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Segundo Myrdal (1957), uma das causas de desenvolvimento regional são as vantagens competitivas fortuitas, advindas de condições específicas excepcionalmente favoráveis, como um estuário, por exemplo. Este processo se fortalece através do crescimento da economia interna, e externa, da região, que cria condições para a região se tornar autossustentadas. Myrdal (1957) afirma que a concentração de atividades numa região pode ter sido iniciada originalmente porque esta localidade apresentava vantagens competitivas, ou por ter acesso a condições excepcionalmente favoráveis (como recursos minerais ou um porto) ou, ainda, por uma causa fortuita. Com o passar do tempo, estas regiões tornaram-se autossustentadas por causa das crescentes economias internas e externas, e pela absorção de novos investimentos e de bens de capital que acompanharam o crescimento, que veio a implicar num aumento da produtividade e competitividade. Este fluxo faz com que as atividades que proporcionam retornos acima da média se concentrem em determinadas localidades, ou regiões, aproveitando as vantagens existentes em prejuízo das outras áreas do país. Já as regiões atrasadas do país não conseguem atrair novas atividades porque suas vantagens são limitadas. Por exemplo: carência de mão-de-obra implica em insuficiente poder de atração para compensar as economias externas que podem ser obtidas nos centros de desenvolvimento distantes, e há, consequentemente, uma redução dos investimentos e da demanda interna.

Segundo Myrdal

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Myrdal pensador economista

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Segundo Myrdal (1957), uma das causas de desenvolvimento regional so as vantagens competitivas fortuitas, advindas de condies especficas excepcionalmente favorveis, como um esturio, por exemplo. Este processo se fortalece atravs do crescimento da economia interna, e externa, da regio, que cria condies para a regio se tornar autossustentadas.Myrdal (1957) afirma que a concentrao de atividades numa regio pode ter sido iniciada originalmente porque esta localidade apresentava vantagens competitivas, ou por ter acesso a condies excepcionalmente favorveis (como recursos minerais ou um porto) ou, ainda, por uma causa fortuita. Com o passar do tempo, estas regies tornaram-se autossustentadas por causa das crescentes economias internas e externas, e pela absoro de novos investimentos e de bens de capital que acompanharam o crescimento, que veio a implicar num aumento da produtividade e competitividade. Este fluxo faz com que as atividades que proporcionam retornos acima da mdia se concentrem em determinadas localidades, ou regies, aproveitando as vantagens existentes em prejuzo das outras reas do pas. J as regies atrasadas do pas no conseguem atrair novas atividades porque suas vantagens so limitadas. Por exemplo: carncia de mo-de-obra implica em insuficiente poder de atrao para compensar as economias externas que podem ser obtidas nos centros de desenvolvimento distantes, e h, consequentemente, uma reduo dos investimentos e da demanda interna.Myrdal (1957) identificou dois processos que agem sobre as relaes dentre as regies. Os efeitos induzidos de expanso ou efeitos propulsores (spread effects), sendo, portanto, o principal no sentido do progresso econmico da regio; e os efeitos regressivos (backwash effects) que agem no sentido reverso. Os efeitos propulsores se referem ao impacto favorvel do crescimento de uma prspera regio. As localidades que se encontram em torno de um centro nodal expansivo tendem a beneficiar-se de um mercado crescente. Os fornecedores, mesmo em regies distintas, podem tambm se beneficiar, at o ponto, inclusive, de ver estimulado o crescimento das indstrias de bens de consumo nestas reas. Os efeitos regressivos so aqueles que ocorrem sobre regies mais carentes, devido proximidade com regies mais dinmicas que vem a domin-las, absorvendo seu potencial de desenvolvimento, atravs da retirada dos melhores e mais capacitados elementos de sua fora de trabalho.Myrdal e a Causao Circular CumulativaDe maneira semelhante aos demais pioneiros, Myrdal no atribui validade teoria da convergncia da riqueza e desenvolvimento das naes, destacando como caracterstica marcante da situao internacional a crescente desigualdade econmica entre os pases. Entretanto, para o pioneiro, essa situao no seria imutvel. Myrdal (1968 [1957]) define o conceito de causao circular e cumulativa. Com base nesse conceito, infere que quanto mais se conhece a maneira como os fatores se inter-relacionam, maior seria a capacidade de alcanar bons resultados em termos de poltica, em especial aquelas que tivessem como pretenso alterar o sistema social. Algo que, no contexto dos pases subdesenvolvidos, requer mudanas de grande alcance; assim sendo, conhecer as causaes entre os fatores auxiliaria a potencializar e a canalizar de forma mais eficaz os efeitos positivos ao desenvolvimento, facilitando a tarefa de superao do subdesenvolvimento.Segundo Myrdal, ao eliminar muitas das estruturas de controle tradicionais que sustentavam o sistema de poder mundial, a 2 Guerra Mundial fez emergir um novo nacionalismo, baseado no qual diversas naes, relativamente mais pobres, passaram a reivindicar, alm da liberdade, a igualdade de oportunidades, aspirando, por conseguinte, ao alcance do desenvolvimento econmico. O autor destaca inclusive a mudana de denominao dessas naes, que teria passado de atrasadas para subdesenvolvidas, o que seria reflexo da prpria mudana de percepo sobre a situao econmica e a perspectiva futura desse grupo de pases.Posicionando-se criticamente abordagem convencional, Myrdal indica que a noo de equilbrio estvel traria implcita a ideia de que, em resposta a uma mudana em determinada direo, surgiriam, automaticamente, mudanas secundrias em direo oposta primeira, de modo a neutraliz-la. Relacionada noo de equilbrio estaria tambm a ideia de que seria suficiente analisar a realidade social baseando-se somente em fatores econmicos. No entanto, para o autor, a omisso desses fatores no econmicos, que corresponderiam aos principais meios de causao circular cumulativa, representaria uma das principais deficincias da teoria econmica. Alm disso, a incorporao de fatores no econmicos, necessrios para discutir o tema desenvolvimento, tornaria invivel a utilizao de mtodos equilibristas. No seria verificvel uma tendncia automtica estabilizao do sistema social; pelo contrrio, haveria sim uma tendncia de afastamento do estado dito de equilbrio, algo que seria explicvel pelo processo de causao circular cumulativa.Conforme dito anteriormente, em linha com a argumentao dos demais pioneiros, Myrdal observa que se o processo cumulativo, alimentado pela causao circular, no fosse controlado, promoveria desigualdades crescentes. Entretanto, para o pioneiro, possvel atingir uma posio estvel por meio de interferncias polticas planejadas. Para tal, faz-se necessrio conhecer e compreender, em alguma medida, como os diversos fatores se inter-relacionam.Myrdal aponta que parte da explicao dos males dos pases subdesenvolvidos reside no fato de os efeitos propulsores serem fracos. Deixados somente s foras do mercado, o que se observa a gerao ou a ampliao de desigualdades regionais nesses pases, e as prprias desigualdades representam obstculos ao progresso. De acordo com o autor, Esta uma das relaes interdependentes, por meio das quais, no processo acumulativo, a pobreza se torna sua prpria causa (1968 [1957], p. 63), concluso que se assemelha muito quela apresentada por Nurkse (1957 [1953], p. 8), quando define o crculo vicioso da pobreza e indica que um pas pobre porque pobre.Myrdal tambm interliga as desigualdades regionais internas e as desigualdades internacionais. A explicao para essa interdependncia se inicia pela relao entre a falta de integrao econmica nacional e o prprio atraso econmico, pois os baixos nveis, por exemplo, de mobilidade social e de educao, significariam maiores obstculos aos efeitos propulsores de um determinado movimento expansionista, dificultando, por conseguinte, maior integrao nacional, e criando e perpetuando desigualdades internas.Explica Myrdal que, no plano internacional, o comrcio no opera para promover igualdade. Pelo contrrio, especialmente no contexto do subdesenvolvimento, o comrcio internacional pode acabar provocando efeitos regressivos. O mesmo raciocnio seria vlido para o movimento de capitais, que tenderiam a se esquivar dos pases subdesenvolvidos. Ento, o autor refora que o desenvolvimento econmico tem de ser promovido necessariamente por meio de interferncias polticas pois, no final das contas, os efeitos propulsores fracos entre os pases seriam na verdade um reflexo da fraqueza dos efeitos propulsores internos, que so tanto consequncia como causa do baixo nvel de desenvolvimento.