16
SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3316 | 23 a 29 de setembro de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00 www.arquisp.org.br | A pandemia evidenciou que a acessibilidade das pessoas com deficiência não diz respei- to apenas à mobilidade, mas também à comunicação, ape- sar de já existirem muitos recur- sos e linguagens disponíveis. Páginas 8 e 9 Proposta de regulamenta- ção limita que escolas comuni- tárias, confessionais e filantró- picas pleiteiem verbas deste fundo público apenas para a educação infantil. Página 11 Localizada no Jardim Felici- dade, na zona Norte, a Paró- quia Santa Dulce dos Pobres será erigida no sábado, 26, às 18h, em missa presidida pelo Cardeal Scherer. Página 16 Pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, o Monsenhor Ân- gelo Ademir Mezzari foi ordenado bispo no sábado, 19, no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara (SC), na Diocese de Criciúma. Dom Odilo ressaltou que o novo bispo se une ao colégio episcopal para receber e compartilhar a missão dada por Jesus aos apóstolos. “Desejo viver pessoalmente esta graça que trans- forma a minha vida, muda a minha existência e me coloca em movimento, faz com que eu me doe ainda mais por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho, a serviço do Reino de Deus”, expressou Dom Ângelo, que tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar da Arqui- diocese, em 4 de outubro, às 11h, na Catedral da Sé. Página 13 Editorial Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia e da oração Bem-vindo, Dom Ângelo, para se integrar ao esforço comum da Igreja São Pio de Pietrelcina, um santo sacerdote do nosso tempo Novas propostas tão fortes como um castelo de cartas de baralho Pessoas com deficiência vivem o desafio de uma comunicação acessível Pais e instituições educativas buscam igualdade de acesso ao Fundeb Santa Dulce será padroeira de nova paróquia na periferia de São Paulo Não é sincera a religiosidade sem a prática cotidiana da vontade de Deus Página 4 Página 2 Página 5 Página 7 Página 15 Dom Ângelo Mezzari é ordenado bispo pelo Cardeal Scherer Adriana Silva/Comunicação do Santuário SCMJ Dom Ângelo Mezzari recebe a ordenação episcopal pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Scherer, no sábado, 19, na Diocese de Criciúma

Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

pessoas”, disse em entrevista, no Vaticano, na qual O SÃO PAULO esteve.Página 24

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3316 | 23 a 29 de setembro de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00www.arquisp.org.br |

A pandemia evidenciou que a acessibilidade das pessoas com deficiência não diz respei-to apenas à mobilidade, mas também à comunicação, ape-sar de já existirem muitos recur-sos e linguagens disponíveis.

Páginas 8 e 9

Proposta de regulamenta-ção limita que escolas comuni-tárias, confessionais e filantró-picas pleiteiem verbas deste fundo público apenas para a educação infantil.

Página 11

Localizada no Jardim Felici-dade, na zona Norte, a Paró-quia Santa Dulce dos Pobres será erigida no sábado, 26, às 18h, em missa presidida pelo Cardeal Scherer.

Página 16

Pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, o Monsenhor Ân-gelo Ademir Mezzari foi ordenado bispo no sábado, 19, no Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara (SC), na Diocese de Criciúma.

Dom Odilo ressaltou que o novo bispo se une ao colégio episcopal para receber e compartilhar a missão dada por Jesus aos apóstolos.

“Desejo viver pessoalmente esta graça que trans-forma a minha vida, muda a minha existência e me coloca em movimento, faz com que eu me doe ainda mais por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho, a serviço do Reino de Deus”, expressou Dom Ângelo, que tomará posse do ofício de Bispo Auxiliar da Arqui-diocese, em 4 de outubro, às 11h, na Catedral da Sé.

Página 13

Editorial

Encontro com o Pastor

Espiritualidade

Comportamento

Liturgia e Vida

O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia e da oração

Bem-vindo, Dom Ângelo, para se integrar aoesforço comum da Igreja

São Pio de Pietrelcina, um santo sacerdote do nosso tempo

Novas propostas tão fortes como um castelo de cartas de baralho

Pessoas com deficiência vivem o desafio de uma comunicação acessível

Pais e instituições educativas buscam igualdade de acesso ao Fundeb

Santa Dulce será padroeira de nova paróquia na periferia de São Paulo

Não é sincera a religiosidade sem a prática cotidiana da vontade de Deus

Página 4

Página 2

Página 5

Página 7

Página 15

Dom Ângelo Mezzari é ordenadobispo pelo Cardeal Scherer

Adriana Silva/Comunicação do Santuário SCMJ

Dom Ângelo Mezzari recebe a ordenação episcopal pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Scherer, no sábado, 19, na Diocese de Criciúma

Page 2: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

2 | encontro com o Pastor | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impres-são: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: [email protected][email protected] (administração) • [email protected] (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.Semanário da arquidioceSe de São Paulo

No dia 19 de setem-bro, Dom Ângelo Ademir Mezzari, nomeado pelo Papa

Francisco como Bispo da sede ti-tular de Florentino e Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, re-cebeu a ordenação episcopal no Santuário do Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Iça-ra, na Diocese de Criciúma (SC).

Ele nasceu naquela diocese, perto de Forquilhinha, e lá vi-vem ainda sua mãe, irmãos e fa-miliares. O pai, Antônio Mezza-ri, faleceu em 2010; mas a mãe, Maria Etelvina, acompanhou, emocionada, a ordenação epis-copal do filho.

Dom Ângelo vem de família simples, muito religiosa e traba-lhadora. Desde menino, quis ser padre e recebeu a formação reli-giosa e sacerdotal nos seminários da Congregação dos Rogacionis-tas do Sagrado Coração. Como religioso e sacerdote dessa Con-

gregação, serviu a Igreja em Curi-tiba (PR), São Paulo (SP) e Bauru (SP), desempenhando também as responsabilidades de forma-dor dos candidatos rogacionistas, Superior Provincial e Superior- -Geral da sua Congregação. As-sessorou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em muitas iniciativas vocacionais, como é próprio do carisma de sua Congregação.

Dom Ângelo será acolhido na Arquidiocese de São Paulo e to-mará posse do seu cargo de bis-po auxiliar no dia 4 de outubro, na Catedral Metropolitana da Sé, na missa das 11h. A partir daí, ele vai se integrar plenamente ao serviço da Igreja em São Paulo, como Vigário-Geral e Episcopal para a Região Ipiranga e assumi-rá também outros encargos pas-torais em âmbito arquidiocesa-no, assim como fazem os demais bispos auxiliares.

Com o Arcebispo e os outros seis bispos auxiliares, o clero, re-ligiosos e religiosas e as lideran-ças leigas, a Arquidiocese de São Paulo inteira é chamada a seguir no testemunho do Evangelho do Reino de Deus nesta imensa e amada cidade de São Paulo, con-

forme o dom que cada um rece-beu. De maneira especial, quere-mos prosseguir nosso caminho sinodal, momentaneamente sus-penso por causa da pandemia de COVID-19, mas que será reto-mado assim que for possível.

Temos pela frente a assembleia sinodal arquidiocesana, para a elaboração das propostas e dire-trizes do sínodo para o período pós-sinodal. Atentos àquilo que o Espírito Santo diz à nossa Igreja em São Paulo, prosseguiremos no “caminho de comunhão, conver-são e renovação missionária” em nossa Arquidiocese, para sermos, conforme a missão dada por Cristo à Igreja inteira, testemu-nhas de Deus nesta cidade.

Dom Ângelo traz consigo uma rica experiência de traba-lho vocacional, como é próprio do carisma de sua Congregação Rogacionista. Seu lema episco-pal, “Rogate ergo” (“Pedi, pois, ao Senhor da messe, que envie operários à sua messe”, Mt 9,38), nos recorda a ordem de Jesus dada aos discípulos para pedir a Deus o envio de trabalhadores na obra do Reino de Deus. A vida e a missão da Igreja chamam em causa o trabalho de muitas pes-

soas, dispostas a se dedicar com amor à missão e ao trabalho da Igreja. O sínodo arquidiocesano nos recorda que a Igreja é uma comunhão de bens espirituais, que recebemos da mão miseri-cordiosa de Deus. A Igreja, no entanto, também é missão, que requer a participação generosa de todos os seus membros. Na Igreja, todos são chamados a ser “operários da vinha do Senhor” (cf. Mt 20,1).

Seja, pois, bem-vindo a São Paulo, Dom Ângelo, para se in-tegrar, como “operário especiali-zado e qualificado”, neste esforço comum de toda a nossa Igreja. Somos gratos ao Papa Francisco que o escolheu e enviou! Agrade-cemos à sua Congregação, que o preparou para esse novo e grande serviço ao povo de Deus. Pedimos que Deus recompense a sua famí-lia, que o entregou à Igreja, ainda em tenra idade, e o acompanhou em todo o seu caminho religioso. Muito gratos somos a você, por ter aceitado servir esta amada Igreja em São Paulo conosco e os demais bispos auxiliares e o clero, dedicado às muitas missões desta Arquidiocese. Bem-vindo, Dom Ângelo!

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Bem-vindo, Dom Ângelo!

Page 3: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

www.osaopaulo.org.br

www.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | Geral/atos da cúria | 3

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL:Em 09/09/2020, foi nomeado e pro-visionado Administrador Paro-quial, “ad nutum episcopi”, da Pa-róquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, o Reveren-

díssimo Padre Maycon Wesley da Silva.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 09/09/2020, foi nomeado e provi-sionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus, no bairro Jardim Celeste,

na Região Episcopal Ipiranga, o Reve-rendíssimo Padre José Maria Leite Bar-bosa, SJS.

POSSE CANÔNICA:Em 23/08/2020, foi dada a posse canô-nica como Pároco da Paróquia Nos-sa Senhora Aparecida, no bairro Vila Anglo, na Região Episcopal Lapa, ao Re-

verendíssimo Padre José Donizetti Fiel Rolim de Oliveira.Em 09/09/2020, foi dada a posse canô-nica como Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Pirituba, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Maycon Wesley da Silva.

Atos da Cúria

alizados por São João Paulo II na década de 1990 e estão presentes em vários paí-ses, sob a orientação do Caminho Neo-catecumenal, com o objetivo de formar padres diocesanos para as missões.

Embora tenha sido instituído canoni-camente em 2011, o Redemptoris Mater de São Paulo foi aprovado em 15 de se-tembro de 2010, sendo o segundo a ser instalado no Brasil, depois do localizado em Brasília (DF).

FORMAÇÃOOs candidatos desse seminário são

vocacionados provenientes de comuni-dades do Caminho Neocatecumenal e recebem a mesma formação teológica de outras casas de formação diocesa-nas. Em seguida, realizam um ano de

vivência pastoral nas paróquias como diáconos e dois anos na diocese como presbíteros, antes de serem enviados em missão, sobretudo para os lugares onde seu movimento de origem está presente. Esses sacerdotes também ficam à dispo-sição da Igreja Particular para atuar em realidades de urgência pastoral.

Na homilia, o Arcebispo ressaltou que o serviço missionário não deve ser visto como um “departamento à parte” na vida da Igreja, do qual apenas alguns devem se ocupar, enquanto os demais não precisa-riam pensar em ser missionários. “Todo cristão é missionário a partir do Batismo, mesmo quando não parte para terras dis-tantes, é missionário pela própria razão de ser cristão”, sublinhou.

Por essa razão, Dom Odilo sublinhou

que também os seculares, isto é, aqueles que estão vinculados a uma diocese ou arquidiocese, sem pertencer a uma con-gregação ou instituto de vida religiosa consagrada, devem desempenhar a di-mensão missionária. “Essa é a vocação do Seminário Redemptoris Mater e de vocês que estão se preparando para ser padres missionários na própria diocese ou para além dela, onde a Igreja precisa, clama por ajuda missionária onde existe necessida-de”, exortou o Cardeal aos seminaristas.

Por fim, Dom Odilo renovou o de-sejo que deu origem a esse seminário: contribuir na formação de um clero missionário na grande metrópole, para que, no futuro, “possamos enviar mui-tos sacerdotes diocesanos para missões em outras partes do mundo”.

Vaticano II, o Caminho consiste em um itinerário de formação católica para adultos que tem como objetivo redes-cobrir as riquezas do Batismo. Por essa razão, possui esse nome, pois tem como inspiração o processo de preparação para o Batismo na Igreja primitiva, cha-mado de catecumenato.

Faz parte da natureza do Caminho Neocatecumenal a dimensão missio-nária, pois suas famílias são chamadas a implantar a Igreja onde ela ainda não existe. Por isso, o movimento conta com famílias nas missões ad gentes em cidades que não são tradicionalmente cristãs. Hoje, existem no mundo 125 seminários diocesanos missionários Re-demptoris Mater.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

Seminário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo comemora dez anos de aprovação

FeRnAnDO [email protected]

Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, preside missa no Seminário Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo

Seminário Redemptoris Mater

O programa “Diálogos de Fé”, do domingo, 20, veiculado pela rádio 9 de Julho e pelas mídias sociais da Arquidio-cese de São Paulo, foi feito pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer diretamente de Iça-ra (SC), na Diocese de Criciúma, onde, no dia anterior, o Arcebispo Metropo-litano de São Paulo presidiu a missa de ordenação episcopal de Dom Ângelo Ademir Mezzari, nomeado Bispo Auxi-liar da Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Francisco (leia mais na página 13). Dom Ângelo tomará posse do ofício em

missa na Catedral da Sé, em 4 de outu-bro, às 11h.

Dom Odilo ressaltou que a ordena-ção de um bispo é um momento da gra-ça de Deus, pois se recorda que a Igre-ja Católica é apostólica, está fixada no testemunho dos apóstolos, dos quais os bispos são sucessores, unidos ao Papa. O Arcebispo lembrou que todo bispo católico é nomeado pelo Sumo Pontí-fice e que a cerimônia de ordenação é feita por, ao menos, três bispos católi-cos que impõem as mãos sobre aquele que será ordenado.

A ordenação de Dom Ângelo no San-tuário Sagrado Coração Misericordioso

de Jesus, em Içara, aconteceu seguindo todos os protocolos sanitários reco-mendados diante da atual pandemia de COVID-19. No programa do domingo, Dom Odilo lembrou que os cuidados preventivos ao novo coronavírus preci-sam ser mantidos pelas pessoas: “Se não cuidarmos da própria saúde, colocare-mos em risco a saúde dos outros”.

O Arcebispo de São Paulo falou, ain-da, sobre o Evangelho do 25º Domingo do Tempo Comum (Mt 20,1-16a), em que Jesus conta a seus discípulos a pa-rábola do patrão que paga a todas as pessoas que contratou um mesmo va-lor, independentemente do horário em

que começaram a trabalhar, após terem sido por ele convidados.

Dom Odilo lembrou que, nesta passa-gem, Jesus ensina que “Deus nos dá con-forme sua generosidade, e não por nossos méritos. Não temos nada o que reclamar se Ele é generoso para com todos”.

“Devemos confiar na providência divina, trabalhar com generosidade e alegria, pois o certo é que Deus recom-pensa muito mais do que nós espera-mos”, disse o Arcebispo.

A íntegra do programa do últi-mo domingo pode ser vista neste link: https://cutt.ly/bfLZz4j

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

A Igreja Católica é apostólica, está assentada no testemunho dos apóstolosDAnIel GOMeS

[email protected]

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu, no dia 16, a missa pelos 10 anos de aprovação do Semi-nário Missionário Arquidioce-sano Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, no Jaraguá, zona Noroeste da capi-tal.

A Eucaristia foi concelebra-da pelos padres formadores, dentre os quais, o Reitor do Se-minário, Padre José Francisco Vitta.

Os seminários missionários Redemptoris Mater foram ide-

CAMInHO neOCATeCUMenAl

“Há que se fazer das co-munidades cristãs como a Sa-grada Família de Nazaré, que vivam em humildade, sim-plicidade e louvor. O outro é Cristo.” Essa foi a inspiração que o pintor espanhol Fran-cisco Gómez Argüello (Kiko) recebeu de Nossa Senhora para fundar, em 1964, o Ca-minho Neocatecumenal, nas favelas de Palomeras Altas, em Madri, na Espanha, jun-to com a catequista Carmen Hernández.

Inspirados pelas renova-ções trazidas pelo Concílio

Page 4: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

Fala, Senhor, que teu servo escuta!Editorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Na encíclica Humanae vitae, publi-cada em 1968, São Paulo VI tratou da paternidade responsável, da abstinên-cia da relação sexual entre os cônjuges durante o período fértil da mulher e dos métodos naturais de regulação da natalidade moralmente admissíveis pela Igreja Católica.

Na ocasião, essa encíclica se mos-trou muito controversa. Hoje, 52 anos depois de sua publicação, pode-se di-zer que São Paulo VI agiu providen-cialmente ao publicá-la, porque, com a evolução de novos métodos naturais de regulação da natalidade, ela é ple-namente viável, constituindo-se para os casais católicos em um verdadeiro instrumento na vida sacramental do matrimônio cristão.

A propósito da paternidade res-ponsável dos cônjuges, o Papa Fran-cisco afirmou na exortação apostóli-ca Amoris laetitia (AL): “A encíclica Humanae vitae evidenciou o vínculo intrínseco entre amor conjugal e gera-ção da vida, quando o amor conjugal requer dos esposos uma consciência da sua missão de paternidade respon-sável. (...) O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo mesmos, para com a família, para com a sociedade, em justa hierar-quia de valores” (AL, 68).

Quanto à abstinência sexual no

A encíclica Humanae vitae, de São Paulo VI, nos dias de hojetae, o método natural Ogino-Knaus era o mais conhecido para orientar os cônjuges na regulação da natalidade. Atendia bem a mulheres que tinham o ciclo menstrual regular, mas nem tan-to às demais.

Desde então, no entanto, houve grande evolução científica na des-coberta de novos métodos naturais de regulação da natalidade, sendo mais conhecido o Método de Ovu-lação Billings (MOB), divulgado in-ternacionalmente pela Organização Mundial do Método de Ovulação Billings (Woomb, na sigla em inglês) e cuja entidade representante oficial no Brasil é a Confederação Nacional de Planejamento Natural da Família (Cenplafam), mais conhecida como Cenplafam Woomb Brasil (outras in-formações em www.cenplafam.com.br), que assegura praticamente 100% de eficácia aos cônjuges, como critério objetivo da moralidade cristã na regu-lação da natalidade.

O Método de Ovulação Billings teve grande impulso no Brasil a partir da adesão da Irmã Martha Silvia Bhe-ring, religiosa pertencente às Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Descendente da família de Frei Gal-vão, ela atuou como enfermeira e obs-tetra ao atender mulheres pobres no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e no Amparo Maternal.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

período fértil da mulher, tendo em vista a paternidade responsável, São Paulo VI, na encíclica, diz ser a única forma que se coaduna com a natureza antropológica da relação sexual entre os cônjuges e com a dimensão sacra-mental do matrimônio cristão.

A esse respeito, também afirma o Papa Francisco na exortação apos-tólica Amoris laetitia: “É preciso re-descobrir a mensagem da encíclica Humanae vitae, de São Paulo VI, que sublinha a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na avalição moral dos métodos de regulação da natalida-de” (AL, 82).

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) assim se expressa a respeito das

questões intimamente relacionadas à paternidade responsável e à abstinên-cia sexual entre os esposos no período fértil da mulher: “Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus (...), são cooperadores do amor de Deus criador e como que seus intérpretes. (...) Um aspecto particular dessa respon-sabilidade diz respeito à regulação da paternidade. (...) Segundo os critérios objetivos da moral” (CIC 2367-2368).

Por fim, é preciso dizer algumas palavras sobre os métodos naturais que possibilitam aos cônjuges delimi-tar os dias infecundos, tendo em vista a paternidade responsável. Quando foi aprovada a encíclica Humanae vi-

RenATO RUA De AlMeIDA

Opinião

Renato Rua de Almeida é presidente do Instituto Jacques Maritain do Brasil.

4 | Ponto de Vista | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Em nossos tempos, subsiste ain-da, em muitas pessoas, a ideia de que o hábito de ler a Bíblia “é coisa de protestante, não de

católico”. Trata-se, é claro, de um estere-ótipo bastante inadequado.

Na verdade, a Igreja, já desde seus pri-mórdios, venerava as Sagradas Escrituras: diante das perseguições do Império Ro-mano, muitos católicos pagaram com a própria vida, tornando-se, assim, mártires, por sua recusa em entregar os manuscritos sagrados para serem queimados.

Sempre havia, também, a consciência acerca dos frutos espirituais da leitura orante e assídua da Bíblia. Em sua troca de correspondências, São Jerônimo († 420) recomendava a seu amigo Eustóquio a meditação assídua da Palavra, de modo a que “o sono o encontrasse com a Bíblia nas mãos, e que sua cabeça, quando ce-desse ao sono, descansasse na página sa-grada”. O mesmo São Jerônimo escrevia à mãe cristã Leta que todo dia tomasse de sua filha um relato sobre sua leitura bí-

blica: a menina deveria estudar primeiro os Salmos e aproveitar suas melodias; de-pois ler os Provérbios e o Eclesiastes, para aprender sobre sabedoria; e a história de Jó, sobre a paciência. Na sequência, deve-ria passar aos Evangelhos – os quais des-de então permaneceriam sempre em suas leituras diárias – e ao restante do Novo Testamento. Apenas depois de conhecer bem este tesouro é que se deveria passar a ler o restante do Antigo Testamento: a Lei e os Profetas (cf. encíclica Spiritus paracli-tus, 41-43, do Papa Bento XV).

É verdade, porém, que já houve, na história da Igreja, algumas heresias sur-gidas de uma leitura apressada das Es-crituras e desvinculada do ensinamento dos apóstolos. E não nos referimos ape-nas ao protestantismo: séculos antes de Lutero (1483-1546), a Bíblia já desde o século XIII vinha sendo abusada pelos cátaros, pelos valdenses e pelos lolardos, para justificar todo tipo de erro, a partir de traduções tendenciosas para os idio-mas vernáculos. Em tais contextos, foram

adotadas algumas cautelas com relação à circulação dessas traduções não autoriza-das da Escritura – pois a lei suprema da Igreja é a salvação das almas, colocada em perigo por estas correntes heréticas. De todo modo, quem desejar se aprofun-dar nos motivos pelos quais os princípios protestantes da livre interpretação e do Sola Scriptura não encontram apoio na história da Igreja e no ensinamento dos apóstolos pode consultar o saboroso li-vro “Todos os caminhos levam a Roma”, no qual o ex-pastor presbiteriano Scott Hahn conta a história de sua conversão ao catolicismo a partir de um estudo aprofundado da própria Escritura.

O cisma protestante, no entanto, já aconteceu há muito tempo, e no último século a Igreja tem cada vez mais “exorta-do os fiéis a ler diariamente os Evangelhos, os Atos e as Epístolas, para deles extrair alimento da alma” (Spiritus paraclitus, 43). Em 1943, o Papa Pio XII nos lembrou da gratidão que devemos ter à “amorosíssima Providência de Deus, que do trono da sua

majestade nos mandou esses livros como cartas do Pai celeste aos próprios filhos” (encíclica Divino afflante Spiritu, 13). E o Concílio Vaticano II “exorta com ardor e insistência todos os fiéis (...) a que apren-dam ‘a sublime ciência de Jesus Cristo’ (Fl 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras”. O mesmo Concílio adverte, porém, que “a leitura da Sagrada Escritu-ra deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque ‘a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos’” (Dei verbum, 25).

Para quem ainda não tem acesso a um bom curso de estudos bíblicos, um jeito simples e tradicional de tomar mais contato com a Bíblia é ler os quatro evan-gelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), um capítulo por dia, separando 10 ou 15 minutos para uma leitura meditada. Leiamos, pois, a Escritura, e digamos a Jesus “Loquere, Domine, quia audit ser-vus tuus” – “Fala, Senhor, que teu servo escuta!” (1Sm 3,9).

Page 5: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

A Igreja celebra, em 23 de se-tembro, a memória de São Pio de Pietrelcina, um santo sacerdote do nosso tempo,

falecido em 1968 e canonizado em 2002. Mesmo sendo sempre um bom religioso, enfrentou durante a sua vida todo tipo de sofrimento: a perseguição dos colegas, as calúnias, a incompreensão por parte dos superiores e de autoridades da Igreja. Ao mesmo tempo, era um verdadeiro místico: em suas celebrações eucarísticas, tinha vi-sões, entrava em êxtases. Além disso, tinha o dom de realizar milagres, fazer profecias, desvendar os corações dos penitentes que

se confessavam com ele. São João Paulo II, ainda como Bispo Auxiliar de Cracóvia, na Polônia, tinha veneração por ele e, por seu intermédio, conseguiu o milagre da cura do câncer de uma senhora polonesa.

Outra característica surpreendente para um santo do nosso tempo: a presença dos estigmas nas mãos, nos pés e no pei-to, como sinal da sua identificação com as chagas de Cristo. Frei Raniero Canta-lamessa, capuchinho como o Padre Pio, explica que os seus “estigmas não eram um troféu de glória, mas justa punição de Deus pelos pecados dos homens. Sus-citavam-lhe pavor, não prazer. Era o que tinham sido para Jesus, na Cruz”. De fato, o Padre Pio nos ensinava que “o amor se conhece na dor” e dizia: “Nada desejo, ex-ceto amar e sofrer”.

O Padre Pio deixa uma mensagem muito importante para toda a Igreja: antes de tudo, o amor a Cristo crucificado e à Virgem Maria, que são os grandes amores que guiaram e orientaram toda a sua vida. Fazer a vontade de Deus, fazer aquilo que o Senhor quer, também quando o Senhor

quer. Queremos aprender deste santo sa-cerdote a demonstrar nosso amor a Jesus crucificado com a nossa disposição de abraçar as cruzes diárias, a não nos con-formarmos em fazer o mínimo, porque o amor – tanto divino quanto humano – se manifesta na doação generosa de nós mesmos, na disposição de nos sacrificar-mos por Deus e pelas pessoas. Como São Josemaría nos ensina, precisamos ter uma postura clara diante da presença da cruz em nossas vidas: “Há no ambiente uma es-pécie de medo à Cruz, à Cruz do Senhor. É porque começaram a chamar cruzes a to-das as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem levá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural. Até arrancam as cruzes que os nossos avós plantaram pelos caminhos... Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et resurrectio nostra – ali está a nossa saúde, a nossa vida e a nossa ressur-reição” (Via Sacra, II, 5).

A esse propósito, lembro-me da histó-

ria daquele rapaz que amava muito a sua namorada: trabalhava o dia inteiro e es-tudava à noite, com o propósito de juntar umas reservas para poder se casar com ela. Como não podia visitá-la todos os fins de semana, escrevia cartinhas de amor (eram tempos em que não havia a facilidade de hoje com o uso do celular com mensagens, áudios, vídeos etc.), em que declarava seu desejo de se casar e, por isso, explicava que não poderia vê-la como desejava, em razão das provas e trabalhos que devia realizar. Assim, as semanas foram-se passando e ele, na maior parte das vezes, somente po-dia enviar uma carta à namorada. Adian-tando-nos ao final da história: a moça aca-bou se casando com o carteiro... porque, na prática, quem se sacrificava todas as semanas, com calor ou frio, sol ou chuva, para chegar à casa da moça, era o carteiro...

Vamos tirar as nossas conclusões: aprender do exemplo dos santos a amar a Deus com todas as nossas forças, a abraçar a nossa cruz de cada dia, a não colocar con-dições em nosso amor ao próximo: assim será verdadeiro e sincero o nosso amor.

DOM CARlOS leMA GARCIABISPO AUXIlIAR DA

ARQUIDIOCeSe nA ReGIÃO IPIRAnGA e VIGÁRIO ePISCOPAl

PARA A eDUCAÇÃO e A UnIVeRSIDADe

Espiritualidade

IPIRANGA

São Pio de Pietrelcina: a mensagem de um santo do nosso tempo

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | regiões episcopais/Fé e Vida | 5

[SANTANA] No sábado, 19, na Paró-quia Nossa Senhora da Consolata, Setor Pastoral Imirim, pela imposição das mãos de Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, foi con-ferida a ordenação sacerdotal a Rodrigo Lopes de Araújo, pertencente à Congre-gação dos Sacerdotes do Sagrado Cora-ção de Jesus (Dehonianos). O Bispo, na homilia, lembrou que ser padre no mundo de hoje é uma missão muito desafiadora, mas que não é impossível vivê-la junto com o povo de Deus. Ele também exortou que o neossacerdote confie o seu ministé-rio à Cruz de Cristo.

(por Padre Salvador Armas)

No domingo, 20, foi celebrada a festa da padroeira da Paróquia Santa Cândi-da, com missas presididas pelos padres Anderson Marçal, Pároco, e João Gual-berto, Vigário Paroquial, ambos mem-bros da Comunidade Canção Nova.

Uma novena preparatória foi reali-zada nos dias anteriores, e uma das mis-sas foi presidida pelo Cardeal Odilo Pe-dro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e outra por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arqui-diocese na Região Ipiranga. A cada mis-sa, os fiéis receberam a bênção da saúde com as relíquias de Santa Cândida, pa-droeira das famílias e dos enfermos.

Mesmo em meio à pandemia e com capacidade de público restrita, as cele-brações litúrgicas contaram com pre-sença significativa de muitos paroquia-nos e visitantes. “Foi uma experiência celeste podermos estar juntos na nossa Paróquia. Tudo superou as expectativas.

O Setor Juventude da Região Epis-copal Ipiranga realizou no sábado, 19, uma roda de conversa virtual sobre o racismo. O objetivo foi debater sobre como tal prática é manifestada na so-ciedade e de que formas, sob a luz do Evangelho, os cristãos podem contri-

buir para a superação dos males oca-sionados pelas manifestações racistas.

A roda de conversa foi mediada pela jovem Mariana Mariano, da Paróquia São José, Setor Pastoral Ipiranga. Par-ticiparam o Padre Valdenício Antônio da Silva, NDS, Pároco, e Elenice Sala-tiel, agente pastoral da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, Setor Pastoral An-chieta. Após as exposições dos debate-

dores, os jovens puderam fazer pergun-tas e comentários complementares.

A iniciativa deu início a uma série de debates e rodas de conversas virtuais que o Setor Juventude promoverá sobre diversos temas atuais na sociedade e na Igreja, a fim de que os jovens possam refletir sobre como exercer sua missão cristã na atualidade.

MATHeUS PeReIRA COlABORAÇÃO eSPeCIAl PARA A ReGIÃO

Setor Juventude promove diálogo on-line sobre racismo

Fiéis festejam a padroeira da Paróquia Santa CândidaDAnIele SAnTOS

COlABORAÇÃO eSPeCIAl PARA A ReGIÃO

Muitos paroquianos retornaram depois de seis meses de confinamento social”, afirmou o Padre Anderson Marçal.

Além disso, coordenadores das pas-torais e voluntários organizaram, junto com os padres, o drive-thru da Santa Cândida: aqueles que adquiriram seus

cupons puderam retirar no estaciona-mento da igreja matriz uma galinhada e uma feijoada. Foi um momento de confraternização que permitiu aos fiéis colaborar com a manutenção das obras da Paróquia.

(Colaborou: Danusa Rego)

Padre Anderson Marçal preside missa na festa da padroeira da Paróquia Santa Cândida

Daniele Santos

[SANTANA] No dia 15, Dom Jorge Pie-rozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa solene na festa da padroeira da Paróquia Nos-sa Senhora das Dores, no bairro da Casa Verde. Concelebrou o Cônego Antônio Aparecido Pereira (Padre Cido), Pároco, e houve a participação do Diácono Francis-co Donizete.

(por Padre Salvador Armas)

Pascom da Região Santana

Pasc

om d

a Re

gião

San

tana

Page 6: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

BELéM

6 | regiões episcopais | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Saudável

Vid

a AJUDA PSICOTERAPÊUTICA

Nossa Senhora da Assunção e São PauloPessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo

Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119

Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguirOs interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h, nas instalações das paróquias:

ATENDIMENTO GRATUITO

[SANTANA] No dia 14, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Capela Santa Cruz, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Pas-toral Jaçanã, por ocasião da Festa da Exaltação da Santa Cruz. Concelebraram os Padres Luís Molento, Pároco, e Claudir Cos-terano, MS. (por Padre Salvador Armas)

No sábado, 19, foi celebrada na Paróquia Imaculada Conceição a missa em ação de graças pelos 70 anos do movimento da Mãe Peregrina no Brasil.

A missa, presidida pelo Padre Everton Au-gusto e concelebrada pelo Padre Lauro Wis-nieski, teve a participação de representantes do movimento nos setores Conquista, São Mateus e Sapopemba.

Na homilia, o Padre Everton recordou a inauguração do Santuário em Santa Maria (RS), onde surgiu a Campanha da Mãe Peregrina de

Schoenstatt, iniciada por João Luiz Pozzobon, em 10 de setembro de 1950. O Sacerdote ressal-tou a importância do trabalho realizado pelos missionários nas famílias e quão significativa é a presença de Maria nos lares com o seu filho Jesus. Ao término da missa, Padre Lauro, recor-dando a celebração de Nossa Senhora das Dores, no dia 15, destacou que Maria permaneceu ao lado da cruz de Cristo, e Ele a todos recomen-dou que sejam fortes, firmes, tenham esperança e permaneçam em pé como a Virgem Santíssi-ma, mesmo diante das dificuldades. (FA)

[SÉ] No sábado, 19, a Pastoral do Me-nor promoveu uma reunião on-line com o grupo em formação na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, para encaminhar o projeto de implantação da Pastoral na comunidade. A reunião foi organizada pela Irmã Josefa de Medeiros, Coordena-dora da Pastoral na Região Sé.

(por Andréa Campos)

Bianca RabeloDivulgação

Nos dois últimos domingos, dias 13 e 20, às 12h30, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, Setor Catedral, aconteceu a festa de Santa Ifigênia, a padroeira dos lares.

No dia 13, houve a participação dos cantores líricos Ademilson dos Santos e Cris Henicka; e, no dia 20, foi realizado o concerto musical do Grupo de Metais e Percussão da Banda Filarmônica de São Paulo, apresentado pela pianista clássica Julia-na D´Agostini.

As duas apresentações aconteceram com pú-

blico presencial de, no máximo, 20% da capaci-dade da igreja, em razão das exigências e normas estabelecidas pela vigilância sanitária como con-sequência da atual pandemia de COVID-19.

Após as missas presididas pelo Pároco, Padre Antônio Ruy Barbosa Mendes de Moraes, SSS, e pelo Vigário Paroquial, Padre José Regivaldo dos Passos, SSS, as apresentações foram transmitidas ao vivo pelas redes sociais da Paróquia.

Durante a festa, alimentos foram arrecadados em prol das obras assistenciais da igreja. A arrecada-ção continua neste mês. Interessados em colaborar podem se informar pelo telefone (11) 3229-6706.

POR PASCOM PAROQUIAl

Apresentação dos cantores líricos Ademilson dos Santos e Cris Henicka

Reprodução da internet

Devotos comemoram Santa Ifigênia, a padroeira da moradia

Centro Pastoral São José apoia ação solidária aos povos indígenas

FeRnAnDO ARTHURCOlABORAÇÃO eSPeCIAl PARA A ReGIÃO

Diante da atual pandemia de COVID-19, famílias e comunidades indígenas têm ainda mais dificuldades para obter alimentos, produtos de limpeza e higiene. Nesse contexto, a Pastoral Indigenista da Arquidioce-se de São Paulo e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de São Paulo realizam uma campanha de solida-

riedade, para a arrecadação de doações destinadas aos povos indígenas.

Desde março, mais de 400 famílias estão sendo acompanhadas mensalmente, e já foram arrecadadas mais de 10 toneladas de alimentos e produtos de lim-peza e higiene.

O Centro Pastoral São José, no Belém participa da iniciativa, sendo um dos espaços para armaze-namento, organização e higienização das doações,

antes que sejam enviadas às famílias e comunidades indígenas.

Doações para a campanha podem ser feitas pela se-guinte conta bancária: Banco Bradesco: (Agência 0614 - CC: 065070-6 - Pastoral lndigenista - Mitra Arquidioce-sana de São Paulo - CNPJ: 63.089.825/0001-44). O envio do comprovante deve ser feito para o seguinte e-mail, pelo qual também é possível obter mais informações so-bre a iniciativa: [email protected].

Missa pelos 70 anos do movimento da Mãe Peregrina no Brasil

Padre Everton e participante do movimento com as capelinhas da imagem da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt

Anderson Caique

Page 7: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

LAPA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos

editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | regiões episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Todos os anos, desde 1971, a Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedica o mês de setembro ao estudo e à contemplação da Palavra de Deus, com a instituição do Mês da Bíblia. Neste ano de 2020, a frase que lhe serve de lema foi extra-ída do livro do Deuteronômio. Convém, de início, citar por inteiro tal versículo: “Nunca faltarão po-bres na terra e, por isso, dou-te esta ordem: abre tua mão ao teu irmão necessitado ou pobre que vive em tua terra” (Dt 15,11). Aliás, o número de pobres e necessitados, tanto na face de todo o globo quan-to na do País em que vivemos, parece ter aumen-tado com a pandemia de COVID-19. Na verdade, além de desmascarar a pobreza oculta e silenciada, o flagelo do coronavírus os trouxe às ruas e praças, e contribui, por sua vez, para criar novos desem-pregados e subempregados, que, como aves de ar-ribação, erram de um lado para outro ao sabor dos ventos e das migalhas do capital.

O contexto daquele preceito, entretanto, deve ser buscado um pouco mais adiante no mesmo livro bí-blico: “Quando colheres as uvas da tua vinha, não deves colher os cachos que ficaram. Deixa-os para o estrangeiro, o órfão e a viúva. Lembra-te de que tu também foste escravo no Egito. Por isso te ordeno que procedas assim” (Dt 24,21-22). Por trás desse comportamento diante dos mais necessitados – es-trangeiros, órfãos e viúvas –, está a lembrança ines-quecível da escravidão no Egito. A experiência da escravidão em um país estranho deve servir de antí-doto para qualquer tipo de opressão futura. Uma vez que foste escravo sob a tirania de faraó, deves cuidar do estrangeiro que vive a teu lado!

A esse trinômio dos prediletos de Deus, que aparece repetidamente no Antigo Testamento, porém, não seria difícil acrescentar outros rostos igualmente marcados por séculos de abandono, penas e dores, como “feições sofredoras de Cris-to”. É o que fez, por exemplo, o documento final da Assembleia dos Bispos da América Latina e Caribe de 1979, em Puebla, no México. “Desfi-lam, entre outros, os rostos de crianças, jovens e anciãos, bem como de indígenas e afro-america-nos, camponeses e desempregados” (Documento de Puebla, 31-39). Já na assembleia de Aparecida, os rostos se ampliam, incluindo não somente os migrantes e os dependentes de drogas, como tam-bém os enfermos, os prisioneiros, as mulheres e o meio ambiente, este último como face devastada e dilacerada do planeta Terra (Documento de Apa-recida, 411-475).

Emerge com força o conceito de cuidado, tão caro ao Papa Francisco, seja na encíclica Laudato si’, de 2015, seja em sua atitude solidária para com os imigrantes e refugiados. Cuidado, em primeiro lugar, com o teu irmão de sangue, que, às vezes, mesmo no interior de casa e da família, debaixo do mesmo teto, se sente abandonado e esquecido. Cuidado, em seguida, com o teu irmão pobre, ex-cluído e descartável, órfão de trabalho, de direitos e de pátria, errando à deriva pelas estradas do êxo-do, do exílio e da diáspora. Cuidado, enfim, com a preservação do ar, das águas e do meio ambiente, “nossa casa comum”, no sentido de que ninguém nela se sinta jamais estrangeiro, mas convidado a uma cidadania universal e sem fronteiras, sinal e antecipação da Boa-Nova do Reino de Deus.

Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).

Abre tua mão ao teu irmão

PADRe AlFReDO J. GOnÇAlVeS, CS

VAlDIR ReGInATO

Recentemente, circulou a notícia de que os organizado-res do Oscar, a maior premiação às produções da indústria cinematográfica, deixaram o seguinte recado: será exigido dos filmes que quiserem concorrer ao prêmio apresentar a participação de temas e/ou personagens, assim como membros da equipe de trabalho, que sejam representan-tes das minorias que compõem as “novas diversidades” de comportamentos da sociedade atual. Em outras palavras, deve-se aceitar, queira-se ou não, os novos “normais”. Uma exigência radical para o fim do chamado tradicional e con-servador na arte do cinema (ou no planeta). Aos que estão acompanhando a evolução dos fatos, que acontecem nos quatro cantos do mundo, isso não é bem uma novidade.

A História é o registro das transformações ao longo dos séculos. O que se verifica agora, entretanto, é a tentativa de banir toda e qualquer atividade que apresente uma mani-festação vinculada aos valores fundamentais da civilização, quer no âmbito cultural, quer no moral, quer no religioso, e de modo particular os valores cristãos. É uma ruptura, uma explosão da essência, levando a crer que tudo o que sustentou as civilizações até agora foi um grande erro, que deve ser corrigido à luz da “nova sabedoria”. Concretamen-te, exemplifica-se como o fim das tradições; da aceitação inquestionável do comportamento de novos agrupamentos ditos “familiares”; da aprovação da morte antecipada, seja pelo aborto, seja pela eutanásia; da liberação sexual sem li-mites, inclusive com a descriminalização da pedofilia; e até o ponto da negação das diferenças de sexos, pela sua na-tureza, substituída pela ideologia de gênero. Vários desses itens já são uma realidade cotidiana em diversos lugares do mundo, e invadem um número maior de países, inclusive com valores cristãos, identificados em passado recente.

Ser conservador se tornou sinônimo de obsoleto, ana-crônico, ignorante e, até mesmo, anticientífico. Tudo o que está relacionado a modelos pétreos milenares e de referên-cia se torna ridículo, ultrapassado, inútil e sem sentido. As novas propostas se ancoram em argumentações tão fortes como um castelo de cartas de baralho, em que o que impor-ta é “estar feliz”, hoje e agora. Se cair, constrói-se outro. Nada mais deve ser considerado definitivo. Tudo é descartável.

A verdade tornou-se relativa, pessoal e transitória. Tudo muda e é permitido; desde que não se retorne aos valores conservadores, sobretudo os cristãos.

Por outro lado, emerge uma onda de resistência a este avanço, na qual se faz valer a força das tradições, dos valores morais indispensáveis para a convivência social, para o olhar da transcendência na religião e do amor ao próximo. Se o homem é transitório nesta passagem na terra, o mesmo não se diga da sua esperança e fé na sua eternidade. A responsa-bilidade por nossas atitudes não se esgota com a nossa fini-tude, mas vai muito além naqueles que aqui permanecem e são atingidos, bem ou mal, pelas decisões passadas. A he-rança transmitida por gerações não são somente caracteres genéticos físicos de seus progenitores, mas, também, decor-rentes do que lhes foi agregado como essencial no compor-tamento humano na sua plenitude, incluindo tradições, a moral e a religião. Isso é compatível com o progresso, na sua prudência, em avançar para o alto sem destruir os alicerces.

É preciso saber quem sou, das minhas origens, dos meus objetivos e por quais caminhos quero alcançá-los. Ocupamos um lugar privilegiado na obra da Criação. Não somos criaturas decorrentes de um acaso determinado por um caos molecular. Fazemos parte de uma harmonia divi-na que nos supera a compreensão, mas nos indica a Verda-de e o Caminho. Se acreditamos na Verdade e no Caminho que nos preserva pela Vida digna, não é possível compactu-ar com a quebra de valores decorrentes desta Verdade. Não se iguala o Caminho por atalhos enganosos. Não se mata ou maltrata a Vida, negando a sua dignidade e eternidade.

Se ser conservador é manter-se fiel a estes princípios, na crença da Verdade pelos valores cristãos da família e pela dignidade da vida, da concepção até a morte; se ser con-servador é acreditar na relação de amor conjugal de um homem com uma mulher com o dever e alegria da trans-missão da Vida; se ser conservador é conviver com a liber-dade, sem ser exigido abandonar o Caminho que norteia a Esperança pela fé nos valores religiosos alicerçados em Deus; se tudo isso, e o que daí decorre virtuosamente, é ser conservador, então, o serei, para sempre, porque se esforçar por zelar pela Verdade, pelo Caminho e pela Vida é o senti-do para a felicidade.

Valdir Reginato é médico de familia. E-mail: [email protected].

Postura conservadora

Paróquias do Setor Butantã realizam encontros on-line sobre a Bíblia

Neste Mês da Bíblia, o livro da Sagrada Escritura escolhido para ser refletido é o do Deuteronômio. A sugestão da Comissão para a Anima-ção Bíblico-Catequética, da Confe-rência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é que a oração, a reflexão e os estudos sejam feitos em família ou em grupos de convivência – como amigos e colegas de trabalho – que te-

nham uma espiritualidade bíblica.Dom José Benedito Cardoso,

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, tem incentivado que as paróquias formem os grupos e rea-lizem o estudo da Bíblia. Assim tem sido feito em duas paróquias do Setor Butantã semanalmente: na Santo Al-berto Magno, cujo Pároco é o Padre Antonio Francisco Ribeiro, o estudo é aberto aos paroquianos por meio de um aplicativo para reuniões; e na Santa Maria Goretti, cujo Pároco é o

Padre Geraldo Evaristo Silva, o estu-do se dá por meio de uma plataforma aberta ao público.

A Pastoral da Comunicação Regio-nal conversou com o Diácono Antônio Geraldo de Souza, que colabora nestas duas iniciativas. Ele disse que muitas pessoas se surpreendem com o livro do Deuteronômio, que pertence ao conjunto do Pentateuco e traz ensina-mentos de como lidar com a natureza, com os animais e construir uma socie-dade baseada na justiça e no direito.

BenIGnO nAVeIRACOlABORADOR De COMUnICAÇÃO DA ReGIÃO

[LAPA] No dia 14, o Diácono Permanente Antônio Geraldo de Souza, Coordenador da Caritas Núcleo Butantã Lapa, realizou uma reunião on-line com os agentes da Caritas e co-laboradores, com a presença de Paulo Ramiceli e Maria Tiemi, coordenadores da Pascom Lapa. Na ocasião, houve o planejamento do 3° evento “Dia de Ação de Graças”, que será realizado em 8 de novembro. (por Benigno Naveira)

Reprodução

Page 8: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

8 | reportagem | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Na segunda-feira, 21, comemorou-se o Dia Nacio-nal de Luta da Pessoa com Deficiência, que tem o obje-tivo de conscientizar a população sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência (PcDs) na sociedade.

Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146/15), também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é considerada PcD quem “tem impedi-mento de longo prazo de natureza física, mental, inte-lectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. A deficiência atinge diferentes níveis e pode ser classificada em quatro tipos: física, auditiva, visual e mental.

O atual contexto da pandemia apenas evidenciou os muitos desafios enfrentados pelas pessoas com defi-ciência. O principal deles é a acessibilidade. Se antes as dificuldades mais percebidas eram em relação à mobi-lidade, o isolamento social mostrou outro grande obs-táculo: o da comunicação.

Confinadas em casa, como a maioria da popula-ção, as PcDs também precisam recorrer aos meios e tecnologias da comunicação para realizar atividades cotidianas, relacionadas ao trabalho, educação, com-pras, relacionamentos, vivência da fé, lazer. No entanto, assim como ainda há unsuficiência de rampas, corri-mãos, elevadores, calçadas niveladas e sinalização nas ruas para as pessoas com deficiência, faltam recursos e, mais do que isso, uma cultura da comunicação que lhes favoreça a acessibilidade, sobretudo daquelas que têm deficiência auditiva e visual.

DIReITOA Lei Brasileira de Inclusão considera, ainda, a

comunicação como uma “forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as lín-guas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Li-bras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres

ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas au-ditivos, os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de co-municação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações”.

“É fundamental que cada um olhe o outro como a si mesmo, colocando-se no seu lugar e agindo da forma mais adequada. Os ouvintes, quando se comu-nicam com pessoas surdas, devem interpretar a Li-bras como uma das linguagens essenciais à comuni-cação, e não achar que é algo secundário; afinal, ela é a primeira língua de mais de 160 mil pessoas apenas no Brasil”, destacou Adriana Peres Almeida Santos, uma das autoras de um estudo publicado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) sobre a acessibilidade da informa-ção para PcDs.

O SÃO PAULO apresenta, a seguir, os principais re-cursos e linguagens de acessibilidade de comunicação.

BRAIlle

O sistema Braille é um processo de escrita e lei-tura baseado em símbolos em relevo, resultantes da combinação de pontos dispostos em colunas, por meio dos quais é possível fazer a representação tan-to de letras quanto de algarismos e sinais de pon-tuação.

Há mais de 70 anos, a Fundação Dorina Nowill, em São Paulo, tem um trabalho voltado à integra-ção social do cego na sociedade. Na área de acesso à comunicação, a instituição conta com uma das maiores gráficas braille do mundo. Além de livros didáticos e literários, são impressos cardápios, ca-tálogos, cartões de visita, contas de consumo, entre outros materiais.

Para as pessoas com baixa visão, são produzidos impressos com fonte ampliada (letras grandes) e alto contraste. Outro formato é o tinta-braille, que une os dois recursos, permitindo que pessoas cegas, com bai-xa visão e disléxicos utilizem o mesmo material.

ÁUDIOOutro recurso essencial é o áudio, que consiste na

conversão do conteúdo de materiais impressos, como livros, bulas, contratos, jornais e revistas para uma ver-são gravada na voz humana.

A audiodescrição traduz imagens em palavras, per-mitindo que pessoas cegas ou com baixa visão consi-gam compreender conteúdos audiovisuais, como fil-mes, fotografias, peças de teatro, liturgias e eventos em geral. Feito ao vivo ou gravado, esse recurso é mais do que simplesmente ouvir o que está sendo dito nos diá-logos ou discursos, mas, como o nome diz, descrever o que está acontecendo, de modo que a pessoa “veja” os detalhes daquilo que não é audível.

Também é desenvolvido, na Fundação Dorina Nowill, o trabalho de adaptação de conteúdos para a versão em áudio. Com o auxílio de locutores profissio-nais, é feita a gravação de impressos diversos. No caso da gravação de uma revista, por exemplo, o locutor não apenas lê em voz alta o que está escrito nas reportagens e artigos, mas descreve os elementos gráficos, como fo-tografias, diagramação e cores.

COMUnICAÇÃO ACeSSíVel:Um direito e uma possibilidade

FeRnAnDO GeROnAzzO [email protected]

Equiplano

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Page 9: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | reportagem | 9

SOFTwAReS De leITURATambém as novas tecnologias oferecem recursos in-

dispensáveis para a comunicação das PcDs. Os leitores de tela são softwares que transformam automaticamente os textos em áudios, permitindo que uma pessoa com defi-ciência visual tenha acesso ao que está sendo apresentado pela mídia digital.

Esses recursos podem funcionar de três formas: len-do toda a página, somente os links ou apenas os cabeça-lhos. Vai depender da maneira como o usuário opta por fazer a navegação.

Para facilitar o funcionamento desses softwares, é importante que os sites sejam desenvolvidos de forma que permitam a “leitura” e conversão do texto em áu-dio. Um desses cuidados é, por exemplo, com a descri-ção das imagens publicadas na página, que pode ser feita por meio de uma legenda visível ou por meio de um formato que somente esses leitores digitais reco-nhecem.

Além do desenvolvimento de tecnolo-gias e linguagens, as pessoas com deficiência precisam de acessibilidade às condições para usufruir desses equipamentos e recursos. Concretamente, isso significa a necessidade de políticas públicas inclusivas. Contudo, em um País que, por exemplo, ocupa o 34ª lugar no ranking mundial de inclusão digital da po-pulação, esse é um longo caminho a ser per-corrido.

A atriz cadeirante Mona Rikumbi destacou à reportagem que, enquanto se discute, por exemplo, a isenção de taxas para a aquisição de um carro zero-quilômetro, “não se pensa em um celular mais acessível, ainda que este seja essencial para uma pessoa com deficiência estar conectada com o mundo?”.

Bruna Barros e Morais, que atua no Proje-to Cadê Você, do Instituto Mara Gabrilli, que atende pessoas com deficiência e moradores de comunidades carentes, chamou a atenção para o impacto da falta de acessibilidade de comu-nicação das PcDs nas escolas públicas, o que se agravou neste momento de pandemia.

Ela relatou que, recentemente, perguntou à coordenadora pedagógica de uma escola na Grande São Paulo sobre como estavam seus alunos com deficiência.

“Sua resposta foi: ‘Ligo com frequência, converso com os pais e acompanhamos dessa forma. Não tenho recursos tecnológicos dis-poníveis para eles no momento e sinto que eles perderam com o convívio social’. Con-versar com os pais não é dar acesso, é apenas monitorar se estão lá ou não. Como incluir, neste momento de pandemia, quem não tem recursos, quem já é historicamente violado de direitos?”, contou.

Marina Guimarães, bailarina cega da Asso-ciação de Ballet Fernanda Bianchini, também citou como exemplo o desafio da acessibilidade na educação, pois muitas escolas possuem ma-teriais específicos para ajudar as pessoas com deficiência visual no processo de educação, contudo, para serem utilizados exclusivamente em sala de aula. Uma vez em casa, não há tais recursos.

UMA DATA PARA ReMeMORAR OS DeSAFIOS

Para Ana Laura Schliemann, professora do curso superior de Psicologia da PUC-SP, a data de 21 de setembro deve sempre colocar em destaque as questões que envolvem a vida das pessoas com deficiência, e a busca de uma sociedade mais inclusiva. “Qual foi a militância de Jesus? Olhar para estas pessoas e aceitá-las”, afirmou, destacando a necessidade de que to-dos se aproximem das pessoas com deficiência e entendam suas questões.

Talvez essa compreensão possa ser al-cançada a partir da arte, que lida com o sen-sível: quando uma orquestra, um grupo de balé, uma companhia de teatro e de dança se apresenta tendo integrantes com e sem deficiência, há um impacto em cada pessoa na plateia, que pode se disseminar em uma percepção coletiva sobre as peculiaridades das pessoas com deficiência, levando à maior conscientização e luta por políticas públicas inclusivas.

(Colaborou: Maria Aparecida Valença)

CelUlAReSCada vez mais indispensáveis, os smartphones também possuem

recursos de acessibilidade para as pessoas com deficiência. São várias as opções e interfaces que dão acesso às funções para que esse público utilize os celulares de forma adaptável.

Para pessoas com deficiência auditiva, existem alguns recursos de fá-brica, como: compatibilidade com aparelhos auditivos; alternativas visuais ao som, como legendas e transcrições; alertas visuais para diversas fun-ções, como ligar e desligar, bateria fraca, recebimento de chamada etc.; e ajuste do volume automático de acordo com o nível de ruído externo.

Para os usuários de Libras, existe um aplicativo que traduz simulta-neamente texto e áudio em linguagem de sinais e vice-versa, sendo útil para surdos e ouvintes que desejam se comunicar com pessoas com de-ficiência auditiva. Todo o texto digitado ou falado no aplicativo é inter-pretado por uma personagem virtual que dá vida a essa funcionalidade.

nA TelAJá as pessoas com deficiência visual contam com recursos como: res-

posta tátil e sonora das teclas; identificação sonora de cada tecla quan-do pressionada; reconhecimento de fala para realização de chamadas; menu acessível por comando de voz; controle de brilho e de contraste da tela; zoom no navegador; leitura de SMS integrada.

Os smartphones também oferecem recursos de leitores de tela que des-crevem tudo o que aparece no visor. Por meio do comando de voz, tam-bém é possível enviar mensagens, fazer ligações ou pesquisar na internet.

Alguns sistemas operacionais oferecem um recurso que apresenta respostas por voz aos usuários com deficiência visual. Além de ajudar na navegação do celular, o aplicativo descreve as ações e alertas de noti-ficações recebidas e permite o uso de gestos simples para ativar funções mais complexas.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

#PRACeGOVeRMuitos sites de páginas nas redes sociais adotam a prá-

tica de, ao divulgar uma imagem ou vídeo, disponibilizar uma descrição daquele material para que a pessoa com de-ficiência visual tenha acesso ao que foi publicado, acompa-nhada da hashtag que já se popularizou: #PraCegoVer.

PARA OS SURDOSTambém existem ferramentas tecnológicas criadas

para suprir as necessidades das pessoas com deficiência auditiva. “Como alguns surdos possuem dificuldade para formular a mensagem e a estrutura de frases mediante a linguagem escrita, foram desenvolvidos programas que possibilitam escrever por meio de símbolos, que imitam gestos utilizados na Libras. Estes recursos se baseiam nos mecanismos dos chats, messengers ou softwares que possibilitam a conversa instantânea entre duas pessoas”, destacou Adriana Peres.

lIBRAS

As pessoas com deficiência audi-tiva contam com o recurso da Língua Brasileira de Sinais, de modalidade gesto-visual, por meio da qual é pos-sível se comunicar com gestos, expres-sões faciais e corporais. É considera-da uma língua oficial do Brasil desde 2002, sendo, portanto, uma importan-te ferramenta de inclusão social.

Atualmente, o Ministério das Comunicações exige “recursos de acessibilidade para pessoas com de-ficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens e de retransmissão de te-levisão”. Além da janela de Libras, os recursos de acessibilidade obrigató-rios na televisão brasileira incluem a legenda oculta (closed caption), a du-blagem e a audiodescrição.

Luci

ney

Mar

tins/

O S

ÃO

PAU

LO

Hand Talk

ARTHUR ACOSTA BAlDIneSPeCIAl PARA O SÃO PAUlO

Acessibilidade econômica

Page 10: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

10 | Geral | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Com o término do prazo para que todos os partidos realizassem suas convenções até o dia 16, nas quais definiram suas coligações e os candidatos a prefeito e vereador, já há um primeiro panorama da disputa à Prefei-tura de São Paulo: 14 candidatos, três a mais do que nas eleições de 2016.

As candidaturas devem ser registradas no Tribunal Regional Eleitoral de São Pau-lo (TRE-SP) até 26 de setembro e aguardar a validação da Justiça Eleitoral. A seguir, O SÃO PAULO apresenta um breve perfil dos candidatos (por ordem alfabética).

Andrea Matarazzo (PSD): Paulistano, tem 63 anos, é filiado a este partido desde março de 2016. Esteve anteriormente no PSDB, tendo sido líder de bancada na Câ-mara Municipal. Foi, ainda, embaixador na Itália e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernan-do Henrique Cardoso. No estado de São Paulo, ocupou as funções de secretário de Energia e de Cultura. Na capital paulista, já atuou como subprefeito da Sé e secretá-rio de Serviços e das Subprefeituras. Terá como vice Marta Rocha (PSD).

Antonio Carlos (PCO): Tem 57 anos, é cario-ca, vive em São Paulo há mais de 30 anos e é professor de Matemática na rede pública estadual. Na política, integra a executiva nacional do partido e é o responsável pela Corrente Sindical Causa Operária. Foi um dos fundadores do PT. Terá como vice Henrique Áreas, do mesmo partido.

Arthur do Val (Patriota): Nascido em São Paulo, tem 34 anos e atualmente é depu-tado estadual. Como empresário, tem atuação nos segmentos de transporte, combustíveis, construção civil e resíduos metálicos. Integra o Movimento Brasil Li-vre (MBL), que ganhou projeção nas ma-nifestações pró-impeachment da ex-pre-sidente Dilma Rousseff. Nas redes sociais,

é conhecido como “Mamãe Falei”. Terá como vice Adelaide Oliveira (Patriota).

Bruno Covas (PSDB): Natural de Santos (SP), é neto do ex-governador Mário Covas, já falecido. Bruno foi eleito vice- -prefeito da capital paulista em 2016. As-sumiu a Prefeitura em abril de 2018, com a renúncia de João Doria para concorrer ao governo do estado. Anteriormente, foi deputado estadual, federal e secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo. Aos 40 anos de idade, tentará a reeleição, tendo como vice o vereador Ricardo Nu-nes (MDB).

Celso Russomanno (Republicanos): Está em seu sexto mandato como deputado federal e, aos 64 anos de idade, disputará a eleição para prefeito de São Paulo, sua cidade natal, pela terceira vez. Nas duas anteriores, 2012 e 2016, não chegou ao 2º turno. Terá como vice Marcos da Costa (PTB), ex-presidente da OAB-SP, que de-sistiu da candidatura a prefeito para com-por chapa com Russomanno.

Filipe Sabará (novo): Empresário do ramo de cosméticos, tem 37 anos e é paulistano. Na política, já atuou como secretário mu-nicipal de Assistência e Desenvolvimen-to Social durante a gestão de João Doria. Posteriormente, presidiu o Fundo Social do Estado de São Paulo, no qual ficou até outubro de 2019. Terá como vice Marina Helena, do mesmo partido.

Guilherme Boulos (PSOl): Paulistano, tem 38 anos, é coordenador nacional do Mo-vimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e membro da direção do mo-vimento “Frente Povo Sem Medo”. Em 2018, concorreu à Presidência da Repúbli-ca, mas não chegou ao 2º turno das elei-ções. Terá como vice a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), que foi prefeita de São Paulo, entre 1989 e 1992.

Jilmar Tatto (PT): Natural de Corbélia (PR), tem 55 anos, já foi deputado federal por São Paulo por dois mandatos e deputado estadual, além de secretário municipal de Abastecimento, Transportes, de Subpre-feituras e de Governo nas gestões petistas de Marta Suplicy (2001-2004) e Fernan-do Haddad (2013-2016). Terá como vice o deputado federal Carlos Zarattini, do mesmo partido.

Joice Hasselmann (PSl): Tem 42 anos e nasceu em Ponta Grossa (PR). Iniciou sua carreira política em 2018, ano em que foi

eleita deputada federal por São Paulo. Foi líder do governo Bolsonaro no Congresso Nacional, mas foi destituída pelo presi-dente deste papel de articulação em ou-tubro de 2019. Terá como vice Ivan Sayeg (PSL).

levy Fidelix (PRTB): Nascido em Mutum (MG), tem 68 anos, disputa a eleição para prefeito de São Paulo pela quinta vez. As anteriores foram em 1996, 2008, 2012 e 2016. Já foi candidato ao governo do es-tado e nos anos de 2010 e 2014 também à Presidência da República. Terá como vice Jairo Glikson (PRTB).

Márcio França (PSB): Natural de São Vi-cente (SP), foi vereador e prefeito daquela cidade por dois mandatos; e também se-cretário estadual de Turismo e de Desen-volvimento Econômico, Ciência, Tecno-logia e Inovação nas gestões de Alckmin, de quem foi vice-governador. Em 2018, assumiu o comando do estado, após o tucano deixar o cargo para concorrer às eleições presidenciais. Tentou se reeleger ao Palácio dos Bandeirantes em 2018, mas foi derrotado no 2º turno. Aos 57 anos, terá como vice Antonio Neto (PDT).

Marina Helou (Rede): Eleita deputada es-tadual por São Paulo em 2018, fundou, naquele mesmo ano, o movimento Vote Nelas, que atua para eleger mais mulheres para o Legislativo em todo o País. É ainda fundadora da Rede Empresarial de Inclu-são Social. Paulistana, 33, terá como vice Marco Dipreto, do mesmo partido.

Orlando Silva (PCdoB): Ministro dos Espor-tes entre 2006 e 2011, nas gestões petistas de Lula e Dilma, tem 49 anos e nasceu em Salvador (BA). Entre 2013 e 2015, foi vereador em São Paulo e atualmente está em seu segundo mandato como deputado federal. Já foi presidente da União Nacio-nal dos Estudantes (UNE) e é fundador da União de Negros pela Igualdade (Une-gro). Terá como vice Andrea Barcelos (PCdoB).

Vera lúcia (PSTU): Nascida em Inajá (PE), tem 53 anos e foi candidata à Presidência da República pelo partido em 2018. Já in-tegrou movimentos sindicais e estudantis. Está no PSTU desde 1994, após ter deixa-do o PT em 1992. Anteriormente, foi can-didata a prefeita de Aracaju (SE) em 2004, 2008 e 2012, mas não chegou ao 2º turno. Terá como vice Lucas Shimabukulo, do mesmo partido.

Disputa à Prefeitura de São Paulo deve ter 14 candidatos

CONHEçA OS NOMES ESCOLHIDOS NAS CONVENçõES PARTIDáRIAS E VEJA AS RECOMENDAçõES DA CNBB SOBRE OS CRITéRIOS PARA A HORA DO VOTO

DAnIel [email protected]

O QUe leVAR eM COnSIDeRAÇÃO nA HORA De eSCOlHeR UM CAnDIDATO?

Na cartilha “Os cristãos e as eleições”, elaborada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são apresentadas algumas orienta-ções para que o eleitor decida seu voto:

Que o candidato tenha boa índole: o eleitor deve buscar informações sobre a história, família, valores e princípios que regem a atuação do candidato na sociedade e em seu traba-lho social.

Que o partido, em seus estatutos, defenda a vida desde a sua concepção até o fim natural, seja favorá-vel à família, à dignidade humana e aos direitos dos mais vulneráveis.

Que o candidato tenha competência, ou seja, capa-cidade de liderança política e de administrar os recur-sos públicos, que saiba de-legar atividades e escolher os mais bem preparados colaboradores para cada área.

Que o político seja ficha limpa: não se deve votar em quem está ou já esteve en-volvido em corrupção ou foi condenado pela Justiça.

O eleitor deve conhecer a proposta de governo do candidato, como preten-de executá-la e com quem está comprometido. Para tal, é preciso se informar além do que é apresentado na propaganda eleitoral.

Se é candidato à reeleição, recomenda-se que o elei-tor avalie como foram os mandatos anteriores, se o político trabalhou em favor do bem comum e se esteve envolvido ou foi conivente em casos de escândalo e corrupção.

ANDREA MAtARAzzO(PSD)

ANtONIO CARlOS(PCO)

ARthuR DO VAl(Patriota)

BRuNO COVAS(PSDB)

CElSO RuSSOMANNO(Republicanos)

FIlIPE SABARá(Novo)

GuIlhERME BOulOS(PSOl)

JIlMAR tAttO(Pt)

JOICE hASSElMANN(PSl)

lEVy FIDElIx(PRtB)

MáRCIO FRANçA(PSB)

MARINA hElOu(Rede)

ORlANDO SIlVA(PCdoB)

VERA lúCIA(PStu)

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Page 11: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | reportagem/Fé e Vida | 11

Você Pergunta

“Minha mãe sofreu um acidente e, em casa, estamos vivendo sérios problemas. Num momento de raiva, quando do aci-dente, eu disse que odiava a Deus. Acho que estou sendo castigado por minha blas-fêmia. Será isso, Padre?”

Quem pergunta é o Daniel, que prefe-riu não dizer seu sobrenome. Meu irmão, quem nunca, diante de um sofrimento, re-clamou contra Deus? Quem nunca se per-guntou desconfiado: “Será que Deus exis-

te mesmo? E, se existe, por que permitiu que me acontecesse este sofrimento?” As perguntas realmente são muitas, Daniel, quando a nossa vida passa por reviravoltas que maltratam tanto a nós quanto a quem amamos.

Só o tempo vai nos fazer entender que mágoas, dores, sofrimentos, doenças, de-sentendimentos, acidentes fazem parte da aventura humana. Só o tempo vai nos fa-zer entender que nós, por sermos cristãos, católicos praticantes, homens e mulheres de oração, não estamos vacinados contra o mal físico, espiritual, moral. Só o tempo

vai nos fazer entender que o amor de Deus por nós permanece o mesmo na riqueza e na pobreza, na alegria e na dor, na harmo-nia e nos conflitos.

O apóstolo Paulo nos dá uma lição de vida imensa quando reflete que nada nes-te mundo pode nos separar do amor de Deus. E ele relata o que Deus lhe disse ao coração quando pediu socorro na hora da tribulação: “A ti basta-te a minha graça!” (cf. 2Cor 12,8). E Paulo pôde concluir que, quando ele é fraco, aí sim é que é forte, porque age nele a fortaleza de Deus.

Outra coisa, Daniel: Deus não se irrita,

não se enche de fúria, não castiga nossa revolta revelada nos desabafos que faze-mos diante do inevitável da dor, da cruz, da morte. Deus é um pai paciente que dá um tempo para que possamos nos refazer e perceber que Ele nada tem a ver com os problemas pelos quais passamos. Esses problemas não são da vontade Dele, por-que Ele nos ama. Não são castigos Dele, porque Ele só quer nossa felicidade. Esses problemas fazem parte de nossa vida, nem sempre construída segundo os planos des-te Pai cheio de bondade. Fique tranquilo, meu irmão. Deus nunca desiste de nós.

Um momento de revolta contra Deus tem perdão?PADRe CIDO PeReIRA

[email protected]

Com a promulgação da Emenda Constitucional 108, em agosto, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) se tornou uma verba permanente e serão aumentados gradualmente, até 2026, os percentuais de participação da União dos atuais 10% para 23%.

O repasse dos recursos do Fundeb, porém, ainda depende de regulamenta-ção, que já está em análise na Câmara dos Deputados, por meio do projeto de lei (PL) 4372/20. Este, em seu artigo 7º, indica que o fundo pode contemplar ins-tituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, que es-tejam conveniadas com o poder público. No entanto, o repasse só será permitido para a etapa da educação infantil, de 0 a 3 anos de idade, e para as pré-escolas que atendam crianças de 4 a 5 anos, respei-tando-se, porém, a limitação do período de convênio de, no máximo, seis anos.

O Vicariato Episcopal para a Educa-ção e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo, o Vicariato da Educação da Arquidiocese do Rio de Janeiro, a Confe-deração Nacional da Família e da Educa-ção (CNFE), a Frente Cristã por um Brasil Melhor, a Associação Nacional de Escolas Católicas (Anec), o Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas e parlamentares de diferentes partidos têm se mobilizado para que esse repasse seja extensivo a toda a Educação Básica – Infantil, Fundamen-tal e Médio –, uma vez que a Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) não fixam este limite apresentado no PL 4372/20.

Segundo Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Univer-sidade, o Vicariato, com o apoio de di-rigentes de escolas e líderes de comuni-dades, está em contato permanente com parlamentares municipais, estaduais e

Mobilização propõe que escolas comunitárias econfessionais tenham pleno acesso ao Fundeb

DAnIel [email protected]

por grupos de famílias, com a meta de alcançar a excelência na aprendizagem dos estudantes.

“Uma das pedras fundamentais do nosso modelo curricular é a participação efetiva da família, o que respeita o arti-go 205 da Constituição, o qual diz que a educação é dever do Estado e da família. Hoje em dia, infelizmente, a família não é escutada. É chamada na escola apenas para receber o boletim do estudante ou quando ele tem mau comportamento. Nas escolas comunitárias, o artigo 205 será posto em prática”, enfatizou Mota.

Consultora pedagógica da CNFE,

provedor deste serviço. Hoje, o espírito comunitário da escola e da educação, que está refletido no artigo 205 da Constitui-ção, está sendo desrespeitado, pois as fa-mílias não podem contar com o Fundeb, que é um dos principais financiadores da educação brasileira”, apontou Ilona.

eSTRUTURA PRePARADAMota afirmou que muitas das paró-

quias que mantêm atividades de contra-turno escolar ou administram creches e pré-escolas conseguiriam, com poucas adaptações, receber também estudantes do Ensino Fundamental e Médio. “Te-

mos mobiliário, espaço físico e até recur-sos humanos para isso, mas manter uma estrutura educacional é algo caro. Se ha-verá mais dinheiro do Governo Federal no Fundeb, por que não democratizar o uso desses recursos? Por que não torná- -los mais próximos das comunidades?”, indagou.

UM DIReITO DOS PAIS, OS PRIMeIROS eDUCADOReS

Dom Carlos recordou que no Com-pêndio da Doutrina Social da Igreja se aponta que os pais têm o direito de fun-dar e manter instituições educativas e que as autoridades devem assegurar que se distribuam as subvenções públicas para tal (cf. CDSI, 241).

“A razão é que os pais são os primei-ros responsáveis pela educação de seus filhos. A prerrogativa de poder constituir uma escola comunitária permitirá que aquelas famílias que desejam dar uma educação de acordo com seus valores religiosos possam ter acesso a uma es-cola adequada, uma vez que os recursos públicos poderão subsidiar tais escolas. Assim se corrigirá uma desigualdade: as famílias que não têm recursos para cus-tear uma escola particular são discrimi-nadas”, explicou o Bispo.

Dom Carlos ressaltou, ainda, que os pais procuram as escolas católicas por confiar que nelas seus filhos terão uma formação de acordo com os princípios éticos e morais da Igreja. Ele também re-cordou um discurso do Papa Francisco em uma plenária da Congregação para a Educação Católica, em fevereiro de 2014: “Os institutos de educação católicos ofe-recem a todos uma proposta educacional que visa ao desenvolvimento integral da pessoa e que corresponde ao direito de todos de aceder ao saber e ao conheci-mento, mas são igualmente chamados a oferecer a todos – no pleno respeito da li-berdade de cada um e dos métodos pró-prios do ambiente escolar – a proposta cristã, ou seja, Jesus Cristo como sentido da vida, do cosmos e da História”.

Governo do Estado de São Paulo

Fundeb é o principal financiador da Educação Básica, mas há restrições para acesso ao fundo

federais para conseguir o apoio a essa proposta. “Também estamos fazendo um trabalho de conscientização das es-colas filantrópicas da Arquidiocese que se encaixariam nessa regulamentação de escolas comunitárias, além de diversas novas comunidades que já promovem escolas ou estão se mobilizando para isso”, detalhou o Bispo à reportagem.

GeRIDAS PelA COMUnIDADe e PelAS FAMílIAS

Edivan Mota, diretor-executivo da CNFE, explicou ao O SÃO PAULO que as escolas comunitárias são montadas

Ilona Becskehazy, doutora em Política Educacional e ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, asse-gurou que as parcerias dos municípios com as escolas comunitárias na educa-ção infantil têm gerado bons resultados no Brasil, e que em países como Ingla-terra, Estados Unidos e Canadá isso tam-bém se verifica nas escolas católicas em todas as etapas da Educação Básica.

“É um direito da família lutar pelo tipo de educação que deseja dar a seus filhos. Desde que o aluno aprenda certo tipo de conteúdo e habilidade, não deve-ria haver problema algum em qual será o

Page 12: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

12 | Pelo mundo | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Quatro dos cincos padres que per-maneceram na cidade de Aleppo, na Síria, contraíram o novo coronavírus e dois deles morreram, segundo o Padre

Ibrahim Alsabagh, Pároco da Paróquia de Rito Latino na cidade.

Ao site Crux, Padre Ibrahim afirmou que a porcentagem alta de contágio entre os sacerdotes é similar àquela entre os fiéis das paróquias. Para ele, a atual situa-ção se deve à precariedade e falta de hos-

Espanha

Siria

em carta pastoral, Bispo fala sobre a crise de fé e a necessidade do ‘primeiro anúncio’

JOÃO FOUTOeSPeCIAl PARA O SÃO PAUlO

Dom Juan Antonio Reig Pla, Bispo de Alcalá de Henares, na Espanha, publicou recentemente a carta pastoral “Para ges-tar nuevos cristianos – Monstra te esse Matrem” (“Para gestar novos cristãos – Mostra que és Mãe”, em português), na qual, entre outras coisas, anuncia a con-vocação de um jubileu por ocasião dos 450 anos da vitória de Lepanto contra os muçulmanos, no século XVI.

O principal assunto da carta, porém, é a necessidade de anunciar o Evange-lho em uma sociedade descristianizada como a espanhola – isto é, trata-se já de um “primeiro anúncio”, como quando a sociedade era pagã.

“O que aconteceu conosco, católicos espanhóis? Como pudemos estar tão pou-co atentos às vozes proféticas de São João Paulo II e Bento XVI? Em que momento nos encontramos agora e o que podemos fazer?”, se pergunta o Bispo.

‘UMA CRISe PROFUnDA De Fé’Dom Juan Antonio assinala que

“sendo testemunha direta de todo este naufrágio, sou também testemunha da-quilo que é capaz de promover a fé cristã, o encontro com Cristo e a potência da Palavra de Deus e da Eucaristia quan-do configuram autênticas comunidades cristãs chamadas a ser o fermento na

rias de iniciação cristã. Trata-se de uma ‘desmemória’ epocal. Habituados aos ‘costumes cristãos’, esquecemos como gestar novos cristãos e como revitalizar a fé de nosso povo”.

Isso agora se traduz, segundo o Bispo, na falta de matrimônios cristãos, na alta taxa de rupturas familiares, na baixíssima natalidade, na cultura da morte e no lai-cismo cada vez mais crescente. “Estamos diante de uma enfermidade profunda que reclama de todos nós uma longa etapa de purificação. O Senhor nos situa de novo no exílio e nos faltam profetas que cha-

mem à conversão para poder reconstruir de novo a cidade e plantar nela a Cruz.”

‘ReCUPeRAR O PRIMeIRO AnúnCIO’

Por causa disso, Dom Juan Anto-nio diz ser urgente “renovar a iniciação cristã” e “recuperar o primeiro anúncio, que propõe o encontro com a Pessoa de Cristo que vive em sua Igreja: é o que os últimos papas chamaram ‘primeira evangelização’. Esta urgência nasce pela presença de outras religiões ou espiritua-lidades na vida ordinária, pela frequente

renúncia das famílias a dar testemunho da fé e transmiti-la aos filhos (quando eram o sujeito tradicional do primeiro anúncio) e por um crescente desvio mo-ralista-humanista da transmissão da fé ou, inclusive, por uma difusa tendência a uma religiosidade vaga, sem os con-tornos pessoais de uma adesão a Jesus Cristo e uma consciente pertença à co-munidade cristã”.

Dada essa situação, o Bispo propõe aos sacerdotes e responsáveis paroquiais que promovam “o ‘primeiro anúncio cristão’, o anúncio do Querigma, tanto na pregação quanto na Catequese de todas as idades e para todas as condições dos destinatários, incluindo os aleijados ou debilitados em sua fé”. Para tal, exorta a “estudar e dar a conhecer as distintas modalidades do ‘pri-meiro anúncio’ e apresentar as diversas iniciativas e movimentos que existem na Igreja centrados no anúncio do Querigma e na evangelização”.

“Do mesmo modo, as paróquias e as delegações podem dar a conhecer estas modalidades e solicitar a presença dos movimentos e realidades eclesiais que os possam ajudar. O objetivo, para além do anúncio do Querigma, que deve ser per-manentemente aprofundado, é ir recon-duzindo a iniciação cristã, fazendo-a de-sembocar na gestação de novos cristãos e de novas famílias e comunidades cristãs”, acrescentou o Bispo.

Fonte: Religión en Libertad

em Aleppo, padres missionários morrem devido à COVID-19GUSTAVO RAMOS

eSPeCIAl PARA O SÃO PAUlOpitais, remédios, médicos e enfermeiros.

Todos os sacerdotes da cidade per-tencem à Ordem Franciscana, e o Padre Ibrahim foi o único a ainda não ter sido infectado pelo vírus, o que, segundo ele, foi “providência”, pois isso permitiu que cuidasse dos dois padres que sobrevive-

outros países: 160. Entretanto, as Nações Unidas afirmam que há uma severa sub-notificação na Síria e que a doença está espalhada em todo o território sírio.

“Para compreender completamente quão precária é a nossa situação de tra-tamento e prevenção, é suficiente dizer que, por muito tempo, enterrávamos dez cristãos por dia, mortos pela doença”, afirmou o Padre, em sua carta.

“Além disso, temos nove anos acu-mulados de guerra em nossos ombros, que deixaram feridas que nunca serão curadas”, disse. Entretanto, os frades franciscanos em Aleppo “continuam o acompanhamento espiritual às pessoas, de modo pessoal ou comunitário, usan-do os meios de comunicação e passando horas e horas por dia ao telefone, para saber a situação dos paroquianos”.

Além da ajuda espiritual, a Paróquia colabora materialmente com milhares de pessoas, distribuindo comida, pagan-do contas de hospital e auxiliando as fa-mílias a preparar o aquecimento de suas casas para o inverno que se aproxima.

Fonte: Crux Now

ram à doença, ao mesmo tempo que podia manter as atividades de sua Pa-róquia.

Em carta escrita ao Crux, de 14 de setembro, Padre Ibrahim criticou o governo sírio por não ter adotado medida alguma de isolamento contra o vírus e afirmou que sua Paróquia tentou manter informados os fiéis acerca da importância de medi-das sanitárias para conter o avanço da doença.

O número oficial de mortes causadas pelo coronavírus não é tão alto, se comparado ao de

Dom Juan Antonio Reig Pla, Bispo de Alcalá de Henares

Vatican Media

massa. Nossa crise não se resolve chamando-a de crise política ou cri-se social, moral ou reli-giosa. O que caracteriza nosso momento atual […] é uma crise pro-funda de fé e uma au-sência de pensamento crítico patrocinado pela mesma fé em Cristo”.

E acrescenta, em uma autocrítica: “A Igreja na Espanha con-tinuou a dar a fé por suposta, naturalmente, por causa da aparên-cia do catolicismo so-ciológico, e não soube elaborar, para além das minorias, propostas sé-

Page 13: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | reportagem | 13

para o seminário, pois, no campo, a única “roupa nova” que o menino tinha era a com a qual ia à missa aos domin-gos. Naquela noite, Ângelo não dormiu de tanta ansiedade. Logo cedo, ele par-tiu com seu pai, Antonio Mezzari, para embarcar no único ônibus que passava na comunidade para seguir até o semi-nário, em Criciúma (SC).

Cinco décadas depois, na tarde do sábado, 19, seus familiares e amigos se reuniram no Santuário Sagrado Cora-ção Misericordioso de Jesus, em Içara, na Diocese de Criciúma, para celebrar um novo envio vocacional de Mezzari, que agora se torna Bispo da Igreja, su-cessor dos apóstolos.

CeleBRAÇÃO VOCACIOnAlA ordenação episcopal foi presidi-

da pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, que foi um dos bispos ordenantes, as-sim como Dom Jacinto Inácio Flach, Bispo de Criciúma (SC), e Dom Ru-bens Sevilha, O.C.D., Bispo de Bauru (SP). Concelebraram diversos bispos e sacerdotes, dentre os quais, padres da Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus, à qual o novo Bispo pertence.

No primeiro banco, estava dona Etelvina, bastante emocionada. O se-nhor Antonio, já falecido, foi recordado com emoção pelo filho, que ressaltou que a família foi o berço e fonte de sua vocação, tendo seus pais como os pri-meiros promotores vocacionais.

Logo após a leitura do mandato apostólico do Papa Francisco que no-meava o Padre Ângelo como Bispo Auxiliar de São Paulo, publicado em 8

Dom Ângelo Mezzari é ordenado bispoNOMEADO BISPO AUxILIAR DE SãO PAULO PELO PAPA FRANCISCO, O SACERDOTE ROGACIONISTA RECEBEU A ORDENAçãO EPISCOPAL EM SANTA CATARINA

FeRnAnDO [email protected]

de julho, a assembleia entoou o refrão “Enviai, Senhor, muitos operários para a vossa messe, pois a messe é grande e os operários são poucos”, baseado na-queles versículos bíblicos que nortea-ram sua vocação.

Por isso, o lema episcopal de Dom Ângelo não podia ser outro senão “Ro-gate ergo” (Rogai, pois), em alusão ao apelo vocacional de Jesus. “Rezar insis-tentemente, de forma suplicante e per-severante, para que o Senhor da messe continue a enviar seus operários. Desde muitos anos, coloquei-me nesse cami-nho em primeira pessoa e, agora, tam-bém dei o meu ‘sim’ para servir à Igreja como Bispo”, afirmou Dom Ângelo.

SUCeSSOR DOS APÓSTOlOSNa homilia, Dom Odilo destacou

que a ordenação de um bispo lembra um aspecto fundamental expresso na Profissão de Fé: a Igreja é apostólica. “A Igreja vem dos apóstolos, permanece na fé dos apóstolos e continua a missão apostólica”, afirmou.

“Por isso, como fizeram os apósto-los no início da Igreja, ao escolher seus sucessores para continuar sua missão e responsabilidade, impondo-lhes as mãos, invocando o Espírito Santo, nós nos encontramos hoje para ordenar um bispo, que será unido ao colégio episco-pal para receber e compartilhar a mis-são dos apóstolos”, ressaltou o Arcebis-po de São Paulo.

MInISTRO De CRISTOO Cardeal Scherer enfatizou que o

episcopado não é um título que alguém atribui a si mesmo. “Os bispos autên-ticos na Igreja são aqueles que foram

nomeados pelo Papa e recebem a im-posição das mãos de outros bispos ver-dadeiros. Estão, portanto, em estreita comunhão com o Papa e com os outros bispos”, afirmou, acrescentando que é isso que garante a ininterrupta sucessão apostólica.

“O bispo será, assim, ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus, pois a ele foi confiado testemu-nhar a verdade do Evangelho e o mi-nistério do Espírito e da santidade”, reforçou Dom Odilo, enfatizando que o episcopado é um serviço e não uma honra. “O bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado do que pelas hon-rarias recebidas”, acrescentou. “Esco-lhido pelo Pai para dirigir sua família, lembra-te sempre do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas e é por elas co-nhecido. Ele não hesitou em dar a vida pelo rebanho”, completou.

RITOS e SíMBOlOS O momento central do rito de orde-

nação episcopal é a imposição das mãos dos ordenantes sobre a cabeça do eleito, seguido dos demais bispos, como sinal de comunhão no mesmo ministério e a prece de ordenação. Esse é o mesmo gesto feito pelos apóstolos ao constituir seus primeiros sucessores.

Assim como na ordenação dos pa-dres, o ordenando é ungido com o óleo do Crisma. No entanto, em vez das mãos, o novo bispo tem a sua cabeça ungida, como sinal de sua participação na plenitude do sacerdócio de Cristo.

Depois de receber das mãos de Dom Odilo o livro dos Evangelhos, Dom Ângelo recebeu as insígnias epis-copais, isto é, os símbolos do exercício

do ministério episcopal: o anel, sinal da fidelidade à Igreja; a mitra, símbolo da santidade da Igreja; e o báculo, sinal do serviço pastoral e cuidado do rebanho.

TeSTeMUnHA De JeSUSEm entrevista ao O SÃO PAULO,

Dom Ângelo Mezzari afirmou que es-pera viver o episcopado, antes de tudo, como um grande chamado à santi-ficação pessoal. “Em primeiro lugar, desejo viver pessoalmente esta graça que transforma a minha vida, muda a minha existência e me coloca em mo-vimento, faz com que eu me doe ain-da mais por causa de Jesus Cristo e seu Evangelho, a serviço do Reino de Deus”, expressou.

O novo Bispo recordou que viveu cerca de 20 anos em São Paulo como estudante, religioso e sacerdote. “Cer-tamente, a cidade mudou e a Igreja avançou na sua caminhada. São tan-tos outros novos desafios que surgem. Espero, no entanto, que a experiência vivida nesta cidade como religioso e sacerdote possa contribuir de alguma forma para o meu serviço como Bispo Auxiliar, colaborando com o Arcebis-po, nas funções para as quais serei de-signado”, destacou.

“Sei que a Arquidiocese vive este ca-minho sinodal e desejo entrar nele, bus-cando conhecer e me informar sobre o sínodo. Quero, com todos, ser mais uma testemunha de que Deus habita esta ci-dade”, completou Dom Ângelo, que to-mará posse do ofício de Bispo Auxiliar de São Paulo no dia 4 de outubro, em missa na Catedral da Sé, às 11h.

Leia mais sobre o ministério episco-pal em: https://tinyurl.com/y5bop8zd.

Adriana Silva/Comunicação do Santuário SCMJ

Como parte do rito de ordenação episcopal, o Cardeal Odilo Scherer unge a cabeça de Dom Ângelo Mezzari com o óleo do Crisma, no sábado, 19

“Rogai ao Senhor da messe que envie operários para sua messe” (Mt 9,38). Foram es-sas palavras de Jesus que, há 52 anos, motivaram o jovem Ângelo Ademir Mezzari, com apenas 11 anos, a deixar sua casa, na zona rural da comu-nidade de Sanga do Engenho, município de Nova Vene-za, atualmente Forquilhinha (SC), para ingressar no semi-nário.

Na ocasião, sua mãe, Ma-ria Etelvina Ronchi Mezzari, passou a noite costurando as roupas que Ângelo levaria

Page 14: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

14 | Papa Francisco | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

O Cardeal Lorenzo Baldisse-ri deixou a secretaria do Sínodo dos Bispos no dia 16, quando o Papa Francisco aceitou sua re-núncia. Ele se aproxima da ida-de-limite para ocupar um cargo na Cúria Romana, 80 anos. Para o seu lugar foi nomeado o bispo maltês Dom Mario Grech.

Dom Lorenzo é bem conhe-cido no Brasil, pois foi núncio (representante diplomático) no País por cerca de dez anos, até 2012. Depois, ocupou a função de secretário da Congregação para os Bispos, atuando como

secretário do conclave que ele-geu o Papa Francisco. Após essa participação, foi nomeado ao cardinalato e à secretaria do Sí-nodo.

Ele liderou a organização de duas assembleias a respeito da Família, uma sobre os Jovens e outra para a Amazônia, dando ao Sínodo maior voz e visibili-dade, conforme desejo do Papa.

Dom Mario Grech, por sua vez, já participou do Sínodo para a Amazônia na condição de pró-secretário e vem traba-lhando na preparação do pró-ximo, sobre a Sinodalidade, a ser realizado em outubro de 2022. (FD)

Ao refletir sobre a conhecida parábola dos trabalhadores na vinha (cf. Mt 20,1-16a), o Papa Francisco disse que Deus tem um modo de agir “surpreendente” aos olhos humanos e que está “sempre em saída”, sem deixar ninguém de fora nas suas manifestações de amor.

“Deus continua a chamar a todos, convida a qualquer hora, para trabalhar no seu Reino”, disse o Pontífice. “Esse é o estilo de Deus, que somos chamados a receber e a imitar. Ele não está fechado no seu mundo, mas ‘sai’. Deus está sempre em saída, buscando-nos, não fica fecha-do. Deus sai. Sai continuamente em bus-ca das pessoas, porque quer que ninguém seja excluído do seu desenho de amor.”

Conforme a parábola contada por Je-sus no Evangelho, o patrão de uma vinha contratou um grupo de trabalhadores e pagou aos que chegaram primeiro o mes-mo valor que deu àqueles que foram con-vocados mais tarde. Na reflexão de Fran-cisco, essa imagem remete à forma como Deus nos recompensa.

“Sempre Deus paga o máximo: não falta a metade do pagamento. Paga tudo. E aqui se entende que Jesus não está fa-lando do trabalho e do justo salário, que é um outro problema, mas do Reino de Deus e da bondade do Pai celeste, que sai continuamente a convidar e paga o máxi-mo a todos”, comentou.

Deus “é mais que justo”, pois não analisa os nossos resultados, “mas a dis-ponibilidade, a generosidade” com que nos empenhamos em seu serviço, acres-centou. Isso é o que chamamos de “graça”, resumiu. (FD)

Papa: Deus está ‘sempre em saída’ e não exclui ninguém do seu amor

FIlIPe DOMInGUeSeSPeCIAl PARA O SÃO PAUlO

A festa de São Francisco de Assis, em 4 de outubro, é a data escolhida pelo Papa Francisco para publicar sua nova encíclica, intitulada “Fratelli tutti” (To-dos irmãos). O Vaticano confirmou, no dia 16, que o texto será assinado na vés-pera, quando o Papa celebrará a missa na basílica onde está enterrado o Santo dos pobres.

De acordo com o diretor editorial do Vaticano, Andrea Tornielli, o título do documento será mantido na língua italiana em todos os idiomas, pois se refere a uma citação de texto escrito por São Francisco de Assis. O tema desta que será a terceira encíclica do Papa Francisco é a “fraternidade” e a “amizade social”

“Francisco escolheu as palavras do Santo de Assis para inaugurar uma reflexão que considera muito importante” e que, portanto, “se re-fere a todos os irmãos, a todos os ho-mens e mulheres de boa vontade que populam a terra”, afirma Tornielli. “A todos, de modo inclusivo e jamais excludente.” (FD)

nova encíclica ‘Fratelli tutti’ será publicada em 4 de outubro

A crise humanitária provocada pela atual pandemia de COVID-19 é um convite a repensar prioridades e urge “recuperar a centralidade do ser huma-no e redefinir suas responsabilidades”, afirma o Cardeal Pietro Parolin, Secre-tário de Estado do Vaticano, em carta enviada à Universidade Católica do Sa-cro Cuore, na segunda-feira, 21.

“A pandemia está condicionando a vida de toda a humanidade”, recordou. Por isso, todas as áreas do conhecimen-to, da Economia ao Direito, Filosofia e outras ciências, devem propor critérios de desenvolvimento que tragam o ser humano de volta ao centro das ações e dos objetivos.

“Desafios enormes ligados ao am-

biente, à educação, às migrações exi-gem análises e soluções inovadoras inspiradas no bem integral da pes-soa, na justiça, na fraternidade e na pacífica convivência entre os povos”, declara o Cardeal. Somente com a co-laboração e novas formas de sinergia será possível formar “aliados para o futuro”, diz. (FD)

Devemos recuperar a ‘centralidade do ser humano’, diz Cardeal

Troca no comando do Sínodo dos Bispos

Dom Mario Grech em audiência com o Papa Francisco

Vatican Media

Page 15: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

26º Domingo do Tempo Comum27 DE SETEMBRO DE 2020

‘Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem’

Liturgia e Vida

www.osaopaulo.org.br

www.arquisp.org.br | 23 a 29 de setembro de 2020 | Fé e Vida | 15

PADRe JOÃO BeCHARA VenTURA

No templo, Cristo foi interrogado por al-guns chefes dos sacerdotes e anciãos que, sem acreditar na sua pregação e na de João Batis-ta, queriam saber com que autoridade reali-zava tantas obras. Vendo que O colocavam à prova, tendo o coração fechado à verdade, o Senhor os deixou sem resposta e lhes propôs esta parábola.

Um pai pediu a cada um de seus dois fi-lhos: “Vai trabalhar hoje na vinha”. O primeiro respondeu com franqueza: “Não quero”. Mais tarde, porém, sentiu remorso e acabou obede-cendo. O segundo respondeu com solicitude e respeito: “Sim, senhor, eu vou”. Contudo, não foi. Sabemos por experiência pessoal a decep-ção causada por pessoas que dizem “já vou, já vou” e não fazem nada; ou que formulam belas promessas, mas, na hora da necessidade, desa-parecem…

A fim de capturar os interlocutores no pró-prio erro, Jesus perguntou qual dos dois fez a vontade do pai. A resposta óbvia – “o primeiro” – constituía, na boca dos chefes e dos anciãos, uma autocondenação. Esses homens eram cio-sos da Lei de Moisés, jactavam-se por pertencer ao povo eleito, ocupavam funções importantes na comunidade de Israel… Agora, porém, que estavam finalmente diante do cumprimento das promessas divinas – na presença do Messias –, recusavam-se a acreditar e a converter-se!

Com belas palavras nos lábios e com cos-tumes “respeitáveis”, cometiam uma impostura irremediável, pois eram incapazes de obedecer. Eram os “senhores” da própria vida! Apesar da aparência de “reverência”, a religião era para eles um ganha-pão, meio de projeção social, mas não um exercício de humildade e obediência. Não à toa, o segundo filho da parábola chama o pai de “senhor”… É um lembrete de que “nem todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade do Pai que está nos Céus” (Mt 7,21). Não é sincera uma religiosidade que não visa ao conhecimento e à prática da vontade de Deus na existência cotidiana.

Para alertar a respeito da contradição de suas vidas, o Senhor profere palavras tão duras quan-to verdadeiras: “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. Não se trata aqui de concessão ao pecado des-tes últimos. Vendo as obras e a pregação de João e de Jesus, muitos deles haviam acreditado e se convertido sinceramente. É o caso, por exem-plo, do publicano Mateus, que se tornaria após-tolo e evangelista. Afinal, “quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Ar-rependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá” (Ez 18,27-28).

Os chefes e anciãos, ao contrário, mesmo conhecendo o Precursor e Salvador, “não se arrependeram para crer” (Mt 21,32). Fazendo promessas de fidelidade e levando o nome “Se-nhor” à boca, não realizaram o mais importan-te: crer, converter-se e obedecer. Que Deus nos conceda uma piedade sincera, acompanhada do cumprimento dos seus mandamentos e de nos-sos deveres de estado!

Um dos métodos para a leitura das Sagradas Escrituras é o Diário Espiritual, popularizado, principal-mente, pelo Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova. Em seu livro, “A Bíblia no meu dia a dia”, Monsenhor Jonas detalha as razões para escrever um diário espiri-tual e dá indicações de como fazê-lo frutuosamente.

O objetivo do Diário Espiritual é evitar um conhecimento superficial da Bíblia, ao mesmo tempo em que impede uma leitura meramente in-telectual, propiciando a todos a pos-sibilidade de ter um contato diário e profundo com as Sagradas Escrituras. Dessa forma, o texto bíblico pode ser verdadeiramente assimilado e se tor-nar “carne da nossa carne”. Com isso, a Palavra estará fincada no coração e ninguém poderá retirá-la de lá.

Antes de descrever o método de leitura e de redação do Diário, Mon-senhor Jonas Abib aponta algumas regras de ouro a serem consideradas por todos os que desejam se apro-ximar da Bíblia por esse método. A primeira delas é que a Bíblia deve ser lida todos os dias, para que a alma se alimente constantemente. Para isso, é necessário que haja um hora marcada para a leitura, para que se crie um ver-dadeiro hábito. Cada pessoa deverá encontrar a hora do dia em que pode ler a Bíblia com mais atenção.

Outra regra de ouro é a marca-ção do tempo da leitura, para que em todos os dias haja uma constância. No começo, às vezes apenas 10 mi-nutos por dia é suficiente. À medida que cresce a nossa intimidade com a Bíblia, sentiremos a necessidade de aumentar o tempo diário de leitura. Além disso, é necessário escolher um bom lugar, silencioso e que facilite a concentração e a oração.

A última regra fundamental do método é ler com caneta ou lápis à mão, para que seja possível uma lei-tura ativa da Bíblia. Dessa forma, é possível sublinhar as passagens que mais nos tocam e anotar ao lado do texto algo que nos ocorra. Além dis-so, Monsenhor Abib recorda que tudo precisa ser feito num ambiente de oração, com a clara consciência de que não se deve fazer essa leitu-ra como um estudo intelectual, mas como uma conversa íntima entre Deus e o homem.

COMO FAzeR O DIÁRIO eSPIRITUAl

Respeitadas as regras de ouro, reserve num caderno uma folha

Diário espiritual: um contato cotidiano e profundo com a Palavra de Deus

GUSTAVO CATAnIA RAMOSeSPeCIAl PARA O SÃO PAUlO

para cada dia de leitura da Bíblia. No alto da página, coloque a data da leitura. Depois, comece a leitura e o Diário considerando cinco pon-tos:1º) Promessas de Deus: Copiar no

Diário todas as promessas que Deus fez na passagem lida no dia. As promessas de Deus devem sempre estar gravadas em nós, pois elas nos dão ânimo na vida da fé. São exemplos de promessas de Deus: “A todos que o recebe-ram, aos que creem em seu nome, deu-lhes poder de se tornar filhos de Deus” (Jo 1,12) ou “E estais certos de que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que tiver feito” (Ef 6,8).

2º) Mandamentos e ordens de Deus: Copiar todas as ordens e man-damentos divinos presentes na passagem, porque eles são guias seguros para a nossa vida. São exemplos de versículos desse tipo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34) e “Ide por todo o mundo e pregai o Evange-lho” (Mc 16,15).

3º) Princípios eternos do Reino de Deus: Copiar no Diário todas as passagens que falam e descrevem o Reino de Deus e seus princípios, como “o Reino de Deus é conquis-tado à força” (Mt 11,12) ou “Por-que nada trouxemos a este mun-do, tampouco nada poderemos levar” (1Tm 6,7).

4º) Mensagem de Deus para mim hoje: Nesse ponto, após anotar no Diário as passagens, deve-se escrever a mensagem que Deus deseja nos dar a partir delas. Essa mensagem é íntima e pessoal, e as mesmas passagens, em períodos diferentes da vida, podem oca-sionar mensagens diversas. Nesse ponto, é necessário estar atento ao que Deus pede concretamente a

nós a partir de sua Palavra. 5º) Como posso aplicar isso em mi-

nha vida? Nessa parte do Diário, são anotadas as resoluções to-madas a partir da mensagem de Deus, para que mudemos algum ponto concreto em nossa vida. É importante anotar os propósitos de mudança, para que sempre seja possível lê-los e considerar se estamos realmente progredindo.

A ORDeM De leITURA DO lIVROS DA BíBlIA

A Bíblia é uma coleção de 73 li-vros, escritos de modos e estilos di-versos. Alguns livros são de mais difí-cil compreensão que outros. Por essa razão, é bom que sejam lidos em uma determinada ordem, para que a apro-ximação com o texto bíblico seja fru-tuosa. Recomenda-se que se comece a leitura com o Novo Testamento.

Além disso, Monsenhor Jonas Abib aconselha, em seu livro, que o Diário comece a ser feito com a Pri-meira Carta de São João, porque é uma epístola que anuncia, de ma-neira clara, a mensagem da salvação. Após ler um capítulo por dia da car-ta, recomenda-se que ela seja relida mais uma vez. Depois, nessa ordem, o Evangelho de São João, de Marcos, as pequenas cartas de São Paulo, o Evangelho de São Lucas, os Atos dos Apóstolos, a Carta aos Romanos, o Evangelho de São Mateus, a Primeira e Segunda Carta aos Coríntios, a Car-ta aos Hebreus, a de São Tiago e as de Pedro, a Segunda e Terceira Carta de João, a de Judas e o Apocalipse.

Entretanto, a ordem proposta pode ser outra, de acordo com a con-veniência e necessidade de cada um. Depois de terminado o Novo Tes-tamento, pode-se começar o Diário com os livros do Antigo Testamento, também seguindo um determinado plano de leitura.

Editora Ave Maria/Divulgação

Page 16: Semanário da arquidioceSe de São Paulo ano 65 | Edição ... · Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Liturgia e Vida O diálogo com Deus a partir da leitura da Bíblia

16 | Geral | 23 a 29 de setembro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

www.osaopaulo.org.brDiariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publica-dos recentemente.

FOtO DA SemANAGrupo de paroquianos da Paróquia Santa Rita de Cássia, da RegiãoEpiscopal Ipiranga, distribui marmitas à população em situação rua nasproximidades do Pateo do Collegio. Leia a reportagem completa neste link:https://cutt.ly/FfXeNlm.Viu algo que lhe chamou a atenção na cidade? Fotografe e mande para o nosso e-mail [email protected], com o título “Foto da Semana”.

Arquivo paroquial

Dom Odilo comemora 71 anos de vidahttps://cutt.ly/zfXeRF2

Cardeal Scherer expressa solidariedade ao Padre Julio Lancellottihttps://cutt.ly/RfXe85i

Em carta, Congregação para a Doutrina da Fé condena todas as formas de eutanásia e de suicídio assistidohttps://cutt.ly/8fXe2DY

Papa a crianças autistas: como as flores, cada um de nós é belo aos olhos de Deushttps://cutt.ly/4fXeIhy

A genialidade da ‘Missa Solemnis’ de Beethoven, em seus 250 anoshttps://cutt.ly/rfXeZHj

Arcebispo de São Paulo abençoa Hospital Santa Dulce dos Pobreshttps://cutt.ly/6fXeFYn

Quando você doa sangue, pode salvar até 4 vidashttps://cutt.ly/ofXe3nG

Vatican Media

Luciney Martins/O SÃO PAULO No próximo sábado, 26, às 18h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidirá a missa na qual será erigida uma nova Pa-róquia na Arquidiocese de São Paulo.

Localizada no Jardim Felicidade, na periferia da zona Norte da capital paulis-ta, a Paróquia terá como padroeira Santa Dulce dos Pobres, religiosa baiana cano-nizada em outubro de 2019. Seu territó-rio, até então Área Pastoral São José, foi desmembrado da Paróquia Natividade do Senhor, com sede no Jardim Fontalis.

Na mesma celebração, tomará posse o primeiro Pároco, Padre Antonio Pedro dos Santos, que já atua na Área Pastoral dede 2016.

PARÓQUIAO Direito Canônico define como Pa-

róquia “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igre-ja particular [diocese ou arquidiocese], e seu cuidado é confiado ao pároco, como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”. Portanto, a Paróquia não se limita ao templo, que é a matriz ou sede paroquial, mas ao território no qual a Igreja está inserida.

“A Paróquia é, acima de tudo, uma comunidade de pessoas, uma porção do povo de Deus, que se congrega concreta-mente e de forma organizada em nome de Cristo”, enfatizou o Arcebispo, na Carta Pastoral “Paróquia, torna-te o que tu és”, publicada em 2011.

HISTÓRIAA história da comunidade que deu

origem à Paróquia Santa Dulce dos Po-bres começou há 27 anos, quando o bair-ro ainda não existia oficialmente. Assim como todos os bairros do entorno, o Jar-dim Felicidade é fruto das ocupações de famílias que se fixaram no extremo norte da cidade, no entorno da Serra da Can-tareira, em busca de um lugar para viver.

Arquidiocese terá paróquia emhonra a Santa Dulce dos Pobres

FeRnAnDO [email protected]

trutura. “Os ônibus não chegavam até aqui, os taxistas não queriam entrar aqui porque tinham medo. Era muito difícil”, lembrou. Essas dificuldades, contudo, não impediram a ação missionária. “Nós organizamos a oração do Terço nas casas. A maioria das pessoas ainda morava em barracos, e nós íamos em meio ao barro mesmo. Nossa preocupação era evange-lizar aquelas pessoas”, acrescentou.

A primeira missa foi celebrada no terreno em 1995, e, no ano seguinte, iniciou-se a construção da capela. Aos poucos, a comunidade eclesial ia toman-do forma e se organizando, com a ajuda de diversos padres da região, até que, no ano 2000, chegou o Padre Andrés Gus-tavo Marengo, Pároco da então recém- -criada Paróquia Natividade do Senhor, à qual a comunidade pertencia.

A comunidade cresceu e se estru-turou. Em 2011, tornou-se uma área pastoral, primeiro passo para ser uma paróquia. A sede era Comunidade São José, tendo mais três comunidades. Em 2016, o Padre Antonio foi nomeado Vi-gário Paroquial da Paróquia Natividade do Senhor com a missão de acompanhar diretamente a Área Pastoral, a fim de es-truturá-la para a elevação a Paróquia.

A PADROeIRAA princípio, os membros da comu-

nidade desejavam que a nova Paróquia

mantivesse o nome de São José. Porém, como são muitas as paróquias na Ar-quidiocese com esse título, inclusive no mesmo setor pastoral já havia uma, co-meçou-se a busca por um novo patrono, até que o Cardeal Scherer propôs que a padroeira fosse Santa Dulce dos Pobres. “Os fiéis gostaram muito da proposta, pois, além de ser uma santa brasileira e do Nordeste – aqui há muitos nordesti-nos –, Santa Dulce tem uma história de vida com a qual os nossos fiéis se identi-ficam”, frisou o Padre.

“O povo desta comunidade é marca-do por um grande testemunho de par-tilha. Mesmo vivendo em meio a uma situação de pobreza, as pessoas tiram do pouco que têm para dividir com os irmãos. Assim como Santa Dulce vivia da providência divina e da caridade do povo, nossa comunidade experimenta essa providência no dia a dia”, acrescen-tou o futuro Pároco.

Sacerdote há quase seis anos, Padre Antonio ressaltou que a criação da Pa-róquia unirá para sempre a história do seu ministério com a comunidade, pois o Pároco e a Paróquia nascerão juntos. “Para mim, é uma grande graça ver a alegria do povo ter seu grande sonho re-alizado e ter a oportunidade de dar a mi-nha vida aqui, ajudando a edificar essa comunidade. Isso, sem dúvida, fortalece o meu ministério”, afirmou.

Em março de 1993, o presidente da associação de moradores, Manuel José Benedito, doou um terreno para a construção de uma capela. Maria Eri-celda Fernandes Borges, 67, participa dessa história desde o início. Ela recor-dou que no dia em que encontraram o terreno, era 19, Solenidade de São José, e, por isso, desde então, a comunidade passou a in-vocar a proteção do patro-no universal da Igreja.

CAMPO De MISSÃOMaria Ericelda relatou,

ainda, que nessa época não havia nenhuma infraes-

Templo no Jardim Felicidade, na zona Norte, terá Santa Dulce dos Pobres como padroeira

Luciney Martins/O SÃO PAULO