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JUNHO 2016 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre SEMENTES DE ESPERANÇA

Sementes de Esperança Junho de 2016

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Folha de Oração mensal em comunhão com os cristãos perseguidos. www.fundacao-ais.pt

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JUNHO 2016 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

S E M E N T E S DE ESPERANÇA

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2 Sementes de Esperança | Jun 2016

Intenções de Oração do Santo Padre

Intenção Geral

Solidariedade na solidão

Para que os idosos, os marginalizados e as pessoas sós encontrem, mesmo nas grandes cidades, espaços de convívio e solidariedade.

Intenção Missionária

Seminaristas e noviçosPara que os seminaristas, os noviços e as noviças encontrem formadores que vivam a alegria do Evangelho e os preparem com sabedoria para a sua missão.

Junho O sofrimento dos mártires redunda no benefício de todos

Os nossos irmãos perseguidos constituem a elite da Igreja. Ser solidários com eles é uma questão de honra, pois no Corpo Místico de Cristo constituímos com eles uma unidade sobrenatural, mais profunda e mais forte que qualquer tipo de vínculo natural. Quando um membro sofre, os outros sofrem com ele. O sofrimento dos mártires redun-da em benefício de todos... Por conseguinte, é uma grande honra sofrer humilhação por causa de Jesus, estar unido ao Senhor que sofre e participar da Sua obra redentora. Depois de Cristo, é sem dúvida aos cristãos perseguidos que devemos agradecer o facto de a Igreja ser, mesmo nestes tempos obscuros, a Igreja santa que, apesar da traição de tantos filhos seus, continua a ser a dilecta de Deus como Esposa de Cristo.

Os primeiros cristãos estavam cheios de veneração pelos seus irmãos que padeciam perseguições por causa de Cristo. Os mártires foram os primeiros a serem venerados como santos. A Santa Eucaristia era celebrada sobre os seus túmulos para expressar o vínculo espiritual com o sacrifício das suas vidas. Lamentavelmente, hoje, pouco se percebe desse vínculo.

Pe. Werenfried van Straaten

CONVITENo próximo dia 18 de Junho vamos promover uma tarde de oração pelos Cristãos perseguidos, pedindo o Dom da Paz a Nossa Senhora de Fátima. Convidamos a estar connosco em Fátima, a partir das 14h, na Capelinha das Aparições, e terminando com a Eucaristia às 18h, na Capela

da Ressurreição. Contamos com a sua presença e oração! Caso não possa estar presente, por favor, dinamize uma tarde de oração na sua paróquia, comunidade ou grupo de oração.

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3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

O salto da fé

Reflectir

Há uns tempos atrás um casal amigo convidou-me para almoçar. Já é um hábito que de tempos a tempos acon-tece e que sempre me emociona, por aquele gesto tão simples e profundo de me convidar para partilhar uma refei-ção, quase sempre ao domingo, na inti-midade calorosa do seu lar. Falamos de tudo com grande liberdade e confiança, partilhando pontos de vista, às vezes diferentes, outras vezes convergentes, mas sempre com grande respeito. Na última vez, a certa altura o senhor fez-me esta pergunta, como se fosse formulada por um ateu convicto e de boa vontade, que não teve, porque ain-da não experimentou, o dom da «fé»: como se dá o «salto da fé»?

Devo confessar que fiquei um pouco perplexo: como é que eu posso explicar, como é que posso testemunhar o «sal-to da fé»? Então comecei por referir a experiência humana de «acreditar», que tem a ver com a «confiança» em alguém que merece «crédito», e, neste sentido, sem o risco humano da fé, não seria possível uma vida em sociedade mini-mamente pacífica. A fé tem a ver com a

«fidelidade», com a possibilidade de dizer que «podemos contar com alguém», que «podemos confiar em alguém», que podemos «fiar-nos de alguém». A comu-nidade é essencial, pois é num ambiente de comunidade que é possível ter con-fiança e mesmo esperança. Se hoje há muita falta de confiança, é porque há fal-ta de fé nas pessoas ou nas instituições, o que no fundo representa uma crise do «coração», de uma geração que, em si mesma, perdeu a noção da «compai-xão», da «comoção», da «misericórdia», ou seja, uma sociedade individualista e solitária, na qual as pessoas ou institui-ções valem pelo que têm ou podem dar e não pelo que são. Se passarmos para o plano sobrenatural: o salto da fé, como, em última instância, o «salto do amor» só pode ser dado numa «comunidade» na qual podemos aprender a confiar, a crer, a esperar e a amar. Directa e pessoalmente nunca vi a Deus, mas tenho tantos sinais da sua presença na comunidade dos irmãos que acreditam, que esperam e que amam, como nos ensinou a rezar o Anjo protector de Portugal.

Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scjAssistente Espiritual da Fundação AIS

INTENÇÃO NACIONAL

Para que as comunidades crentes nas nossas paróquias, institutos e movimentos em Portugal sejam um lugar onde se vive e se testemunha o «salto da fé».

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ARGENTINA

ARGENTINA VIRA-SE UMA PÁGINA NUM PAÍS EM MUDANÇA

Superfície2,7 milhões Km2

População40 milhões

Religiões

Cristãos: 85,2%

Católicos: 76,7%

Protestantes: 8,5%

Outras religiões: 2,6%

Sem religião: 12,2%

Línguas oficiaisEspanhol

Enquanto a Argentina se preparava para receber “o seu” Papa Francisco, a

primeira volta da eleição presidencial, que teve lugar a 25 de Outubro de

2015, viu o candidato da oposição, Mauricio Macri, subir ao nível de Daniel

Scoli, sucessor designado por Cristina Fernández de Kirchner, acabando por

ser eleito com 51,34% dos votos.

Sem apoiar qualquer dos candidatos, a Igreja Católica (cerca de 80% dos argenti-nos dizem-se católicos) fez-se convidada destas eleições pela voz dos seus bispos publicando, no princípio de Outubro de 2015, um documento que visava esclare-cer os fiéis, na sua escolha como cidadãos.

Estigmatizava o tom violento e insultuoso que a campanha tinha adoptado “o que enfraquece a credibilidade das pessoas e das instituições” e pedia aos eleitores para estarem atentos, por um lado à coe-rência entre as palavras e as promessas dos candidatos e por outro às suas acções.

AtlânticoOceano

OceanoPacífico

• Brasil

• Bolívia

• Paraguai

• UruguaiChile •

• Argentina

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5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

ARGENTINA

Esta nova presidência deveria marcar o fim do “peronismo kirchneriano”, mistura de declarações esquerdistas de voluntarismo estatal, de populismo de negociatas e de poderes ocultos. À inflação galopante, de cerca de 30% ao ano, e à falta de ar do sector esta-tal como locomotiva do crescimento, acrescentam-se revelações sobre o enri-quecimento do casal Kirchner durante as suas três presidências. Sem contar com o caso Alberto Nisman, nome do procurador-geral, encontrado morto na véspera de possíveis revelações sobre Cristina Kirchner. Os resultados da visita desta última ao Vaticano, a 7 de Junho de 2015, interpretada como uma operação de política interna, vão no mesmo sen-tido: o comunicado da Santa Sé, que se seguiu, fala do “povo Argentino” e não da sua presidente, e da sua afeição e proximidade com o Papa Argentino.

COMO VAI A FAMÍLIA NA ARGENTINA?

Para além das evoluções políticas, a Argentina muda rapidamente de modelo de sociedade. Foi por isso que o sínodo romano do Outono de 2015 levou os soció-logos e jornalistas a interessarem-se pelo “modelo argentino” da família e, nomea-damente, da família cristã. Segundo o National Catholic Register de 5 de Outubro de 2015, os resultados surpreendem e ajudam a compreender a visão que o Papa argentino tem da família, mais próxima da dos episcopados dos países ocidentais

que dos do Sul. Com efeito, os laços (oumelhor, a falta de laços) matrimoniais vindos do norte do continente americano e da Europa espalham-se rapidamente, em particular a coabitação juvenil e os nascimentos fora do casamento (80 % em 2013). O casamento religioso (hoje em dia

Cerca de 80% dos Argentinos declaram-se católicos.

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6 Sementes de Esperança | Jun 2016

menos de metade das uniões) e civil após o nascimento do primeiro filho tornou-se a “norma social”. A maioria dos casais que a rejeitam separa-se – com a consequên-cia, muitas vezes dramática, de levar à existência de um quarto de lares mono-parentais, geralmente os mais pobres. Três quartos das crianças são baptizadas, número que se mantém estável.

Refinando a análise, vários estudos reve-lam que coexistem hoje duas Argentinas: a de Buenos Aires e das metrópoles regio-nais, largamente secularizada com um individualismo e anonimato dominantes, e a do campo e das vilas, onde os laços familiares e sociais continuam muito for-tes. É por isso que, actualmente, os casa-mentos são um quarto menos numerosos em Buenos Aires que no início do século, ao mesmo tempo que aumentaram um terço no sul do país.

Todavia, as gerações tendem a ficar próximas umas das outras e continua forte

uma solidariedade familiar afastada do modelo ocidental. Mais do que as medi-das governamentais, foi esta solidarieda-de que, segundo Zelimira Bottini de Rey, auditora argentina no sínodo romano de 2014, permitiu ao país atravessar a catás-trofe económica de 2001. Um estudo da Universidade Católica da Argentina revela que duas em três famílias contam com o apoio dos avós, sobretudo na educação das crianças, o que favorece a transmissão da fé e dos valores cristãos. No entanto, a prática religiosa dominical situa-se apenas na ordem dos 20% (40% de praticantes mensais e 33% de não praticantes).

Numa entrevista concedida, em Janeiro de 2015, ao jornal La Carcova do Padre José Maria di Paola, o Papa Francisco insistiu nesta transmissão da fé nas famí-lias: “Sofro quando encontro uma criança que não sabe fazer o sinal da cruz.” O Papa insiste: a fé deve ser transmitida às crianças através do amor e do carinho

As aldeias conservam uma solidariedade fortemente enraizada.

“Tenham sempre um Evangelho na vossa mala.” A Bíblia para Crianças da Fundação AIS.

ARGENTINA

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ARGENTINA

dos pais, da escuta e do intercâmbio com os pequenos. É a fé que cimenta um dos valores importantes da vida do homem: “a pertença a uma família”. O Papa Francisco apela à manutenção da fé pessoal através do Evangelho: “Tenham sempre um Evangelho na vossa mala. Tenham-no também em casa. É a Palavra de Deus. É assim que se alimenta a fé. Afinal de contas, a fé é um presente e não uma atitude psicológica. E se nos dão uma prenda ficamos com ela, não é verdade? Pois bem, recebamos o presen-te do Evangelho e leiamo-lo. Leiamos e escutemos a Palavra de Deus.”

UMA CATEDRAL ATACADA PELOS APOIANTES DO ABORTO

A acrescentar a tudo isto, as questões sociais continuam a agitar a Argentina e a Igreja Católica encontra-se na primeira linha dos conflitos que dividem o país. Depois da legalização do casamento entre

pessoas do mesmo sexo, em 2010, apesar da oposição firme do futuro Papa Francisco e de uma legislação particularmente favo-rável aos transsexuais e aos transgéneros, em 2012, trava-se, desde há dois anos um combate sobre o aborto, ainda proibido neste país. Também a este respeito o Cardeal Bergoglio estava na primeira linha dos defensores do direito à vida e afirma-va que o aborto era como uma pena de morte aplicada às crianças que estavam para nascer. A 11 de Outubro de 2015, a catedral de Mar del Plata foi atacada por activistas pró-aborto e os grupos de fiéis, que rezavam o terço em frente do santuário, foram atacados com pedras e garrafas por mulheres, muitas delas des-pidas e trazendo sobre o corpo slogans violentamente anti-católicos. A polícia que interveio teve de usar gás lacrimogéneo e balas de borracha para impedir que a catedral fosse invadida e profanada. Houve detenções, mas as pessoas intervenientes foram rapidamente libertadas. Este novo

A fé deve ser

transmitida

às crianças,

afirma o Papa

argentino.

“Não matarás... ninguém.”

Cartaz em defesa da vida humana.

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8 Sementes de Esperança | Jun 2016

Algumas igrejas

foram atacadas

por activistas

pró-aborto.

Mulheres

cristãs vítimas

de violência

em Orissa.

incidente vem na continuação de outros ataques a igrejas, entre as quais a catedral de San Juan de Cuyo em 2013.

PREMISSAS DE RECONCILIAÇÃO ECLESIAL?

A notícia foi divulgada pelo diário argentino Clarin, a 12 de Abril de 2015: o secretário para o Culto, do ministério dos Negócios Estrangeiros da República Argentina, mandou publicar, no diário oficial, três dias antes, a sua decisão de reconhecer a Fraternidade São Pio X (FSPX) como pessoa jurídica e de a inscrever no Registo dos Institutos de Vida Consagrada, onde constam as ordens e as congregações religiosas católicas actuais e reconhecidas na Argentina.

Este reconhecimento é uma resposta a um pedido por escrito do Cardeal Mario Poli, enviado juntamente com uma dili-gência das autoridades da Fraternidade junto deste ministério. Nele, o Arcebispo

de Buenos Aires pede que “a Fraternidade dos apóstolos de Jesus e Maria” (nome da Fraternidade São Pio X) seja tida em conta, até que um quadro jurídico definitivo lhe seja concedido no seio da Igreja Universal como se fosse uma associação de direito diocesano”. Pode-se pensar que esta deci-são, saudada em Roma pelo secretário da comissão Ecclesia Dei, Mons. Guido Pozzo, vem na sequência de uma consulta ao Papa Francisco, mesmo que tenha apenas valor administrativo e não-canónico, e enquanto o clima de diálogo entre Roma e a FSPX ficou tenso novamente.

UM PADRE CATÓLICO ASSASSINADO

A Rádio Vaticano divulgou que, no iní-cio de Setembro 2015, o Padre Luis Jesus Cortez, pároco emérito de Notre-Dame de la Miséricorde d’Alta Garcia, no centro da Argentina, que tinha sido encontrado mor-to nas ruínas da sua habitação incendiada a 29 de Agosto de 2015, fora na realidade

ARGENTINA

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9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

“Não

podemos

aceitar a

violência”,

declarou o

Bispo de

Córdova,

depois do

assassinato

do Pe. Cortez.

assassinado. Os bombeiros encontraram o corpo deste padre, de 73 anos, quando intervieram para extinguir o incêndio na sua casa. Foram encontrados no corpo sinais de estrangulamento. O incêndio teria sido atea-do pelos assassinos com o fim de encobrir o crime cometido.

Este provável assassinato, que aconteceu pouco depois de uma advertência recente dos bispos argentinos a respeito da escalada da violência no país, comprova a sua acuidade. Nas exéquias do P. Cortez, o Bispo de Córdova declarou: “Não podemos aceitar a cultura da morte em que parece que a vida das pessoas não tem nenhum valor. Não a podemos acei-tar como um dado fortuito. Temos que reagir. Não podemos aceitar a violência.”

Oração

Para que a Argentina não esqueça as suas raízes e não ceda perante o combate mais ou menos violento aos valores do Evangelho, nós Te pedimos Senhor!

ESTARÁ PRÓXIMA A BEATIFICAÇÃO DE UM PADRE FRANCÊS E DO SEU VIGÁRIO ARGENTINO?

O processo diocesano de Gabriel Longueville e Carlos Murias terminou a 17 de Maio de 2015, em la Rioja, com uma conclusão positiva. Os dossiers foram enviados para Roma. Os dois padres foram assassinados na época da ditadura, a 18 de Julho de 1976, pouco antes de o seu bispo, Mons. Enrique Angelelli, ter também sido assassinado – a sua causa está igualmente a avan-çar. Foi o Cardeal Jorge Mario Bergoglio que, em Maio de 2011, assinou o docu-mento oficial do lançamento das causas que honram a coragem do clero católico face à violência.

PADRES DIA E NOITEUma das iniciativas pastorais mais

originais é o Serviço Sacerdotal de Urgência. Nascido em 1952 em Córdova, Argentina, assegura a cada pessoa a possibilidade de encontrar um padre, mesmo durante a noite. Foi revelado ao mundo, pela Rádio Vaticano, em Agosto de 2015, numa mensagem enviada ao seu presidente, Manuel Martín Sjöberg, pelo Papa Francisco. Para este último, o actual Jubileu da Misericórdia será “uma boa altura para intensificar a cola-boração entre pastores e leigos na sua missão para se ocuparem com afecto e cuidarem com carinho dos doentes e moribundos”.

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Centenário das Aparições do Anjo de Portugal em Fátima

“Bendito seja o Senhor, que nos protege por meio do seu Anjo” (Judite 13, 20).

Esta Palavra da Sagrada Escritura ganha vida no chão da pequena terra de Fátima. Este obreiro da Paz, o Anjo da Paz, o Anjo de Portugal, dirige a nossa atenção para a beleza e o amor misericordioso de Deus. Em pleno centenário das aparições do Anjo de Portugal em Fátima as aparições angélicas aparecem como uma luz, que anuncia no meio da escuridão, a atenção de um Deus que nos ama com a ternura de um pai e de uma mãe.

Entre a Primavera e o Outono de 1916, o Anjo da Guarda da nossa pátria vem como um ser não apenas traçado de luz, mas feito de luz, uma luz que transmitiu aos três pastorinhos a intensidade da beleza de Deus e a transparência da Sua verdade. É como se o Anjo abrisse uma janela do Céu para levar os pastorinhos a participar no louvor e adoração perene de Deus Uno e Trino. Introduzidos no mistério de Deus, repetidas vezes encontraremos estas três crianças, Jacinta, Francisco e Lúcia, na posição simples e humilde de quem deseja estar na Presença desse Deus que pede companhia.

“Deus está atento à voz das vossas súplicas”. Estas são palavras que desenham a certeza de quem vive diante de Deus em adoração; vive desperto, consciente de que esse Deus Amor está atento às suas súplicas e nos torna também despertos, com Ele, às súplicas da humanidade sofredora por quem nós somos responsáveis. O Anjo feito luz, acende a luz daqueles que se deixam tocar por Deus e fazem da sua vida uma entrega diária em favor dos seus irmãos, sem nada pedir em troca: é a luz da gratuidade, a luz da reparação.

O Jesus escondido nas espécies eucarísticas que o Anjo traz nas suas mãos, na terceira aparição, marcará a fogo a alma dos pastorinhos que, no acto de adorar e consolar, atingem os cumes mais elevados da intimidade com Deus. Mas o mesmo Jesus escondido quer marcar a fogo a vida de todo o homem, porque veio para ele e entregou a Sua vida por ele. Na Eucaristia, a eternidade irrompe no tempo e Deus actualiza a promessa de que permanecerá connosco até ao fim dos tempos (Cf. Mt 28, 20), mas não deixa de Se colocar como o Mendigo de Amor que reclama companhia e consolação.

Que belo mosaico o Anjo espraia no chão da terra que visita, construindo um único caminho que leva todo o homem à comunhão com Deus e a um compromisso com os demais. Toca-se o sobrenatural, toca-se o mistério, toca-se o amor e, uma vez tocado, não pode o homem deixar de se dirigir a Deus, em atitude de profunda oração e adoração, e de levar consigo os irmãos para quem pede constantemente o dom da paz.

Ir. Bridget Eason, asm

Oração

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11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Perdoar as injúriasJesus Cristo ressuscitado, que se manifesta aos discípulos mostrando as feridas da crucifixão e dando aos discípulos o Espírito Santo que lhes permitirá perdoar os pecados (cf. João 20, 19-23), revela que perdoar significa fazer do mal recebido uma ocasião de dom. No perdão não se trata de atenuar a responsabilidade de quem cometeu o mal: o perdão perdoa, precisamente, aquilo que não é desculpável, aquilo que é injustificável — o mal cometido e que permanece como tal, assim como permanecem as cicatrizes do mal infligido. O perdão não elimina a irreversibilidade do mal sofrido, mas assume-o como passado e, fazendo prevalecer uma relação de graça sobre uma relação de represália, cria as premissas de uma renovação da relação entre ofensor e ofendido. O perdão, portanto, opõe-se ao esquecimento (só se pode perdoar aquilo que não foi esquecido) e supõe um trabalho da memória. A recordação do mal sofrido abre caminho ao perdão, na medida em que elabora o sentido do mal sofrido: com efeito, nós, humanos, não somos responsáveis pela existência do mal ou pelo facto de o termos sofrido injustamente (e até na infância ou em situações de total incapacidade de nos defendermos, talvez de pessoas das quais deveríamos esperar apenas bem e amor), mas somos responsáveis por aquilo que fazemos do mal por nós sofrido. O trabalho de recordação que desemboca no perdão pode, assim, libertar o ofendido da coação a repetir, que o levaria a efetuar o mesmo em seu redor e a infligir a outros o mal que ele próprio, a seu tempo, sofreu. Por detrás do acto através do qual a pessoa perdoa já está uma cura da memória: não permanecemos vítimas da recordação endurecida e obstinada, transformada em fixação; não ficamos dominados pelo ressentimento. Ao mesmo tempo, o perdão implica um «deixar andar», um romper não com a recordação, mas com o contrato de dívida de quem cometeu o mal. O acto do perdão mostra-se assim capaz de curar não só o ofensor, mas também o ofendido.A história da revelação bíblica também é a história da revelação do Deus «capaz de perdão» que, na prática de humanidade de Jesus Cristo, no seu viver e no seu morrer, revelou a extensão e a profundidade do seu amor pelos seres humanos, um amor que até da ofensa recebida faz uma ocasião não de juízo ou de condenação, mas de amor. Em Cristo, morto por nós quando éramos pecadores, o perdão já foi dado a cada ser humano e, portanto, também a possibilidade de vivê-lo. Ser perdoados significa descobrir

que se é amado no próprio ódio. O filho pródigo dará o nome de perdão ao amor fiel e inquebrantável do pai, que sempre o esperou e que sempre esteve próximo dele, mesmo quando se afastara de casa e o condenara simbolicamente à morte, pedindo-lhe antecipadamente a herança (cf. Lucas 15, 11-32). Isso significa que o perdão precede e fundamenta o arrependimento e que este último só poderá surgir da tomada de consciência de tal amor unilateral, gratuito e incondicional, anterior a todo o nosso «mérito». A partir do perdão, a comunidade cristã é chamada a ser o lugar do perdão: «Perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo» (Efésios 4, 32). E a oração quotidiana do cristão, fazendo eco das palavras de Ben Sira (28, 2: «Perdoa ao teu próximo o mal que te fez, e os teus pecados, se o pedires na tua oração, serão perdoados»), estabelece uma relação entre o pedido do perdão divino e a prática do perdão ao irmão (cf. Mateus 6, 12; Lucas 11, 4). No perdão, o mal não tem a última palavra: a morte não vence a vida, e a reconciliação pode substituir o fim da relação. O perdão faz-nos entrar na dinâmica pascal. É fundamental para o cristão descobrir que foi perdoado por Deus em Jesus Cristo, e isso fará com que o acto do perdão dado não seja tanto (ou apenas) um acto de vontade, mas a abertura ao dom da graça do Senhor. O perdão, portanto, depois de concedido, pode reabrir a relação, dando lugar à reconciliação. Pode... não quer dizer que isso aconteça: o perdão pode ser sempre recusado. Mas, depois de concedido (com aquela força activa que tem a expressão «perdoo-te»), não sabemos como atuará no coração e na mente do ofensor, que agora já está perdoado. Aqui apreendemos um aspecto do perdão que o assemelha à paradoxal potência da cruz. O perdão é omnipotente, no sentido de que tudo pode ser perdoado (digo «pode» e não «deve»: a grandeza do perdão consiste na liberdade com que é concedido), ao mesmo tempo é infinitamente débil, porquanto nada garante que o ofensor deixará de fazer o mal. Neste sentido, o perdão cristão só pode ser verdadeiramente entendido à luz do escândalo e do paradoxo da cruz, onde o poder de Deus se manifesta na debilidade do Filho. Jesus Cristo crucificado é Aquele que da cruz oferece o perdão a quem não o pede, vivendo a unilateralidade de um amor assimétrico, que é o único modo de abrir a todos o caminho da salvação.Luciano Manicardi, A caridade dá que fazer: Redescobrindo a actualidade das ‘obras de misericórdia’, 2015

2016 - Ano Santo da Misericórdia

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12 Sementes de Esperança | Jun 2016

QUEM SOMOS?

A Comunidade de Sant’Egídio também conhecida como a ”pequena ONU de Trastevere” nasceu em Roma em 1968, logo após o Concílio Vaticano II, por ini-ciativa de um jovem, Andrea Riccardi. Andrea, sonhando com um mundo melhor, começou por reunir um grupo de estudantes de liceu (sendo ele um deles) para escutarem e porem em prá-tica o Evangelho de uma forma concreta, construindo uma amizade com as crian-ças dos bairros pobres na periferia da cidade de Roma. Partindo deste sonho, a Comunidade começou a crescer e hoje é um movimento de leigos, ao qual per-tencem mais de 60 mil pessoas, em mais de setenta países de vários continentes, que partilham a mesma espiritualidade

e fundamentos que caracterizam Sant’Egídio: a Oração, a Comunicação do Evangelho, a Solidariedade para com os Pobres, o Ecumenismo e o Diálogo.

O TRABALHO DA COMUNIDADE DE SANT’EGÍDIO NO MUNDO

Em todas as Comunidade, desde Roma até São Salvador, de Portugal à

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COMUNIDADE DE SANT’EGÍDIO

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Indonésia, vive-se a mesma amizade e familiaridade com os pobres. Uma ami-zade que começou com as crianças, mas depressa se alargou aos sem-abrigo, deficientes físicos e mentais, emigrantes e refugiados, doentes terminais, presos (destacando-se os condenados à morte) e idosos que sofrem cada vez mais com a solidão, numa sociedade que os consi-dera descartáveis.

Através da nossa amizade com os mais pobres, percebemos que a guerra é a mãe de todas as pobrezas, o que nos leva a trabalhar arduamente pela paz e

o diálogo entre povos. Por todo o mun-do desenvolvemos iniciativas de coo-peração e desenvolvimento como por exemplo no Sul do Sudão, no Burundi, na República Centro-Africana, na Argélia, na Colômbia, na Albânia ou no Kosovo. O papel de Sant’Egídio foi decisivo para o acordo de Paz em Moçambique (1992) e na Guatemala (1996).

Actualmente, procuramos soluções para encontrar a Paz na Síria. Em Dezembro de 2015, a Comunidade de Sant’Egidio alcançou um acordo entre o Governo italiano, a Federação das Igrejas Evangélicas na Itália (FCEI) e as Igrejas Valdesas e Metodistas, para a criação de corredores humanitários que per-mitissem criar caminhos de salvação e acolhimento para os refugiados. Desde Janeiro de 2016, cerca de 200 pessoas já chegaram a Itália através desta inicia-tiva. Para a promoção do diálogo inter--religioso, desde 1987 a Comunidade de Sant’Egídio organiza Encontros anuais de Oração pela Paz, onde os representantes de todas as grandes religiões mundiais se unem em prol da Paz, da Unidade e da Proteção aos mais frágeis da sociedade.

EM PORTUGAL

A Comunidade dá os seus passos tam-bém em Portugal, tanto em Lisboa como no Porto, onde dispomos de vários

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serviços de apoio a crianças carencia-das, a “Escola da paz”, e a idosos que visitamos semanalmente em lares ou nas suas próprias casas. Desenvolvemos ainda iniciativas para a promoção da paz e contra a pena de morte. Assim, na primeira quinta-feira de cada mês, reali-zamos uma oração pela paz na Igreja de São Miguel em Alfama, em Lisboa, onde lembramos todos os países em guerra e pedimos para que alcancem a paz. Desde 2006, promovemos o movimento “Cidade pela Vida – Cidades contra a Pena de Morte”, comemoração que se realiza anualmente, a 30 de Novembro, aniversário da primeira abolição da pena de morte, que ocorreu no Grão-Ducado da Toscana, em Itália.

Acreditamos que é possível mudar o paradigma desta sociedade, ajudando a redescobrir que as pessoas são o coração da própria sociedade. Acreditamos que tornamos o mundo um lugar melhor, quando cada um de nós encontra uma

forma de ajudar o próximo, fazendo a diferença na vida de uma criança que precisa de um amigo ou de um idoso que está só. O convite fica aberto para todos - Vem fazer a diferença!

CONTACTOSwww.facebook.com/santegidio.pt

[email protected]

Ana Rita Gomes - 913893532

Joana Dias - 91391999

Diana Ferreira - 916488022

MAIS INFORMAÇÃO EM:

santegidioportugal.blogspot.pt

www.santegidio.org

dream.santegidio.org

nodeathpenalty.santegidio.org

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15Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Fernando II de Habsburgo fundou em 1620 um Convento Carmelita na cidade de Praga, hoje capital de República Tcheca, em agradecimento pela vitória alcançada numa batalha. A Boémia era assolada por guerras sangrentas e a cidade de Praga era vítima das maiores calamidades. O convento começou a passar por sérias dificuldades e os padres carmelitas pediram ajuda a Deus. Em 1628, a piedosa princesa Polyxene de Lobskowitz ofereceu-lhes uma pequena mas bela imagem do Menino Jesus, com um globo, representando o mundo, na mão esquerda e a mão direita erguida para abençoar. A túnica e o manto tinham sido confeccionados pela própria princesa, que lhes disse: “Meu Padre, eu vos dou o que tenho de mais querido. Honrai esta imagem do Menino Deus e nada vos faltará.” E, de facto, o convento nunca mais passou necessidades. Foi a mãe da princesa Polyxene que lhe ofereceu a imagem como presente de casamento, ela que por sua vez a tinha recebido da própria Santa Teresa D’Ávila, que foi quem introduziu a devoção ao Menino Jesus nos conventos carmelitas.No ano de 1631, Praga foi invadida e saqueada pelo exército da Saxónia. Todos fugiram, inclusive os carmelitas. A imagem do Menino Jesus foi vandalizada e atirada para trás do altar, onde permaneceu durante mais de sete anos. Depois da invasão protestante, um carmelita, o Padre Cirilo, voltou para o convento em Praga e encontrou a imagem perdida, com as duas mãos partidas. Feliz, o Pe. Cirilo voltou a colocá-la na igreja de Nossa Senhora das Vitórias. Certo dia, quando o Pe. Cirilo estava em profunda oração, ouviu uma voz que lhe disse: “Tende piedade de Mim, e Eu terei piedade de vós; restituí-Me as minhas mãos, e Eu vos darei a paz. Quanto mais Me honrardes, mais Eu vos favorecerei”. Fez várias tentativas para restaurar a imagem, mas sem êxito. Algum tempo mais tarde, ouviu o Menino Jesus dizer-lhe: “Põe-Me à entrada da sacristia e alguém terá piedade de Mim”. O Padre obedeceu e um estrangeiro, Daniel Wolf, ofereceu-se para restaurar a imagem. A Baronesa Catarina de Lobskowitz mandou erigir um magnífico altar para nele colocar a prodigiosa estátua e, assim, pela primeira vez se rendeu o culto público à imagem do Menino Jesus de Praga. Os inúmeros benefícios e graças obtidos por intermédio do Menino Jesus de Praga multiplicaram o número dos seus devotos. A devoção foi acolhida com amor em todas as nações e espalhou-se até os nossos dias de uma maneira prodigiosa.Se é verdade que o Menino Jesus todos os dias atende solícito as súplicas fervorosas dos seus devotos, no dia 25 de cada mês deseja ser honrado de uma maneira especial, distribuindo bênçãos e graças sem medida: “Tudo o que pedirdes pelos méritos da minha infância vos será concedido”

Oração ao Menino Jesus de Praga (do Venerável Pe. Cirilo da Madre de Deus, Carmelita Descalço 1590-1675)

Ó Menino Jesus, recorro a Vós e vos rogo, pela intercessão da Vossa Mãe, que me assistais nesta necessidade (pedir a graça), porque creio firmemente que a Vossa Divindade me pode valer.

Espero com confiança alcançar a Vossa santa graça. Amo-Vos com todo o meu coração e com toda a minha alma, arrependo-me sinceramente dos meus pecados e proponho nunca mais tornar a ofender-Vos. Prefiro tudo sofrer a desgostar-Vos. Quero servir-Vos daqui por diante com toda a fidelidade e por amor de Vós amar o meu próximo como a mim mesmo. Infante poderoso, renovo a minha súplica. Salvai-me nesta necessidade (nomeá-la) e concedei-me de possuir-

-Vos eternamente, ver-Vos com Maria e José e adorar-Vos com todos os Anjos. Ámen. Rezam-se a seguir 3 Avé Marias seguidas da invocação: “Divino Menino Jesus, abençoai-nos.”

Actualidade MENINO JESUS DE PRAGA

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LÚCIA – A VIDA DA PASTORINHA DE FÁTIMA

“Quero que a minha vida seja um rasto de luz

que brilha no caminho dos meus irmãos indi-

cando-lhes a fé, a esperança e a caridade.”

Irmã Lúcia

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

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SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde – AIS França© AIS; © www.thecalltofatima.com

Menino Jesus de Praga - © Mosteiro Carmelita do Menino Jesus de Praga 11 edições anuaisSersilito, MaiaJSDesign352561/122182-3928

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Destaque

Cód. LI139€ 10,00

Este livro permite não só conhecer o carácter da Irmã Lúcia e facetas surpreendentes da sua personalidade, mas também acompanhar o essencial das muitas etapas da sua longa vida, porque quando foi para o Céu pouco faltava para completar 100 anos.

Biografia oficial aprovada e promovida pela Causa de Canonização da Serva de Deus Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.

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