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se(mente) vira poesiaNOVA ORDEM DA POESIA
DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total
ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer
meio, sem a prévia autorização por escrito dos autores. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pelo
artigo 184 do Código Penal Brasileiro.
© 2016
Edição e Capa:
Tim Soares
Andréa Iunes
Cleusa Bastos
Cristhina Rangel
Ditmar Schmidt
Helen Priedols
Marisa Schmidt
Rodrigo Domingos
Rogério Germani
Teka Rogel
Tim Soares
Walter F. Souza
Wasil Sacharuk
Agradecimentos especialíssimos para Patty Ramos Pereira & Lyncoln Okocha que contribuíram com a sua arte no registro do nosso encontro, para Ruy Villani & Ruth CassabBrolio, Danielle Fernandes que cedeu a muda do ipê para o nosso plantio, Luciano Coccero, agrônomo que fez o berço e nos permitiu plantar de forma legal o ipê, Samara & Eliana do Clube CERET e principalmente para CristhinaRangel & Célia R. Domingos que foram fundamentais para que o encontro ocorresse.
“ Eu queria que esse ipê fosse plantado e ele crescesse pela mesma razão da nossa poesia, para
dar voz à nossa poesia, para dar voz à nossa natureza, dar voz à natureza das coisas.”
- Wasil Sacharuk -
“A provocação aqui é simples. Os poetas recebem três palavras e nada mais. É hora de
mostrar do que um poeta é feito.”
Melodia do tempo- Andréa Iunes
É na melodia do tempo
Que notas se encaixam perfeitas
Imortalizam a dança
Confraternizam com esperança
Almas e pensamentos
É na vibração do momento
Que o coração bate forte
A pele arrepia
Nos alimenta
Tanta poesia
Nos fortalece
Tanta harmonia
Não se esquece
7
Sem título- Cleusa Bastos
Dos versos que escrevo
Sei que são e apenas são
Cantigas do meu eu...
Da outra que não fui
Do outro que não veio
Do desterro, da ilusão
Do passado, do presente
Morte de quem não nasceu
8
O poder em nós- Cristhina Rangel
Na janela da alma existe
Uma fresta pequenina
Onde não cabe a maldade
Onde é vã toda astúcia
Nesta janela aberta
Onde a paz entre e se acumula
Escuta-se a canção da vida
E renova-se o coração e a conduta Impedindo
qualquer ruído
E a alma segue feliz
E compreende a razão disso tudo
Pois com um pouco de paz e perdão
Podemos recriar o mundo.
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Sem título- Ditmar Schmidt
Que dia pesado
Quanta alucinação
Tenho só rezado
Pra que volte a calmaria
Mas tenho o tempo do mundo
Sem contar muitos segundos
Apesar da minha idade
Espero a demora da eternidade
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Sem título- Helen Priedols
Sonhei que éramos pássaros
De bicos e pés amarrados
Em vão tentando nos soltar
Nessa prisão sufocante
Onde voo e canto nos foram
Negados
Nada nos restava esperar
A vida é um dom bendito
E se liberdade falta
Acordemos na morte rumo ao
Infinito
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Sina- Marisa Schmidt
Versos são doces gritos
Ora alegres, ora aflitos
Contando o que vai na alma
Versos carregam a calma
Versos promovem guerra
No âmago do que encerra
Versos são a vida em curso
Contando todo o percurso
Daquilo que sente o poeta
Versos numa visão inquieta,
Traçam o prazer e a agonia
De tornar o viver em poesia.
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Hábito noturno- Rogério Germani
Na alma, espécie de rito onde os sonhos se
abraçam
Ouço o grito dos campos
A revoada dos pássaros insones
Declamando seus destinos na luz de
outros olhares
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Sem título- Teka Rogel
Alçou o olhar
Ao infinito
Bateu asas
De nácar
E desejou
Ser anjo!
Tinha sonhos
De paz e
Amor.
Soltou amarras
Ao vento,
Suspirou e
Percebeu...
Era apenas
Um pássaro!
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Sertão- Tim Soares
Há um sertão em mim
Ele cresce em meus olhos
Em meu peito e ombros
Cresce com a rapidez da urgência
Como a imediata inspiração
Há um sertão em mim
E ele cresce veloz
N’uma revolução silenciosa
Muda o verso, muda a voz
Só não muda a saudade danosa
Há um sertão em mim
E esse sertão é a falta de ti
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Poetas à mesa- Wasil Sacharuk
Quero a vertente dos olhos
a proeza da alegria
na certeza da harmonia
as lições da delicadeza
Quero saber as belezas
que emergem do abismo profundo
e converte as dores do mundo
as mágoas e as agonias
Quero decorar a melodia
que encurta a nossa distância
e ocupa as reentrâncias
entre as cadeiras da mesa
Quero as palavras mais ternas
as que não dizem mais nada
que versam nas curvas da estrada
trilhada pela poesia
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“Aqui, a linha já tênue entre o possível e o absurdo desaparece de vez. Hora de brincar
com todas as possibilidades.”
E se a noite ouvisse meus versos- Andréa Iunes
Se os grilos parassem de cantar
Numa dessas madrugadas
Talvez a lua escutasse
Coração pulsando forte
Pedindo algo mais que sorte
Se as estrelas brilhassem menos
Talvez no céu se desenhasse
Meus versos tolos
Apaixonados
Tontos
E a noite, então, ouviria
Não o lamento, mas a canção
Que marca a nossa poesia
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E se o tempo parasse- Cleusa Bastos
O instante chegou
Tão vago, tão incerto
Tão sem dono de si
Qual bêbado sem copo
Escada sem degrau
Oceano sem sal
Com um grande temor
E se o tempo parasse?
O tempo parou aqui
Que passasse o verso
O verso passou sem rima
A rima parou no ar
O ar virou poesia
A poesia num impasse
Teimava em não sair
E se o tempo parasse...
Tudo continuaria tal
Esse instante seria assim
Eterno encontro de nós.
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E se...- Cristhina Rangel
Quando me perco nos versos
Tudo fica fora de ordem
Perco o tempo e o norte
Também não penso na morte
Ou nas coisas que tenho apreço
Não penso no preço da vida
Pois a vida, eu sei...
Não tem preço
Apenas me entrego às palavras
Pois elas me viram do avesso
E se eu não pensasse no amor que carrego?
Nem a poesia me viria à cabeça.
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E se a poesia morresse- Ditmar Schmidt
Se a poesia morresse?
Talvez não acreditaria
Correria pelas pradarias
Clamando que alguém confesse
Que mentiu com uma razão
Pra que não perdêssemos a paixão.
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E se o céu escurecer- Helen Priedols
Nada é definitivo
Quando a vontade lidera
As penas que o destino força
Serão para mim material de asas
As pedras no caminho
Fortalecerão meus pés
No jardim ressequido
Plantarei as flores mais belas
Tudo cresce, se transforma, renasce o sol
Vem e seca a chuva aquece a face
E se o céu escurecer
Viajarei às estrelas para trazer
Um novo brilho no olhar.
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E se eu não fosse eu- Marisa Schmidt
E se eu não fosse eu
A vida seria outra
Outros seriam os desejos
Outros medos e anseios
Outro ser em outro corpo
Seriam outros meus pais
E diversos os amigos
A língua provaria outros sabores
O coração viveria outros amores
Os olhos veriam outras paisagens
Talvez eu gostasse do amarelo
De carne crua e violência
E não chorasse facilmente
Talvez vivesse sem poesia
Mas se eu não fosse eu, algum dia,
Vocês me procurariam
Sem nem mesmo saber o porquê
Já que almas se reconhecem
E todas elas merecem
Ser o que são sem querer.
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Amor templário- Rogério Germani
Se subsistisse o amor
Necessário seria o clamor dos guerreiros
Em cruzadas que resgatassem a paixão
humana
Épica batalha para que os sentimentos mais
nobres
Reinassem novamente no coração dos
homens
Onde cada filho teria por herança
Sua condecoração realizada
Não com espada nos ombros, mas com
ungidas flores que os fizessem
Cavaleiros de esperança
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E se todos pensassem igual?- Teka Rogel
E se todos pensassem igual?
Todo ser seria bendito
Todo ser seria infinito
No ardor de suas crenças
Todo ser seria belo
Todo ser seria singelo
Na brandura e
Na demência.
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E se não nascesse o sol- Tim Soares
Se não nascesse o sol
Não haveriam as manhãs
Nem o signo do arrebol
Nem a gratidão do afã
Sem sol não haveria o acordar
Com meu pé roçando teu pé
Não haveria o brilho e o raiar
Nem a cerimônia sagrada, o café.
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Sem título- Walter F. Souza
Se todos pensassem igual
não haveria evolução
pois sem discordância
jamais chegaríamos à razão
A beleza da vida reside
na diversidade
posto que os extremos
se tocam
se abraçam
e se complementam
naquilo que chamamos
Polaridade
Por último, ouso afirmar que
a vida sem contrastes
seria incolor
cinza e muda tal qual uma
flor
que não veio a despertar.
28
Sementes de versos- Wasil Sacharuk
Se nas nuvens
nascem flores
plenas de complexidade
vejo céus de outras cores
Criatividades
odores diversos
se nas nuvens
brotam versos
fofos de brancura
na gramatura
das letras
deito as sementes
da fertilidade.
29
Sem título- Andréa Iunes, Cleusa Bastos, Cristhina Rangel,
Ditmar Schmidt, Helen Priedols, Marisa Schmidt,
Rodrigo Domingos, Rogério Germani, Tim Soares e
Wasil Sacharuk.
Sob o céu de nuvens opacas, a poesia se alastra regado a vinho, cerveja, a vibração percorrevisões que só aos poetas ficam despertasdesse mundo imenso que comove
Versos que cruzam repletos por portas abertas invadem e ocupam o espaço com esmeropor noite adentro se alastrame voam livres, vozes soltas, versos amplos
São letras, palavras e frases soltas ao ventoquem sabe que caminho traçarão?vão fazer morada, vão virar tormentovão semear vida e nutrir o coração
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Sampa- Rogério Germani
“Para agradecer o solo que acolheu a semente poética da NOP”
São Paulo quando aflora em olhos poéticosé portajanela: descoberta;é a pétala que acena no meio do concreto,o recosto para o sonho do alado retirante,rap incendiando o trânsitoabraço na sombra de um vento que passaé a estátua em movimento digerindo aplausoso sorriso compartilhado na aquarela de rostos e monumentospássaro de fogo riscando na noite seu cantoestrela que aceita o flerte das manhãs com seus sotaques[variadosSão Paulo é palco de almasliberdade que tatua suas cores vivasem cada muro que acolhe o grito e a luta de seu[povomar de esperança que seduz com suas vagas.
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