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Selva Tropical—Canto de Pássaro Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Espaço Projectos Memorium—Jardim de Inverno 16 de Maio a 31 de Julho de 2015

Selva Tropical - Canto de Pássaro

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Exposição de Rik Lina, 16 de Maio a 31 de Julho de 2015

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Selva Tropical—Canto de Pássaro

Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Espaço Projectos Memorium—Jardim de Inverno

16 de Maio a 31 de Julho de 2015

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Ficha Técnica:

Edição: Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro / António Santos

Design: Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro / António Santos

Fotografias: Rik Lina

Textos: Vieira Duque´, Rik Lina, Laurens Vancrevel

Curadoria: Vieira Duque

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Selva Tropical – Canto de Pássaros, pintura surrealista do artista RIK LINA, “Sobre o canto de pássaros 1999. Quando nos encontramos sossegadamente sentados numa floresta elaborando desenhos, ouvimos e sentimos os pássaros muito antes de os vermos. Encontram-se escondidos invisivelmente na folhagem, mas se permanecermos quietos num lugar, eles vêm ao nosso encontro, curiosos como sempre e observam-nos. Como tal, admirem as minhas pinturas e verão de igual modo os pássaros. Eu não inventei os pássaros nas minhas pinturas, mas subitamente, eles lá aparecem, poisando entre as pinceladas da folhagem. No mo-mento, assim que se esboçam formas avículas decido dar-lhe ênfase – ou afastá-las com pinceladas da mesmíssima forma que um pássaro poisa na árvore, perma-nece ou foge. Dada a semelhança entre um pássaro e a folhagem, a distinção tor-na-se difícil. A camuflagem e ao mimetismo efetivo, cor, forma e movimentos são as mesmas folhagens, dos ramos e das flores. Mas sabemos que eles lá se encon-tram, ouvimos os seus cantos e seus chilreios. Observamos os seus movimentos irrequietos e seus voos repentinos imitando a vibração das folhas quando o vento sopra através das árvores. A imitação contínua e a constante metamorfose de uma forma para a outra é característica de toda a animação e inanimação dos seres e criaturas da selva. Constituem uma grande esfera… esta fronteira quase ecológica tangível existente em todas as florestas tropicais e bancos de “selvas coraliárias”, com que nos familiarizamos quando nelas nos encontramos mergulhados a dese-nhar e a pintar. Tento expressar a perceção da dinâmica de trocas entre fenóme-nos do visível, este contacto especial existente no quotidiano entre o material e o espiritual.” Rik Lina nas suas obras a óleo sobre tela, traz-nos a selva húmida de Saba, como tão bem o definiu Laurens Vancrevel: “ Quando caem as trovoadas tempestuosas sobre Saba, as edificações vegetais afundam-se aqui e ali, mas pouco depois, uma nova composição cresce acima das ruínas como se nunca hou-vera trovoada. As formas imaginárias e as telas vivas do mato incitaram Lina a combinar o método criativo do automatismo absoluto com estudo de formas e es-paços naturais. Ele chamou a esta variante experimental de “automatismo vital”. O automatismo, definido em 1942 por André Breton como a facção específica do pensar, é o método que provoca a condição sublime da unidade com a existência. O automatismo pode ser treinado pelo acto de fazer surgir livremente as associa-ções de palavras, imagens, formas, sons e outros. O aspecto particular do automa-tismo vital de Lina consiste numa corrente de associações necessárias em fazer agir o automatismo preso a fórmulas pululantes da natureza selvagem…”.

Vieira Duque

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Uma Bruma de Aparições A floresta húmida de Saba constitui um biótipo apoiado em proliferações. Cada ár-vore que aí cresce suporta uma carga pesada de musgos, de fetos, de trepadeiras e outras plantas. Cada planta deve suplantar as outras a fim de ganhar mais espa-ço vital. As estruturas vegetais desordenadas erguem-se o mais alto possível para embeber a luz direta. O sol queimante sobre o teto verde causa um bruma densa que se forma no interior do labirinto do mato e aspirado pelo vento nas fileiras do fundo dos precipícios. Os raios de luz inesperada caem dos cimos das árvores em direção ao fundo; eles criam formas fabulosas. Lina evoca-os num poema: As formas desaparecem

reaparecem fantasticamente procurando seus moldes nas espirais dos fetos (encontro meu caminho apalpando, envolvido em brumas) uma fenda na bruma. Ouvem-se pássaros invisíveis por todo o lado; a floresta está animada, ela está en-feitiçada. Leques de chuva dos fetos arborescentes escadarias de trepadeiras empurram longe a luz para as alturas. Quando caem as trovoadas tempestuosas sobre Saba, as edificações vegetais afundam-se aqui e ali, mas pouco depois, uma nova composição cresce acima das ruínas como se nunca houvera trovoada. As formas imaginárias e as telas vivas do mato incitaram Lina a combinar o método criativo do automatismo absoluto com estudo de formas e espaços naturais. Ele chamou a esta variante experimental de “automatismo vital”. O automatismo, definido em 1924 por André Breton como a fação específica do pensar, é o método que provoca a condição espiritual sublime da unidade com a existência. O automatismo pode ser treinado pelo ato de fazer surgir livremente as associações de palavras, imagens, formas, sons e outros. O aspeto particular do automatismo vital de Lina consiste numa corrente de associações necessárias em fazer agir o automatismo preso a fórmulas pululantes da natureza selvagem. Lina fez a seguinte notícia no seu carnet de desenhos de 1993: Na evolução atual do automatismo, é de todo rigoroso renovar a cumplicidade com as suas fontes que brotam da própria natureza. O automatismo enquanto aspeto essencial do surrea-lismo, levantou voo na exploração sistemática dos meios de expressão e recaiu em grande escala na repetição de soluções estéticas . No domínio das artes plásti-cas, duma forma generalizada pôs-se em ´prática desde sempre a procura do as-peto visual da obra pela via do acaso e ela quase que perdeu a relação direta com as fontes naturais da arte. Um automatismo vital apoia-se na procura fundamental das formas e estruturas do ambiente natural, visando o estudo das analogias e das metamorfoses do mundo vegetal e animal, investigar os proveitos surpreendentes

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na exploração das áreas desconhecidas do espírito. Quero crer numa ligação en-tre estes mundos estranhos que eu observo nas regiões selvagens e desoladas do mundo com um mundo da realidade quotidiana. Sinto-me bem na minha pele no bordo do precipício e nele penetro cada vez mais profundo em cada passo que re-alizo. Minha obra é ao mesmo tempo reportagem e comentário, mas também men-sagem e exorcismo. Trabalho como um xamã. Desenhando o que sinto, esforço-me por desenhar o invisível, esperando o domínio para além da abstração e da

forma. A essência da natureza e a sua energia vital, guiam-me na criação do meu próprio alfabeto de formas na linguagem secreta de linhas e sinais. Desenhar ou pintar, não são técnicas autónomas, mas meios auxiliares para passa-los para além da técnica, para encontrar novas soluções e dar uma nova interpretação das forças que estão escondidas na natureza. O pintor e poeta cubano Jorge Camacho, cuja obra lembra uma demonstração contínua do automatismo vital como Lina o definiu (bem que Camacho escolhera frequentemente momentos externos da morte e do entorpecimento, ao passo que Lina prefere acentuar os momentos de alegria e visão), disse-me num dos seus “provérbios”” plenos de humor negro: à gravata vegetal

cortador de nuvens.

Laurens Vancrevel

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Sobre o “canto de pássaros 1999” Quando nos encontramos sossegadamente sentados numa floresta elaborando desenhos, ouvimos e sentimos os pássaros muito antes de os vermos. Encontram-se escondidos invisivelmente na folhagem, mas se permanecermos quietos num lugar, eles vêm ao nosso encontro, curiosos como sempre e observam-nos. Como tal, admirem as minhas pinturas e verão de igual modo os pássaros. Eu não inventei os pássaros nas minhas pinturas, mas subitamente eles lá apare-cem, poisando entre as pinceladas da folhagem. No momento, assim que se esbo-çam formas avículas decido dar-lhe ênfase—ou afastá-las com pinceladas da mes-míssima forma que um pássaro poisa na árvore, permanece ou foge. Dada a se-melhança entre um pássaro e a folhagem, a distinção torna-se difícil. A camufla-gem e ao mimetismo efetivo, cor, forma e movimentos são as mesmas folhagens, dos ramos e das flores. Mas sabemos que eles lá se encontram, ouvimos os seus cantos e seus chilreios. Observamos os seus movimentos irrequietos e seus voos repentinos imitando a vibração das folhas quando o vento sopra através das árvo-res. A imitação contínua e a constante metamorfose de uma forma para a outra é ca-racterística de toda a animação e inanimação dos seres e criaturas da selva. Cons-tituem uma grande esfera… esta fronteira quase ecológica tangível existente em todas as florestas tropicais e bancos de “selvas coraliárias”, com que nos familiari-zamos quando nelas nos encontramos mergulhados a desenhar e a pintar. Tento expressar a perceção da dinâmica de trocas entre fenómenos do visível, este con-tacto especial existente no quotidiano entre o material e o espiritual.

Rik Lina Saba, 2005

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Magic Plant, 2009 Óleo s/ tela 700x180 Valor comercial: €500,00

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The Enchanted Life (Day), 2014 Óleo s/ tela 500 x 400 Valor comercial: €750,00

The Enchanted Life (Night), 2014 Óleo s/ tela 500 x 400 Valor comercial: €750,00

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The Frutification of the Landscape, 2006 Óleo s/ tela 1250 x 1250 Valor comercial: €3.500,00

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Birdcalls, 1999 Óleo s/ tela 1900 x 2500 Valor comercial: €7.000,00

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Birdland, 2011 Óleo s/ tela 240 x 400 Valor comercial: €500,00

Cornucopia, 2012 Óleo s/ tela 500 x 400 Valor comercial: €750,00

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Green Revenge, 2008 Óleo s/ tela 1900 x 1500 Valor comercial: €4.000,00

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Palmbirds, 1998 Óleo s/ tela 850 x 650 Valor comercial: €2.000,00

In a Leaf, 2003 Óleo s/ tela 650 x 500 Valor comercial: €1.000,00

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Heart of the Forest, 2010 Óleo s/ tela 700 x 900 Valor comercial: €1.500,00

West Indian Summer, 2013 Óleo s/ tela 500 x 700 Valor comercial: € 1.000,00

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Night Forest, 2004 Óleo s/ tela 700 x 600 Valor comercial: €1.250,00

Quitor—Atacama Dance, 2007 Óleo s/ tela 550 x 700 Valor comercial: €1.000,00

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Purple Haze, 2009 Óleo s/ tela 1200 x 1400 Valor comercial: €3.000,00

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Virgin Forest Ferns, 2010 Óleo s/ tela 600 x 500 Valor comercial: €800,00

Flame Fern City, 2008 Óleo s/ tela 400 x 500 Valor comercial: €800,00

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Oya (hommage to Wifredo Lam), 2004 Óleo s/ tela 900 x 750 Valor comercial: €1.750,00

Penetration of the Black Sun, 2004 Óleo s/ tela 800 x 650 Valor comercial: €1.000,00

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Malinche, 2005 Óleo s/ tela 750 x 600 Valor comercial: €2.000,00

Tupinamba—The red poet, 2006 Óleo s/ tela 540 x 350 Valor comercial: €2.000,00

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Rik Lina nasceu na Holanda em 1942. Estudou pintura e litografia na Gerrit Rietveldt Academie, Amsterdão, entre 1960 e 1965. Em 1973 integrou o Grupo Surrealista Internacional MOUVEMENT PHASE, esta-belecendo relações de amizade com Artur Cruzeiro Seixas e Mário Cesariny. Viveu, trabalhou e exibiu os seus trabalhos na Turquia, Espanha, Caraíbas, Chile, Brasil, Indonésia, USA, e desde 1973 em Portugal. Entre as várias exposições destaca-se a exposição retroespectiva “O Surrealismo Abrangente—Colecção de Artur Cruzeiro Seixas”, Famalicão e Lisboa, 2004; Expo-sição Internacional “Surrealismo e Pintura Fantástica” organizada por Mário Cesa-riny, Lisboa, 1984. Presentemente Rik e sua esposa, a ceramista Elizé Bleys, dividem o seu tempo entre Amesterdão e Tavarede, local onde fudaram juntos, com o poeta Miguel de Carvalho, o grupo “Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism” em 2008.

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