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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1 1

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2019

ANAIS DA VI SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

FACULDADE AVANTIS

EDIÇÃO 2018

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Ficha catalográfica elaborada na fonte

Aline Medeiros d’Oliveira CRB 14 – 1063

FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO

CIDADÃO

Ana Paula Resende e Andrade

Fabio Noda Hasegawa

Juliana Ferreira

Sidnei Maria do Nascimento Coelho

1 INTRODUÇÃO

Com o tema “Educação para a paz e a excelência educativa”, a Semana de Iniciação

Científica da Faculdade Avantis, edição 2018, trouxe a oportunidade de discutir as práticas e o

método de ensino utilizado no primeiro semestre da graduação em Psicologia da referida instituição,

por meio dos trabalhos produzidos pelos acadêmicos, identificando e analisando as abordagens

utilizadas pelos docentes nas disciplinas dessa etapa, visando alcançar o objetivo geral do curso.

Compreendendo que o objetivo geral do curso é formar profissionais aptos para atuarem de

forma crítica, social e eticamente responsáveis no exercício de sua profissão, torna-se importante

que as discussões sobre esse tema sejam ressaltadas e trabalhadas pelos estudantes desde o início de

sua vida acadêmica, não somente quando ingressa no ensino superior, mas também durante toda a

sua formação.

A metodologia empregada consiste em um relato de experiência de modo participante,

classificada como uma pesquisa qualitativa e exploratória. A observação se concentrou em uma

atividade realizada durante as aulas da disciplina de ‘Filosofia, Ética, Cidadania e Direitos

Humanos’, denominada de ‘autofotografia’, que proporcionou aos discentes uma interação entre

teoria e prática por meio da linguagem fotográfica.

Entendida como o processo de ensino aprendizagem, a educação, em todos os níveis, é uma

ferramenta significativa na construção da cidadania que possibilita nesse processo educacional ser

abordada por uma gama diversificada de linguagens.

Não somente professores, mas todos os profissionais, cidadãos atuantes na sociedade,

possuem o direito e o dever, no cotidiano de seu ofício, de exercer e incentivar a prática cidadã. A

exemplo, temos o fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, que por meio de suas fotografias transmite

uma reflexão de realidades conhecidas, mas ignoradas, de modo que haja uma visibilidade maior de

tais situações, promovendo a sensibilização social e política, auxiliando a discussão, o debate e a

efetivação social do tema em questão.

A Psicologia, inserida nesse mundo cada vez mais rodeado de imagens de todos os tipos, há

algum tempo vem discutindo o uso da fotografia em suas práticas, não somente como uma simples

plataforma de exposição, um documento, mas como produto do ser com o mundo, carregado de

representações e significados. Nesta perspectiva, pensamentos, percepções e sensações, assim como

Centro Universitário Avantis - UNIAVAN C397a Anais da IV Semana de Iniciação Científica [recurso eletrônico] /

Centro Universitário Avantis – UniAvan. Balneário Camboriú: Editora Faculdade Avantis, 2019 -

Disponível em: http://www.avantis.edu.br/ebook-sic-2018 ISSNe: : ______________________

1. Anais – Eventos. 2. Iniciação Científica. 3. Educação para a Paz. I. Título

CDD 21ª ed. 001.4 – Investigação – métodos estadísticos

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FACULDADE AVANTIS

NÚCLEO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - NIC

VI SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2018

Publicação Anual – Editora Faculdade Avantis

EXPEDIENTE

COMISSÃO ORGANIZADORA

André Gobbo

Isabel Regina Depiné Poffo

Sabrina Weiss

Xana Raquel Ortolan

COMISSÃO CIENTÍFICA

Angélica Cavalett

Cláudia Mara Petri

Cristina Kuroski

Darlene Pena

Eduardo Jorge Aranha

Gabriela Piske

Letícia Januário

Mara Regina Zluhan

Mônica Duarte

Muriel de Pauli

Oliveira Machado Fernandes Júnior

Pamella Hornburg

Sigmundo Preissler Júnior

Avenida Marginal Leste, 3.600, Bairro dos Estados

Balneário Camboriú (SC) – CEP: 88.339-125

Fone: (47) 3363-0631

www.avantis.edu.br

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APRESENTAÇÃO

Queridos colegas professores e alunos.

Chegamos ao término de mais uma Semana de Iniciação Científica, a sexta de nossa

história de 15 anos de trabalhos voltados para Balneário Camboriú e região. Nesse ano

contamos com mais de 50 trabalhos inscritos e 36 acabaram sendo selecionados para serem

apresentados à nossa comunidade acadêmica, sendo que todos eles versaram sobre a temática

escolhida para esse ano de 2018, a saber: Educação para a Paz e Excelência Educativa!

Desse modo, como Diretora Geral da Faculdade Avantis, mas também como

professora, acredito que atingimos todos nossos objetivos para que, enquanto instituição de

ensino, pudéssemos propiciar reflexões, estudos e debates sobre essa temática tão importante

que é a paz no ambiente escolar.

Só me resta a agradecer a cada professor e a cada aluno que se empenharam em seus

estudos sobre essa temática, que desenvolveram projetos, compartilharam suas ideias conosco

e, certamente, foram capazes de se transformar a si próprios e aos outros que estão ao seu redor,

acendo a fagulha da esperança de um mundo e de uma escola com a paz que tanto esperamos.

Porém, entendo que a construção de uma sociedade mais justa, humana e

fundamentada em princípios éticos não se faz com um único evento e em uma única semana.

Esse deve ser nosso ideal diário. De todos os dias. Em todas as nossas ações, afinal, somos

partes fundamentais para essa mudança. Nesse sentido é que, hoje, ao encerrarmos o Ano da

Educação para a Paz e à Excelência Educativa, lançamos, orgulhosamente, o tema que haverá

de nortear nossas ações durante todo o ano de 2019: A FELICIDADE FAZ PARTE DO

NOSSO CURRÍCULO.

Elegemos esse tema pois somos sabedores que a educação, sobretudo a superior, tem

um papel importantíssimo para que possamos alcançar a justiça social e, enquanto cidadãos de

bem, combatermos todas as formas de corrupção. Para isso, 2019 será o tempo em que a

Faculdade Avantis refletirá sobre essas problemáticas que afligem a humanidade de maneira

geral e, consequentemente, dissemina o rancor, o ódio, a opressão e a guerra.

Enquanto Diretora, convido a todos para se envolverem desde já nessa temática de

modo que a consolidação de um novo tempo e de um novo mundo comece a partir do agora,

fruto de um agir mais consciente, justo e honesto de cada um de nós.

Por fim, faço votos de que as ideias que aqui foram levantadas durante toda essa

semana ecoem mundo afora, iluminando mentes e transformando atitudes em prol de homens,

mulheres e, consequentemente, um mundo melhor! Muito obrigada!

Dra. h. c. Isabel Regina Depiné Poffo

Diretora Geral

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SUMÁRIO

SCHOOLING GAME: UM JOGO EDUCATIVO ............................................................. 13

Bruna Kenes Colla; Débora Cristine Baumgarten; Grazielle Vasconcelos e Jhonathan

Victor Teixeira

O USO DA CONSTRUÇÃO COM TERRA COM FINALIDADE EDUCATIVA: A

EXPERIÊNCIA DO PROJETO NOVA OIKOS ................................................................ 17

Davide Chareun; Jaques Dias; Maria Balbina de Magalhães Gappmayer e Mildred Gustack

Delambre

O ELEVADOR AINDA TEM DONO? A PARTICIPAÇÃO DE DOCENTES NEGROS

NO ENSINO SUPERIOR ...................................................................................................... 21

Rafael Ribas Augusto

O QUE É O ESTADO ISLÂMICO? SERÁ QUE PAZ É UM DOS OBJETIVOS DA

ORGANIZAÇÃO? ................................................................................................................. 25

Alessandra Menezes da Luz Machado; Fernanda Natalia Colla de Souza e Felipe de Bortolli

ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

KROTON ................................................................................................................................ 31

Camila Gadonski de Freitas; Dante Guilherme Santos Panzeri da Cruz; Felipe Carlos

Vargas e Tânia Cristina Chiarello

PEQUENAS AÇÕES EDUCATIVAS EM PROL DE SEUS COLABORADORES ....... 35

Douglas Soares; Jonas Patrick Pereira e Tânia Cristina Chiarello

RELATO HISTÓRICO E ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA PETROBRAS S/A .. 39

Héliton Herodes de Paulo; Jackson Saut; Márcio Costa e Tânia Cristina Chiarello

UMA ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL DAS EMPRESAS AZUL E GOL ................ 43

Tânia Cristina Chiarello; Luana Carolina Bitencourt da Silva e Maiara da Silva

ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIAIS DO BANCO BRADESCO S/A ................... 47

Jéssica Marina Zanon; Maria Carolina Michels Franco e Tânia Cristina Chiarello

REVOLUÇÃO AGENDA 2030: CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO

ORGANIZACIONAL ............................................................................................................ 51

Jéssica Aparecida Oliveira Silva; Katyuscia Lemos Bittencourt e Tânia Cristina Chiarello

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NATURA&CO: ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL ....................................................... 55

Brian Ribeiro da Silva; Geórgia Dalcégio Varela e Tânia Cristina Chiarello

PARA QUE HAJA PAZ É NECESSÁRIO IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NO

ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR ................................................................................ 59

Alan Alexandre; Diane Mendes; Elizanda Martins e Márcia Cecília Vassoler

O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO NA CONSCIENTIZAÇÃO E FORMAÇÃO

DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA E LIVRE DE PRECONCEITOS ................... 63

Aline das Chagas; Jessica de Goes Julio; Luisa Adada e Márcia Cecília Vassoler

O RACISMO E A EDUCAÇÃO PARA A PAZ.................................................................. 67

Ana Paula Lemonie; Júlia Nassar; Márcia Cecília Vassoler e Müller Pontes Campos

SUICÍDIO UNIVERSITÁRIO: A REEDUCAÇÃO MENTAL PARA A PAZ ............... 71

Daniel Henrique Huttel; Tailine Lisboa e Wanessa Graminho de Carvalho

O ESPORTE COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL: A IMPORTÂNCIA DOS

PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS ................................................................................ 75

Adan Alves Ribeiro; Ana Paula Maurilia dos Santos; Ellacyane Cardoso Soares e Luiz

Felippe Soares

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O ESPORTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO

DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA .................................................................................... 79

Ana Paula Maurilia dos Santos; Ellacyane Cardoso Soares; Juliano César da Costa e Luiz

Felippe Rocha

EDUCAÇÃO PARA A PAZ E EXCELÊNCIA EDUCATIVA: BULLYING NAS

ESCOLAS ............................................................................................................................... 91

Bianca Jaqueline Rocha; Jaqueline Silva e Juliano de Amorim Busana

ACESSIBILIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ELEMENTO PARA

A MANUTENÇÃO DA PAZ ................................................................................................ 95

Alessandra Menezes da Luz Machado; Claudio Mengarda Filho; Daniel Curzel

Dallagasperina e Matheus Bosa Tostanowski

A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA PAZ E ESPIRITUALIDADE NAS POLÍTICAS

PÚBLICAS PARA VALORIZAÇÃO DA VIDA .............................................................. 101

Altair Argentino Pereira; Kathleen Goedert e Bruno Geiss Kober

A BUSCA PELA PAZ ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO....................................................... 105

Cesar Augusto Abrahão; Pablo Matheus França Ramos e Hemínio Javier Ibarra Jara

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IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NAS ESCOLAS ......................... 107

Luiene da Silva Veloso e Larissa Giovanna Miranda

PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO PROGRAMA

FISIOCOR ............................................................................................................................ 111

Isadora Letícia Ritter; Juliana Pereira Vansin; Marcel Petreanu e Marco Aurélio Salomão

Fortes

EDUCAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR NA ABORDAGEM DO

PROBLEMA HÍDRICO NO ÂMBITO NACIONAL ....................................................... 115

Gabriel Henrique Forlin Padilha; Juliano Forlin; Marcel Petreanu e Marco Filipe Costa

Souza

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLAS PÚBLICAS:

GERANDO PAZ E BEM-ESTAR AS CRIANÇAS. ......................................................... 119

Bruna Sartorel; Camila Nitz Moi e Horace Houw

PAPEL DO DOCENTE NA MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO DO PENSAMENTO

CRÍTICO DO ACADÊMICO DE ODONTOLOGIA. ..................................................... 123

Daisy Cristina dos Santos Lamim; Demilson Rodrigues de Oliveira; Horace Houw e Lucas

Luiz Krochinski

APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS ........................................................................................................................... 127

Bernadètte Beber; Bruna Bechtold e Quênia Alves de Andrade

A EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL NOS IDOSOS DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ ................................................................................................ 131

Horace Houw e Vitória Gabriela Costa

A EDUCAÇÃO SENSÍVEL E A ARTE: UM NOVO OLHAR PARA O SER HUMANO

................................................................................................................................................ 133

Sabryna Pereira de Souza e Shirlei de Souza Corrêa

EDUCAÇÃO PARA PAZ E EXCELÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR:

CONTEXTUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA NA MODERNIDADE ............. 137

Deise Pereira Costa

EDUCAÇÃO PARA A PAZ NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA: POR QUÊ?

................................................................................................................................................ 141

Fernanda de Fátima Costa de Almeida; Jetiani Notari e Juliane Dorneles

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A ARTETERAPIA E A EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA................. 147

Maria Balbina de Magalhães Gappmayer e Valdimir Aparecido Rezende Pereira

DECORRÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM PROFESSORES NO SISTEMA DE

PRIVAÇÃO DE LIBERDADE ........................................................................................... 151

André Luiz Thieme e Elisângela Neves

CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA

CULTURA DE PAZ NAS ESCOLAS: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO ....................... 157

Débora Araújo; Douglas Assayag e Eliz Marine Wiggers

PSICOLOGIA ESCOLAR: UMA FERRAMENTA PARA EDIFICAÇÃO DA

CULTURA DE PAZ NO CAMPO DA EDUCAÇÃO ...................................................... 161

Cláudia Maria Petri; Daniela Otávio Rodrigues; Juliana Colione e Ludimila Lays

Cavalcante

FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO DE UM

SUJEITO CIDADÃO .......................................................................................................... 165

Ana Paula Resende e Andrade; Fabio Noda Hasegawa; Juliana Ferreira e Sidnei Maria do

Nascimento Coelho

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1º COLOCADO - CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SCHOOLING GAME: UM JOGO EDUCATIVO

Bruna Kenes Colla

Débora Cristine Baumgarten

Grazielle Vasconcelos

Jhonathan Victor Teixeira

INTRODUÇÃO

É na escola onde as crianças e os

adolescentes passam a maior parte do seu tempo,

vivem experiências, formam sua personalidade,

caráter e identidade. Ou seja, é onde o indivíduo

cria seu senso crítico de “o que é certo e o que é

errado”, além de como irá agir diante de certas

situações no seu dia a dia. Por conta desses fatos é

necessária uma maior atenção no cenário

educativo, com o foco na comunicação e nos

conflitos diários nas escolas (PSICOLOGIA...,

2014).

Dessa forma, o objetivo do “projeto” é

fomentar um debate entre jovens acerca do tema

educação para a paz e excelência educativa, de

uma forma dinâmica por meio da criação de um

jogo de tabuleiro lúdico-pedagógico.

O referencial metódico para a criação

desse jogo educativo baseia-se no estudo de

Violetas: cinema & ação no enfrentamento da

violência contra a mulher (criado em parceria

com professores das escolas de Enfermagem da

Universidade de São Paulo (EE/USP) e da

Universidade de Brasília (UnB), o qual mistura

linguagem lúdica com referências

cinematográficas, onde os jogadores se tornam

parceiros na luta contra um único inimigo: a

violência contra a mulher (RADIS, 2016).

O método foi dividido em três etapas: (1)

pensar em como associar o tema ao jogo; (2)

pensar no funcionamento e orientações de como

jogá-lo; (3) fazer o design do tabuleiro.

Na etapa de associação do jogo com o

tema, primeiro foi analisado qual seria o público-

alvo, que no caso serão alunos do Ensino Médio.

Esta escolha foi feita pelo fato de os jovens já

terem consciência da esfera “política” brasileira e

do senso moral. Logo após essa decisão foi

analisado de que forma o assunto Educação para a

Paz e Excelência Educativa seria abordado no

jogo. A ideia é que seja um jogo dinâmico,

imaginativo e reflexivo, fazendo com que os

jogadores usem seu senso moral para a criação de

um debate a respeito do tema.

A segunda etapa foi de funcionamento e

orientações de como jogá-lo. Para essa fase

inicialmente foram elaboradas perguntas, dentre

elas argumentativas e de múltipla escolha. Como

um dos objetivos do jogo é a troca de

argumentações entre os jogadores, foram

elaboradas também algumas afirmações que

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14

pedem a opinião do aluno. O jogo em si (físico)

será composto por um tabuleiro, duas roletas, e

aproximadamente 50 cartas. Ele poderá ser jogado

por até quatro participantes e o objetivo é chegar a

40 pontos ou ser o último jogador. A cada rodada

o grupo será dividido em dois jogadores ativos,

um juiz e o quarto sobrará. O “jogador 1” é o

jogador da rodada e o “jogador 2” será escolhido

girando a roleta, assim como o juiz. Por esse

motivo são duas roletas, uma para escolher o

“jogador 2” e a outra para o juiz. Cada carta deverá

conter a pergunta ou afirmação e a regra ou

resposta adequada. O papel do juiz na partida será

escolher qual jogador melhor o convenceu, e

justificar o motivo.

O tabuleiro foi desenhado no

CorelDRAW e será projetado na máquina de corte

a laser e na impressora 3D da Faculdade Avantis.

O material usado será o MDF no corte do

tabuleiro, e o polímero na impressão de peças.

Figura 01: Imagem ilustrativa do jogo Schooling game desenhado no CorelDRAW.

Fonte: Autores do projeto, 2019.

2 DISCUSSÕES

Educação para a paz é história iniciada há

muitos anos, com a primeira Guerra Mundial é que

surgiram os primeiros pensamentos. Mas foi logo

após a Segunda Guerra Mundial que a Fundação

UNESCO (Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciência e Cultura) introduziu diversas

iniciativas que refletiam sobre a possibilidade de a

educação contribuir para a paz. Na década de 1980

surgiram diversas associações, fundações e

centros de pesquisa, com a difusão de práticas no

âmbito formal e informal da educação. Daí por

diante a educação para a paz passou a ser

reconhecida e recomendada pela ONU

(Organização das Nações Unidas) e UNESCO

(Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura) com a conclusão de que não

haverá paz sem educação, onde os professores

devem ser capacitados para auxiliarem e

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15

incentivarem a prática no setor escolar

(EDUCAÇÃO, 2006).

Durante a pesquisa sobre o tema foi

possível presumir que infelizmente ainda vivemos

uma “Guerra” constante em nosso dia a dia,

principalmente o jovem, que está muito mais

vulnerável a sofrer agressões diárias, seja na

escola, na rua, no shopping, ainda são reféns da

violência. Com a finalidade de diminuir essa

“afinidade”, diversas organizações podendo citar

a UNESCO e o Governo Federal, iniciaram a

criação de projetos como o “Programa Abrindo

Espaços: Educação e Cultura para a Paz”.

Segundo Diskin e Roizman (2002), este Programa

foi criado pela UNESCO com o intuito de mudar

a visão do ambiente escolar, resgatando o interesse

por ela, transformando-a em um ambiente onde os

alunos queiram estar. Para isso a Organização

resolveu colocar como prioridade a abertura das

escolas aos finais de semana, com o intuito de

ocupar os jovens além de incentivar a prática de

esportes e atividades culturais.

No Rio de Janeiro, a UNESCO está

desenvolvendo, em parceria com o

Governo do Estado, o programa “Escolas

de Paz”, cujo principal objetivo é dar

oportunidades de acesso aos jovens, ao

mesmo tempo que educa para valores,

para a paz e para a construção da

cidadania (DISKIN; ROIZMAN, 2002,

p. 7).

A criação de novos projetos e ONGs faz-

se necessária para que os jovens tenham a

oportunidade do poder de escolha quanto a como

aproveitará o seu tempo e como será o seu futuro.

Lamentavelmente, no momento presente, essa

decisão já é tomada a partir do momento em que

só é lhe dado uma opção: a criminalidade

(CASTRO et al, 2001).

A carência de atividades é explorada pelo

tráfico que, em muitos lugares, marca

presença, ocupando um espaço deixado

em aberto pelo poder público e pela

comunidade, constituindo-se em

referência para os jovens (CASTRO et

al, 2001, p. 61). “

Neste sentido, percebe-se a escola como

lugar institucional para o crescimento e

conhecimento do ser humano, na produção e

disseminação do saber, sem secundarizar outros

espaços importantíssimo como a família, o

movimento social etc. (GESTÃO ..., 2009).

Desta maneira os jogos pedagógicos são

utilizados como apoio, reforçando conteúdos,

desenvolvendo um caminho correto para o aluno,

aumentando a construção do conhecimento,

estimulando a concentração, motivação, o desejo

de vencer, causando também uma aproximação

entre professor e aluno (RENOTE ..., 2004).

Diante disto, o ‘Jogo Violetas: cinema &

ação no enfrentamento da violência contra a

mulher’, serviu como pilar para o amadurecimento

da ideia da criação do jogo onde o aluno por meio

da parte lúdica aprende se divertindo. No

‘Violetas’ cada jogador assume um papel de

impedir que a violência contra a mulher se alastre

pelo tabuleiro ou por uma cidade. Os jogadores

respondem perguntas relacionadas com temas de

cenas de filmes que abordam violência doméstica,

gravidez na adolescência, entre outros; e cada

personagem pode ser um educador, operador do

direito, integrante de políticas públicas,

profissional da saúde ou cidadão, e assim realizam

comandos por meio das cartas que retiram. O

objetivo do jogo é promover uma reflexão em

torno do assunto sobre violência contra a mulher

(RADIS..., 2016).

Por meio das pesquisas o jogo ‘Schooling

Game’ foi criado para gerar reflexão, para pensar

no outro e fomentar um debate entre jovens acerca

do tema educação para a paz e violência, de uma

forma dinâmica lúdico-pedagógico.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ambiente escolar é um espaço

importantíssimo e seguro de aprendizagem, onde

os educandos precisam se sentir livres para

dialogar, possibilitando conviver com suas

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individualidades e diferenças. Acreditamos que de

forma lúdico-pedagógica o aluno se sentirá livre,

podendo formar um senso crítico por meio das

perguntas argumentativas do jogo proposto, além

de aprender com o outro, ouvindo e discutindo

sobre o assunto, colaborando no desenvolvimento

de seus valores, como a paz, a liberdade e a

solidariedade.

Os assuntos tratados no jogo serão

basicamente um caminho para a paz, fazendo com

que os jovens vejam e analisem as próprias

atitudes, e também enxerguem outra maneira de

resolver os problemas. ‘Schooling Game’ poderá

ser usado não só como um jogo educativo, mas

também como um aliado ao combate da violência

nas escolas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Mary Garcia et al. Cultivando vida desarmando violências: Experiências em

educação, cultura, lazer, esporte e cidadania com jovens em situação de pobreza. Brasília:

UNESCO, 2001. 567 p. Disponível em:

<http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127136porb.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.

DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz? Semeando cultura de paz nas

escolas. Rio de Janeiro: Unesco, 2002. 95 p. Disponível em:

<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001308/130851por.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2018.

EDUCAÇÃO. A educação para a paz como exercício da ação comunicativa: alternativas

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Trimestral. Disponível em:

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GESTÃO INSTITUCIONAL E QUALIDADE SOCIAL DA EDUCAÇÃO. A qualidade da

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PSICOLOGIA EM ESTUDO. Desenvolvimento na personalidade da criança: o papel da

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2014. Trimestral. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v19n4/1413-7372-pe-19-04-

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RADIS: COMUNICAÇÃO E SAÚDE. Um jogo não voraz. Rio de Janeiro: ENSP, n. 164,

maio 2016. Mensal. Disponível em:

<http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/sites/default/files/radis_164_web_0.pdf>. Acesso em: 10

ago. 2018.

RENOTE NOVAS TECNOLOGIAS NA INFORMAÇÃO. Jogos educacionais. Porto

Alegre: Cinted/ufrgs, mar. 2004. Mensal. Disponível em:

<http://seer.ufrgs.br/renote/issue/view/930>. Acesso em: 10 ago. 2018.

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2º COLOCADO – CURSO DE PSICOLOGIA.

O USO DA CONSTRUÇÃO COM TERRA COM FINALIDADE

EDUCATIVA: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO NOVA OIKOS

Davide Chareun

Jaques Dias

Maria Balbina de Magalhães Gappmayer

Mildred Gustack Delambre

1 INTRODUÇÃO

A arquitetura e construção com terra

(ACT) é um método que vem adquirindo sempre

mais adeptos e sendo difundida em diferentes

contextos. Santos (2015) relaciona esse fenômeno

à difusão de tecnologias e a ocorrência de cursos

de capacitações, na área da construção natural. No

Estado de Santa Catarina as capacitações vêm

sendo promovidas, tanto por profissionais da área

quanto por organizações vinculadas à

permacultura. O formato das atividades varia entre

cursos, oficinas e experiências em obra.

A partir desse panorama promissor, faz-se

necessário analisar qual o papel destes

conhecimentos teóricos e práticos, em relação ao

processo de desenvolvimento e aprendizagem dos

participantes dos cursos. Foram escolhidas para

estudo as experiências das atividades práticas

realizadas no espaço permacultural Nova Oikos,

localizado em Camboriú, Santa Catarina.

A Nova Oikos é um espaço concebido

para promoção e experimentação de técnicas e

alternativas ecológicas que refletem os princípios

éticos da Permacultura, a saber: “o cuidado com a

Terra, o cuidado com as pessoas e o limite do

consumo e da reprodução e a redistribuição dos

excedentes” (HOLMGREN, 2013, p. 51).

Nas atividades são propostas rotinas com

objetivo de despertar sentimentos e valores como

a responsabilidade, coletividade, respeito e

comprometimento. Este aspecto, pilar que

sustenta o projeto, reflete os princípios

permaculturais, pois a finalidade educativa

desejada foca na fortificação do indivíduo, na sua

pluridimensionalidade: biológica, psicológica e

social.

O presente trabalho é um estudo

descritivo, do tipo relato de experiência, e tem

como objetivo principal disponibilizar

informações e dados para se compreender o

processo de aprendizagem das práticas de

construção natural e a relação com o

desenvolvimento humano do participante,

identificando quais são os elementos e as

dinâmicas educativas que os favorecem. Esta

investigação se utiliza da psicologia sócio-

histórica de Vygotski e os conceitos sobre

educação propostos por Dewey, para demonstrar o

resultado das experiências, a relação entre homem

e ambiente e a aprendizagem do fazer.

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18

2 DISCUSSÕES

O processo educativo dos cursos

organizados e realizados pela Nova Oikos, baseia-

se na concepção de uma aprendizagem do fazer.

De acordo com Dewey (1978), a educação é o

resultado entre a interação e a experiência com o

meio no qual o indivíduo está inserido, onde há um

processo de reconstrução e reorganização das

experiências adquiridas, as quais influenciam

experiências futuras. Com isto, é extremamente

importante que o processo de aprendizagem seja

espontâneo e criativo, pois o sujeito na interação

com o ambiente é produtor e ao mesmo tempo

produto desta relação dialética (DUARTE, 2001).

Já para Vygotsky (1991) a aprendizagem

de novos conceitos só é possível mediante contato

concreto e real, ou seja, experiência própria. Para

tanto é necessário que o indivíduo possa se colocar

na ação e experimentar no corpo a relação entre

concreto e abstrato. A partir deste quadro

introdutório, segue a descrição das atividades

desenvolvidas nos dois cursos promovidos pela

Nova Oikos.

O curso de construções ecológicas foi

realizado nos dias 17 a 19 de março de 2017. Os

tópicos abordados foram: alicerces e estrutura,

patologias da construção com terra, técnicas de

bioconstrução e arquitetura vernacular (adobe,

terra ensacada, super e hiperadobe), taipa de mão

e de pilão, tipos de argamassas e seus

componentes e noções de bioclimática.

As atividades práticas foram a produção

de tijolos de adobe, a execução de alguns metros

corridos de terra ensacada, a produção de

argamassas em terra, solocimento, cimento e cal,

além de um exercício prático de planejamento e

gestão de obra. Na sequência, em exercício

projetual e de gestão de obra, os dados registrados

foram utilizados para que calculassem

quantidades de material, tempo e custo de um

projeto que os próprios participantes idealizaram.

A outra experiência, foi o primeiro

módulo da Formação Certificada em

Bioconstrução, realizado de 28 de abril a 1 de

maio de 2018, contabilizando 35 horas-aula, nas

quais foram intercaladas exposições teóricas e

atividades práticas. O conteúdo abrangeu as

propriedades e usos de materiais naturais e

industrializados; o uso do bambu e da madeira na

construção civil; histórico e técnicas tradicionais

da arquitetura vernacular. As atividades práticas

envolveram o reconhecimento de solos conforme

a cartilha de Seleção de Solos (NEVES et al.,

2010); o preenchimento de paredes de taipa de

mão; manejo de bambuzal; revestimento de

paredes de taipa com argamassas finas e argilas

coloridas, demonstração das técnicas com madeira

e taipa de pilão em formas improvisadas. Aulas

teóricas foram realizadas de forma participativa

com utilização de bibliografia de referência. Tanto

na primeira como na segunda formação as

atividades práticas foram iniciadas de forma

didática, com explicação passo a passo das tarefas,

apresentação dos materiais e dicas sobre o uso das

ferramentas e manipulação dos materiais, além de

tempo de observação e informações adicionais

àquelas fornecidas na exposição teórica.

Uma vez entrosados com as ferramentas,

materiais e parceiros de atividade, os participantes

apresentavam tendência a reorganizarem a forma

de execução das tarefas tendo em vista as

dificuldades encontradas ou ferramentas

disponibilizadas. Durante as práticas, os

instrutores fizeram sempre intervenções pontuais

e observaram os grupos. Ao encontrarem desafios,

em geral, foi entre os próprios participantes que os

questionamentos e respostas foram encontrados.

De fato, os instrutores nestas formações são,

geralmente, denominados “facilitadores”, pois o

papel principal é facilitar o aprendizado. Este

ponto diz respeito a um dos pilares do processo,

denominado aprendizagem mediada. Conforme

coloca Vygotsky (1991) o educador ocupa um

lugar essencial no processo de mediação de

conhecimento, pois ele auxilia o sujeito no seu

movimento de internalização da informação.

Nas duas formações constata-se um

padrão de perfil dos participantes, em sua maioria

estudantes universitários ou recém-formados,

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19

principalmente, do curso de Arquitetura e

Urbanismo; os outros exercem atividades

diversas. O fato de a maior parte dos participantes

nunca ter presenciado ou acompanhado uma obra

de construção civil, por vezes, pode fazer com que

apresentem uma visão idealizada do processo

construtivo. Ressalta-se que os processos

construtivos propostos nos cursos são sempre

artesanais, pois têm um propósito lúdico do

contato das pessoas com a terra; assim sendo, o

preparo das argamassas é feito com os pés. Ainda

segundo Vygotsky (1991) o brinquedo e o caráter

lúdico precisam permear todo o processo de

aprendizagem, pois estimulam e ampliam o

processo criativo e comunicativo no sujeito.

Ao final de cada formação foi solicitado

aos participantes uma avaliação do curso e das

suas experiências vivenciais. A avaliação da

formação 1 foi realizada no que os organizadores

chamam de “roda de feedback”: sentados em roda,

participantes, organizadores e facilitadores

conversaram sobre os aspectos positivos e os

desafios encontrados durante o curso. A maioria

dos participantes afirmou ter experimentado com

maior impacto os aspectos sutis decorrentes da

cultura do espaço, tais quais o ambiente de

cooperação, bom entrosamento e momentos de

convivialidade. Este é outro aspecto fundamental

da aprendizagem que Vygotsky (1991) demarca: a

dimensão social, ou seja, o sujeito mergulhado na

coletividade, na troca social de conceitos,

sensações e emoções amplifica a sua capacidade

de desenvolvimento. Já a avaliação final da

formação 2 foi realizada por escrito. Como pontos

positivos, foram apontadas: a alternância e o

equilíbrio entre as atividades teóricas e práticas,

proporcionando fixação do conhecimento,

viabilizando um entendimento a respeito da

aplicação das técnicas e a resolução de problemas

reais, que surgiram durante a execução. Foi

comentado também o fato de a aprendizagem

prática servir como complementação da formação

em Arquitetura e Urbanismo

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arquitetura com terra é uma área de

conhecimento e atuação em extremo

desenvolvimento no Brasil e, em específico, no

Estado de Santa Catarina. Este contexto pode estar

relacionado à eficácia dos cursos de formação,

pois representam não só uma possibilidade de

ampliação de conhecimento sobre o tema, mas

também uma oportunidade de os participantes se

relacionarem com o trabalho prático e manual.

Sobre este ponto, um aspecto importante diz

respeito ao sentimento de empoderamento,

expressado durante e após as práticas de

construção.

Percebeu-se ainda que os participantes, ao

manejarem as ferramentas, ao se relacionarem e

trabalharem em grupo e, ao se colocarem em

desafio frente às novas experiências, sentiram-se

empoderados e satisfeitos pelo próprio fazer. Isto

diz respeito à importância da manualidade e da

percepção individual e coletiva do produto do

próprio trabalho, a qual proporciona satisfação e

bem-estar no sujeito.

Outro aspecto importante a ser levantado

está relacionado à dificuldade dos participantes de

lidar com a própria manualidade e com o esforço

físico próprio do trabalho. Com isto percebe-se o

quanto falta um contato com a dimensão prática e

manual do fazer e a dificuldade de colocar o

próprio corpo em movimento para criar e

construir.

Por outro lado, o método educativo

abordado ao longo dos cursos, ou seja, o aprender

fazendo no coletivo, possibilitou uma imersão

integral nas atividades. Além de aprender com a

teoria, podiam se confrontar com os outros

colegas, se relacionar com o ambiente ao redor e

se apoiar nos facilitadores para qualquer

necessidade.

Também se observou que o fator decisivo

na eficácia da aprendizagem foi o trabalhar em

grupo. O exercício físico, o cansaço, o suor, as

risadas e a sujeira compartilhada, muitas vezes

vividas de forma lúdica, são experiências

saudáveis que amplificam a capacidade de

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20

absorção das informações e das técnicas.

Concluindo, ratifica-se a importância da

promoção de vivências e experiências

relacionadas à construção com terra, pois

proporcionam tanto uma nova visão e percepção

do viver e do habitar, quanto um desenvolvimento

pessoal positivo e genuíno do indivíduo,

promovendo a sua interação humana com o meio

e com o social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEWEY, J. Vida e educação. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: Fundação

Nacional de Material Escolar, 1978.

DUARTE, N. Vigotski e o aprender a aprender: crítica às apropriações neoliberais e pós-

modernas da Teoria Vigotskiana. Campinas, SP: Editora Autores Associados. 2001

FARIA, O. B.; BELTRAME, A. S. D.; ALONGE, F. A. Breve panorama do ensino e

pesquisa sobre arquitetura e construção com terra no Brasil. TerraBrasil 2016: Anais.

Bauru: Rede TerraBrasil; UNESP, 2016.

HOLMGREN, D. Permacultura: Princípios e caminhos além da sustentabilidade. Porto

Alegre, RS, Editora Via Sapiens, 2013.

LAKATOS, E., MARCONI, M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo:

Editora Atlas, 2003.

NEVES, C.; et al Seleção de solos e métodos de controle na construção com terra –

práticas de campo. PROTERRA, 2010. Disponível em http://www.redproterra.org

SANTOS, C. A. Construção com Terra no Brasil: Panorama, Normatização e Prototipagem

com Terra Ensacada. Dissertação de Mestrado defendida pelo Programa de Pós-Graduação

em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina – POSARQ, UFSC.

Florianópolis: 2015.

VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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21

3º COLOCADO – CURSO DE DIREITO

O ELEVADOR AINDA TEM DONO? A PARTICIPAÇÃO DE

DOCENTES NEGROS NO ENSINO SUPERIOR

Rafael Ribas Augusto

1 INTRODUÇÃO

Mesmo sendo um assunto muito discutido

a construção de uma sociedade democraticamente

racial está longe de se tornar uma realidade. A

exclusão dos negros nas universidades brasileiras

é um retrato desta triste e lamentável realidade.

O racismo e suas reproduções são

elementos desestruturantes na educação brasileira.

A magnitude de seus efeitos é reafirmada pela

evidência estatística, conforme aponta o Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (SILVA; GOES,

2013). A perdurável diferenciação racial na

sociedade demonstra atuação de sistemas e

mecanismos de reprodução das desigualdades, que

se faz contrária a nossa Constituição Federal

(1988), que expressa no seu art. 5º que “todos são

iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza”.

Mesmo a Constituição Federal (1988)

tendo garantido o direito à isonomia e a discussão

sobre a construção de uma nação

democraticamente racial ter se destacado nos anos

30 do século passado — com forte influência do

escritor Gilberto Freire — e mais recentemente,

com a Lei 12.711/2012, que dispõe sobre o

ingresso nas universidades federais e nas

instituições federais de ensino técnico de nível

médio — o controle acadêmico e a exclusão racial

no Brasil continuam com índices alarmantes,

sendo o Ensino Superior ainda composto por 99%

da etnia branca, consequência do tempo no qual

apenas se falou sobre o assunto, mas nada de

concreto foi realizado para modificar esta

realidade (CARVALHO, 2005).

Destarte, este estudo tem como objetivo

verificar e apontar a ausência de docentes de

fenótipo negro nas Universidades, Centros-

Universitários e Faculdades das cidades de Itajaí,

Navegantes e Balneário Camboriú.

Foi adotado o método indutivo,

operacionalizado por meio de pesquisa descritiva

e explicativa, com abordagem quantitativa. A

coleta de dados foi realizada acessando-se o site

oficial de cada Instituição, levantando-se a lista de

docentes dos cursos de Direito e, em seguida,

pesquisando-se um a um na Plataforma Lattes,

disponível no site do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científica e Tecnológico. Para

analisar o fenótipo de cada docente foram

avaliadas as características físicas das fotos

publicadas nos seus Currículos Lattes, sendo

separados pelo critério binário de negros e não

negros, sendo que o objeto de estudo são os

docentes negros. Essa pesquisa não se preocupou

em categorizar outros fenótipos, como exemplo,

índios ou pardos. Os resultados encontrados foram

tabulados e serão apresentados na seção a seguir.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO E DISCUSSÕES

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22

O processo de abolição dos escravos teve

início em 1850, sendo somente promulgada a Lei

Áurea em 1888, porém, a luta contra a escravidão

continuou por muito tempo depois da abolição e

seus reflexos sociais continuam até os dias atuais

(MENEZES, 2009).

O Brasil conviveu mais de cem anos com um dos

índices de exclusão racial dos mais cruéis,

passando concomitantemente uma imagem

oposta, fortalecida pelas elites brancas e pelo

silenciamento por parte das universidades ao

adotarem um projeto eurocêntrico do saber

(CARVALHO, 2005).

Na década de 30 do século XX, com o

surgimento das Universidades Federais, teria sido

possível integrar os negros e os índios,

construindo assim um panorama da presença

negra e indígena nas universidades públicas bem

diferente do atual, com uma nação multiétnica e

multirracial, para que os seus saberes pudessem

influenciar nossos parâmetros de saberes, bem

como referenciar a formação de novos professores

com uma visão mais democrática sobre a presença

negra.

Em 1942, Guerreiro Ramos — sociólogo

negro e um dos maiores cientistas sociais daquele

século — formou-se na primeira turma de

Filosofia da Universidade do Rio de Janeiro, mas

apesar de seu brilho intelectual, foi barrado no

concurso para professor, relatando ter sido vítima

do racismo (GUERREIRO..., 2001). Edison

Carneiro também foi outro intelectual negro que

tentou ser professor da UFRJ, mas perdeu o

concurso para alguém que nem sequer possuía

uma produção científica comparável

(CARVALHO, 2005).

Diante desse cenário desolador, o

Governo brasileiro busca por meio de programas

sociais e ações afirmativas uma forma de reverter

a situação. Destaca-se, entre essas ações, a Lei n.

12.711/2012, que instituiu a política de cotas

raciais. O Supremo Tribunal Federal já manifestou

a constitucionalidade da política de cotas, que vem

se expandindo gradativamente, buscando a

igualdade de oportunidades, visando assegurar a

todos a possibilidade de obter um ponto de partida

idêntico para que possam se desenvolver, não

podendo ser considerada como um privilégio, mas

sim, como vantagens legais visando a igualdade de

oportunidades (SARMENTO, 2013).

Conforme Carvalho (2005), se faz

necessário observar o topo da educação, não sua

base, pois é no topo da pirâmide que encontramos

o controle acadêmico, o controle da ciência e do

ensino superior pelo fenótipo branco.

As leis que estabelecem as cotas podem

ser interpretadas como a metáfora da doutrina

italiana sobre as normas de calibragem, segundo

Sarmento (2013, p. 3), na qual estabelece que “o

ar que penetra em apenas um dos pneus é essencial

para a estabilidade do veículo, permitindo-lhe

circular com segurança e conforto”, pois o ato de

encher o pneu vazio tem efeito corretivo de defeito

que poderia degradar o mecanismo.

Nesta pesquisa, buscou-se identificar

regionalmente o reflexo da ausência da política de

cotas nos Cursos de Direito da Universidade do

Vale do Itajaí (UNIVALI), Campi Itajaí e

Balneário Camboriú; da Faculdade Avantis de

Balneário Camboriú; e da Faculdade Sinergia de

Navegantes.

Após levantamento das informações

necessárias foram encontrados 229 docentes nos

cursos de Direito. Na UNIVALI Campus

Balneário Camboriú foram relacionados 84

docentes, sendo possível efetuar a verificação de

68 Currículos, devido à falta de registro

fotográfico de 16 docentes. Da mesma forma

ocorreu no Campus Itajaí, sendo visualizados 76

Currículos dos 101 docentes deste Campus. Nas

demais Faculdades pesquisadas foi realizada a

análise do perfil de todos os docentes, sendo 21 na

Faculdade Avantis e 23 na Faculdade Sinergia.

Esses dados traduzem-se nos percentuais

apresentados no Gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1 — Número percentuais de docentes do curso

UNIVALI Itajaí44%UNIVALI

Balneário Cambor…

Avantis9%

Sinergia10%

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23

de Direito por instituição e por campus

Fonte: Dados primários, 2018

Porém, para atingir o objetivo deste

estudo foram excluídos os profissionais que atuam

em mais de uma unidade, totalizando assim o

número 184 docentes analisados, sendo

identificada apenas uma docente com o fenótipo

negro, que leciona nos dois Campus da UNIVALI

Itajaí e Balneário. Destarte, o percentual de

docentes negros de todas as unidades pesquisadas

é de apenas 0,5% (o que mal aparece no Gráfico

2).

Gráfico 2 — Percentuais de docentes negros e não

negros que lecionam nas instituições pesquisadas

Dados primários, 2018

Este resultado corrobora com a pesquisa

apresentada por Carvalho (2005), a qual identifica

que em média, apenas 0,5% dos docentes nas

universidades públicas brasileiras são negros, e

que em algumas universidades, como a USP e

Universidade de São Carlos, este índice é ainda

menor: 0,2%.

Mesmo que aludido estudo tenha sido

apresentado no ano de 2005, infelizmente a

presente pesquisa aponta os mesmos resultados,

evidenciando que este tema deveria ter sido

colocado como prioritário nos centros

acadêmicos, como uma oportunidade de mudança

desta realidade, pois trata-se de superar uma

exclusão sistemática de quase metade da

população nacional, pois em 2010, 50,7% da

população se declarou negra (SILVA; GOES,

2013, p. 16).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados encontrados,

podemos relacionar que uma grande parte da

barreira para uma intervenção antirracista no

Brasil é fortemente corroborada pelas

universidades com a ausência de docentes negros,

porque os professores representam um segmento

de poder com uma ideologia própria, com um

acesso direto ao poder e com uma capacidade de

reproduzir a elite brasileira.

Mesmo com a Lei de Cotas de 2012, ainda

não houve uma mudança significativa na inclusão

dos negros no corpo docente das Universidades,

mesmo porque a Lei é destinada apenas ao ensino

público, sendo necessária uma urgente

transformação desta realidade moralmente

inaceitável. Uma alternativa para esta

transformação seria a abrangência desta Lei para

as instituições privadas, ampliando ainda mais as

oportunidades de inclusão. Contudo, não apenas o

vestibular deve ser afetado pelas cotas, mas todo o

contexto em que é inserido o cotista, devendo

haver um esforço contínuo para promover ações

que realmente integrem e acomodem os cotistas da

permanência até a conclusão do curso, por meio

de ações concretas nas Universidades, a fim

superar o teor assistencialista e unicamente

econômico dessas medidas, como aulas de

reforço, bolsas de auxílio financeiro, bolsa

alimentação, entre outras que promovam a

integração e a discussão sobre questões étnico-

raciais e para a resolução de conflitos ou

problemas ligados ao tema.

Da mesma forma como foi superada a

segregação entre negros e brancos no uso dos

elevadores, devemos agir para que ambos possam

se elevar e atingir os mesmos níveis na educação

brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, José Jorge de Carvalho. Inclusão étnica e racial no ensino superior: um

[]0,5%

[]99,5%

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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

O QUE É O ESTADO ISLÂMICO? SERÁ QUE PAZ É UM DOS

OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO?

Alessandra Menezes da Luz Machado

Fernanda Natalia Colla de Souza

Felipe de Bortolli

1 INTRODUÇÃO

Neste artigo buscou-se identificar o que

é o califado conhecido como Estado Islâmico. Pela

pesquisa realizada foi possível analisar o

surgimento da organização embasado na religião,

sendo este fator determinante em seu

desenvolvimento e atuação. Ao analisar as

atitudes executadas pela organização foi possível

identificar a existência de propósitos pacíficos mal

interpretados e divulgados erroneamente, expondo

a influência do islamismo na organização do

grupo, bem como a violência usada para atingir

seus objetivos de acordo com as missões pré-

estabelecidas pelo califa, que definem o domínio

de territórios e soberania. E, por fim, o que isso

fomentou a nível mundial.

1.2 O CALIFADO

Califado, Sharia, ou Estado Islâmico

(EI) como conhecemos, é uma organização

informal Jihadista Islamita, de orientação Salafita

e Uaabista, que atua como um governo. Seus

ideais são baseados em empenho, esforço e luta na

busca pela fé perfeita, de forma puritana,

estabelecendo o monoteísmo puro e seguindo a

ideologia política e religiosa de que não se separa

o direito da religião, tornando-os um só dentro do

Islamismo. Apoiado em conceitos ortodoxos,

extremistas e ultraconservadores, fundamenta-se

na interpretação dos mandamentos do profeta

Maomé e seus primeiros seguidores, presentes no

Alcorão, (livro sagrado islã de importância

semelhante à Bíblia para os cristãos) designados

de acordo com a necessidade política do grupo.

Devido a isso, entender o que é o

Islamismo e como o grupo se inspira nele

se faz necessário para analisar suas ações

e como elas interferem no Iraque e na

Síria, [...] existem várias leituras

ideológicas sobre Islamismo, sendo que

a ideologia em que o grupo se inspira é

apenas uma variação bem particular e

minoritária de Islamismo.

(FERNANDINO, 2017, p. 11)

O grupo estabeleceu sua prática de forma

violenta por meio de ataques terroristas,

inicialmente no Oriente Médio, o qual é

constituído por 15 países, atuando com ataques

sobre os territórios conquistados, situados ao

noroeste do Iraque e em parte da região central da

Síria. Autoproclamado como califado (um Estado

que é governado por uma autoridade religiosa)

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localizado atualmente em Raqqa, na Síria,

AbuBakr al-Baghdadi assumiu o posto de califa,

dando origem à organização conhecida como

Estado Islâmico no dia 29 de junho de 2014.

Desde então vem disseminando o terror sobre a

população das regiões acometidas pela sua

presença, perseguindo minorias e atacando outras

partes do mundo.

1.2.1 Surgimento

O Estado Islâmico é uma consequência da

invasão norte-americana ao Iraque em 2003,

gerando uma guerra local após a ocupação. O

Governo Bush convenceu os seus aliados que o

Iraque, inimigo dos EUA desde a Guerra do Golfo,

possuía armas de destruição em massa e acusou

Saddam Hussein, então presidente iraquiano, de

abrigar e apoiar terroristas da Al-Qaeda,

organização de atuação semelhante ao EI,

instalada no país em 2004. Sendo assim, a postura

de Hussein representava uma ameaça para os

Estados Unidos. Enquanto a política envolvendo o

Iraque era discutida no Ocidente,

grupos jihadistas se instalaram e impuseram sua

doutrina dentro da Síria:

Com o início da guerra civil iraquiana em

2006, o Estado Islâmico rompeu relações

com a Al-Qaeda e concentrou suas

atenções no Iraque. Depois da Primavera

Árabe (nome dado à onda de protestos,

revoltas e revoluções populares contra

governos do mundo árabe que estourou

em 2011, devido o agravamento da

situação dos países, provocado pela crise

econômica e pela falta de democracia) o

grupo extremista viu a oportunidade de

ocupar a Síria e, com o início da guerra

civil síria, o grupo passou a atuar tanto

nesse país quanto no Iraque (NEVES,

2017, s.p.).

Desta maneira o grupo tem se consolidado

com força, por meio da seleção e recrutamento de

jihadistas nas regiões do Levante, que se resumem

à Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e a

Chipre, assim como em outras partes do mundo,

buscando jovens sem relação alguma com a

religião Islã, nem contato com muçulmanos que

residem no ocidente, com a missão de estabelecer

o califado e expandir o domínio territorial.

1.2.2 Objetivos do Califado

Seus objetivos são baseados e justificados

nos princípios do Islamismo, focado em expandir

o modelo teocrático radical globalmente de

governo por meio do domínio, utilizando métodos

terroristas, sobretudo contra alvos civis. São

guiados pelo Jihad ismo e Uaabismo, segmentos

da religião que lidam com vários aspectos da vida

cotidiana, desde política, economia, negócios,

família, sexualidade, questões sociais, prezando a

submissão e obediência, monoteísmo bem como

conservadorismo ortodoxo e a luta pelo exercício

do direito islâmico, afirmado por Maomé em seus

escritos sagrados no Alcorão.

Porém estes princípios a serem seguidos

são interpretados pelas gerações atuais,

componentes do Califado os quais doutrinam os

novos membros, da maneira que melhor lhes

convém para que a conversão seja total e

irreversível.

[...] A novidade apresentada [...] está

relacionada à criação de uma meta a

ser seguida pelas novas gerações de

muçulmanos: a mundialização do Islã

[...] é a função divina dos islâmicos a

instalação de um califado islâmico

(SOUZA; REIS, 2017, p. 308).

Da mesma forma, tem-se a interpretação

do conceito jihad pelo teórico sênior da Irmandade

Muçulmana, SayydQtub (1906-1966) que diz “é

necessário que haja uma vanguarda que se erga

com essa determinação”.

Outro ponto que descreve as ações do

grupo extremista é a do professor de História e

especialista em Oriente Médio Juan Cole, da

Universidade de Michigan que em entrevista à

BBC Brasil (2015, s.p.) afirmou que: "Tudo isso

aconteceu em reação à invasão militar americana

e ocupação do Iraque".

Uma organização que surgiu após ataques

à sua nação, vindos de um país apoiado

erroneamente por seus respectivos aliados, devoto

do materialismo, regido pelo capitalismo

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ganancioso que visa se apropriar da riqueza de

minérios em forma de ouro líquido negro, o

petróleo, expõe seus objetivos de vingança contra

as sociedades promíscuas que contradizem seus

princípios religiosos, fazendo uso da violência em

suas mais diversas formas para estabelecer

domínio e poder, esbanjando seu poderio bélico

desenfreado.

1.3 VIOLÊNCIA

A violência do Estado Islâmico tem como

finalidade amedrontar e aterrorizar, obtendo o

respeito e submissão nas regiões que controlam e

nas que pretendem obter o poder. Controlando

rigidamente a sharia, são impostas punições e

penas aos que não seguem os mandamentos do

Alcorão, assim como a perseguição e extermínio

de todo e qualquer tipo de minoria, como: curdos,

homossexuais, xiitas, cristãos, entre outros. Desde

2014, os atentados e execuções realizados, alguns

transmitidos pela internet em tempo real,

demonstram a frieza e determinação que os

extremistas tratam aqueles que contrariam seus

ideais e invadem seu território.

As atividades do Califado são financiadas

e mantidas por meio do tráfico de mercadorias,

doações de simpatizantes e a venda de barris de

petróleo. Em estimativas recentes o Estado

Islâmico arrecadou cerca de dois bilhões de

dólares em recursos e o número de membros se

aproxima dos 50 mil.

1.4 A IMAGEM DO ESTADO ISLÂMICO

PELO MUNDO

Em constante aparição nos noticiários

mundiais o Estado Islâmico prova a cada ataque

que assume responsabilidade - consciente de que

nada parece conseguir deter suas atividades - sua

determinação e compromisso em realizar seus

objetivos, provando ser desnecessário se

subordinar aos países que contrariam seus ideais

religiosos.

A este respeito cabe considerar que a

visão que o mundo obteve da organização

extremista leva em consideração apenas o exposto

pela mídia, manipulada pelas nações que

alimentam o interesse que a guerra contra os

países que compõem o Oriente Médio continue até

que a vitória seja alcançada pelos dominantes

caracterizados pelo consumismo, que visam se

apossar das riquezas naturais das regiões hoje em

conflito, divulgando suas atitudes com êxito e

valorizando o mérito de cunho heroico manchado

de sangue.

2 DISCUSSÃO

Na época de Saddam Hussein, que

governou o Iraque entre as décadas de 1980 e

2000, o país era uma das áreas mais poderosas e

importantes do mundo árabe, graças às riquezas

naturais e às vantagens de possuir um Estado laico.

Quando os EUA invadiram o país, em

2003, alegando a existência de armas de

destruição em massa, exigiram

o desmembramento do exército local. Muitos

desses soldados treinados, que entraram para

diferentes grupos armados, hoje estão no Estado

Islâmico. Segundo Cole (BBC, 2015), professor

de História e especialista em Oriente Médio da

Universidade de Michigan, toda a criação do EI

aconteceu em reação à invasão militar americana

e ocupação do Iraque, confirmando que há

evidências de que os radicais aproveitaram o fato

de estarem concentrados em um único lugar para

se conectarem uns com os outros fazendo das

prisões, lugares para ampliar as redes de contatos

e formação de novas alianças.

o EI tem os Estados Unidos e todos os países que

o ajudaram como os principais inimigos além de

proclamar que seus ataques são uma forma de

iniciar o fim dos tempos, pois acreditam que uma

grande batalha contra os infiéis dará início ao

julgamento final, profetizado no Hadiz, um de

seus textos sagrados.

Após ser realizada uma decapitação de um

agente humanitário chamado Peter Kassig, em

2014, o executor disse: “Aqui estamos, enterrando

o primeiro cruzado americano em Dabiq e

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esperando avidamente o resto de seus exércitos

chegarem”, dando ênfase para a batalha final em

seu território e acrescenta “quando o inimigo de

Alá vir Jesus, ele se dissolverá, assim o sal se

dissolve na água” invocando a morte de um falso

messias. Franklin (teólogo da Universidade

Presbiteriana Mackenzie) que acredita que a

linguagem é muito simbólica, dando a entender

que os terroristas têm seu próprio tom de

interpretação que mais lhe diz respeito. Há quem

defenda que essa batalha não é física e sim uma

metáfora sobre manter-se firme nas dificuldades

pessoais e religiosas, mas ainda assim é tudo

derivado do modo de interpretação.

Contudo, os membros do EI são jihadistas

que fazem uma interpretação extrema do ramo

sunita do Islã e acreditam serem os únicos reais

fiéis tendo a visão do resto do mundo como infiéis

que querem destruir sua religião. Desta forma,

atacam muçulmanos e não muçulmanos por meio

de decapitações, crucificações e assassinatos em

massa, pois usam os versos do Alcorão para

justificarem seus atos com trechos que incitam a

“golpear a cabeça” dos infiéis.

Apesar de agressivo e violento, o Estado

Islâmico é uma organização de princípios

religiosos, a qual busca defender seus direitos,

afinal estão defendendo sua cultura que é mal

interpretada ou rejeitada por aqueles que não a

seguem.

Porém o julgamento perante os atos

cometidos depende de intervenções externas ao

conflito, prolongando o conflito já caracterizado

como interminável. A busca pela paz condiz com

todas as culturas de todos os povos, porém é

preciso entender os sinônimos de paz e como cada

uma delas interpreta e aplica aos seus adeptos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a conclusão da pesquisa envolvendo

o tema escolhido, ficou clara a origem do Califado

intitulado Estado Islâmico e as razões que

justificam os atos cometidos pelo grupo, bem

como a influência que a religião exerce sobre os

habitantes do Oriente Médio. Em uma terra de fé

extremista, muitas vezes é divulgada de forma

primitiva e promíscua pela mídia, que mostra

apenas aquilo que melhor convém aos seus

interesses.

As notícias hoje em dia são facilmente

manipulas, por meio das Fake News e outros

meios de comunicação. Afinal, em uma terra

sagrada segundo os desígnios religiosos que ali

estiveram presentes e ainda afetam a política

social dos países arredores da região, os habitantes

destas nações que vivem em guerra, muitas vezes

inocentes que nascem em meio à desordem e caos

causado pelas gerações passadas e hoje têm de

batalhar arduamente para recuperarem suas terras

tomadas pelos próprios nativos que buscam

vingança pela liberdade que lhes foi tomada.

Vê-se que estamos diante de um

emaranhado de religiões e conflitos que talvez

nunca termine. Observa-se que o fato de uma

organização como o EI existir mostra como a

realidade gananciosa e consumista presente em

países do Ocidente, que se congratulam por

ganharem guerras que causam, para se auto

intitularem heróis, uma vez que matam milhares

de inocentes em um território que não os pertence,

pode desestabilizar economias e destruir a

esperança de nações culpadas apenas por

defenderem seus ideais e direitos constituídos por

uma religião não cristã.

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coordenado a Paris. Afinal, o que o ISIS quer além de tocar o terror e chamar a atenção do

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

SUPERIOR KROTON

Camila Gadonski de Freitas

Dante Guilherme Santos Panzeri da Cruz

Felipe Carlos Vargas

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

Na sociedade atual, com a globalização e

as facilidades criadas pelas tecnologias, tornou-se

ainda mais difícil disseminar a socialização,

integração e interação entre todos. As novas

tecnologias, criando possibilidades infinitas,

sejam elas de negócios ou não, aparentam facultar

para que a cada dia que passa, mais e mais os seres

humanos optem por se distanciarem uns dos

outros, deixando-os mais frios e infelizes, seres

que aparentemente não sentem o desejo de ajudar

ao próximo.

Neste cenário não muito propício,

empresas apresentam algumas propostas

buscando, por meio destas facultar para tal

interação, ajudando pessoas em situações

lastimáveis e dando a elas uma nova possibilidade

de vida. Para tanto, projetos sociais são alguns dos

que serão abordados neste artigo, expondo pontos

chaves, seus impactos na sociedade e dentre outros

motivos que fazem com que ainda pulse esperança

no coração das pessoas beneficiadas.

A análise realizada neste estudo baseou-se

nos balanços e projetos sociais realizados pela

empresa Kroton Educacional S.A, buscando levar

ao leitor um conhecimento a mais da importância

de empresas como estas na sociedade atual e o

impacto que tais projetos têm dentro desta.

2 DISCUSSÕES

Atualmente, observa-se que as empresas

estão preocupadas não só com os lucros, mas

também com o bem-estar da sociedade e

colaboradores, fazendo com que assim

demonstrem suas ações ao público em um

instrumento de informação denominado balanço

social.

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke

(2000), o Balanço Social busca demonstrar o grau

de responsabilidade social assumido pela empresa

e resultando na prestação de contas à sociedade

pelo uso do patrimônio público, constituído dos

recursos naturais, humanos e o direito de conviver

e usufruir dos benefícios da sociedade em que

atua.

Tinoco (2001) cita que o Balanço Social é

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um instrumento de gestão e de informação que tem

como função evidenciar, de forma mais

transparente possível, informações sociais e

econômicas, do desempenho das entidades, aos

mais diferenciados usuários.

De acordo com Freire e Rebouças (2001),

o balanço social pode ser considerado como uma

demonstração técnica gerencial que reúne um

conjunto de informações sociais da organização,

fazendo com que assim se permita aos agentes

econômicos visualizar suas ações em programas

sociais para os empregados, entidades de classe,

governo e cidadania.

Assim, buscou-se analisar o balanço

social da empresa Kroton, que é o nome da maior

empresa de educação privada do mundo. Foi

fundada em 1996 com o intuito de ser uma

empresa de cursos pré-vestibular com o primeiro

nome de Pitágoras. De lá para cá a empresa obteve

um desenvolvimento fabuloso, diversificando e

ampliando seus ramos de atuação, adentrando aos

ensinos pré-escolar, ensino primário e secundário,

ensino secundário para adultos, vestibular, cursos

livres, educação superior e pós-graduação, entre

outros.

Mas esta empresa não parou por aí. Além

de seu crescimento magnífico, o que mais chama

a atenção nesta organização é o crescimento nas

ações sociais por ela promovidas, que atingem a

toda comunidade, mostrando sua compaixão e

humanidade.

No ano de 2017, conforme divulgado em

seu Balanço Social, a mesma referência que:

A Kroton tem uma atuação superlativa na

área de responsabilidade social,

condizente com sua posição no mercado

educacional do Brasil e do mundo. São

programas transformacionais, exercidos

em larga escala, com alta eficácia e

alinhados ao negócio de educação, que

impactam diretamente no

desenvolvimento do país. Contando com

o envolvimento de uma vasta rede de

alunos e colaboradores, a Kroton

colabora para o desenvolvimento de

competências alinhadas às práticas de

aprendizagem e o reforço contínuo do

processo de cidadania (KROTON, 2017,

s.p.).

Em 2017, foram realizados mais de 1.287

projetos de ação social pelas unidades e polos da

Companhia, impactando positivamente mais de

1,5 milhões de pessoas. Destes números,

destacam-se alguns programas institucionais,

como: (i) o Trote Solidário, iniciativa que estimula

o engajamento dos alunos em ações sociais desde

o início de sua vida universitária, e que em 2017,

contou com mais de 237 mil alunos e 258 mil

pessoas beneficiadas; (ii) a Campanha de

Responsabilidade Social, oferecendo uma amostra

de atividades sociais a 357 mil pessoas das

comunidades do entorno das instituições Kroton;

e (iii) o Vestibular Solidário, ação que incentiva os

candidatos a trocarem sua inscrição por uma

doação de alimentos, com mais de oito toneladas

arrecadadas em seu último ciclo, doadas para

instituições selecionadas. Além disso, as unidades

Kroton realizam milhares de atendimentos pro

bono visando a melhoria da qualidade de vida, a

oportunidade de acesso e o desenvolvimento das

comunidades em que atuam.

Em 2017, também foram oferecidos 2,3

milhões de procedimentos especializados para 1,9

milhões de pessoas. A Fundação Pitágoras, que

atua há 18 anos como braço social da Kroton,

desenvolveu o Sistema de Gestão Integrado (SGI),

implantado gratuitamente em escolas pública de

ensino básico que possuam os piores resultados no

IDEB e os menores índices do IDH. Apoiando

suas lideranças tecnicamente e transferindo sua

metodologia por meio do SGI, foram registrados

avanços significativos na aprendizagem dos

alunos, além de melhoria e inovação nos processos

e nas práticas de gestão. Já foram beneficiados

cerca de 29 mil educadores e 1 milhão de alunos

em mais de 12 Estados do Brasil.

A Fundação Pitágoras também lidera há

11 anos o Movimento Conspiração Mineira pela

Educação no Estado de Minas Gerais, cuja

estratégia principal é fortalecer a liderança das

escolas públicas por meio de encontros

sistemáticos – Fóruns de Diretores – para

promover a troca de experiências e melhores

práticas dentro dos cinco temas definidos pelos

próprios diretores como fundamentais para uma

escola de qualidade: Pacificação; Motivação dos

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Alunos; Motivação dos Professores; Integração

Família/Escola e Melhoria dos Indicadores

Oficiais de Aprendizagem. São beneficiadas cerca

de 1.741 escolas das redes públicas municipal e

estadual e 1,3 milhão de alunos. Replicando o

formato da Conspiração Mineira pela Educação, a

Kroton lançou a Aliança Brasileira pela Educação

em agosto de 2016 na cidade de São Paulo,

atendendo cerca de 300 escolas estaduais e 350

mil alunos. Em 2017, a Aliança foi expandida para

todas as escolas estaduais por meio das

transmissões dos Fóruns de Diretores em tempo

real para todas as diretorias do interior de São

Paulo. Dois outros grandes projetos da Fundação

Pitágoras são os “Projetos Prisionais” e a

“Primeira Infância”, ambos implementados em

fase piloto no Estado de Minas Gerais, com planos

de expansão para outras regiões do país em 2018.

Os “Projetos Prisionais” visam levar

educação de qualidade para o sistema prisional,

promovendo iniciativas de ressocialização como:

(i) assistência jurídica pro bono para os familiares

dos presos; (ii) oferta gratuita de cursos livres de

capacitação na modalidade EAD; e (iii)

implantação de programa sistemático de leitura

visando melhorar a capacitação dos presos e a

remição da pena. A “Primeira Infância” garante a

continuidade do Programa do Ministério de

Desenvolvimento Social “Criança Feliz”,

estimulando o desenvolvimento cognitivo e

emocional nos primeiros 3 anos de vida.

Em 2017 foram capacitados os

profissionais para atuarem junto às crianças em

áreas vulneráveis. Além do propósito de oferecer

ensino de qualidade a seus alunos, a Companhia

contribui com a evolução da sociedade como um

todo, por meio de projetos que têm a capacidade

de transformar vidas em diversas áreas, pois

acredita que educação é a política pública de maior

impacto social, promovendo desenvolvimento

econômico e servindo de plataforma para as

demais políticas públicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo abordou temas que vem

ganhando grande relevância no meio social como

a paz e a responsabilidade sustentável, assuntos

bastante trabalhados em Instituições de Ensino

Superior. Evidenciou-se que o estabelecimento de

ensino Kroton Educacional S/A exerce grande

atuação no ramo de responsabilidade com projetos

que tem como principal função transformar a

população, executados em grandes proporções,

gerando mudanças no desenvolvimento social do

país.

A corporação trabalha com o intuito de

melhorar a qualidade de vida de seus alunos e da

população promovendo e desenvolvendo ações

que com a educação impactam a sociedade de

forma a mudar a economia e a política da nação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Fátima de Souza; REBOUÇAS, Tereza Raquel da Silva. Uma descrição sucinta do

balanço social francês, português, belga e brasileiro. In: TIBÚRCIO, César Augusto;

FREIRE, Fátima de Souza (Org.). Balanço Social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2001.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de

contabilidade das sociedades por ações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

KROTON EDUCACIONAL S/A e Suas Controladas. Demonstrações financeiras

individuais e consolidadas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e com

o IFRS em 31 de dezembro de 2017 e relatório do auditor independente. 2017. Disponível

em <https://economia.estadao.com.br/fatos-relevantes/pdf/27371121.pdf >. Acesso em: 23

jun. 2018.

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______. Responsabilidade Social: melhorando a vida das pessoas. Disponível em

<http://ri.kroton.com.br/wp-content/uploads/sites/44/2018/01/Programas-sociais-1.pdf >.

Acesso em: 23 jun. 2018.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: uma abordagem da transparência e da

responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PEQUENAS AÇÕES EDUCATIVAS EM PROL DE SEUS

COLABORADORES

Douglas Soares

Jonas Patrick Pereira

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo analisar os

indicadores de constructo social realizados na

empresa BETHA Sistemas Ltda., evidenciados

por meio do balanço social do exercício de 2016.

Ainda assim, o termo responsabilidade com a

educação de qualidade está bastante presente nas

atividades operacionais e administrativas da

organização, mesmo não existindo uma

obrigatoriedade para apresentação do chamado

Balanço Social, nem mesmo uma legislação que

obrigue as empresas a publicá-lo.

Desta maneira, criou-se a oportunidade de

analisar a importância das pequenas ações

implantadas pela empresa em relação à formação

educacional de seus colaboradores utilizando-se

como fonte de pesquisa o Balanço Social

disponibilizado pela organização em estudo, no

ano de 2016.

2 DISCUSSÕES

Diante o tema abordado em relação à

Agenda 2030 (ONU, 2015), mais especificamente

em seu item 4 “Educação de qualidade”, o

presente estudo buscou por uma empresa que

investisse parte de seus lucros em educação para

seus funcionários e também para a sociedade em

geral. Para tanto fez-se uma análise no Balanço

Social da empresa Betha Sistemas Ltda. Por meio

da qual é possível ver o quão ela se interessa por

uma educação de excelência.

Suas ações vão desde campanhas de

agasalhos como incentivo ao estudo de ensino

superior, demandando em 2016 o valor de R$

574.403,75. Ao longo do ano de 2016, a cada data

comemorativa no calendário nacional, ações em

prol de uma educação de qualidade e uma

reeducação de seus funcionários eram realizadas,

sempre divulgando o sucesso e a felicidade dos

seus organizadores, conforme podemos observar

na Figura 01.

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Figura 01 – Ações sociais

Fonte: Betha Sistemas Ltda. (2018)

Betha Sistemas Ltda. é uma empresa que

possui muitas filiais, algumas localizadas em

grandes centros urbanos. Além das suas

instalações físicas para um bom ambiente de

trabalho, contém espaços para massagem, leitura e

entretenimento. Tais ações fazem com que a

empresa se destaque no mercado de trabalho, e os

“olhos” de novos clientes (municípios, pois se

trata de uma empresa voltada para sistemas da área

pública) fiquem interessados por ela.

Ao ingressar na organização o funcionário

passa a ter vários benefícios, como: auxílio creche,

convênio com farmácias, vacina contra gripe,

cartão refeição e alimentação, plano de saúde,

convênio para o ensino superior, plano

odontológico, convênio com Sesi e Sesc dentre

outros. Todos esses incentivos condizem com os

objetivos da Agenda 2030 (ONU, 2015), mais

especificamente com o objetivo 3 “Saúde e bem-

estar - proporcionar o acesso a medicamentos e

vacinas essenciais”, 4 “Educação de qualidade -

acesso para todos os homens e mulheres à

educação técnica, profissional e superior de

qualidade”.

Além de todos os benefícios a empresa

realiza algumas campanhas que integram seus

funcionários com a sociedade, incentivando

sempre um crescimento não só pessoal e sim do

conjunto; e ser um cidadão solidário com o

próximo, realizando ações como campanha do

agasalho; natal para todos; doce gesto páscoa;

primavera consciente; festa de fim de ano e

patrocínio e doações pelas leis de incentivo fiscal.

Atualmente a sociedade encontra-se em

mudanças, principalmente no quesito qualidade de

vida. A preocupação com o conforto e a

comodidade passa a ser de grande importância

para as pessoas, não só em suas vidas particulares,

mas também profissionais culturais e na sua base

familiar. De acordo com Campos (1992), as

relações entre as pessoas são fatores pertinentes

para a qualidade de vida no trabalho.

Assim, cita Fernandes (1996), que nas

duas últimas décadas do século XX a qualidade de

vida no trabalho passou efetivamente a ser

percebida como uma disciplina de marca

estratégica, além de sua origem historicamente

técnica avalia-se ainda os elementos intrínsecos do

ser humano. Com a ideia de qualidade de vida no

trabalho, as organizações perceberam as pessoas

como seu recurso mais valioso, ilimitado e

tangível, e, frente a isso, buscam valorizar seus

colaboradores a fim de os manterem motivados e

diminuírem a perda de seu capital intelectual para

seus concorrentes diretos no mercado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da análise realizada no Balanço

Social da Empresa Betha Sistemas Ltda., percebe-

se o quanto se preocupa em proliferar a educação

para seus funcionários e consequentemente, para a

sociedade, pois com pessoas educadas, a paz é

uma consequência.

Buscar dentro da empresa recursos

financeiros que visem promover a área de bem-

estar no trabalho e qualidade de vida, são os

principais fatores que têm promovido sucesso à

Empresa Betha Sistemas Ltda., sendo necessário

que os gestores presentes na organização tenham

consciência dos resultados, buscando meios para

identificar possíveis falhas na satisfação dos

colaboradores, visando métodos para solucionar

os desafios encontrados no meio do caminho,

trazendo melhores desempenhos tanto

individualmente quanto coletivamente.

Deixamos como sugestão para futuras

pesquisas a análise comparativa que comtemple

mais de um ano dos indicadores sociais, a fim de

proporcionar novos conceitos relacionados aos

objetivos propostos pela Agenda 2030.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, V. F. TQC. Controle da qualidade total. 2. ed. São Paulo: Bloch, 1992.

FERNANDES, E.C. Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar. Salvador:

Casa da Qualidade, 1996.

ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso

Mundo: A Agenda 2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

RELATO HISTÓRICO E ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA

PETROBRAS S/A

Héliton Herodes de Paulo

Jackson Saut

Márcio Costa

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

Muito tem se falado em desenvolvimento

sustentável e atividades sociais, contudo, essas

campanhas são recentes, desencadeadas pela falta

de conscientização global, que geraram pegadas

ecológicas no planeta. Entidades vêm efetuando

essas campanhas que têm sido apresentadas

anualmente à sociedade por meio dos Balanços

Sociais, que são demonstrativos de dados da

empresa com relação a seus projetos sociais,

educacionais, ambientais, dentre outros.

A Organização das Nações Unidas

(ONU), lançou no ano de 2015 a “Agenda 2030”

objetivando campanhas de desenvolvimento

sustentável. Referido programa é constituído de

17 objetivos relacionados às pessoas, ao planeta e

à prosperidade.

Buscou-se, nesse estudo, historicamente

apresentar a origem dos problemas que

culminaram na elaboração da “Agenda 2030”,

relacionando com sua adesão na atualidade por

grandes entidades, em especial a Petrobras S/A.”,

que é uma estatal brasileira de economia mista,

que explora os setores de petróleo, gás, energia e

biocombustível e tem grande impacto sob a

sociedade.

2 DISCUSSÕES

Constantemente, cientistas e especialistas

alertam e chamam atenção para que se busque o

desenvolvimento sustentável, mostrando que a

preservação dos recursos naturais é essencial para

que o planeta não entre com colapso. A origem

dessa preocupação, remete-se ao final do século

XVIII, mais precisamente na Inglaterra, durante a

Revolução Industrial, período que ocorreram

grandes mudanças econômicas e sociais.

A Revolução Industrial iniciou na

Inglaterra e expandiu-se pela Europa, Ásia e EUA,

trazendo avanços nos meios de produção,

tecnologia, transporte e comunicação. Com o

consumo excessivo de bens e produtos, houve a

necessidade de expandir a capacidade produtiva

das indústrias, que passaram a retirar da natureza

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a matéria prima de forma agressiva,

desconsiderando a degradação dos recursos

naturais, sem qualquer tipo de controle ou

penalização (MANSANO, 2018).

Acontece que paralelamente à expansão

industrial e ao aumento do consumo nasceu o

sistema capitalista que se sustentou como sistema

econômico e cristalizou a crescente degradação

ambiental em várias partes do globo (REGO,

2013).

Apesar dos danos causados ao meio

ambiente, pouco se falava em desenvolvimento

sustentável. Apenas nos anos 1950, após desastres

e o boom do consumismo americano nos anos

1960, é que de fato a população começou a ter um

olhar crítico sobre o tema; portanto, desde a

Revolução Industrial até os anos 1960 foram mais

de cem anos de degradação do meio ambiente, e

ainda hoje, o tema é tratado, de certa forma, com

displicência por diversos setores da economia e

por certos políticos.

Pensando nisso, a ONU (2015) criou a

“Agenda 2030”, que apresenta planos de ação para

transformar o planeta Terra com desenvolvimento

sustentável e estipulou metas a serem cumpridas

por todos os países, de forma colaborativa, até o

ano de 2030, das quais destacam-se: a erradicação

da pobreza, educação de qualidades, igualdade de

gênero, saneamento básico, energia limpa, cidades

sustentáveis, consumo e produção responsável,

proteção do meio ambiente e paz, justiça e

instituições eficazes.

Como fundador da ONU, o Brasil deve de

forma especial, mostrar seus esforços para

cumprimento dos objetivos, e assim, a adesão

pelas grandes entidades se torna de suma

importância. A estatal Petrobras S.A.,

disponibilizou seu Balanço Social de 2017, do

qual, é possível observar diversas atividades

conforme analisado a seguir.

A estatal investiu no referido ano cerca de

R$ 142 milhões em projetos socioambientais,

culturais e esportivos, buscando atuar de forma

mais sustentável e apoiar o desenvolvimento das

comunidades, participar de projetos que

colaboram com a proteção do meio ambiente

(PETROBRAS, 2017).

Nessa mesma linha de pensamento o

fundador do Instituto Ethos, Emerson Kapaz, em

entrevista para Mendonça (2004, s.p.), elenca que:

Responsabilidade Social nas empresas

significa uma visão empreendedora mais

preocupada com o entorno social em que

a empresa está inserida, ou seja, sem

deixar de se preocupar com a

necessidade de geração de lucro, mas

colocando-o não como um fim em si

mesmo, mas sim como um meio para se

atingir um desenvolvimento sustentável

e com mais qualidade de vida.

Portanto, é possível afirmar que o

desenvolvimento sustentável é uma postura ética e

moral que visa assumir a responsabilidade de

melhoria de seus colaboradores, familiares e toda

comunidade onde a empresa é inserida.

Com relação ao 4º objetivo da Agenda

2030 – Educação de Qualidade –, observou-se que

a Petrobras S/A possui campanhas de treinamento

para seu pessoal, a fim de que estejam em

constante atualização e que o processo seja eficaz,

além de melhorar a mão de obra como um todo.

Considerando valores, no ano de 2017, foram

investidos R$ 33,15 milhões na capacitação do

pessoal.

A transição para uma economia de baixo

carbono está ligada ao 12º objetivo da Agenda

2030 – Consumo e Produção responsáveis – e a

Petrobras S/A, em seu plano de negócio (2018-

2022) pretende concretizar a transição para uma

economia de baixo carbono, tendo como estratégia

realizar investimentos em novas tecnologias por

meio de start-ups, passando por três pontos

principais: a redução na emissão de carbono; o

investimento e promoção de novas tecnologias

para reduzir o impacto nas mudanças climáticas; e

o desenvolvimento de negócios de alto valor de

energia renovável.

Outro objetivo da Petrobras S/A é

alcançar a igualdade de gênero, relacionado ao 5º

objetivo da Agenda 2030. No entanto, vemos que

a ONU busca empoderar as mulheres e meninas,

contudo, investigou-se a estatal brasileira e foi

auferido as diferenças de ocupação entre cargos de

homens e mulheres. Vale destacar que a Petrobras

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é uma entidade pública, portanto, a seleção é

realizada por meio de seleção pública, onde as

bases salariais são iguais de homens e mulheres.

O efetivo da Petrobras é composto por

74.279 funcionários nos cargos de nível médio e

superior, destes, apenas 7% são ocupados por

mulheres nos níveis médio e 9% nos de nível

superior. Já em cargos de gerência o efetivo é de

12.136 funcionários e a situação melhora um

pouco, chegando a 18% na função de Especialista

e Gerencial e 8% na função Supervisão. Portanto,

fica claro que as mulheres ocupam uma fração

muito pequena dentro da Petrobras.

Quando comparado os dados da Petrobras

com outros órgãos públicos, identificamos a

disparidade que existe entre cargos ocupados por

mulheres em relação aos homens. Como

apresentado no Gráfico 01

.

Gráfico 01: Participação da mulher

Fonte: o Globo Economia, (2017)

Considerando o balanço social da

Petrobras S/A, é possível identificar que os

investimentos em projetos socioambientais,

culturais e esportivos apresentaram cortes

relevantes, cerca de 70% a menos em relação à

2016, e comparado à 2013, o corte foi de 448%,

ou seja, 4,5 vezes a menos.

Gráfico 02: Balanço Social Petrobras – Sustentabilidade

Fonte: Petrobras, (2017, p. 5)

Sendo assim, o discurso do seu então

presidente cai em contradição quando afirma a

importância dos investimentos ao mesmo tempo

que a estatal realiza cortes significativos na área.

779693

496241

1420

500

1000

2013 2014 2015 2016 2017

Investimento em projetos socioambientais, culturais e esportivos (em milhões de

reais)

Investimento em projetos socioambientais, culturais e esportivos

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisado o histórico social e a

implantação da “Agenda 2030”, bem como as

atividades desenvolvidas pela Petrobras S/A.,

identificou-se que a entidade vem evoluindo e

aderindo a campanhas que visam melhores

condições sociais, ambientais e educacionais; bem

como, a sociedade vem exigindo cada vez mais

políticas sustentáveis por parte das entidades.

Com relação à Petrobras S/A, notou-se

que embora a estatal reconheça essas necessidades

e esteja envolvida em diversas atividades sociais e

de desenvolvimento sustentável, bem como

possua políticas de investimento, o balanço social

dessas atividades, demonstra que a quantidade de

valores empregados, ao longo do tempo tem sido

atenuada, indo contra os objetivos propostos.

Ressalta-se que a estatal tem papel fundamental na

economia da sociedade e dessa forma gera grandes

impactos, bem como, sustenta exemplos para as

demais entidades.

Diante o exposto, fica a seguinte questão

como sugestão para pesquisas futuras: toda essa

repercussão é uma coisa de momento, ou tende a

se manter e ser expandida ao longo do tempo?

Questiona-se ainda, se as empresas estão

cumprindo com a “Agenda 2030” por que de fato

se preocupam com o planeta ou é tudo uma

questão de marketing?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Cássia. Mulheres estão em apenas 37% dos cargos de chefia nas empresas.

2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/mulheres-estao-em-apenas-37-dos-

cargos-de-chefia-nas-empresas-21013908. Acesso em: 16 de agosto 2018.

MANSANO, Sonia Regina Vargas. Por uma sustentabilidade afetiva no

cotidiano. Organizações e Sustentabilidade, Londrina, Pr, v. 6, n. 2, p.1-3, jun. 2018.

Semestral. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ros/article/view/33948>.

Acesso em: 15 agosto 2018.

MENDONÇA, Fernando. O que é responsabilidade social?. Revista FAE Business, n. 9, p.

8-10, set., 2004.

ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso

Mundo: A Agenda 2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.

PETROBRAS S/A. Sustentabilidade 2017. 2018.

REGO, Ana Paula Klemp. Lei complementar nº 140/11: inovações em relação ao processo

administrativo ambiental brasileiro. 2013. 130 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito,

USP, Ribeirão Preto, 2013.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

UMA ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL DAS EMPRESAS AZUL E

GOL

Luana Carolina Bitencourt da Silva

Maiara da Silva

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

Em uma época que muito se fala de

sustentabilidade e ações sociais, as empresas

buscam apresentar por meio de seu balanço social

todas ações que realizam em prol da comunidade,

de seus colaboradores e familiares.

O balanço social é um conjunto de

informações onde constam as atividades para

promoção da vida humana desenvolvidas pela

empresa, seja elas em relação à saúde, educação,

cultura e outros assuntos relacionados à

comunidade, seus funcionários e países em

desenvolvimento que necessitam de ajuda e

auxílio.

A Agenda 2030 foi criada por chefes de

Estados, Governo e altos representantes no ano de

2015 com o intuito de cumprir, em 15 anos, os 17

objetivos e metas estipulados; entre eles encontra-

se a irradicação da pobreza, levar saúde e bem-

estar a todos, acabar com a fome, reduzir

desigualdades, diminuir a emissão de gases

poluentes e tornar as cidades, estados e países com

melhor qualidade de vida, entre outros.

Neste contexto, o objetivo desse estudo é

analisar as ações socioambientais que as empresas

Gol e Azul realizam diante dos objetivos da

Agenda 2030.

2 DISCUSSÕES

O atual cenário econômico demanda que

as empresas se dediquem a novas ferramentas de

estratégias que maximizem seus lucros e

agreguem valor a sua marca. Tão importante como

crescer no mercado é receber o reconhecimento de

uma empresa que se preocupa com os seus

colaboradores e com a sociedade e o meio

ambiente. Desta forma, as empresas precisam

introduzir no seu ambiente interno e externo a

responsabilidade social.

A responsabilidade social deve ser

aplicada e desenvolvida de maneira segura e

eficaz, onde as empresas se comprometam em

garantir o bem-estar de todos com ações que

gerem resultados positivos.

Responsabilidade Social Corporativa é o

comprometimento permanente dos

empresários de adotar um

comportamento ético e contribuir para o

desenvolvimento econômico,

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melhorando simultaneamente a

qualidade de vida de seus empregados e

de suas famílias, da comunidade local e

da sociedade como um todo (MELO

NETO; FROES, 1999, p. 87, apud

BERTONCELLO; CHANG JUNIOR,

2007, s.p.).

Com o intuito de melhorar as condições

climáticas do planeta e as condições de vida das

pessoas, foi elaborada a Agenda 2030 que tem

como objetivo o Desenvolvimento, o qual,

segundo Kinlaw (1997 apud MORAIS, 2018) é a

direção que as nações devem seguir colaborando e

cuidando dos recursos e ecossistemas da Terra,

garantindo assim melhores condições econômicas

e de vida para a população.

A empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes

visando ajudar, orientar e promover o bem comum

no mundo, tem a iniciativa e incrementa em seu

Balanço Social ações, atividades e

responsabilidades que garantem a saúde, o bem-

estar e a educação de pessoas necessitadas e que

por algum motivo não têm acesso aos serviços

básicos.

Vale ressaltar que a empresa Gol Linhas

Aéreas Inteligentes tem como valor a adoção de

práticas e atitudes que transpassem a oportunidade

de uma vida com qualidade e respeito a todos.

Associando as ações implementadas pela empresa

com os objetivos da Agenda 2030, pode-se

analisar que os mesmos estão sendo atendidos,

levando por meio de cada ação o bem comum para

as comunidades e pessoas que necessitam.

A área de Desenvolvimento de Pessoas

tem o objetivo de aumentar estratégias que elevem

a satisfação no ambiente de trabalho, visando

aumentar os resultados da empresa. Além disso,

orienta o gestor no desempenho desejado e

monitora a saúde mental dos colaboradores, tendo

acompanhamento psicológico, atendendo assim o

objetivo 8 da Agenda 2030, que se refere ao

‘Trabalho decente e crescimento econômico’

tendo como um dos propósitos proteger os direitos

trabalhistas e promover ambientes de trabalho

seguros e protegidos para todos os trabalhadores.

Desta forma, é notório o cuidado e preocupação da

empresa com os seus colaboradores, fazendo-se

necessário, reorientar os colaboradores e ter mais

atenção à saúde do principal capital da empresa: o

intelectual.

O Programa Pastoral da Criança faz o

acompanhamento de crianças e gestantes para

áreas como saúde, nutrição, educação e cidadania.

Para referido programa a Gol doa por ano R$ 1

milhão e, dessa forma, atende ao objetivo 3 da

Agenda 2030 que trata sobre ‘Saúde e bem-estar’

e que tem como foco reduzir a taxa de mortalidade

materna global.

Do mesmo modo, a Associação

Expedicionários da Saúde presta assistência

médica para os indígenas que vivem em condições

menos favorecidas. Ao todo, 30 mil pessoas

recebem o auxílio médico por meio desse projeto,

neste caso, novamente a Gol atende o objetivo 3

da Agenda 2030 garantindo às pessoas atendidas

por esse projeto acesso aos serviços de saúde,

medicamentos e vacinas essenciais e de qualidade.

A Expedição Vaga Lume, que leva

educação para as crianças indígenas e da

população amazônica, é mais uma instituição

apoiada pelo Gol. Na Agenda 2030 há o objetivo

4 ‘educação de qualidade’ onde consta como uma

das metas para a garantia de igualdade e acesso à

educação e formação profissional para todos,

inclusive para o povo indígena. Observa-se então,

mais uma vez, que a Gol se preocupa em atender

a esse objetivo e desenvolve projetos que levem a

educação e a cultura para os necessitados.

Por conseguinte, a empresa Azul Linhas

Aéreas Brasileiras, apresenta nos seus balanços

sociais a preocupação com o desenvolvimento

social do país e apoia vários projetos sociais

espalhados pelo Brasil. Preocupada com o bem

comum, a empresa assume a responsabilidade

social, onde orienta, ajuda e compartilha

informações sobre temas importantes para o bem-

estar de todos.

Comparando os objetivos propostos pela

Agenda 2030 com os projetos sociais

desenvolvidos pela empresa Azul Linhas Aéreas

Brasileiras, pode-se verificar a sintonia entre eles

e como a empresa está conseguindo cumprir com

os objetivos propostos. Visto que, com a

realização dos projetos, além da empresa estar

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agregando valor ao seu negócio, contribui com a

comunidade gerando maiores expectativas de vida

e, principalmente, mais qualidade de vida aos

envolvidos.

No objetivo 4, em que se visa assegurar a

educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e

promover oportunidades de aprendizagem ao

longo da vida para todas e todos, verifica-se que

referida empresa investe em dois projetos que se

enquadram nesse objetivo. O programa Amigos

do Guri, é um deles pois oferece, nos períodos do

contraturno escolar, cursos de iniciação musical,

canto, tecnologia da música e instrumentos de

cordas para criança e adolescentes entre 6 e 18

anos. A Azul apoiou esse projeto com

investimento de R$ 100 mil por meio da Lei

Rouanet.

Outro projeto por ela incentivado é o

desenvolvido pela Fundação Dorina Nowill, que

trabalha com pessoas com deficiência visual. Por

meio dessa ação é oferecido para aqueles que têm

perda total ou parcial da visão o acesso à leitura e

escrita por meio do Sistema Braille. A Azul apoiou

a produção de clássicos da literatura em formato

acessível e apoiou com investimento de R$ 450

mil também por meio da Lei Rouanet.

No objetivo 5 da Agenda 2030, onde é

proposto alcançar a igualdade de gênero e o

empoderamento de todas as mulheres e meninas, a

Azul apoia o projeto Prêmio Consulado da Mulher

com a concessão de 50 passagens aéreas de ida e

volta. O projeto tem por objetivo a transformação

social por meio do empreendedorismo para

mulheres de baixa renda e escolaridade, que vivem

em periferias.

Já o objetivo 8 busca promover o

crescimento econômico sustentado, inclusivo e

sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho

decente para todas e todos. Neste objetivo

podemos enquadrar o projeto Fundação Projeto

Pescar. A fundação tem sede em Porto Alegre

(RS) e núcleos nos Estados de Santa Cataria (SC)

e São Paulo (SP), e trabalha com a formação

profissional de jovens em situações sociais

frágeis. A eles são oferecidos cursos nas áreas da

indústria, turismo, informação e comunicação,

gestão de negócios e recursos naturais. A Azul

apoia essa iniciativa por meio de investimentos e

passagens aéreas.

Outro projeto que tem ligação com a

Agenda 2030 é a construção de infraestruturas

resilientes, promovendo a industrialização

inclusiva e sustentável e fomentando a inovação.

Nesse quesito a Azul apoia o projeto Social Good

Brasil que desenvolve novas mídias para conectar

e inspirar. O projeto incentiva o uso das

tecnologias e do pensamento inovador para

contribuir com a diminuição de problemas sociais.

A responsabilidade social, o zelo para

com o próximo e a ajuda aos mais necessitados,

são cuidados que a Azul demonstra ter

apresentado nos seus resultados sociais por meio

do seu Balanço Social. Para uma empresa desse

porte é indispensável a preocupação não apenas do

lucro financeiro, mas também com o lucro social;

evidenciando os resultados de ações tão

importantes e que fazem a diferença na vida da

sociedade.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do atual cenário econômico e

social enfrentado, onde se vê muita pobreza, fome,

falta de acesso à educação, saúde e empregos, a

Agenda 2030 foi criada no momento certo para

que ainda possa ser revertida essa situação. Por

meio de empresas, instituições e pessoas

influenciadoras busca-se alcançar os 17 objetivos

propostos, levando assim serviços básicos para a

sobrevivência do ser humano a todos os povos,

principalmente, os que mais necessitam.

Considerando o propósito de analisar as

ações socioambientais que as empresas Gol e Azul

realizam perante os objetivos da Agenda 2030,

conclui-se que as empresas atenderam e

incorporaram em seus Balanços Sociais ações que

promovem o bem-comum para seus colaboradores

e para a sociedade em geral.

Cabe salientar a importância que as

empresas e instituições têm frente a estas ações

sociais, pois por possuírem recursos financeiros e

melhores condições, conseguem desenvolver e

aplicar ações socioambientais, além de agregar

valor à sua imagem perante o mercado, pois será

vista como uma empresa mais humana e que se

preocupa com o bem de todos. Não somente se

preocupa, como também busca alternativas para

melhorar e atingir sua finalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS. Balanço social. 2018.

BERTONCELLO, Silvio Luiz Tadeu; CHANG JÚNIOR, João. A importância da

responsabilidade social corporativa como fator de diferenciação. FACOM–Revista da

Faculdade de comunicação da FAAP, n. 17, p. 70-76, jan./jun., 2007.

BIANCHESSI, Desirée Luzardo Cardozo et al. Sobre uma construção em atenção em saúde

mental e trabalho na empresa. Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e

transtornos psíquicos relacionados ao trabalho, p. 117-132, 2014.

GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES. Balanço social. 2018.

MORAIS, Maria José F. de. Responsabilidade social nos negócios: A importância da prática

da responsabilidade social nas empresas. Disponível em:

<http://www.unaerp.br/documentos/1026-a-importancia-da-pratica-da-responsabilidade-

social/file> Acesso em 15 de agosto de 2018.

ONU BR NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda

2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2018.

PAULA, Vilson Vieira de; et al. A importância da área de gestão de pessoas, para o

sucesso da organização. Disponível em:

<http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_047.pdf> Acesso em 15 de agosto de 2018.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIAIS DO BANCO BRADESCO S/A

Jéssica Marina Zanon

Maria Carolina Michels Franco

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

A Responsabilidade Socioambiental está

interligada com as questões morais e éticas que

envolvem as políticas praticadas pela organização.

O Balanço Social é um relatório que apresenta

dados de projetos sociais e ambientais auxiliando

as organizações que estão preocupadas, não só

com o lucro, mas também com o desenvolvimento

da sociedade como um todo.

A Organização das Nações Unidas

(ONU), é uma organização internacional e tem

como objetivo principal a paz e o

desenvolvimento mundial. Em setembro de 2015

mais de 150 líderes mundiais reuniram-se na sede

da ONU, em Nova York, onde deram início a um

projeto para erradicar a pobreza, proteger o

planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e

a prosperidade: a Agenda 2030 para o

Desenvolvimento Sustentável, que se compõe de

17 objetivos e 169 metas para o Desenvolvimento

Sustentável (ODS).

Neste contexto o trabalho tem por objetivo

realizar um comparativo dos indicadores sociais

internos e externos de 2015 e 2016 do Banco

Bradesco S/A com base na Agenda 2030 para o

Desenvolvimento Sustentável.

2 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Para colocar o mundo em um caminho

sustentável é extremamente necessário tomar

medidas transformadoras. A Agenda 2030 propôs

uma lista de tarefas para todas as pessoas, em

todas as partes do mundo, a serem cumpridas até

o ano de 2030. Ela admite que erradicar a pobreza

deve seguir em parceria com um plano que

possibilite o crescimento econômico e responda a

uma série de necessidades sociais, envolvendo

educação, saúde, proteção social e oportunidades

de trabalho, abordando ao mesmo tempo as

mudanças climáticas e proteção ambiental.

Compreendendo também questões como

desigualdade, infraestrutura, energia, consumo,

biodiversidade, oceanos e industrialização.

Atualmente, as organizações vêm

aderindo a Responsabilidade Socioambiental,

tendo em vista que as empresas utilizam a

consciência social e ambiental como um

diferencial em seus negócios, pois é um método

estratégico para aproximar-se do seu público alvo

e obter melhores resultados agregando valor à

empresa. Para a organização estudada, a

Responsabilidade Social é uma tática de gestão

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48

definida pela ética e transparência com o público

envolvido, desenvolvendo trabalhos sustentáveis,

preservando recursos ambientais e culturais para

promover a redução das desigualdades sociais e

respeitando a diversidade. Segundo o Instituto

ETHOS (2018, p. 2):

Responsabilidade Social é uma forma de

conduzir os negócios da empresa de tal

maneira que a torna parceira e

corresponsável pelo desenvolvimento

social. A empresa socialmente

responsável é aquela que possui a

capacidade de ouvir os interesses das

diferentes partes e conseguir incorporá-

los no planejamento de suas atividades,

buscando atender às demandas de todos

e não apenas de acionistas ou

proprietários.

Os princípios que a organização estudada

expõe no seu próprio site, condiz com o que se

afirma ser Responsabilidade Social. Por meio das

estratégias e ações de sustentabilidade adotadas,

destaca-se pelo comprometimento com o

desenvolvimento socioeconômico do país, além

do foco com os compromissos voluntários dos

quais é signatária.

O Balanço Social é um conjunto de

informações em forma de indicadores dos

investimentos realizados pela empresa no

cumprimento de sua função social junto aos seus

funcionários, ao governo e à comunidade. Não se

trata de apenas verificar ações filantrópicas e

doações, é preciso que reflita as condições de

participação e de convívio social criadas pela

empresa. É necessário prestar contas para o futuro

e o Balanço Social ajuda novos líderes a melhor

gerenciarem suas propostas sociais,

transformando-as em realidade.

Segundo Carneiro (1994), em estudo

sobre o Balanço Social, afirma que o mesmo

surgiu para atender às necessidades de informação

dos usuários da Contabilidade no campo social. É

um instrumento de medida que permite verificar a

situação da empresa no campo social, registrar as

realizações efetuadas neste campo e,

principalmente, avaliar as relações ocorridas entre

o resultado da empresa e a sociedade.

3 INDICADORES SOCIAIS

Busca-se por meio desde trabalho realizar

um comparativo dos indicadores sociais internos e

externos de 2015 e 2016 de uma das maiores

instituições financeiras do Brasil, o Branco

Bradesco S.A., com base na Agenda 2030 para o

Desenvolvimento Sustentável. A organização é

uma das maiores investidoras sociais do país,

alinhada com as melhores práticas mundiais de

sustentabilidade e governança corporativa.

Os dados relativos aos indicadores sociais

internos apontam que a organização contribui com

aplicação de investimentos em saúde, capacitação

e desenvolvimento profissional, creches e auxílio

creche. Dentro dos indicadores sociais externos,

apontam a aplicação de investimentos em

educação, saúde e saneamento. A organização

oferece educação gratuita a milhares de jovens, em

todos os Estados do Brasil, com o objetivo de

promover a inclusão social e atuar como

multiplicadora das melhores práticas educacionais

junto à população de baixa renda. Além disso, a

organização investe no desenvolvimento de

crianças e adolescentes, utilizando como

estratégia educacional em um processo de

transmissão de valores para uma formação cidadã,

a qual combina esportes, saúde e educação de

qualidade.

Neste contexto, conforme observa-se no

Quadro 1 os objetivos de desenvolvimento

sustentável 3 – Saúde e Bem-Estar; 4 – Educação

de Qualidade; e 6 – Água Potável e Saneamento

da Agenda 2030 para o Desenvolvimento

Sustentável são praticados com eficiência pela

organização.

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Quadro 1: Indicadores sociais internos e externos

Fonte: Adaptado do Balanço Social Banco Bradesco S.A. (2015-2016)

No investimento de educação a Fundação

Bradesco que é uma instituição de ensino sem fins

lucrativos, possui uma rede de 40 escolas

presentes em todo Brasil, que receberam 108.533

alunos em 2016. É formada por 3.231

funcionários, dos quais 1.627 são professores,

orientadores e coordenadores, sua missão é educar

para a inclusão social.

A Fundação oferece educação de

qualidade para crianças, jovens e adultos,

prioritariamente em regiões de vulnerabilidade

socioeconômica. Os alunos receberam uniforme,

material escolar, alimentação balanceada e

assistência médico-odontológica gratuitamente.

Ela ainda oferece ensino a distância por meio da

escola virtual que beneficiou 657.384 estudantes,

convertendo a tecnologia em importante aliada da

ampliação do conhecimento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela observação dos aspectos analisados,

o Balanço Social vem se tornando mais relevante

dentro e fora das empresas. A sociedade está cada

vez mais exigente e faz com que as organizações

públicas e privadas demonstrem preocupação

quanto à Responsabilidade Socioambiental, não

apenas como uma estratégia para gerar lucros, mas

como uma contribuição na melhoria da qualidade

de vida de todos os públicos com os quais se

relacionam. Organizações sem compromissos

sociais e ambientais não terão espaço no mercado.

A partir do comparativo dos indicadores

sociais internos e externos do Banco Bradesco

S.A., acredita-se que a empresa possui condições

de melhorar os investimentos com base na Agenda

2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Para a

organização a Responsabilidade Social é utilizada

na gestão considerando-a de grande relevância

organizacional e social. Por meio da participação

no maior programa de investimento social privado

em educação do Brasil e um dos maiores do

mundo, a organização assumiu o compromisso

com o público interno e externo, com o objetivo

de contribuir para a conscientização das questões

sociais, ambientais e de governança corporativa,

além de apoiar ações sustentáveis.

É necessário desenvolver políticas que

incentivem a realização do Balanço Social,

criando formas de educar e dar suporte aos

gestores das organizações, para que possam

mensurar o impacto ambiental e social causado

pela atividade da empresa.

Como sugestão para futuros trabalhos

propõe-se analisar o balanço social de empresas

do mesmo ramo em questão, identificando os

projetos sociais e ambientais desenvolvidos e a

contribuição para o Balanço Social delas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNEIRO, Guido Antônio da Silva. Balanço Social: Histórico, Evolução e Análise de

Algumas Experiências Selecionadas. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 1994.

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50

FUNDAÇÃO BRADESCO. Relatório de Atividades 2016. 2016

______. Sobre o Bradesco. Disponível em:

<https://banco.bradesco/html/classic/sobre/index.shtm>. Acesso em: 14 ago. 2018.

______. Sustentabilidade. Disponível em:

<https://banco.bradesco/html/classic/sobre/atuacao-responsavel.shtm>. Acesso em: 14 ago.

2018.

INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade social. Disponível em:

<https://www3.ethos.org.br/conteudo/sobre-o-instituto/>. Acesso em: 14 ago. 2018.

ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Agenda 2030 para o Desenvolvimento

Sustentável. 2015.

RESPONSABILIDADE SOCIAL. O balanço Social e sua importância no contexto das

organizações. Disponível em:

<https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/332_RESPONSABILIDADE_SOCIAL.pdf>.

Acesso em: 12 ago. 2018.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

REVOLUÇÃO AGENDA 2030: CONTRIBUINDO PARA O

DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL

Jéssica Aparecida Oliveira Silva

Katyuscia Lemos Bittencourt

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade é a preocupação do

momento e cada vez mais nota-se a preocupação

dentro das organizações que buscam,

constantemente, o desenvolvimento sustentável e

diferenciais que as mantenham a frente no

mercado devido à crescente globalização e

expansão do conhecimento que fez com que os

consumidores se tornem cada vez mais exigentes

por produtos de qualidade e por empresas que

visam não somente o lucro, mas um compromisso

com a sociedade como um todo.

No âmbito organizacional, o

desenvolvimento sustentável está relacionado à

forma como se praticam os negócios de maneira a

permitir que os meios ambientais ou sociais não se

esgotem futuramente, buscando o equilíbrio entre

os pilares ambientais, econômicos e sociais.

No Brasil há uma intensa mobilização

para alcançar o desenvolvimento sustentável em

todos os setores produtivos que compõe sua

economia, assim como soa acontecer em âmbito

mundial após a criação da Agenda 2030, que

corresponde a um conjunto de programas, ações e

diretrizes que orientaram os trabalhos das Nações

Unidas e de seus países membros, que visa a

transformação do mundo, fazendo com que o

desenvolvimento sustentável deixe de ser apenas

uma opção e vire uma obrigatoriedade das

empresas que tiverem a intenção de se manter no

mercado se adequando assim à nova ordem

mundial.

Portanto, os temas como sustentabilidade

e o desenvolvimento sustentável fazem parte da

pauta de muitas empresas brasileiras, sejam elas

públicas ou privadas e vêm ganhando cada vez

mais força. Pensando nisso, uma empresa que vem

chamando a atenção quanto a sua forma de pensar

e agir frente à essa realidade é o Instituto BRF, que

alinha a sua forma de gestão com a nova exigência

mundial.

Diante esse contexto, o objetivo deste

estudo é analisar o balanço social da BRF S.A. do

ano de 2016, frente às ações sociais da Agenda

2030.

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52

2 DISCUSSÕES

A BRF S.A. é uma das maiores

companhias de alimentos do mundo, com mais de

30 marcas em seu portfólio, entre elas, Sadia,

Perdigão, Qualy, dentre outras. Seus produtos são

comercializados em mais de 150 países, nos cinco

continente, contando com mais de 100 mil

colaboradores atuando na companhia, que mantém

mais de 50 fábricas em oito países.

Sua forma de gestão é alinhada à diversas

ações sustentáveis que vêm chamando a atenção,

das quais entram em sintonia com a chamada

Agenda 2030, um programa da Organização nas

Nações Unidas (ONU), instituído em 2015, que

visa fortalecer a paz universal com mais liberdade,

reconhecendo que a erradicação da pobreza em

todas as suas formas e dimensões, incluindo a

pobreza extrema, é o maior desafio global e um

requisito indispensável para o desenvolvimento

sustentável. Para que se alcance esse bem são

traçados 17 objetivos e 169 metas que

demonstram a escala e a ambição desta nova

Agenda universal. Os objetivos e metas estimulam

a ação para os próximos 15 anos em áreas de

importância crucial para a humanidade e para o

planeta que são as pessoas, o planeta, a

prosperidade e a paz.

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas

Nações Unidas para discutir e propor meios de

harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento

econômico e a conservação ambiental, a definição

mais aceita para desenvolvimento sustentável é o

aquele capaz de suprir as necessidades da geração

atual, sem comprometer a capacidade de atender

as necessidades das futuras gerações. É o

desenvolvimento que não esgota os recursos para

o futuro. Nesse sentido:

Todos têm o direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao poder

público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações. (BRASIL,

1988, art. 255)

Conforme (2001), o criador do Tripé da

Sustentabilidade (Triple Bottom Line) a

sustentabilidade é o equilíbrio entre os pilares

ambiental, econômico e social. Assim, o

Desenvolvimento Sustentável é o objetivo a ser

alcançado e a sustentabilidade é o processo para

atingir tal desenvolvimento. Pensado nisso, a BRF

é uma empresa global orientada pela sua

preocupação com o meio ambiente, a promoção do

desenvolvimento social e do consumo sustentável

com pactos socioambientais voluntários e

encorajando seus fornecedores e colaboradores a

aderirem a essas iniciativas.

São esses os programas dos quais a

empresa é parceira e que tem enfoque no

desenvolvimento sustentável: Pacto Global; Pacto

Empresarial pela Integridade e contra a

Corrupção; Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável (ODS); Pacto Nacional pela

Erradicação do Trabalho Escravo (INPACTO);

Programa na Mão Certa; Programa Brasileiro

GHG Protocol; CDP e Empresas pelo Clima. As

práticas de sustentabilidade da BRF têm um

histórico de reconhecimentos que demonstram o

compromisso e os avanços da companhia nos

últimos anos em relação ao desenvolvimento

sustentável.

A empresa também conta com o programa

intitulado “Projeto com Oliver” sendo um

programa de educação alimentar para as escolas

para melhoramento dos hábitos alimentares,

proporcionando mais saúde na formação dos

educadores. Teve sua primeira implantação em

2016, em 21 escolas, pretendendo atingir mais de

100 mil crianças nos próximos três anos.

A BRF alinha seus objetivos estratégicos,

suas políticas e processos com seus princípios da

sustentabilidade, buscando gerar e preservar valor,

reduzir riscos e impactos negativos e promover

mais impactos positivos para o negócio. Esse

trabalho se dá por meio da adoção das práticas de

sustentabilidade empresarial que permitem o

atendimento das necessidades de curto prazo da

companhia e garantem a perenidade da empresa

no longo prazo, sem comprometer as necessidades

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da sociedade. Além disso desde 2006, a BRF

investe em aspectos de saúde e segurança por meio

de seu Programa de Saúde, Segurança e Meio

Ambiente (SSMA). Sua gestão desenvolve e

executa ações que viabilizam o comportamento

seguro e a valorização da vida em suas operações,

o bem-estar e proteção da integridade dos

colaboradores estão entre as prioridades globais da

companhia.

Nesse sentido, a BRF se preocupa em

proteger e conservar o meio ambiente, além de

fazer a gestão da carteira de produtos, focando na

redução de impactos pós-consumo, por meio do

sistema de gestão de Saúde, Segurança e Meio

Ambiente (SSMA) e da sua Política de Meio

Ambiente e de referências como as diretrizes da

norma ISO 14001. A empresa conta com a

responsabilidade, transparência, confiança e

sustentabilidade como pilares condutores de seus

programas. Por isso, um de seus principais

objetivos é ser peça fundamental para promoção

do desenvolvimento local por meio de ações de

voluntariado focadas em inovação social,

qualidade de vida e bem-estar.

Nos últimos cinco anos de atuação, os

objetivos do Instituto BRF foram amadurecendo

de acordo com as ações que promovem, as redes

que formam, as pessoas e organizações com quem

se relacionam, as preocupações com as grandes

agendas globais, o papel e a responsabilidade da

companhia com a sociedade.

Dessa forma, em 2016, com o lançamento

dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

(ODS) pela ONU, a atuação do Instituto BRF se

tornou ainda mais contundente, indo além de

projetos pontuais e buscando se pautar na Agenda

2030, que visa garantir o futuro econômico, social,

político e ambiental das próximas gerações.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sustentabilidade não é um modismo,

mas sim uma realidade no contexto empresarial e

social que deve estar presente nas decisões de

administradores e gestores a fim de preservar o

meio ambiente e, conforme o planejamento do

programa Agenda 2030 formulada para o futuro,

dar oportunidade igualitária para todos, erradicar

a pobreza e alcançar a paz. Com isso, verifica-se

que a sociedade é que dá permissão para a

continuidade das empresas e os detentores de

recursos não podem e nem devem arriscar seus

patrimônios em organizações que se recusem a

tomar medidas preventivas.

O objetivo deste estudo foi o de identificar

como a BRF pode crescer economicamente dentro

das práticas da sustentabilidade frente às ações

sociais da Agenda 2030, por meio da participação

de programas e projetos que visam melhorias no

meio social, ambiental e até mesmo dentro da

empresa para seus funcionários, criando

conscientização dos mesmos para aderirem às

melhores práticas dentro do ambiente de trabalho.

Outro ponto que também chamou a atenção foi a

criação do programa “Projeto com Oliver” para a

educação alimentar, já que a empresa em si é

alimentícia e teve forte preocupação nesse ponto

tão importante na sociedade.

Para futuras pesquisas recomenda-se um

estudo mais aprofundado de outras organizações

do mesmo segmento e das mudanças realizadas do

ano de 2018 para o ano de 2030, para um

comparativo entre ambas e o melhoramento de

suas atitudes frente às transformações, pois o

aperfeiçoamento das práticas sustentáveis melhora

não somente o desenvolvimento das empresas,

mas a sociedade como um todo e o cumprimento

desta Agenda faz do mundo um lugar melhor e

mais harmonioso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 2016.

BRF S.A. Relatório Anual e de Sustentabilidade 2016.

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ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books, 2001.

ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda

2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015.

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

NATURA&CO: ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL

Brian Ribeiro da Silva

Geórgia Dalcégio Varela

Tânia Cristina Chiarello

INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda um dos temas

mais discutidos dos últimos tempos que é o futuro

do planeta; e foi notado que a erradicação da

pobreza, incluindo a pobreza no seu nível extremo

é o maior desafio para o desenvolvimento

sustentável.

Desenvolvimento sustentável é a

capacidade do planeta em suprir as necessidades

da atual geração sem influenciar ou utilizar dos

recursos que, teoricamente, pertencem às gerações

futuras. Fato este que preocupa a maioria dos

países, inclusive os que pertencem à Organização

das Nações Unidas (ONU). Por meio disto, foi

criado um plano de ação que envolve o planeta e a

população, o qual contém 17 Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas

com vistas à promoção de uma vida digna a todos

por meio de uma parceria global para melhorar a

vida no hoje e no futuro. Esse plano foi

denominado de Agenda 2030.

Por ser um plano que abrange toda a

população, desde um indivíduo até uma empresa

de grande porte, mudanças ocorreram no

planejamento social das empresas, como

constatado na Natura&Co - empresa do segmento

de beleza e bem-estar, multicultural, multicanal e,

acima de tudo, um grupo global formado por

Natura, The Body Shop e Aesop.

O grupo Natura&Co foi formado em 2017

por acreditarem em uma transformação na

economia e comprometimento com impacto

socioeconômico ambiental positivo, o que

interligou a Agenda 2030 com a empresa,

tornando as metas da agenda global as principais e

devido à complexidade para serem alcançadas ao

longo da jornada, inseriu a Visão da

Sustentabilidade 2050, reafirmando o seu

compromisso com a sustentabilidade.

A empresa que contém em sua Missão o

valor e a longevidade da capacidade de

contribuição para evolução da sociedade e o

desenvolvimento sustentável, conta com alguns

indicadores como: redução do impacto ambiental,

negócios sustentáveis da sociobiodiversidade, por

meio da ciência, tecnologia e inovação; e impacto

social positivo incluindo desde mais

desenvolvimento para as consultoras, programa de

desenvolvimento local a comprometimento com a

educação e busca por um ambiente mais diverso e

inclusivo.

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2 DISCUSSÕES

Dentre vários temas abordados pela

empresa Natura, no que eles chamam de ambições

da visão de sustentabilidade, foi apresentado o

tema Gestão Integrada que, por sua vez, foi

dividido em subtemas, todos eles com ações

focadas na Agenda 2030, da ONU.

Até o ano 2020 se tem como ideal no seu

modelo de gestão implementar a valoração das

externalidades socioambientais, avaliando os

pontos positivos e negativos da cadeia de valor

estendida desde a extração de matéria-prima até o

descarte de seus resíduos. Dessa forma espera-se

que haja contribuição em quatro pontos das metas

da ONU: água potável e saneamento; consumo e

produção responsáveis; ação contra a mudança

global do clima e vida terrestre.

No entanto, é essencial o comentário e

visão de Luís Roberto Gomes (2000, p. 170), o

qual afirma: “Com efeito, não se pode pensar em

desenvolvimento econômico sem o uso adequado

e sustentável dos recursos naturais, já que aquele

depende deste e a natureza é exaurível”. Da

mesma forma Milaré (2004, p. 50), complementa:

Por isso, nos últimos anos, a sociedade

vem acordando para a problemática

ambiental, repensando o mero

crescimento econômico, buscando

fórmulas alternativas, como o

desenvolvimento sustentável ou o

ecodesenvolvimento, cuja característica

principal consiste na possível e desejável

conciliação entre o desenvolvimento, a

preservação do meio ambiente e a

melhoria da qualidade de vida – três

metas indispensáveis.

Já em suas marcas, a intenção é que até

2020 todos os seus produtos já tenham sua

participação ecológica apresentados ao público e

também seus compromissos para melhorias

posteriores expostos de forma transparente, indo

ao encontro com o consumo e produção

responsáveis.

Junto ao governo, ainda sobre gestão

integrada, o relatório expõe a ideia de estimular as

discussões e debates públicos sobre os dados

levantados pela empresa desde 2014 quando foi

implantado a Environmental Profit and Loss

(EP&L), tendo sido a Natura a primeira empresa a

utilizar deste método no Brasil.

O método se trata de uma forma de

mensurar as perdas e os benefícios ambientais em

valores reais, assim podendo incluir seu impacto

em seus balanços financeiros anuais e tornar a

empresa não só sustentável, mas também mais

atrativa para investidores. Para chegar a esse ponto

foram fechadas várias parcerias com organizações

governamentais e com associações que têm como

foco o bem-comum e, dessa forma, estando em

consonância com as metas de parceria e meios de

implementação e de paz, justiça e instituições

eficazes.

Há um grande interesse por parte dos

administradores e acionistas na redução do

impacto ambiental, buscando atingir todos os

tópicos traçados pela Agenda 2030. Um grande

foco é dado nas mudanças climáticas e é nesse

ponto que surge a maior dificuldade apresentada

no relatório. A empresa pretende reduzir em 33%

a emissão relativa de gases de efeito, meta que foi

traçada para o ano 2020, mas que possivelmente

será revista, pois, conforme apresentado, a

emissão aumentou de 2016 para 2017 o que foi

justificado com o incremento nas exportações e o

aumento no transporte de produtos para

revendedores.

Uma forma de contenção já foi estipulada

pela empresa em estudo e visa buscar alternativas

na logística dos produtos para que haja redução na

emissão relativa, que por sua vez vai ao encontro

com os objetivos de ação contra a mudança global

do clima, parcerias de implementação, vida

terrestre e consumo e produção responsáveis.

Os resíduos também são inevitáveis em

grande parte do setor industrial, e a meta de coletar

e reciclar metade de todos os resíduos gerados

pelas embalagens da empresa foi tração até o ano

de 2020 sendo que até o ano do relato, em 2017,

somente 29% já sofre esse processo. Além de

coletar e reciclar o material também há o sonho de

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que 74% de todas as embalagens da empresa

utilizem materiais recicláveis. Esses desejos têm a

pretensão de auxiliar nos quesitos de saúde e bem-

estar, cidades e comunidades sustentáveis, e no

consumo e produção sustentáveis.

Devido sua grande movimentação a

Natura buscou ir além de ações em seus produtos.

Conforme apresentado no Balanço Social a

empresa, com o intuito de ser ecologicamente

correta, está investindo no meio que está inserida

e nas pessoas desse ambiente por meio de um

projeto de sociobiodiversidade que almeja, até

2020, incluir milhares de pessoas da região Pan-

Amazônica em suas cadeias produtivas, e utilizar

matéria-prima da região para, no mínimo, 30% de

toda a sua produção, visando, dessa forma,

auxiliar na erradicação da pobreza, na redução das

desigualdades e na melhora da vida terrestre.

A água que é o bem mais precioso do país,

juntamente com as florestas, tem um plano

específico que apesar de simples poderá ter grande

resultado no objetivo de água potável e

saneamento, já que a empresa pretende medir a

pegada hídrica e considerar toda sua cadeia de

valor.

A grande cartada da empresa foi voltada à

educação, já que no ano de 2016 deu início a um

programa que oferece bolsa parcial de estudos às

consultoras e seus familiares. Os indicadores

ligados a essa proposta foram a educação de

qualidade, trabalho decente e crescimento

econômico e a igualdade de gênero, por dar mais

oportunidades de estudo às consultoras, conforme

se pode observar na Figura 1.

Figura 1: Ações sociais da empresa Natura

Fonte: Natura (2018)

Como observado na Figura 1, o relatório apresenta suas metas, seguidas dos meios que estão

usando para atingi-las.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A visão de Sustentabilidade da empresa

Natura&Co tem o objetivo de transformar-se em

geradora de impacto social positivo até 2050, com

metas e compromissos ao longo desse período,

finaliza o primeiro ciclo em 2020. Porém, no

primeiro triênio de implantação dessa estratégia, a

geração de valor para a região pan-amazônica

ultrapassou da meta esperada para 2020. Já em

alguns compromissos públicos foi identificada a

necessidade de ampliar os esforços para acelerar

os resultados.

Para 2018, as prioridades são em temas

como mudanças climáticas, ampliação de

embalagens ecoeficientes e desenvolvimento

humano e social. Segundo João Paulo Ferreira

(NATURA, 2017), presidente da empresa, se está

vivendo um momento especial na organização, de

intensas transformações, e esse reconhecimento é

uma nova oportunidade para reforçar os seus

compromissos com a Agenda do

Desenvolvimento Sustentável.

Para mensurar os impactos sociais em

valores monetários utiliza-se da ferramenta EP&L

em todas as fases, seja ela produção,

comercialização e/ou destinação final de uma

empresa. O primeiro cálculo da empresa em

questão foi realizado em 2013, anterior a criação

da Agenda 2030, porém, no período do cálculo até

2017 houve um ganho de eficiência na relação ao

impacto ambiental e na receita líquida. Sabendo

que a implantação deste método ainda está em

evolução acredita-se que o grupo Natura&Co está

construindo uma jornada que trará realização em

fazer a diferença no mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ENVOLVERDE CARTA CAPITAL. Natura é a 14ª empresa mais sustentável do

mundo e primeira no Brasil. Disponível em:

<http://envolverde.cartacapital.com.br/natura-e-14a-empresa-mais-sustentavel-do-

mundo-e-primeira-no-brasil/> Acessado em: 17 de ago. de 2018.

GOMES, Luís Roberto. O Princípio da Função Social da Propriedade e a exigência

constitucional de proteção ambiental. Revista de Direito Ambiental, organizada por

Antonio Herman V. Benjamin Edis Milaré, ano 5, n. 17, p. 160 a 178, jan./mar. 2005.

NATURA. Relatório Anual 2017. Disponível em:

<http://www.natura.com.br/sites/default/files/media/natura-ra-gri-2017.pdf> Acessado em: 09

de agosto de 2018.

ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda

2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.

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CURSO DE DIREITO

PARA QUE HAJA PAZ É NECESSÁRIO IGUALDADE DE

OPORTUNIDADES NO ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR

Alan Alexandre

Diane Mendes

Elizanda Martins

Márcia Cecília Vassoler

1 INTRODUÇÃO

O Direito, diretamente, reflete na

educação para a paz e excelência educativa, pois

por meio dele é que surgem as políticas públicas

voltadas à educação e punição para os que

interferem de forma criminosa no âmbito

educacional, ensejando a necessidade da

implementação da Educação para a paz. Para se

alcançar a paz e excelência no âmbito educacional

é necessário primeiramente justiça, equilíbrio e

igualdade. Quando se trata de igualdade o Direito

aplica o Princípio da Isonomia, portanto, nessa

vertente abordaremos a aplicação deste princípio

direcionado aos negros.

A população negra representa 54,9% da

nação brasileira. A cada 100 pessoas assassinadas

no Brasil, 71 são negras. Entre os presidiários,

64% são negros. Dentre os desempregados, 63,7%

são negros e dentre os negros inseridos no

mercado de trabalho suas remunerações

equivalem a quase metade do rendimento médio

dos brancos. Apenas 12,8% de jovens negros estão

matriculados no ensino superior. É o que revelam

pesquisas científicas publicadas em 2017.

2 DA TEORIA DA SAVANA À INSERÇÃO DO NEGRO NO ENSINO SUPERIOR

Partindo da Teoria da Savana, por volta

de 6 milhões de anos, os hominídeos se originaram

nas Savanas africanas. De pele escura,

inicialmente viviam sobre as árvores, porém com

o esgotamento de recursos decorrente do

crescimento da população foi necessária a

adaptação aos campos abertos. Segundo esta

teoria, esses ancestrais dos seres humanos

“desceram das árvores” e se adaptaram a uma vida

nos campos abertos. A maior parte das

características anatômicas do ser humano foi

desenvolvida a este novo modo de vida.

Inicialmente, os hominídeos tinham pele

mais escura e só comiam carne. Com a migração

em sentido ao Norte, sua exposição ao sol foi

diminuindo e adquiriram habilidades em

agricultura, passando a depender menos da carne.

À medida que seguiam ao Norte obtiveram uma

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característica decorrente de adaptação da espécie

em novo ambiente: a pele caucasiana.

Há indícios de escravidão desde os

tempos mais remotos da humanidade. Na

Antiguidade os escravos eram os resíduos de

guerras entre nações ou então aqueles que não

podiam pagar suas dívidas eram escravizados até

quitá-las.

Na Era Moderna o preceito para

escravizar outros homens foi a cor da pele. Com o

surgimento do Direito, a escravatura foi

positivada, sendo os escravos considerados

mercadoria.

Na África, decorrentes das guerras

santas eram presos os que negavam a premissa

religiosa mulçumana. Com a exploração da

América, por volta do século XVI, estes

prisioneiros foram comprados e escravizados

pelos colonizadores europeus.

O presente território brasileiro, antes

mesmo de ser Brasil, já tinha escravos, uma vez

que os índios também escravizavam seus

prisioneiros de guerra. Quando os portugueses

chegaram, índios de tribos rivais foram vendidos

para serem escravizados pelos colonizadores.

Entre 1539 e 1542 os colonizadores

optaram em trazer escravos da África, contudo,

muitos não sobreviviam à viagem ao Brasil, pois

as condições das embarcações eram muito

precárias. Durante todo o período colonial e

imperial ocorreram lutas de resistência dos negros

contra a escravidão, muitos fugiam e ao se

reunirem formavam os quilombos. Mesmo antes

da Abolição da Escravatura diversos senhores

libertaram famílias de escravos, em vista de que

idosos e crianças não produziam e geravam custos.

Mediante imposição da Inglaterra para

negociar as riquezas do Brasil, foi necessária

adequação de mão-de-obra já que o modo

escravagista não se adequava ao viés do

capitalismo. Assim, aos poucos, entraram em

vigência leis que libertavam parcelas de escravos

até que em 13 de maio de 1988 ocorreu a Abolição

da Escravidão.

Os negros em sua nova condição, mas,

acostumados ao cativeiro, não conseguiram

inicialmente, se adaptar ao modelo capitalista, não

compreendiam a nova lógica de produção. Por

outro lado, os antigos senhores tinham

dificuldades em se relacionar com os antigos

escravos. Diante dessa situação, os produtores

optaram, na maioria das vezes, pelos imigrantes

europeus, pois estes compreendiam o trabalho

livre, respeitando as regras, já acostumados com o

modo de produção capitalista.

O Estado foi omisso, nada fez para

facilitar a adaptação do negro em sua nova

condição de liberdade. Desamparados pelo Estado

e excluídos da sociedade não se adequaram à nova

realidade e o único caminho para muitos foi a

marginalização.

Os negros trilharam dois caminhos

distintos, sendo nomeados em grupos de “os

negros do eito” e “os negros da casa grande”. A

classe dos “negros do eito” era composta pelos que

exerciam na escravidão funções na lavoura,

analfabetos, consequentemente, na nova

realidade, as mulheres conseguiram trabalhos de

empregada doméstica, lavadeiras, costureiras,

entre outras. Já os homens, com muita dificuldade

conseguiam trabalhos de produção temporária e

em suas horas vagas reuniam-se em botequins,

levando muitos ao alcoolismo. Não possuíam uma

unidade familiar, viviam em ambiente de

promiscuidade sexual, assim o fruto desse meio

era a influência negativa; prostituição e roubo.

Já o grupo “os negros da casa grande”

era composto pelos negros que na época de sua

escravidão trabalhavam na casa dos senhores.

Com educação diferenciada, alguns eram

alfabetizados e possuíam amizade com os brancos,

consequentemente, enquadravam-se melhor no

mercado de trabalho, eram copeiros, chofer, entre

outros. As famílias desse grupo eram mais bem-

estruturadas e conseguiam manter razoavelmente

existência digna, contudo, não acompanhavam o

desenvolvimento do capitalista urbano. Não

existiam oportunidades para os negros, mesmo

para aqueles capazes de gerar desenvolvimento

econômico e social.

Refletindo o sentimento de impotência

perante uma sociedade segregada, a maioria das

famílias optou em não encaminhar seus filhos à

escola. Consequentemente, a falta de escolaridade

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gerou influência negativa no futuro, não

conseguindo bons salários, boas colocações e,

principalmente, respeito.

Contudo, vivemos um longo período

com a ideia de que havia uma democracia racial

no Brasil; falsamente transparecia que brancos e

negros viviam harmonicamente e em igualdade de

oportunidades e condições.

Estudiosos das questões sociais e dos

movimentos sociais são unânimes em apontar a

Constituição de 1988 como um marco importante

para as mudanças sociais ocorridas no país. Tais

ações podem ser interpretadas como uma resposta

às reivindicações do movimento negro e se

caracterizam por uma forma de reconhecimento.

Ou seja, garantir aos grupos discriminados o

reconhecimento apropriado de seu valor histórico

e cultural.

O tema da educação sempre recebeu

destaque tanto na atuação da militância negra

como nos estudos acadêmicos sobre

desigualdades raciais devido a sua inquestionável

importância na compreensão e no enfrentamento

das desigualdades sociais e raciais no país.

As evidências de que processos

discriminatórios operaram no sistema de ensino

brasileiro, dificultando a permanência de crianças,

jovens e adultos negros nos bancos escolares,

fundamentam a justificativa para implementação

de políticas de ações afirmativas que visam

enfrentar as visões estereotipadas e

preconceituosas presentes nas salas de aula.

Nesse ambiente nada é tão claro como a

necessidade da utilização da Educação para a Paz,

que trará o benefício da boa forma de convivência

entre todas as etnias.

Assim, no segundo mandato do governo

de Fernando Henrique Cardoso houve, mesmo que

ainda de maneira tímida, demanda social visando

a inserção de maior número de negros nas

universidades brasileiras. Neste sentido, o referido

presidente assinou decreto visando maior

valorização da população negra e instituindo ações

afirmativas referentes às Cotas Raciais,

beneficiando os negros que foram discriminados

ou excluídos do acesso ao ensino superior. Mas

apenas em 2004 a Universidade de Brasília foi

pioneira em disponibilizar vagas para negros no

vestibular.

Também em seu segundo mandato, o

então presidente José Inácio Lula da Silva,

sanciona a Lei 12.711/2012, conhecida como Lei

de Cotas, que regulou a porcentagem de vagas

destinadas às pessoas autodeclaradas pretas,

pardas e indígenas e determina quem acompanha

as reservas de vagas.

Neste interim, várias e importantes

legislações no âmbito do Estado foram invocadas

para reprimir práticas ilegais decorrentes da

discriminação, da injúria e do racismo, contudo, a

paz não pode ser apenas garantida por políticas

públicas antidiscriminatórias. No fundo, ela

depende do comprometimento sincero e

sustentado de todas as pessoas. Cada um de nós,

independentemente da idade, do sexo, da condição

social, crença religiosa ou origem cultural é

chamado à criação de um mundo pacificado.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que os negros são

prejudicados desde que o racismo se enraizou no

seio das sociedades, quando os escravagistas

optaram por subjugar pessoas de raça, as quais

consideravam inferior, logo espalhando negros

escravos em suas colônias, tirando sua identidade,

sobrando somente sua força para trabalhar.

O racismo perdura até hoje no Brasil,

consequência da falta de política de inserção dos

negros ex-escravos na sociedade, restando a

escolha das famílias negras pela não inserção de

seus filhos ao ensino, temendo frustrações. Assim,

sem instrução, não se adaptaram às regras de

trabalho e para muitos só restaram o crime e a

prostituição, generalizando a raça negra como

suposto “perigo social”.

Na tentativa de superar toda essa história

de preconceito e desigualdades sociais, foram

criadas legislações para o enfrentamento da

discriminação racial e efetivação do direito de

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igualdade racial. Nós, operadores do direito,

devemos valorizar e otimizar uma abordagem

ampla e criativa das soluções normativas

disponibilizadas pelo sistema jurídico brasileiro.

Porém, nada adianta esses recursos legais se, aos

que interessam, faltam conhecimentos de seus

direitos disponíveis, ou seja, como lutar ou ter

expectativas sobre algo que desconhecem?

Portanto, é neste ponto que devemos

refletir sobre o papel do operador do direito.

Somos mais do que aplicadores de leis, devemos

disseminar conhecimento sobre elas, assim,

entregaremos uma arma que não fere, mas uma

arma que os fortalece, que cria expectativas de

bons caminhos, e esta arma é o Direito.

Para isso, torna-se imperiosa a utilização

de ferramentas como a Educação para a Paz que

tornará a nossa sociedade num ambiente de

cooperação e bom convívio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades

federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.

Diário Oficial da república Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 ago. 2018.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. 3. ed. São Paulo:

Ática, 1978, v. 1.

LIMA, Márcia. Desigualdades raciais e políticas públicas: ações afirmativas no governo

Lula. Novos estud. - CEBRAP [online]. 2010, n.87, pp.77-95.ISSN 0101-3300.

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CURSO DE DIREITO

O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO NA CONSCIENTIZAÇÃO E

FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA E LIVRE DE

PRECONCEITOS

Aline das Chagas

Jessica de Goes Julio

Luisa Adada

Márcia Cecília Vassoler

1 INTRODUÇÃO

A Lei Áurea, promulgada em 1888,

garantiu o fim da escravidão no Brasil. O processo

de abolição foi bastante longo, foram décadas de

lutas e sucessivas pequenas vitórias, como as leis

Eusébio de Queirós, Ventre Livre e dos

Sexagenários, até a conquista efetiva do fim da

escravidão. Mas a abolição deu fim apenas ao

trabalho escravo, infelizmente a lei não foi

formulada a fim de abolir também a suposição de

inferioridade do negro e a segregação racial,

fatores que se enraizaram fortemente na cultura

brasileira no século XX.

Foram cem anos vivendo à margem da

proteção da lei, sem qualquer política de inclusão

social e amparo legal efetivo quanto ao racismo.

Somente em 1988, ano da promulgação da sexta

Constituição da República Federativa do Brasil, a

qual segue vigente atualmente, houve a

criminalização do racismo. Esta constituição tem

como fundamentos a garantia à dignidade da

pessoa humana, combater o racismo e quaisquer

formas de discriminação. O Art. 5º da

Constituição Federal, parágrafo XLII, determina

que a prática do racismo constitui crime

inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de

reclusão.

O combate ao crime de racismo ganhou,

nas últimas décadas, uma aliada poderosa: a

conscientização sobre a imoralidade do

preconceito. Este assunto tem sido abordado de

forma a exprimir o efeito devastador que o

preconceito pode ter, e cada vez mais o Estado, o

Poder Judiciário, as Instituições de Ensino e a

população em geral têm trabalhado em conjunto a

fim de promover a igualdade entre todos os seres

humanos em busca da paz.

Este artigo visa abordar as raízes do

preconceito racial no Brasil e como e em quais

circunstâncias acontece o racismo atualmente.

Também será foco de o artigo exprimir, por meio

da pesquisa literária, a transformação do

comportamento social frente ao racismo ao longo

do tempo, desde a abolição da escravatura, e

identificar qual o papel do Direito na

conscientização e formação de uma sociedade

pacífica, igualitária e livre de preconceitos.

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2 DAS RAÍZES DO RACISMO AOS DIAS ATUAIS

A abolição da escravatura não se deu

unicamente pela benevolência da Princesa Isabel

para com os escravos, tal como se romantiza em

algumas literaturas escolares. Sabe-se de sua

simpatia pela causa abolicionista, mas, de fato, o

que a levou a assinar a Lei Áurea foram questões

políticas, econômicas e sociais.

Devido às circunstâncias econômicas da

época, como a vinda dos imigrantes europeus ao

Brasil e a grande pressão social e política por parte

dos abolicionistas, tornou-se inviável a

permanência do país no sistema escravocrata,

tendo sido, então, promulgada a Lei Áurea em

maio de 1888.

É possível ressaltar que o preconceito

veio por conta do período após o fim da

escravidão, quando sem terem para onde ir, os ex-

escravos que não voltaram para seus donos

começaram a povoar os subúrbios das cidades, em

condições de extrema pobreza e sem nenhuma

ajuda social.

Ainda hoje, no que se conhece por

“sociedade evoluída”, mais de cem anos depois do

fim da escravidão, nota-se a discriminação do

negro no meio social. Ainda está viva a raiz que

discrimina e denigre o ser humano pelo seu tom de

pele, considerando-o um “indesejado dos novos

tempos”. Nota-se que, em pleno século XXI, as

taxas de analfabetos, pessoas de baixa renda e de

presidiários, são de maioria negra. Pode-se

afirmar, devido à clara desigualdade social e a

falta de oportunidades geradas para os negros, que

segue viva a raiz histórica de uma sociedade

desigual, preconceituosa e racista.

Constantemente, na atualidade, nota-se

o preconceito racial se fazendo presente na

sociedade brasileira, seja disfarçado por meio de

piadas, ou até mesmo como forma de rejeição.

Ao longo do tempo a população negra

foi conquistando seu espaço na sociedade sendo

uma das conquistas mais importantes o sistema de

cotas nas escolas e universidades, privilégios para

aqueles que não têm condições de acesso a um

estudo de qualidade, fazendo com que as

oportunidades de um futuro melhor sejam mais

acessíveis.

A maioria das pessoas concorda que

existe preconceito no Brasil, como o exposto no

artigo ‘A face Oculta do Racismo no Brasil: Uma

Análise Psicossociológica’, a saber:

Observou-se que praticamente todos os

120 universitários entrevistados,

afirmam que no Brasil existe

preconceito, mas curiosamente a grande

maioria não se considera preconceituosa.

Os estudantes parecem ter clara

consciência da discriminação racial que

se vive no Brasil, mas não aceitam a

responsabilidade por esta situação.

Assim, observou-se que os estudantes

utilizavam mais adjetivos de pessoas

simpáticas e menos de pessoas

antipáticas para descrever pessoas de cor

negra que pessoas brancas, mas

pensavam que os brasileiros fariam o

contrário: atribuiriam mais adjetivos de

pessoas antipáticas e menos de pessoas

simpáticas às pessoas de cor negra.

Observou-se também que utilizavam

mais adjetivos do terceiro mundo e

menos do primeiro mundo para

descrever pessoas de cor negra

(CAMINO, 2000, p. 13)

Apesar de hoje o racismo ser

considerado, além de crime, uma prática

desumana e imoral, ainda é longo o caminho a

percorrer até que seja alcançada a tão almejada

igualdade. Comparando o comportamento social

frente ao racismo há cem anos e atualmente, fica

evidente que pouco a pouco a sociedade vai

traçando seus passos rumo a um patamar

igualitário.

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3 O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO

Uma sociedade igualitária e livre de

preconceitos parece, para muitos, algo intangível,

quase utópico. O cotidiano do povo brasileiro o faz

pensar desta maneira. A raiz do preconceito – a

mentalidade segregacionista – é antiga e profunda,

difícil de ser removida. A remoção do preconceito

jamais será realizada com êxito enquanto não

estiver incutido em toda a sociedade o preceito-

base que temos em nossa Constituição: todos os

seres humanos são iguais.

O crime de racismo é compreendido pela

segregação dos seres humanos devido sua cor,

credo ou costume. É a pretensão de inferioridade

de uma determinada raça o que figura um atentado

gravíssimo contra a dignidade do ser humano.

Sobre o conceito de raça em relação ao

preconceito, assim afirma o Desembargador do

Tribunal de Justiça de São Paulo, Guilherme de

Souza Nucci (2010, s.p.): “Em verdade, não há

raças definidas, distintas e diferenciadas no

mundo. Existe apenas a raça humana, com seus

naturais contrastes superficiais de aparência,

cercados de costumes e tradições diversificadas”.

O operador do Direito, assim como o

supramencionado Desembargador Guilherme

Nucci, tem como dever profissional promover a

conscientização acerca das Normas Jurídicas, pois

elas foram formuladas com o intuito de gerar o

bem-estar de todos os cidadãos da Nação. Não se

pode admitir, em quaisquer circunstâncias, a

existência de discriminação e preconceito em

sociedades civilizadas, sem que haja uma punição

clara.

As sanções, todavia, são muito brandas

e as convergências entre algumas legislações e a

Constituição fazem com que a pena para o crime

de racismo seja, por vezes, inaplicável. O

Desembargador Guilherme Nucci (2010, s.p.)

menciona tal incoerência:

Certamente, urge levantar, ainda que em

breves palavras, o propósito do

constituinte ao enumerar três fatores de

sustentáculo de combate ao racismo:

inviabilidade de liberdade provisória +

necessidade de punição a qualquer tempo

+ sanção penal compatível com o regime

de reclusão. A previsão de

inafiançabilidade torna-se inútil em face

do sistema processual penal vigente, que

admite a liberdade provisória, sem

fiança, para vários crimes, considerados

graves. Logo, o delito de racismo,

embora não admita o pagamento de

fiança, poderia comportar a liberdade

sem a caução legal. De outra sorte, a

imprescritibilidade não faz parte da

tradição do Direito Penal brasileiro, até

pelo fato de infrações penais muito mais

graves comportarem a extinção da

punibilidade pelo decurso do tempo,

como ocorre com o homicídio, o estupro

ou a extorsão mediante sequestro, apenas

para ilustrar. A pena de reclusão, por si

só, não representa gravame, pois admite,

conforme a pena cominada, os benefícios

da Lei 9.099/95 (suspensão condicional

do processo ou transação).

A conscientização da sociedade para que

esta se torne, enfim, justa e igualitária, deverá ser

um processo de cooperativismo entre todas as

esferas que a compõem. Os educadores e

legisladores, compreendendo também os

operadores de Direito, possuem o poder-dever de

promover a mudança e fazê-la efetiva. Afinal, sua

cor não lhe faz inferior, seu preconceito sim!

Assim, fica clara a necessidade da

implementação do Ensino para a Paz, ferramenta

cujo fundamental objetivo é propiciar o bom

convívio entre os indivíduos dentro de uma

sociedade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de centenas de anos

subjugando o povo africano que foi escravizado

no Brasil, a sociedade aristocrata brasileira foi

desenvolvendo o pensamento de que o negro era

uma subespécie. Este povo foi deixado à própria

sorte; livres, porém sem ter para onde ir, sem saber

com o que trabalhar, sem rumo. O saldo da

abolição da escravidão para a população negra no

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Brasil foi desastroso: pobreza, marginalidade e a

contínua segregação.

O preconceito contra o negro é uma raiz

profunda incrustada no pensamento da sociedade.

Graças ao Estado Democrático de Direito

assegurado a esta nação, atualmente esta prática

configura como crime, e, se comparado ao

preconceito existente no século passado, nota-se

uma grande evolução. Entretanto, todos sabem as

condições e oportunidades não são, todavia, iguais

para todos.

Há uma guerra sendo travada contra o

preconceito e a cada pequena conquista, chega-se

mais próximo da forma mais justa e civilizada de

se viver: onde todos sejam, de fato, iguais em seus

direitos e seus deveres.

Isso posto, é imperativa a colocação em

prática do Ensino para a Paz, que propiciará, a

médio prazo, a boa convivência em sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Queiroz Olney; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica.

Editora Saraiva. Ano 2017.

CAMINO, Leôncio, SILVA, Patrícia da, e MACHADO, Aline. A face oculta do racismo no

Brasil: uma análise Psicossociológica. Revista Psicologia Política, 2000. Disponível em:

http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/psicopol/artigos_pub/artigo_4.pdf Acesso em: 02 jun.

de 2018.

NUCCI, Guilherme de Souza. Racismo: Uma interpretação à luz da Constituição Federal,

2010. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/racismo-uma-

interpretacao-a-luz-da-constituicao-federal/5447. Acesso em: 24 mai. 2018.

ROMERO, Sílvio. Contos Populares do Brasil. São Paulo: Landy Editora. [S.l.: s.n.], 2000.

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CURSO DE DIREITO

O RACISMO E A EDUCAÇÃO PARA A PAZ

Ana Paula Lemonie

Júlia Nassar

Márcia Cecília Vassoler

Müller Pontes Campos

1 INTRODUÇÃO

No presente artigo temos como

problemática inicial a origem do racismo na

sociedade brasileira. Percebe-se suas raízes no

período histórico conhecido como colonialismo

brasileiro, marcado pelo etnocentrismo dos

europeus perante os indígenas. Por meio desse

pensamento de superioridade dos portugueses,

passa-se a visão que todo nativo, e posteriormente

negros (trazidos da África), eram inferiores ao

homem branco, sendo assim, os negros passaram

a ser responsáveis por trabalhos braçais aos

cuidados dos seus senhores.

Após anos de sofrimento com o trabalho

escravo, a Princesa Isabel, em 1888, assina a Lei

Áurea que objetivava o fim da escravidão no

Brasil. Em teoria, a Lei instaurava igualdade

étnica à sociedade brasileira, mas a prática

destoava da teoria, pois os negros continuavam

desamparados de políticas públicas, continuando

assim a mercê do arcaico pensamento

etnocêntrico.

A Lei Áurea veio para inserir de forma

democrática o Brasil ao mercado mundial, por este

motivo o poder público passou a trazer imigrantes

(em grande maioria europeus), sendo que o custo

da mão de obra assalariada era menor que a

compra e manutenção de escravos.

Nos dias atuais conta-se com políticas

assistencialistas e leis que punem atos racistas

com pena privativa e inafiançável. Porém, mesmo

com leis e conscientização, o racismo não se

extinguiu e a falta de igualdade entre raças fez com

que se perpetuasse a condição imposta aos negros:

de pobres e excluídos socialmente.

Para que esta situação mude, os

operadores do Direito são fundamentais na defesa

dos direitos garantidos e previstos em leis aos

afrodescendentes, tratando os casos de forma

igualitária e imparcial. Essa mudança se faz

fundamental para que tenhamos uma Educação

para a Paz de forma eficaz e concreta.

2 O ENFRENTAMENTO AO RACISMO E A PROMOÇÃO DA PAZ SOCIAL

Torna-se mais concreta a realidade da

desigualdade racial no Brasil quando analisamos

dados que apontam os abismos de diferenças entre

negros e brancos desde a oportunidade e qualidade

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de estudo na infância e adolescência e ainda,

quanto à renda e reconhecimento profissional na

vida adulta.

Apesar dos negros representarem 52,9%

da população brasileira – segundo o IBGE – os

dados nos trazem uma dura realidade quanto às

diferenças de oportunidades. Tratando de

educação, fica explícita esta divergência. A taxa

de analfabetismo é 11,2% entre os negros; 11,1%

entre os pardos; e 5% entre os brancos. Até os 14

anos as taxas de frequência escolar têm pequenas

variações entre as populações, o acesso é

semelhante à escola. No entanto, a partir dos 15

anos, as diferenças ficam maiores. Enquanto, entre

os brancos, 70,7% dos adolescentes de 15 a 17

anos estão no ensino médio, etapa adequada à

idade, entre os negros esse índice cai para 55,5%

e entre os pardos, 55,3%. Tais dados foram

levantados pelo movimento Todos pela Educação.

Diante de constatações, é possível

apontar um racismo enrustido na cultura social do

Brasil, onde é aceitável a ideia de que a população

viva em tais condições por sua própria

responsabilidade, quando na realidade é provado

por dados e pesquisas plausíveis que, as

oportunidades não são oferecidas por igual, e são

apenas alcançadas por maioria branca que recebeu

algum tipo de preparo para preenchê-las.

No tocante ao mérito de renda, a

discrepância aumenta de forma avassaladora. Um

estudo realizado pelo Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNDU) – órgão

da ONU – em parceria com a Fundação João

Pinheiro e o Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA) é notável o abismo entre os dois

grupos. Em 2010, a renda domiciliar per capita

média da população branca era mais que o dobro

da população negra: R$ 1.097,00 ante R$ 508,90.

Não obstante, uma grande barreira

segregativa é imposta para ingressar no mercado

de trabalho, depois de vencida, se faz presente na

busca pela ascensão profissional. Segundo estudo

realizado pelo Instituto Ethos, os negros ocupam

apenas 4,7% dos cargos executivos das 500

maiores empresas brasileiras.

A sociedade brasileira está em constante

transformação, do mesmo modo se encontra o

ordenamento jurídico e em vista disso, as políticas

de conscientização e luta contra a discriminação

racial têm aumentado consideravelmente.

No âmbito jurídico, novos projetos de

leis foram aprovados criminalizando com pena

inafiançável os crimes de racismo no Brasil. O

ordenamento jurídico brasileiro tem procurado se

adequar e executado essas novas leis, ainda que

um tanto quanto deficiente, por ainda não estar

bem estruturada, fazendo com que muitas vezes

tais crimes passem despercebidos ou

simplesmente, sendo julgados de forma antiquada

e permitindo que, muitas vezes, o agressor saia

livre de acusações.

Trazer à tona a discussão sobre racismo

no Brasil significa incentivar a luta e solidificar

movimentos pela paz que são contra a

discriminação racial no país.

É claro que medidas preventivas são

mais eficazes e efetivas. Nos últimos dez anos, as

escolas de educação infantil e fundamental vêm

lidando com este assunto de forma mais perspicaz.

Mostram para as crianças a importância de não

julgarem as pessoas por sua aparência física ou cor

da pele. Somente desta forma teremos uma

Educação para a Paz que efetivamente venha a

trazer benefícios para a sociedade como um todo,

evitando o enfrentamento entre os atores da

sociedade, pelo simples fato de terem origens

raciais diferentes. Isso de forma alguma pode ser

aceito.

Atualmente, as instituições de ensino

superior, também estão promovendo reflexões

sobre estas questões, entenderam que a

discriminação, o racismo e o preconceito são

causadores de violência e estão formando “agentes

da paz”. Esta nova cultura, certamente, promoverá

a mudança no comportamento das pessoas com

relação à diversidade.

Ainda que há alguns anos essa política

de conscientização vem sendo notória, ainda são

muitos os casos de crime de racismo no Brasil.

Apesar de tal fato ser criminalizado pela

legislação vigente, prevendo que a prática do

racismo constitui crime inafiançável e

imprescritível sujeito à pena de reclusão, o

operador do direito tem papel fundamental no

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combate aos casos de racismo.

No entanto, ainda se vive um racismo

estruturado dentro do poder judiciário, em que

grande parte das condenações pelos crimes

cometidos são de pessoas negras. Contudo, o

racismo importa na sociedade contemporânea,

fruto da superioridade de algumas pessoas sobre

outras, tendo esta como fator nítido deste

preconceito.

Entrevista do pesquisador Felipe da

Silva Freitas, Mestre e doutorando em Direito pela

Universidade De Brasília (UnB), aponta que as

pessoas negras procuram as instituições policiais

com menos frequência por haver certa descrença

de que a justiça seja feita.

Embora a Constituição Federal de 1988

garanta o direito de igualdade por meio do Art.3°,

inciso IV, que garante promover o bem a todos,

sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade

e quaisquer outras formas de discriminação,

parece que estas pessoas não acreditam na

concretização de seus direitos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste artigo analisamos que os

negros vêm sofrendo muito desde o início de sua

vinda ao Brasil, como escravos. E mesmo com o

fim da escravatura seus direitos continuaram

inexistindo, assim como seu lugar na sociedade.

Século após sua libertação, percebe-se que os

negros ainda constituem a parte mais pobre e

menos alfabetizada, muitas vezes tendo apenas o

ensino fundamental completo, ou nem isso.

Poucos foram os que perseveraram e

conseguiram seu lugar perante a sociedade, isso se

dá por meio do racismo enraizado em nossa

cultura, em que um diretor tendo como opção um

professor branco e um negro, ainda escolhe o

branco. É inaceitável ver que, apesar da

Constituição Federal reger tudo em seus artigos e

incisos, por meio de leis garantindo prisão

inafiançável o racismo acontece o tempo todo e

nunca acaba com o fim previsto na Constituição.

Frente a esse cenário, os operadores do Direito

fazem-se essenciais para que o racismo seja

erradicado, para que as leis tenham o fim previsto

e para que a população negra se sinta reconhecida

como parte da sociedade.

Somente a completa erradicação do

racismo do dia a dia dos brasileiros poderá trazer

o alicerce necessário para a completa

implementação da Educação para a Paz de forma

adequada e duradoura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal:

Centro Gráfico, 1988. 292 p.

MUNIZ, Mariana. Racismo impacta na tomada de decisão dos magistrados. Brasília:

[S.N]. Disponível em: https://www.jota.info/justica/racismo-impacta-na-tomada-de-decisao-

dos-magistrados-19122016 Acesso em 18 ago. 2018

TOKARNIA, Mariana. Educação reforça desigualdades entre brancos e negros, diz

estudo. Brasília: [S.N]. Disponível em:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-11/educacao-reforca-desigualdades-

entre-brancos-e-negros-diz-estudo Acesso em 18 ago. 2018

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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHARELADO

SUICÍDIO UNIVERSITÁRIO: A REEDUCAÇÃO MENTAL PARA A

PAZ

Daniel Henrique Huttel

Tailine Lisboa

Wanessa Graminho de Carvalho

1 INTRODUÇÃO

O suicídio no ambiente acadêmico vem se

tornando um assunto comum, provocado por

diversos fatores como estresse, ansiedade, pressão

do cotidiano, relações interpessoais e

principalmente a depressão (GIJZEN, et. al 2018).

Independentemente do local onde ocorra, os

relatos dos suicídios demonstram ser mais

apresentados nas mídias sociais (facebook, blogs,

dentre outros), sendo pouco mencionados em

mídias jornalísticas.

O modelo de exibição de tais

notícias/informações escolhido pelas mídias é

capaz de gerar uma epidemia de suicídios (por

exemplo o jogo Baleia Azul); e, em outros casos,

pode estimular a busca por auxílio psicológico. No

mundo há diversas diretrizes que foram elaboradas

para direcionar a mídia sobre as melhores

maneiras de divulgação concernente ao assunto

(SINYOR et. al, 2018).

Muitos casos de suicídio se mantêm

omissos pela preferência da família, pelos seus

conceitos religiosos/morais e pela privacidade

emocional dos relacionados (DUTRA, 2012).

Entretanto, os sub-registros referentes às

tentativas de suicídio (TS) indicam que em

diversas vezes isso ocorre por meio de ingestão de

medicamentos ou de pesticidas, que corresponde a

uma alternativa indolor, ocorrendo com maior

frequência. Tais fatos facilitam a divulgação das

mídias jornalísticas, podendo estes apresentar o

assunto de forma sensacionalista ou não, o que

ocasiona concepções incertas e subjetivas perante

tais relatos (SINYOR et. al, 2018).

Relatos sobre suicídio entre adolescentes

e jovens apontam maior relação com altos níveis

de depressão e desesperança na adolescência

(BORGES, 2006, apud DUTRA, 2012). Nesse

sentido, jovens acadêmicos possuem diversos

fatores associados à saúde mental desequilibrada

que corroboram para uma performance acadêmica

insatisfatória. Considerando também a busca pelo

consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas,

assim como, a elevação da ingestão de

medicamentos por indicação médica (anfetaminas

e benzodiazepínicos) próximo ao período de

formação, pois o alto nível de estresse e ansiedade

são alguns aspectos que podem induzir os mesmos

à TS (CHAVES, 2015, apud ARAÚJO, 2017).

Outro aspecto relevante, segundo Dutra

(2012), é o período de transição, isto é, sair da casa

dos pais para encarar a vida acadêmica. A

mudança abrupta pode provocar o desequilíbrio

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emocional o que possibilita o desenvolvimento de

transtornos psicológicos. Afastar-se da família

com pretensão de estudar em um ambiente não

familiarizado pode levar à depressão e elevados

níveis de angústia.

Sob esta perspectiva, é fundamental

manter um acompanhamento sobre o estado

emocional e psicológico dos alunos nas

universidades (DUTRA, 2012). Portanto, o

objetivo desse trabalho é relatar estratégias, na

área da educação, para lidar com alunos em estado

de sofrimento psíquico/emocional, visando evitar

o desenvolvimento de transtornos psicológicos e a

ocorrência da TS. Como método, buscou-se na

literatura nacional e internacional artigos e/ou

teses/dissertações que abordassem sobre o

assunto.

2 DISCUSSÕES

Para a população mundial o suicídio se

tornou um assunto em pauta e formas preventivas

de abordar o assunto vêm sido discutidas. De

acordo com Muller (2017) mais de 800 mil

pessoas se suicidam por ano no mundo; nesse

cenário o Brasil ocupa a oitava posição no ranking

de países com altos índices de suicídio.

Há pouco tempo, o Ministério da Saúde

apresentou uma nota em que o sul do país

apresentava o maior número de TS (DUTRA,

2012). Entretanto, é possível trabalhar para a

diminuição desta medida identificando que o

suicídio não se resume apenas em causar a própria

morte, mas em matar o sofrimento. Identifica-se a

necessidade de constatar estratégias em

abordagem pluricultural, a fim de que estejam

introduzidas na sociedade para a diminuição

desses índices elevados (ARAÚJO, 2017;

MULLER, 2017).

Nessa linha, é necessário focar em

diminuir o número de suicídios e acompanhar o

progresso dos planos de ação apresentados

(MULLER, 2017). Contudo, apesar das

campanhas contra estereótipos, divisão de classes,

gêneros e entre outros, o número de suicídio vem

aumentando no país. Dados mostram que

adolescentes e adultos jovens entre 15 e 29

demonstram maior propensão ao suicídio,

principalmente estudantes e acadêmicos com

algum transtorno mental (CREMASCO;

BAPTISTA, 2017; MULLER, 2017).

Em 2006, como intervenção, o Ministério

da Saúde desenvolveu o ‘Manual de Prevenção de

Suicídio: manual dirigido a profissionais das

equipes de saúde mental’ com o intuito de

identificar, de maneira antecipada, aspectos

relacionados à TS, viabilizando medidas

preventivas. Essa cartilha informa a importância

do Centro de Atenção Psicossocial propiciando a

prevenção, bem como, reconhece possíveis

patologias que podem estar relacionadas à TS

como: a depressão, ansiedade, transtorno de

personalidade, dentre outras (ARAÚJO, 2017).

Esses relatos causam comoção na

sociedade mundial, fato que instiga a população a

tentar reduzir e mudar esse cenário desfavorável

por meio de ações, planejamentos de saúde

pública e campanhas específicas para apresentar

projetos de prevenção ao suicídio. Conforme

Araújo (2017), programas dentro das universidade

têm um papel fundamental para a saúde

psicológica dos acadêmicos, visto que, foi

identificado que muitos vivem uma realidade

instável emocional no cotidiano e que a

responsabilidade de proporcionar a assistência

devida aos alunos é um dever da instituição em

que eles estudam (OSSE, 2013; MULLER, 2017).

Um dos planejamentos à prevenção é por

meio do ‘Setembro Amarelo’; uma ação que

ocorre em todo o território brasileiro,

principalmente nas universidades, visando chamar

a atenção para este assunto, utilizando uma

abordagem preventiva. Estabelecida no ano de

2015, essa é uma campanha que visa a valorização

da vida (MULLER, 2017; ARAÚJO, 2017).

No Brasil, é visto um aumento das

campanhas nas faculdades/universidades, com o

propósito de disponibilizar aos alunos maior

acolhimento psicológico, promovendo a saúde.

Uma das campanhas mais realizadas é o programa

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de assistência aos alunos, realizada principalmente

em faculdades de medicina (OSSE, 2013;

ARAÚJO, 2017).

De acordo com a UNE (2000, apud

ASSIS, 2000), a assistência ao acadêmico é uma

administração governamental para a promoção da

diminuição das diferenças sociais, econômicas e

culturais, favorecendo um incremento para a

formação igualitária entre os acadêmicos. A

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),

contempla um programa chamado ‘Cada Doido

com sua Mania’ o qual já é realizado há mais de

34 anos e tem como objetivo ajudar aos seus

acadêmicos com tratamento psicológico

humanizado, auxiliando em seu processo de

graduação (CREMASCO; BAPTISTA, 2017).

Robinson et. al (2017), relatam que as

mensagens pelas mídias sociais podem ser vistas

como uma forma de prevenção ao suicídio. Jovens

estudantes podem estar engajados com a

prevenção do suicídio por meio das mensagens

informativas, onde conteúdos sobre o suicídio e a

prevenção são proporcionados aos estudantes,

com o intuito de repassar informações coerentes

no cotidiano por meio das mídias. Dessa maneira,

entendem referidos autores, o assunto é propagado

com maior efetividade, o que além de

proporcionar conhecimento àqueles não

familiarizados com esta problemática, ainda

propicia auxílio para os indivíduos com tendência

suicida. Sendo assim, o envolvimento desses

jovens é primordial desde que estejam atualizados

e informados sobre como abordar uma temática

tão delicada para muitos.

As iniciativas que permeiam as ações

contra o suicídio são apresentadas em vários

formatos. Modelos mais diretos e particulares do

campo terapêutico; casos em que é percebido uma

necessidade de maior alerta na saúde psicológica

dos acadêmicos, onde apresentam alterações

mentais e, também, no progresso de atitudes

educacionais prolongadas, que direcionem a todos

os responsáveis à proporcionar assistência na

identificação de possíveis TS, desta forma, as

condutas regularmente podem e vão favorecer no

combate ao suicídio (OSSE, 2013).

O assunto se torna mais claro após

observar os diversos fatores que o rodeiam e como

ele ocorre em meio à diversas situações cotidianas

que separadamente são pouco relevantes, mas

perante uma rotina de pressão social e

responsabilidades pessoais, geram sofrimentos.

Sendo psicólogo ou não, é visível que o

comportamento de jovens acadêmicos se modifica

demasiadamente, identificando características

preocupantes. Com isso, tais mudanças devem ser

mantidas sob devida atenção, para a identificação

de possíveis psicopatologias necessárias do

tratamento adequado.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que os acadêmicos, em sua

maioria, vivem uma realidade de alto índice de

estresse o que pode ocasionar ansiedade,

depressão, e diversos outros transtornos em níveis

patológicos. Estes fatores se tornam preocupantes,

pois aumentam as chances de uma TS, não pela

morte ser percebida como positiva, mas por ser

identificada como ferramenta de fuga da realidade

das responsabilidades, pressões sociais e

acadêmicas estabelecidas sobre o indivíduo.

Logo, considerando o histórico de vida e a

situação socioeconômica e cultural dos

acadêmicos universitários, estas questões podem

se tornar um fardo, e sem o

direcionamento/assistência de como lidar com

estas problemáticas subjetivas, o indivíduo tende

a agravar a condição.

Sendo assim, percebe-se como é

imprescindível proporcionar amparo em forma de

programas ou ações nas faculdades/universidades,

viabilizando aos alunos esta possibilidade de

apoio psicológico, trabalhando de forma

humanizada para a diminuição do

desenvolvimento de patologias psicológicas,

corroborando para a prevenção das TS. Desta

forma, viabiliza um período de experiências

acadêmicas mais saudável.

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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHARELADO

O ESPORTE COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL: A

IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS

Adan Alves Ribeiro

Ana Paula Maurilia dos Santos

Ellacyane Cardoso Soares

Luiz Felippe Soares

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, tem se considerado a

relevância, a importância e o valor sócio-

educacional dos projetos educacionais e

esportivos em crianças e jovens em situações de

vulnerabilidade social.

Trabalha-se o esporte como o motivador

da ação educativa devido ao potencial que as

atividades esportivas, os jogos e as brincadeiras

têm de educar promovendo, ao mesmo tempo,

prazer e alegria, prevenindo as doenças crônico-

degenerativas e a deteriorização da vida social,

evitando comportamentos nocivos, tais como o

fumo, o álcool, outras drogas e a marginalidade

(CÔRTES NETO; DANTAS; MAIA, 2015).

Para referidos autores, indivíduos em

situação de vulnerabilidade podem potencializar

as chances do fracasso escolar, da evasão, da

droga, do sexo sem prevenção, da carreira na

delinquência, dos acidentes, dentre diversas outras

situações maléficas para os indivíduos. E, dentro

deste contexto, o esporte favoreceria melhorias

nas condições físicas e comportamentais do

indivíduo, uma maior capacidade de se relacionar

e melhores desempenhos acadêmicos.

Diante desse contexto a atual pesquisa

visa contribuir com o reconhecimento do esporte

como fator de inclusão social, revelando a

importância e o valor sócio-educacional dos

projetos sociais esportivos, com o intuito de

proporcionar uma vida mais digna a estes

indivíduos.

2 DISCUSSÕES

De acordo com o Ministério do Esporte

(BRASIL, 2015), as ações dos projetos sociais

esportivos objetivam promover a inclusão social de

crianças e adolescentes por meio do esporte, com a

utilização de recursos incentivados com o intuito

de ampliar o atendimento sócio-esportivo do país.

Ao refletir sobre os projetos sociais numa

perspectiva de se combater o risco social e atender

às crianças que se encontram em vulnerabilidade,

Sarmento (2002) defende a existência de uma crise

social na infância, com questões como as drogas,

os maus-tratos infantis, a violência, etc.,

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constantemente envolvidas com a violência social

(por exemplo, como vítimas da guerra, ou alvo de

agressões racistas ou pedófilas, ou ainda do

desemprego e da pobreza).

Para Maciel; Costa e Bezerra (2015), os

projetos sociais esportivos são pontos de partida

para a ascensão social por meio da descoberta e

aproveitamento de talentos; democratizando a

prática esportiva e de lazer como direito de todos;

contribuindo para a saúde mental, física e motora;

e agregando conceitos de responsabilidade social

aos agentes envolvidos.

Santos; Rosa Neto e Pimenta (2013)

acreditam que a educação fora da escola pode ser

colocada em prática a partir dos projetos sociais

esportivos, ensinando solidariedade, compaixão,

respeito ao próximo e erradicando a violência.

Esses mesmos referidos autores, salientam que os

projetos esportivos desenvolvidos em parcerias

com a escola e a comunidade, devem ser

prioridade para as crianças e jovens em situação

de risco social, pelo potencial imenso de

realização que o esporte tem.

No contexto nacional, o Ministério do

Esporte é o responsável por essas iniciativas e tem

desenvolvido diversas ações voltadas à inclusão

social. Destaca-se o projeto Segundo Tempo que

tem por objetivo “democratizar o acesso à prática

e à cultura do Esporte de forma a promover o

desenvolvimento integral de crianças,

adolescentes e jovens, como fator de formação da

cidadania e melhoria da qualidade de vida,

prioritariamente em áreas de vulnerabilidade

social” (BRASIL, 2015).

Num contexto regional, no município de

Camboriú (SC), podemos citar o Projeto Latarte,

que existe desde 2006 e objetiva atender crianças

e jovens de escolas públicas no contraturno

escolar. A eles são oferecidas oficinas de

atividades diversas com música, arte, recreação e

atividades esportivas: voleibol, futebol, capoeira,

judô; além de reforço escolar, letramento,

alfabetização, matemática, sala de informática,

inglês, cursos profissionalizantes e as refeições.

Geralmente os projetos são ofertados nas

escolas públicas (estaduais e/ou municipais) e

objetivam atender os escolares do Ensino

Fundamental I e II que se encontram em situação

de vulnerabilidade social. Grande parte das

atividades dos projetos são oferecidas no

contraturno escolar, por meio de parcerias com

ONG’s e Centros de Educação Complementar

(CEC’s)

Foram encontrados poucos artigos

científicos referentes à temática dos projetos

sociais. Santos; Rosa Neto e Pimenta (2013)

alegam que há uma escassez de estudo

especificamente quanto às atividades físicas

desenvolvidas em projetos sociais. Verifica-se que

as pesquisas sobre os projetos sociais se dedicam

aos aspectos da gestão e das avaliações das ações,

que se limitam a controlar investimentos

financeiros realizados ou simplesmente servir

como relatório das atividades desenvolvidas, não

analisando, de fato, o valor ou mérito da ação

social (ASSUMPÇÃO; CAMPOS, 2011).

Outros autores têm abordado em seus

estudos a preocupação com os resultados obtidos

por projetos desenvolvidos com o foco social.

Segundo eles, os indicadores devem ser

acompanhados para a comparação pré e pós

intervenção, ou seja, entre o ponto de partida e a

realidade após as mudanças identificadas

(MACIEL; COSTA; BEZERRA, 2015).

Acredita-se que mesmo com os grandes

eventos mundiais como os Jogos Olímpicos e a

Copa do Mundo terem ocorrido no Brasil são

necessárias políticas públicas mais afins do

esporte educacional, com o intuito de deixar um

legado educacional ao país.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade, grande parte do

reconhecimento do esporte como fator de inclusão

social de crianças e jovens das classes populares é

revelado pelo aumento do número de projetos

esportivos financiados por instituições

governamentais e privadas (CÔRTES NETO;

DANTAS; MAIA, 2015). Acredita-se que os

projetos sociais visam a formação integral de seus

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participantes, possibilitando a ascensão social, por

meio da descoberta e aproveitamento de talentos,

democratizando a prática esportiva e de lazer

como direito de todos.

Dentre as pesquisas existentes, os projetos

sociais esportivos podem ser vistos como

instrumento de resgate social de crianças e

adolescentes em situação de risco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSUMPÇÃO, J. J.; CAMPOS, L. M. S. C. Avaliação de projetos sociais em ONGs da

Grande Florianópolis: um estudo sobre modelos relacionados ao foco de atuação. Revista de

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MACIEL, E.C., COSTA, L.M.S., BEZERRA, L.F.M. Desafios Do Monitoramento E

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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - LICENCIATURA

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O ESPORTE NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

Ana Paula Maurilia dos Santos

Ellacyane Cardoso Soares

Juliano César da Costa

Luiz Felippe Rocha

1 INTRODUÇÃO

A inclusão social faz parte de um

movimento educacional, político e social que luta

pela inserção das pessoas na sociedade.

Independentemente de suas diferenças e de serem

aceitos e respeitados em seu meio social a inclusão

permite aos alunos uma educação de qualidade

proporcionando a eles experiências significativas

(FREIRE, 2008).

Sassaki (2003) conceitua a inclusão como

uma adaptação da sociedade para incluir pessoas

com deficiência em seu meio social e a prática da

inclusão de aceitação das diferenças individuais.

Para Alves e Duarte (2014) a inclusão é um

método que garante aos alunos alcançarem seus

potenciais, sendo pessoas com deficiência ou não.

No ano de 1994, delegados da

Conferência Mundial de Educação Especial, em

Salamanca, Espanha, validaram o compromisso

de uma educação para todos, caracterizando a

necessidade das pessoas com deficiência de

estarem inseridas dentro do ensino regular, uma

vez que toda criança tem o direito à educação e de

se manter no nível adequado de aprendizagem

(BRASIL, 1994). Tal resolução ficou conhecida

como “Declaração de Salamanca” e é considerada

mundialmente como um dos mais importantes

documentos que visam a inclusão social.

Estudos atuais têm demonstrado que

alunos com deficiência não se sentem totalmente

incluídos nas aulas de Educação Física (ALVES;

DUARTE, 2014) Nesse sentido, questiona-se se o

professor de Educação Física está preparado em

dar aula para alunos com deficiências. De acordo

com Mantoan (2006) o professor tem que inovar

em suas aulas e fazer com que os alunos interajam

entre si, construindo conceitos, valores, respeito e

buscando entender as dificuldades e limitações

que cada aluno tem. Os profissionais da Educação

Física devem proporcionar aos alunos aulas

atrativas buscando levar a eles meios de se

sentirem incluídos.

Dentre os diversos assuntos da Educação

Física o esporte é uma das maneiras de estar

incluindo pessoas com deficiência por ser um

conteúdo que exige socialização e cooperação dos

alunos. Mas será que essas aulas de inclusão

realmente acontecem na prática? Certamente se

não acontecem seria por falta de conhecimento ou

despreparo dos professores, ou por não quererem

estar buscando algo novo para aplicarem em suas

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80

aulas.

Ferreira (2010) conclui que a Educação

Física tem o poder da integração a da cooperação,

tendo as atividades físicas como um destes fatores,

podendo ser adaptada em suas aulas. Para Costa e

Bittar (apud AZEVEDO; BARROS, 2004) o

esporte inclusivo tem que levar em consideração

as limitações de cada indivíduo; também é

importante que tenha uma relação com os outros

alunos para que o deficiente se sinta incluído e se

envolva nas atividades e, assim, desenvolva suas

potencialidades.

De modo geral, acredita-se que o esporte

pode estar incluindo essas pessoas no espaço

escolar e na sua vida social, proporcionando a eles

uma melhor qualidade de vida, tanto social quanto

para sua saúde. É importante que as pessoas

cumpram com o direito de igualdade um com o

outro. Vianna e Lovisolo (2011) acreditam que a

formação de um sujeito seja intrínseca do esporte,

desenvolvendo responsabilidade a sociabilidade,

entre outros, e que o esporte na escola deve gerar

uma procura maior de atividades físicas.

Nessa perspectiva, o objetivo geral desta

pesquisa foi realizar um levantamento

bibliográfico com o intuito de buscar estudos que

demonstrem os benefícios do esporte na vida dos

alunos com deficiência, apresentando como

objetivos específicos: (1) verificar a contribuição

das aulas de Educação Física para a inclusão

social; (2) buscar estudos referentes à importância

do professor nesse processo; (3) relatar as

dificuldades encontradas por estes profissionais.

Nesse sentido, a proposta dessa pesquisa

foi estruturada a partir do seguinte

questionamento: será que os professores de

Educação Física estão preparados para receber os

alunos com as mais variadas deficiências durante

as aulas de educação física escolar?

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo caracterizou-se como uma

pesquisa bibliográfica, pois busca explicar um

problema a partir de outras pesquisas,

selecionando conhecimento e informações de

outros estudos, procurando encontrar o desfecho

do tema de pesquisa (MATTOS; ROSSETO

JÚNIOR; BLECHER, 2008). Quanto à

abordagem do problema caracteriza-se como uma

pesquisa qualitativa, uma vez que não depende da

utilização de instrumental estatístico como base no

processo de análise do problema

(RICHARDSON, 1989). Desse modo, no presente

estudo não haverá seção “Resultados e

Discussão”, sendo que a “análise e/ou discussão

dos dados” nesta revisão de literatura representará

as informações qualitativas referentes aos

pressupostos teóricos encontrados nas seções 3 e

4.

Sendo assim, este estudo cumprirá com a

definição supracitada dos autores quanto à

pesquisa bibliográfica e abordagem qualitativa. O

levantamento bibliográfico foi realizado no

segundo semestre de 2015. As bases de dados para

busca dos artigos foram Google Acadêmico e

Scielo, sendo que os termos utilizados para a busca

foram: inclusão social por meio do esporte;

Educação Física escolar; esporte no processo de

inclusão, e professor de Educação Física e o

esporte adaptado.

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3 OS BENEFÍCIOS DO ESPORTE NA VIDA DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

Inicialmente é necessário compreender a

definição sobre o que é deficiência. Segundo

Bampi; Guilhem e Alves (2010) qualquer pessoal

que contenha alguma modificação na parte física,

cognitiva e sensorial é caracterizado deficiente. As

deficiências são classificadas em cinco tipos,

sendo elas: deficiência física/motora, visual,

mental, auditiva e múltipla, que são causadas por

diversos fatores.

A convenção sobre os direitos das pessoas

com deficiência define em seu artigo 1º que:

Pessoas com deficiência são aquelas que

têm impedimentos de natureza física,

intelectual ou sensorial, os quais, em

interação com diversas barreiras, podem

obstruir sua participação plena e efetiva

na sociedade com as demais pessoas

(RESENDE; VITAL. 2008, p. 27)

Diante das dificuldades que as pessoas

com deficiência passam no dia a dia, sendo no

momento de se locomover ou de se integrar com

as outras pessoas no seu ambiente escolar ou em

meio à sociedade, o esporte pode estar suprindo

essas necessidades. Como relata Cardoso (2011, p.

529), “O desporto é um importante meio para a

reabilitação física, psicológica e social de pessoas

com algum tipo de deficiência”.

Segundo Azevedo e Barros apud Barrozo

et al (2012, p. 18):

O esporte se apresenta como um dos

requisitos indispensáveis para que o

indivíduo possa atingir a dimensão total

de inclusão social. Isso pode ser

comprovado por ser um instrumento

simples, acessível e eficiente que muito

contribui para que a pessoa pertença ou

tome parte do seu lugar na sociedade.

Costa e Bittar apud Azevedo e Barros

(2004), salientam que o esporte inclusivo facilita

uma real presença de participação dessas pessoas

no esporte, considerando as limitações de quem a

pratica, assim apresentando uma melhora de suas

capacidades.

Para Junior (2012), a inclusão social é

uma condição influente no esporte fazendo com

que o deficiente enxergue a vida de um modo

diferente e consequentemente se inclua no meio

social, trazendo benefícios como o aumento da

autoestima, estimulando a independência da

pessoa e a motivação para atividades futuras. “As

pessoas com deficiências que tiveram acesso aos

esportes atingiram um razoável estágio no que se

refere à participação em atividades sociais e ao

desenvolvimento físico” (GORGATTI, 2005, p.

32).

Levando em consideração as

peculiaridades de cada deficiência, descrições

plausíveis e conceitos fundamentais sobre as

deficiências e os benefícios do esporte para esses

casos específicos são descritos a seguir.

No que concerne à Deficiência Física, de

acordo com Silva; Vital e Melo (2012) ela é

compreendida como o resultado de más

formações, amputações e distrofias de um

membro ou mais do corpo humano ou lesões

cerebrais ou do sistema nervoso,

O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de

2004, define a deficiência física como:

[...] alteração completa ou parcial de um

ou mais segmentos do corpo humano,

acarretando o comprometimento da

função física, apresentando-se sob a

forma de paraplegia, paraparesia,

monoplegia, monoparesia, tetraplegia,

tetraparesia, triplegia, triparesia,

hemiplegia, hemiparesia, ostomia,

amputação ou ausência de membro,

paralisia cerebral, nanismo, membros

com deformidade congênita ou

adquirida, exceto as deformidades

estéticas e as que não produzam

dificuldades para o desempenho de

funções.

Em um estudo realizado pela UNIFESP,

em que buscou-se analisar o esporte como um

meio de reabilitação em 30 pessoas com idade

entre 17 a 59 anos, com deficiência física, foi

observado que as pessoas que não participavam

de nenhuma atividade física e que começaram a

praticar o basquete de cadeira de rodas (n=15), e

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as outras pessoas (n=15) que iniciaram a natação,

foi verificado que após dois anos da prática dos

esportes, ambos os grupos tiveram significativas

mudanças em seus aspectos sociais, obtiveram

progresso no trabalho, um melhor diálogo com

outras pessoas nas atividades do dia a dia e um

melhor relacionamento com seus amigos e

companheiros (LABRONICI, et al, 2000).

Em um estudo realizado pelo

CEFID/UDESC e CDS/UFSC, sobre um projeto

que visava a qualidade de vida dos deficientes

físicos, foi constatado que a prática de atividades

físicas regulares, em média três vezes por semana,

trouxe benefícios como: fortalecimento muscular,

promoção da saúde e integração social e bem-estar

em geral. Zuchetto e Castro (2002, p. 4) afirmam

que:

As atividades físicas, além dos

benefícios orgânicos (aspectos

metabólicos, cardiorrespiratório e

músculo-ósteo-articular), contribuem

significativamente para a melhoria do

convívio social, para a promoção de

independência, de um auto conceito mais

positivo, enfim, faz com que os

deficientes físicos sejam encorajados a

fazer tudo o que são capazes, buscando

otimizar seu potencial.

Nesta perspectiva Goulart e Negrine

(2008, p. 2) mencionam que “O esporte é um dos

meios eficazes de inclusão e reintegração social, e

serve como elemento desencadeador de promoção

da saúde, fundamentalmente, quando praticado

por pessoas portadoras de deficiência física, que

compromete a locomoção”.

Quanto à deficiência visual Silva; Vital e

Melo (2012) a definem como a privação da visão,

não podendo ser reparada com lentes ou quaisquer

recursos ópticos. O Decreto nº 5.296 de 2004,

define esse tipo de deficiência como:

[...] cegueira, na qual a acuidade visual é

igual ou menor que 0,05 no melhor olho,

com a melhor correção óptica; a baixa

visão, que significa acuidade visual entre

0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor

correção óptica; os casos nos quais a

somatória da medida do campo visual em

ambos os olhos for igual ou menor que

60o; ou a ocorrência simultânea de

quaisquer das condições anteriores.

Muitos estudos têm averiguado o esporte

como fator transformador na vida dos deficientes.

Em um estudo realizado no Instituto Benjamin

Constant (IBC), com 10 alunos com deficiência

visual, do gênero masculino, em que os mesmos

são atletas que representam o Brasil em

campeonatos internacionais, foi relatado por todos

os entrevistados uma melhora nos seus

desenvolvimentos psicológicos, intelectual, além

de melhorias na percepção de espaço, facilitando

as rotinas diárias, a locomoção, assim trazendo

melhoras na autoestima destas pessoas. Dentre

estes atletas, um relata a importância do esporte

após ficar cego na fase adulta, a saber:

[...] o esporte deu um incentivo para lutar

por aquilo que eu desejo; por traçar

metas a serem alcançadas efetivamente e

lutar por aquilo que eu sonho [...]. Para

pessoas portadoras de deficiência visual

foi muito importante eu me inserir no

contexto esportivo, isso me fez ver a vida

com outros olhos, sem trocadilhos, mas

foi um recomeço de um modo geral. A

partir daí, eu comecei a evoluir como

pessoa, como cidadão e como ser

humano também’ (PEREIRA et al, 2013,

p. 101).

Em outro estudo realizado com

deficientes visuais, atletas de Goaball (n=10),

integrantes da Seleção de Brasília, da Associação

do Centro de Treinamento de Educação Física

Especial (CETEFE), que teve como propósito

verificar os benefícios desta modalidade por meio

de um questionário contendo questões fechadas,

foram evidenciadas melhorias na parte psicológica

e social, além de contribuições importantes para

uma melhor mobilidade e autonomia, favorecendo

um bom convívio com outras pessoas (OLIVEIRA

et al, 2013).

O esporte para a pessoa com deficiência

visual possa vir a ser compreendido

como um fenômeno sociocultural de

múltiplas possibilidades, cujas

dimensões sociais podem abranger a

educação, ao lazer e o rendimento, e cuja

as referências principais são: a formação,

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a participação e desempenho (PAES,

2002 apud SILVA; VITAL; MELO,

2012, p. 53)

Já quando a ênfase é no contexto da

Educação Física Escolar, Melo (2008) acredita

que as atividades adaptadas nas aulas Educação

Física estimulam o deficiente visual a conhecer

seu próprio corpo, assim trazendo-lhe grandes

benefícios para seu cotidiano, como movimentar-

se livremente, sem que se dependa de alguém.

Nesse contexto, pode-se ponderar que os

deficientes visuais por terem a visão

comprometida apresentarão dificuldades nas áreas

motoras do equilíbrio e da organização espacial e

o trabalho dessas valências motoras por parte do

professor de Educação Física contribuirão

decisivamente para as atividades de vida diária do

aluno, fazendo com que ele desenvolva uma maior

independência e melhorias na locomoção, por

exemplo.

No que diz respeito à deficiência mental,

Luckasson e Cols apud Carvalho e Maciel (2003)

salientam que a deficiência mental é definida por

suas limitações no funcionamento intelectual e o

processo de se adaptar em atividades práticas e

sociais. O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de

2004, define a deficiência mental como:

[...] funcionamento intelectual

significativamente inferior à média, com

manifestação antes dos dezoito anos e

limitações associadas a duas ou mais

áreas de habilidades adaptativas, tais

como: comunicação; cuidado pessoal;

habilidades sociais; utilização dos

recursos da comunidade; saúde e

segurança; habilidades acadêmicas;

lazer; e trabalho (BRASIL, 2004, s.p.).

Um estudo realizado por Moura et al

(2012) na cidade de Montes Claros (MG), teve

como foco identificar a importância do esporte na

vida das pessoas com deficiência mental, por meio

da visão de 50 participantes, sendo eles pais e

responsáveis deles. Os autores concluíram que o

esporte vem facilitando o processo de inclusão,

verificou-se também que por meio de programas e

projetos de incentivo ao esporte e especialmente

por meio das aulas de Educação Física Escolar,

vem atingindo uma maior participação destes

alunos com deficiência mental em atividades

sociais.

Uma pesquisa realizada por Rodrigues e

Lima (2014), na FAEFI/UFU, tendo o objetivo de

verificar as contribuições do programa de

atividades motoras em meio aquático na

coordenação corporal de adolescentes com

deficiência mental, no período de quatro meses,

verificou-se que a prática das atividades exercidas

pelos adolescentes contribuiu com uma melhora

na coordenação corporal dos participantes.

Barrozo et al (2012) ressaltam que o esporte vai

mais além do que só promover a qualidade de

vida, é a por meio deste que a pessoa evolui sua

cidadania, se inserindo em ambientes físicos e

sociais.

Num estudo realizado por Santos; Weiss e

Almeida (2010), cujo objetivo foi verificar os

efeitos das intervenções motoras em uma criança

com Síndrome de Down, foi verificado que após

32 sessões de atividades lúdicas e estimulantes, a

criança apresentou avanços positivos nas áreas da

motricidade global, equilíbrio e organização

espacial. Os mesmos autores acreditam que há

uma forte relação entre o motor e o cognitivo,

desse modo ao se trabalhar as habilidades motoras

dessas crianças, estaremos contribuindo para o seu

desenvolvimento cognitivo e, por isso, para a

aprendizagem escolar.

Vale ressaltar que atualmente o termo

utilizado é Deficiência Intelectual, por referir-se

ao funcionamento do intelecto especificamente e

não ao funcionamento da mente como um todo

(SASSAKI, 2004). O mesmo autor salienta que a

mudança da terminologia também é útil para

evitar a confusão entre Doença Mental e

Deficiência Mental.

Em relação à deficiência auditiva, de

acordo com o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro

de 2004, ela é definida como: “perda bilateral,

parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou

mais, aferida por audiograma nas frequências de

500hz, 1.000hz, 2.000hz e 3.000hz;” (BRASIL,

2004, s.p.).

Um estudo realizado por Lacerda (2006)

em uma escola de rede privada com 29 alunos

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ouvintes e um surdo, afim de evidenciar a inclusão

deste aluno surdo no ambiente escolar foi

realizada uma investigação partir de depoimentos

de professores, alunos ouvintes e o aluno surdo.

De acordo com o depoimento dos professores, as

aulas ocorrem normalmente com a ajuda de um

intérprete; notam um bom relacionamento com os

demais alunos, mas também se evidencia a falta de

preparação para esta prática. Os depoimentos

relatados pelos professores escondem problemas

nesta prática, mas de modo geral, os docentes

entrevistados têm essa experiência como

satisfatória.

Já para os alunos ouvintes entrevistados o

aluno surdo é visto com respeito, tendo um bom

relacionamento com a turma, apesar de terem

algumas dificuldades com a língua de sinais. Para

o aluno surdo, as aulas na escola regular é algo

normal; compreende que os alunos ouvintes

conhecem alguns sinais, mas que há uma

comunicação entre eles. Relata também que os

professores não conhecem os sinais, mas que isso

não traz problemas, pois tem a intérprete que o

ajuda nas suas tarefas escolares. Dentro desse

contexto, eleva-se a importância da inclusão no

ambiente escolar e especificamente quanto à

Educação Física Escolar podemos afirmar que:

[....] tem um papel importante na

inclusão de pessoas com deficiência

auditiva nas escolas regulares, pois por

meio das aulas é possível trabalhar o

aluno em sua totalidade, com objetivo de

buscar a saúde do corpo, a sensibilidade,

a coordenação motora a criatividade,

explorando uma diversidade de

habilidades e fazendo os alunos

socializarem entre si [...] (GÓES;

ALVES; VIEIRA JÚNIOR, 2012, p. 12).

Em um estudo realizado na universidade

do Estado da Bahia por Nogueira et al (2006), com

14 pessoas com deficiência auditiva, cujo objetivo

foi possibilitar aos surdos uma experiência no

esporte (handebol), buscando formas de incluir

estes alunos, foram aplicadas brincadeiras para

desenvolver as atividades e o jogo. Durante as

atividades realizadas os surdos mostraram-se

motivados a aprender, sendo que as aulas

propiciaram aos surdos a ampliação de suas

capacidades motoras e de socialização.

Por fim, quanto à deficiência múltipla, de

acordo com o Decreto nº 5.296, entende-se por

deficiência múltipla a “associação de duas ou mais

deficiências” (BRASIL, 2004, s. p.).

Em suma, diante dos pressupostos

teóricos e das pesquisas supracitadas, entende-se

que a pessoa com deficiência possui o direito de

ser integrada na sociedade em diversas áreas, e o

esporte parece ser um meio pelo qual essa

interação torna-se de grande valia em diferentes

esferas da vida dessa pessoa.

4 CONTRIBUIÇÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O PROCESSO DE

INCLUSÃO SOCIAL

O professor de Educação Física tem uma

grande função no ambiente escolar e de certa

forma na vida dos alunos. Dentro desta concepção

Silva; Duarte e Almeida (2011) reforçam dizendo

que a Educação Física reproduz um significante

avanço geral na vida dos alunos com deficiência

por desenvolver as possibilidades e limites de seu

corpo.

Para Betti e Zuliani (2002) a Educação

Física como parte do currículo da educação básica

tem a obrigação de estar integrando e incluindo o

aluno na cultura corporal de movimento e assim

buscando estratégias para possibilitar a inclusão

destes alunos.

De acordo com Souto et. al (2010),

estudos da Educação Física mostram o valor desta

disciplina, na promoção de benefícios para o

aluno, desde o desenvolvimento físico até a

melhora afetiva e o convívio com as outras

pessoas.

Segundo Alves e Duarte (2014) a inclusão

está vinculada à Educação Física escolar por meio

da participação dos alunos nas atividades

propostas pelo professor; assim o aluno se sente

um integrante da equipe, obtendo vínculo de

amizade entre o grupo.

A Educação Física, no seu ambiente

escolar, é uma das disciplinas mais desejadas

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pelos alunos pelo fato de saírem de um ambiente

fechado, a sala de aula, para um ambiente aberto,

o momento de brincar. Dario apud Souto et. al

(2010) ressalta que o aluno quando realiza

atividades de forma lúdica, descontraída, também

está aprendendo. “É através da educação física que

o aluno poderá expressar suas emoções, como a

alegria, o medo, descobrindo as mais variadas

formas de linguagem corporal, que estimula e

aprofunda a inserção do educando na sociedade”

(MATTOS; NEIRA, 2000 apud OLIVEIRA;

RODRIGUES, 2006, p. 33).

Alves e Duarte (2014) apontam que não

há apenas contribuições para as aulas de Educação

Física. Estudos mostram que alunos com

deficiência sofrem por não se sentirem

completamente incluídos nas aulas de Educação

Física. Por sua vez Kozub e Ozturk (2003 apud

GORGATTI, 2005, p. 46) destacam que “a

experiência da inclusão nas aulas de educação

física pode ser negativa ou positiva para a criança

com deficiência, dependendo em muito de qual

será a atitude dos pais e professores diante da

situação”.

Goodwin e Watkinson (2000, apud

ALVES; DUARTE, 2014) realizaram um estudo,

com alunos entre 10 a 12 anos de idade para

diagnosticar o significado da Educação Física

inclusiva para eles. Classificaram as aulas de

Educação Física como ‘dias ruins’ e ‘dias bons’.

Os ‘dias bons’ seriam aqueles em que as

atividades propostas dessem a estes alunos um

modo de se beneficiar e participar das atividades

junto aos outros alunos ditos “normais”, assim se

sentindo incluído com o grupo. No entanto, nos

‘dias ruins’ estes alunos se sentiam diferentes

devido suas deficiências, tinham uma pequena

participação nas aulas, o isolamento destes alunos

estava relacionado com a rejeição ou ser o centro

de curiosidade pelos outros alunos.

Em outro estudo realizado com

deficientes visuais em escolas particulares e

públicas da cidade de São Carlos (SP), apontou-se

a não inclusão destes nas aulas de Educação

Física. O pesquisador relata que a inclusão está se

efetuando de forma parcial, pela má formação

docente. Também ressaltou que os docentes se

justificaram dizendo que não estavam preparados

para incluir estes alunos (COSTA, 2010).

Gorgatti (2005) ressalta a ideia de que se

os professores demonstrassem atitudes de inclusão

incentivariam as outras crianças a terem esse tipo

de atitude, assim instigariam o aluno deficiente a

realizar as atividades e a se socializarem com o

grupo. “A inclusão deste aluno é dependente da

qualidade das interações sociais estruturadas, onde

estas devem ser positivas e permitir que ele se

sinta aceito, reconhecido por sua capacidade de

desempenhar um papel importante no grupo”

(ALVES; DUARTE, 2014, p. 330).

Para Souto (2010) a Educação Física que

quer ser inclusiva deve estar buscando a

criatividade para incentivar a participação de

todos e assim retirar a barreira entre as diferenças.

Os alunos têm suas potencialidades a serem

desenvolvidas, cabe aos profissionais darem esta

oportunidade a eles, de desenvolverem seus

potenciais, fazendo com que o aluno se sinta

incluído.

Mantoan (2015) assegura que o Brasil

melhorou sua política de educação para o

deficiente, como o direito de estudar em escola

comum, mas que não garante que o direito da

educação aos deficientes foi solucionado.

De acordo com Nascimento et. al (2007)

mesmo com a disciplina de Educação Física

adaptada estarem nos currículos acadêmicos e

trazendo conhecimento a eles sobre o assunto, esta

área ainda tem característica negativa quando

aplicadas no ambiente escolar por falta de

interesse e pelo fato de os profissionais não

estarem buscando conhecimento sobre a área após

a graduação.

Ferreira (2010) salienta que a Educação

Física Adaptada veio para complementar a

Educação Física Geral que não conseguiu suprir a

total necessidade dos alunos com deficiência.

A EF Adaptada tem sido valorizada e

enfatizada como uma das condições para

o desenvolvimento motor, intelectual,

social e afetivo das pessoas, sendo

considerada, de uma maneira geral,

como: atividades adaptadas às

capacidades de cada um, respeitando

suas diferenças e limitações,

proporcionando as pessoas com

deficiência a melhora do

desenvolvimento global,

consequentemente, da qualidade de vida.

(STRAPASSON; CARNIEL, 2007, p.

11)

Costa e Sousa (2004) acentuam que a

Educação Física, na qual alcançou a adaptação nos

esportes e nas atividades físicas, puderam

enxergar as potencialidades e contradizer a visão

de um corpo ineficaz e imperfeito.

Sherril (apud COSTA; WINCKLER,

2012, p. 17) enfatiza que o esporte adaptado é

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aquele realizado por pessoas com deficiência,

buscando incluir este no grupo ou melhorar suas

habilidades motoras, “baseado em modalidades

que são adaptadas de esportes já existentes ou

criadas especificamente para essa população,

como o caso do goalboll”.

Nota-se alguns obstáculos encontrados

pelos professores de Educação Física ao estarem

atuando com alunos deficientes em suas aulas,

assim alguns estudos vêm comprovando estas

dificuldades como Fiorini e Manzini (2014) que

analisaram as dificuldades encontradas por

professores de Educação Física, em duas escolas

do Estado de São Paulo. O estudo mostra que as

dificuldades encontradas em realizar a inclusão no

ambiente escolar advêm de variados motivos

como a formação profissional, das más estratégias

de ensino e da área da Educação Física, e de todo

ambiente escolar, alunos, diretores; além da

família.

Em um estudo feito por Boato; Sampaio e

Silva (2012) com 180 professores de Educação

Física do Distrito Federal, notou-se que parte deles

não se identificava com a prática da inclusão.

Então se constatou a necessidade de realizar

cursos de capacitação e formação continuada.

“Pode-se dizer que a atuação de um professor em

suas aulas inclusivas é decorrente das suas

experiências tanto academicamente, como

profissionalmente, porém depende principalmente

do interesse do profissional pela área de atuação”

(NASCIMENTO, 2007, p. 56)

Para Souza (2012) as escolas ainda não

estão preparadas para incluir o aluno deficiente,

devido a materiais e estruturas inadequados, mas

realça dizendo que a escola tem um elemento

importante para que a inclusão aconteça: o

compromisso e a vontade de fazer do professor

com esses alunos. “Não se trata aqui de negar a

complexidade de atuar com grupos de alunos que

nos colocam o desafio de ensinar na diversidade

[...]” (JESUS, 2008, p. 75). Ninguém sabe uma

fórmula mágica para garantir a inclusão dos

alunos, então cabe a todos os agentes buscarem as

melhores metodologias, avaliação,

procedimentos, adequando quando for necessário

de acordo com cada dificuldade dos alunos

(SOUZA, 2012).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo investigar

por meio de artigos científicos, livros, revistas e

leis, os benefícios do esporte na vida dos alunos

com deficiência; a contribuição das aulas de

Educação Física para o processo de inclusão e

verificar se o professor de Educação física está

apto em ministrar suas aulas para as mais variadas

deficiências.

Observou-se que o esporte beneficia a

todos os alunos principalmente aos que têm

alguém tipo de deficiência sendo capaz de gerar

um melhor condicionamento físico. Também pode

ser benéfico para a inserção deste em um grupo ou

na sociedade, assim promovendo não só a saúde

física, mas também sua saúde mental, melhorando

sua autoestima, e possibilitando que conviva de

maneira favorável com a sociedade, melhorando

sua qualidade de vida.

As aulas de Educação Física beneficiam

os alunos por meio de suas atividades,

estimulando-os a participar das aulas e, assim,

facilitando o processo de inclusão dos alunos com

deficiência, proporcionando não só a melhora de

convívio destes como também desenvolvendo a

aceitação dos demais alunos diante a deficiência.

Não podemos deixar de notar a

dificuldade dos professores em estarem atuando

com este público. Nesse sentido, acreditamos que

as faculdades e universidades estão aptas o

bastante para lançarem o acadêmico no seu campo

profissional, mas também que após começarem a

exercer a função nas escolas, nem todos os

professores terão essa perspectiva de inclusão para

com o aluno com deficiente; talvez pelo

comodismo após estarem atuando na área ou por

não se sentirem aptos em dar aulas a estes alunos.

Conclui-se que a Educação Física pode

sim incluir qualquer tipo de pessoa, sendo ela

deficiente ou não, pois esta disciplina tem certa

afinidade com os alunos. Por mais difícil que seja

em ministrar aulas de inclusão, o professor tem

esse papel no ambiente escolar, mas para que isso

aconteça tem que haver o querer do professor. O

profissional tem de estar em constante

aprendizagem buscando se inovar e levar aos

alunos atividades que possam instigar a prática e

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assim integrar todos ao grupo.

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CURSO DE ENFERMAGEM

EDUCAÇÃO PARA A PAZ E EXCELÊNCIA EDUCATIVA: BULLYING

NAS ESCOLAS

Bianca Jaqueline Rocha

Jaqueline Silva

Juliano de Amorim Busana

1 INTRODUÇÃO

Cada um de nós possui visões diferentes,

maneiras de pensar e agir que nos fazem ter

atitudes racionais e irracionais - saber o que é o

certo e o que é errado. Ninguém melhor do que

crianças e adolescentes para nos mostrarem que

não podemos desistir da luta de um problema que

pode parecer simples, mas que se não resolvido

trará consequências para o resto de suas vidas.

Por meio desta reflexão foi vista a

necessidade de conscientizar crianças,

adolescentes e adultos de que a luta contra o

bullying não pode parar. Com isso a pesquisa foi

realizada com o objetivo de fazer com que os

jovens pudessem analisar e refletir sobre este ato

para que eles mesmos pudessem reconhecer o que

podem fazer para mudar essa situação, refletindo

sobre suas atitudes, assim, podendo mudar o seu

bem-estar e também do outro que está ao seu

redor.

A pesquisa foi feita com 65 alunos de uma

escola da rede Municipal de Ensino da cidade de

Itajaí (SC), com idades entre 12 e 16 anos, onde

um questionário foi entregue a eles para

responderem às perguntas conforme achassem

necessário. As perguntas foram as seguintes: 1 -

Idade; 2 - Gênero; 3 - Você sabe o que é bullying?;

4 - Você já sofreu algum tipo de bullying?; 5 -

Qual foi a sensação?; 6- Você já praticou

bullying?; 7 - Qual foi a sensação?; 8 - Você

praticaria novamente?; 9 - Você acha que sofreu

ou ainda sofre as consequências deste ato?; 10 - O

que você acha que pode ser feito para mudar essa

atitude?; 11 - Comente sobre a sua experiência de

ter praticado ou recebido este ato.

2 DISCUSSÕES

O bullying sempre fez parte da rotina

estudantil. Atualmente, pesquisas, palestras,

conscientização e campanhas do Governo, enfim,

toda a sociedade arma uma luta contra o bullying.

Mas como está a situação? Com que frequência

esta agressão ainda ocorre nas escolas?

Conseguimos superar este problema da

sociedade?

Várias são as formas de cometer este ato:

verbal, por meio de insultos, ofensas, apelidos

pejorativos; física, onde inclui atos de destruir

pertences alheios, bater, beliscar, empurrar;

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92

psicológica, em forma de humilhação,

discriminação, exclusão, chantagem, difamação;

sexual com abusos, assédios, insinuações; e

virtual, onde o bullying acontece por meio de

ferramentas tecnológicas.

Sabemos que independentemente da

idade, classe social ou financeira, há uma

necessidade de entendermos e compreendermos

como esse fenômeno acontece e como é a

realidade das crianças que passam por isso todos

os dias nas escolas (GRILLO; SANTOS, 2015).

Muitas vezes este ato é visto como uma

brincadeira inofensiva e por isso não há uma real

resolução para este problema. No entanto, é

preciso mostrar um pouco de como esse ato

acontece, apresentando suas causas e as

consequências de ambos os lados: da vítima e do

agressor (GRILLO; SANTOS, 2015).

Das 65 respostas obtidas, 50 alunos

manifestaram que já sofreram algum tipo de

bullying sendo que todos eles foram de forma

verbal; e para cinco deles verbal e física.

Todos os pesquisados sabem o que é o

bullying. Cada um falou com suas palavras, mas

todos souberam explicar o que é. “Xingar as

pessoas”, “é um tipo de agressão", “o

preconceito”, “quando alguém ofende o outro”, “é

quando as pessoas não aceitam a sua diferença”,

“fazer brincadeiras de mau gosto”, “uma ação que

machuca a pessoa, de maneira física ou

psicológica”, “quando praticamos o desrespeito

contra uma outra pessoa”, “quando você

discrimina alguém”, “é um crime”, “é o fato de

desprezar uma pessoa por ela ser diferente”.

Mesmo no século XXI, muitos apelidos,

brincadeiras de mau gosto e exclusão social ainda

acontecem no dia a dia desses jovens. “Me

chamavam de gorda e me batiam por causa disso”,

“Eu tinha uma doença e me chamavam de saco de

catapora”, “Eu sofria apelidos por pintar o meu

cabelo de colorido e por me vestir de maneira

diferente”, “Sempre fui muito alta e me apelidam

até hoje de girafa”, “Sou negra e sempre fui a

excluída do grupo por causa da minha cor”, “Uso

óculos e me chamam de quatro olhos”, “Sou

chamada de dente de bagre”, “Meu apelido é testa

de amolar facão”, “Sou muitas vezes excluída dos

grupos pela minha religião”, “Tenho um problema

nos olhos, todos me chamam de vesga”, “Sou

baixinho, gordinho e orelhudo, sou chamado de

dumbo”, “Sou gorda e alta, desde pequena me

chamam de elefante”, “Botijão de gás, esse é meu

apelido”, “Eu sou muito pequeno e me chamam de

anão de jardim”, “Sou o ‘viado’ da turma”.

Diante destes comentários, o sentimento

dos alunos e suas opiniões foram muito parecidas.

“Me sinto péssimo”, “Me sinto inferior”, “Sinto

ódio, desprezo, culpa, raiva, tristeza”, “Venho

para a escola todos os dias com medo”, “Eu choro

todos os dias depois que chego em casa”, “Me

sinto inútil”, “Tenho vergonha de mim mesma”,

“Sensação de impotência”, “Eu cheguei a ponto de

não gostar mais da minha cor”, “Sentia ódio de

mim”, “Me sinto sozinha e inferior às outras

pessoas”, “Fico com vontade de morrer”.

Dentre os que já praticaram o bullying as

respostas ficaram divididas. Trinta alunos falaram

que já praticaram este ato e 35 dizem que não; em

apenas um caso foi relatado agressão física, nos

outros apenas agressão verbal. “Quando as

pessoas me xingam, eu xingo elas de volta, não sei

o que fazer e acabo retribuindo”, “Xinguei uma

menina da minha sala, defendi os apelidos que ela

me dava por causa da minha falecida mãe”, “Eu

jogava o menino mais esquisito da escola dentro

do lixo”, “Falava pra uma menina da minha sala

que ela era quatro olhos”, “Eu queria me vingar,

xinguei um menino que me batia, de gordo e de

baleia”.

Evidencia-se pelos relatos acima

transcritos que na maioria dos casos o bullying foi

cometido em algum momento de raiva, onde em

muitas vezes, os agressores queriam se defender.

Mesmo diante dessa situação os alunos sabem que

este ato não é correto; foi unânime a questão de

que nenhum deles praticaria este ato novamente

por saberem das consequências que isso pode

trazer para a sua vida e para o do próximo. “Não

faço com o outro o que eu não quero que façam

comigo”, “Não pratico mais, pois não gostaria que

fizessem isso comigo”, “Não precisamos humilhar

uns aos outros”, “Isso pode gerar vários problemas

psicológicos”, “Se eu não quero para mim, eu não

faço para os outros”, “Isso não faz bem nem para

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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1

93

quem pratica, imagina para quem recebe”.

Poucos souberam explicar quais as

consequências que este ato trouxera a eles, porém,

com as suas respostas, todos sabem, dentro de si,

que de alguma maneira isso interferiu ou ainda

interfere na sua vida. “Eu já sofri muito”, “Sinto

um aperto no peito”, “Tenho raiva de mim

mesma”, “Tenho depressão por me sentir

inferior”, “Sempre penso no que fiz contra as

outras pessoas”, “Os xingamentos ficam o dia

inteiro na minha cabeça”, “Continuo sendo

excluída da turma”, “Não consigo sentir mais

nada”, “Pago para não falar em público, pois

sempre acho que as pessoas vão rir de mim”.

Ao deixarmos um espaço para que eles

pudessem comentar sobre a sua experiência com o

bullying, a pesquisa obteve respostas

emocionantes, a saber: “Eu praticava bullying com

uma pessoa por ela ser muito pequena, quando eu

vi que ela sofria com isso e que eu estava errada,

pedi desculpas de joelhos e ela me perdoou, hoje

somos melhores amigas”; “No meu primeiro dia

de aula me xingaram e uma menina me bateu,

cheguei em casa e contei para a minha mãe, ela foi

falar com a diretora e expulsaram a menina da

escola”; “Sofri bullying verbal, para mim é uma

das piores formas. Com o tempo a sensação ruim

vai diminuindo, mas sempre fica uma cicatriz”;

“Pratiquei o bullying com uma amiga, ela nunca

mais falou comigo, aprendi depois disso a nunca

mais cometer este ato”; “Sofri agressão verbal e é

como se tivessem jogado um prédio em cima de

mim. Doeu e ainda dói muito. Até hoje não me

recuperei por inteiro. Ainda sofro, mas sei que

preciso seguir em frente”; “Eu já pratiquei, mas

não me orgulho disso”; “É muito difícil ser uma

vítima de bullying, me sinto mal e sei que isso

pode levar à depressão e até à morte”; “Não

podemos xingar e nem agredir, somos todos

iguais”. “Tenho uma amiga que sofria bullying e

que tentou se matar”; “O bullying tem que ser

combatido, ele pode resultar em problemas

psicológicos e até suicídio”; “Ser vítima de

bullying é horrível. Se pudesse escolheria nunca

mais passar por isso”; “Sofro bullying e acho que

é uma situação humilhante”; “Cheguei a um ponto

de não aguentar mais”; “Se eu pudesse juntar todas

as pessoas que já sofreram bullying para lutar

contra ele, eu faria”.

Frente o exposto, entende-se que mesmo

com pouca idade, todos sabem o quanto ainda

precisa ser feito para que esse ato não seja mais

praticado dentro das escolas, e cada um deles deu

a sua opinião sobre o que fazer para mudar essa

atitude.

Foram várias as ideias dadas por eles que

podem ajudar a mudar essa situação: “Podemos

falar com as crianças, assim elas já vão saber o que

é o bullying antes de praticarem”; “Devem falar

mais sobre o bullying nas escolas”; “Os diretores

deviam observar mais os alunos”; “Devíamos ter

uma aula para aprender a aceitar as diferenças”;

“Temos que aprender a nos colocarmos no lugar

do outro”; “Aprender a observar que todos temos

defeitos e qualidades, que somos todos

diferentes”; “A educação vem de casa, temos que

educar os pais, para que eles possam educar seus

filhos”; “A conversa é a melhor maneira de

resolver qualquer problema”.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Somente por meio de comentários,

pesquisas, contatos e depoimentos é que

poderemos medir a gravidade de um problema.

Devemos olhá-lo de modo realista, pois é apenas

desta maneira que o bullying será evitado e,

consequentemente, diminuído do dia a dia dos

alunos, mudando assim, as atitudes dos jovens em

relação a este problema.

Neste artigo, foi observada a realidade

dos alunos, o quanto ainda há necessidade de

mudança por parte da escola, da família e de toda

a população, pois temos que estar dispostos a

enfrentarmos esse problema e mudarmos essa

realidade.

Temos projetos incríveis à nossa

disposição, precisamos apenas de atitude, de

iniciativa para formarmos pensadores, pessoas que

possam evoluir e desenvolver o lado pessoal,

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profissional e social de maneira correta, assim mudando toda a nossa geração e o nosso futuro.

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ACESSIBILIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR:

ELEMENTO PARA A MANUTENÇÃO DA PAZ

Alessandra Menezes da Luz Machado

Claudio Mengarda Filho

Daniel Curzel Dallagasperina

Matheus Bosa Tostanowski

1 INTRODUÇÃO

A humanidade está passando por um

período de transição. As estruturas sociais que até

então supriam e controlavam os indivíduos já

perderam a sua eficiência. Neste contexto, a

sustentabilidade surge como ferramenta de

equilibrar a balança e prover a evolução aos povos,

como também a manutenção do meio-ambiente

para as gerações futuras.

Vislumbrando o futuro e a forma com que

se portava a humanidade, as Organizações das

Nações Unidas (ONU) propuseram uma agenda

com o objetivo de organizar a evolução,

focalizando os esforços e facilitando a busca pelos

resultados. De acordo com a ONU (2015, p. 1):

“Todos os países e todas as partes interessadas,

atuando em parceria colaborativa, implementarão

este plano. Estamos decididos a libertar a raça

humana da tirania da pobreza e da penúria e a

curar e proteger o nosso planeta”.

Na atualidade, a sustentabilidade deixa de

ser uma ação de indivíduos e ganha força nas

organizações sobre uma perspectiva ampliada

conhecida como Triple Botton Line para o

Desenvolvimento Sustentável, sendo que, de

acordo com Dias (2017), a efetividade desta

relação deve ser equivalente, logo todos os braços

da sustentabilidade devem ser preenchidos de

igual forma, e não por conveniência, por todos os

envolvidos.

Atrelado com a sustentabilidade, o

desenho arquitetônico surge para aperfeiçoar o

conceito de acessibilidade; uma vez que é por

meio desta colocação que se fundamenta a

importância dela em instituições de ensino

superior. Além desta afirmação, a ONU (2015)

corrobora com a importância da acessibilidade

dentro de seus objetivos para 2030, pois busca

“[...] garantir que todos os seres humanos possam

realizar o seu potencial em dignidade e

igualdade”.

Sobre o que foi discorrido até então,

apresenta-se a pergunta problema que norteará

este trabalho, a saber: a acessibilidade pode ser

considerada um elemento para a manutenção da

paz?

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2 DISCUSSÕES

2.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PAZ

Muito se fala a respeito da paz na

humanidade e no meio acadêmico, porém o

conceito desta grande máxima tem evoluído com

o passar do tempo, justamente para se adaptar à

sociedade, que da mesma forma, sofre mudanças

drásticas proporcionadas pelo avanço da

tecnologia e do conhecimento no mundo.

Os primeiros conceitos que se tem

conhecimento sobre o construto paz têm origem

na Grécia, onde Isócrates, no Discurso sobre a Paz

(em 356 a.C) apresenta a temática da seguinte

maneira:

Afirmo a necessidade de estabelecer a

paz não só com Quios, Rodes e Bizâncio,

mas com toda a gente, e de aplicar não só

os tratados que alguns redigem

atualmente, mas os que foram feitos com

o rei [da Pérsia] e com os lacedemônios,

os quais prescrevem que os gregos serão

independentes, que as guarnições serão

evacuadas das cidades estrangeiras e que

cada um será senhor do seu próprio

território. Com efeito, não

encontraremos nada de mais justo nem

de mais útil para a cidade (ISÓCRATES,

1986, p. 16).

Seu pensamento abordava a máxima por

dois princípios que, por sua abrangência, podem

ser fundamentos para a evolução do conceito

moderno. Os princípios são: a Justiça, que é a

representação do que é bom ou mau, e a Utilidade,

que é onde se utiliza a paz como um meio para se

alcançar um fim.

O segundo princípio é o que nos levará ao

conceito moderno de Paz, que para Isócrates:

Ora, a guerra privou-nos de todos os bens

que enumeramos; tomounos [sic] mais

pobres, obrigou-nos a suportar muitos

perigos, desacreditounos [sic] perante os

gregos e infligiu-nos toda a espécie de

sofrimentos. Se fizermos a paz e nos

mostrarmos tais como nos prescrevem os

tratados comuns, habitaremos a cidade

em plena segurança, afastados dos

perigos da guerra e dos tumultos

[internos] que agora nos opõem uns aos

outros; todos os dias faremos progressos

na abundância, libertos de contribuições,

de trierarquias [sic] e de outras liturgias

concernentes à guerra; cultivaremos as

terras sem medo e sem medo

navegaremos e nos entregaremos às

outras atividades que agora, por causa da

guerra, jazem abandonadas

(ISÓCRATES, 1986, p. 19-20).

Visualiza-se que Isócrates já entendia a

paz como não somente a ausência de guerra,

conceito amplamente utilizado até pouco tempo

atrás, mas como a instituição de segurança, de

respeito e de liberdade. Neste sentido, a

modernidade e as necessidades da sociedade atual

propuseram alterações no conceito de Paz para

que assim estas características possam fazer parte

desta máxima, tornando-a assim mais completa.

Esta posição de Isócrates pode ser

corroborada pelo conceito de Paz Positiva,

instituída por Johan Galtung (1995), onde ela

significa uma ajuda mútua dos povos para a

educação e interdependência com o objetivo de

construção de uma sociedade melhor.

De acordo com Silva (2002) busca-se

introduzir a temática Paz em áreas

multidisciplinares no meio acadêmico e

educacional. Esta iniciativa é mundial e é

justificada e apoiada pela ONU, por meio da

Agenda 2030 para o Desenvolvimento

Sustentável. Trata-se de assimilar a paz a

diferentes ciências, para que a disseminação e a

construção científica possa ser o caminho para a

reeducação cultural da sociedade. A lógica é

quanto mais se falar sobre a paz, mais paz haverá

no mundo.

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2.2 ACESSIBILIDADE

A multidisciplinariedade do moderno

conceito de paz surge principalmente para propor

solução e reflexão à sociedade onde, deste modo,

aqueles que até então eram desproporcionais,

possam ser equiparados de acordo com a sua

desproporcionalidade. Pelas palavras de Teles et.

al (2006, p. 17) “Ser móvel é percorrer a nossa

espantosa condição urbana, que é condição

humana, porque o território, muito para além de

sua vertente física, é uma imensa construção

social”.

Neste contexto é impossível visualizar a

paz mundial sem a devida proporcionalidade entre

a população, principalmente porque a cidade é:

[...] lugar de exponencial fonte de

informação, múltiplas formas de

comunicação, diversidade de cultura e

informações, absoluta mobilidade,

oportunidade de ofertas, relações sociais.

Lugar de encontros, culturas, religiões,

mas também memórias, ideias, atitudes,

aprendizagens. Em suma, a polis é o

lugar da própria democracia (TELES et

al. 2006, p. 17).

Os estudos arquitetônicos e de engenharia

evoluíram de acordo com a demanda da sociedade

em sanar a desproporcionalidade destes

indivíduos, e por meio da NBR 9050, as regras que

regem as estruturas da construção civil pública e

privada já podem ser visualizadas por todos os

responsáveis pelas construções de edificações

residenciais e comerciais.

A partir da construção desta teoria

diversas melhorias foram propostas para organizar

e distribuir a estrutura de um edifício comercial ou

público, propondo a mesma experiência de

locomoção para qualquer indivíduo que necessite

utilizar este local. Além disto, as urbanizações das

cidades tornam-se cada vez mais viáveis para a

mobilidade e liberdade dos portadores de

deficiência. As implementações urbanísticas se

dão por meio de faixa de pedestres elevadas,

rampa de acesso, ladrilhos e marcações táteis,

entre outras.

2.2.1 Acessibilidade em Instituição de Ensino Superior

É cada vez mais comum o crescimento do

ingresso de pessoas com algum tipo de deficiência

nas Instituições de Ensino Superior brasileiras nos

últimos anos, em busca de não só pleno

conhecimento, mas de uma formação que lhe

ofereça melhores condições de vida. Sendo assim,

essa demanda submete as instituições de Ensino a

implementarem medidas para se adequarem e

realizarem adaptações em suas infraestruturas,

conforme as necessidades dos alunos com

deficiência.

Algumas orientações, segundo a NBR

9050 (ABNT, 2015), devem ser seguidas para

adaptações para pessoas portadoras de deficiência,

a saber:

a) as áreas de circulação deverão estar

sinalizadas com o símbolo Internacional

de acesso. Os trajetos para as diversas

áreas deverão estar livres de obstáculos

(escadas) para o acesso das pessoas que se

utilizam de cadeira de rodas. Todas as

portas apresentam largura de no mínimo

0,80cm para garantir o acesso das pessoas

que utilizam cadeira de rodas. Os portões

laterais com largura mínima de 0,80cm

em locais de acesso com catraca. Os

balcões de atendimento, inclusive

automático, permitem a aproximação

frontal de pelo menos uma cadeira de

rodas e apresentam altura de 0,80m com

altura livre mínima 0,70m do piso. Os

elevadores apresentem o símbolo

Internacional de acesso fixado nas portas,

possuam abertura de acesso de no mínimo

de 0,80m de largura e laterais com altura

de no mínimo 0,80m e no máximo 1,20m.

b) Os banheiros deverão estar adaptados

apresentando porta de acesso de no

mínimo 0,80m de largura, maçaneta tipo

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alavanca, área para manobra de

cadeirante, barras laterais de apoio para

uso de sanitários, a altura da pia de 0,80m

do piso livre de 0,70 com torneira do tipo

pressão, a borda inferior e dos espelhos e

uma altura de 0,90m do piso, podendo

atingir o máximo de 1,10m e com

inclinação de 10 graus, a porta de acesso

ao boxe dos banheiros de no mínimo

0,80m de largura, os assentos das bacias

sanitárias a uma altura de 04 m do piso ou

quando utilizada a plataforma para campo

a altura estipulada, apresentar projeção

horizontal da plataforma de no mínimo

0,05m do contorno da base da bacia. A

disposição de mobiliário deve garantir

área para circulação plena de cadeirante.

No estacionamento deve haver reserva de

vagas para pessoa portadora de

deficiência ambulatória, bem como

sinalização com placas de identificação.

c) Quanto às adaptações para pessoas com

deficiência visual, nas áreas de circulação

recomenda-se que se utilizem faixas no

piso, com textura e cor diferenciadas, para

facilitar a identificação do percurso para

deficientes visuais. Nos elevadores, as

botoeiras e comandos devem ser

acompanhados dos signos em Braille.

Para um número de paradas superiores a

02 andares, deve também haver

comunicação auditiva dentro da cabine do

elevador, indicando o andar onde o

elevador se encontra parado. Identificar os

sinais luminosos que existem no

ambiente, para que sejam acompanhados

por sinais sonoros. Nos computadores

devem implantar software com

sintetizadores de voz.

d) Nas adaptações para pessoa com

deficiência auditiva, devem-se observar o

nível de ruído no local. Identificar os

sinais sonoros existentes no ambiente para

que sejam acompanhados por sinais

luminosos. Utilizar pager e celulares, com

possibilidade de recebimento e envio de

mensagens escritas, que também auxiliará

a pessoa com deficiência auditiva.

Garantir acessibilidade é tarefa de toda e

quaisquer instituição. De acordo com a Lei 5296,

de 2004, que determina prazos para que as

Instituições de Ensino Superior se adequem às

exigências de garantia de acessibilidade,

Rodrigues (2017) afirma que esta legislação tem

intenção de unir a sociedade e o Estado para que

eles abracem essa questão.

Entende-se que tornar o ambiente

universitário acessível abre possibilidades e cria

condições de escolha para o uso de quaisquer

esferas, sem impedimentos. Masini e Bazon

(2006) reiteram que acessibilidade é um processo

de reestruturação de ambiente, da organização

físico-espacial, do atendimento, das atitudes, do

comportamento, além de transformar as ações que

possam diminuir a sequela determinada pela

deficiência.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paz mundial é o objetivo primal das

nações; ela regula a sensibilidade diplomática

entre as nações e os seus respectivos povos e, além

disto, interfere no coeficiente econômico mundial,

por fim, e não menos importante, ela interfere (de

acordo com o conceito moderno) na segurança,

estabilidade, legislações e qualidade de vida dos

indivíduos.

A acessibilidade se torna elemento da paz

a partir do momento que engloba a equidade entre

os indivíduos, com e sem deficiências. Todos

devem partilhar dos mesmos espaços e obter as

mesmas oportunidades, logo, a inclusão social

deve ser responsabilidade de todas as pessoas e

organizações.

Levando-se em consideração que a

universidade é o berço do conhecimento o seu

papel de responsabilidade se torna extremamente

alto, justamente porque é um exemplo a ser

seguido, tanto por seus acadêmicos como pela

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sociedade, compreendemos que a universidade

deve focar os seus recursos (financeiros,

intelectuais e de influência) para proporcionar a

estes acadêmicos (com deficiência) uma

experiência de convívio e uso do espaço total.

A disseminação destas ações se dá de

forma intensa, principalmente porque a

sustentabilidade é um fator determinante de

escolha, sendo considerado vantagem

competitiva, pois a organização que se preocupa

em despender recursos para proporcionar a

equidade entre seus “clientes” possui

responsabilidade social e está alinhada com a

sustentabilidade social e seus conceitos.

Pode-se concluir que a política de

acessibilidade é sim um elemento para a

manutenção da paz e que os esforços localizados

neste setor e por esta causa estão ligados

diretamente com a necessidade global para 2030,

baseados no calendário da ONU.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050:

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2015. Rio de

Janeiro, 2015.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo:

Atlas, 2017.

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ISÓCRATES. Discurso sobre a paz. In: Política e ética – Textos de Isócrates. Organização e

tradução M. H. U. Prieto. Lisboa: Presença, 1989, p. 63-95.

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Superior. (2006). Disponível em:

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<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acesso em: de jun de 2018.

RODRIGUES, Odhara Caroline. A Batalha de Universitários com Deficiência pela

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TELES, Paula. et al. Acessibilidade e Mobilidade para Todos: apontamentos para uma

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http://www.inr.pt/uploads/docs/acessibilidade/GuiaAcessEmobi.pdf> Acesso em: 19 de jun

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CURSO DE FISIOTERAPIA

A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA PAZ E ESPIRITUALIDADE NAS

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA VALORIZAÇÃO DA VIDA

Altair Argentino Pereira

Bruno Geiss Kober

Kathleen Goedert

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve por objetivo

analisar as políticas públicas em prol da

valorização da vida e a importância da cultura da

paz e espiritualidade. O método utilizado foi uma

pesquisa de artigos na plataforma EBSCO e

Google Acadêmico com temas semelhantes ao

abordado, utilizando as palavras-chaves:

valorização da vida; políticas públicas;

espiritualidade; cultura de paz e suicídio.

Percebeu-se que ainda há muito tabu em

relação ao assunto e que existe a real necessidade

em abordar o tema para que ocorra uma maior

conscientização à valorização da vida, diminuindo

a discriminação e preconceito em relação aos atos

suicidas, pois o problema deve ser tratado como

caso de saúde pública e as políticas públicas de

saúde devem ser eficientes afim de diminuírem os

danos e enfatizarem a valorização da vida.

2 DISCUSSÕES

Sabe-se que a cultura da paz é a união de

valores, atitudes e estilos de vida baseados nas

práticas de não violência por intermédio da

educação, diálogo e solidariedade. Contudo,

possibilitar uma cultura baseada na paz depende

de grandes esforços multidisciplinares das áreas

de educação, saúde e, principalmente, de políticas

públicas eficazes para a valorização da essência do

ser humano como peça fundamental neste

contexto, que é a cultura da paz. Muito além da

ausência de guerra e violência, estar em paz é um

estado de espírito que o indivíduo se encontra, por

meio da evolução da consciência, respeito e amor

ao próximo.

Atualmente, as políticas públicas para

valorização da vida estão diretamente ligadas às

campanhas contra o suicídio. Visto que o suicídio

é classificado como um problema de saúde

pública, Estellita-Lins (2012), verificou que o

Brasil foi o primeiro país da América Latina a

seguir uma proposta nacional para prevenção do

suicídio. Observa-se que as Diretrizes Nacionais

para Prevenção do Suicídio, instituídas pela

Portaria n. 1876, de agosto de 2006, orientam os

principais objetivos de uma política nacional para

prevenção de danos causados pelo problema, que

é o suicídio.

Segundo Rosa et. al (2017), o suicídio está

entre as 20 principais causas de morte em todo o

mundo, sendo caracterizado como um grave

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102

problema de saúde pública devido seu aumento

progressivo em escala mundial. Há estimativas de

que 900 mil seres humanos cometem suicídio ao

ano, em média. Há ocorrência de um ato suicida a

cada 40 segundos. Machado et. al (2014), afirmam

que no Brasil, em 2013, ocorreram cerca de 10.533

mortes por suicídio, sendo mais de 29 mortes por

dia.

É válido ressaltar que as informações e

dados estatísticos são subnotificados em todo o

mundo, pois o tema ainda é um grande desafio

para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a

implementação de programas para redução dos

números de óbitos por suicídio e valorização da

vida têm uma abordagem sensacionalista e, muitas

vezes, o atendimento é negligenciado, visto que

ainda há um grande tabu relacionado ao tema

(MACHADO et. al, 2014).

Supraditos autores ainda afirmam que

quando uma pessoa pensa em suicídio ela quer

matar a dor, mas nunca a vida. Há estudos que

apontam que em 10 pessoas que tiram sua própria

vida, oito apresentam sinais, que na maioria das

vezes não são percebidos por àqueles que estão à

sua volta. Segundo Bertolote et. al (2017), o

suicídio predomina em homens numa proporção

de 3:1, porém, há uma observação inversa. Quanto

às tentativas de suicídio nota-se também que essas

diferenças estão diminuindo. Quanto à idade, as

maiores taxas de suicídio são, normalmente, em

idosos, mas em determinados países a situação é

diversa. No Brasil, por exemplo, a taxa de suicídio

aumenta progressivamente em jovens por volta

dos 20 anos. Ao considerar as taxas, as chances de

homens brasileiros se suicidarem é de duas a

quatro vezes maior que as mulheres.

Normalmente, o risco dos

comportamentos suicidas são os indicadores sócio

demográficos e de natureza clínica. Entretanto,

deve-se perceber entre os fatores aqueles que de

alguma forma induzem ao comportamento

suicida, que são chamados também de fatores

estressores, podem estar ligados a uma série de

situações como perdas (reais ou simbólicas) e

mudança de status. O transtorno mental é um dos

fatores mais importantes, neste caso. Admite-se

que 90 a 98% das pessoas que se suicidam tem um

comportamento mental como transtornos de

humor, alcoolismo, esquizofrenia, transtornos de

personalidade e outros diagnósticos psiquiátricos

(BERTOLOTE et. al, 2017).

O suicídio é evitável e pode ser prevenido,

mas para isso são necessárias políticas públicas de

saúde que realmente sejam eficazes. No Brasil, há

alguns programas que têm por objetivo a

conscientização da prevenção do suicídio, como

por exemplo, a campanha Setembro Amarelo que

tem o intuito de alertar a população a respeito da

realidade do suicídio no Brasil e no mundo, bem

como suas formas de prevenção. Ocorre no mês de

setembro, desde 2015, com a identificação de

locais públicos e privados com a cor amarela e

ampla divulgação de informações sobre o tema.

Existe também o Centro de Valorização

da Vida (CVV), que realiza o apoio emocional e a

prevenção do suicídio. Atende gratuitamente todas

as pessoas que querem e precisam conversar,

mantendo total sigilo por telefone, e-mail e chat,

24 horas todos os dias.

No estado do Paraná, não foram

implementadas estratégias para prevenção e

controle da mortalidade por suicídio, mas houve a

diminuição dos números de mortes ocasionadas

pelo problema em questão, devido ao Estado ter

reestruturado a rede de atendimento à saúde

mental com base na lógica territorial, ao longo dos

anos. Com a Política Estadual de Saúde Mental, as

ações nessa área começaram a ser de

responsabilidade municipal, mediante isto, o

Estado começou a investir mais recursos

financeiros em ambulatórios de atendimentos em

saúde mental, tendo maior controle e supervisão

da população de risco, além dos leitos em

emergência psiquiátrica em hospitais gerais,

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e

Atenção Primária à Saúde (ROSA et. al, 2016).

É necessário que as pessoas saibam onde

buscar ajuda e é de extrema importância que os

profissionais da saúde estejam aptos a abordarem

o tema, sem preconceitos e discriminações.

Atualmente, ainda há muitos profissionais da

saúde despreparados para atender de maneira

eficaz as situações relacionadas ao suicídio. A

atenção básica de saúde é a porta de entrada do

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103

cidadão, por isso os profissionais que atuam nesse

nível devem ter um olhar holístico sob o ser

humano.

É essencial que todos saibam onde

procurar ajuda e atendimento humanizado. Há

necessidade de um plano de políticas públicas de

saúde amplo para abranger, relacionar e capacitar

as Unidade Básicas de Saúde como porta de

entrada para o atendimento de pessoas com

comportamentos suicidas; bem como a formação

e treinamento dos profissionais da saúde.

Indubitavelmente, o ser humano está

ligado à espiritualidade, crenças e religiões. Visto

que a espiritualidade ainda não tem uma definição

concreta, pode-se definir como sendo um

sentimento pessoal que estimula um interesse pela

humanidade, caridade, solidariedade e tem uma

busca incessante pelo significado da vida, livre de

regras e regulamentos religiosos.

Segundo a OMS (2006), as crenças

religiosas e éticas podem ser fatores de proteção

ao suicídio, sendo os grandes líderes religiosos e

espirituais pessoas fundamentais para prevenção

do problema.

Portanto, é preciso considerar o indivíduo

além de sua biologia e valorizar a questão

espiritual e expansão da consciência humana

incluindo terapias mais integrativas na

possibilidade de acrescentar formas para resolver

o problema ou os danos causados por ele. Tal

elemento pode ser importante na forma em que os

indivíduos enfrentam as doenças crônicas,

sofrimento e perdas, sendo assim, tem grande

impacto sobre a saúde física e desenvolvimento de

doenças emocionais.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, é possível concluir que o suicídio

atinge muitos indivíduos em todo o mundo. Além

de ser um grande problema para saúde pública é

um tabu social que deve ser quebrado. É válido

ressaltar que o suicida não quer acabar com a sua

vida, diretamente, mas sim com a dor que sente.

Sendo assim, um suicida é um indivíduo doente

que precisa de tratamento.

Nota-se que as campanhas de

conscientização são em prol a prevenção do

suicídio, colocando ainda mais foco na questão.

Porém, entendemos que as campanhas deveriam

ser em prol da valorização da vida, com uma

óptica mais integrada na essência do ser humano,

visto que grande parte dos fatores que levam o

indivíduo a ter atitudes violentas contra si mesmo

são os transtornos mentais, perdas e mudanças de

status.

Além do mais, a atenção básica de saúde

não está preparada para atender esses indivíduos,

pois na maioria das vezes esses profissionais não

conseguem identificar os comportamentos

suicidas dos indivíduos que tentam procurar certo

tipo de ajuda. Com isso, tornam-se as políticas

públicas de saúde relacionadas ao problema em

questão ineficazes, já que não são capazes de

orientar, tratar e possivelmente diminuir os danos

causados por tais comportamentos. Isso ocorre

porque tais programas e campanhas não tratam a

causa do problema e acabam sendo apenas

medidas paliativas.

Entretanto, faz-se uma conexão entre

espiritualidade e proteção da vida, já que se

acredita que os indivíduos que possuem crenças e

certo entendimento espiritual são mais propensos

a buscar o real significado da vida por meio da

expansão da consciência e autoconhecimento.

Logicamente que são necessárias políticas

públicas mais eficientes e não se deve ignorar as

outras terapias, mas sim integrar todos os

conhecimentos para o objetivo comum.

Então, cabe a todos os profissionais da

saúde que atuam diariamente com o problema

terem uma percepção mais refinada, um olhar

integrado e holístico do ser humano como um

todo, para, dessa forma, identificarem o risco em

potencial. Assim poderão contribuir para que este

indivíduo seja tratado de forma humanizada e com

foco na sua essência do todo, assim poderá evitar

atitudes destrutivas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CURSO DE FISIOTERAPIA

A BUSCA PELA PAZ ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

Cesar Augusto Abrahão

Hemínio Javier Ibarra Jara

Pablo Matheus França Ramos

1 INTRODUÇÃO

Atualmente os acordos políticos,

econômicos e militares não garantem a

sustentabilidade da paz de forma absoluta,

dependendo do compromisso único e sincero de

cada indivíduo, com o propósito de tornar o

mundo cada vez mais pacificado. Logo, esse

trabalho tem a proposta de identificar mecanismos

para uma melhor compreensão dos princípios pela

liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,

tolerância e igualdade, rejeitando toda e qualquer

forma de violência imposta na sociedade atual e

criando senso de justiça por meio da educação pela

paz.

O método utilizado para essa

identificação foi uma revisão bibliográfica com

base nas publicações dos últimos anos do

sociólogo francês Edgar Morin; em publicações da

Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura (UNESCO), e artigos que

abordam o tema publicados na plataforma de

buscas Scielo.

2 DISCUSSÕES

A ênfase e o esforço permanente

empregado pela Unesco têm por objetivo colocar

em debate público as ideias do pensador Edgar

Morin que são imprescindíveis para a

universalização da educação para o século XXI, a

fim de assumir compromisso duradouro com a

paz.

As suas ideias devem ser exaustivamente

debatidas por todos que têm responsabilidade na

formulação e execução da política educacional,

visando o desenvolvimento de programas e

projetos que desenvolvam a educação para a

sociedade, considerando ponto de apoio e partida

na construção de conhecimento, aprendizagem e

sustentabilidade das administrações públicas e

privadas, garantindo recurso para a formação de

docente necessária.

É sabido que o autor Edgar Morin tem

como fundamento de sua obra os seguintes pilares

conceituais: as cegueiras do conhecimento; os

princípios do conhecimento pertinente; ensinar a

condição humana; ensinar a identidade terrena;

enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão, e

ética do gênero humano. Todos esses tópicos são

colocados como base para formação da educação

para a paz e excelência educativa.

Baseado nesse conceito, aludido autor

acredita que o homem deve pensar a vida e a

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educação de forma integrada e não fracionada,

isso facilita para o entendimento e para que o

conhecimento venha de uma forma global, da

mesma forma que esse conhecimento passado

deve preparar o indivíduo para acontecimentos de

vida diária por meio do desenvolvimento de

características cerebrais, mentais e culturais.

A educação, para que seja bem empregada

e fundamentada, deve ser feita de forma

multidisciplinar e interligada, a fim de promover o

desenvolvimento humano na sua totalidade com

maior igualdade. Com base em suas reflexões,

torna-se necessário que o indivíduo aprenda a

considerar que acontecimentos locais geram

consequências globais, isso porque o mundo

consiste em uma única comunidade.

A compreensão e a ética são os pontos

principais dos sete saberes trazidos pelo autor. São

por meio delas que os indivíduos conseguem

disseminar o conhecimento absorvido e ao mesmo

tempo manter a consideração e paz com o

próximo, isso porque, exercer a compreensão é

nada mais do que aceitar as falhas alheias,

entender as atitudes considerando que todos estão

suscetíveis a erros. Logo, o conhecimento de todas

as culturas é imprescindível, evita que cada ser se

feche em seu ciclo e considere que todo

acontecimento fora disso deva ser julgado.

Já a ética ensina o indivíduo ao convívio

com o próximo e com si mesmo fazendo-o

entender que todos os seus atos geram

consequências e que, muitas vezes, esses reflexos

não caem somente sobre si, mas na sociedade em

geral. Esse tipo de conhecimento aflora no

indivíduo um caráter sociável e humanizado que

agrega para toda a comunidade.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que podemos observar por meio da

análise feita é que se colocados em prática os

conceitos do autor Edgar Morin, a busca pela paz

e a excelência educativa pode ser gradativamente

conquistada.

Os setes saberes citados pelo autor são

complementares uns aos outros, seguindo a lógica

do raciocínio que preza que o ensino seja feito de

forma global e integrada. A educação está

diretamente ligada à paz partindo-se do princípio

que os pilares da formação de um bom ensino são:

o trabalho multidisciplinar, a formação da ética, o

conhecimento das culturas e a compreensão da

sociedade como um todo. A proliferação desses

princípios cria uma sociedade cada vez mais

humanizada e sociável.

Atualmente o que falta para alcançarmos

esses objetivos é a integração, uma vez que o

ensino continua muito fragmentado e não ocorre a

busca pela formação do caráter pessoal de cada

indivíduo. Logo, necessitamos colocar em prática

os pilares citados para que, conjuntamente com

outras práticas, a educação e a paz evoluam no

mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessários à educação do futuro. Perdizes São Paulo:

Editora Cortez, 2000-2011. Disponível em:

<https://books.google.com.br/books/about/Os_setes_saberes_necessários_à_educaç.html?id=

9cnFAwAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&

q&f=false>. Acesso em: 08 set. 2018.

MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessário à educação do futuro. 2011. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.

WERTHEIN, Jorge; CUNHA, Célio da. Fundamentos da nova educação. 2005. Disponível

em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001297/129766por.pdf>. Acesso em: 08 set.

2018.

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CURSO DE NUTRIÇÃO

IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NAS ESCOLAS

Larissa Giovanna Miranda

Luiene da Silva Veloso

1 INTRODUÇÃO

Com este trabalho pretende-se analisar a

relevância de discussão sobre a educação

nutricional nas escolas; identificar a necessidade

de exposição dos conhecimentos nutricionais aos

estudantes; e verificar se existem didáticas que

apliquem essa instrução nas entidades básicas de

ensino no município de Balneário Camboriú (SC).

A metodologia utilizada para auxiliar na

identificação da problemática foram revisões

bibliográficas, análise do cardápio preparado para

as instituições do município, verificar se o tema é

abordado corretamente e a apresentação de

propostas de intervenção para a discussão.

Muito se discute sobre a educação e o que

essa pode trazer. Nesse sentido, a perspectiva da

pesquisa é promover medidas educacionais que

venham a estimular a ascensão da paz e da saúde

na vida dos alunos, bem como proporcionar a

excelência educacional.

2 DISCUSSÕES

É de fundamental importância discutir a

abordagem da educação nutricional no ambiente

de ensino, sendo este o local onde os estudantes

passam a maior parte do seu dia e realizam

refeições extremamente necessárias. Para Yokota

et. al (2010, p. 39): “escola é um espaço

privilegiado para a construção e a consolidação de

práticas alimentares saudáveis em crianças, pois é

um ambiente no qual atividades voltadas à

educação em saúde podem apresentar grande

repercussão”. Entretanto, é papel fundamental da

família auxiliar nesse processo, visto que a

educação se inicia em casa.

Distúrbios alimentares nos estudantes

mais jovens estão cada vez mais frequentes.

Muitas vezes estão relacionados aos maus hábitos

alimentares e ao sedentarismo. Conforme

Linhares et. al (2016, p. 468):

[...] nos últimos anos percebe-se o

significativo aumento da obesidade em

todas as idades, porém o que nos chama

a atenção é o fato de que a obesidade

entre crianças está crescendo em

proporções maiores, fato este que nos faz

pensar em medidas que possibilitem a

redução deste problema e acima de tudo

contribuir para a qualidade de vida destas

crianças e de seus familiares.

Esses resultados intensificam-se devido à

falta de informações fornecidas aos alunos sobre

os benefícios de se optar por uma alimentação

saudável e por influência dos hábitos familiares.

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108

Constata-se a importância de iniciar diálogos

dentro de casa sobre o tema, também na escola,

espaço dedicado à educação.

No município de Balneário Camboriú

(BC), onde o estudo foi realizado, nutricionistas

prepararam em conjunto as refeições dos níveis de

educação infantil, fundamental, Ciep e Enceja das

unidades municipais. O escolhido para análise foi

o do nível fundamental, que contempla as crianças

com idade de 6 a 14 anos. Os lanches são ofertados

na parte da manhã às 09h40min para os anos

iniciais e às 10h para os finais. No período

vespertino é servido às 15h25min e 15h45min,

respectivamente.

Dentre os alimentos oferecidos aos alunos

temos: salada, macarrão, arroz, feijão preto e

carioca, sobrecoxa de frango, legumes, frango

ensopado, kibe assado, iogurte, aveia, frutas, torta

de bolacha, polenta, massinha, peixe, iscas

aceboladas, leite com achocolatado e biscoito, os

quais são divididos entre os dias da semana e para

garantir que este seja um cardápio variado, são

divididos em semanas 1, 2, 3 e 4, conforme se

observa na Figura 1.

Figura 1: Cardápio

Fonte: Balneário Camboriú, 2018.

Verificou-se um cardápio diversificado,

porém, que apresenta divergências, pois um dia é

ofertado salada, polenta, sobrecoxa ensopada e

fruta; em outro oferece-se iogurte, aveia e salada

de frutas. Sobre as refeições consideradas fora do

habitual dos alunos poder-se-ia inferir uma

possível causa de rejeição por parte eles, pois,

como afirmam Freitas et. al (2013, p. 981) “[...]

são alimentos familiarizados, mas ao mesmo

tempo estranhados, pois, encontram-se fora-do-

lugar da tradição do hábito”. Além, também, de

não existir um diálogo intensificado por parte da

escola com os estudantes sobre temáticas como a

escolha dos alimentos, os benefícios que esses

causam e a forma que eles são produzidos e

chegam até a mesa. Somente é introduzido o

conhecimento, caso o professor opte por trazer à

tona ou promover horta educacional em horário de

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109

aula.

Essa falta de informação, juntamente com

hábitos já adquiridos, pode causar aos estudantes

dificuldades para apreciarem as refeições que são

ofertadas a eles, como analisado pelos autores:

Do ponto de vista dos escolares, existe

uma força na dualidade entre bom ou

ruim de comer. Nas narrativas, surge a

intertextualidade que se associa a

lugares, aparências, gosto, sociabilidade,

familiaridade e estranhamento.

Colocam-se em jogo termos

contraditórios, em que o familiar se torna

estranho e vice-versa. É considerado

estranho a associação banana e biscoito;

laranja e pão; mingau de tapioca com

gosto de remédio; feijão ou sopa no meio

da manhã ou no meio da tarde, ou no

lugar do recreio. São alimentos

familiarizados, mas ao mesmo tempo

estranhados, pois, encontram-se fora-do-

lugar da tradição, do hábito. Para a

cultura da região, sopa é jantar, e se

oferecida fora desse lugar torna-se

comida de doente ou de idoso. Para os

escolares tomar sopa no recreio está

errado ou não é saudável. (FREITAS et.

al, 2013, p. 981).

Frente o exposto, faz-se necessária a

criação de didáticas que visam instruir os alunos

sobre a alimentação saudável, trazendo a

perspectiva dos aspectos nutricionais e dos

benefícios e malefícios que cada tipo de alimento

pode trazer à saúde.

O espaço escolar apresenta-se como

importante local para o desenvolvimento

de programas de educação e saúde,

incluindo a educação nutricional, pois é

dentro da escola que o estudante

permanece por um grande período,

estabelecendo suas primeiras interações

e relações sociais, participando de

experiências que possam influenciar seus

hábitos alimentares. E os processos

educacionais precisam ser ativos, lúdicos

e interativos, favorecendo mudanças de

atitudes e das práticas alimentares. Além

disso, a implementação de ações nos

hábitos alimentares deve ser ampla à

família e à comunidade escolar, para que

os resultados sejam atingidos e perdurem

por longo tempo. (MICHALICHEN et.

al, 2017, p. 18)

Dessa forma, possíveis medidas a serem

tomadas para atender às necessidades de

disseminação do conhecimento seriam a

promoção de diálogos com os estudantes,

apresentação da pirâmide e os grupos alimentares,

e o desenvolvimento de atividades práticas, como

a promoção de hortas educacionais juntamente

com a informação nutricional dos alimentos que

são fornecidas a eles no refeitório, pois, como

visto por Michalichen et. al (2017, p. 15): “O

envolvimento das crianças na horta é um tipo de

intervenção que possui como potencial aumentar a

ingestão desse grupo alimentar, contribuindo para

a adesão de uma rotina adequada em relação à

alimentação”.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs a analisar a

importância do porquê se faz necessário

desenvolver o senso da educação nutricional nos

alunos. Foi identificado que não existe uma

presença ativa de atividades que venham a

estimular esse pensamento neles, e isso é causado

por falta de ações, que inexistem em decorrência

de não ser exigido tal aplicação no ambiente

escolar.

As metodologias utilizadas auxiliaram na

compreensão da imprescindibilidade de um

equilíbrio entre escola e família, sendo estes os

pilares da educação do aluno. Dessa forma, faz-se

necessária a criação de diretrizes que venham a

fortalecer a estipulação da educação nutricional

nas escolas.

Levando em consideração os aspectos

mencionados, com uma base educacional e o

apoio familiar, é possível realizar a promoção da

saúde gerando conhecimento e auxiliando na

redução de incidências de doenças ocasionadas

por uma alimentação inadequada.

Tendo em vista os pontos mencionados

com a realização de práticas que venham a atender

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à necessidade apresentada, é possível desenvolver

uma excelência educativa formando alunos com

maior caráter crítico e informativo desde o início

de sua formação escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDÁPIO Escola 2018. Disponível em: <https://www.bc.sc.gov.br/cardapio-escolar.cfm>.

Acesso em: 29 ago. 2018.

FREITAS, M. Do. S. De. F. et al. Escola: lugar de estudar e de comer. Ciências Saúde

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MICHALICHEN, K. C. et al. A horta escolar num contexto de educação alimentar e

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RAMOS, F. P; SANTOS, L. A. Da. S.; REIS, A. B. C. Educação alimentar e nutricional em

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SANTOS, L. A. Da. S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas

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YOKOTA, R. T. De. C. et al. Projeto “a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis”:

comparação de duas estratégias de educação nutricional no Distrito Federal, Brasil. Revista

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CURSO DE NUTRIÇÃO

PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO

PROGRAMA FISIOCOR

Isadora Letícia Ritter

Juliana Pereira Vansin

Marcel Petreanu

Marco Aurélio Salomão Fortes

1 INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

é um grave problema de saúde pública sendo

responsável por elevadas taxas de morbi-

mortalidade e internação, gerando custos

elevados. No Brasil existem cerca de 30 milhões

indivíduos com HAS, sendo 60% destes com

idade superior a 60 anos. Levando em conta o

carácter multifatorial da patologia, se faz

necessária uma abordagem multidisciplinar no

monitoramento, tratamento, conscientização e

educação dos pacientes portadores de HAS

(GALVÃO; SOARES, 2016, p. 140).

Neste sentido, o projeto de extensão

FisioCor, desenvolvido pelo curso de Fisioterapia

da Faculdade Avantis, surge como uma

importante ferramenta regional para auxiliar os

pacientes portadores de HAS na região de

Balneário Camboriú (SC). O projeto é voltado aos

usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para

prevenção e reabilitação de doenças

cardiovasculares e metabólicas, e conta com a

participação de outros cursos da IES na assistência

populacional como os cursos de Nutrição e

Enfermagem.

Levando em conta a recomendação da

American Heart Association de que uma dieta

balanceada, rica em frutas e vegetais é o método

não farmacológico mais eficaz para controle da

HAS (SINGHARAJ; PISARSKI;

MARTIROSYAN, 2017), a presença de um

acompanhamento nutricional é de extrema

importância para o cumprimento completo dos

objetivos do projeto.

Focado em auxiliar os pacientes do

FisioCor, o curso de Nutrição, por meio da

inserção de seus acadêmicos no projeto, promove

a conscientização da importância da nutrição no

tratamento e prevenção da HAS, além de efetuar a

otimização e monitoramento do perfil nutricional

dos pacientes envolvidos.

Desta maneira, este estudo objetivou

identificar o perfil nutricional de hipertensos que

frequentam o projeto FisioCor, do município

Balneário Camboriú (SC). Para isso foram

entrevistados os participantes do projeto (n = 17)

e foi elaborado um recordatório dos seus hábitos

alimentares.

Os dados coletados foram transformados

em porcentagem calórica de acordo com os

principais macronutrientes da dieta: Proteínas,

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112

Lipídios e Carboidratos. Os valores obtidos foram

comparados com os valores de referência da

Dietary Reference Intakes (DRI) e foram

expressos em porcentagem de adequação aos

mesmos (PANDOVANI et al., 2006).

2 DISCUSSÕES

No presente estudo, ao realizar o

levantamento do perfil alimentar dos participantes

do projeto FisioCor, foi possível observar que em

média o grupo apresentou valores de consumo de

proteínas (20,7% ± 4,0%); lipídios (33,8% ±

7,1%); e carboidratos (45,4% ± 6,3%) adequados

com os estabelecidos pela DRI de 10-38%, 20-

35% e 45-65% para proteínas, lipídios e

carboidratos, respectivamente.

Avaliando o perfil individual dos

participantes foi observado que 100% apresentou

consumo de proteínas adequados ao estabelecido

pela DRI. Esta adequação se mostra de relevante

importância já que estudos apontam que o

consumo adequado de proteínas colabora para

uma redução nos valores de pressão arterial.

Em contrapartida, foi observado que em

relação aos lipídios, somente 52,9% dos

participantes apresentaram consumo adequado ao

estabelecido pela DRI. Um fator preocupante é

que a quase totalidade dos participantes com

consumo de lipídios não adequado apresentaram

um consumo maior que o estabelecido pela DRI

(>65%). Martins et. al (2010) levantaram que

alguns estudos mostram que um controle no

consumo de lipídio (25%) está associado a

menores valores de pressão arterial, porém outros

estudos demonstram que a relação entre gordura

poli insaturada e saturada são mais determinantes

no aparecimento de HAS que a quantidade total de

lipídios ingeridos.

Com relação ao consumo de carboidratos,

70,4% dos participantes demonstraram um

consumo adequado em relação ao estabelecido

pela DRI. Dentre os pacientes com consumo

inadequado, todos demonstraram uma grande

preocupação com o consumo de açúcares e

massas, apresentando porcentagem de consumo de

carboidratos inferiores aos estabelecidos pela DRI

(<45%).

A baixa ingestão de carboidratos, apesar

de muito popular na atualidade, recentemente foi

vinculada, em longo prazo, a uma diminuição da

expectativa de vida relacionada com o aumento do

consumo de proteína e gordura ou ambos. Desta

maneira, o resultado obtido levanta uma grande

preocupação e uma necessidade de intervenção

junto aos pacientes questionados.

É importante destacar que muitos dos

participantes que apresentaram consumos

inadequados de lipídios e carboidratos não

conseguiram identificar nenhum hábito

inadequado na sua dieta, o que parece ser fruto da

falta de informação desta população frente às

questões relativas a hábitos alimentares saudáveis.

Neste sentido, é de extrema importância a

implementação de uma educação nutricional junto

aos frequentadores do projeto FisioCor, assim

como dar continuidade à avaliação

individualizada de cada paciente, a fim de otimizar

sua dieta as suas necessidades específicas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de os participantes deste estudo

frequentarem um programa de atividade física, o

que é um fator positivo para se obter uma melhor

qualidade de vida, os resultados apontam para a

necessidade de se desenvolver e intensificar

estratégias educativas que auxiliem a mudança de

comportamento nutricional da população no

sentido da adoção de hábitos alimentares

saudáveis.

Neste contesto, a continuidade do

acompanhamento nutricional desenvolvido pelos

acadêmicos do curso de Nutrição da Faculdade

Avantis, visa intensificar o aporte dado pela IES à

população do município de Balneário Camboriú.

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CURSO DE NUTRIÇÃO

EDUCAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR NA ABORDAGEM

DO PROBLEMA HÍDRICO NO ÂMBITO NACIONAL

Gabriel Henrique Forlin Padilha

Juliano Forlin

Marcel Petreanu

Marco Filipe Costa Souza

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Declaração Universal

dos Direitos Humanos, todo cidadão tem direito ao

acesso à água e ao saneamento básico, fatores

primordiais à vida e ao desenvolvimento humano

e social. A água é um bem indispensável à vida; é

utilizada diariamente para matar a sede, para

tarefas básicas como a limpeza e o preparo de

alimentos, para a higiene pessoal e da habitação,

para a limpeza de utensílios domésticos e para a

eliminação de dejetos sanitários. A privação ao

seu acesso compromete esses usos aumentando o

risco de adoecimento e limitando o

desenvolvimento de projetos pessoais e de

desenvolvimento urbano (PONTES; SCHRAMM,

2004, p. 06).

Cerca de 71% do nosso planeta é coberto

por água, 97,5% dela encontra-se nos mares, de

forma não potável, devido ao alto grau de

salinidade. Sobram apenas 2,5% de água doce;

deste total, 68,9% encontram-se em geleiras e

calotas polares, 29,9% estão presentes em

reservatórios subterrâneos, 0,9% fazem parte da

umidade presente no solo e pântanos, e apenas

0,3% é considerada água doce de fácil acesso,

presente em rios e lagos. A distribuição global

desta água de fácil acesso apresenta-se de forma

heterogênea. A América do Sul possui 26%, Ásia

36%, América do Norte 15%, Europa 8%, África

11%, Oceania 5% e América Central 2%

(VERIATO et. al, 2015).

Neste contexto, o Brasil conta com a

maior reserva de água doce do planeta, possuindo

em seu território cerca de 11,6% do total. A

distribuição geográfica desta água se apresenta de

forma bastante irregular, sendo que a Região

Norte possui 70% dos recursos hídricos, as

Regiões Sul e Sudeste 12,5% e a Região Nordeste

5%. O país também é um dos que mais sofre com

perdas e desperdícios nos processos de

distribuição da água: cerca de 40% a 60% destes

recursos são desperdiçados, muito mais do que em

países desenvolvidos onde os índices ficam entre

5% e 15% (OLIVO; ISHIKI, 2014).

O desperdício da água seja pelos

processos de distribuição, ou pelo consumo

irresponsável, demonstra que a preocupação com

a escassez deste bem tão precioso é muito recente

e não reflete a importância do tema. O possível

desabastecimento, impacta diretamente de forma

negativa na qualidade de vida e na saúde da

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116

população. Dados indicam que, globalmente,

cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso à

água potável e cerca de 80% de todas as doenças

no mundo estão, de alguma forma, relacionadas

com a poluição da água; uma criança morre a cada

8 segundos devido ao uso de água contaminada

(FERREIRA et al, 2017).

Os atos que geram os desperdícios, o

desabastecimento e a contaminação da água

podem estar relacionados a um fator essencial para

a vida em sociedade: a educação. “A educação

pode ser entendida como o conjunto de ações,

processos, influências, estruturas, que intervêm no

desenvolvimento humano de indivíduos e grupos

na sua relação ativa com o meio natural e social”

(PICCOLI et al, 2016, p. 799).

Assim, este trabalho busca encontrar

formas para amenizar a falta de acesso à água

potável no Brasil a curto prazo, sem deixar de

vislumbrar uma possível solução definitiva para o

problema no futuro. Neste sentido, o objetivo do

trabalho foi identificar fatores-chaves que possam

ser trazidos à discussão e que possam gerar

mudanças e impactos positivos na nossa

sociedade.

Desta maneira, foi realizada uma pesquisa

qualitativa do tipo bibliográfica, utilizando a

plataforma EBSCO, fornecida pela Faculdade

Avantis, a fim de evidenciar artigos publicados em

revistas científicas, escritos em português e

publicados entre os anos de 2013 e 2018,

utilizando as palavras-chave: água, acesso,

saneamento básico, educação, renda e Brasil.

O resultado desta pesquisa foi avaliado

pelos integrantes do grupo e, após a análise, os

trabalhos foram separados em um banco de dados

com o objetivo de organizar informações

relevantes sobre o acesso e a distribuição de água

no Brasil e no mundo.

2 DISCUSSÕES

Quando comparamos a quantidade de

água potável disponível com o total de água do

planeta, fica claro o quanto este recurso é limitado.

Isto, por si só, já seria fator de grande relevância

para que o tema fosse tratado como prioridade

global. Infelizmente, ainda não observamos um

comprometimento real de todas as nações neste

sentido. O fato da distribuição global da água se

mostrar heterogênea nos faz pensar nos possíveis

problemas e questões envolvendo o seu

abastecimento no futuro. Não seria exagero prever

que a escassez de água possa gerar conflitos

armados, um cenário assustador, afinal, cerca de 5

bilhões de pessoas podem ser afetadas pela

escassez de água em 2032 (SOUZA; GHILARDI,

2017).

No Brasil, embora tenhamos a maior

reserva de água doce do mundo, observamos

inúmeros problemas relacionados a sua

distribuição e ao seu acesso. A distribuição

geográfica dos recursos hídricos e a densidade

demográfica populacional são bastante irregulares

e conflitantes. Na região com maior

disponibilidade hidrográfica (Região Norte),

temos apenas 7% da população; já nas regiões com

maior densidade populacional (Regiões Sul e

Sudeste), encontramos apenas 6% da água doce de

fácil acesso. Também na Região Nordeste, vemos

apenas 3,3% dos recursos hídricos para atender

uma demanda de 28,91% da população brasileira.

São somente 30% do total da água disponíveis

para atender a 93% da população (OLIVO;

ISHIKI, 2014).

Além da irregularidade geográfica,

também podemos citar a discrepância na

finalidade a qual a água é utilizada no Brasil.

Apenas 18% dos recursos hídricos são utilizados

para consumo humano; 20% são utilizados para

fins industriais; enquanto 62% são utilizados na

produção agrícola (CARMO; DAGNINO;

JOHANSEN, 2014).

Neste contexto, observamos que a

agricultura, juntamente com a pecuária, são os

maiores consumidores de água no país.

Possivelmente também sejam os que mais a

desperdiçam e, com certeza, são os que mais a

contaminam, sendo responsáveis pela maior carga

de impacto negativo na qualidade e na quantidade

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117

de água disponível para consumo humano

(SOUZA; GHILARDI, 2017).

Somam-se a isso problemas de

infraestrutura no tratamento e distribuição da água

e saneamento básico no país, má gestão dos

recursos hídricos pelos governantes, distribuição

geográfica irregular, perdas e desperdícios nos

processos de distribuição, uso indiscriminado e

irresponsável por parte da população e de

empresários; e o que vemos é um cenário bastante

preocupante no tocante à disponibilidade futura

deste recurso.

Pelos números apresentados, supor que a

conscientização da população que consome a água

em seus domicílios e nas suas atividades diárias irá

causar grande impacto na preservação deste

recurso, seria ingenuidade. Apesar de tal

conscientização ser de extrema importância para

geração de cidadãos participativos, esta medida

seria de pequena relevância.

É preciso que, além disto, os setores

industriais e agropecuários sejam conscientizados

e se ajustem ao máximo possível a um sistema de

consumo consciente e inteligente da água, com o

uso de novas tecnologias e sistemas que permitam

garantir a produção e o desenvolvimento de

alimentos e bens de consumo, sem que haja o

desperdício e a contaminação dos recursos

hídricos. Estes setores podem impactar

significativamente na preservação das reservas de

água.

O engajamento nas ações de preservação

dos recursos hídricos, seja por meio do consumo

consciente e da preservação do meio ambiente,

seja pela gestão governamental correta e efetiva de

tais recursos, seja pelo ajuste e o engajamento dos

setores industrial e agropecuário, seja pelo

desenvolvimento de tecnologias que possibilitem

a obtenção de água potável a partir de novas fontes

ou que permitam o aumento da produção pelos

setores produtivos diminuindo seu consumo;

partem de um mesmo ponto e convergem para um

mesmo denominador comum: a educação.

A educação, particularmente a ambiental,

incentiva o cidadão a desenvolver senso crítico na

reflexão sobre as questões ambientais,

promovendo uma forma de conscientização,

incentivando uma mudança de mentalidade e da

realidade por ele vivida (TEIXEIRA; MOURA;

COELHO, 2016). Nesse sentido, a formação de

indivíduos conscientes é fundamental para que, no

futuro, eles enquanto profissionais, possam

influenciar positivamente por meio de processos

tecnológicos relevantes na utilização da água em

larga escala.

Neste contexto, a educação como fator de

mudança na preservação dos recursos hídricos

deve estar voltada e disponível principalmente

para os cidadãos que irão ocupar cargos

importantes na tomada de decisões sobre eles, tais

como: os futuros gestores públicos destes

recursos, empresários do setor produtivo e

industrial e grandes produtores agrícolas e

pecuários. O cidadão comum deve ser educado e

orientado também a cobrar dos principais

responsáveis o devido cuidado com os recursos.

Além disso, somente a educação poderá promover

o desenvolvimento tecnológico capaz de prover

novas tecnologias capazes de auxiliarem na luta

para superar esses desafios.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos perceber, haverá uma

maior disputa pela água entre usuários, que

necessitam dela para sobreviver; e de sistemas

produtivos, sejam agrícolas ou industriais, que a

utilizam nos seus processos. Esta disputa tende a

gerar um déficit importante de água,

comprometendo toda a cadeia produtiva e o acesso

a bens como alimentos, entre outros. Isto poderá

impactar negativamente no acesso a outros

direitos básicos assegurados pela Declaração

Universal dos Direitos Humanos, tais como a

saúde. Além disso, a escassez de água pode ser um

fator gerador de diferentes tipos de conflitos entre

povos e nações.

A educação, numa visão global, parece ser

o fator-chave para a mudança no paradigma da

água, permitindo que tanto cidadãos comuns

quanto cientistas, políticos, empresários e

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formadores de opinião, possam desenvolver uma

atitude consciente de engajamento no cuidado,

proteção e manutenção dos recursos hídricos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMO, R. L.; DAGNINO; R. S.; JOHANSEN, I. C. Transição demográfica e transição do

consumo urbano de água no Brasil. R. Bras. Est. Pop., v. 31, n. 1, p. 169-190, Jan./Jun. 2014.

FERREIRA, F. S.; QUEIROZ, T. M.; SILVA, T. V.; ANDRADE, A. C. O. À margem do rio

e da sociedade: a qualidade da água em uma comunidade quilombola no estado de Mato

Grosso. Saúde e Sociedade, v. 26, n. 3, p. 822-828, set. 2017.

OLIVO, A. M.; ISHIKI, H. M. Brasil frente à escassez de água. Revista Colloquium

Humanarum, v. 11, n.3, p. 41-48, Set/Dez. 2014.

PICCOLI A. S.; KINGERMAN, D. C.; COHEN, S. C.; ASSUMPÇÃO, R. F. A Educação

ambiental como estratégia de mobilização social para o enfrentamento da escassez de água.

Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 797-808, Mar. 2016.

PONTES, C. A. A.; SCHRAMM, F. R. Bioética da proteção e papel do Estado: problemas

morais no acesso desigual à água potável. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, Vol. 20, n. 5,

p. 1319-1327, Set/Out, 2004.

SOUZA, M. C. S. A.; GHILARDI, H. T. Recursos hídricos, agropecuários e sustentabilidade:

desafios para uma visão ecológica do planeta. Revista jurídica, Curitiba, v. 2, n. 47, p.78-98,

2017.

TEIXEIRA, N. F. F.; MOURA, P. E. F.; COELHO, F. A. Prática de educação ambiental e

sustentabilidade aplicadas a formação da cidadania. Rev. Geogr. Acadêmica, v. 10, n. 2, p.

30-40, 2016.

VERIATO, M. K. L.; BARROS, H. M. M.; SOUZA, L. P.; CHICÓ, L. R.; BAROSI, K. X. L.

Água, escassez, crise e perspectivas para 2050. Revista Verde de Agroecologia e

Desenvolvimento Sustentável. v. 10, n. 5, p. 17-22, Dez. 2015

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CURSO DE ODONTOLOGIA

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLAS

PÚBLICAS: GERANDO PAZ E BEM-ESTAR AS CRIANÇAS.

Bruna Sartorel

Camila Nitz Moi

Horace Houw

1 INTRODUÇÃO

O impacto social gerado pela Segunda

Guerra Mundial estimulou a criação da

Declaração dos Direitos do Homem, pela

Organização das Nações Unidas (ONU), em

1948, visando estabelecer padrões para garantir a

paz mundial para as gerações futuras. Portanto,

condições universais para que qualquer

indivíduo possa ter acesso a trabalho, saúde,

educação, ou seja, todas as condições básicas que

o ser humano necessita para ter uma vida digna e

de qualidade.

Este trabalho tem como objetivo

reafirmar a importância da prevenção e

promoção de saúde bucal no âmbito escolar e

descrever de que forma os projetos voltados a

essa temática podem contribuir para esse

princípio de paz e prosperidade. Segundo

Ferreira (FERREIRA, 2010, p. 1587), um dos

significados de paz é “ausência de lutas,

violências ou perturbações sociais: tranquilidade

pública; concórdia, harmonia: o respeito às leis

assegura a paz de uma comunidade”

Contudo, a prevenção e a promoção de

saúde têm significados diferentes, porém ambas

quando trabalhadas em conjunto possuem

grande importância no cuidado da saúde. Para

que ocorra atividades de prevenção e promoção

de saúde nas escolas é essencial estabelecer

medidas educativas de excelência para assim

estimular autonomia de crianças e adolescentes

no cuidado a sua própria saúde, assim como

descrito na Declaração Universal dos Direitos do

Homem.

Seguindo as atividades do projeto de

extensão Saúde Bucal e Educação em Saúde do

curso de Odontologia, da Faculdade Avantis,

cujo público-alvo são alunos de escola pública,

com idade média de três a 10 anos, o projeto é

supervisionado por professores orientadores e

tem por objetivo consolidar essa abordagem de

excelência na educação por uma saúde bucal

melhor.

Diante da temática exposta e a

contextualização do problema de pesquisa, o

presente trabalho pretende expor ao leitor a

importância de projetos de prevenção e

promoção de saúde durante a fase de

escolaridade primária de crianças, e assim

responder a pergunta problema: prevenção e

promoção de saúde podem gerar paz?

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120

2 DISCUSSÕES

A Declaração Universal dos Direitos

Humanos foi criada em 1948 pela ONU, como

forma de reação às atrocidades acometidas

durante a Segunda Guerra Mundial. Tem por

finalidade gerar o direito à vida, à liberdade de

expressão de opinião e de religião, direito à

saúde, à educação e ao trabalho.

O intuito dessa declaração foi

proporcionar fundações para paz para todo

mundo, visto que a Segunda Guerra Mundial

trouxe fatalidades para toda a população

mundial. Portanto, a declaração prevê que o

cidadão tem direitos como saúde, educação e

trabalho, gerando assim, a paz em todos os

âmbitos de sua vida.

A Declaração dos direitos do homem

está presente na Constituição brasileira, adotada

e proclamada em 1988, a qual consignou a saúde

em seu artigo XXV, a saber:

Art. 227. É dever da família, da

sociedade e do Estado assegurar à

criança e ao adolescente, com absoluta

prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária,

além de colocá-los a salvo de toda

forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e

opressão (BRASIL, 1988).

Em relação à saúde, todo cidadão tem

direito. O intuito desse trabalho é gerar um

reflexo na sociedade, especificamente nas

escolas públicas, com prevenção e promoção

voltada à saúde bucal, levando até as crianças o

conhecimento referente à higiene bucal, tendo o

cuidado necessário como citado no Capítulo VIII

na Constituição dos direitos humanos:

l.º O Estado promoverá programas de

assistência integral à saúde da criança e

do adolescente, admitida a participação

de entidades não-governamentais e

obedecendo aos seguintes preceitos: I -

aplicação de percentual dos recursos

públicos destinados à saúde na

assistência materno-infantil; II - criação

de programas de prevenção e

atendimento especializado para os

portadores de deficiência física,

sensorial ou mental, bem como de

integração social do adolescente

portador de deficiência, mediante o

treinamento para o trabalho e a

convivência, e a facilitação do acesso

aos bens e serviços coletivos, com a

eliminação de preconceitos e

obstáculos arquitetônicos (BRASIL.

1988).

Em 1986, ocorreu a I Conferência

Internacional sobre Promoção da Saúde, que

originou a Carta de Ottawa. De acordo com

esse documento:

Promoção da saúde é o nome dado ao

processo de capacitação da comunidade

para atuar na melhoria de sua qualidade

de vida e saúde, incluindo uma maior

participação no controle deste processo.

Para atingir um estado de completo

bem-estar físico, mental e social [...]

Nesse sentido, a saúde é um conceito

positivo, que enfatiza os recursos

sociais e pessoais, bem como as

capacidades físicas. Assim, a promoção

da saúde não é responsabilidade

exclusiva do setor saúde, e vai para

além de um estilo de vida saudável, na

direção de um bem-estar global (OMS,

1986).

As atividades praticadas nas escolas

visam consolidar o conhecimento sobre higiene

bucal para que todas as crianças tenham um

conhecimento básico sobre o que é prevenção e

promoção bucal, criando bases para que esses

indivíduos estabeleçam padrões de autocuidado e

valorizem os princípios básicos de manutenção

de saúde bucal.

Para que exista uma educação de

excelência é necessário que as crianças tenham

acesso a um trabalho contínuo de orientação de

higiene bucal, palestras voltadas aos professores,

atividades educativas, lúdicas e divertidas para as

crianças, para assim, interagirem com os

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121

integrantes do projeto. Segundo a Carta de

Ottawa “A promoção da saúde apoia o

desenvolvimento pessoal e social através da

divulgação e informação, educação para a saúde

e intensificação das habilidades vitais” (OMS,

1986).

Enfim, a não ocorrência de doença cárie

na infância isenta essa criança de sentir dor,

dificuldade de fonação, deglutição, evitando o

constrangimento social favorecendo um bom

desempenho escolar, um crescimento livre de

procedimentos invasivos e custos com

tratamentos curativos, contribuindo para uma

vida melhor. Uma criança se alimentando de

forma adequada, seu progresso será grande e

contribui para uma vida melhor.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tem-se como conclusão que o conceito

de paz abrange diversas áreas da sociedade não

sendo apenas associado com o fim das guerras.

Os projetos de prevenção e promoção de saúde

são de grande importância para gerarem paz na

sociedade, já que eles levam um pouco de

conhecimento a alunos de áreas carentes, tendo o

foco maior a saúde.

Consequentemente, tendo bem-estar

esses estudantes estarão mais dispostos ao

sucesso em todas as áreas de sua vida, o que visa

na Declaração dos Direitos do homem, gerando

assim, a paz.

Portanto, paz é tudo aquilo que leva a

população a ter uma boa qualidade de vida, sendo

que projetos de prevenção e promoção de saúde

visam levar melhorias e conhecimentos a todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa.

Positivo, 2010.

OMS. Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Carta de

Ottawa. Ottawa, CAN: Ministério da Saúde, 1986.

ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem. 1948. Disponível em:

http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf. Acesso em: 16 ago. de 2018.

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CURSO DE ODONTOLOGIA

PAPEL DO DOCENTE NA MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO DO

PENSAMENTO CRÍTICO DO ACADÊMICO DE ODONTOLOGIA.

Daisy Cristina dos Santos Lamim

Demilson Rodrigues de Oliveira

Horace Houw

Lucas Luiz Krochinski

1 INTRODUÇÃO

A educação brasileira, em especial o

ensino superior em instituições privadas, vive uma

situação única na atualidade. Se por um lado as

instituições públicas sofrem com a falta de

investimento, nas privadas presenciamos o

aumento de investimento em pesquisa. Toda

pesquisa tem como foco investigar um

determinado pressuposto; para determinar a

metodologia de pesquisa se faz mister possuir um

pensamento crítico. Na graduação, o acadêmico

tem a oportunidade de despertar e refinar esse

pensamento crítico, uma ferramenta vital para

realização de pesquisa como para sua formação

como cidadão. Neste cenário, o docente

desempenha um papel crucial – motivar os

acadêmicos para o desenvolvimento de

pensamento crítico – ao mesmo que forma

profissionais para o mercado de trabalho.

Este trabalho versa sobre o papel do

docente na motivação e formação do pensamento

crítico do acadêmico, e como isso influencia no

seu papel na sociedade. Foi realizada busca em

base de dados para embasar a reflexão do objetivo.

2 DESENVOLVIMENTO

Vivemos uma época de grandes

transformações socioeconômicas. As relações

sociais que moldam a nossa civilização estão

ganhando novos contornos devido aos avanços

tecnológicos. A rapidez de acesso à informação

nos levou a mudar certas formas de comunicar,

ninguém pode pensar em adquirir um repertório

inicial de conhecimentos que lhe baste para toda a

vida, porque a evolução rápida do mundo exige

atualização contínua de saberes. O ambiente

acadêmico não ficou imune aos reflexos destas

transformações; a relação docente e acadêmico,

apesar de ter uma hierarquia pré-definida, precisa

incorporar essas mudanças na busca de

informações (CORRADINI; MIZUKAMI, 2017).

O acesso à informação é um assunto

complexo. A nossa civilização tende valorizar a

objetividade, relegando a subjetividade a algo

desnecessário e ser pensada ou discutida em vários

níveis, entre eles o ambiente acadêmico. A busca

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124

da objetividade perante os problemas humanos

precisa alimentar-se da subjetividade, contudo, o

processo da busca do conhecimento não pode ser

mecânico. No pensamento crítico a emoção passa

a ser elemento central e importante para as

mudanças necessárias (SALLES FILHO, 2016).

Em um mundo cada vez mais

interconectado e interdependente, segundo a

UNESCO (United Nations Educational, Scientific

and Cultural Organization), o grande desafio da

educação é formar indivíduos desde cedo e por

toda a vida, com conhecimentos, habilidades,

atitudes e comportamentos de que necessitam para

serem cidadãos informados, engajados e com

empatia para a sociedade atual. Para isso, se faz

mister uma pedagogia transformadora que os

capacite para solucionar desafios persistentes que

envolvem toda a humanidade, relacionados ao

desenvolvimento sustentável e à paz (UNESCO,

2013).

Para Morin (2015) a crise da educação é

uma crise de civilização. Ela é um componente da

degradação das solidariedades tradicionais

(grande família, vizinhança, trabalho), perda ou

degradação do supereu de pertencimento a uma

nação; ausência de um supereu de pertencimento

à humanidade. O exposto, resulta num

individualismo egocêntrico com uma

generalização dos comportamentos incivis.

O bom funcionamento das sociedades

democratas exige cidadãos responsáveis e

engajados com o desenvolvimento sustentável,

capacitados para se envolverem e assumirem

papéis ativos, local e globalmente, para enfrentar

e resolver desafios comuns, equipados com

valores, conhecimento e competências,

contribuindo proativamente para um ambiente

mais justo, pacífico, tolerante, inclusivo, seguro

com respeito pela democracia e sustentabilidade

ambiental. Nesse sentido, o docente tem papel

fundamental na formação do pensamento crítico,

pois a educação pode ajudar a criar condições

conducentes à paz cultivando o respeito pelos

outros e promover a cidadania global

(BALASOORIYA, 2001).

Desenvolver competências e habilidades

sempre foi objetivo da educação e pensar

criticamente tem uma importância fundamental

diante da natureza dinâmica dos cuidados de

saúde. A garantia de ter desenvolvido a habilidade

do pensamento crítico auxilia no processo de

construção da confiança em alcançar seu potencial

como profissional. Pensar criticamente pode

ampliar a possibilidade de construir um novo

modo de praticar a atenção à saúde, mas para isso

é preciso refletir sobre o atual perfil de trabalho e

de trabalhadores. O pensamento crítico pode

proporcionar mudanças nas práticas profissionais

que tenham impacto direto na assistência e

cuidado em saúde geral e saúde bucal (FARIAS et

al, 2016).

Necessitamos de uma educação superior

que forme cidadãos capazes de desenvolver as

habilidades não só na sua área de conhecimento,

mas capaz de pensar sobre si mesmos, sobre sua

práxis e sobre a sociedade em que estão inseridos,

estabelecendo complexas relações de

interdependência com o mundo (AMEM;

NUNES, 2006).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As grandes transformações sociais

mudaram o acesso às informações. Precisamos

nos atualizar diariamente, isso porque a evolução

é rápida. Essa rapidez na disseminação de

informação mudou nossa formar de adquirir

conhecimento. O ambiente acadêmico também é

afetado e caso não se atualizar pode gerar uma

crise da educação que resulta numa crise de

civilização, levando a um individualismo

egocêntrico, com uma generalização dos

comportamentos incivis, tornando a sociedade

mais violenta.

Assimilar essas transformações é o grande

desafio da educação, a qual compete formar

indivíduos, desde cedo e por toda a vida, com

pensamento crítico para solucionar desafios

persistentes que envolvem toda a humanidade. A

natureza dinâmica dos cuidados de saúde, em

especial na Odontologia, pensar criticamente tem

uma importância fundamental, possibilita o futuro

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ao acadêmico refletir sobre atual perfil de trabalho

e de trabalhadores e, dessa forma, construir um

novo modo de praticar a atenção à saúde.

O processo da busca do conhecimento não

pode ser mecânico. A emoção é elemento

indispensável para o pensamento crítico. Para o

futuro profissional estabelecer complexas relações

de interdependência com o mundo é preciso

desenvolver as habilidades além da área de

formação, percebendo-se como uma parte

importante da sociedade.

Ter um pensamento crítico diante das

situações diárias, além de gerar mudanças nas

práticas profissionais que influenciam tanto

assistência quanto o cuidado em saúde geral como

saúde bucal, também contribuem

desenvolvimento sustentável e à paz na sociedade.

O docente é responsável pela formação

não somente de futuros profissionais de

Odontologia, mas de formadores de opinião que

vão influenciar a sociedade em que estão

inseridos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMEM, B.M.V.; NUNES, L. C. The contribution of information and communication

technologies to higher education according to an interdiscipline proposal. Revista Brasileira

de Educação Médica, v. 30, n. 3, p. 171-180, 2006.

BALASOORIYA, A. S. Learning the way of peace: A teachers' guide to peace education.

New Delhi: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 2001.

CORRADINI, S. N.; MIZUKAMI, M.G. N. Formação docente: o profissional da sociedade

contemporânea. Revista Exitus, v. 1, n. 1, p. 53-62, 2017.

FARIAS, C. M. L. et al. Pensamento crítico e a formação de profissionais em Odontologia:

uma revisão narrativa da literatura. Revista da ABENO, v. 16, n. 1, p. 73-87, 2016.

MORIN, E. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Porto Alegre: Sulina, 2015.

SALLES FILHO, N. A. Educação para paz: um caminhar no pensamento complexo através

de cinco pedagogias integradas e complementares. Revista Polyphonía, v. 27, n. 1, p. 137-

153, 2016.

UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). Global

Citizenship Education: Preparing Learners for the Challenge of the 21st Century. UNESCO,

2013.

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CURSO DE ODONTOLOGIA

APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS

Bernadètte Beber

Bruna Bechtold

Quênia Alves de Andrade

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho parte da ideia de que

dificuldades motoras podem minar o processo de

independência e autonomia dos indivíduos com

necessidades especiais. Focados na manutenção

cotidiana da saúde bucal, as tecnologias assistivas

podem melhor atender e suprir a tarefa de

escovação dental. Utilizando como forma de

pesquisa e aplicação desta ideia a pesquisa-ação,

priorizando materiais de baixo custo, mais

acessíveis, inspirados no fixador de mão em tira

da marca Mercur, elaborou-se a partir de EVA

protótipos do mesmo.

Este artigo tem por objetivo testar a

eficácia do uso do fixador de mão em tira, para a

promoção de saúde bucal em pacientes com

necessidades especiais em sua primeira idade,

bem como educar de maneira efetiva o exercício

da escovação bucal.

Portanto, estudar autores referente ao

tema faz-se necessário, como também a atuação

direta no exercício de escovação dental de

adolescentes com necessidades especiais, no

intuito de experienciar e analisar os resultados

adquiridos neste processo.

Para isto, mediante autorização de

responsáveis e coordenação da APAE –

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de

Blumenau (SC), desenvolveu-se a presente

pesquisa com a participação de quatro crianças

portadoras de necessidades especiais, com o

intuito de evidenciar a placa bacteriana com

EVIPLAC – PASTILHA posteriormente a

escovação efetuada de forma autônoma, porém

instruída, em dias alternados com e sem a

utilização de tecnologia assistiva na escovação

dental.

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128

2 DISCUSSÕES

São considerados Pacientes Especiais

aqueles que apresentem qualquer tipo de condição

que os façam necessitar de atendimento

diferenciado por um período ou por toda sua vida

(RESENDE et al, 2004).

Em pacientes com necessidades especiais

existe uma dificuldade para atendimentos

odontológicos, que demandam mais tempo, mais

consultas de atendimento, dedicação e métodos.

Quando o poder aquisitivo das famílias com

pessoas portadores de necessidades é inferior,

muitas vezes acabam ficando com menos

assistência, dependendo do atendimento pelo

Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

Infelizmente, o sistema não comporta a demanda

nem dos que realmente precisam e não está

organizado adequadamente para atendê-los

(RESENDE et al, 2004).

Há a ausência de profissionais não

especificamente especializados, mas supridos com

conhecimentos necessários. A educação por

excelência deve muni-los não apenas de

conhecimentos técnicos básicos para o lido com

tais pacientes, como também empatia e

solenidade.

2.1 TECNOLOGIA ASSISTIVA

Tecnologia Assistiva - TA é um termo

ainda novo utilizado para identificar todo o arsenal

de recursos e serviços que contribuem para

proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de

pessoas com deficiência e consequentemente

promover vida independente e inclusão

(BERSCH; SARTORETTO, 2017).

A equipe de saúde bucal tem a obrigação

de oferecer não apenas o tratamento, mas também

os meios para sua manutenção, como a orientação

para uma boa higiene bucal proporcionada, em

muitos casos, por meio de simples adaptações em

instrumentos e procedimentos adequados, de

acordo com a necessidade de cada paciente,

respeitando-se as particularidades de cada tipo de

limitação.

Para facilitar esse processo existem

diversos recursos e técnicas que podem ser

utilizados para que se facilite a limpeza oral.

Dentre esses facilitadores está presente o fixador

de mãos em tiras, que é um facilitador de

atividades de vida diária, usado também em

escovas de dente.

As escovas de dente com fixador de mãos

em tiras permitem que pessoas que possuem

algum tipo de deficiência relacionada à

dificuldade de movimentos e à insuficiência física

ou mental consigam cuidar da saúde de sua boca

com mais facilidade.

2.2 ESCOVAÇÃO DENTAL DE PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

A escovação tem por objetivo a remoção

mecânica da placa bacteriana das superfícies dos

dentes (MUGAYAR, 2000).

De acordo com o Caderno de Atenção

Básica (2008) as regras para uma boa higiene

bucal destes pacientes são fazer uso moderado de

dentifrícios, utilizar escovas dentais macias e

pequenas, introduzir alimentos crus, como maçã,

cenoura e erva doce, pois são alimentos

adstringentes e, escovar sempre que possível todas

as faces do dente.

Em virtude da incapacidade de preensão

palmar no manuseio da escova dental, aumenta-se

a manifestação de placa bacteriana e,

consequentemente, de cárie em razão da

colonização de microrganismos na superfície do

esmalte do dente, principalmente, a bactéria

Streptococcus Mutans.

É essencial que a educação, processo que

se constitui por meio do conhecimento, a

construção gradual de maneira efetiva, seja

implementado com maior vigor, buscando atender

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e suprir os déficits existentes, tanto por parte dos

pacientes, que ao serem ensinados poderiam dar

continuidade em sua higienização de maneira

assistida; como dos profissionais, carentes em

preparo, desde cunho gradual, para que melhor

possa atender o indivíduo, mesmo que maneira

primordial e básica.

3 PESQUISA AÇÃO NA APAE DE BLUMENAU/SC

Com a pesquisa efetuada na Associação

de Pais e Amigos de Especiais em Blumenau (SC),

foi possível visualizar quais as dificuldades de

cada adolescente participante desta pesquisa e

assim analisar qual melhor método de uso do

fixador de mãos em tira na escovação dental.

A pesquisa foi realizada com quatro

jovens, sendo três deles do gênero feminino e um

do masculino, com idades entre 14 e 15 anos,

tratados no presente artigo como PNE1, PNE2,

PNE3 e PNE4. Seus diagnósticos encontram-se

em andamento, porém é sabido que são portadores

de deficiência física, mental e cognitiva, sendo a

paciente PNE3 portadora de Síndrome de Down e

a PNE4 cadeirante.

No caso do paciente PNE1, do gênero

feminino, foi possível visualizar que sua

escovação sem a tecnologia assistiva abrangia

somente a escovação da face vestibular dos dentes

anteriores. Porém, com o adaptador, pode-se

evidenciar a melhora na coordenação motora para

a escovação conseguindo então escovar as faces

vestibular, oclusal, palatina dos dentes posteriores

e anteriores, comprovando sua eficácia com o uso

de evidenciador de placa bacteriana.

O PNE2, do gênero masculino, apresentou

dificuldade de escovação de quadrantes superiores

e inferiores, escovando com notória força somente

o quadrante esquerdo, tanto superior como

inferior. Com o uso do adaptador este paciente

conseguiu realizar uma escovação mais lenta e

menos agressiva em todos os quadrantes de sua

boca, incluindo todas as faces dos dentes,

atestando sua melhora com o uso de evidenciador

de placa bacteriana.

PNE3, do gênero feminino, portadora de

Síndrome de Down, exibiu dificuldades em sua

escovação sem o uso do fixador de mãos em tira,

efetuando sucção da escova dental e escovando

parcialmente a face vestibular dos dentes

anteriores. Esta paciente apresentou cálculo dental

no terço cervical de todos os seus dentes.

Utilizando a tecnologia assistiva oferecida a

paciente mostrou uma melhora sutil, conseguindo

escovar também os dentes posteriores, mas sem

muita atenção em sua atividade de escovação.

A PNE4, do gênero feminino, cadeirante,

retratou em sua escovação sem o reforço dos

adaptadores uma boa coordenação para escovação

da face oclusal dos dentes posteriores, porém

mostrou dificuldade em sua preensão palmar para

segurar a escova de dente e para escovação da face

vestibular dos dentes anteriores. Com o reforço

positivo do fixador de mãos em tira, a PNE4

conseguiu segurar a escova de dentes com mais

propriedade executando, assim, uma escovação

com fricção mais potente que a anterior. Também

foi possível notar sua melhora em coordenação

para a face vestibular dos dentes anteriores.

4 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa-ação é um método de pesquisa

que agrega diversas técnicas de pesquisa social,

com as quais se estabelece uma estrutura coletiva,

participativa e ativa no nível da captação da

informação. Requer, portanto, a participação das

pessoas envolvidas no problema investigado.

Tendo como local de pesquisa a

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

(APAE), da cidade de Blumenau (SC). Nos

subsequentes dias 19 e 20 de junho de 2018,

focados no auxílio de adolescentes de ambos os

gêneros, de idades entre 14 e 15 anos, possuidores

de necessidades especiais que inibem habilidades

motoras e cognitivas.

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130

Possuindo como método de avaliação para

uma boa escovação a remoção de maior

quantidade de placa bacteriana visível, por meio

do evidenciador de placa bacteriana EVIPLAC –

PASTILHA posteriormente a escovação efetuada

de forma autônoma, porém instruída com e sem a

utilização da TA. E visto que a escovação bem-

sucedida não engloba apenas os dentes incisivos e

a face vestibular, foi idealizada a faixa de mãos

com o intuito de não apenas facilitar a escovação

como suporte, mas também auxiliar a tarefa

motora da escovação dos dentes posteriores, face

lingual e palatina.

O material utilizado para esta pesquisa foi

um protótipo de fixador de mão em tiras.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos fatos mencionados,

conclui-se que a pesquisa teve um resultado

positivo, pois os objetivos foram alcançados de

forma bem-sucedida. Em um primeiro momento

foram analisadas pesquisas bibliográficas,

partindo assim para a observação da necessidade

individual de cada paciente com necessidade

especial pesquisado em sua atividade de

escovação dental, portando evidenciado suas

dificuldades foi introduzido o melhor método para

cada um, de acordo com o material utilizado.

A análise de resultados foi contrastante na

escovação bucal com e sem a utilização da

tecnologia assistiva. Nota-se uma grande melhora

na coordenação motora fina de cada indivíduo

pesquisado, como também um resultado

peremptório na remoção de biofilme dental de

cada um, de forma autônoma, porém instruída em

suas escovações.

De fato, o uso de tecnologia assistiva para

pacientes com necessidades especiais, promove

saúde bucal amparando assim sua autonomia.

Conclui-se então que ensinar, demonstrar e

incentivar o paciente, buscando métodos que

facilitam sua rotina, foram os diferenciais obtidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da saúde. Caderno de Atenção Básica, nº 17. 2008

Disponivel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf>. Acesso em:

23/06/2018.

MUGAYAR, Lêda Regina Fernandes. Pacientes Portadores de Necessidades Especiais:

Manual de Odontologia e saúde oral. São Paulo: Editora Pancast. 2000. p.254.

ONU. Relatório Mundial sobre a deficiência - 2011. Disponível em:

<http://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-06/9788564047020_por.pdf>. Acesso em:

23/06/2018.

RESENDE, Vera Lúcia Silva et al. Atendimento odontológico a pacientes com

necessidades especiais. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Minas Gerais.

2004. Disponivel em: <https://www.ufmg.br/congrext/Saude/Saude32.pdf>. Acesso em:

23/06/2018.

SARTORETTO, Mara Lúcia; BERSCH, Rita. Assistiva: Tecnologia e Educação. 2017.

Disponível em: < http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 07/06/2018.

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CURSO DE ODONTOLOGIA

A EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL NOS

IDOSOS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Horace Houw

Vitória Gabriela Costa

1 INTRODUÇÃO

O câncer bucal é um problema grave de

saúde pública, sendo que 60% a 80% dos casos são

diagnosticados em estágio avançado (FALCÃO

et. al, 2010). Os idosos são mais propensos a

desenvolverem o câncer bucal devido às diversas

alterações no organismo que acompanham o

envelhecimento (PRESA; MATOS, 2014).

Contudo, as ações de educação para a prevenção

são de extrema importância para a saúde bucal dos

idosos.

Assim, o presente trabalho busca analisar

o conhecimento dos idosos de Balneário

Camboriú (SC) a respeito do câncer bucal e suas

ações preventivas; para que assim se possa

analisar o impacto da educação na saúde bucal dos

idosos.

Para alcançar os objetivos propostos

foram aplicados questionários a 10 idosos da

cidade; questionando-lhes sobre o câncer bucal, o

autoexame e o cuidado com a cavidade oral.

Também foi realizada pesquisa bibliográfica por

meio de busca no repositório de artigos Google

Acadêmico, utilizando as palavras-chaves:

‘idosos’; ‘diagnóstico precoce’ e ‘câncer bucal’.

2 DISCUSSÕES

O câncer bucal é uma doença

preocupante. Em sua fase inicial é assintomático,

porém de fácil diagnóstico, o qual depende da

observação da cavidade bucal e reconhecimento

das possíveis alterações (FALCÃO, 2010). Dentre

os 6,4 milhões de casos no mundo,

aproximadamente 10% são na cavidade bucal,

sendo o sexto tipo de câncer mais incidente do

planeta (MELO et al, 2010).

Ele acomete os lábios, gengiva, língua,

bochecha, glândulas salivares, assoalho da boca,

palato, amigdala e faringe. Os seus fatores de

riscos estão relacionados ao tabagismo,

alcoolismo, radiação, infecção e má higiene bucal

(MELO et. al, 2010).

Com o envelhecimento, alterações bucais

podem ocorrer como: perda de dentes,

periodontite, gengivite, dores na articulação

temporo-mandibular e consequências de próteses

mal ajustadas. Juntamente da falta de coordenação

motora para realizar a higiene bucal e do

esquecimento os idosos são uma parcela da

sociedade muito propensa a desenvolver o câncer

bucal (PRESA; MATOS, 2014).

A prevenção (conhecimento dos fatores

de risco, sintomas, autoexame, higiene bucal

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adequada e ida regularmente ao dentista) leva ao

diagnóstico precoce, o qual permite uma taxa de

sobrevida de 70% a 90%, devido ao melhor

prognóstico (MELO et al, 2010).

Os questionários aplicados remeteram o

conhecimento dos idosos sobre o câncer bucal e as

ações de prevenção (higienização, autoexame e

importância da ida ao dentista). O Quadro a seguir

mostra os resultados obtidos.

IDOSO Conhecimento sobre o câncer

bucal

Conhecimento sobre o

autoexame bucal Higiene bucal

Postura frente às feridas

na cavidade oral

1 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Toma remédio

2 Nenhum Nenhum 1 vez na semana Procura o médico

3 Mata como todo câncer Nenhum 1 vez ao dia Procura o dentista

4 Acomete fumantes Conhece, mas não pratica 3 vezes ao dia Espera sarar

5 Surge com manchas brancas Nenhum 3 vezes ao dia Passa pomada

6 Nenhum Nenhum 5 vezes ao dia Procura o dentista

7 Nenhum Conhece, mas só o dentista faz 3 vezes ao dia Espera sarar

8 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Não faz nada

9 Nenhum Nenhum 3 vezes na

semana Procura o dentista

10 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Espera sarar

Quadro 1: Resultados obtidos

Fonte: Dados primários, 2018

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O câncer bucal geralmente é

diagnosticado em estágio avançado devido à falta

de conhecimento sobre possíveis modificações na

cavidade oral e a conduta que deve ser tomada

frente às alterações.

A falta de conhecimento provém da falta

de educação em saúde bucal para os idosos.

Atividades educativas sobre o câncer bucal, o

autoexame e a conduta frente às alterações bucais,

para o público da terceira idade, podem colaborar

com o diagnóstico precoce do câncer bucal. Por

serem uma parcela da sociedade com mais

chances de desenvolverem o câncer bucal os

idosos necessitam de atenção especial na educação

para a prevenção da doença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, Fabiano Tonaco et al. Epidemiologia do câncer de boca em laboratório público do Estado de

Mato Grosso, Brasil. Rev. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 9, p. 1977-1982, set.

2008.

FALCÃO, Michelle Miranda Lopes et al. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação ao câncer

bucal. Rev. Gaúcha de Odontologia, Porto Alegre, v. 58, n. 1, p. 27-33, jan./mar. 2010.

MELO, Leticia de Cássia et al. Perfil epidemiológico de casos incidentes de câncer de boca e faringe.

Rev. Gaúcha de Odontologia, Porto Alegre, v. 58, n. 3, p. 351-355, jul./set. 2010.

PRESA, Sandra Lúcia; MATOS, Jéssica Carvalho de. Saúde bucal na terceira idade. Rev. Uningá,

Maringá, n. 39, p. 137-148, jan./mar. 2014

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CURSO DE PEDAGOGIA

A EDUCAÇÃO SENSÍVEL E A ARTE: UM NOVO OLHAR PARA O

SER HUMANO

Sabryna Pereira de Souza

Shirlei de Souza Corrêa

1 INTRODUÇÃO

É fato que estamos diante de um momento

marcado pelas tecnologias, pela comunicação

digital e, por isso mesmo, precisamos interpretar

as diferentes experiências que a interação pessoal

nos proporciona. Com base nesta questão, este

artigo foi escrito com a intenção de investigar as

contribuições da Educação Sensível para o campo

da educação.

Ao iniciar a docência na turma de

Pedagogia – 3NB, em 2018, percebi a necessidade

de aproximar os acadêmicos que, pouco se

conheciam e nem sabiam os nomes dos colegas. O

desafio foi proposto por meio de trabalhos em

grupos que tinham a dramatização e a encenação

como instrumentos de trabalho.

A principal intenção era a aproximação e

a excelência educativa a partir da Educação

Sensível, uma vez que essa nos desafia a

tornarmo-nos seres sensíveis, capazes de

interpretar, por meio das experiências

educacionais, nossas formas de agir, pensar e

conduzir a prática docente.

2 A EDUCAÇÃO SENSÍVEL

No campo da Educação, seria, talvez, um

clichê trazer para a discussão a questão da

mediação. As várias teorias disseminadas nesse

campo atribuem à prática da mediação o

crescimento e o desenvolvimento do ser humano

nas suas diversas relações; sobretudo, por

acreditarmos que o desenvolvimento acontece na

relação com o outro, em um movimento recíproco

de troca de experiências, convivências,

sentimentos etc.

Acreditando nesse movimento, aliamos a

essa discussão a questão da Educação Sensível,

aquela que, baseada na mediação, almeja uma

formação integral do ser humano, considerando

sua composição de corpo, mente, alma e espírito.

Atenta a detalhes que compõem esse ser humano

que o regem e que o governam em suas ações

cotidianas.

Sabemos, baseados em Duarte Junior

(2010), que educação sensível é uma educação

baseada em sensações, sentimentos e

experiências. E, por assim ser, exige sensibilidade

por parte dos agentes participantes desse processo.

Ter a convicção de tratar o ser humano como

complexo e múltiplo é, também, assumir uma

postura contrária à visão unilateral e uniforme do

mundo e do homem que a contemporaneidade

insiste em (re)afirmar e (re)inventar.

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134

Nesse mundo de relações líquidas, de

sentimentos e de posturas que se desfazem

facilmente, que são permeáveis, que não

assumem/respeitam limites e contornos

(BAUMANN, 2008), entender o ser humano sob

essa lógica é um desafio.

Por meio da Educação Sensível existe um

tênue caminho para se chegar à uma educação

integral, pautada no saber/poder/ser sensível. Por

meio desse caminho é possível oferecer ao ser

humano um poder que vai se constituindo e

“possibilita que ele dê importância demasiada a

alguns campos mais restritos do conhecimento,

consequentemente, esquecidos, fazendo com que

ocorra a integração do homem consigo mesmo,

com os outros e com a sociedade”. (DUARTE

JUNIOR, 2010, p. 436). Que ele se torne,

efetivamente, um ser autônomo e crítico.

3 A AÇÃO DESENVOLVIDA

Entendendo a Educação Sensível como

um instrumento de inovação, de renovação, de

mudança e de descoberta (MEIRA; PILOTTO,

2010), desenvolvemos, intrínseca à prática

pedagógica, ações permeadas pela Arte, já que

essa é um instrumento rico e empoderador para a

Educação Sensível, pois acreditamos que “a

educação acontece na relação com o outro, em

uma recíproca troca de experiências e

convivências, e a Arte vem para contribuir com

esse processo” (VANI, 2013, p. 11).

Por meio da prática das Artes Cênicas,

realizamos atividades envolvendo todos os

acadêmicos da turma de Pedagogia 3NB,

utilizando conteúdos resultantes dos cadernos de

estudos disponibilizados pela instituição e, ainda,

diferentes materiais pesquisados pelos próprios

participantes.

Os teatros e/ou as dramatizações

aconteciam no espaço destinado à Prática como

Componente Curricular – encontros

disponibilizados para uma discussão dos

conteúdos estudados, tendo como base a prática

pedagógica. Nestes momentos, ao utilizarmos a

Arte Cênica como instrumento de aprendizagem –

uma vez que tratávamos dos conteúdos estudados

nas respectivas disciplinas – tínhamos a garantia

do envolvimento com o outro, um fortalecimento

de vínculo, um aumento nas relações com os

colegas e com os professores.

Esses teatros e/ou dramatizações

passaram a ganhar muita importância, haja vista

que em meio a “tantas mudanças que vêm

ocorrendo, os sentidos ficam anestesiados, pois,

em razão dessa rotina corriqueira e agitada,

dificilmente o ser humano se posiciona frente ao

outro, a fim de ouvir, para, então, poder ajudar ou

compartilhar momentos recíprocos de

conversações” (DUARTE JUNIOR, 2010, p.

412).

E, além de estudarmos o conteúdo com

um instrumento diferente, buscávamos o encontro,

a proximidade, a emoção, a comoção.

Buscávamos a Educação e o seu caráter integral.

Buscávamos uma Educação Sensível!

O que temos não são resultados. São

caminhos. Agora que iniciamos essa trajetória não

temos como voltar no tempo, como regredir ou

negar nossas determinações.

Sabemos que as [boas] relações

estabelecidas com os outros, refletirão em

melhores condutas sociais e morais, pois quando

estabelecemos atitudes de autonomia e de respeito

por nós mesmos e pelo próximo, facilmente

aceitaremos as diferenças, as controvérsias e

efetivaremos os deveres que nos competem

enquanto cidadãos comprometidos com as ações

para uma sociedade mais humana (VANI, 2013).

E, assim, deixaremos nossa contribuição,

por meio de uma Educação Sensível para uma

sociedade que se respeita, individual e

coletivamente e que compreenda o outro nas suas

particularidades, que privilegia um olhar e um

toque.

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135

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a história nos mostrou que a partir dos

registros artísticos deixados pelo ser humano nas

paredes das cavernas, verdadeiras obras artísticas,

pudemos conhecer a trajetória histórica da

humanidade, o que dizer de nossas ações

realizadas na atualidade? Elas também

contribuirão para fundamentar a nossa história.

Acreditando nisso, buscamos, a partir dos

pressupostos da Educação Sensível, fundamentos

para pautar as ações realizadas no curso de

Pedagogia, na turma 3NB. As atividades de teatro

e/ou encenações propiciaram aos acadêmicos

espaços de convivência, de interação, de

afetividade.

Com base nessa prática, acreditamos que

a Educação Sensível, transformadora e inovadora,

aconteceu na interação com o outro, numa ação

recíproca de troca de vivências e experiências,

possibilitando olhares afetivos que contribuem

para uma sociedade mais justa e mais humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 119 p.

DUARTE JUNIOR, F J. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Revista

Campinas. 2000. Disponível em:

http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/3739/1504. Acesso 05 abr. 2018.

MEIRA, M. R. e PILLOTO, S. Arte, afeto e educação: a sensibilidade na ação Pedagogia.

Porto Alegre: Mediação, 2010.

VANI. A. C. A Educação do Sensível: Saberes educativos que circulam na compreensão do

ser humano. Unoesc & Ciência, Joaçaba, v. 4, n. 1, p. 7-18, jan./jun. 2013. Disponível em

file:///C:/Users/ORIENTACAO/Downloads/2691-9611-1-PB.pdf Acesso em 05 ago. 2018.

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137

CURSO DE PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO PARA PAZ E EXCELÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR:

CONTEXTUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA NA

MODERNIDADE

Deise Pereira Costa

1 INTRODUÇÃO

Promover uma cultura da paz e excelência

humana, social e profissional, envolve sensibilizar

o contexto escolar com metodologias inovadoras,

com diversidades de estratégias e recursos, para

despertar uma conscientização humanitária,

solidária, responsável e capaz de transformar o

espaço em que se vive em um lugar melhor.

Propiciar reflexões críticas para formar e

desenvolver pessoas do bem, seres pensantes e não

mero repetidores, com caráter, princípios, valores,

que propaguem a paz, é função de todo educador

que busca seus objetivos, sonhos, ideais, baseado

em atitudes e comportamentos sensatos, justos e

éticos, a fim de ajudar na formação de pessoas que

conquistem seus objetivos com merecimento e

esforço, sem ofender o direito do outro, e que

cumpram seus deveres como cidadãos

responsáveis.

Por meio de uma conversa, uma palestra,

um projeto, ou trabalhos criativos que aproximem

as pessoas e envolvam uma mudança positiva na

esfera escolar e social como um todo, poderá ser

um influenciador de pessoas que venham a

perceber os problemas, deficiências e possam

articular meios de resolvê-los com suavidade e

olhar diferenciado.

2 DISCUSSÕES

Para entendermos como funciona a

cultura de paz é necessário compreender que a paz

tem como premissa o eu interior, ao passo que os

primeiros responsáveis nessa formação deveriam

ser os pais.

Observa-se que a contemporaneidade

trouxe grandes mudanças na estrutura familiar e,

por conseguinte, no papel da escola e do professor,

que precisa ensinar e educar ao mesmo tempo.

Essa responsabilidade social e humana que

perpassa as exigências do seu cargo, é uma

questão de doação, de amor, de dedicação, de

consciência humana, pois se entrelaçam e

objetivam os moldes para uma sociedade atual e

futura com valores morais.

E o que é a paz? Segundo o livro Tempos

de Paz (SCHOLES; INGPEN, 1999), a paz pode

significar tantas coisas, se diferenciando conforme

a pessoa, o lugar e a época.

Cada um é responsável pela constituição

da sua própria paz e da construção transformadora

ao seu redor, sendo sensível aos seus sentimentos,

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138

ao do próximo, sendo cooperativo, participativo,

resolvendo problemas com estratégias sábias e

valorizando as pessoas no seu contexto. Simone

Pizzio (apud SCHOLES; INGPEN, 1999) acredita

que a construção da paz poderá ser conquistada

por meio da união de forças.

Percebemos que a paz é relativa, mas que

a solução dela é uma questão coletiva e reflexiva,

de posicionamentos e atitudes postos na prática

cotidiana, iniciando com o papel do educador, pois

as crianças se espelham nesse modelo desde o

momento que são inseridas na educação infantil e

ao longo de sua caminhada educativa. Se alargam

por afinidade, afetividade e como um referencial

para a construção e desenvolvimento do eu pessoa

e no todo.

Segundo Marlova Noleto (2000), a

educação para paz tem consistência nas

transformações culturais dos valores pacíficos à

prática cotidiana. Nesse mesmo entendimento,

Simone Pizzio (apud SCHOLES; INGPEN, 1999)

assegura que, além do ensinar e do educar valores

de paz, deve haver uma mudança da pessoa

centrada no egocentrismo para um ser mais

humanitário.

Portanto, é necessário que a escola

cumpra seu papel nessa construção, com valores já

elencados, do respeito mútuo, de tolerância,

igualdade e assim promovendo a cultura pacífica

no ambiente. Isso requer esforço coletivo dos

indivíduos envolvidos, sendo eles: pais,

professores, escola e alunos, num mesmo

propósito.

Os docentes devem buscar diferentes

procedimentos para que atinjam seus objetivos,

por meio da promoção do diálogo, importando-se

com o outro, interessando-se pelo meio à sua

volta, promovendo a valorização positiva de seus

alunos, elaborando diversos mecanismos para

aguçar a consciência e a criatividade em projetos,

dinâmicas, passeios, etc. visando alcançar o

interesse e a aprendizagem significativa de todos

os seus alunos. Esses demonstrarão resultados por

meio de mudanças atitudinais e comportamentais.

É necessário mostrar aos mesmos de

forma clara, objetiva e justa os seus deveres, mas

também os seus direitos, uma relação de respeito

e igualdade. Sendo um modelo de paz,

tranquilidade, solidariedade, de carinho e cuidado

no acolhimento cotidiano e no ensino constante,

na melhor preparação, na elaboração lúdica para

aproximá-los e demonstrando assim sempre muita

responsabilidade e interesse em ajudá-los no seu

desenvolvimento, além dos conteúdos

curriculares, um ensino prático para a vida em

sociedade.

Agir de forma sábia e gentil em situações,

não se calar diante de injustiças, não responder a

violência com violência, cultivar o perdão entre

eles e a esperança, são outros papeis fundamentais

que competem aos professores. A paz deve ser um

objetivo e exercício constante em todos os lugares

e momentos da vida humana no espaço escolar.

Trabalhar com estratégias e atividades

diversificadas como: palestras, teatro,

dramatizações, mímicas, paródias, passeatas em

prol da paz, visitas, cursos, trabalhos artísticos

(além da apreciação), confecção de cartazes,

panfletos e painéis, redações, socializações,

debates, murais, pesquisas, reflexões sobre

notícias, análises, musicalização, dinâmicas,

leitura, filmes, oficinas, trabalhos individuais e

coletivos, trocas e parcerias com os pais e

comunidades, projetos sociais, são exemplos para

se atingir esse fim. Por meio da avaliação destas

poderá verificar a participação, contribuição,

posicionamentos e comportamentos durante as

atividades e capacidades dos trabalhos individuais

e coletivos.

Segundo Edgard de Assis Carvalho (1998,

p. 19):

A educação do futuro exige um esforço

transdisciplinar que seja capaz de

rejuntar ciências e humanidades [...]

precisamos enfrentar os paradoxos que o

desenvolvimento tecnoeconômico

trouxe consigo, globalizando de um lado

e excluindo do outro.

Deve-se utilizar as ferramentas

tecnológicas positivamente, com fins pedagógicos

e educativos para facilitar o processo ensino-

aprendizagem na cultura da paz. De acordo com

Edgard Morin (2007), são necessários sete saberes

para uma educação do futuro de qualidade, paz e

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139

excelência.

Primeiramente aponta o senso crítico e

investigativo, para não ficar condicionado à

cegueira. Depois, discernir prioridades,

analisando as problemáticas e soluções para tais.

Ensinar a condição humana, ou seja, diversidade,

compreendendo o homem físico, biológico,

psicológico, social e cultural. Ensinar a

identificação pessoal e planetária, os desafios e

destinos. Enfrentamento de incertezas e

imprevistos, como agir e minimizar tais fatos.

Ensinar a compreensão do respeito, de ideias

adversas, de diferenças, costumes étnicos, não

rotulando as pessoas e promovendo a dignidade

humana. Ensinar a ética do gênero humano, o

dever ético, democrático, a construção efetiva da

cidadania.

Diante tais entendimentos elencados, se

percebe a infinidade de estratégias, recursos e

maneiras práticas de se trabalhar a importância da

educação para a Paz e Excelência Educativa, como

uma forma de conscientização e sensibilização

para mudanças comportamentais que gerem uma

transformação significativa na pessoa e, por

consequência, na sociedade.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que a paz é primeiramente

interior e fundada no seio familiar, mas que

atualmente se entrelaçou ao papel docente e que a

escola tem responsabilidades humana e moral para

a formação de futuros cidadãos do bem,

responsáveis, conscientes, reflexivos, críticos,

preparados para agir com respeito, igualdade,

justiça, solidariedade, humanidade e como agentes

transformadores que propagam a paz.

Conclui-se que a escola pode ensinar

muito além do que um currículo conceitual, mas

valores de vida e praticidade. Além de preparar

profissionalmente, deve formar para a cidadania, a

democracia e a humanidade. Há muitas maneiras

de fazê-lo, de forma afetiva, de forma coletiva,

individual, reflexiva, prática, por meio de

concepções que sensibilizem mudanças

significativas e efetivas para um mundo melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Edgard de Assis. Ética, solidariedade e complexidade. São Paulo: Editora

Palas Athena, 1998.

MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina E. F.

Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.

NOLETO, Marlova Jovchelovitc. Cultura para a Paz. São Paulo: Editora Global, 2000.

SCHOLES, Katherine; INGPEN, Robert. Tempos de Paz. São Paulo: Ed. Global, 1999.

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CURSO DE PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO PARA A PAZ NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA:

POR QUÊ?

Fernanda de Fátima Costa de Almeida

Jetiani Notari

Juliane Dorneles

1 INTRODUÇÃO

A paz na escola deve ser vista como um

ato necessário para formar e construir uma

sociedade mais solidária, justa, humana e

comprometida com o bem-estar do cidadão. Ao

refletir sobre o tema proposto para a Semana de

Iniciação Científica, edição 2018, surgiu o

questionamento sobre os motivos que levam ao

desenvolvimento de projetos voltados ao tema

“educação para a paz” nas escolas de Educação

Básica. Com o objetivo de verificar como e por

que se desenvolvem os projetos de educação para

a paz nas escolas de educação básica, foi realizada

uma pesquisa documental com análise de sete

projetos disponibilizados na internet sobre a

respectiva temática.

A amostra foi aleatória. Partindo da

digitação das palavras “Educação para a Paz” no

site de pesquisa Google, apareceram vários links.

A seleção se deu pela ordem de aparecimento na

página e que se referiam a projetos em escolas de

Educação Básica. Para o levantamento de dados

foram utilizadas cinco questões principais: o

projeto surgiu de uma necessidade específica da

escola? Em qual etapa da educação básica foi

desenvolvido? Partiu dos alunos, do professor, da

equipe de gestão ou da comunidade escolar? Qual

foi o prazo de desenvolvimento do referido

projeto? Quem foram os envolvidos: alunos,

professores, pais, funcionários, toda a comunidade

escolar?

2 DISCUSSÕES

Vive-se numa sociedade que está

passando por profundas transformações sociais

educacionais, religiosas e culturais. A escola está

inserida nessa sociedade, por isso a relevância em

estar atenta a essas transformações, agindo e

interagindo nela. Contudo, entende-se que

educação “É dever da família e do Estado,

inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais

de solidariedade humana, tem por finalidade o

pleno desenvolvimento do educando, seu preparo

para o exercício da cidadania e sua qualificação

para o trabalho” (BRASIL, 1996, Art. 2º).

Ao tratar do pleno desenvolvimento do

educando, a escola não pode deixar de lado

questões relacionadas aos valores e atitudes para

tornar os alunos mais solidários, críticos, éticos e

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142

participativos valores que devem estar presentes

na escola e sociedade. Segue o que foi observado

na análise do relato de cada escola.

2.1 O PROJETO SURGIU DE UMA NECESSIDADE ESPECÍFICA DA ESCOLA?

Nos sites pesquisados, sim, havia uma

necessidade específica nas escolas, surgindo pela

busca da amenização da violência escolar, pela

falta de vontade e interesse dos alunos perante

atividades dirigidas pelos professores e pela falta

de tolerância de alguns professores.

Esse é um grande desafio, pois se os

professores continuarem tendo pouca

tolerância com os alunos, visando apenas

o conteúdo e pouco se comunicando com

eles, nada avançará em prol da paz.

Acredita-se que, tanto os pequenos

quanto os maiores necessitam de atenção

e acolhimento. Quando há esse

distanciamento, todo o processo de

ensino-aprendizagem e de convívio

social fica comprometido (EDUCAÇÃO

PARA PAZ, 2018).

Dentro de muitas escolas existem

problemas devido à falta de respeito e harmonia

entre os alunos e entre professores. Não tendo

professores harmônicos os alunos perdem o prazer

e os motivos para irem à escola. O

desenvolvimento de projetos de educação para a

paz surgiu pelo fato de algumas escolas estarem

preocupadas com as questões de agressões

voltadas aos professores:

Frequentemente, podemos ver notícias

de jornais relatando casos de violência

contra professores, bulling (humilhar,

intimidar, ofender, agredir física ou

psicologicamente), vários outros

modelos de abuso e agressão acometidos

contra a comunidade escolar. Diante

disso, podemos citar o caso da professora

de Santa Catarina, espancada por uma

mãe de aluna em uma das escolas

públicas do Estado, tendo a mesma

sofrido mais de vinte tapas e pontapés,

em consequência de um sorteio de um

chiclete e uma tatuagem, no qual a filha

da agressora não fora contemplada

(BARROS, 2018).

Em outras instituições verifica-se que os

projetos foram desenvolvidos pelos fatos de

estarem preocupadas com os valores voltados à

formação de cidadãos:

Diante do problema de discriminação,

agressões físicas e verbais enfrentada

pela escola, através da discussão em sala

de aula, foi proposto pelos alunos

desenvolver o projeto Semeando a Paz.

Com a proposta de resgatar valores

morais e sociais, essenciais na

construção de uma sociedade mais

humana e justa, sem violência, em que os

cidadãos atuem compromissados com o

bem comum (PROJETO SEMEANDO

A PAZ, 2018).

2.2 O PROJETO PARTIU DOS ALUNOS, DOS PROFESSORES, OU DA DIREÇÃO

ESCOLAR (EQUIPE DE GESTÃO)?

Nos sites pesquisados os projetos partiram

da direção da escola. Consistiram-se no bom

exemplo, com a intuição de resgatar o convívio

humano, o respeito e o comprometimento entre

aluno e professor. Houve a necessidade de buscar

estruturação de um trabalho paralelo consistente e

constante, dando ao aluno segurança e confiança

no espaço escolar, por meio de trabalhos que os

envolvessem, como exemplo: gincanas, projetos

pedagógicos, diálogo sobre valores, drogas,

violência.

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2.3 ENVOLVEU QUAL ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA?

Uma escola da Educação Infantil, uma do

ensino fundamental, e uma até o Ensino Médio

aplicaram o projeto de paz. Flávia Cristina Pereira

Assunpção, coordenadora do Colégio Crescer

explica:

Para a educação Infantil e os anos iniciais

do ensino fundamental a maneira de

contribuir para a construção de uma

cultura de paz é através de pequenos atos

do dia a dia, ensinando os pequenos que

temos direitos e deveres e que todos

somos responsáveis pelo mundo que nos

cerca”, (SOMOS EDUCAÇÃO, 2018).

2.4 PRAZO DE DESENVOLVIMENTO

A pesquisa mostrou escolas com projetos

curtos e outras com projetos longos, variando

muito da demanda de alunos. Uma escola de

Educação Infantil teve o projeto de paz com o

prazo de 30 dias. Uma escola de Ensino

Fundamental aplicou projeto de paz de um

bimestre, e uma escola de Ensino Médio foi

confiante planejando um projeto anual. Nessa

faixa etária se desenvolvem os níveis físico,

intelectual, emocional, psíquico e espiritual.

2.5 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR

Dos sites pesquisados três aplicaram

projetos internamente promovendo interação por

meio de brincadeiras de roda, cantigas,

coreografias com a temática de paz, mesclando

algumas disciplinas. E nos outros dois sites,

verifica-se que as escolas aplicaram projetos

interdisciplinares envolvendo os pais e

responsáveis com participação de palestras,

apresentações teatrais e musicais.

A vida dentro da escola deve ser legítima

quando todos são convocados, inclusive

a família, a resolver os conflitos que

existem dentro dela e que são reflexos do

que acontece adiante do portão. Portanto,

diante desse embasamento, uma

educação para a paz e não violência se

faz necessária e urgente quando

consideramos a formação integral do

educando e a condição atual do mundo

em que vivemos (GOMES, 2018, s.p.).

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2.6 RESULTADOS OBTIDOS

No decorrer dos projetos as escolas

relataram que desenvolveram em seus alunos

valores relativos à paz por meio de experiências

significativas entre eles e para a vida de todos do

ambiente em que convivem.

Precisamos ter em mente que somos

adultos e nossos alunos ainda estão em

processo de aquisição de conhecimentos

e de formação da sua personalidade. Por

isso, temos de “tentar” saber como “tocá-

lo”, sensibilizando-o para a construção

de valores. Cada ser humano tem sua

própria história e a cada dia constrói uma

nova página. Por este motivo, torna-se

perfeitamente acessível o poder se

remodelar com novas atitudes mais

coerentes. Todo o ser humano é passível

de se reeducar e educar os demais para a

construção de um mundo melhor

(EDUCAÇÃO PARA PAZ, 2018, s.p.).

No Projeto Cultura da Paz (2018, s.p.) foi

relatado “Acreditamos que é através de um

ambiente harmonioso que se mostra a importância

de convivermos em paz com todos. Tudo isso

possibilita a construção de um mundo mais justo e

fraterno, conscientizando que o diálogo é a melhor

forma de resolver os conflitos”.

Os alunos foram avaliados por seu

engajamento nas atividades, participação,

contribuições positivas, por colocações e

questionamentos durante as atividades. Foram

analisados em sua postura nas diferentes situações

e locais, na sua capacidade de trabalho em

pequeno e grande grupo.

A paz não é para ser trabalhada em

apenas em algumas semanas ou dias, mas

o projeto é um meio de estarmos atentos

às nossas atitudes e tentar melhora-la a

cada dia na escola e também fora dela,

porque a paz é a gente que faz no

convívio de respeito e valorização do

outro”.(PROJETO SEMEANDO A

PAZ, 2018, s.p.).

Os projetos aplicados ajudaram na

formação de cidadãos conscientes de seus direitos

e deveres em relação ao planeta e a todos os seres

humanos; por conseguinte, alunos com

consciência da necessidade de sua colaboração

para o desenvolvimento de uma cultura de paz e

não violência na escola e fora dela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua forma mais pura, a paz é silêncio

interno preenchido com o poder da verdade. É a

característica proeminente do que nós chamamos

de uma sociedade civilizada. O caráter de uma

sociedade pode ser visto por meio da consciência

coletiva de seus membros.

A escola, hoje, é um dos lugares mais

importantes para discutir a educação para a paz,

pois nela são formados cidadãos com opiniões,

atitudes e valores. Por isso deve-se discutir e

refletir sobre temas que tanto afligem a sociedade

na atualidade.

Por meio dos relatos analisados, pode-se

perceber que os projetos surgiram de uma

necessidade específica detectada em cada escola;

foram elaborados por parte da equipe gestora;

fazem-se necessários em todas as etapas da

Educação Básica; produziram os resultados

esperados e tiveram como princípio que os alunos

participassem de todos os projetos da escola

atingindo as suas famílias, trazendo-as até a

escola.

Importante destacar que a motivação foi a

busca da amenização da violência escolar, falta de

vontade e interesse dos alunos perante atividades

dirigidas pelos professores e pela falta de

tolerância de alguns professores.

Construir-se-á uma cultura de paz quando

a família, escola e sociedade caminharem juntas

no mesmo envolvimento e responsabilidade no

processo de educação, buscando a essência do ser,

o respeito mútuo. Somente quando esse tripé se

unir teremos a transformação necessária para uma

sociedade mais justa, humana e fraterna, porém,

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145

mesmo que não exista esta união, a escola não

pode se eximir de sua parte essencial neste

processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Jussara de. Promovendo a paz na escola. Disponível em:

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CURSO DE PSICOLOGIA

A ARTETERAPIA E A EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Maria Balbina de Magalhães Gappmayer

Valdimir Aparecido Rezende Pereira

1 INTRODUÇÃO

As crianças que apresentam problemas de

aprendizagem constituem um desafio para a

educação e os profissionais envolvidos com o

processo de ensino-aprendizagem. O tema

desperta a atenção de várias áreas do

conhecimento e, atualmente, é considerado uma

das grandes preocupações dos educadores que se

sentem impotentes frente à situação.

As Dificuldades de Aprendizagem (DAs)

podem ser classificadas como generalizadas

quando afetam quase todas as aprendizagens,

sendo escolares ou não escolares, e como graves

quando afetam vários e importantes aspectos do

desenvolvimento da pessoa nas áreas motoras,

linguísticos e cognitivos.

Para trabalhar com estas situações podem

ser utilizados vários métodos, entre eles a

arteterapia, que apresenta enormes possibilidades,

uma vez que usa o lúdico como uma forma de

capacitar a criança a lidar com suas próprias

dificuldades.

Este estudo de abordagem qualitativa,

pode ser classificado como descritivo, do tipo

relato de experiência e tem como objetivo geral

relatar uma vivência de estágio com crianças

atendidas pelo Centro de Referência da

Assistência Social (CRAS), em contraturno com a

escola, em um município do interior do Estado de

Santa Catarina. As crianças frequentam o ensino

fundamental público e suas idades ficam entre 9 e

12 anos. O número de crianças é variável.

Neste relato de experiência optou-se pela

utilização de recursos como desenhos em folha

sulfite, com lápis de cor, giz de cera e pintura

guache. Conforme temática do dia ou tema livre as

crianças produzem pequenos textos relacionados

aos desenhos. A leitura da produção artística das

crianças tem como base o referencial teórico da

gestalt-terapia, a partir da teoria de figura e fundo.

2 DISCUSSÕES

A criação artística é a forma de se

expressar o sentimento vivido pelo artista, aqui

pelas crianças, independentemente do tipo de arte

com que se esteja lidando, seja desenho, pintura

ou recortes e colagens. Portanto, não se configura

apenas como uma simples vivência de sentimentos

que se excede à expressão natural (psicológica) de

suas emoções.

A psicologia da Gestalt desenvolveu uma

série de conceitos aproveitados pela Gestalt

Terapia. Um deles é o conceito de figura e fundo.

Sempre que a atenção de um indivíduo se volta

para algo foca em alguma coisa chamada figura,

busca esta que se realizará sobre um fundo. A

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148

figura se caracteriza por tudo o que é olhado na

busca pelo que se precisa, mas não chama atenção,

até que o objeto procurado é encontrado. No caso

o objeto aqui é a dificuldade de aprendizado.

As atividades são praticadas

semanalmente todas às terças e quartas-feiras das

13h30min às 16h. Sempre iniciadas colocando os

assuntos em dia, sobre o que fizeram no fim de

semana. A cada encontro é escolhida uma temática

trazida pelas crianças, a partir de eventos

significativos para cada uma delas. Em seguida,

trabalha-se as pinturas e desenhos seguidos de

uma pequena história escrita pelas próprias

crianças no verso do desenho. Pouco antes de

encerrar o encontro, discute-se os trabalhos feitos

correlacionando-os com o tema abordado para ver

o nível de coerência do desenho com a história.

Esta interação é regida pelo contato que

acontece com o contexto social que favorece seu

ajustamento criativo ao meio. O desenvolvimento

sadio e contínuo dos sentidos, do intelecto, do

corpo e dos sentimentos da criança constitui a base

do seu senso de eu, de sua identidade como um ser

humano. Um senso forte de quem sou contribui

para um bom contato com o meio e com as pessoas

desse meio.

Vários estudos mostram como as emoções

podem interferir no processo de aprendizagem e

que é dever do educador mediador estimulá-las

para que a criança aprenda a desenvolver suas

habilidades expressivas e motoras. “As reações

que as emoções suscitadas no ambiente funcionam

como uma espécie de combustível para sua

manifestação” (GALVÃO, 1995, p. 64). As

emoções estão diretamente ligadas à convivência

social, à autoconfiança, ao autocontrole, à tomada

de decisões, desenvolvendo a ética, a

responsabilidade e o respeito. Wallon (1995)

propôs e defendeu que o processo de evolução

depende tanto da capacidade biológica do sujeito

quanto do ambiente que o afeta de alguma forma.

O sujeito nasce com um equipamento orgânico

que lhe dá determinados recursos, mas é o meio

que vai permitir que essas potencialidades se

desenvolvam. Wallon (1995, s.p.) diz que:

[...] para quem não separa

arbitrariamente comportamento e as

condições de existência próprias a cada

época do desenvolvimento, cada fase

constitui, entre as possibilidades da

criança e o meio, um sistema de relações

que os faz especificarem-se

reciprocamente. O meio não pode ser o

mesmo em todas as idades. É composto

por tudo aquilo que possibilita os

procedimentos de que dispõe a criança

para obter a satisfação das suas

necessidades. Mas por isso mesmo é o

conjunto dos estímulos sobre os quais

exerce e se regula a sua atividade. Cada

etapa é ao mesmo tempo um momento da

evolução mental e um tipo de

comportamento.

A emoção, por ser mais visível que as

outras duas manifestações, é tida por Wallon

(1975) como a forma mais expressiva de

afetividade e ganha destaque em suas obras. Neste

sentido, ao observar as reações emotivas pode-se

encontrar indicadores para analisar as estratégias

para serem usadas em sala de aula.

Esta prática de estágio com crianças no

CRAS permitiu constatar que as crianças são

receptivas ao recurso. Desenhar e tentar descrever

o desenho ou escrever algo sobre o desenho,

evidencia a pouca familiaridade que as crianças

possuem com letras, sílabas, palavras e frases

conforme as bases da língua portuguesa. Na

maioria dos casos, estas dificuldades estão

relacionadas também à dinâmica familiar e

instituição escolar. Como fundamenta Gandim

(1995, p. 42):

A área da educação nem sempre é

cercada somente por sucessos e

aprovações. Muitas vezes, no decorrer do

ensino, nos deparamos com problemas

que deixam os alunos paralisados diante

do processo de aprendizagem, assim são

rotulados pela própria família,

professores e colegas.

Porém existem causas relacionadas a

aspectos intrínsecos da criança ou até mesmo

deficiências cognitivas. Algumas não sabem nem

escrever o próprio nome. A isso, Novaes (1980, p.

119) enfatiza que:

É importante que todos os envolvidos no

processo educativo estejam atentos a

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essas dificuldades, observando se são

momentâneas ou se persistem há algum

tempo. As dificuldades podem advir de

fatores orgânicos ou mesmo emocionais

e é importante que estejam descobertas a

fim de auxiliar o desenvolvimento do

processo educativo, percebendo se estão

associadas à preguiça, cansaço, sono,

tristeza, agitação, desordem, dentre

outros, considerados fatores que também

desmotivam o aprendizado.

É importante salientar que essas

dificuldades podem ser passageiras, menos

duradouras, e mais ou menos intensas. No entanto,

podem levar alunos ao abandono da escola, à

reprovação, ao baixo rendimento, ao atraso no

tempo de aprendizagem ou mesmo à necessidade

de ajuda especializada. A maioria das crianças do

grupo pesquisado, de acordo com relatos da

equipe do CRAS, apresentou visível melhora no

comportamento das crianças atendidas,

diminuindo inclusive alguns comportamentos

como a agitação e melhorando a atenção nas

atividades realizadas. Além disso, as crianças se

mostram mais animadas e pensam em um dia

poder escrever a sua própria história.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da arteterapia em crianças

que apresentam diferentes dificuldades de

aprendizagem possibilitou, durante o estágio no

CRAS, vivenciar a possibilidade que estes

recursos oferecem no desenvolvimento delas.

Percebeu-se que é fundamental articular os

métodos tradicionais de aprendizagem com

atividades artísticas, condizentes com a realidade

sociocultural dos alunos, para que se tenha um

resultado efetivo.

Além disso, o grupo de crianças que

utilizou os recursos de arteterapia apresentou uma

sensível melhora, não só a nível das dificuldades

de aprendizagem, mas também no

comportamento, diminuindo agitação e

apresentando maior concentração durante as

atividades realizadas.

A arteterapia é um recurso que por si só já

é terapêutico, além de possibilitar à criança um

espaço de atenção e de proximidade afetiva,

criando uma atmosfera de cuidado e segurança

emocional.

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CURSO DE PSICOLOGIA

DECORRÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM PROFESSORES NO SISTEMA

DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

André Luiz Thieme

Elisângela Neves

1 INTRODUÇÃO

A profissão docente está presente além

dos espaços educacionais tradicionais, como

escolas, universidades, creches, porém, grande

parte da sociedade desconhece o exercício

profissional do educador nas penitenciárias. Dessa

forma, ignora-se a importância de sua prática nas

instituições de privação de liberdade. Este

trabalho visou discutir a prática docente no

sistema de privação de liberdade em uma

penitenciária do litoral catarinense e investigar se

há casos de afastamento por decorrências

psicológicas dos educadores atuantes nessa

instituição.

2 DISCUSSÃO

Conforme Seligmann-Silva (2011), os

docentes estão entre os profissionais que

apresentam maior índice da Síndrome de Burnout

e a cada dia há mais incidências da síndrome entre

os educadores. Apontado como umas das

principais causas de afastamento de educadores de

suas funções profissionais, a Síndrome de

Burnout, ou esgotamento profissional, refere-se a

um fenômeno psicológico que ocorre no ambiente

de trabalho e é composto de exaustão emocional,

despersonalização e baixa realização profissional.

Dessa forma, a prática profissional, antes

prazerosa, passa a ser desgastante e exaustiva,

devido à síndrome.

A coleta de dados foi realizada com nove

professores, quatro afastados e cinco docentes

atuantes no sistema prisional. Os educadores

pesquisados têm em média um ano e meio de

atuação no sistema carcerário, e a eles foram

atribuídos nomes fictícios. Durante a entrega dos

questionários houve o desligamento de dois

professores participantes da pesquisa que, depois

de afastados, não retornaram suas respostas ao

estudo.

Além do questionário foi utilizado nesse

estudo o Maslach Burnout Inventory (MBI-GS),

um instrumento que avalia a vivência do

trabalhador em suas três dimensões: exaustão

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emocional, realização profissional e

despersonalização (CARLOTTO; CÂMARA,

2004).

Os resultados encontrados pelas respostas

dos professores atuantes ao MBI foram: exaustão

emocional (1,93), realização profissional (3,28) e

despersonalização emocional (1,49). Já nos

docentes afastados para exaustão emocional foi

encontrado o escore de 3,22 para exaustão

emocional, para realização profissional o valor é

de 3,00 e a despersonalização emocional

correspondeu ao valor de 2,13.

Carlotto e Câmara (2004), pesquisaram a

confiabilidade do inventário MBI-GS com

docentes e encontraram os valores de 6,61 para

exaustão emocional, índice alto quando

comparados com a presente pesquisa. Já o fator de

realização profissional foi de 2,22 no estudo dos

mesmos autores, o que demonstra que os docentes

do sistema de privação de liberdade apresentam

um grande escore de realização profissional, o que

difere com os docentes pesquisados no estudo de

Carlotto e Câmara (2004). Porém, o fator de

despersonalização emocional, foi de 1,47 valor

este, relativamente semelhante tanto no presente

estudo, quanto entre os docentes do ensino

fundamental, pesquisados por Carlota e Câmara

(2004).

Por meio dos resultados, identificou-se

maiores escores no fator exaustão emocional entre

os docentes afastados em relação aos professores

atuantes no sistema de privação de liberdade.

Portanto, a tensão no ambiente de trabalho é uma

das causas de exaustão emocional e, conforme

Seligmann-Silva (2011), pode ser motivo de

afastamento dos professores, inclusive no sistema

carcerário. O fator de despersonalização é maior

entre os docentes afastados do que nos atuantes.

Para o fator de realização profissional, o

índice encontrado é semelhante em atuantes e

afastados. Dessa forma, os resultados encontrados

para o fator da realização profissional,

caracterizam a grande dedicação profissional dos

docentes no sistema de privação de liberdade no

exercício do seu ofício, portanto, demonstraram-

se realizados com seu trabalho.

O questionário descritivo apresentou que

os professores têm o mínimo de dois e máximo de

vinte e três anos de atuação profissional e muitos

deles atuaram desde a educação infantil até Centro

de Educação de Jovens e Adultos (CEJA). As

respostas dos docentes sobre a ausência de

preparação para atuar no sistema foram unânimes,

salvo um sujeito que afirmou ter recebido

preparação para atuar no contexto carcerário e que

também recebe apoio psicológico quando

necessário.

Já em questões que visavam saber sobre a

possível ressocialização dos reclusos, muitos dos

docentes responderam que o professor tem grande

responsabilidade já que são mediadores de uma

segunda chance aos apenados, de uma nova

oportunidade. Conforme eles, os reclusos

aprendem com facilidade e interagem de forma

atenciosa com os docentes, isso se pode constatar

na fala de Ângela docente do sistema de privação

de liberdade:

A educação é a base. Percebo a cada

prova eles se esforçando mais para

atingirem uma nota mais alta,

melhorando a letra e usando palavras

diferentes para uma boa escrita. Uma

possibilidade de se colocar no mercado

de trabalho quando estiverem em

liberdade.

De acordo com Santos (2015), a educação

no ambiente prisional deve contemplar a

conscientização para que ocorra a transformação

por parte dos detentos, fazendo-os compreender

seus direitos e seus deveres enquanto cidadãos. O

sentimento de responsabilidade por parte dos

professores, da mediação de novas oportunidades

aos reclusos por meio do estudo, da

ressocialização do apenado, é revelada pela fala do

educador prisional Pedro:

A educação dentro do sistema prisional

contribui muito, desde que o docente

desenvolva um bom trabalho

acrescentando algo de bom na vida dos

internos, mostrando exemplos de vida.

Mediante as atribuições dos docentes no

ambiente de privação de liberdade, Julião (2010),

afirma que o professor é responsável por ampliar

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o acesso cultural em geral dos apenados; também

é responsabilizado pela formação de sujeitos

autônomos, no auxílio da recuperação da

autoestima dos reclusos, proporcionando, dessa

maneira, oportunidades para o detento retornar à

sociedade.

Em relação à experiência prática como

professor de apenados, todos os pesquisados

demonstraram que o exercício da função no

sistema carcerário é único, que o ofício a esse

público é desafiador, porém motivador. Citaram a

receptividade dos reclusos, o esforço que os

detentos demonstram em relação ao ensino-

aprendizagem, o respeito com que os reclusos

tratam os professores no contexto prisional. Os

docentes relataram que mesmo em um ambiente

altamente estressor, com materiais pedagógicos

restritos, gostam de ministrar ali suas aulas, pois

os alunos detentos participam das aulas, aprendem

os conteúdos. Além da remição de pena, muitos

deles conseguem visualizar o estudo com uma

nova possibilidade de vida. E os professores

percebem uma grande relevância em seu ofício, já

que por meio dos educandos são potencializados

esse processo ensino-aprendizagem.

De acordo com os sujeitos pesquisados, a

forma de ingresso para atuação no sistema de

privação de liberdade se dá por chamada pública,

processo seletivo e, no caso dos cursos

profissionalizantes, o docente é contratado pelo

comitê pedagógico do sistema prisional. Os

docentes sugerem que no ato da contratação dos

educadores prisionais, seja realizado uma triagem

com um psicólogo, uma aplicação de provas

específicas sobre o ofício do docente penitenciário

o que, ao olhar dos professores, poderia promover

mais preparação para atuar no contexto com os

reclusos já que se trata de um ambiente tenso e que

mexe com as emoções desses profissionais.

A pesquisa também evidenciou o

descontentamento de alguns docentes com a

gestão educacional do Estado, responsável pela

contratação dos professores no sistema de

privação de liberdade. Conforme os participantes

da pesquisa, eles são contratados sem muitas

informações sobre a atuação no sistema com os

reclusos; também não há preparação psicológica

aos professores para atuar nesse contexto e quando

afastados do sistema, são desligados do ofício sem

entrevista de desligamento. Portanto, há

insuficiência de informações tanto na entrada,

quanto na saída do trabalho no sistema

penitenciário.

Por meio do questionário foi possível

compreender que os docentes não se reconhecem

com problemas psicológicos decorrentes do

ambiente de trabalho. Três sujeitos da amostra

responderam direcionando o apoio psicológico

para os detentos e não a eles. Mas quando

questionados sobre a possível oferta de apoio

psicológico para eles, todos os participantes

afirmaram que buscariam o apoio para aprimorar

o seu intelecto, para reforçar a sua bagagem e

melhorar as suas aulas. Na preparação emocional

Maria acredita que o apoio psicológico seria um

auxílio relevante, pois em sua fala assim afirma:

Buscaria apoio psicológico para ajudar

com a preparação emocional e para

auxiliar já que esse “tipo” de trabalho

tem sua singularidade.

Mediante os resultados obtidos, sugere-se

como possibilidade de auxílio aos professores no

contexto carcerário, a atuação do psicólogo

educacional no sistema de privação de liberdade,

pois de acordo com Andoló (1984), o psicólogo

educacional promove mudanças dentro das

instituições e seu trabalho visa conscientizar os

papéis dos componentes dos grupos que compõem

a instituição.

Portanto, o psicólogo educacional pode

atuar apoiando os educadores tanto nos aspectos

emocionais, quanto colaborando para que ocorra

uma comunicação efetiva e eficiente entre os

contratantes, professores, coordenação

pedagógica, agentes penitenciários e todo o grupo

de funcionários atuantes no sistema penitenciário.

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154

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi de extrema relevância para

compreender o contexto emocional e o ofício dos

professores no sistema prisional. A pesquisa

realizada é de cunho social já que por meio do

professor, nas situações de privação de liberdade,

o recluso tem a possibilidade de aprender novos

saberes, conquistar novas oportunidades de

ressocialização. Ademais os docentes se sentem

responsáveis socialmente pelas conquistas dos

apenados.

Mediante tais considerações caracterizou-

se o perfil dos docentes de reclusos no sistema de

privação de liberdade, com índices de alta

realização profissional, portanto, a hipótese da

pesquisa foi refutada, já que não há indícios da

Síndrome de Burnout, porém ficou identificada a

exaustão emocional moderada entre os docentes

afastados.

Infere-se que a exaustão emocional

apresentada não se dá somente pelo ambiente

estressor de trabalho, mas, em parte, pela

insatisfação dos docentes com a gestão

educacional do Estado que os contrata. Essa

análise está fundamentada por meio das sugestões

dadas pelos professores que indicaram que

deveriam ter uma ampla preparação para atuar e

também no desligamento de seu ofício no sistema

de privação de liberdade.

Durante a coleta de dados, dois

profissionais foram afastados, dessa maneira,

evidenciou-se que há rotatividade de professores

no sistema de privação de liberdade, o que

infelizmente esse estudo não conseguirá relatar os

motivos pelos quais os professores são afastados.

Dessa forma, sugere-se que mais pesquisas sejam

realizadas com os docentes do sistema de privação

de liberdade, pois ainda há falta de conhecimento

sobre o trabalho dos professores nesse contexto e,

a partir da presente pesquisa, se abrem novas

perguntas, tais como: Por que o sistema de

privação de liberdade não disponibiliza o

atendimento psicológico aos educadores

carcerários e aos demais colaboradores do

sistema? Por que depois de afastados, os docentes

apresentaram índices de exaustão emocional?

Essas indagações devem ser investigadas,

ampliando dessa maneira, o conhecimento do

trabalho realizado pelos professores do sistema

carcerário, bem como, diferentes demandas

decorrentes do seu ofício.

Os resultados obtidos neste trabalho

levam a concluir que os professores prisionais se

sentem grandiosamente realizados

profissionalmente, pois percebem quão grande é a

importância do seu trabalho com os reclusos. Eles

sabem que o conhecimento educacional

transmitido para seus alunos detentos pode ser

uma ferramenta de relevância para o apenado e

para toda a sociedade, já que o objetivo da

educação dentro do sistema de privação de

liberdade é que o sujeito receba uma nova

oportunidade de redimir-se de seus erros.

Portanto, os educadores sentem-se realizados

profissionalmente, pois além da educação

exercem um papel social significativo.

Por meio desse estudo foi possível

compreender que os docentes do sistema de

privação de liberdade são um dos principais

potencializadores da ressocialização dos

apenados, pois o professor é um mediador

educacional e suas atribuições não se limitam ao

pedagógico, pois também são referências de vida

aos reclusos ao possibilitarem que o apenado

tenha uma segunda chance por meio do estudo.

Esses profissionais também contribuem

para que o recluso recupere sua autoestima,

portanto cabe inferir que o docente do sistema de

privação de liberdade deve ser respeitado,

capacitado e, principalmente, valorizado tanto em

seu estado profissional, quanto emocional. A

preparação para atuar no cárcere deve ser realizada

de forma eficiente e seu desligamento também

deve ser conduzido de forma respeitosa, pois o

trabalho que os professores prestam é para além

das ‘celas de aulas’ e cabe então que os docentes

se sintam apoiados em todas as suas necessidades.

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CURSO DE PSICOLOGIA

CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA

CONSTRUÇÃO DA CULTURA DE PAZ NAS ESCOLAS: UM DIÁLOGO

NECESSÁRIO

Débora Araújo

Douglas Assayag

Eliz Marine Wiggers

1 INTRODUÇÃO

Em muitos lugares do mundo, estamos

vivenciando um período de muito interesse e

empenho na luta de paz no ambiente escolar.

Muitos autores, como o francês Célestin Freinet; a

italiana Maria Montessori e o brasileiro Paulo

Freire, trazem contribuições em seus escritos para

uma cultura de educação para paz. Para explanar

tal tema, o artigo buscará trazer contribuições da

psicologia da educação para a construção da

cultura de paz nas escolas, na perspectiva

Vygotskiana, na tentativa de se entender esse

diálogo necessário.

Cabe ressaltar que a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação brasileira também se pauta na

perspectiva de Lev Vygostski. Este tema foi

elaborado a partir do tema proposto para a Semana

de Iniciação Científica da Faculdade Avantis:

“Educação para paz e excelência educativa”. Com

base em pesquisa bibliográfica sobre o tema foram

observados os seguintes aspectos: a cultura de paz

se desenvolve na interação entre os sujeitos, a

linguagem torna-se um instrumento para

desempenhar a paz e a psicologia da educação tem

sido um fundamento necessário nessa luta. Para

levar a termo a discussão, dá-se ênfase ao diálogo

nesse processo educativo para a paz.

2 DISCUSSÕES

O ponto de partida deste artigo foi uma

pesquisa bibliográfica e lendo artigos para

entender sobre a cultura da paz em diversos países,

por meio da pesquisa sobre o contexto da

educação, descobrimos uma relação entre a

psicologia da educação e a construção da cultura

de paz no ambiente escolar. A paz recebeu, ao

longo do tempo, vários pensamentos que

abrangem desde sentimentos individuais e estados

de ordem e defesa nacional, vindo a retratar sob

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uma perspectiva atual, um fenômeno amplo que

reflete as relações sociais (DUSI, 2006).

Cabe salientar que surge uma necessidade

de se educar para uma cultura de paz em

interlocução com a comunidade local e

internacional. O contexto de degradação do meio

ambiente, da economia e da cultura, fez a

humanidade sentir-se violada naquilo que é mais

importante: a vida e a fragilidade do ser humano,

levando a sociedade a criar uma agenda ética

comum. A temática da paz emerge como clamor

universal (CÉSAR, 2011).

Assim, a construção da cultura de paz

apresenta-se como processo dinâmico,

bidirecional, cuja construção assume caráter

coletivo e singular de transformação social, que

perpassa a história da humanidade (DUSI, 2006).

“A educação e a instituição escolar assumem,

nesse contexto essencial função junto à formação

de indivíduos pacíficos e agentes de

transformação social, construindo no processo de

construção da paz em sua abrangência social e

individual” (DUSI, 2006, p. 6). Portanto, a escola

é um campo privilegiado de convívio e

aprendizagem e contempla a articulação entre as

considerações teóricas acerca da educação para

paz.

Após o término das guerras mundiais,

políticos, educadores e cidadãos em geral

consideraram o sistema educativo com poder de

influenciar os sujeitos para a prevenção da paz por

meio de uma formação humana capaz de

minimizar as tensões e as marcas da violência

deixadas pela guerra. Desse modo, a educação

para a paz insurge como um instrumento para a

realização de uma cultura de paz, com o alvo de

libertar o sentido da humanidade e o convívio em

sociedade. “Educar para a paz é tarefa mundial,

exigência indiscutível, componente essencial dos

programas educativos e dos currículos de todas as

escolas” (CESAR, 2011, p. 3). A cultura de paz no

ambiente escolar apresenta-se como um consenso

de humanização, assim a paz é vista como um

processo em ação e um grande movimento em

curso, muito mais do que uma meta a ser

alcançada (GUIMARÃES, 2009).

Como se verifica, a psicologia da

educação estuda os fenômenos educativos

buscando a sua compreensão e explicação, mas

também aborda o planejamento de ações

educativas mais enriquecedoras e eficazes e

dispende esforços para resolver as dificuldades e

os problemas que surgem de mudanças

intrapessoais e dos conhecimentos relativos aos

processos de comunicação interpessoal (COLL et.

al, 1999).

O alvo fundamental da psicologia da

educação é empregar e aplicar os conhecimentos,

os princípios e os métodos da psicologia para a

análise e os estudos dos fenômenos educativos. A

educação, além de estar vinculada a processos de

mudanças intrapsicológicas, requer a

comunicação e a relação interpessoal para ser

eficaz (COLL et. al, 1999).

Para César (2011) a educação para a paz é

uma alternativa ímpar na concretização da “Escola

para toda a vida”, ou seja, uma escola que deixe

marcas relevantes na vida pessoal e social dos

educandos. Assim, defende-se que sua

concretização passa pela efetivação da ética nas

relações. A psicologia da educação assume-se

como campo favorável à construção de estratégias

que visam a construção da cultura de paz na escola

por meio de articulação entre os autores escolares

e da criação de espaço para a ressignificação desta

relação entre estes. Portanto, a psicologia da

educação é uma área do conhecimento que visa,

em conjunto com os demais profissionais da

escola, o sucesso escolar em sua totalidade (DUSI,

2006).

“A cultura da paz se desenvolve e se

estabelece precisamente na interação e no jogo

entre os sujeitos, a linguagem torna-se por

excelência, o instrumento de operar paz”

(GUIMARÃES, 2009, p. 8). Ela se constrói

cooperativamente no diálogo, na comunicação e

no intercâmbio entre indivíduo e sociedade que

estão historicamente contextualizados. Isso

acontece porque os sentidos não são estabelecidos

individualmente, mas se estabelecem por meio do

jogo inter-relacional. Para Guimarães (2009), há

um déficit na nossa civilização ocidental naquilo

que se diz a respeito a compreender e dialogar,

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pois com isso a sociedade se constitui com uma

verdadeira carência comunicativa.

O diálogo é a força que impulsiona o

pensar crítico-problematizador em

relação à condição humana no mundo.

Através do diálogo podemos dizer o

mundo sendo nosso modo de ver. O

diálogo implica uma práxis social, que é

o compromisso entre a palavra dita e a

nossa ação humanizadora. Essa

possibilidade abre caminhos para

repensar a vida em sociedade, discutir

sobre nosso ethos cultural, sobre nossa

educação, a linguagem que praticamos e

a possibilidade de agirmos de outro

modo de ser, que transforme o mundo

que nos cerca (STRECK; REDIN;

ZITKOSKI 2008, p. 130).

Neste mesmo propósito, autores de

diversos lugares do mundo trazem contribuições

sobre a cultura da paz como Maria Montessori,

que é italiana e referência na conceituação e na

difusão da escola da paz, sendo que concede à

educação a esperança de ser a única possibilidade

de desaparecimento da guerra. Mediante tais

colocações, a autora afirma que a educação é a

arma da paz e construir a paz é obra da educação.

A esse respeito, cabe considerar que

Celestin Freinet, francês, traz como seus

princípios uma cultura de educação para paz,

abrangendo a cooperação, a integração, a

aceitação da diversidade individual e cultural.

Nesta mesma direção, Paulo Freire, brasileiro,

deixou grande contribuição para a prática

educativa, coordenada aos propósitos da educação

para a paz por incentivar o posicionamento e a

responsabilidade dos educandos e educadores

frente ao desenvolvimento social. Como autor

contemporâneo dessa realidade de violência,

inspira propostas pedagógicas para a formação

cidadã a partir do cultivo do diálogo. Não basta

simplesmente ‘ensinar’ a paz, por meio de

expressões e argumentos intelectuais. É preciso

tocar o ser, as emoções, os sentimentos. Isso

requer o equilíbrio interior entre o corpo, as

emoções e a mente. Também entre a vida física,

emocional e intelectual (CESAR, 2011, p. 4).

Nesta concepção, a abordagem

Vygotskiana considera que o ser humano se

constitui social e historicamente, e por meio de um

processo em que a cultura é parte essencial na

construção das funções psicológicas superiores

que envolvem o controle consciente do

comportamento, a ação intencional, a memória

lógica, a atenção voluntária e a organização da

linguagem. Dessa forma, sob uma perspectiva

dialética, o indivíduo transforma e é transformado

pela cultura (DUSI, 2006).

Por considerar que a aprendizagem deve

ser orientada para o futuro e não para o passado,

Vygotsky atribui papel essencial à escola, por

considerar os anos escolares um período propício

para o aprendizado de operações que favorecem a

consciência, o controle deliberado e o

desenvolvimento das funções psicológicas

superiores em amadurecimento (DUSI, 2006).

Na perspectiva Vygotskiana, o sujeito

assume-se como co-construtor de seu

desenvolvimento e dos contextos socioculturais

nos quais se insere, já que os indivíduos assumem

papel ativo e construtivo da cultura de paz por

meio de postura pacífica de convívio, a despeito

das condições avessas que possam interferir no

processo, certos que a educação pode e deve fazer

a diferença diante aos desafios sociais.

A educação para a paz implica em uma

educação comprometida com a vida, baseada no

respeito à dignidade humana, na igualdade, na

justiça e na fraternidade. A paz é algo que se

aprende, na família, na escola, na sociedade

(CÉSAR, 2011). Portanto, desenvolver dentro das

escolas a capacidade de diálogo, trata-se de um

meio no qual se pode conseguir um laço humano,

pois se não aprendemos a compreender o outro, a

estabelecer com ele, relações de solidariedade e

parceria, não poderemos realizar as tarefas

essenciais da humanidade, já que a educação para

a paz se inicia por meio de relações entre os

membros da comunidade educativa.

A ação educativa tem sido um exercício

limitado e frágil, mas é essencial. Assim, educar

para a paz não se constitui na realização de um

montante de ‘atividades corriqueiras’, mas no

tocante à formação de pessoas em uma lógica de

construção. Há que se conceber a paz não como

um valor abstrato ou isolado. É necessário

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descobrir suas raízes concretas no contexto

cultural, buscando compreender, interpretar,

propor e instaurar em todos os níveis da educação

uma cultura de paz (CÉSAR, 2011). A cultura de

paz só pode se estabelecer quando as escolas

forem um lugar para diálogo, um espaço para

cultivar o cuidado com todos, onde a meta

individual e coletiva seja a paz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do conhecimento dos programas

de cultura de paz nas escolas e participar de

movimentos, congressos e noites científicas para

contribuir para formação de projetos já é o

primeiro passo que cada um pode fazer para

alcançar a educação para a paz nas instituições

escolares. Percebe-se nessa pesquisa que a

educação é um pilar fundamental para o

desenvolvimento do ser humano, não só no modo

intelectual, mas sim social e psicológico, sendo

uma ferramenta necessária na redução das

diversas formas de violência escolar.

Verificou-se também que a escola deve

promover atividades e projetos que visem mediar

relações humanas com a comunidade,

possibilitando uma relação positiva com todos os

colaboradores da escola. Outro ponto necessário

para a transformação dessa realidade é

desenvolver dentro das escolas a capacidade de

diálogo, como um instrumento no qual se pode

conseguir um novo modo relação para se viver

sem violência.

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CURSO DE PSICOLOGIA

PSICOLOGIA ESCOLAR: UMA FERRAMENTA PARA EDIFICAÇÃO

DA CULTURA DE PAZ NO CAMPO DA EDUCAÇÃO

Cláudia Maria Petri

Daniela Otávio Rodrigues

Juliana Colione

Ludimila Lays Cavalcante

1 INTRODUÇÃO

A escola enquanto instituição

fomentadora do desenvolvimento da

subjetividade dos indivíduos se apresenta como

sendo um dos meios e espaços promotores da

construção da cultura de paz declarada pela

Organização das Nações Unidas (ONU). Tal

proposta faz interface com a psicologia, pois essa

é uma área que engloba conhecimentos do

processo escolar e indica concepções e

estratégias no campo de intervenção e prevenção,

sendo promotora de reflexões e ações auxiliares

na edificação da cultura de paz nas instituições

escolar.

O bullying, fenômeno que engloba

dimensões psicológicas e sociais, se demonstra

como sendo umas das expressões de violência

social que se perpetuam em diversos espaços,

inclusive no meio digital - nesse contexto

intitulado cyberbullying - mas que na escola

adquire características particulares que

abrangem diversificadas expressões de

intolerância e, portanto, possibilita reflexões

morais para além do combate à ocorrência da

violência. Para tanto, se fez uso de uma pesquisa

bibliográfica acerca do bullying e suas esferas e

caminhos que a psicologia pode trilhar para

contribuir com a implementação da cultura de

paz.

2 DISCUSSÕES

À escola, enquanto instituição formativa,

compete a tarefa da promoção da paz, de sua

vivência e difusão por meio de metodologias

específicas, bem como através de ações efetivas

que representem as práticas preconizadas no

Princípio 7º da Declaração dos Direitos das

Crianças (BRASIL, 1959), que diz “Ser-lhe-á

propiciada uma educação capaz de promover a

sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de

iguais oportunidades, desenvolver as suas

aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu

senso de responsabilidade moral e social, e a

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tornar- se um membro útil da sociedade”.

O compromisso de elaboração da cultura

de paz tem como finalidade sobrepor a paz e a

segurança, por meio da educação, com auxílio das

nações. Contudo, em relação à visão geral, a paz

não é apenas reconhecida como a ausência de

conflitos, mas também como um conjunto de

atitudes, comportamentos, valores morais e éticos,

constituídos com base no respeito mútuo,

promovendo a autotransformação e a mudança

social (DUSI; ARAUJO; NEVES, 2005).

Dentre as facetas de violências as quais é

preciso enfrentar, o bullying se torna inequívoco.

Ele pode transcorrer em inúmeros espaços, mas

é no ambiente escolar onde sua prática é mais

comum e pode aderir sérias consequências de

caráter moral e emocional. O bullying, em suas

dimensões, envolve esferas psicológicas e

sociais; se trata de divisões hierárquicas que se

relacionam com a personalidade promovida por

esta hierarquia. Os indivíduos são julgados por

categorias sociais, intelectuais, religiosas. Estas

proposições não são exclusivas da escola, mas

devem ser coerentes com a sociedade

(CROCHÍK, 2012).

O fenômeno bullying é caracterizado

pela persistência e intencionalidade da agressão

que pode ocorrer por meio de agressões físicas

diretas, verbais diretas e agressões indiretas,

prática que ocorre sem provocações, de

diferentes modos, concernente com a

desigualdade de poder que suscita em conceder

papéis diversificados entre agressores e vítimas

(ZEQUINÃO et al., 2016)

O preconceito e a perseguição aos

considerados frágeis se reproduz em diversos

âmbitos. Características apontadas como

fragilidade que são culturalmente

desvalorizadas, tais expressões de violências

sociais, no cenário escolar adquirem

características específicas. (CROCHÍK, 2012).

As consequências podem ser de carácter

de curto ou longo prazo. Entre as emocionais

podemos destacar o impacto na autoestima,

bloqueio ou dificuldades em lidar com

sentimentos, medo, solidão, baixo rendimento

escolar, e pode ainda abranger consequências

psiquiátricas como ansiedade, depressão ideação

suicida (ALBUQUERQUE; WILLIAMS;

D’AFFONSECA, 2013).

A contemporaneidade, com a

incorporação da internet, possibilitou a

transgressão da violência por meios

eletroeletrônicos. Sendo assim o bullying toma

uma nova vertente, o cyberbullying ou bullying

eletrônico, onde o agressor se utiliza desse meio

para ameaçar, assediar, constranger e humilhar,

ou até mesmo simular ou violar a senha da

vítima. O agressor se acoberta e simula sua

identidade podendo assim acentuar a

vulnerabilidade da vítima, bem como multiplicar

as agressões e número de espectadores

(WENDT; LISBOA, 2013).

A ansiedade, o abuso de substâncias

psicoativas, depressão, ideação suicida, entre

outros fatores podem acarretar a vida dos

indivíduos que sofrem com o bullying e o

cyberbullying, demonstrando, dessa forma,

como estes são de prejuízo significativo para o

desenvolvimento de quem os sofre (WENDT;

LISBOA, 2013).

A solução para tal problemática não é

algo alcançada facilmente, pois se trata de um

fenômeno de causas ambíguas. Intervenções

efetivas carecem de um trabalho coletivo,

paciente e ferrenho. Mudanças podem ser

promovidas por meio de uma relação com os

alunos, participação dos pais e comunidade, bem

como envolvimento da escola e professores, uso

e percepção do espaço físico, objeções que a

psicologia escolar tem competências para

contribuir.

A psicologia é uma ciência que

possibilita diversos campos para atuação do

profissional. Entre seus ramos de atuação temos

a psicologia escolar/educacional. A psicologia

educacional é uma das áreas de atuação do

psicólogo e tem por objetivo a produção de

saberes concernente ao fenômeno psicológico

constituinte do processo educativo. A psicologia

escolar refere-se a um campo de atuação

específico: o processo de escolarização; tendo

como objeto a escola e as relações ali formadas.

Sua atuação é fundamentada no conhecimento

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obtido da psicologia da educação e em outras

subáreas da psicologia (ANTUNES, 2008).

Neste sentido, a psicologia escolar se faz

presente nas questões educacionais relacionadas

à promoção de paz, a constituição de uma nova

visão de igualdade social, sem distinção ou pré-

julgamentos instituídos pela sociedade. A cultura

da paz é instaurada pela psicologia escolar no

contexto da instituição educativa, na vivência da

comunidade e construção de relações baseadas

no respeito, na diversidade e na empatia (DUSI;

ARAUJO; NEVES, 2005).

O psicólogo, neste contexto, é o

profissional que desenvolve um trabalho

interdisciplinar com ênfase nas relações

interpessoais. De maneira simplória atua como um

facilitador das relações tendo como desafio a

quebra do modelo individualista e médico que

abrangem o campo escolar. Contudo, com a visão

de trabalho multidisciplinar, o psicólogo escolar

trabalha em junção com os alunos, professores,

coordenadores, pais e responsáveis em prol do

bem-estar, da promoção da paz e das boas relações

humanitárias (MEDEIROS; AQUINO, 2011).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Promover cultura de paz abrange uma

percepção acerca do contexto o qual está sendo

inserida, pois se trata de comportamentos que são

culturalmente perpetuados entre as gerações, e

para intervir deve ser olhada a realidade onde vai

ocupar-se. A instituição escolar é permeada de

desafios e compromissos, e a psicologia,

enquanto fomentadora de concepções, ações e

estratégias, é capaz, por meio do trabalho

interdisciplinar, de contribuir para a efetivação

da paz.

Trabalhar a violência se torna emergente

para alcançar a paz visto que este é o fator que

ocorre em todas as classes sociais e pode ser

considerado como um obstáculo a ser enfrentado

por todos e, portanto, se faz preciso explorar as

causas dentro e fora do ambiente escolar. O

bullying, devido as suas facetas, engloba

diversos fatores que vem ao encontro com uma

gama de conflitos da atualidade.

Além das intervenções pautadas nos

conflitos já existentes, trabalhar para prevenção

é um caminho promissor para o protagonismo da

paz. O psicólogo escolar, nesta acepção, tem

como obstáculo a quebra do estigma de prática

calcada na psicopatologia e problemas de

aprendizagem, deve-se considerar seu caráter

político, transformador e construtor de soluções.

Por fim, trabalhar com o conjunto

escolar é complexo, entretanto, possível. Por

intermédio do diálogo, das dinâmicas, do

respeito mútuo, a paz pode ser alcançada, afinal,

as discórdias germinam na cabeça do homem,

logo é na mente deste que a paz deve ser

semeada, e para isso deve-se atentar às diferenças

individuais, sem renunciar a coletividade.

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CURSO DE PSICOLOGIA

FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO

DE UM SUJEITO CIDADÃO

Ana Paula Resende e Andrade

Fabio Noda Hasegawa

Juliana Ferreira

Sidnei Maria do Nascimento Coelho

1 INTRODUÇÃO

Com o tema “Educação para a paz e a

excelência educativa”, a Semana de Iniciação

Científica da Faculdade Avantis, edição 2018,

trouxe a oportunidade de discutir as práticas e o

método de ensino utilizado no primeiro semestre

da graduação em Psicologia da referida

instituição, por meio dos trabalhos produzidos

pelos acadêmicos, identificando e analisando as

abordagens utilizadas pelos docentes nas

disciplinas dessa etapa, visando alcançar o

objetivo geral do curso.

Compreendendo que o objetivo geral do

curso é formar profissionais aptos para atuarem

de forma crítica, social e eticamente responsáveis

no exercício de sua profissão, torna-se

importante que as discussões sobre esse tema

sejam ressaltadas e trabalhadas pelos estudantes

desde o início de sua vida acadêmica, não

somente quando ingressa no ensino superior, mas

também durante toda a sua formação.

A metodologia empregada consiste em

um relato de experiência de modo participante,

classificada como uma pesquisa qualitativa e

exploratória. A observação se concentrou em

uma atividade realizada durante as aulas da

disciplina de ‘Filosofia, Ética, Cidadania e

Direitos Humanos’, denominada de

‘autofotografia’, que proporcionou aos discentes

uma interação entre teoria e prática por meio da

linguagem fotográfica.

Entendida como o processo de ensino

aprendizagem, a educação, em todos os níveis, é

uma ferramenta significativa na construção da

cidadania que possibilita nesse processo

educacional ser abordada por uma gama

diversificada de linguagens.

Não somente professores, mas todos os

profissionais, cidadãos atuantes na sociedade,

possuem o direito e o dever, no cotidiano de seu

ofício, de exercer e incentivar a prática cidadã. A

exemplo, temos o fotógrafo mineiro Sebastião

Salgado, que por meio de suas fotografias

transmite uma reflexão de realidades conhecidas,

mas ignoradas, de modo que haja uma

visibilidade maior de tais situações, promovendo

a sensibilização social e política, auxiliando a

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discussão, o debate e a efetivação social do tema

em questão.

A Psicologia, inserida nesse mundo cada

vez mais rodeado de imagens de todos os tipos,

há algum tempo vem discutindo o uso da

fotografia em suas práticas, não somente como

uma simples plataforma de exposição, um

documento, mas como produto do ser com o

mundo, carregado de representações e

significados. Nesta perspectiva, pensamentos,

percepções e sensações, assim como outros

significantes do comportamento humano,

possuem sentido e atribuições por meio da

análise da fotografia.

Portanto, de acordo com os argumentos

supracitados, esta pesquisa tem como objetivo

analisar as relações entre a fotografia e a

Psicologia como ferramentas para a construção

da cidadania, tanto quanto discutir a importância

da educação na conscientização de um sujeito

crítico, ético e cidadão.

2 DISCUSSÕES

Com o avanço e aprimoramento da

tecnologia as reflexões sobre o ensino na

educação superior trazem à tona a necessidade de

fomentar novos mecanismos e metodologias na

prática docente de modo que o professor tenha

subsídios capazes de dar viabilidade aos

objetivos de aula. Nesse contexto, segundo

Ribeiro e Souza (2016), a análise crítica deve ser

a pauta central de uma aula perfeita e, é por meio

do método, processo e o instrumento utilizado,

que o caminho passa a ser traçado, possibilitando

direcionar a real busca do conhecimento.

Diante da nova realidade da sociedade

moderna a educação necessita reinventar-se,

produzindo abordagens e temáticas que

contemplem o aluno como um agente ativo na

construção do saber. Essa transformação deve

atingir esse novo sujeito que se apresenta

atualmente, adaptando-se a uma nova demanda

profissional, social, política e cultural. Desta

forma, o professor deve agir como mediador na

construção de um pensamento cognitivo para a

formação de um cidadão e futuro profissional

crítico e participativo, constituindo um sujeito

autônomo que seja capaz de realizar uma leitura

da realidade.

Ganha destaque, portanto, o emprego da

metodologia ativa no processo de ensino quando

concebe a construção do conhecimento a partir

da participação do aluno. Para Morán (2015),

isso só ocorre mediante atividades e dinâmicas

específicas que despertam habilidades, fazendo

emergir conhecimentos apropriados,

estimulando por meio de recompensa,

misturando a ação em grupo com o individual e

possuindo como apoio, plataformas digitais

atreladas a vários tipos de tecnologia.

Os métodos ativos são processos

interativos de ensino em que a aprendizagem

depende do aluno e, nesse caso, o professor atua

como um mediador, estimulando a

autoaprendizagem e a educação contínua por

meio de pesquisas que despertem a sua

curiosidade em apresentar propostas e soluções

relacionadas à comunidade em que se encontra

inserido (BASTOS, 2006).

Ainda sobre a construção desse novo

sujeito autônomo e participativo e mediante as

necessidades de uma construção de um olhar

crítico, a fotografia se encontra como ferramenta

de análise e interpretação das diversas

subjetividades que compõem tanto o indivíduo

quanto o seu meio, na configuração de um sujeito

consciente de seu papel como agente de mudança

dentro da sociedade.

Sob este prisma, essa forma de expressão

vem ao encontro à metodologia ativa como

suporte no ensino-aprendizagem para que

professores possam trabalhar quaisquer

perspectivas metodológicas de forma interativa.

Cita-se como exemplo a metodologia ativa,

utilizando a linguagem fotográfica, empregada

no primeiro semestre de Psicologia, em 2018, na

Faculdade Avantis, dentro da disciplina de

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Filosofia, Ética, Cidadania e Direitos Humanos,

a qual propôs uma atividade pautada na temática

‘Períodos da História da Filosofia’.

Por meio do uso da fotografia o aluno

participa das aulas, seja como produtor ou como

leitor das fotografias, ou ambos, expressando

suas opiniões em conjunto com seus colegas,

compartilhando conceitos e estimulando o

pensamento crítico, deixando de ser um agente

passivo na construção do conhecimento, dando

enfoque à importância do debate e da troca de

experiência para o desenvolvimento do sujeito,

reforçando o papel do educador que nesse

processo, de acordo com Freire (2002, p. 21),

deve “saber que ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a

sua própria produção ou a sua construção”.

A imagem fotográfica é uma forma de

comunicação visual que contribui na expressão e

reflexão da subjetividade presente no indivíduo

e na sociedade, facilitando a interlocução e

exteriorizando ideias, olhares, opiniões e

sentimentos individuais de forma não-verbal e

impregnada de emoções, dificilmente percebidas

verbalmente. Desta forma, “[...] pode-se pensar

na potência fotográfica para fins de expressão e

reflexão. Utilizar uma imagem fotográfica,

criada pelo próprio sujeito é uma das formas de

facilitar a comunicação, fazendo com que surjam

sentimentos, ainda ocultos ou inconscientes”

(ZANELATO; WERBA, 2017, p. 158).

Na Psicologia, Segundo Tittoni (2009), a

fotografia é utilizada de maneira diversa, desde a

produção de conhecimento até como um

instrumento, ferramenta ou estratégia de

trabalho. Nesta dimensão, a fotografia é dividia

em quatro funções principais, a saber: 1 - de

registro (evidencia o acontecimento); 2 - De

modelo (percepção do observador e na sua

possível interpretação) ; 3 - Feedback (avaliar a

reação dos participantes ao especificar um

tópico); 4 - Autofotografia (fotografia para

análise de conteúdo).

Durante a disciplina de ‘Filosofia, ética,

cidadania e direitos humanos’ foi proposta uma

atividade sobre a temática ‘Períodos da História

da Filosofia’ utilizando a autofotografia, a qual

consiste em selecionar e pedir a um determinado

grupo de pessoas para que tirem fotos de um

tema específico com o objetivo de avaliar e

interpretar a singularidade dos participantes,

atribuindo significado à imagem e reforçando um

importante papel da fotografia para a

psicoterapia (NEIVA-SILVA; KOLLER, 2002).

A priori, materiais sobre o conteúdo

foram disponibilizados para leitura prévia, sendo

discutido posteriormente em sala de aula. Foi

pedido para que cada grupo fotografasse nos

arredores do campus elementos geométricos que

representassem, na sua configuração, conceitos

importantes de cada período histórico da

Filosofia. Uma fotografia por período histórico

deveria ser produzida e apresentada em preto e

branco buscando um significado

contextualizado, por meio de uma perspectiva

crítica e reflexiva.

Foi feita uma exposição oral dos

trabalhos com a turma, propiciando uma

discussão acerca do conteúdo abordado,

compartilhando e exteriorizando a percepção

subjetiva de cada aluno e grupo. Com isso,

objetivou-se que os discentes tivessem uma

compreensão além da teoria, pois fizeram uma

análise crítica sobre suas próprias fotografias

além das próprias interpretações e significados

com uma atitude reflexiva e filosófica,

facilitando, a partir desta metodologia, a

comunicação, a interação e o esclarecimento de

dúvidas; visto que muitos alunos apresentavam

uma dificuldade de verbalizarem e expressarem

suas ideias, reforçando a afirmação de Neiva-

Silva e Koller (2002, p. 238), “[...] o uso da

fotografia poderia auxiliar na comunicação

destes significados, permitindo melhor

compreensão destes conteúdos [...]”.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta maneira, evidenciou-se que a

fotografia pode e deve ser utilizada como um

instrumento unificador na relação entre

Psicologia, Cidadania e Educação. Ela permite

uma leitura crítica da realidade, auxiliando a

construção de um sujeito autônomo e ético que,

para isso, deve ser conhecedor de sua realidade.

Além de representar uma forma

acessível e interativa de abordar diversos temas,

inclusive aqueles relacionados às questões de

desigualdade, preconceito e violência, a

fotografia juntamente a uma abordagem

metodológica adequada aplicada nos dias atuais

à educação, faz novamente emergir a

possibilidade de integrar uma nova forma de

discussão de problemas e desafios para a

proliferação e manutenção da paz.

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