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Seminário Assédio Moral Escrito por imprensa Ter, 16 de Setembro de 2014 21:05 - Sindicalistas debatem e articulam ações contra o assédio moral 1 / 5

Seminário Assédio Moral - sindsaudemg.org.br · Congresso Internacional sobre Violência Laboral, ... Neemias Rodrigues, secretário de Comunicação; ... uma cartilha que tem sido

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Sindicalistas debatem e articulam ações contra o assédio moral

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Com palestras da médica do Trabalho e professora da Faculdade de Ciências Médicas daSanta Casa de São Paulo, Margarida Barreto, uma das maiores autoridades do país noassunto, e da advogada cubana Lidia Guevara, secretária-geral da AssociaçãoLatino-Americana de Advogados Trabalhistas, a Central Única dos Trabalhadores de MinasGerais (CUT/MG) realizou no sábado (13) o I Seminário Estadual sobre Assédio Moral, noauditório do Sindieletro-MG, no Bairro Floresta, Região Leste de Belo Horizonte. Participaramdos debates e exposição de situações de assédio moral dirigentes das CUTs Regionais, desindicatos e dos movimentos sociais.

Margarida Barreto e Lidia Guevara, que estiveram no 24º Congresso Nacional de AdvogadosTrabalhistas (Conat, na semana passada na capital mineira, vão coordenar, em 2015, oCongresso Internacional sobre Violência Laboral, em Santa Catarina.

Na abertura, a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira, agradeceu a presença maciça dedirigentes, numa manhã de sábado, para debater o tema, e ressaltou a importância doSindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), que realizou umasemana sobre assédio moral, na organização do evento. Ela também enfatizou asparticipações na organização do seminário de Jairo Nogueira Filho, secretário-geral daCUT/MG; Djalma de Paula Rocha, secretário de Saúde do Trabalhador; Ederson Alves daSilva, secretário da Juventude; Neemias Rodrigues, secretário de Comunicação; e LourdesAparecida de Jesus Vasconcelos, secretária de Organização e Políticas Sociais.

Beatriz Cerqueira acrescentou que, assim como o Sindifes, que realizou três seminários sobreo assunto, a CUT/MG promoverá outros debates sobre o tema. Cristina Del Papa,coordenadora-geral do Sindifes, enfatizou que as atividades do Sindicato já reuniram centenasde pessoas e, por isso, na sua categoria todos sabem o que é assédio moral. “Nós editamosuma cartilha que tem sido referência sobre o tema. Nós a apresentamos em um congresso naArgentina. Ela mostra como produzir provas de assédio moral, já que cada um de nós pode

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criar jurisprudência. O colega de trabalho tem que ser sensibilizado, porque ele pode ser opróximo assediado”, afirmou Cristina Del Papa.

Lidia Guevara considera mais o termo violência laboral mais abrangente que assédio moral. “Omais importante é conhecer como ocorre a violência no trabalho. A violência é discriminação eviolação dos direitos humanos. Um conjunto de direitos que são específicos. É a violência quecausa danos à saúde, à família, ao estado, à saúde pública, com riscos psicossociais eocupacionais. Mas a dificuldade de denunciar, está primeiro nas testemunhas. Muitos nãofalam, não ouvem, não veem. É preciso que muitas pessoas sejam assediadas para evidenciaresta violência”, afirmou.

A violência, ou assédio, segundo a advogada cubana, são caracterizados pelo esgotamentopor intermédio da carga de trabalho, uma jornada exaustiva ou o regime de trabalho intensivo.“A demanda de esforço físico é uma das principais razões para as consultas médicas. É umproblema de trabalho que afeta a vida das pessoas. Qualquer ação, incidentes oucomportamento agressivo ou abusivo. É quando uma pessoa é agredida, ameaçada,humilhada por outra pessoa. Forma-se um ciclo vicioso de violência que leva a sintomaspsicológicos. Há uma espiral de violência, que provoca perda de produtividade”, disse LidiaGuevara.

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A secretária-geral da Associação Latino-Americana dos Advogados do Trabalho revelou quealguns países têm legislações específicas para o combate ao assédio moral, como França,Espanha, Argentina, Equador. “Em poucos países da América Latina existem soluções. Oassédio moral é um fenômeno social, mas ainda é invisível. Em alguns há legislação deproteção específica para as mulheres, como México, Colômbia e Venezuela. Em outros,restrições ao uso midiático, como o Equador.” Para Lidia Guevara, o fundamental não é uma lei federal específica para combater o assédiomoral. “O mais importante é o combate, a luta, se queremos outra sociedade. Essencial é quenão nos calemos, que denunciemos sempre. Contra a violência laboral temos que dizer basta,chega. A lei é o papel, não é o direito. O cidadão não deixa os direitos de fora quando entranuma empresa. Existem as convenções internacionais, os princípios, jurisprudências e direitosfundamentais” A médica do Trabalho Margarida Barreto lembrou que as tentativas de aprovar legislaçãoespecífica contra o assédio moral não avançaram no Congresso Nacional. “É preciso muitapressão. Qualquer melhoria para os trabalhadores depende de muita luta.” De acordo comMargarida Barreto, os ataques à classe trabalhadora vêm se intensificando desde os anos1980, com aumento da carga de trabalho, a terceirização, a precarização. Buscam disseminaro conceito de colaborador, não de trabalhador, e fomentar o empreendedorismo. Esta é umaestratégia do capital, permanente pressão para desregularização do trabalho. Nos anos 90, istoculminou com a figura do nem, nem, nem – nem trabalha, nem estuda e nem procura emprego.E chegou-se aos planos de demissão voluntária, que provocaram o suicídio de 180 debancários, ampliação de práticas flexíveis de contratação de força do trabalho, sobrecarga detarefas, exigência de metas impossíveis de serem cumpridas e insegurança no emprego.  Astercerizações e até quarteirizações provocaram o aumento do número de acidentes do trabalhoe o aparecimento de novas doenças”, disse Margarida Barreto. Outra consequência destes ataques à classe trabalhadora, segundo a médica to Trabalho, ésão o aumento dos mecanismos de individualização das relações do trabalho leva àfragmentação dos laços afetivos e da solidariedade. “As empresas foram introduzindo umacultura de contentamento geral com o sofrimento do outro.” E, para oprimir, humilhar econstranger trabalhadores e trabalhadoras, acrescentou Margarida Barreto, as empresasintensificaram medidas como a degradação das condições de trabalho, limitaram o convíviocom o coletivo, aplicaram o isolamento, atribuíram tarefas desnecessárias, demandascontraditórias ou excludentes, aumentaram sobrecarga de trabalho,  discriminaram porintermédio de salários e promoções e quanto ao respeito, o tratamento ou o protocolo.

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“A luta de classes não desapareceu. Está no meio do capital e do trabalho. O trabalho é o quenos dá identidade, é o que permite dizer o que você é, lhe dá condições para sobreviver. Cabeaos dirigentes sindicais irem à luta contra este desafio, a violência no trabalho, que tem comoconsequências as demissões, o alcoolismo, a ansiedade, o isolamento, as doenças. Osofrimento no trabalho pode levar ao suicídio. É preciso denunciar sempre, protestar sempre,lutar sempre. Assédio moral é uma constelação de danos e como tal deve ser processado.Quem banaliza o tema são os empresários, eles tentam desmoralizar o tema, quandoterceirizam. A violência laboral não deixa marcas no corpo, mas fere a alma. Precisamos lutarpor uma sociedade em que haja respeito um com o outro e relações fraternas, respeito aosdireitos. Temos que fazer o enfrentamento e superar a dor, não permitir que isso aconteça.Reconhecer o valor do outro, respeitar as singularidades”, afirmou Margarida Barreto. Fonte: CUT/MG Fotos: CUT/MG  

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