminados os depósitos para seu armazenamento, adotando-se "adispersão em campo aberto", como os aviões estacionados em suas

 bases.

 O General Heinemann acolheu também a impressão de que os planos prévios não haviam levado muito em conta os engarrafamentosnas comunicações e abastecimentos, que fatalmente se produziriam nazona operativa, dada a absoluta supremacia da aviação aliado nos céusda Europa. Já nessa época, o duro castigo que o Comando deBombardeio infligia à indústria alemã, criava, a cada passo, problemas

  progressivamente mais graves que, por sua vez, impunham

consideráveis atrasos, tanto na produção como no desenvolvimentodos projéteis. Não se fabricavam em número suficiente para otreinamento das unidades, ocorrendo mesmo casos em que algumasdeles começaram a ofensiva sem haver efetuado um só disparo com

  projéteis "reais". Também, a qualidade destes se ressentianotavelmente; em muitas ocasiões, a trajetória era absolutamenteimprevisível e não faltaram casos em que a bomba descrevia umacurva de 180 graus e se abatia sobre a rampa de lançamento,

espalhando o terror e a morte entre as desconcertadas guarnições; emuma série de provas, mais de 50% das bombas não chegaram aabandonar a rampa e, das que o fizeram, 90% explodiram antes dechegar ao alvo.

 O programa de treinamento das tropas do General Metz,

incumbido das V-2, sofreu também um sério atraso, quando, no cursode um ataque aéreo inimigo, foi atingido por acaso a fábrica que

montava os caminhões especiais encarregados do transporte dosfoguetes e de seu combustível propulsor. Considerando todos essasdificuldades, o General Heinemann não acreditava que os homens doCoronel Wachtel (V-1) estivessem em condições de iniciar suaofensiva antes de maio ou junho de 1944; quanto às unidades doGeneral Metz, previa um atraso ainda maior. Conseqüentemente,determinou o deslocamento do Flakregiment 155 W para o norte daFrança em fins de 1943.

 Alerta nas ilhas

 Enquanto isso, um acúmulo de informações das mais heterogêneas

continuava afluindo aos serviços de inteligência britânicos. Sua  procedência era também muito variada: seus próprios agentes emterritório inimigo, reconhecimentos aéreos, informes de membros da

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Armas de Represália Alemãs 9

Resistência nos países ocupados, de operários recrutados à força paratrabalhar na indústria bélica do Reich e, freqüentemente, também dosagentes da contra-espionagem alemã infiltrados naquelas

organizações, que procuravam levantar uma cortina de dados falsos, para confundir seus rivais. Com essas informações, unidas às encontradas em seus arquivos e

ao assessoramento de homens de ciência e da Unidade Central deInterpretação Fotográfica, o Estado-Maior da Força Aérea -novamente encarregado da investigação por afastamento de Mr.Duncan - estava em condições de armar parcialmente as peças do

quebra-cabeças: num informe apresentado a 1

o

de dezembro aoGabinete da Guerra, traçava com bastante aproximação, um esboço danova ameaça que pairava sobre a Grã-Bretanha. Nele eram analisadasas diferenças entre a "bomba-voadora" e o foguete de longo alcance, eestabelecidas as conexões entre as estruturas de cimento armado e os"estranhos objetos provavelmente voadores" fotografados emsucessivos reconhecimentos em Peenemunde, com as "rampas emforma de esquis", que, em número de 96, haviam sido localizadas até

o dia anterior na costa francesa do Canal. Na reunião que o Gabineteda Guerra celebrou a 2 de dezembro, decidiu-se, em vista dagravidade da situação descrita no informe, lançar uma série de ataquesaéreos sobre as bases detectadas. No dia 5 de dezembro, uma massa decaça-bombardeiros e bombardeiros leves da Segunda Força AéreaTática e da Nona Força americana, levou a cabo uma ação"experimental". A 24 do mesmo mês teve lugar o segundo ataque, estede proporções maciças: 672 "Fortalezas-Voadoras", numa incursão

diurna, lançaram 1.472 toneladas de bombas sobre 24 posiçõesescolhidas. Apesar da oposição mais ou menos declarada do MarechalHarris, chefe do Comando de Bombardeio e do Tenente-General CarlSpaatz, comandante das Forças Aéreas Estratégicas na Europa, quenão viam com bons olhos seus bombardeiros pesados serem"distraídos" da sua missão de aniquilar a indústria alemã, nos

 primeiros seis meses de 1944 a aviação aliada atirou sobre as bases delançamento um total de 31.000 toneladas de bombas (a magnitude da

cifra fica demonstrada se recordarmos que durante a blitz aérea contraLondres, entre setembro de 1940 e maio de 194 , os alemães lançaramum total de 19.000 toneladas). Os peritos aliados calcularam, em

  princípios de maio, que 21 das 54 bases de lançamento atacadashaviam sido virtualmente destruídas e que pelo menos outras 15sofreram danos consideráveis. A impressão otimista de alguns círculosteve sua expressão máxima num memorando do Estado-Maior do Ar,

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Segunda Guerra Mundial 10

de 11 de junho (isto é, dois dias antes que caísse em Swanscombe a primeira V-1), no qual se afirmava que era extremamente improvávelque as bases de lançamento pudessem ser utilizadas "em escala

apreciável", no decurso das próximas semanas. Nessa mesma noitechegava a Londres um informe procedente da Resistência belga,anunciando que um comboio transportando 99 objetos cilíndricos,aparentemente foguetes, havia sido avistado perto de Gante, emtrânsito para a fronteira francesa.

 Preparativos de ataque

 

Enquanto o General Heinemann estabelecia o seu QG emMaisons-Lafitte, próximo de Paris, para seguir de perto a construçãodas novas bases de lançamento "simplificadas" e a rede deabastecimentos em conexão com elas, a produção em série da V-1 foiiniciada em meados de janeiro de 1944, em Niedersachswerfen.Porém teve que ser interrompida pouco depois, para dar a Dornberger e seus técnicos oportunidade de introduzir algumas modificações. Osestudos requereram algumas semanas, com o conseqüente atraso na

 produção. Coerente com sua opinião de que a "bomba-voadora" entraria em

operações vários meses antes que o foguete, o General Heinemanndedicou preferência à solução dos problemas vinculados com as tropasdo Coronel Wachtel, enquanto o deslocamento dos unidades doGeneral Metz rumo às suas posições de combate seguia um ritmo maislento.

 Em princípio ficara estabelecido que as unidades a cargo da V-1receberiam suprimento de combustível de três depósitos situados aonorte do Somme, três entre o Somme e o Sena, e dois da Normandia, aoeste do Sena. Do mesmo modo, as unidades do Harko 91 (a cargo daV-2) obteriam oxigênio líquido de depósitos protegidos, situados noPasso de Calais e em Calvados, e o álcool de oito depósitos davanguarda, que, por sua vez, seriam abastecidos com reservas

armazenadas nos subúrbios de Paris e nas cercanias de Lille. Todoseles estavam unidos às posições de tiro por meio de ramaisferroviários que, seguramente, estariam - na opinião de Heinemann -

 perfeitamente localizados e vigiados por agentes inimigos. Do mesmo modo que fez prevalecer o seu critério de abandonar,

  por segurança, as antigas posições em favor das "simplificadas",

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Armas de Represália Alemãs 11

Heinemann decidiu, com a aprovação do OKW, prescindir dosdepósitos da vanguarda, que foram substituídos por duas enormescavernas de pedra em Nucourt e Saint Leu-d'Esserent, no vale do

Oise, e um túnel ferroviário em Rilly-la-Montagne, ao sul de Reims.  Nos seis meses transcorridos entre janeiro e junho de 1944,Heinemann teve a enorme satisfação de ver como os Aliadosdesperdiçavam muitas milhares de toneladas de bombas nas posiçõesabandonadas que, segundo suas previsões, serviram de chamariz paraa aviação, enquanto que as posições "simplificadas" e os novosdepósitos de Nucourt, Saint Leu-d'Esserent e Rilly-la-Montagne nãoreceberam um só impacto. Finalmente, no dia 6 de junho, poucas

horas depois do desembarque aliado na Normandia, Heinemannemitiu ao Coronel Wachtel a ordem de preparar seu Flakregiment 155W para operações imediatas contra a Grã-Bretanha. Nos seis diasseguintes, e apesar dos contínuos ataques da aviação aliada contra oscentros de comunicações franceses, que haviam paralisado

  praticamente o tráfego ferroviário diurno, mais de 800 "bombas-voadoras" dos depósitos de Nucourt e Saint Leud'Esserent, assimcomo grandes quantidades de gasolina de aviação e outros

combustíveis, chegaram às rampas de lançamento. Na noite de 12 de junho, 54 dos 70-80 locais disponíveis até o momento ao norte e aleste do Sena haviam completado os preparativos prévios e estavamem posição de tiro.

  Na noite de 11, o Coronel Walter, chefe do Estado-Maior do 65o

Corpo, manteve uma reunião com o Coronel Wachtel em Maisons-Lafitte, sede do QG de Heinemann. Ordenou-lhe que iniciasse o

ataque no dia seguinte, porém, ante as objeções do comandante doFlakregiment 155 W, que argumentava que muitas de suas bateriasnão estavam ainda suficientemente abastecidas de combustível,decidiu adiar o início das operações para a noite de 12. A ordemespecificava que as baterias abririam fogo de forma tal, que a primeirasalva chegasse a Londres às 23 h 40 m, continuando depois com "fogode fustigamento" à medida que as diferentes rampas de lançamentoestivessem em condições. O Coronel Wachtel regressou ao seu posto

avançado em Saleux, perto de Amiens, entregando-se de imediato àtarefa de coordenar os operações de suas baterias. Os informes quechegavam das rampas eram incompletos e vinham com tanta atrasoque era impossível ter uma idéia do grau de prontidão das diversasunidades. Para cúmulo dos males, à última hora, Wachtel teve notíciade que nem uma só das rampas - muitas delas montadasapressadamente e sem ter sido experimentadas - tinha pronto o

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dispositivo de segurança. Via-se entre a alternativa de adiar aexecução das ordens recebidas ou expor os seus homens ao risco deoperar uma arma pouco segura, em rampas não testadas; por sorte, o

General Heinemann, que havia acudido a Saleux para presenciar odisparo da primeira salva, pôde ver por si mesmo a dificuldadeinerente ao fato de dirigir o tiro de mais de 50 posiçõesdeficientemente equipadas, dispersos em mais de 15.000 quilômetrosquadrados de território hostil, e debaixo de um céu dominado pelaaviação inimiga. Compreendendo a absoluta impossibilidade documprimento das ordens, concedeu pessoalmente a permissão paraadiar o disparo da primeira salva até às 3 h 30 m da manhã do dia 13,

continuando depois o “fogo de fustigamento” por todas as rampas.  Na realidade, os resultados foram bastante mais modestos: ao todo,

somente 10 "bombas-voadoras" partiram das rampas de lançamento àcusta de extenuantes esforços das guarnições. Delas, 5 explodiram noar pouco depois de disparados, outra desapareceu tomando rumoimprevisto (provavelmente caiu no Canal da Mancha), e os quatrorestantes chegaram à Inglaterra. A primeira foi a causadora do "ronco

de Ford T" detectado pelos observadores do serviço civil, e caiu emSwanscombe; as três seguintes caíram em Cuckfield, Sussex, emBethnal Green, Londres, e em Platt, condado de Kent. Não houve

 baixas, salvo em Bethnal Green, onde seis pessoas perderam a vida enove foram feridas ao ser destruída uma ponte ferroviária.

 Pouco depois, o Coronel Wachtel recebia um chamado telefônico

de Moisons-Lafitte: era o Coronel Walter, que em nome do seu chefe

(Heinemann) lhe ordenou não efetuar mais disparos até novo aviso ecamuflar as rampas de lançamento. Walter culpou o comandante doFlakregiment 155 W do fracasso da noite anterior e chegou inclusive aameaçá-lo com um tribunal militar, ao que Wachtel respondeu quehavia feito tudo o que era humanamente possível nas circunstânciasque atravessavam, e que faria o impossível para descobrir as falhas esaná-las. Ao entardecer do dia 15, Wachtel informava ao QG do 65 o

Corpo que todas as posições haviam sido adequadamente supridas de

combustível e projéteis, as instalações estavam completas e atotalidade dos seus efetivos se achava em condições de reabrir fogoimediatamente.

 O plano "Diver" em ação

 

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Armas de Represália Alemãs 13

Pouco antes das quatro da manhã de 13 de junho, dois membros doserviço de defesa civil divisaram do seu posto de observação emDymchurch, Kent, a primeira "bomba-voadora" que chegava às ilhas.

Trinta e cinco segundos depois, um deles transmitia por linhatelefônica especial a palavra chave: Diver, que poria em estado dealerta o QG da Defesa Aérea da Grã-Bretanha, comandado peloMarechal-do-Ar Roderic M. Hill, que, por sua vez, se encontrava àsordens do também Marechal-do-Ar Sir Trafford Leigh-Mallory,comandante da Força Aérea Expedicionária Aliada. Da sala deoperações em Stanmore, foram transmitidas, com a premência que ocaso exigia, as ordens para o imediata execução do plano "Diver": a

 partir desse momento, as barreiras de globos seriam levantadas; osradares de direção de tiro e os baterias antiaéreas às ordens doTenente-General Sir Frederick Pile, assim como os aviões doComando de Caça e os equipes de refletores permaneceriam em alerta

 permanente, prontos para atacar qualquer artefato voador inimigo que penetrasse no espaço aéreo das ilhas. Naquela mesma manhã, nareunião diária de chefes de Estado-Maior, Hill sugeriu que, ante osreduzidas proporções da ofensiva alemã (somente quatro projéteis

caíram em território britânico) e de sua aparente suspensãomomentânea, convinha não alterar em nada as medidas defensivas(plano "Diver") mas lançar, ao contrário, devastadores ataques aéreoscontra as plataformas de lançamento que, à luz da observação aérea,revelassem haver sido empregados recentemente. Sua propostatropeçou com a resistência dos comandantes das forças de

 bombardeio, pouco dispostos a "distrair" seus aviões das operações deapoio ao exército de desembarque e fustigamento às comunicações

alemães na Normandia, para emprega-los numa missão de atacar alvostão escorregadios como as rompas de lançamento. O chefe do Estado-Maior-do-Ar, Marechal Portal, propôs uma forma intermediária: emlugar da destruição das rampas localizadas até o momento, queexigiria várias milhares de saídas aos bombardeiros, sugeriu lançar umataque concentrado sobre os depósitos conhecidos, com o que seconseguiriam efeitos similares (a paralisação do ofensiva V-1) a umcusto notoriamente inferior. Na tarde do dia 13, o Gabinete da Guerra

concordou em que se devia pedir ao Comandante Supremo aliado,General Eisenhower, autorização para lançar "poderosos ataquesaéreos" contra esses depósitos; ao mesmo tempo se sugeria atacar também as rampas "simplificadas", porém com tão pouca ênfase queestas ficavam automaticamente relegadas ao grau de objetivossecundários. Deste modo, o astuto General Heinemann teve osatisfação de comprovar o acerto das suas previsões quando, entre 13

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Segunda Guerra Mundial 14

e 15 de junho, a aviação americana descarregou demolidores bombardeios sobre os inúteis depósitos abandonados por ordem sua,ao mesmo tempo que as rampas "simplificadas", de onde operava o

Flakregiment 155 W, não recebiam outras "visitas" senão as de algunsaparelhos do Serviço Fotográfico. Entre as 10 e as 20 horas do dia 15, as tropas de Wachtel,

superadas suas dificuldades operativas, lançaram 244 projéteis contraLondres, além de outros cinqüenta dirigidos contra Southampton.Muitos explodiram imediatamente, porém os informes britânicosassinalaram que 144 projéteis V-1, dos 155 avistados, conseguiram

cruzar a costa e que mais da metade caíram no perímetro londrino. Adefesa antiaérea abateu 33 "bombas-voadoras", o que nem sempre eraaconselhável, já que, contra a crença geral de que os projéteisalcançados explodiriam no ar, 13 deles caíram em zonas edificadas dacapital, ao passo que teriam caído no campo se tivessem seguido atrajetória que levavam.

 A 16 de junho, o Marechal Hill, considerou chegado o momento

de colocar em marcha a segunda fase do plano "Diver", cuja execuçãose completou em menos tempo do que estava previsto, graças à ativacolaboração do Tenente-General Pile e do Vice-Marechal-do-Ar Gell,que tinha a seu cargo a barreira de globos e realizou a façanha dedistribuir, em cinco dias, quinhentos deles a sudeste de Londres. Nomesmo dia, em uma reunião de chefes de Estado-Maior, presidida por Winston Churchill, em sua qualidade de Ministro da Defesa, decidiu-se solicitar novamente ao Comandante Supremo aliado a execução de

contramedidas tendentes a "destruir e neutralizar" os depósitos erampas de lançamento da V-1, "sempre que tais ações nãointerferissem nas necessidades essenciais da luta na cabeça de praia da

  Normandia". Porém, também desta vez, por deficiência nacoordenação dos Serviços de Inteligência, nas determinações doMarechal Leigh-Mallory era indicada prioridade máxima na operaçãocontra os depósitos abandonados, seguidos, em ordem de preferência,

 por onze das também abandonadas e inúteis rampas "em forma de

esquis" e doze das plataformas "simplificadas". E, novamente, os bombardeios diurnos da aviação americana e os noturnos da RAFforam um mero desperdício de bombas sobre alvos carentes salvo nocaso das poucas plataformas "simplificadas" - de qualquer valor militar. E, por conseguinte, seus efeitos sobre a marcha das operaçõesda V-1 foram escassos ou nulos.

 

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Armas de Represália Alemãs 15

O Marechal Hill desejava que a aviação castigasse metodicamenteas 70 rampas "simplificadas" nos quais a evidência fotográficaregistrara atividade recente. Porém, uma vez mais, chocou-se com a

oposição dos "bombardeiros" Marechal Harris e General Doolitle, quesustentavam que, em lugar de ataques isolados e dispersos, era  preferível lançar todos os recursos disponíveis num esforçoconcentrado uma só vez e no momento oportuno. Isso significava,aparentemente, um novo adiamento. Porém, aconteceu que no dia 18de junho, um domingo, uma "bomba-voadora" caiu às 11 h 20 m nacapela de Wellington Borracks, a apenas 500 metros do palácio deBuckingham e não longe de outros centros militares e do governo. A

explosão causou a morte ou ferimentos graves em 78 civis e 111militares que assistiam à missa. Nenhuma das V-1 havia causado atéentão tal número de vítimas (em realidade, as estatísticas britânicascalculavam até aquele momento uma pessoa morta em cada bombacaída), e este fato expôs, então, ante os círculos governamentais, adramática necessidade de neutralizar de imediato essa ameaça. Nessemesmo dia, o General Eisenhower ordenou que, até nova ordem, osataques contra as armas de longo alcance alemães tinham prioridade

sobre todo objetivo que não estivesse diretamente vinculado com a batalha que o exército aliado estava travando do outro lado do Canal.Enquanto isso, a Unidade Central de Interpretação Fotográficaestabelecera uma evidente relação entre os depósitos de Nucourt eSaint-Leu-d'Esserent com as rampas "simplificadas" em atividade, eambos os objetivos foram postos à frente da até então incompleta eerrônea lista de prioridades do Ministério do Ar. Foi criado o Comitê

 para a operação "Crossbow" (Catapulta), sob a presidência de Mr.

Duncan Sandys, com a tarefa de supervisionar as medidas em fase deexecução contra as armas de longo alcance alemães. Na últimasemana de junho, a Oitava Força Aérea americana lançou váriosataques maciços contra Nucourt e Saint-Leu-d'Esserent; de seu lado,também o Comando de Bombardeio britânico atacou Saint Leu nosnoites de 4 e 7 de julho.

 O resultado aparente desses ataques foi que o número de bombas,

que diariamente chegavam à Grã-Bretanha, diminuiu de 100 a menosde 70 por dia, entre 7 e 17 de julho, das quais a defesa derrubava umamédia de 40 diários, atingindo Londres umas 25. Porém, outros teatrosde guerra reclamavam a presença dos bombardeiros aliados e aoperação "Crossbow" poucas vezes voltou o ter (pelo menos comreferência à V-1) contornos espetaculares; a tarefa de enfrentar as V-1

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Segunda Guerra Mundial 16

ficava entregue daí por diante, aos recursos exclusivos da DefesaAérea da Grã-Bretanha.

 

Contudo o êxito defensivo que as forças do Marechal Hill estavamobtendo na batalha da V-1, traduzido na baixa porcentagem de"bombas-voadoras" que atingiam o alvo principal - Londres - osistema apresentava aos olhos do comandante da Defesa Aérea daGrã-Bretanha alguns inconvenientes que impediam o plenorendimento das armas empregadas e suscitavam com freqüênciaespinhosos problemas de jurisdição e competência. Foi necessárioregulamentar o campo de ação dos caças e da artilharia antiaérea; foi

 preciso decidir que nos dias de bom tempo os caças tinham prioridade para a perseguição dos projéteis inimigos, mesmo dentro do chamado"cinturão artilheiro”, enquanto que nos de pouca visibilidade, osaviões eram proibidos de sobrevoar essa zona. Apesar de tudo,ocorriam acidentes que por sua vez geravam atritos entre ascorporações. Decidido a obter o melhor resultado dos recursos de quedispunha e contando com a aprovação de Sir Robert Watson Wat, oinventor do radar, que opinava que suas equipes trabalhariam melhor 

 perto do mar, o Marechal Hill ordenou o deslocamento do "cinturãoartilheiro" à costa sul da Inglaterra. Desta forma; embora o campo deação dos caças ficasse dividido em dois - sobre o mar, diante do"cinturão artilheiro, onde as equipes de radar os ajudariam nalocalização dos alvos, e em terra, atrás do “cinturão”, onde seriamguiados pelos observadores da defesa civil mediante foguetes desinalização, refletores e projéteis de balizamento - a artilharia seria

  beneficiada por poder usar, sem restrições, os novos projéteis

americanos, providos de um dispositivo de ondas de rádio que os faziaexplodir automaticamente nas proximidades do alvo; tais projéteis nãoeram utilizáveis nas zonas habitadas, pois tinham o graveinconveniente de que se não passassem perto do alvo, caíam ao solosem explodir, e podiam significar um perigo para a população.

 Tanto o Tenente-General Pile, comandante da artilharia antiaérea,

como o Vice-Marechal Saunders, que comandava o 2o Grupo de Caça,

se mostraram de acordo, numa reunião celebrada a 13 de julho, com onovo dispositivo, pelo que Hill ordenou a imediata execução, semesperar o autorização dos chefes de estado-maior. Esta ação poderiacustar-lhe a carreira ou proporcionar-lhe uma maior liberdade de ação,como tributo de respeito a um comandante que sabia fazer valer suasconvicções. De início, lhe valeu uma reprimenda por escrito doComitê "Crossbow" onde era censurado por agir sem consultá-lo.

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Armas de Represália Alemãs 17

 A 17 de julho estava completo o deslocamento. Mais de 800

canhões servidos por 23.000 homens e mulheres, junto com mais de

60.000 toneladas de víveres e munições, ocupavam suas novas posições, intercomunicadas por mais de 5.000 quilômetros de cabos. A princípio, os fatos pareceram inclinar-se contra Hill. Na primeira

semana sob o novo sistema, 204 "bombas-voadoras" de um total de473 avistadas, atingiram os limites urbanos de Londres; somente entreo entardecer de 21 de julho e o do dia 22, os canhões e os caçasderrubaram 43 projéteis, e os globos das barreiras outros 17. Porém o

resultado era ligeiramente inferior ao da última semana sob o antigosistema, e o dos caças, particularmente, notoriamente inferior. 

 No entanto, como prêmio aos esforços de Hill por coordenar aação dos seus subordinados, os resultados defensivos começaram amelhorar em fins de julho. A percentagem de projéteis destruídossubiu na terceira semana de agosto a 74% dos detectados, chegandoem algumas semanas posteriores, a 83%. Também, como fatores que

de um modo ou de outro influíram para que a balança se inclinassedecididamente para o lado dos defensores, é necessário citar oincremento recebido pelo “cinturão artilheiro”, de 38 canhões leves e180 pesados, o emprego dos novos caças a reação "Meteor" - emborao grosso dos aviões continuassem sendo os "Tempest" V, "Spitfire"XIV, "Mustang" III e, em missões noturnas, os "Mosquitos" - e aadoção de novos sistemas de radar, especialmente adaptados.

 

Hill pôde declarar com relação à eficácia da defesa que "somenteuma de cada oito bombas disparadas tem probabilidade de chegar aoalvo". A 28 de agosto, por exemplo, 28 caças que voavam sobre o mar diante do "cinturão artilheiro" derrubaram 13 bombas de um total de97 detectadas; os canhões deram conta de outras 65 e novamente oscaças abateram outras dez; das 9 restantes, 2 se chocaram. contra a

 barreira de globos, 4 caíram no objetivo e 3 passaram de largo paracair no campo.

 A constante ascensão da curva de êxitos defensivos induziu osmembros do Comitê "Crossbaw" e o Ministério do Ar a enviar nos

 primeiros dias de setembro várias cartas de felicitações ao MarechalHill, com o que, implicitamente ficava aceita a sua decisão detransladar a artilharia antiaérea à costa sul.

 

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Segunda Guerra Mundial 18

Porém, pilotos e artilheiros não iriam mais ter muitas ocasiões dedemonstrar a sua capacidade combativa. Depois de cruzar o Sena

 perto de Paris, a 29 de agosto, tropas anglo-canadenses chegaram ao

Somme no dia 31, poucas horas antes que uma bateria descarregadado Flakregiment 155 W efetuasse o último disparo do territóriofrancês, ao amanhecer de 1o de setembro, antes de bater em

 precipitada retirada para um acampamento situado nas imediações deAmberes, onde já se encontrava o grosso do regimento. O GeneralHeinemann, com o Estado-Maior do 65o Corpo, esteve a pique de cair nas mãos das vanguardas britânicas, perto de Waterloo, quando

 procurava se dirigir a Bruxelas, procedente de Maisons-Lafitte.

 A pausa imposta pela retirada das tropas do Coronel Wachtelsomente foi quebrada a 5 de setembro. Ao amanhecer desse dia, o IIIKG 3, uma formação de velhos bombardeiros "Heinkel" III, adaptados

  para o lançamento das V-1 do ar, disparou nove projéteis contraLondres, antes de retirar-se para o noroeste do Alemanha. Com as 100"bombas-voadoras" lançadas ao todo por essa unidade desde a

 primeira semana de julho, o total de projéteis V-1 disparados contra a

Grã-Bretanha chegou a cerca de 9.000. Deles, mais de 2.000 sedesintegraram pouco depois do lançamento; dos 6.725 que foramavistados da costa inglesa, 3.463 caíram graças à ação dos caças,canhões ou barreiras de globos. Os restantes alcançaram a zona dedefesa civil de Londres, salvo algumas dezenas que caíram no campoou em outras cidades.

 Uma nova ameaça: a V-2

  No mesmo dia (13 de junho) em que o Coronel Wachtel iniciava aofensivo V-1 contra Londres, um foguete A-4 procedente dareconstruída estação experimental de Peenemunde, desviou-seinesperadamente da trajetória marcada e foi cair no sul da Suécia,

  perto de Molmö, depois de um vôo de mais de 150 quilômetros.Autorizados pelo governo sueco, dois oficiais do Intelligence Service

 britânico inspecionaram os restos do foguete e acertaram o seu envio

ao Reino Unido. A Alemanha protestou energicamente ante a Suécia, pelo que

considerava "uma atitude desleal e em conflito com a política deneutralidade proclamada por esse governo". A nota diplomática alemãnão era acompanhada de ameaças (que, por outro lado, o III Reich jánão estava mais em condições de cumprir) e nem foi levada em conta

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Armas de Represália Alemãs 19

 pelas autoridades suecas; assim, a primeira remessa dos restos dofoguete chegou à Grã-Bretanha em meados de julho, chegando a outra

 por mar, no dia 31. O projétil foi "reconstruído" pelos técnicos do

Ministério do Ar, sob a direção do doutor Jones, nos laboratórios. deFarnborough. Quase ao mesmo tempo chegava a Londres um engenheiro polonês

que tivera ocasião de examinar um foguete capturado quase intacto pelos membros da Resistência em Blizna, Polônia, onde os alemãesestavam testando a nova arma. O emissário trazia uma valise commais de 50 quilos de material retirado do foguete, e seus informes

foram de inestimável importância para determinar as características dafutura V-2. Pouco depois, o comitê "Crossbow" tinha em seu poder uma

descrição bastante precisa da nova ameaça que pairava sobre Londres.O artefato que o Marechal Hill e seus efetivos da Defesa Aérea daGrã-Bretanha teriam de enfrentar, era, segundo estimativas do doutor Jones, um foguete de uns 12 a 15 metros de comprimento e com cerca

de 12 toneladas de peso, com uma carga explosiva de 800 a 1.500quilos; era atribuída a ele uma velocidade acima de 3.000 quilômetros por hora, com um alcance de 400 a 500 quilômetros e uma alturamáxima de quase 100 quilômetros. Para o lançamento do foguete nãose requeriam instalações especiais: bastava uma plataforma decimento de poucos metros quadrados, sobre a qual estacionava oveículo vector - um caminhão especialmente construído e munido deum dispositivo que permitia colocar o foguete em posição vertical.

Segundo todos os indícios, os alemães haviam iniciado vários mesesatrás a fabricação em massa da arma, e por essa razão os técnicosacreditavam que a ofensiva V-2 pudesse começar em princípios desetembro.

 Hill e o seu estado-maior previam que o dispositivo de defesa

testado com tão bons resultados contra a V-1, resultaria de escassa ounula eficiência diante da V-2. Sabiam que os depósitos de

armazenamento dos foguetes eram subterrâneos, embora tambémhouvesse alguns de madeira, perfeitamente camuflados e dispersos em bosques; sabiam também que os foguetes a ponto de lançamento esuas guarnições somente seriam vulneráveis a um ataque aéreoafortunado durante um lapso de duas horas aproximadamente. Assim,suas maiores esperanças repousavam na possibilidade de que a açãodos bombardeiros aliados desarticulasse as comunicações alemãs e

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Segunda Guerra Mundial 20

dispersasse as unidades encarregadas da operação V-2. E, principalmente, que o avanço aliado na Europa obrigasse o inimigo aretirar-se para linhas mais afastadas, de modo que Londres ficasse fora

do alcance do foguete. Essas esperanças decaíram um pouco ao concentrar o General

Eisenhower o peso principal da sua força sobre a ala direita doavanço, e se desvaneceram por completo com o fracasso da audaciosaoperação dos pára-quedistas britânicos em Arnhem-Nimega, emterritório holandês.

 

As SS e as armas secretas Desde que o foguete A-4 entrou em uma fase avançado do seu

desenvolvimento, as SS pareciam considerar a nova arma como sua.Por sua influência operou-se a transferência das tropas em instrução aBlizna, reduto das SS. Também a decisão de efetuar a montagem dofoguete em Niedersachswerfen obedecia à mesma razão. A 6 deagosto de 1944, duas semanas depois do atentado contra Hitler, este

designou Himmler como Comissionado Especial para todas asquestões relativas à V-2. Aparentemente, a decisão do Führer tinha,implícita, uma dupla finalidade: recompensar a lealdade das suas SS,dando-lhes o controle de uma arma inédita, e, ao mesmo tempo,infligir um castigo coletivo à Wehrmacht - que havia acolhido em seuseio os "traidores" de julho - arrebatando-lhe o fruto de muitos anos deestudos e esforços. Himmler surrupiou de fato as operações V-2 dasmãos do General Heinemann, cujo malbaratado 65o Corpo estava se

reagrupando "em algum lugar do oeste". O comando dos operações foiconfiado ao General das SS Kammler, que recebeu, a 29 de agosto, aordem de iniciar a ofensiva contra Londres de uma área compreendidaentre Gante, Tournai, Malinas e Amberes, plano que teve de ser abandonado ante a rapidez do avanço aliado. Dividiu suas tropas emdois grupos, de duas baterias cada um: o Grupo Norte, comandado

 pelo Coronel Hohmann, que tomaria posição perto de Haia para atacar Londres, e o Grupo Sul, sob as ordens do Major Wehbe, distribuído na

Renânia para atacar objetivos na França e Bélgica; ao todo, uns 6.000homens equipados com cerca de 1.600 caminhões. Contava, também,com "uma bateria experimental", agregada ao Grupo Sul com a missãoespecífica de atacar Paris. Depois de duas tentativas falhas efetuadas a6 de setembro, essa bateria conseguiu, no dia 8, um impacto na zona

  povoada dos subúrbios parisienses. Posteriormente, a unidade

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Armas de Represália Alemãs 21

experimental foi agregada ao Grupo Norte, e, de suas posições na ilhaholandesa de Walcheren, somou-se ofensivo contra Londres.

 

Dupla ofensiva V-1 e V-2 Os alarmantes informes que indicavam a iminência da ataque a

Londres com foguetes de longo alcance tiveram confirmação às 6 h 43m da manhã de 8 de setembro, quando um desses artefatos, disparadode um local próximo a Haia, explodiu em Chiswick, causando trêsmortes e dez feridos. Um minuto depois, outro foguete da mesma

 procedência destruía algumas choças de madeira em Epping.

  Na sua função de Comandante da Defesa Aérea da Grã-Bretanha,o Marechal Roderic Hill tinha sobre os seus ombros a dupla tarefa de

 proteger as ilhas de qualquer novo ataque das "bombas-voadoras" e dedecidir e executar as contramedidas necessárias para neutralizar as

  bases de lançamento dos foguetes V-2. Determinou, em primeirolugar, a dispersão do "cinturão artilheiro" da costa sul, já que,

 presumivelmente, as próximas "bombas-voadoras" viriam pelo leste,

distribuindo, em meados de setembro, a massa de canhões entre oestuário do Tâmisa e uma área compreendida entre Clacton, Harwick e Yarmouth. Calculava que, sendo maior a distância que a bomba ou oavião lançador teriam que percorrer, seus caças teriam maiores

 probabilidades de interceptação. Mais difícil de resolver era o problema suscitado pelas V-2, que

continuavam chegando às ilhas num ritmo de dois foguetes por dia.

Diante deles, os sistemas de interceptação convencionais estavam deantemão condenados ao fracasso... De momento, o mais urgente era averiguar de onde provinham os

foguetes. Com esse fim determinou a duplicação do número deestações dotadas de equipamentos de radar especiais, estendendo umadensa rede entre Dover e Lowestoft; dois regimentos providos deglobos de observação e estações móveis de radar foram distribuídos na

costa leste da Inglaterra e no território continental conquistado pelosexércitos aliados. Todas as informações eram centralizadas por umaunidade móvel de transmissões com sede em Molinas, emcomunicação com o QG de Hill em Stanmore. Logo ficou evidenteque a maioria dos lançamentos eram efetuados de bosques vizinhos aTer Horst, Eikenhorst e Raaphorst, na região de Haia. Hill pediu aoComando de Bombardeio que esses objetivos fossem atacados

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Segunda Guerra Mundial 22

maciçamente o mais cedo possível: a 14 de setembro Raaphorst, e trêsdias depois Eikenhorst, receberam a "visita" dos bombardeiros daRAF. Porém, como sucedera no caso da V-1, a ação não causou os

efeitos desejados...  No dia 17 de setembro, tropas aerotransportadas. aliadas desceram

na região Nimega-Arnhem, numa manobra de distração tendente afacilitar a travessia do baixo Rhin pelo Grupo de Exércitos doMarechal Montgomery. Ante o temor de que suas forças ficassemisoladas, o General Kammler ordenou ao Grupo Norte que batesse emretirada para Burgsteinfurt, perto de Munster, onde se encontrava seu

QG, e a bateria experimental abandonou suas posições na ilhaWalcheren e se transferiu para Zwolle, na Holanda central. No dia 18,uma bateria desgarrada do Grupo Norte disparou contra Londres oúltimo foguete da primeira fase da ofensiva; nos dez dias que durouforam lançados contra Londres 35 projéteis V-2, dos quais apenas 17caíram na região de Defesa Civil da capital. A 25 de setembro, quandoo fracasso da operação aerotransportada britânica era já evidente paraos alemães, o General Kammler ordenou que a bateria experimental

tomasse posição em Staveren, na Frísia, para recomeçar os ataques,tendo Norwich e Ipswich como objetivos. Às 19h 19m desse dia, umfoguete que caiu em Hoxne, Suffolk, marcou o começo da segundafase da ofensiva V-1. A 30 de setembro, Kammler determinou que oGrupo Norte retornasse às suas posições anteriores, nas imediações deHaia, de onde essa unidade continuou operando até fins de março de1945.

 

Porém, na tarde do mesmo dia 17, o grupo aéreo III KG 3 queantes havia cooperado na ofensiva V-1 do Coronel Wachtel, lançando"bombas-voadoras" da França, recomeçou seus ataques contraLondres. Contra a expectativa, os projéteis lançados do ar,apresentavam mais dificuldades para a interceptação que osdisparados de rampas, já que voavam usualmente a menos de 500metros do solo, o que fornecia pouca probabilidade de detecção aosradares e escasso ângulo de tiro à artilharia antiaérea.

Além disso, as bombas podiam vir, praticamente, de qualquer  parte, não permitindo o estabelecimento de um "cinturão artilheiro"como o que tão bons dividendos rendera na ofensiva anterior. Hilldeterminou, em fins de setembro e princípios de outubro, o

 bombardeio dos aeródromos de Varrelbusch, Zwischenahm, Aalhorn eHandorfbei-Munster, dos quais operava o III KG 3. Todos eles foram

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Armas de Represália Alemãs 23

sucessivamente atacados pelo Comando de Bombardeio britânico e  pela Oitava Força Aérea americana. A ofensiva V-1 pelo ar nãocessou, porque a Luftwaffe foi paulatinamente incrementando os

efetivos do III KG 3 com os restos de suas esquadrilhas de bombardeiros; tampouco foi Londres o único objetivo visado por essaunidade, já que sua mobilidade lhe permitia selecionar os alvos à suavontade. Ao anoitecer de 24 de dezembro, por exemplo, 50 aviõesalemães lançaram outras tantas V-1 contra Manchester. Porém aescassez de combustível, unida às fortes perdas que essa operação tãoarriscada causava nas tripulações (dos 41 aviões perdidos pelo III KG3, calcula-se que, não menos da metade deles, se deveram a acidentes

no lançamento), impôs à Luftwaffe a suspensão da ofensiva. Às2h33m da madrugada de 14 de janeiro caía sobre o Reino Unido aúltima V-l, explodindo em Horsney, um subúrbio norte de Londres.

 A partir de meados de janeiro até fins de fevereiro, a ofensiva

contra as ilhas ficou exclusivamente entregue à V-2, que o Grupo Norte e a bateria experimental de Kammler lançavam então com umacadência de dez foguetes diários, enquanto o Grupo Sul continuava

atacando objetivos do continente, especialmente na região de Amberes(Antuérpia). Salvo algumas esporádicas e nem sempre eficazes nemoportunas intervenções do Comando de Bombardeio - dificultadastambém pelo fato da Holanda ser um país aliado e era preciso evitar, omais possível, causar baixas entre a população civil - o Marechal Hillnão dispunha de outros recursos senão os caça-bombardeiros daDefesa Aérea para atacar sistematicamente as bases de lançamento.

 Nos dois primeiros meses de 1945 suas formações realizaram 1.143

missões contra aqueles objetivos, o que determinou uma notáveldiminuição do número de projéteis que chegaram a Londres nesselapso. Pouco depois chegaram informes a Londres de que os alemães

 preparavam outra ofensiva com uma versão modificada da V-1, demuito maior alcance que a anterior. A 28 de fevereiro, oreconhecimento fotográfico demonstrou a presença de rampas delançamento apontadas contra Londres em Ypenburg, perto de Haia, eem Vlaardingen, povoado vizinho de Roterdã; posteriormente, foi

localizada uma terceira, em Delft. Encontraram-se, ainda, outras trêsrampas apontados contra Amberes (Antuérpia). Para enfrentar essa nova ameaça, Hill redistribuiu a artilharia

antiaérea, reforçando a barreira de canhões entre Sheppey eOrfordness; três esquadrões de "Mustangs" patrulhariam o mar diantedessa barreira, enquanto um esquadrão de "Meteors" cedido pela

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Segunda Guerra Mundial 24

Segunda Força Tática tentaria a interceptação dos projéteis entre asdefesas artilheiras e Londres. De noite, dois esquadrões de"Mosquitos" patrulhariam o mar e um de "Tempests" vigiaria atrás

dos canhões. Os equipamentos de radar foram postos em estado dealerta. Hill recomendou o bombardeio das rampas em fins de fevereiro,

 porém sua sugestão não foi ouvida, pois o Estado-Maior do Ar nãoacreditava que o inimigo estivesse em condições de operar nassemanas imediatas. Contudo, as defesas estavam preparadas e das sete

 bombas que chegaram à Inglaterra na madrugada de 3 de março, seis

foram destruídas e apenas uma caiu em Bermonsey pouco depois das3. Das outras dez bombas disparadas entre a noite do dia 3 e o meio-dia de 4, quatro foram destruídas, quatro caíram no campo e duas emLondres. Apesar dos freqüentes ataques da aviação aliada, a ofensivaV-1 continuou até fins de março, e a artilharia derrubou a última delasno dia 29, às 12h43m, caindo o projétil no mar, no altura deOrfordness. Nessa última fase foram lançadas 275 bombas-voadoras,das quais somente 125 chegaram a cruzar a costa inglesa; 91 foram

destruídas pelas defesas e as restantes caíram em Londres. Dois dias antes, 27 de março, às 4h45m, caía em Orpington, Kent,

o último foguete V-2 dos 1.403 disparados contra a Grã-Bretanha emmais de seis meses. Deles, 517 haviam alcançado o região da defesacivil londrina, caindo 537 no campo ou outras cidades e 61 no mar,

 porém a uma distância que permitiu às defesas avistá-los; os restantes288 foram disparos falhos.

 Em vista da nova pausa ter todas as aparências de ser definitiva,Hill suspendeu os ataques à zona de lançamento a 3 de abril. Emborao reconhecimento aéreo, como medida de precaução tenha continuadoaté o dia 25 de abril, o radar cessou a vigilância no dia 13. A 2 demaio, os estados-maiores aliados concordaram em suspender todas asmedidas contra as armas de longo alcance alemãs, ante informes deque elas teriam pouquíssimas probabilidades de reiniciar suas

operações. Depois de lançar seu último foguete a 27 de março, as tropas do

General Krammler que operavam na região de Haia se retiraramordenadamente para a Alemanha, por ordem do OKW, que temia quesuas posições fossem conquistadas e o equipamento caísse intacto nasmãos dos Aliados. Porém o colapso do Reich estava já muito próximo,

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Armas de Represália Alemãs 25

e a 9 de maio de 1945 o grosso destas forças se rendia ao 9o Exércitoamericano.

 

“Paperclip” Os técnicos militares são unânimes em afirmar que a ofensiva das

"armas de represália", em que tantas esperanças haviam depositado oscírculos responsáveis alemães, resultou mais espetacular que eficiente.Porém há um fato que na opinião de alguns justificava por si só oemprego da V-1 e da V-2: para conjurar a ameaça das armas secretasos Aliados tiveram que desviar milhares de saídas de seus

 bombardeiros e mais de 130.000 toneladas de bombas que poderiamter utilizado contra outros objetivos mais decisivos para o curso daguerra.

 A "bomba-voadora" despertou pouco interesse nos peritos; sua

reduzida velocidade e pequena altura operacional, tornavam-naextremamente vulnerável à interceptação pelos caças ou pela artilhariaantiaérea. O contrário, porém, aconteceu com a V-2, que muitos

consideraram, num primeiro momento, como a arma da guerra dofuturo. A 2 de abril de 1945, o General Eisenhower recebia a Diretiva

1.067, na qual se instava o comandante-supremo aliado a tomar asmedidas necessárias tendentes a preservar da destruição e "paracapturar todos os planos, fotografias e dados relativos às novas armasalemãs". Assim teve início a "Operação Paperclip", a cargo dos

serviços secretos americanos; no decurso dos anos seguintes, milharesde documentos seriam examinados minuciosamente, ao mesmo tempoem que na zona ocupada pelos Aliados ocidentais se levava o cabouma paciente busca dos técnicos que haviam estado vinculados aos

  projetos da estação experimental de Peenemunde. Poucos mesesdepois, se encontravam trabalhando nos Estados Unidos perto de 130cientistas alemães, alguns dos quais eram reclamados pelos tribunaisde desnazificação. Centenas mais chegaram a esse país no imediato

após-guerra. Em 1948, a "Operação Paperclip" resultara em colocar 1.136 técnicos e cientistas alemães e austríacos trabalhando nanascente fabricação de foguetes americana; entre eles figuravam oGeneral Walter Dornberg e um dos seus mais jovens e brilhantescolaboradores, Werner von Braun.

 

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 Não consta de que os soviéticos tenham montado uma operação dotipo "Paperclip" ...

 

Embora não haja maneiro de determinar qual dos dois países foimais eficiente em suas gestões, não será arriscado afirmar que ambosobtiveram dos seus inimigos de ontem os fundamentos sobre os quaiserigiram suas indústrias espaciais.

 

Anexo

 

Bases de lançamentoReproduzimos um relatório do Esquadrão n° 226, equipado com bombardeiros leves Mitchell, destacado para a destruição das bases para lançamento das bombas V-l

"A 4 de janeiro a unidade foi selecionada para atacar a construçãode uma base de lançamento no norte da França. As bombas caíram de1.800 a 2.300 metros, porém sem resultados satisfatórios.

"Um ataque similar foi levado a cabo a 5 de janeiro, conseguindo-

se uma boa concentração na área do alvo e a operação redundou numêxito. Não se avistou nenhum avião inimigo, nem se encontrouresistência da artilharia antiaérea.

"No dia 7 de janeiro, nenhum informe sobre missão alguma podiaconsiderar-se completo sem estas palavras familiares: construções de

  bases de lançamento. Neste dia, o ataque teve êxito, como foidemonstrado pelas fotografias aéreas.

"A 14 de janeiro se levou a cabo outro ataque não decisivo, porém

a 5 de fevereiro o Esquadrão se mostrou interessado ao ser apontadoum novo alvo: um aeródromo em Beauvais-Lille. A mudança mereceumuito boa acolhida. Contudo, a 6 de fevereiro, voltamos às“construções de bases de lançamento”. O ataque foi um fracassodevido às nuvens, obstáculo normal para o bombardeio de altitudecom meios visuais.

"A 8 de fevereiro levamos a cabo dois ataques, ambos frustrados.Uma incursão realizada a 9 de fevereiro foi considerada bem sucedida,

empregando-se o método “Gree” de navegação por radar.“No dia 15 de fevereiro efetuamos outros dois ataques, um comsorte. A incursão de 25 de fevereiro determinou 50% de feridos emconseqüência do fogo antiaéreo a 9.000 pés (2.800 metros), porémsem notarmos a presença de aviões inimigos.

"O ataque de 28 de fevereiro foi de resultados indecisos.

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"Durante os dias 2, 3, 4 e 28 de março foram repetidos os ataquesde uma altura de 10.000 pés (3.300 metros) em média porém, emresumo, não deram grandes resultados. A aviação inimiga primava

 pela ausência fato que deve ser imputado à proteção dos objetivos nosolo pátrio, em vista da sistemática destruição das cidades alemãesempreendida pelo Comando de Bombardeio".

 

Uma mancha esquisita

A mancha era pequena, esquisita. Era difícil distingui-la na texturacinzenta e quadriculada da fotografia aérea. Além disso, antes não

estava ali; ou, pelo menos, não foi observada nas tomadas anteriores.Os informes começaram a chegar em abril de 1943 ao escritório deMr. Duncan Sandys, membro do Parlamento. Eram montões de relatose informações imprecisas, tremendamente difusas, provenientes deagentes secretos. Sandys sabia que o conteúdo de cada folhadatilografada havia custado muito sangue e muito dinheiro.

Segundo os agentes secretos, o inimigo aperfeiçoava um novo tipode arma para bombardeio a longo alcance. Analisando detidamente os

dados e comparando-os com os de outras fontes de informações,Sandys e seus homens chegaram a suspeitar que a nova arma - se éque existia estava sendo experimentada em algum lugar da costa domar Báltico. Então começaram as fotografias e apareceu a manchaesquisita. Mas não apareceu logo.

Primeiro fotografaram diversos lugares da costa do Báltico, atéque Peenemunde, localizada numa ilha, se revelou como uma ampla eavançada estação experimental. As lentes das câmaras instaladas nos

aviões de reconhecimento, começaram a focalizar Peenemunde cadavez com maior freqüência. Os foto-intérpretes foram amontoandodados cada vez mais precisos sobre a ilha, até que apareceu a talmancha.

Em realidade, era, praticamente, a única novidade. E algunsintérpretes chegaram a pensar que poderia ter aparecido antes e quenão fôra notada.

Submeteram-na, então, a uma cuidadosa análise. Finalmente

comprovaram que, em essência, era um objeto parecido com um aviãoem miniatura, montado no que podia ser uma espécie de rampametálica com trilhos. Em fotografias posteriores pôde-se apreciar queo terreno em volta estava sulcado de traços ou estrias escuras. Sandysrecordava um relato de ficção científica em que presença de umfoguete marciano era denunciada pelo gramado queimado nas pontas.

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Segunda Guerra Mundial 28

Também ale, anteriormente, pensara que as estrias enegrecidas dafoto haviam sido provocadas por uma rajada abrasadora.

Considerando todos esses elementos, Sandys enviou um relatório

aos seus superiores: "a mancha esquisita observada em uma das fotosde Peenemunde, bem pode ser um tipo de aeronave sem piloto,impulsionada a reação..." Numa conferência pronunciada em setembrode 1944, Mr. Duncan Sandys disse: "Todas nossas dúvidas sedesvaneceram ao descobrir, em fins de novembro, que os alemãesconstruíam ao longo de toda a costa francesa, desde Calais atéCherburgo, uma série de estruturas de concreto, com muitos pontos desemelhança, sem possibilidade de engano, com aquelas já descobertas

na estação experimental do Báltico. Mais tarde soubemos que asinstalações da França estavam, na maioria, orientadas na direção deLondres...

Pouco tempo depois, e apesar do devastador ataque aéreo sobre asrampas de lançamento, 8.000 bombas-voadoras, disparadas a umavelocidade de 500 a 600 quilômetros por hora, sulcavam o espaço.2.300 alcançaram a área de Londres.

 

Operação V

Janeiro de 1944. Blizna, Polônia. Dois homens, aparentementedois desconhecidos, se cruzam numa ruazinha do povoado. Um deles

 porém, leva em sua mão um pequeno pedaço de papel. Ao passar   junto ao segundo desconhecido, a nota troca rapidamente de mão.Assim, uma hora mais tarde, um transmissor de rádio, oculto numagranja dos arredores, comunica a Londres, em linguagem cifrada, um

episódio que acaba de ocorrer a quase duzentas milhas de Blizna...Um grupo de aldeões poloneses trabalha nos campos querodeiam uma pequena aldeia. Ninguém pode prever o que vai

ocorrer daí a alguns minutos. E, no entanto, o inesperado acontece. Desúbito, uma atroadora explosão sacode os arredores. Uma nuvem defumaça se eleva e lentamente começa a dissipar-se. Quando a calmavolta a reinar, as pequenas casas da aldeia desapareceram. Uminstante mais tarde, dois caminhões carregados de soldados alemães

estacionam muito perto dali. Os homens descem, e correm até ao localonde acabara de produzir-se o desastre. A uma ordem do oficialque os comanda, os soldados, pertencentes a uma unidade SS,começam apressadamente a recolher pequenos fragmentos dispersosentre as ruínas. Os aldeões, atônitos, os observam, sem compreender oque está passando. Apenas um deles olha com mais atenção ecompreende. Afasta-se dali rapidamente. Instantes depois, uma nota

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escrita com mão nervosa, começa a passar de mão em mão até chegar às de um jovem que opera um transmissor.

Em Londres, após receber a mensagem, uma complicada rede

de comandos começa a mobilizar-se e a estudar a informação. E surgeentão a conclusão inevitável: os alemães trabalham numa arma secretae é necessário conhecer dados, detalhes, cifras, datas...

O movimento de Resistência polonês, mobilizando seus homens,coloca em marcha sua aparelhagem de espionagem. Agentes isoladosarriscam permanentemente suas vidas numa "caça a um pedaço demetal". Patrulhas especiais, escapando aos grupos de soldadosalemães, recolhem pedaços de turbocompressores, tanques de

combustível e equipamento eletrônico.Por fim, a sorte inclina a sua balança em favor dos combatentesclandestinos e um dia, um dos estranhos projéteis cai sem explodir, namargem do rio Bug, nas cercanias da aldeia de Sarmaki.

Os homens da Resistência de imediato, se entregam à tarefa derecolher o petardo. É a grande oportunidade e eles o sabem. Talveznunca tenham outra igual.

Um grupo de poloneses, arrastando o projétil com dificuldade, o

lança, finalmente, às águas do rio. Em seguida, conduzem ao localgrande quantidade de gado, e fazem com que os bois atravessem o rio,turvando de tal maneira as águas que se torna muito difícil a tarefa dosalemães incumbidos da localização do engenho.

 Nessa mesma noite, cautelosamente, os poloneses retiram a armadas profundezas do rio e a transportam para longe dali.Imediatamente, tratam de desarmá-la e retirar dela as peças e partesque aparentemente são vitais.

A informação, entrementes, chegou a Londres. De lá,urgentemente, os comandos solicitam que o petardo ou suas com principais peças sejam remetidas à Grã-Bretanha.

A operação, planejada cuidadosamente, consistiria no envio de umavião aliado, que aterrissaria numa pista abandonada, nas imediaçõesdo local. Ali, rapidamente, numa operação executada em segundos, o

 projétil ou suas partes seriam transportadas ao aparelho que, levantariavôo, no mesmo instante. Os cálculos prévios indicavam que seis

minutos seriam suficientes para a operação.  Na noite de 25 de julho de 1944, dia fixado para executar amanobra, perto de 400 membros da Resistência rodearam a pista e os

 bosques adjacentes, em missão de vigilância. Pouco antes da hora prevista para a aterrissagem do avião britânico, um grupo de caçasalemães evoluiu sobre a pista, realizando ao mesmo tempoaterrissagens e decolagens.Para tranqüilidade e alívio dos homens que

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Segunda Guerra Mundial 30

 permaneciam nos arredores com as mãos crispadas na coronha dasarmas, os aviões alemães se afastaram tão rapidamente como haviamchegado.

A espera, então se tornou angustiosa. Existia indiscutivelmente a possibilidade de uma nova aparição dos caças alemães. E também atrágica possibilidade de um encontro entre esses caças e o avião

 britânico que já se encontrava em vôo, e muito perto dali. À horamarcada, um avião "Dakota" britânico sobrevoou o campo, e, à luz de

 precárias tochas tocou terra numa manobra impecável, aterrissandoem estilo de combate. Rapidamente um grupo de poloneses subiu pela

 portinhola, levando consigo a documentação recolhida pelos homens

da Resistência e numerosas peças vitais do petardo.À um sinal do piloto e já com o tato ligado, as hélices foramnovamente acionadas. Acelerado gradualmente, o "Dakota", noentanto, não avançou, trepidando sobre o terreno. Uma e outra vez, osmotores foram parados e postos novamente em marcha. O "Dakota"

 porém, se mantinha imóvel. Por fim, saltando a terra, a tripulaçãocomeçou um febril trabalho de reparação. Os motores rodavam a umritmo normal; o movimento das hélices era correto; os lemes

respondiam à manobra com suavidade.. . Tudo parecia estar emordem. Alguma coisa, contudo, falhava. Por fim, o piloto deduziurepentinamente a razão que impedia a movimentação do aparelho: osfreios. E eram mesmo. Os freios estavam bloqueados. Imediatamenteos tubos que conduziam o óleo foram cortados e o líquido derramado.Repentinamente, liberados os freios, o avião deu uma sacudida e ficounovamente imóvel. Em seguida, o girar das hélices levantou nuvens de

 poeira. E com uma rápida acelerada, o avião começou a taxiar para o

extremo da pista. Já em vôo, a tripulação enfrentou um novo  problema. De fato, vasados os tubos da instalação hidráulica, eraimpossível recolher o trem de aterrissagem. A conseqüência seria umaapreciável diminuição na velocidade do aparelho. Contudo, oinconveniente foi rapidamente superado, enchendo novamente ostubos com água das rações dos tripulantes.

Assim, via Brindisi, os segredos da V-2 chegaram a Londres. O piloto do "Dakota" resumiu a experiência num relatório que deixa

entrever, claramente, a têmpera dos homens que tiveram em suasmãos a operação: "Com exceção de uma ligeira agitação na pista, tudotranscorreu muito facilmente".

 No momento em que o "Dakota" decolou, as patrulhas alemães seencontravam a quinhentos metros do local...

 

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Armas de Represália Alemãs 31

Dornberger

"Grandes massas de bombardeiros inimigos se deslocam ao norteda ilha de Rugen, com rumo desconhecido... " A voz impessoal, fria,

chegou até ao Major-General Walter Dornberger através do telefoneque comunicava seu QG com os postos de observação avançados.Dornberger, depois de desligar, meditou brevemente. Existia, sim,uma possibilidade de que a usina de Peenemunde, de que ele era aautoridade máxima, fosse atacada aquela noite. Porém existiam,também, muitas possibilidades de que não fosse. Dornberger decidiuentão tomar as medidas de segurança de rotina, e, após assegurar-se deque cada posto de escuta e cada bateria estavam de prontidão para

entrar em ação, retirou-se para descansar. Dornberger dormia profundamente quando o som inconfundível dos canhões antiaéreos odespertou, sobressaltado. Em seguida, sem solução de continuidade,surdas explosões fizeram estremecer as instalações da base. A

 primeira reação de Dornberger foi pensar em um exercício noturno,que havia autorizado naquele mesmo dia. Logo compreendeu que não

 podia se tratar de um simulacro. Era, indubitavelmente, um ataque emregra. "Senti-me transpassado - declarou Dornberger mais tarde -; a

cena na qual fixei o meu olhar tinha em si uma sinistra e aterradora beleza. Eu a contemplava como se fosse, visto através de uma cortinarosada e diáfana, um incrível cenário de luzes e cores amortecidas..."Peenemunde, desmoronado pelas bombas, estava desaparecendo.Afobados golpes na porta do dormitório de Dornberger anunciaram a

 presença de um subordinado. Informou brevemente ao major-general:"A oficina de medições está em chamas e as de montagem e consertosestão começando a incendiar..." Dornberger, rapidamente, recobrando

o sangue-frio, apanhou o microfone que estava ligado com a rede dealto-falantes da base e começou a dar suas instruções: "Atenção! Falao Major-General Dornberger. Retirem o material da oficina dedesenho, especialmente as caixas de segurança e o arquivo... " Os alto-falantes calaram repentinamente. Um petardo atingira em cheio acentral de rádio e as comunicações foram silenciadas,instantaneamente. Dornberger correu entre uma chuva de bombas eescombros gritando suas ordens. O incêndio, entrementes, adquiria,

minuto a minuto, uma intensidade maior. Os esforços das equipes de  bombeiros e soldados eram praticamente inúteis. O ataque,intensíssimo e inesperado, arrasou grande parte da base, matouhomens-chaves como o doutor Thiel e o engenheiro chefe Walter;além disso, perto de 500 operários, altamente especializados,

  pereceram. Em conseqüência, o programa de lançamento das V-2sofreu um atraso de duas semanas.

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Segunda Guerra Mundial 32

Era 17 de agosto de 1943... 

“O dia em que paralisaram Peenemunde”"O ataque à estação experimental de Peenemunde deve assumir ascaracterísticas do mais forte e pesado ataque noturno do Comando deBombardeio, na primeira oportunidade que as condições

 permitirem..." expressou o Primeiro-Ministro Winston Churchill.Porém, até que o ataque pudesse ser levado a cabo, milhares de

homens trabalharam dia e noite ou morreram para criar a efetividadenecessária.

A base de Peenemunde era um longo e estreito alvo estendidosobre uma ilha do Mar Báltico. Como, mesmo nas melhorescircunstâncias, seria difícil atingi-la, realizaram-se experiências numsetor da costa britânica que tinha certa semelhança com a do centroexperimental.

Ao mesmo tempo foram realizados vôos para precisão da rota eregulagem de tempo, como também exercícios de aproximação namelhor direção de ataque possível.

Desta forma, os erros de aproximação, que, a princípio eram de1.000 jardas quadradas, se reduziram paulatinamente a 300, emrelação à média de impacto das bombas. O plano elaborado para oataque levava em conta que os alemães eram muito sensíveis evulneráveis a qualquer aproximação pela costa sul do Báltico.

Muitos ataques efetuados com êxito contra Berlim, através dessarota, confirmavam essa teoria.

Os esquadrões teriam que voar baixo, cruzando o Mar do Norte,

até à costa oriental da Dinamarca, na tentativa de escapar à detecçãodo radar alemão, até encontrarem-se muito perto da costa; o inimigoteria que dispor apenas do tempo mínimo para alertar os caçasnoturnos. Às diversas tripulações foram designadas tarefas especiais.Existiam os "marcadores cegos" que, com seu radar, balizariam a área,disparando bengalas amarelas; os "marcadores visuais" que, com oauxílio das bengalas teriam que identificar e assinalar os pontos exatosa bombardear; os "reforçadores", cuja responsabilidade era manter as

marcas luminosas disparando marcadores adicionais sobre os pontos previamente determinados, no transcurso do ataque. Todo o ataque eradirigido e supervisionado pelo "Bombardeiro Mestre", aproveitando oequipamento de radiotelefonia que levaria a bordo. Caso fossenecessário, e como uma tripulação mais, deveriam atuar como"marcadores adicionais" para corrigir o bombardeio e, ao mesmo

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Armas de Represália Alemãs 33

tempo, dar instruções cancelando tudo o que pudesse criar confusãoentre os esquadrões.

Cada demarcação devia ser bombardeada durante 15 minutos,

calculando-se que a duração total do ataque seria de 45 minutos.As 21h50m de uma clara noite de verão, o "Bombardeiro Mestre",um "Lancaster" Williams, rumou para a costa dinamarquesa. Poucodepois, os esquadrões voavam sobre a costa de Norfolk, quase a cem

 pés sobre o mar.A ilha de Sylt apareceu, poucas milhas ao sul. Nessa ilha havia

uma base de caças noturnos, porém nenhum deles se mexeu. Passandoa costa da Jutlândia, mudaram o rumo para o leste o começaram a voar 

sobre numerosas ilhas pequenas, com suas granjas pintadas de brancoe praias muito recortadas. J. H. Searby, comandante do "BombardeiroMestre", imaginou que os alemães já estivessem alertados econhecessem o rumo das esquadrilhas através da Dinamarca."Contudo - refletiu - um avião voando baixo sobre o mar, não é fácildistinguir, inclusive sob a luz brilhante da lua, e nós estamos bastantelonge e demasiado baixo para que os grandes radares localizados emterra firme nos tenham detectado."

Marginaram Rugen pelo norte para evitar a artilharia antiaérea ecomeçaram a corrida final para a pequena península na qual seencontrava o estabelecimento experimental alemão. Até ali tudo ia

 bem.Era evidente que os alemães já os haviam detectado, porque logo o

alvo começou a cobrir-se de uma névoa fina, produzida por geradoresde "cortinas de fumaça". Porém haviam começado a funcionar demasiado tarde para estabelecer uma camuflagem eficaz.

Pouco antes da Hora "H", o primeiro grupo de indicadoresamarelos caía na área dos alojamentos, onde viviam os cientistas e ostécnicos, e poucos segundos depois, um indicador vermelho aparecia,

 brilhando entre os outros. Era o marcador do ponto a bombardear.Pontualmente às 2 da madrugada, a força principal iniciou o

 bombardeio pesado. Pouco a pouco, um moderado grupo de bateriasantiaéreas entrou em ação. Os alvos atingidos começaram a espalhar suas chamas. Enquanto isso, a cortina de fumaça ia se tornando cada

vez mais densa, o fogo da artilharia mais forte, e os caças alemãescomeçavam a chegar em grande quantidade. Entrementes, um grandeincêndio tornou-se claramente visível na área do objetivo, emboratoda a sua intensidade não pudesse ser inteiramente observada devidoà fumaça que desprendiam os bosques próximos, ao arderem. Searby,a bordo do "Bombardeiro Mestre" sentia-se feliz com o êxito doataque, preocupado embora, em alguns momentos, quando as bengalas

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Segunda Guerra Mundial 34

indicadoras tornavam-se muito espaçadas, e ansioso, quando os bombardeiros soltavam cargas de bombas longe do objetivo a atingir.Além disso, havia os aviões britânicos que se precipitavam à terra,

envoltos em chamas, enquanto tudo estremecia com a detonação das  bombas e granadas da artilharia antiaérea. Por fim, preocupava-otambém a segurança da tripulação e do seu próprio "Lancaster" queera freqüentemente abalado pelas descargas.

O preço fôra alto: quarenta bombardeiros ingleses destruídos, porém, como dizia o piloto Fitzgerald, com visível otimismo: "Nãoserá necessária outra visita do Comando de Bombardeio aPeenemunde".

 "Camicase alemão"

Tudo não passou de um simples projeto... Em parte, porqueembora a idéia do "Camicase" provocasse temor e até admiração entreeuropeus e americanos, somente um oriental, formado desde criançanuma sublimação quase total do materialismo, seria capaz de umsacrifício semelhante. Pilotar um avião-suicida era como "jogar roleta

russa" com todas as balas... Nos últimos dias do ocaso alemão houve homens que aceitaram osacrifício voluntário e que se declararam dispostos a convencer outros.A idéia foi afastada sucessivamente por Milch e até pelo próprioHitler. Contudo, os defensores dessa teoria trabalharam comhabilidade e conseguiram o apoio do Coronel-General von Greim.Inclusive o próprio General Koller chegou à conclusão de que "umsuicídio assim podia ser útil, com a condição de que tivesse como

resultado a destruição de uma grande unidade", embora, pessoalmente,continuasse sendo contrário aos princípios do projeto.Posteriormente, Hitler, apesar de sua negativa inicial, consentiu em

que se iniciassem os preparativos. A teoria era meter um homemdentro de uma V-1. Milch fez as seguintes observações: tanto otamanho como a velocidade da V-1 eram relativamente pequenos;

 pretender meter um homem no seu interior, seria reduzir sua cargaexplosiva e sua velocidade; o que queria dizer que, na maioria dos

casos, o "piloto-suicida" morreria antes de atingir o alvo, vítima doscaças interceptadores. Certo dia, chegou ao quartel de Milch o oficialda SS Otto Skorzeny. Entrou alegando possuir plenos poderes pararealizar essas experiências, e que sua não realização provocaria a irado Führer. Milch, então, apesar das suas idéias, deu ordem detransformar a V-1 para receber um piloto. Na base experimental de

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Armas de Represália Alemãs 35

Rechlin, vários engenheiros e uma mulher, Hanna Reitscha,começaram os testes.

As poucas experiências que chegaram a realizar provocaram sérias

lesões na coluna vertebral dos pilotos de provas. Ao que parece produziam-se certas vibrações que ocasionavam as tais lesões nostripulantes; posteriormente houve uma tentativa para reduzi-las,alargando a fuselagem. Porém, enquanto isso, a guerra terminava e osque se haviam ofertado para tripular o "vento divino alemão" devemter desconfiado que o sacrifício seria inútil. Pouco a pouco o projetofoi abandonado até cair no anedótico. Um comentarista alemãodeclarou, ironicamente, que "foi a única tentativa para humanizar a V-

1".  

Werner Von Braun

"A utilidade de uma descoberta não pode ser apreciada claramente,até que essa descoberta seja mesmo realizada. Ninguém pode imaginar o que o programa espacial pode causar à humanidade, assim comotampouco Isabel, a Católica, podia imaginar qual seria o resultado da

viagem de Colombo".Essas palavras pertencem a Werner von Braun, o principal e maisconhecido cientista do mundo ocidental. Elas refletem claramente asólida convicção que ele possui em relação à extraordináriaimportância dos seus trabalhos, e principalmente, de suasconseqüências. Estas (o homem na Lua e, eventualmente, nos planetasvizinhos) já quase tornadas realidade, são de uma dimensão óbvia. As

 possibilidades de todos os tipos que oferecerão ao homem a conquista

do espaço se estendem a todos os campos da ciência.Desde os seus primeiros anos, Werner von Braun sentiu o apelo doespaço. Depois de uma infância em que devorou livros e artigosdiscutindo a possibilidade da viagem do homem ao espaço exterior,chegou à adolescência disposto a dedicar sua vida a tal evento.

Aos dezoito anos, sendo já estudante adiantado, elaborou seus  primeiros foguetes, artefatos rudimentares, que precederam osgigantescos projéteis que atualmente projeta e constrói.

Ao chegar aos vinte anos, seu prestígio começa a dar frutos: énomeado chefe de estudos de projéteis-foguetes do exército alemão.Tinha 32 anos quando a primeira V-2 sulcou o espaço. A guerra, nessemesmo instante; mudou de dimensão. A nova arma que se incorporavaao arsenal bélico mundial alteraria fundamentalmente os princípiosclássicos da guerra e obrigaria a criação de novas técnicas e novos

  princípios. Na sua aparição, as bombas auto-impulsionadas não

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variaram o curso da contenda. Elementos alheios à bomba influíramcom tal objetivo; contudo, ninguém duvidava que uma nova era seabria diante do homem; uma nova era que revolucionaria, não

somente a guerra, mas também a paz. De fato, aquela V-2 que acabavade sulcar o espaço com uma poderosa carga explosiva, seria a origemdos gigantescos "Saturno V" da atualidade.

Posteriormente à guerra, radicado já em sua pátria adotiva, osEstados Unidos, von Braun dedicou todos os seus esforços paramanter esse país num plano destacado na corrida pela conquista doespaço.

Em 1957, na noite em que a Rússia colocou em órbita 9 seu

 primeiro "Sputnik", ceando com Neil McElroy, Secretário da Defesa, pediu-lhe liberdade de ação durante sessenta dias; esse era o prazo quenecessitava, declarou, "para colocar em órbita um satélite americano".Von Braun esteve a um passo de cumprir sua promessa, e se se levar em conta as incríveis dificuldades de todos os tipos que teve quevencer, pode-se afirmar que a cumpriu; de fato, oitenta e quatro diasdepois daquela noite, os Estados Unidos colocaram em órbita seu

 primeiro satélite. Prosseguiu, depois, incansavelmente em busca do

ideal que preencheu seus sonhos de adolescente: a conquista doespaço para o Homem...