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Bandas de energia: O grau de condutividade é determinado pela estrutura de bandas de energia de um sólido. Se um sólido é um condutor, um semi-condutor ou um isolante depende do preenchimento da banda de Valencia e da energia de gap entre as camadas de valência e de condução. De uma maneira geral os materiais podem ser divididos em: Isolantes Semicondutores Condutores Os materiais sólidos podem ser divididos em classes principais, conforme a distribuição atômica da estrutura: Cristais Policristais Amorfos Nosso interesse principal está nos semicondutores cristalinos (silício). Condutores: •A banda de valência está tanto somente parcialmente preenchida como se sobrepõe com uma banda vazia. •Um campo elétrico acelera os elétrons. •Com a energia aumentada estes ainda cabem na parte vazia da banda. •Os condutores são opacos. Isolantes: •A banda de valência está preenchida, o “gap” para a banda vazia é de alguns eV. •Os elétrons não conseguem campo elétrico tem que atingir 108 V/m para vencer o “gap” (campos menores são insuficientes devido as colisões). •Os isolantes são normalmente transparentes. Metal Observa-se a superposição de bandas de energia Semicondutor Na temperatura de 0 K a banda de energia repleta com elétrons mais alta é chamada de banda de valência e a próxima banda é chamada de banda de condução. Isolante O nível proibido é grande demais para ser transposto

Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

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Page 1: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

Bandas de energia:

O grau de condutividade é determinado pela estrutura de bandas de energia de um

sólido.

Se um sólido é um condutor, um semi-condutor

ou um isolante depende do preenchimento da banda de

Valencia e da energia de gap entre as camadas de

valência e de condução.

De uma maneira geral os materiais podem ser divididos em:

Isolantes Semicondutores Condutores

Os materiais sólidos podem ser divididos em classes principais, conforme a

distribuição atômica da estrutura:

Cristais Policristais Amorfos

Nosso interesse principal está nos semicondutores cristalinos (silício).

Condutores:

•A banda de valência está tanto somente parcialmente preenchida como se sobrepõe com

uma banda vazia.

•Um campo elétrico acelera os elétrons.

•Com a energia aumentada estes ainda cabem na parte vazia da banda.

•Os condutores são opacos.

Isolantes:

•A banda de valência está preenchida, o “gap” para a banda vazia é de alguns eV.

•Os elétrons não conseguem campo elétrico tem que atingir 108 V/m para vencer o “gap”

(campos menores são insuficientes devido as colisões).

•Os isolantes são normalmente transparentes.

Metal

Observa-se a superposição de

bandas de energia

Semicondutor

Na temperatura de 0 K a banda de

energia repleta com elétrons mais

alta é chamada de banda de valência

e a próxima banda é chamada de

banda de condução.

Isolante

O nível proibido é grande demais

para ser transposto

Page 2: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

Semicondutores:

•T~0 K:

•Semicondutores e isolantes tem resistividades praticamente idênticas a T ambiente.

•Nos semicondutores, uma pequena fração de elétrons pode ser excitada termicamente para

o “gap” da banda vazia.

•Estes poucos elétrons são suficientes para permitir que uma pequena corrente flua na

presença de um campo E.

Os isolantes, isto é, materiais que não conduzem corrente elétrica, são cristais que têm a

última banda completamente cheia. Não pode ter fluxo de elétrons nesta banda.

Os materiais condutores, também chamados metais, são os que têm a última banda

semi-cheia.

Em um cristal isolador, somente na temperatura T=0K a última banda, chamada

banda de valência está completamente cheia. Quando a temperatura é maior que zero,

elétrons da banda de valência podem ganhar energia suficiente para atingirem a banda

seguinte, chamada banda de condução, que estava vazio a T=0K. A passagem de elétrons

para a banda de condução deixam na banda de valência estados que se comportam como

portadores de carga elétrica positiva, chamado lacunas ou buracos.

A condutividade do material depende do número de elétrons que passam para a banda

de condução. Este número é tanto maior quanto maior for a temperatura e quanto menor for

a energia que separa as duas bandas. Esta energia é representada por Eg, onde o índice g

vem da palavra gap, que significa intervalo, em inglês. Os materiais que são isoladores a

T=0K mas que têm Eg relativamente pequeno, da ordem de 1eV ou menos, à temperatura

ambiente têm condutividade e por isso são chamados semicondutores.

Um semicondutor pode conduzir eletricidade apenas se há alguns elétrons em sua

banda de condução ou lacunas na camada de valência. A energia na parte inferior da banda

de condução é denominada Ec. O próximo nível de energia permitido é chamado de banda

de valência. A energia na parte superior da banda de valência é chamada de Ev. Entre as

duas bandas permitidas está o gap de energia ou banda proibida. Sendo que o chamado

bandgap é dado por:

Eg = Ec – Ev

Esse é um dos parâmetros mais importante dos semicondutores.

Page 3: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

Um semicondutor intrínseco é definido pelo fato que a sua condutividade vêm dele

próprio. Por exemplo, se falamos de silício intrínseco, as cargas livres capazes de conduzir

corrente elétrica vêm exclusivamente de átomos de silício. Assim sendo, um semicondutor

intrínseco é muito puro e praticamente não contêm impurezas.

No semicondutor extrínseco as cargas livres podem vir também de átomos

alienígenas, as chamados impurezas. Estas impurezas, sempre em pequena concentração,

introduzem seus próprios níveis de energia dentro do diagrama de faixas de energia do

semicondutor.

Para que um átomo de impureza possa alterar a concentração de cargas livres, um de

seus níveis de energia deve se situar dentro da zona proibida do semicondutor. Existem duas

possibilidades para isso.

Semicondutor tipo n

A primeira possibilidade existe na introdução de um novo nível de energia Ed perto

do nível Ec O nível Ed é chamado de nível doador e deve ser repleto de elétrons. A

impureza que possui um tal nível se chama impureza doadora.

Se o nível Ed fica perto do nível Ec, é necessário pouca energia para que um elétron

passe do nível Ed para o nível Ec. À temperatura normal quase todos os elétrons do nível Ed

passam para o nível Ec e a

Existem vários elementos que podem servir de impureza doadora para o silício, o

lítio, o zinco, o fósforo, o boro, etc.

Semicondutor tipo p

A segunda possibilidade de criar mais portadores de cargas livres consiste na

introdução de um novo nível EA perto do nível EV. Isso é possível com impurezas de boro,

alumínio, gálio, índio, etc.

Para que as impurezas tenham o efeito desejado, o nível EA deve ser vazio para

poder aceitar elétrons. Estas impurezas se chamam aceitadores.

Pela pequena distância entre EV e EA, muitos elétrons podem sair da faixa de

valência e atingir o nível EA, aumentando assim a concentração de lacunas (cargas

positivas) na banda de valência.

Tanto os elétrons na banda de condução como as lacunas na banda de valência

podem se mover - eles estão livres. Em seguida calculamos os valores de n e p.

Page 4: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

Definimos:

n concentração de elétrons livres

p concentração de lacunas livres.

Para isso, introduzimos a função de distribuição de Fermi-Dirac que descreve a

probabilidade que um elétron possa ter um determinado valor de energia E:

F EE E

kT

F

( )

exp

1

1

onde

EF energia de Fermi

k constante de Boltzmann

T temperatura absoluta

Ao analisar a função observamos que para valores elevados de energia a

probabilidade é muito pequena enquanto a probabilidade para valores baixos de energia

passa a se aproximar a 1. A probabilidade que um elétron tenha a energia E=EF é

exatamente 1/2. A temperatura determina a inclinação do gráfico da função no ponto E=EF:

para T=0 a função F(E) passa a ser um degrau, sendo que não existe neste caso elétrons com

energia maior que EF.

Além da distribuição de Fermi-Dirac, a concentração de elétrons depende também

das faixas de energia do cristal do semicondutor. Dentro da faixa de condução, a densidade

dos níveis de energia N(E) varia aproximadamente conforme a função seguinte:

N E M

E Emc

C

e( ) 2

2 3

3 2

(1)

Onde Mc constante de valor inteira dependente do tipo do

cristal

me massa efetiva de um elétron.

Para obter a concentração de elétrons, temos que combinar a probabilidade de um

elétron ter uma determinada energia com a densidade de níveis de energia, isto é, a

densidade de lugares disponíveis para elétrons. Assim temos a concentração de elétrons em

função da energia:

n E F E N E( ) ( ) ( ) (2)

Page 5: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

Para obter a concentração de elétrons em toda a banda de condução é necessário calcular o

integral:

n F E N E EEC

( ) ( ) d

(3)

Quando EC-EF >> kT, o integral pode ser aproximado por

n N

E E

kTC

F C

exp

(4)

onde

N

m kT

hMC

e

C

2

22

3 2

(5)

Da mesma maneira é possível determinar a concentração de lacunas:

p N

E E

kTV

V F

exp

(6)

Multiplicando as equações obtemos

np N N

E

kTC V

g

exp

(7)

Como Eg é uma constante, percebemos que o produto das concentrações de elétrons e

lacunas livres à temperatura fixa sempre é uma constante.

O nível de Fermi no semicondutor tipo n

Quando impurezas são introduzidas no semicondutor, o nível de Fermi deve se

adaptar para preservar a neutralidade de carga. No caso representado na transparência T3(b),

impurezas na concentração ND são introduzidos no semicondutor. Também no caso do

semicondutor extrínseco, o produto np é ainda dado pela equação (13). Para temperaturas

normais, quase todos os átomos doadores e aceitadores são ionizados e a equação de

neutralidade de cargas pode ser aproximada como:

n N p NA D (1)

Equações (13) e (17) podem ser combinadas para obter a concentração de lacunas e elétrons

num semicondutor tipo n:

Page 6: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

n N N N N n Nn D A D A i D0

22

1

24

(2)

se N N nD A i

e N ND A .

Assim, o nível de Fermi é dado por

E E kT

N

NkT

n

nEF C

C

D

n

i

i ln ln0

(3)

O nível de Fermi no semicondutor extrínseco

De forma geral, as concentrações de cargas livres, elétrons e lacunas, num

semicondutor tipo n ou tipo p, podem ser obtidas através do mesmo nível de Fermi:

n n

E E

kTi

F i

exp

(4)

p n

E E

kTi

i F

exp

(5)

Num semicondutor tipo n, o nível de Fermi é acima do nível intrínseco e num

semicondutor tipo p o nível de Fermi é abaixo do nível intrínseco.

O nível de Fermi no semicondutor intrínseco

Num semicondutor intrínseco, um elétron que recebe a energia necessária pode

passar da banda de valência para a banda de condução, deixando uma lacuna na banda de

valência.

Definimos:

ni concentração intrínseca de elétrons livres,

pi concentração intrínseca de lacunas livres.

Como a criação de um elétron livre sempre resulta também na criação de uma lacuna livre,

temos no caso do semicondutor intrínseco:

ni = pi (1)

Usando equação (0) chegamos a uma relação muito importante para as concentrações de

cargas livres:

np = ni2 (6)

Usando novamente (0) consegue-se calcular ni:

Page 7: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

n N N

E

kTi C V

g

exp

(7)

A concentração intrínseca cresce com aumento da temperatura.

O valor de ni para silício a temperatura normal é de 1,45E10/cm3. Este valor é xtremamente

pequeno se comparado a concentração de átomos no cristal de silício: 5E22/cm3.

A energia de Fermi associado a concentração intrínseca é obtido a partir das equações (0),

(0), e (5)

E

E E kT N

Ni

C V V

C

2 2

ln

(8)

Como NC e NV têm valores próximos e kT<<|EC+EV| podemos aproximar

E

E Ei

C V

2 (9)

Isto significa que a energia de Fermi de um semicondutor intrínseco é situada no centro da

banda proibida.

RESUMO

Semi-condutores intrínsecos e extrínsecos

Semi-condutores são geralmente semi-metais do grupo 14/IV – Si e Ge:

• 4 elétrons na banda de condução.

• Formam 4 ligações não muito fortes.

Semi-condutores extrínsecos são obtidos por dopagem – adição de pequenas

quantidades de impurezas.

• Semi-condutividade controlada.

Extrínseco tipo-n – os condutores são elétrons em excesso:

Page 8: Semicondutores intrínsecos e extrísecos - RAS

• Dopa-se o semi-condutor com um elemento com 5 elétrons na banda de condução –

As ou P em Si sólido.

• O elétron em excesso irá ocupar o nível de energia do dopante que está próximo ao

nível vazio do semi-condutor.

Extrínseco tipo-p – os condutores são buracos eletrônicos:

• Dopagem com um elemento com apenas 3 elétrons na banda de condução - B em Si

sólido.

• A banda de condução não fica totalmente cheia.

• Condução por buracos eletrônicos.

• Cargas positivas conduzem eletricidade.