47
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU CAROLINE OLIVEIRA MORGADO GABRIELA GUIMARÃES SOUSA ISADORA ARAÚJO BORGES LIVIA MORAES OLIVEIRA MARCO ANTONIO NAHUM MACHADO MARIANA CEOLIM BORGES POLASTRINE LIBERDADES CONSTITUCIONAIS Grupo 3 – Matutino

Seminaìrio Liberdades

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Seminário acerca das liberdades constitucionais

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA - UFU

CAROLINE OLIVEIRA MORGADO

GABRIELA GUIMARES SOUSA

ISADORA ARAJO BORGES

LIVIA MORAES OLIVEIRA

MARCO ANTONIO NAHUM MACHADO

MARIANA CEOLIM BORGES POLASTRINE

LIBERDADES CONSTITUCIONAISGrupo 3 Matutino

Uberlndia MG2015

NDICE1. Introduo .................................................................................................... 03

1.1. Evoluo histrica segundo Jonh Stuart Mill ....................................... 032. Liberdade de Ao ....................................................................................... 043. Liberdade de Pensamento ............................................................................ 054. Liberdade de Expresso ............................................................................... 064.1. Limite da Liberdade de Expresso ........................................................ 074.2 Discurso de dio .................................................................................... 084.3 Princpio da Veracidade ......................................................................... 084.4 Direito de Resposta ............................................................................... 094.5. Caso Snowden ...................................................................................... 10 5. Liberdade de Informao Jornalstica .......................................................... 115.1 Limites da Liberdade de Informao Jornalstica .................................. 125.2 Censura Liberdade de Informao Jornalstica .................................. 125.3. Caso Snowden Parte II ...................................................................... 13 6. Liberdade de Ensino e Aprendizagem ........................................................ 13 7. Liberdade de Ao Profissional ................................................................... 14 8. Liberdade de Locomoo ............................................................................. 158.1. Direito Segurana Individual ou a Integridade Fsica e Moral ........... 17 9. Liberdade de Conscincia ............................................................................. 17

10. Liberdade Religiosa ...................................................................................... 19

10. 1. Liberdade de Crena ........................................................................... 1910.2. Liberdade de Culto ............................................................................... 2010.3. Liberdade de Organizao Religiosa .................................................... 2010.4. O Caso Kokkinakis no Tribunal Europeu de Direitos Humanos .......... 21 11. Liberdade de Reunio ..................................................................................... 23

12. Liberdade de Associao ................................................................................ 25

13. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 26 1. IntroduoAs liberdades constitucionais tm como fundamento a dignidade da pessoa humana e seu livre desenvolvimento, os quais se garantem na sua auto realizao. Tais liberdades esto previstas no artigo 5 da Constituio Federal Brasileira de 1988, caracterizando-se assim como Direitos Fundamentais, que so aqueles inerentes a todos indivduos. As liberdades podem ser classificadas em dois grandes grupos, a liberdade negativa e a positiva. A primeira est ligada aos direitos civis e exige uma omisso estatal, ou seja, para que este seja garantida o Estado deve no intervir. De acordo com Isaiah Berlim, essa liberdade pode ser representada pela expresso estar livre de. J a segunda, representada pela expresso estar-livre para, exige uma ao estatal e tem o objetivo de ampliar a participao da sociedade na poltica.Nesse sentido, a Constituio Federal desmembra as liberdades em diferentes categorias e subgrupos, os quais sero desenvolvidos a seguir.1.1. Evoluo Histrica Segundo John Stuart MillUma caracterstica comum s liberdades de antigamente que elas eram encaradas como uma oposio a determinada autoridade daquele perodo histrico e no como um direito de todos os indivduos da sociedade.No perodo Medieval isso significava promover a liberdade dos sditos e limitar a ao tirana daqueles que compunham o governo. A partir disso, as liberdades ganharam uma conotao de direitos polticos, uma vez que justificavam a resistncia e a rebelio quando essas eram infringidas. Pode-se entender tambm como uma tentativa de impor limites ao poder poltico da poca.Quando se instaurou o governo representativo, teoricamente deveria acontecer uma mudana na relao entre os sditos e a autoridade. Em parte, isso realmente aconteceu, uma vez que o povo comeou a se reconhecer como uma nao, fazendo valer os seus interesses. Porm, com isso acaba-se criando uma tirania fundada no controle social da maioria, visto que no haveria como atender aos interesses de todas as pessoas que compunham a sociedade, prevalecendo, portanto, apenas o dessa parte da sociedade.Desse modo a liberdade no poderia ser considerada plena, pois alguns seriam limitados de acordo com o desejo de outro e esse outro sofreria limitao do governo de uma forma geral. Contudo, a liberdade defendida por Stuart Mill, aquela de cunho civil e no absoluta como defendida por muitos. Para ele, viver em sociedade estar sujeito ao controle social, que limita o indivduo, mas no de forma plena, de modo que ele a perca (MILL, 1991). Em suas palavras: a sua independncia , de direito, absoluta. Sobre si mesmo, sobre o seu prprio corpo e esprito, o indivduo soberano (MILL, p.127).Portanto, a nica finalidade que justifica a interferncia dos homens, individual e coletivamente, na liberdade de outrem, e a autoproteo. O nico propsito com o qual se legitima o poder sobre algum membro de uma comunidade civilizada contra a sua vontade e impedir dano a outrem.

2. Liberdade de AoA liberdade de ao, prevista no art. 5, II, da Constituio Federal (CF), ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei, a base de todas as outras liberdades, sendo chamada de liberdade-matriz por muitos estudiosos.O art. 5, no qual est previsto a liberdade de ao, de extrema importncia constitucional, uma vez que relaciona liberdade e legalidade - consubstanciando o princpio da legalidade - prev a liberdade de ao e ainda fundamenta outras liberdades individuais. O princpio da legalidade dirigido aos poderes pblicos - Executivo, Legislativo e Judicirio - e aos poderes particulares. Esse princpio define que os poderes pblicos anteriormente mencionados devem agir conforme a lei em seu sentido formal, ou seja, a lei positivada, vlida e legal. J os poderes particulares, podero, pelo princpio da legalidade, fazer tudo aquilo que no lhes for proibido pela lei (princpio da autonomia da vontade). Jos Afonso da Silva, afirma que o princpio da legalidade republicano, uma vez que coloca a lei como meio de garantia das liberdades, e no como comando e forma de dominao. (SILVA, 1995).Do inciso II, possvel extrair que as liberdades em geral s podero sofrer restries pela lei, que deve ser vlida e legtima, ou seja, deve ter passado por todo processo legislativo estabelecido pela CF. Pimenta Bueno resume o j explicado com a frase: A liberdade regra geral, a proibio e a restrio, isso sim que so as excees, e que por isso mesmo precisam ser provadas, achar-se expressamente pronunciadas pela lei, e no por modo duvidoso, sim formal, positivo... (SILVA, 1995, p. 230).

3. Liberdade de PensamentoA liberdade de pensamento reconhecida, em seu aspecto interno, como o direito de pensar e ter conscincia sobre qualquer opinio, cincia ou crena, e deve ser livre devido incapacidade de algum indivduo ou instituio penetrar no mundo interior de uma pessoa. (AFONSO, 1995). Ela diferente da liberdade de expresso, pois, como dito, ainda est no mbito da conscincia de cada pessoa e no pode ser acessada por meios externos, sendo parte da individualidade e unicidade da pessoa. A Constituio garante que a liberdade de conscincia e crena (pensamento) seja inviolvel no artigo 5, inciso VI.A ndole do pensamento, sendo bom ou mau, exaltada e limitada na religio atravs da recriminao do pensar negativo (cada religio tem sua prpria concepo do que seja "negativo"), ou em regimes com aes administrativas que praticam a represso e mudana de mentalidade, como o caso dos lderes da Coreia do Norte que possuem acusaes de usar lavagem cerebral em seus habitantes. Todavia, no mbito jurdico brasileiro, estes so assuntos indiferentes, pois a liberdade de pensamento, independente da ndole e carter desse, deve ser assegurada pela Constituio, "ainda mais se considerarmos que o pensamento o incio da atividade, a base do fazer." (CARVALHO, 2015, p. 91).O pensamento, diferente do conhecimento - que se apropria de conceitos j existentes -, a atividade intelectual que produz novo saber atravs da reflexo do sujeito frente a um objeto, fato ou fenmeno, e por isso no deve ser reprimido. (CARVALHO, 2015) "O ser humano pode pensar o que quiser, no recebendo, por este ato, to-s, qualquer espcie de punio", diz Jos Cretella Jr na obra Comentrios constituio brasileira de 1988, volume 1, pgina 205-206.

4. Liberdade de ExpressoEsta liberdade negativa diz respeito ao aspecto externo do pensamento e trata da expresso artstica, cientfica, cultural, intelectual e informacional, seja por meio oral, seja por meio escrito, ou at simblico, atravs do uso de smbolos e signos por exemplo. chamada de liberdade primria pelos doutrinadores por ser o ponto de partida das outras. (AFONSO, 1995). Ela est protegida na Constituio no art. 5, IV, que declara " livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato", e no inciso IX ao declarar " livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independente de censura ou licena." interessante o fato de que a proteo constitucional no se limita a permitir que se manifeste a opinio, mas que tambm engloba o direito de ouvir, assistir ou ler outras informaes expressas. Como consequncia, seria inconstitucional a lei que proibisse a aquisio de meios de comunicao como jornais, revistas e livros, como tambm a transmisso de informaes pela imprensa televisiva e internet, meios que so protegidos pelo art. 5, XIV, que diz " assegurado a todos o acesso informao e reguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional." Um cidado brasileiro tem direito de se expressar da forma que preferir, pelo meio que preferir. Proibir tal manifestao de pensamento anlogo proibir ao pensamento em si e isso levaria aos casos de autoritarismos que buscam unanimidade de forma antidemocrtica e com ideologias arbitrrias e irreais. Kant proclama: "o poder exterior que arrebata aos homens a liberdade de comunicar publicamente o seus pensamentos, ele rouba tambm a liberdade de pensar." (CARVALHO, 2015).As liberdades de pensamento e expresso so protegidas tambm internacionalmente atravs da Declarao Universal dos Direitos Humanos de 1948. Na Conveno Americana de Direitos Humanos, em seu artigo 13, explicitado que a informao pode ser recebida, buscada e difundida - sem consideraes de fronteiras - por qualquer processo de sua escolha pois este um direito fundamental inalienvel e inerente a todas as pessoas. Os princpios de tal artigo fala, inclusive, da no imputao, por parte do Estado, de limitaes e condutas ticas atividade jornalstica, que deve reger-se por tais condutas formuladas pela prpria atividade e de acordo com a sociedade em questo.Esse direito tambm protegido no mbito internacional (mesmo que no aderido internacionalmente), alm da Declarao Universal dos Direitos Humanos, na Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948); no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos (1966); na Conveno Interamericana de Direitos Humanos (1969); Declarao Chapultepec (1994); na Declarao de Princpios sobre a Liberdade de Expresso (2000); entre outros.Assim, primeira vista, a Constituio protege a liberdade de expresso de forma absoluta ao obrigar o Estado a garantir tal liberdade para que qualquer indivduo possa manifestar suas ideias independentemente do contedo e de forma que no sofra intolerncia e sem censura, como dito no artigo 220 caput e no 2, que diz " vedada toda e qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica."

4.1 Limite da Liberdade de ExpressoA Constituio prev direitos fundamentais que so prima facie absolutos, mas conhecido o carter vago desses direitos que acabam entrando em conflito uns com os outros. O mesmo ocorre com a liberdade de expresso, que pode muitas vezes invadir o espao de outros direitos fundamentais.Por isso, existe a difuso entre doutrinadores e jurisprudncia de que a "liberdade de expresso deve ceder sempre que colocar em risco concreto bens jurdicos mais valiosos, como vida, liberdade e propriedade." (AGUIAR, 2007). Um exemplo pode ser quando uma pessoa expressa, mesmo que de forma falaciosa e sem veracidade, a morte de outra. O Cdigo Penal tipifica esse ato como incitao e apologia ao crime, sendo um perigo abstrato, mas com consequncias jurdicas contra o autor da ao. Por isso a liberdade de expresso cede ao direito vida nesse caso. Uma outra limitao ocorre na confuso sobre o que a liberdade de expresso protege, por exemplo quando algum fiel de alguma religio impede com tumulto a realizao de outra. Esse ato impede o livre exerccio do direito a crena e no se classifica como uma expresso protegida constitucionalmente, diferente de se o fiel tivesse apenas professado que no aprova a religio alheia mas sem impedir sua realizao. (AGUIAR, 2007).4.2 Discurso de dioApesar da beleza terica da liberdade de expresso, contra ela existe o caso do dito "discurso de dio", em que, nas palavras de Kildare Gonalves Carvalho, "entendido como manifestao agressiva e provocadora do dio em relao a determinados grupos sociais, em geral, as minorias, abrangendo a discriminao racial, social ou religiosa." Essa manifestao fere diretamente a dignidade da pessoa humana como tambm os direitos de igualdade e de proteo das minorias, e apesar de seu carter extremamente negativo para a sociedade, ele mais comum do que se imagina. Esses discursos podem ter expanso ainda com ataques fsicos contra as vtimas, levando casos mais srios de assassinatos. Como exemplos, existem os casos de discriminao e morte de negros por parte de policiais e o inmeros casos de assassinato de homossexuais que ocorrem em massa por todo o pas, que lder mundial nesse quesito.Como soluo para o discurso de dio, so enumeradas duas formas distintas e realizadas por diferentes sistemas jurdicos: nos Estados Unidos da Amrica, a soluo o reforo de mais liberdade de expresso como resposta; e na Europa o discurso de dio proibido. (CARVALHO, 2015).

4.3 Princpio da VeracidadeA liberdade de expresso e comunicao possui uma relao estreita com o princpio da veracidade - aquele que diz respeito ao direito do cidado verdade perante o poder pblico -, pois toda as explicaes tericas acerca dessa liberdade possuem fundamentaes que precisam de veracidade, como o progresso do conhecimento, a democracia representativa e autonomia individual que so bases no apenas para essa liberdade especificamente, mas todas as outras. (CARVALHO, 2015). Nesse sentido, aponta Paulo Klautau Filho em sua obra O direito dos cidados verdade perante o poder pblico, "a verdade, na sua dimenso tica, e mesmo na dimenso ftica, pode ser considerada como o fundamento da liberdade de expresso e comunicao." O principal ponto se d na concluso de que o a pessoa pblica que no age e comunica com veracidade no est agindo de acordo com a soberania popular, pois ela no pode mentir sob a resguarda da liberdade de expresso seno estar indo contra os princpios democrticos e republicanos. O princpio da veracidade seria ento a razo justificadora do direito liberdade de expresso. "A liberdade de expresso no pode ser exercida de maneira a prejudicar a soberania popular, a responsabilidade dos governantes e dos direitos humanos.", diz Paulo Klautau Filho. (CARVALHO, 2015).4.4 Direito de Resposta fato que todo cidado possui liberdade de expresso e manifestao do pensamento, como dito no art. 5, IV, da Constituio Federal. Contudo, o inciso diz, " livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato". Observa-se ento que a vedao do anonimato a garantia e efetivao do direito de resposta, que abordada no artigo 5, V, que diz: " assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao do dano material, moral ou imagem."Kildare Gonalves Carvalho diz: "o direito de resposta, (omissis), possibilita ao ofendido restabelecer a verdade, a reputao e a honra." Ou seja, aps sofrer danos sua honra e reputao por meio de alguma expresso de opinio, a vtima ter a chance de se defender proporcionalmente ao dano gerado e sem uso de contedo ilcito, alm de ser do rgo de comunicao a responsabilidade pela divulgao do direito de resposta. (Carvalho, 2015). A responsabilidade ulterior de quem se expressa publicamente tambm descrita no artigo 13 da Conveno Americana de Direitos Humanos que assegura o respeito aos direitos e reputao das demais pessoas como tambm a proteo da segurana nacional.Os direitos da personalidade entram no mbito de direito de resposta quando a opinio expressada fere a moral, imagem ou honra da pessoa. A Constituio protege o direito indenizao nesses casos, mas ainda h controvrsias: a honra um bem jurdico subjetivo demais para apurao externa. Existem crimes penais previstos no Cdigo Penal e na Lei de Imprensa com relao ao dano contra a honra, contudo, a punio por tal dano seria ento invivel devido a seu carter subjetivo e tambm graas a omisso da Constituio sobre o tipo punio (civil ou penal) deve ser seguida. Em concluso de Fernandes Moreira Aguiar, os abusos do direito liberdade de expresso devem ser sancionados na seara civil. (AGUIAR, 2007)

4.5. Caso Snowden Edward Snowden um estadunidense que liberou na mdia internacional informaes altamente sigilosas do trabalho de espionagem da NSA, rgo de inteligncia americana, o que causou bastante tumulto por parte dos envolvidos, os quais englobavam toda a populao estadunidense como tambm algumas autoridades pblicas, como governadores e presidentes de outras naes, incluindo a presidente brasileira Dilma Rousseff.Snowden trabalhava na parte de sistemas da NSA. Atualmente ele reside na Rssia, que ofereceu asilo, em local desconhecido. Os Estados Unidos da Amrica est a procura do criminoso por quebrar as regras rgidas de sigilo da NSA e por colocar a integridade da nao em risco. Contudo, a controvrsia se encontra no enorme apoio internacional a favor de Snowden, que o tornou uma espcie de cone. Ele denunciou o ato de espionagem praticado por anos pelo governo americano que violava vrios direitos fundamentais de cada indivduo afetado.Ao falar da funo de comunicao do governo, Kildare Gonalves Carvalho se utiliza da obra Princpios Constitucionais (Cunha), que enumera as seguintes funes: a) preservao do espao comunicativo e disciplina democrtica do seu uso; b) proteo do direito que tm o pblico, e cada sujeito em particular, de se informar e de ser informado; c) preservao e implementao de meios e canais de comunicao; d) garantia do sistema de informaes pblicas e privadas; e) produo e difuso de informaes de interesse pblico.Todos os itens acima vo a favor de Snowden, especialmente o ltimo, que fala da funo de comunicao a favor de informaes de interesse pblico, no caso, mundial. certo que existe o princpio da Conveno Americana de Direitos Humanos que fala, "as leis de privacidade no devem inibir a investigao e a difuso de informaes de interesse pblico", dando margem aos EUA de investigarem, nos casos de suspeita de crimes e terrorismo, certas pessoas. Mas o que realmente acontecia era a total violao da privacidade de milhes de pessoas que tinham suas linhas telefnicas, endereos e portais virtuais vigiados constantemente sem necessidade. Independente das ameaas de terrorismo no pas, os direitos fundamentais assegurados internacionalmente dessas pessoas foram feridos pela nao que dita ser a "mais democrtica do mundo".

5. Liberdade de Informao JornalsticaA liberdade de informao jornalstica um ramo da liberdade de pensamento, que est garantida, na Constituio Federal, pelo artigo 220, o qual afirma: A manifestao do pensamento, a criao, a expresso e a informao, sob qualquer forma, processo ou veculo no sofrero qualquer restrio, observado o disposto nesta Constituio.. E, mais especificamente, no 1, que diz Nenhuma lei conter dispositivo que possa constituir embarao plena liberdade de informao jornalstica em qualquer veculo de comunicao social, observado o disposto no art. 5, IV, V, X, XIII e XIV.A liberdade de informao garante a liberdade de informar, a liberdade de ser informado e a liberdade de se informar. A primeira diz respeito garantia de se passar informaes adiante. A segunda garante o direito do cidado de estar a par dos acontecimentos de interesse pblico e cabe aos meios de comunicao a ao Poder Pblico garantir a difuso dessas informaes (SILVA, 1995). A terceira garante ao sujeito a liberdade de buscar suas prprias informaes, no podendo ser vedado esse direito (MORTE, 2013).Essa liberdade d caractersticas modernas liberdade de informao em geral, pois engloba, no s as publicaes em veculos impressos, mas em qualquer meio de divulgao de notcias (SILVA, 1995).Ademais, a liberdade de informao jornalstica que assegura o direito de ser informado (CARVALHO, 2013). Entretanto, h a exigncia de que essa informao seja verdadeira e no contenha a defesa do ponto de vista do informante, ou seja, o jornalista deve ser imparcial. Caso contrrio, ocorrer o que Jos Afonso da Silva chama de deformao. Porm, importante observar que esse comportamento jornalstico cada vez mais raro, visto que grande parte das notcias publicadas contam com a tentativa de formao da opinio pblica do redator (SILVA, 1995). Alm disso, preciso que a informao divulgada seja de interesse pblico, seno pode-se ferir o direito privacidade, j que uma informao pessoal de um indivduo, a qual no possui necessidade de conhecimento pblico, no deve ser exposta sem consentimento desse sujeito. Dessa forma, a funo social da liberdade de informao assinala que o sujeito deve ter conhecimento das informaes ao seu redor para promover sua personalidade e tomar decises mais adequadas comunidade em que vive (MENDES, 2012).O habeas data a ferramenta que garante o acesso informao, assim como protege o indivduo para pedir correo sobre dados incorretos. Est assegurado pela Lei 9507/97.5.1 Limites da Liberdade de Informao JornalsticaAssim como qualquer outro direito fundamental, a liberdade de informao jornalstica possui limites. Em primeiro plano, a verdade seu principal limite, pois a Constituio Federal s protege a informao verdica e isenta de opinio - esta protegida pela liberdade de pensamento.Entretanto, possvel limitar uma informao que seja verdica, mas noticiada de forma abusiva ou provocadora de comportamentos violentos (palavras beliculosas - fighting words), sob pena de reparao por danos morais (CARVALHO, 2013).Ademais, a Constituio brasileira determina a vedao do anonimato, dessa forma, para que uma notcia seja veiculada, preciso que o informante seja identificado. No caso de matrias sem identificao do autor, o diretor do veculo torna-se responsvel (SILVA, 1995).5.2 Censura Liberdade de Informao Jornalstica A censura liberdade de informao jornalstica tratada no artigo 220, 1 e 2 da Constituio Federal com o intuito de garantir que nenhuma lei poder embaraar a plena liberdade de informao jornalstica em qualquer veculo de comunicao social, nem se admite censura de natureza poltica, ideolgica e artstica (SILVA, 1995, p. 241).Porm, importante ressaltar que, apesar de proibida a censura da informao, o jornalista pode responder pela notcia publicada, por exemplo, com indenizao por dano moral, material ou imagem. Tambm pode estar sujeito aplicao de penas no caso de ofensa honra (direitos assegurados pelo artigo 20 do Cdigo Civil brasileiro).

5.3. Caso Snowden Parte II

Em continuao ao caso j mencionado, percebe-se grande influncia da liberdade de informao jornalstica, visto que esta garante, alm do direito de ser informado, no s o direito de informar, mas o dever de divulgar populao as informaes de interesse geral.Sendo assim, Edward Snowden, de acordo com a Constituio brasileira, forneceu informaes de extrema relevncia social e, por isso, no pode ser censurado. Entretanto, pode ser acusado de quebra de sigilo por ter divulgado dados confidenciais do Governo americano. Diante disso, perspicaz fazer o uso da ponderao e do sopesamento para que seja determinado qual princpio prevalece no caso. J que ainda hoje, dois anos aps a divulgao das informaes, ainda no foi tomada uma deciso concreta a respeito do caso. O Governo dos Estados Unidos continua procurando Snowden, enquanto este se protege nos pases que se sentiram violados pelos norte-americanos.

6. Liberdade de Ensino e Aprendizagem A Constituio Federal de 1988 caracterizada pelo carter social que busca igualdade e desenvolvimento e um dos principais instrumentos para isso a educao, a educao tem como papel da sociedade o desenvolvimento da pessoa exercendo de fato o papel da cidadania. Para consagrar de fato a educao como meio de desenvolvimento existe a liberdade de ensino e aprendizagem antigamente chamada de liberdade de ctedra que englobava apenas o professor limitando essa liberdade, j a liberdade de ensino e aprendizagem engloba tanto o professor que transmite o conhecimento, o aluno que quem recebe o conhecimento e trs tambm a capacidade de adquirir o conhecimento por si s que a pesquisa, ou seja, liberdade de aprender, liberdade de ensinar e liberdade de pesquisar. Assegurada pelo artigo 206 O ensino ser ministrado com base nos seguintes princpios: I - igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idias e de concepes pedaggicas, e coexistncia de instituies pblicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino pblico em estabelecimentos oficiais; Da mesma forma que os professores podem transmitir o conhecimento da forma que achar melhor, com a metodologia que melhor se encaixe na sua disciplina os alunos tambm tem a autonomia de reclamarem, de buscarem um ensino melhor. A Constituio trs tambm um artigo que garante a educao que o artigo 205 A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho, mas isso infelizmente na realidade um pouco diferente nem sempre h vagas em escolas pblicas para todos os alunos e muitas vezes os responsveis entram na justia para conseguir a vaga.7. Liberdade de Ao ProfissionalA liberdade de ao profissional garante o direito de livre escolha da profisso e est assegurada, na Constituio Federal, pelo artigo 5, XIII, que diz: livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer.Esse um direito individual, visto que no se garante o trabalho, no se assegura o contedo do trabalho, nem a possibilidade de trabalho, nem o emprego nem tampouco as condies materiais para a investidura num ofcio ou para a aquisio de qualquer profisso (SILVA, 1995, p.249). Logo, a nica garantia a de escolha livre e individual do trabalho que se deseja realizar.Entretanto, cabe ao Estado determinar as habilitaes e regulamentaes necessrias para o exerccio de cada profisso, a exemplo do Conselho Regional de Medicina, que regula os conhecimentos e a conduta mdica. Essas exigncias no se limitam existncia de um diploma ou de uma especializao na rea de trabalho desejada. Como o caso dos jornalistas, que no precisam de formao profissional para atuarem, visto que o Supremo Tribunal Federal julgou a inconstitucionalidade dessa exigncia para os profissionais da rea, baseando-se nas liberdades de informao jornalstica e de pensamento - consideradas, pela Conveno Americana de Direitos Humanos, direito fundamental do homem -, as quais garantem a todos os indivduos o direito de se expressarem (CARVALHO, 2013).8. Liberdade de LocomooEsse tipo de liberdade, a de locomoo, entendida como o ponto central da liberdade da pessoa fsica, visto que no perodo de escravido, as pessoas no a possuam. Em 1988, a nova Constituio a reservou um dispositivo especfico que a regulamentava, o que nunca havia acontecido antes (SILVA, 1995).A liberdade de locomoo garantida pela Constituio Federal de 1988, por meio do artigo 5 incisos XV e XLVIII. O primeiro assegura que, livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. O outro inciso constitucional enuncia que, O direito de ir, vir e ficar protegido pelo habeas corpus. A partir do exposto pode-se dizer que essas so as formas diretas de garantia da liberdade de locomoo no Brasil. Porm h ainda tratados internacionais e estudos acerca do desdobramento dessas e suas influncias nos demais dispositivos constitucionais e na vida da sociedade como um todo.Em relao aos tratados internacionais, pode-se dizer que so estabelecidas nove questes centrais para regulamentao geral do direito de locomoo. O primeiro defende a tese de que aquela pessoa que estiver de forma legal em determinado territrio tem direito de circular em sua extenso, bem como nele residir caso deseje, o que deve ser feito em conformidade com a lei do pas em que o ao esteja sendo realizado.Outro fator a livre circulao, no sentido de que caso a pessoa queira sair do pas em que est ou, at mesmo, do que reside, ela tem pleno direito a realizar tal ato. Considerando os direitos expostos at o momento, tem-se a determinao de que eles no podem ser restringidos de forma alguma, seno por fora de lei. Essa deve ter sido feita de modo democrtico a fim de proteger a segurana nacional, o direito de liberdade das demais pessoas, ou por lei especfica que defenda o interesse pblico.Para o nacional de determinado territrio, h uma regulamentao que defende o fato de ele no poder ser expulso ou impedido de entrar no seu territrio. J para o estrangeiro, ele s pode ser expulso do territrio em que est se for em razo de cumprimento de alguma lei que foi violada, ou que determine que assim deva acontecer. Um recurso abordado por essas decises internacionais que foi extremamente utilizado nos perodos de guerra e regimes totalitrios, foi o direito a pedir e receber asilo, na maioria dos casos, por razes de cunho poltico. Os fenmenos culturais como, religio, condio social, opinio poltica e raa, podem interferir de forma direta na interveno para a garantia de um direito. Isso acontece, por exemplo, no caso dos estrangeiros, que no podem ser expulsos para nenhum outro pas que no o seu de origem, sendo que sua segurana e direitos devem estar garantidos. Ainda nesse sentido tem-se a proibio da expulso coletiva de estrangeiros. Uma inferncia a ser considerada, o fato que a liberdade de locomoo por si s no configura a garantia completa de um direito fundamental, para que ela acontea, algumas disposies tambm devem ser asseguradas para sua completa realizao (CARVALHO, 2013). Essas, a princpio, podem ser entendidas como a existncia de um transporte pblico, que alm de ser eficaz deve ser acessvel a todos, e o estabelecimento de regras para a locomoo daqueles que sofrem de algum tipo de deficincia fsica, que, de alguma maneira dificulte, ou impea seu livre trnsito. A locomoo ocorre quando uma pessoa se locomove, ou seja, anda, move-se de um lugar para outro. J a acessibilidade se caracteriza no lugar em que essa pessoa anda ou se move, considerando se tem uma entrada adequada, se de fcil acesso, se tem uma estrutura fsica feita para receber qualquer tipo de pessoa, seja ela com deficincia ou no. Desse modo, para que a acessibilidade ocorra, todos os mecanismos que envolvam a locomoo devem ser garantidos com o objetivo de compor um direito fundamental completo.8.1. Direito Segurana Individual ou a Integridade Fsica e Moral Tal direito busca proteger as pessoas de qualquer ao que venha prejudicar a integridade fsica, moral e mental da pessoa, visando a sua dignidade e o no abuso de direitos. Exemplos de leses as trs categorias expostas so: tortura, trabalho forado, pena de morte, ente outros (CARVALHO, 2013). Para melhor explicar o tema em questo, entende-se por direitos individuais, aqueles que possuem um direcionamento de ao ao indivduo, no interferindo, caso seja cumprido ou no, na coletividade. A garantia de segurana deles realizada pela Constituio Federal em seu Ttulo II, Captulo 1, no qual regulamenta os direitos tanto individuais, quanto os coletivos, demonstrando o objetivo final de cada uma das categorias.J em relao integridade fsica e moral, pode-se dizer que faz referncia a toda e qualquer ao que aps realizada acabe por prejudicar o indivduo, causando danos que podem ser temporrios ou permanentes. Esses podem afetar sua mente, sua honra ou at mesmo seu prprio corpo, acontecendo, a partir disso, a tentativa de reparao ou compensao do dano sofrido.

9. Liberdade de ConscinciaPartindo do pressuposto que o homem livre para pensar, para escolher suas ideologias, sua religio, suas convices este homem pode at viver sob uma tirania, mas os seus pensamentos ainda so livres. No Brasil agir pela conscincia, agir de acordo com os seus valores assegurado pela Constituio Federal e conhecida como liberdade de conscincia que te d possibilidade de cumprimento das normas sob suas convices, essa liberdade bem ampla e muitas vezes se confunde com a liberdade religiosa, nela abrange tanto a escolha da religio quanto as convices filosficas e polticas. Na sociedade moderna com a diversidade em que vivemos, a liberdade de conscincia se destaca cada vez mais e essa liberdade assegurada na Declarao dos Direitos Humanos, em vrios pases ela consta em seu ordenamento e no Brasil tambm no muito diferente, presente no artigo 5, inciso VI inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei a proteo aos locais de culto e suas liturgias. A liberdade de conscincia uma liberdade do foro ntimo, ou seja, uma liberdade que est no campo ntimo do indivduo, diz respeito somente a voc e a sua conscincia, algo extremamente individual e que apenas o indivduo pode decidir, e no pode sofrer interferncia de ningum nem mesmo do estado para impor suas concepes mesmo que sejam contrarias ao ordenamento, a liberdade de conscincia refere-se escusa e a objeo de conscincia.A objeo de conscincia refere-se recusa de determinada conduta que est no ordenamento essa recusa ocorre por ser contrria as convices morais, filosficas, polticas do indivduo e como est convices esto fora do alcance do estado ele faz algumas excees a regra como por exemplo o artigo 143 1 da obrigao ao servio militar s Foras Armadas compete, na forma da lei, atribuir servio alternativo aos que, em tempo de paz, aps alistados, alegarem imperativo de conscincia, entendendo-se como tal o decorrente de crena religiosa e de convico filosfica ou poltica, para se eximirem de atividade de carter essencialmente militar, esse tipo de objeo um grande exemplo do respeito que o Estado tem intimidade e a conscincia do indivduo. Existem dois tipos de objeo direita e a indireta, a direta ocorre quando a conduta imposta ao indivduo como, por exemplo, em casos de concursos pblicos que tem a prova marcada em dia em que o candidato adventista por interferncia da religio no pode fazer, j a objeo indireta ocorre quando uma h uma recusa na conduta devido a um fato que contrrio as concepes do indivduo como, por exemplo,a transfuso de sangue em testemunhas de Jeov onde de um lado est a vontade da pessoa ou do responsvel que uma vontade influenciada por uma crena religiosa e do outro lado o mdico que tem seu dever de salvar a vida da pessoa neste caso pelo Cdigo de tica Mdica no artigo 22 deixa claro que a vida vale mais que a crena religiosa.A escusa de conscincia refere a obrigaes coletivas que so contrrias as convices dos indivduos, como no caso da obrigao de se alistar que foi o exemplo citado acima, e na obrigatoriedade de votar.No ordenamento aceito a liberdade de conscincia, o estado admite e assegura isso colocando alternativas, mas se o indivduo no cumprir essas alternativas poder perder os direitos polticos que so assegurados do artigo 15, inciso IV que os direitos polticos podero sofrer suspenso ou perda se recusa de cumprir obrigaes a todos impostas ou prestao alternativa, nos termos do art. 5, VIII.

10. Liberdade Religiosa

A liberdade religiosa quando exteriorizada, torna-se uma forma de manifestao do pensamento, passando assim, a ser protegida pelo art. 5, IV livre a manifestao do pensamento, vedado o anonimato e pelo art. 220 a manifestao do pensamento, sob qualquer forma, processo ou veiculao, no sofrer qualquer restrio, observado o disposto nesta Constituio, vedada qualquer forma de censura de natureza poltica, ideolgica e artstica da CF. A liberdade religiosa engloba trs outras liberdades: a liberdade de crena, liberdade de culto e liberdade de organizao religiosa. Todas estas, so garantidas pela Constituio Federal (CF).10. 1. Liberdade de Crena

Garantida pela CF no artigo 5, VI inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteo aos locais de culto e as suas liturgias e VIII ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa.Conforme estipulado pela prpria CF, liberdade de crena se difere da liberdade de conscincia. Ambas as liberdades dizem respeito intimidade do indivduo, no entanto, a liberdade de conscincia no se restringe religio, uma vez que, tambm trata de questes polticas e filosficas. Diante disso, pode-se afirmar que a liberdade de conscincia mais ampla que a liberdade de crena, j que a segunda voltada apenas para assuntos religiosos, entrando a a liberdade de escolha da religio, liberdade de expressar sua crena, liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade de mudar de religio, liberdade de no aderir a religio alguma e liberdade de descrena.10.2. Liberdade de CultoAssim como a liberdade de crena, a liberdade de culto garantida pelo artigo 5, VI inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteo aos locais de culto e as suas liturgias. Pontes Miranda afirma que Compreendem-se na liberdade de culto a de orar e a de praticar os atos prprios das manifestaes exteriores em casa ou em pblico, bem como a de recebimento de contribuies para isso (SILVA, 1995, p. 242). Conforme dito por Pontes Miranda, por se estender prtica em locais pblicos, a liberdade de culto, merece tambm a a proteo da lei. Diante disso, cabe aos poderes pblicos no intervir no exerccio destes, ainda que em locais pblicos, devendo apenas os proteger, impedindo assim, que terceiros causem embaraos ao exerccio de culto.

10.3. Liberdade de Organizao ReligiosaEssa liberdade diz respeito relao das instituies religiosas com o Estado e ao estabelecimento e organizao das igrejas.Existem trs sistemas de relao entre Estado e Igreja: Confuso: O Estado se confunde com determinada religio. Exemplo: Os Estados Islmicos; Unio: Verificam-se relaes jurdicas entre o Estado e determinada Igreja no concernente sua organizao e funcionamento. Exemplo: participao do Estado na designao dos ministros religiosos; Separao: Separao entre Estado e Igreja. No Brasil, foi consolidada com a Constituio de 1891, a qual colocava o Estado como laico, no deixando, no entanto, de respeitar todas as vocaes religiosas. importante ressaltar que esse sistema de separao, admite certos contatos, so eles:a) Separao e colaborao: No admitido que o Estado mantenha relaes de dependncia ou aliana com Igrejas, no entanto, quando a lei permitir, pode haver colaborao entre as instituies, desde que ela seja geral, a fim de no discriminar religies. (art. 19, I)b) Assistncia Religiosa: A lei assegura a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva.c) Ensino Religioso: Este deve constituir como disciplina dos horrios normais das escolas pblicas de ensino fundamental, mas se tratar de matria facultativa. As escolas privadas podem adot-lo como melhor lhes parecer, desde que no imponham determinada confisso religiosa a quem no o queira. (art. 210, 1)d) Casamento Religioso: Conforme diz o art. 226, 2, o casamento religioso ter efeito civil nos termos da lei.10.4. O Caso Kokkinakis no Tribunal Europeu de Direitos Humanos

A Grcia o nico pas da Unio Europia (UE) a banir o proselitismo em sua constituio. De acordo com o pargrafo 2 do artigo 4 da lei grega 1.363 de 1939 Por proselitismo deve ser entendida, sobretudo, toda tentativa direta e indireta de se intrometer nas crenas religiosas de uma pessoa de confisso diferente (heterodoxo), a fim de modificar o seu contedo, por qualquer intermdio de qualquer tipo de prestao ou promessa de auxlio moral ou material, ou por meios fraudulentos, ou abusando de sua inexperincia ou confiana, ou aproveitando-se de sua necessidade, ignorncia ou ingenuidade.A maioria da populao grega faz parte da Igreja Ortodoxa, mas tambm existe uma minoria de outras religies como muulmanos, protestantes, catlicos romanos, judeus e testemunhas de jeov. A posio da Igreja Ortodoxa Grega e sua relao com o estado encontram-se no Artigo 3 da presente Constituio: A religio dominante na Grcia a Igreja Ortodoxa Oriental de Cristo. A Igreja Ortodoxa Grega reconhece como autoridade mxima nosso Senhor Jesus Cristo, e est intrinsecamente ligada, quanto ao dogma, Grande Igreja de Constantinopla e a todas as outras igrejas crists da mesma f (homodoxi), observando como imutveis, assim como as outras igrejas, os cnones sagrados apostlicos e sinodais e as tradies sagradas.... De acordo com a constituio, todas as pessoas residentes na Grcia desfrutam de proteo plena para praticar a religio que desejada, conforme diz o pargrafo 1 do artigo 13 A liberdade de conscincia religiosa inviolvel. O gozo dos direitos individuais e polticos no depende das crenas religiosas de cada um. Entretanto, no pargrafo 2 desse mesmo artigo proibido o proselitismo Toda religio conhecida livre, a prtica de seu culto ser exercida sem impedimentos, sob a proteo da lei. A prtica da religio no pode ser contrria ordem pblica ou moral. O proselitismo proibido.O caso de Kokkinakis aconteceu em 1986 na cidade de Sitia. Kokkinakis e sua esposa, ambos testemunhas de jeov, foram condenados por proselitismo religioso, denunciados pela Sra. Kyriakaki, ortodoxa, com quem tiveram uma discusso religiosa em sua casa. A condenao foi de 4 meses de priso, bem como multa por violao do pargrafo 1 do artigo 4 da lei grega 1.363 de 1938 Aquele que pratica o proselitismo incorre em pena de priso, alm de multa no valor de 1.000 a 50.000 dracmas; tambm colocado sob vigilncia da polcia por um perodo de seis meses a um ano, conforme determine a sentena de condenao. A pena de priso no pode ser convertida em pena de multa. Diante dessa condenao, Kokkinakis recorreu ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), argumentando que a sua condenao por proselitismo, na Grcia, feria os artigos 7, 9 e 10 da Conveno Europeia dos Direitos Humanos (CEDH). Esses artigos pregam, respectivamente, o princpio da legalidade, o direito ao respeito pela vida privada e familiar e a liberdade de pensamento, de conscincia e de religio.O Tribunal concluiu, em acrdo de 25/05/1993, que o assunto no deveria ser analisado sob a tica do art. 10 do CEDH. e que no houve violao do artigo 7, entretanto, julgou que houve violao ao artigo 9 da referida Conveno Qualquer pessoa tem direito liberdade de pensamento, de conscincia e de religio; este direito implica a liberdadede mudar de religio ou de crena, assim como a liberdadede manifestar a sua religio ou a sua crena, individual ou coletivamente, em pblico e em privado, por meio do culto, do ensino, de prticas e da celebrao de ritos. Por ser estabelecido pela CEDH que os indivduos tem a liberdade de expressar sua crena, Kokkinakis e sua esposa no poderiam ser condenados por proselitismo, uma vez que estavam apenas expressando sua crena por meio do dilogo. Diante disso, o governo grego foi condenado a pagar 400.000 dracmas por danos morais e 2.789.500 dracmas a ttulo de despesas e custas.O Kokkinakis caso um leading case no tratamento da questo da liberdade de pensamento, conscincia e religio, em que o Tribunal Europeu de Direitos Humanos determinou a reverso de uma condenao imposta pela justia interna de pas membro, para defender liberdades individuais previstas constitucionalmente, dentre elas, a liberdade religiosa (liberdade de crena, liberdade de expresso de crena).

11. Liberdade de Reunio

A liberdade de reunio, a qual no deve ser confundida com liberdade de associao, devido as suas semelhanas, est ligada liberdade de expresso, uma vez que se trata de um direito do indivduo de se expressar, porm, exercido de forma coletiva. Tal liberdade corresponde a um direito individual, porm tem seu exerccio e consequncia garantidos pela coletividade, pela juno de indivduos com os mesmos objetivos e ideologias. O artigo 5 da Constituio Federal brasileira menciona a liberdade de reunio em seu inciso XVI: Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio viso autoridade competente. Deve ser lembrado aqui que aviso prvio totalmente diferente de permisso, ou seja, para que um determinado grupo se rena em um determinado local, este deve apenas avisar previamente para que a autoridade competente tome as devidas providncias, para que este direito seja garantido de forma a no interferir nos direitos e liberdades de terceiros.

Esta liberdade possui seis elementos fundamentais para sua existncia, so eles: elemento subjetivo, elemento formal, elemento teleolgico, elemento temporal, elemento objetivo e elemento espacial. O primeiro deles trata-se do agrupamento de pessoas, porm, no apenas tal coletividade que pressupe que alguma aglomerao seja uma reunio de fato, como por exemplo, uma juno de pessoas espontnea ao redor de um acidente na rua. A reunio deve ter um mnimo de coordenao (MENDES, 2015), tratando-se aqui do elemento formal, o encontro de tal reunio deve ser resultado de uma convocao prvia dos indivduos, os quais devem ter em conscincia o objetivo de estarem ali presentes. Tais objetivos esto inseridos no elemento teleolgico, ou seja, finalstico, os participantes possuem fins comuns, sejam eles polticos, religiosos, artsticos ou filosficos.

O elemento temporal possui em seu conceito o entendimento principal da diferena entre liberdade de reunio e de associao, ou seja, as pessoas se renem de forma transitria e passageira, enquanto que na associao existe a ideia de continuidade. Assim como menciona Manoel Gonalves Ferreira Filho se o agrupamento adota laos duradouros, passa de reunio para o campo da associao. J o elemento objetivo abrange a licitude da liberdade de reunio, a qual no deve conter armas em sua realizao. Por fim h o elemento espacial, o qual se trata do ambiente especfico em que se realiza tal agrupamento de indivduos, lembrando aqui que a reunio em locais privados dispensa o aviso prvio autoridade competente.

Assim como todas as liberdades, a liberdade de reunio no absoluta, ou seja, ela possui seus limites e pode ser restringida. Um exemplo seria a no realizao de determinada reunio em um local que j haver outra, que j est marcada para acontecer. Ela tambm pode ser restringida quando, a partir do aviso prvio, a autoridade competente toma conscincia de que tal manifestao entraria em conflito com outros valores constitucionais, que teriam prevalncia ao se fazer um sopesamento.

Em relao ao Estado, existem dois direitos que devem ser lembrados, o direito de absteno e o direito de prestao. O primeiro trata-se da no interferncia do Estado no exerccio da liberdade de reunio, ou seja, h uma absteno dos Poderes Pblicos (direito negativo). J o direito de prestao diz respeito s aes e medidas que o Estado deve tomar para garantir esta liberdade, como a segurana em determinada manifestao, para que os participantes possam se expressar de forma a no serem perturbados por terceiros, que no compartilham das mesmas ideologias. 12. Liberdade de AssociaoA liberdade de associao est expressa na Constituio Federal de 1988 em seu artigo 5, nos incisos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI. A principal caracterstica da liberdade de associao a coligao de carter estvel de indivduos, que compartilham dos mesmos fins e objetivos lcitos. As pessoas se associam para satisfazerem certas necessidades, quando no podem obter os bens da vida que desejam, por si mesmo, os homens somam esforos, e a associao a frmula para tanto. (MENDES, 2015, p. 301). Ao realizar tal liberdade, os homens possuem uma expanso e maior potencialidade para sua auto expresso, garantindo assim o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa. Indivduos podem-se associar para alcanar metas econmicas, ou para se defenderem, para mtuo apoio, para fins religiosos, para promover interesses gerais ou da coletividade, para fins altrusticos, ou para se fazerem ouvir, conferindo maior mpeto democracia participativa. (MENDES, 2015, p. 302).A associao tambm tem como caracterstica marcante o encontro de vontades dos integrantes, grupos que se formam forosamente e por obrigatoriedade da lei no se tratam de associaes. Deve-se lembrar aqui que pessoas jurdicas tambm possuem tal direito e liberdade, como por exemplo, as confederaes sindicais, e assim como afirma Pontes de Miranda no est em causa a personalidade do ente, para eu seja definido como associao. Ou seja, a personalidade jurdica no um elemento indispensvel para associar-se, basta que a pessoa cumpra os requisitos legais para poder exercer tal direito (para serem titulares de direitos e deveres). Para que as associaes sejam reconhecidas e para que possuam seus direitos constitucionais protegidos e garantidos, deve existir um ato constitutivo, ou seja, um estatuto, o qual deve conter seus fins e meios para alcana-los. Fins estes que devem ser lcitos, assim, associaes no podem possuir carter paramilitar.

Em relao ao Estado, as associaes esto dotadas de direitos negativos e positivos. Os primeiros dizem respeito a no interveno estatal em sua existncia e sobre sua vida interna, j o segundo exige uma obrigao positiva do Estado, os legisladores devem criar normas que garantem a segurana e os meios para que os grupos atinjam seus objetivos. Ainda em relao ao direito negativo, assim como as pessoas tm a liberdade de se associarem sem a interferncia estatal, elas tambm tm o direito de escolha de no associao. O Supremo Tribunal Federal j julgou inconstitucional leis que tornaram a associao a uma entidade privada um requisito para o exerccio de uma atividade ou para o percebimento de um benefcio de cunho assistencial (MENDES, 2015, p. 307).

As associaes podem ser classificadas como expressivas, que so aquelas que possuem um cunho espiritual ou ideolgico, e no expressivas, as quais possuem finalidades profissionais ou comercias, tambm podem ser aquelas que tm um carter forte de funo social e econmica relevante. Devido ao seu modo de existir, as associaes no expressivas esto sujeitas a certas imposies estatais, como por exemplo, a no permisso de recusa de um membro por mero capricho ou malcia. Deve-se lembrar aqui que como um Direito Fundamental, a liberdade de associao tambm no ilimitada, podendo sofrer restries, algumas das quais resultantes da necessidade de se harmonizarem direitos fundamentais do indivduo com direitos caractersticos da coletividade organizada (MENDES, 2015, p. 308). J nas associaes religiosas, por exemplo, o ingresso ou excluso de um membro no pode ser determinado pelo Estado, uma vez que as questes ideolgicas esto isentas de controle judicial.

Referncias Bibliogrficas MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional/Gilmar Ferreira Mendes Paulo Gustavo Gonet Branco 10. ed. rev. e atual So Paulo: Saraiva, 2015. (Srie IDP)

SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo - 10. Ed So Paulo (SP): Malheiros, 1995.KILDARE, Gonalves. Direito Constitucional, volume 2. Direito Constitucional Positivo, 20 ed. 2013.

MILL, John Stuart.Sobre a Liberdade; traduo e prefcio Alberto Rocha Barros; apresentao Celso Lafer 2. ed. Petrpolis, RJ: Vozes, 1991 (Clssicos do Pensamento Poltico; v. 22)

FIGUEIREDO, Marco Aurlio Mellucci e. O caso Kokkinakis no Tribunal Europeu de Direitos Humanos - liberdade de pensamento, conscincia e religio. In: mbito Jurdico, Rio Grande, XV, n. 106, nov 2012. Disponvel em:. Acesso em junho de 2015.

FERNANDES MOREIRA AGUIAR, Alexandre Magno. Os crimes contra a honra como um atentado liberdade de expresso. In:mbito Jurdico, Rio Grande, X, n. 43, jul 2007. Disponvel em: . Acesso em 4 de junho de 2015.

MORTE, Luciana Tudisco Oliveira. Liberdade de informao jornalstica e seus imites frente democracia brasileira atual. 2013. 127f. Dissertao (Mestrado em Direito Poltico e Econmico) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, So Paulo. 2013.

BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado, 1988.

BRASIL. Cdigo Civil. 19 ed. So Paulo: Saraiva, 2015.2