Seminario Sobre Funcoes Diplomacia

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SEMINRIO SOBRE AS FUNES DA DIPLOMACIA

Por uma Diplomacia Actuante

SEMINRIO SOBRE AS FUNES DA DIPLOMACIAINTRODUONOTA: As contribuies e sugestes devero ser enviadas para [email protected] Seminrio subordinado ao tema a Diplomacia ao servio da Reconstruo Nacional ser realizado pela Associao dos Diplomatas Angolanos em estreita cooperao com o Ministrio das Relaes Exteriores e ter lugar de 17 a 21 de Novembro de 2008, no Palcio dos Congressos em Luanda.A diplomacia pode ser definida como a arte de conduzir as relaes exteriores ou os negcios estrangeiros de um determinado Estado ou outro sujeito de direito internacional. Geralmente, empreendida por intermdio de diplomatas de carreira e envolve assuntos de guerra e paz, comrcio exterior, promoo cultural, coordenao em organizaes internacionais e outros.

Convm distinguir entre diplomacia e poltica externa - aquela uma dimenso desta ltima. A poltica externa definida em ltima anlise pela Chefia de Governo de um Estado ou pela alta autoridade poltica de um sujeito de direito internacional; j a diplomacia pode ser entendida como uma ferramenta dedicada a planejar e executar a poltica externa, por meio de diplomatas.

As relaes diplomticas so definidas no plano do direito internacional pela Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas (CVRD), de 1961.Figurativamente, chama-se diplomacia o uso de delicadeza ou finura, ou ainda, astcia para tratar qualquer negcio.

1. FUNES DA DIPLOMACIA

Consideram-se funes tradicionais da diplomacia as tarefas de negociar, informar e representar.A tarefa de negociar consiste em manter relaes com o objectivo de concluir um acordo. O diplomata negocia em nome e por conta do Estado que representa, com o propsito de defender os interesses daquele Estado. Quanto ao nmero de partes, a negociao pode ser bilateral ou multilateral. A negociao bilateral d-se entre duas partes. A multilateral envolve mais de duas partes e costuma ocorrer no mbito de conferncias ou de organizaes internacionais.

A tarefa de informar define-se como o dever e a prerrogativa do diplomata no sentido de inteirar-se por todos os meios lcitos das condies existentes e da evoluo dos acontecimentos de um determinado Estado e comunicar a este respeito o Governo do Estado que representa. Em geral, esta funo desempenhada por diplomatas acreditados junto ao governo do Estado acerca do qual informam.A funo de representar inclui a tarefa de fazer patente a presena do Estado representado em eventos internacionais ou estrangeiros (no jargo diplomtico, "mostrar a bandeira"). Inclui, tambm, em certos casos, o recebimento de poderes do Estado representado para, em nome e por conta deste ltimo, praticar actos de interesse daquele Estado.Modernamente, costuma-se incluir entre as funes da diplomacia as de promover o comrcio exterior ("promoo comercial") e a imagem do Estado representado ("diplomacia pblica").

O direito internacional reconhece aos Estados a faculdade de exercer proteco diplomtica sobre os interesses de seus nacionais. Assim sendo, dentro dos limites do direito internacional, uma Misso diplomtica pode defender os interesses de uma empresa ou de um indivduo de seu pas.

2. MISSES DIPLOMTICAS

A Misso diplomtica constituda por um grupo de funcionrios de um Estado ("Estado acreditante") ou organizao internacional, presentes no territrio de outro Estado ("Estado acreditado"), cujo objectivo representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado. Em termos prticos, costuma ser uma Misso permanente de um Estado localizada na capital de outro Estado.

Denomina-se "diplomata" o funcionrio pertencente ao servio diplomtico de um Estado; "Misso diplomtica", um grupo de diplomatas de mesma nacionalidade acreditados junto a um Estado estrangeiro. O conjunto de diplomatas de todas as nacionalidades presentes no territrio de um determinado Estado denomina-se "corpo diplomtico". O corpo diplomtico acreditado numa determinada capital costuma ter um "decano" (o embaixador h mais tempo naquela capital) em alguns lugares ( estados no laicos ), a posio reservada ao nncio apostlico), com funo de porta-voz dos interesses do conjunto dos diplomatas estrangeiros.

As Misses diplomticas podem ser de um dentre trs nveis, a depender da classe do chefe da misso (CVRD, art. 14):

Embaixada, chefiada por um embaixador: nvel mais elevado de uma Misso diplomtica.

As Embaixadas estabelecidas pela Santa S costumam chamar-se Nunciaturas Apostlicas e ser chefiadas por nncios.Legaes, chefiadas por ministros plenipotencirios (ou Inter-Nncios, no caso da Santa S). Encarregados de Negcios, chefiadas por encarregados de negcios, o nvel mais baixo de uma Misso diplomtica.

Na prtica, actualmente as Misses diplomticas so chefiadas por embaixadores. A maioria das Misses de outro nvel foi elevada categoria de Embaixada logo aps a Segunda Guerra Mundial.Convm no confundir o titular de uma Encarregatura de Negcios (o encarregado de negcios) - nvel de representao diplomtica hoje extremamente raro - com a funo temporria de Encarregado de Negcios ad interim (ou a.i.), correspondente ao diplomata que assume a chefia provisria de uma Misso diplomtica na ausncia do titular (o embaixador).

Em geral, as Misses diplomticas no exterior reportam-se a e recebem instrues do respectivo Ministrio do Exterior (ou dos Negcios Estrangeiros).3. POLITICA EXTERNA

A poltica externa o conjunto de objectivos polticos que um determinado Estado almeja alcanar nas suas relaes com os demais pases do mundo. A poltica externa costuma ser planejada de modo a procurar proteger os interesses nacionais de um pas, em especial sua segurana nacional, prosperidade econmica e valores. A consecuo de tais objectivos pode ser obtida por meios pacficos (cooperao internacional) ou violentos (agresso, guerra, explorao).

Como regra, a poltica externa definida pelo Chefe de Governo, com o auxlio do Ministro dos Negcios Estrangeiros.

Em alguns pases, o legislativo desempenha papel de superviso em assuntos de poltica externa.4. RELACOES EXTERNASNo estudo das Relaes Internacionais, so denominados actores internacionais todos aqueles elementos que participam do cenrio geopoltico mundial, tais como naes, organizaes multinacionais (ONU, ONGs, FMI...), dentre outros. Quando se fala em Relaes Internacionais, pode-se tanto querer referir-se s relaes existentes entre Estados, quanto s existentes entre Estados e organizaes ou mesmo s entre organizaes entre si. J quando se fala em Relaes Exteriores, faz-se aluso especificamente s relaes entre Estados, ou seja, naes. Desse modo, no faz sentido questionar: "Como esto as relaes exteriores entre o Brasil e o FMI?". Consensualmente correcto seria perguntar sobre as relaes internacionais do Brasil com referncia ao FMI 5. Privilgios e imunidades

A imunidade diplomtica uma forma de imunidade legal e uma poltica entre governos que assegura s Misses diplomticas inviolabilidade, e aos diplomatas salvo conduto, iseno de impostos e outras prestaes pblicas (como servio militar obrigatrio), bem como de jurisdio civil e penal e de execuo.

A noo de privilgios e imunidades para diplomatas estrangeiros existe desde a Antiguidade - os embaixadores romanos eram considerados sagrados e sua violao constitua um motivo para guerra justa. Na Idade Mdia, como as relaes internacionais davam-se entre Chefes de Estado, ofender um embaixador significava ofender o Chefe de Estado que o havia enviado, o que justificava as precaues da imunidade.

A primeira teoria articulada a procurar justificar a necessidade de privilgios e imunidades para diplomatas foi a da extra-territorialidade, detalhada por Hugo Grotius no sculo XVII, segundo a qual uma fico jurdica faria da Embaixada uma parte do territrio do Estado acreditante. Actualmente, a extra-territorialidade foi abandonada em favor da teoria do interesse da funo, segundo a qual a finalidade dos privilgios e imunidades no beneficiar indivduos, mas sim garantir o eficaz desempenho das funes das Misses diplomticas em sua tarefa de representao dos Estados acreditantes.

Os privilgios e imunidades podem ser classificados em inviolabilidade, imunidade de jurisdio civil e penal e iseno fiscal, alm de outros direitos como liberdade de culto e iseno de prestaes pessoais.

A inviolabilidade abrange a sede da Misso e as residncias particulares dos diplomatas, bem como os bens ali situados e os meios de locomoo. A inviolabilidade aplica-se tambm correspondncia e as comunicaes diplomticas.Da imunidade de jurisdio decorre que os actos da Misso e os de seus diplomatas no podem ser apreciados em juzo pelos tribunais do Estado acreditado. Alm de imunidade de jurisdio civil e administrativa, os agentes diplomticos tambm gozam de imunidade de jurisdio penal. A imunidade de execuo absoluta - eventuais decises judiciais ou administrativas desfavorveis Misso ou aos diplomatas no podem ser cumpridas fora pelas autoridades do Estado acreditado.

A iseno fiscal abrange o Estado acreditante, o chefe da Misso, a prpria Misso e os agentes diplomticos. Esta iseno inclui os impostos nacionais, regionais e municipais, bem como os direitos aduaneiros, mas no se aplica a taxas cobradas por servios prestados (o que a definio de "taxa" em direito tributrio).

A imunidade diplomtica no confere ao diplomata o direito de se considerar acima da legislao do Estado acreditado - obrigao expressa do agente diplomtico cumprir as leis daquele Estado.6. LEGITIMA DEFESA E DIREITO DE RESPOSTALegtima defesa uma dirimente penal que, no Direito, serve como escusa para a prtica de um ato que, normalmente, considerado crime, e praticado como defesa a um ataque sofrido. DefesaPor defesa, neste caso, entende-se o desforo na proteco de algum bem (quer seja a prpria vida ou de outrem, sua integridade fsica ou mesmo da propriedade).

LegitimidadeA defesa s considerada 'legtima' se os meios e instrumentos utilizados forem proporcionais agresso sofrida. Havendo excesso, o autor responder criminalmente por ele.Direito de resposta

Cabe recordar que o direito internacional, por intermdio da Carta das Naes Unidas, probe a agresso armada excepto em caso de legtima defesa (artigo 2, pargrafos 3 e 4).7. IMUNIDADE DE JURISDIO DO ESTADO ESTRANGEIRO: parcial, ABSOLUTA OU RELATIVA?Na origem das relaes entre os povos estrangeiros, a imunidade de jurisdio tinha efeito inquestionavelmente pleno. H registros de que comerciantes viajantes do Sculo V possuam seus prprios magistrados no exterior. Com o fim do perodo medieval e a partir da instaurao do Estado fortemente assentado em bases territoriais, ensina-nos GUIDO SOARES(1), a imunidade absoluta era explicada pelo princpio da extraterritorialidade, pelo qual criou-se a fico de que o lugar em que se situa uma embaixada ou rgo representativo do Estado estrangeiro considerado territrio de seu pas, em situao de absoluta no submisso lei local. Remonta aos idos de 1815 a notcia da edio do primeiro tratado multilateral relativo aos direitos e prerrogativas dos entes de direito pblico externo em territrio aliengena.

De toda sorte, qual seja o tratamento conferido pelos diversos povos aos entes estrangeiros que em seus territrios adentram, o certo que a problemtica da imunidade do Estado estrangeiro nunca foi pacfica nem teve tratamento equnime. Desde sempre o direito diplomtico permanece em constante debate para fixar um norte definitivo acerca do contedo e alcance da imunidade de jurisdio do Estado estrangeiro. Entre ns, o tema ganha contornos especiais no hodierno, haja vista a existncia de uma forte tendncia interna, at mesmo de rgos governamentais brasileiros, para impor a tais entes as imposies normativas de nosso pas.

As grandes mudanas de nosso sculo foram determinantes para a alterao da mentalidade da independncia total das representaes do Estado em solo estrangeiro. Aps a Segunda Guerra Mundial e o posterior incremento das relaes comerciais e do intercmbio globalizado, surgiu-se a necessidade de os Estados criarem directrizes para o tratamento das questes diplomticas. Em 18 de abril 1961, 81 pases soberanos fizeram-se representados em Viena, ocasio em que, visando difundir normas que assegurassem o eficaz desempenho das misses diplomticas, aprovaram o texto da Conveno de Viena sobre as Relaes Diplomticas, a qual restou incorporada ao direito positivo brasileiro pelo Decreto n. 56.435/65. J em 24 de abril de 1963, foi aprovada a Conveno de Viena sobre as Relaes Consulares, promulgada no Brasil com o Decreto n. 61.078/67 e cuja finalidade tambm era "assegurar o eficaz desempenho das reparties consulares, em nome de seus respectivos estados...".

Ambas as Convenes asseguram amplo rol de garantias aos agentes de misses diplomticas e reparties consulares. No mbito das misses, seus membros so fisicamente inviolveis e gozam de ampla imunidade de jurisdio penal, civil e tributria. Por muito tempo, acreditou-se que as regras estatudas pelas Convenes em apreo teriam o condo de conferir aos Estados estrangeiros imunidade total em face da jurisdio do pas em que situam suas misses diplomticas. Sob essa ptica e nas palavras de J. F. REZEK(2), ainda prevalecia a "noo da costumeira regra sintetizada no aforismo par in parem non habet judicium", ou seja, "nenhum Estado soberano pode ser submetido, contra sua vontade, condio de parte perante o foro domstico de outro Estado."Todavia, a teoria clssica da imunidade absoluta do Estado estrangeiro j no mais se sustenta com o mesmo vigor do passado, tendo sofrido considerveis modificaes com o passar dos anos. De fato, a crescente globalizao e o avano das relaes e actividades comerciais entre os Estados determinaram uma atenuao figura da imunidade total da jurisdio estrangeira. Assim, na medida em que se tornou corriqueira a prtica de actos tipicamente particulares por parte dos Estados estrangeiros, passou-se a se atentar para a disparidade e injustia de tratamento para com os jurisdicionados nacionais, admitindo-se a submisso do Estado aos rgos judiciais locais, em casos excepcionais.

Destarte, a superao da teoria da imunidade absoluta tem como pilar o entendimento de que os privilgios de pessoas e locais diplomticos so concedidos em virtude da funo que exercem ou da sua representatividade, mas no tem a plenitude de abranger os actos praticados pelo Estado estrangeiro quando os realiza como se particular fosse. Com efeito, tornou-se assente na doutrina e na jurisprudncia a relativizao da imunidade de jurisdio, no em relao aos agentes e misses diplomticas, mas sim, em relao ao prprio Estado estrangeiro.

Nesse particular, assume relevncia mpar a separao da imunidade diplomtica e consular, confiada a determinados entes fsicos que prestam servios nas organizaes internacionais, daquela imunidade pretendida pelo prprio Estado estrangeiro. No restam dvidas que as pessoas fsicas permanecem abrangidas pelos privilgios e imunidades diplomticas concedidas pelas Convenes de Viena de 1961 (servidor diplomtico) e 1963 (servio consular), regalias essas devidamente incorporadas ao direito positivo domstico, pelos Decretos ns 56.435/65 e 61.078/67. Os beneficirios da imunidade so os agentes diplomticos, membros da estrutura administrativa, tcnica e domstica. O agente diplomtico, por possuir relao jurdica com o prprio Estado de origem, goza do benefcio da imunidade de jurisdio penal, cvel, tributria e trabalhista. A existncia da imunidade absoluta nesses casos inquestionvel, estando a sujeio do agente diplomtico legislao ptria jungida prvia e expressa renncia.

Do outro lado, contudo, resta a combatida existncia de uma imunidade supra legem do prprio Estado estrangeiro que, na ausncia de norma internacional especfica, foi originada em sede jurisprudencial, especialmente em foro trabalhista. As decises do Supremo Tribunal Federal eram no sentido de reconhecer a imunidade do Estado, apesar de no prevista nos Tratados e Convenes, com base em uma antiga regra consuetudinria. Essa tese, entretanto, foi revista, a partir de deciso proferida por aquela Corte no famigerado caso "Genny"(3), onde foi proferido o clssico voto vista do ento Ministro FRANCISCO REZEK, que determinou um novo norte de orientao para o assunto, afastando a imunidade da Repblica da Alemanha e sujeitando-a ao polo passivo de reclamatria trabalhista.

Neste julgado, o ento Ministro REZEK, traou uma clara evoluo do instituto da imunidade de jurisdio para concluir pela inexistncia da imunidade de jurisdio do Estado estrangeiro em relaes trabalhistas, com arrimo no pensamento de que no h mais subsdios para estatuir sobre a imunidade como antes se vinha fazendo, eis que a partir de 1972, com a edio da Conveno Europeia da Basileia (4) sobre as imunidades do Estado, reafirmada por leis dos Estados Unidos da Amrica (5) e do Reino Unido (6), restaram introduzidos no campo jurdico internacional flexibilizaes na teoria da imunidade absoluta do Estado estrangeiro.

Com efeito, entendeu-se pela inexistncia de suporte para a excluso dos entes de direito pblico jurisdio domstica em casos que envolvam os actos de pura gesto, abandonados que so das normas das Convenes Internacionais, na medida em que afastados da rotina puramente diplomtica e/ou consular (os chamados actos de imprios que ainda se vm protegidos pela imunidade). Alis, quanto a esse ponto, vlida uma breve mas imprescindvel incurso na distino entre os actos iure imperi e iure gestionis, pela qual se determinaria a sujeio ou no do Estado estrangeiro jurisdio local.

A doutrina internacionalista clssica define aqueles primeiros como sendo todo ato praticado em nome da soberania do Estado estrangeiro, fazendo valer sua posio de agente diplomtico, bem como aqueles decorrentes de contrato firmado em nome do prprio Estado. Vale dizer, o ato com o qual o agente diplomtico desempenha o ofcio que lhe foi confiado, interligado rotina puramente diplomtica-consular, a fim de estreitar e manter as relaes com o pas acreditado.

Por seu turno, os actos de gesto seriam aqueles onde o Estado age como particular, desenvolvendo actividades estranhas ou desligadas ao fiel desempenho das respectivas funes diplomticas. MELLO BOLSON (7) ensina que "quando um estado exerce actividade que, por natureza, se acha aberta a todos, coloca-se ele fora de sua funo, no sendo possvel admitir-se que interesses unilaterais de um Estado sirvam-se da norma internacional". Em virtude de tal, nesses casos, o Estado se equipara, perante a ordem jurdica nacional, ao prprio Estado nacional e seus indivduos.

A grande finalidade desta distino nos dia de hoje justamente para efeitos de fixao ou no da jurisdio ptria. Isso porque, existe uma forte tendncia, impulsionada pelo julgado do Supremo Tribunal Federal, de se restringir a imunidade de jurisdio do Estado estrangeiro to somente para aqueles litgios que envolvam ou decorram dos chamados actos de imprio, devendo-se resolver as questes de actos de gesto em conformidade com as normas internas. 8. PERSONA NON GRATA

Persona non grata (Latim, no plural: personae non gratae), cujo significado literal "pessoa no bem vinda", um termo utilizado em diplomacia com um significado especializado e judicialmente definido.

Sob a Conveno de Viena sobre as Relaes Diplomticas, o artigo 9 expressa que, o Estado acreditador ou receptor, pode declarar "em qualquer altura e sem necessidade de justificao" qualquer membro dos emissrios diplomatas como persona non grata i.e., no aceite (enquanto que persona grata significaria aceitvel) mesmo previamente sua chegada ao Estado em questo. Geralmente, a pessoa recambiada para a sua nao de origem. Caso isso no acontea, o Estado "poder recusar-se a reconhecer a pessoa como membro da misso".

Enquanto a imunidade diplomtica protege o corpo de diplomatas da lei local civil e criminal, dependendo do estatuto, segundo os Artigos 41 e 42 da Conveno de Viena, os mesmos estaro vinculados s respectivas leis e regulaes nacionais (entre outros aspectos). Estes artigos foram redigidos por forma a permitir a existncia da persona non grata que, entretanto, se tornou numa forma de "punir" membros do corpo diplomata que cometeram infraces. O estatuto tambm utilizado para expulsar diplomatas suspeitos de espionagem (citando: "actividades incompatveis com o seu estatuto"), ou como indicador simblico de descontentamento (ex: a expulso da Itlia do Primeiro Secretrio do Egipto, em 1984). Trocas ao estilo "olho por olho" ocorreram, neste contexto, especialmente durante a Guerra Fria.

Fora do mbito da diplomacia, chamar algum de persona non grata equivalente a dizer que a pessoa est ostracizada, em relao a uma pessoa ou a um grupo; ou consider-la inexistente, no sentido figurado.

Em pocas de grandes protestos na Europa contra FMI, Banco Mundial e OMC, pases europeus fazem uma lista de personae non gratae que causaram estragos em outros protestos e so barrados em aeroportos e fronteiras.9. DIREITO DIPLOMTICOCONCEITO O Direito Diplomtico um dos instituto do Direito internacional Pblico, compreende os princpios e normas sobre o regime de relaes entre os estados e entre outros sujeitos do Direito Internacional. O Direito Diplomtico regula principalmente a sociedade e o funcionamento dos rgos das relaes externas dos Estados e do pessoal destes rgos, assim como os privilgios e imunidades das organizaes Intergovernamentais e do seu pessoal (funcionrios).O Direito Diplomtico um dos ramos mais antigos do Direito Internacional. J nos tempos rnais remotos aparecia, de vez em quando, o instituto de Embaixadores enviados para outros Estados, constituindo assim os germes do Direito Diplomtico, antes de mais, as normas sobre a imunidade dos Embaixadores. O Direito Diplomtico desenvolvia-se paulatinamente, principalmente depois de na Europa (XVI-XV1II), se ter formado representaes permanentes.O Instituto dos Cnsules permanentes j existia na Grcia antiga e com ele o embrio do Direito Consular a desenvolver-se rapidamente no perodo do feudalismo; neste programa o Direito Consular no ser objecto de estudo.A Revoluo de Outubro de 1917 trouxe ou enriqueceu este ramo do direito Internacional. O princpio de igualdade de direito Internacional j existia no Direito Internacional Burgus ou Clssico, mas tinha um carcter restrito, o que se manifestava claramente no Direito Diplomtico (D.D.). No existia, por exemplo a igualdade de direito entre Estados " civilizados " e os mas civilizados "e, por conseguinte, entre os seus representantes Diplomticos; os Embaixadores de maiores privilgios Diplomtico, podiam ser nomeados pelos estados (potncias ) grandes, etc.Num dos primeiros Decretos do poder Sovitico, o Decreto do Conselho de Comissrio do povo de 4 de julho de 1918 deu um passo no sentido de nivelar todos os representantes diplomticos, independentemente da rea do territrio do seu Estado e do nvel de desenvolvimento. " Em consonncia com a ideia fundamental do Direito Internacional - como relaes de embaixadores, enviadosplenipotencirios e de outros representantes Diplomtico do Estado Russo, e determinou-se que no futuro se chamaro " Representantes Plenipotencirios da Repblica Socialista Federativa Sovitica Russa".O Decreto ordena considerar representantes plenipotencirios iguais, todos os agentes diplomticos do Estado estrangeiros acreditados na RSFSR, independentemente da sua graduao.Esta ideia penetra no Direito Internacional Moderno. Hoje por cada Estado grande ou pequeno pode nomear a critrio prprio, Embaixadores ou Ministros Plenipotencirios. Por isso, as trs classes de representaes diplomticas (Embaixadores, Ministros (Conselheiros) Plenipotencirios, Encarregados de Negcios fixados na Conveno de Viena de 1961, j no desempenham um papel discriminatrio em relao aos estados pequenos).Nos ltimos tempos alargou-se consideravelmente as esferas de aco do Direito Diplomtico e Consular devido ao aparecimento de um grande nmero de novos estados (Resultante da descolonizao dos pases que se encontravam sobre jurisdio das metrpoles), ao aparecimento de novos sujeitos do Direito Internacional, tais como as organizaes Internacionais, etc.II. TRATADOS INTERNACIONAIS FUNDAMENTAIS SOBRE O DIREITO DIPLOMTICOAt segunda guerra Mundial, o Direito Diplomtico compunha-se quase exclusivamente de normas consuetudirias. O nico convnio internacional de carcter geral era o Protocolo de Viena de 1815 ( Regulamento de Viena), sobre as graduaes dos representantes diplomticos, com a adio introduzida pelo protocolo de Aachen de 1818. As normas daquele regulamento obtiveram aceitao geral no decurso do tempo.Depois da segunda Guerra Mundial concluram vrios convenes internacionais, cujo finalidade de codificar o Direito Diplomtico e Consular e dar-lhe um desenvolvimento progressivo. So as seguintes: 1. a Conveno Viena de 1961 sobre Relaes Diplomticas, posto em vigor em 1964; 2. a Conveno de Viena 1963 relativa s Relaes Consulares posto em vigor 1967; 3. a Conveno sobre as Misses especiais de 1969,4. a Conveno de 1973 sobre a Preveno e o Castigo dos Crimes contra Pessoas que Gozam de Proteco Internacional, Incluindo os Agentes Diplomticos, posta em vigor em 1977; 5. a Conveno de Viena sobre a Representao dos Estados nas suas relaes com as Organizaes Internacionais de carcter Universal. As clusulas correspondentes sobre os privilgios e as imunidade das organizaes internacionais esto previstos geralmente nos estatutos destas organizaes. Em relao ONU e aos organismos ( Agncias Especializadas), actuam duas convenes fundamentais: 1. a Conveno de 1946 sobre os Privilgios e as Imunidade da ONU ( Estados Unidos da Amrica ratificaram em 1970); e,

2. a Conveno de 1947 sobre ao Privilgios e imunidade das Agncias Especializadas da ONU. Alm disso, a ONU e os Organismos Especializados tm acordos bilaterais com os Pases de residncia sobre privilgios e imunidade. Sobre os privilgios e imunidade das Organizaes Regionais existem os tratados regionais correspondentes.A maior parte dos Estados tm legislaes a cerca das Representaes Diplomticas. Em certos Pases existem actos legislativos fundamentais este respeito, tais como as Constituies dos Estados e regulamento? A federao Russa possui o Regulamento de 1966 sobre as Representaes Diplomticas e Consulares de Estados Estrangeiros no territrio da Rssia, e o Estatuto Consular.III. RGOS DAS RELAES EXTERNASOs rgos das relaes externas so rgos Estatais atravs dos quais os Estados mantm relaes com outros Estados ou Organismos Internacionais. O limite dos seus poderes nas relaes externas so determinados pela legislao de cada Estado e pelo Direito Internacional. Os rgos das relaes externas dividem-se em internos e externos.IV. RGOS INTERNOS DAS RELAES EXTENASSo internos os rgos de relaes externos que se encontram sempre no territrio do seu Pas. O Direito Internacional classifica-os em dois tipos: a) rgos que exerce a representao do Estado em todos os mbitos; b) rgos que representam o Estado s numa esfera, mais ou menos ampla das suas relaes externas.O primeiro tipo so : O Chefe de Estado, O Governo e seu Primeiro Ministro, O Ministrio dos Negcios Estrangeiros e o seu titular. Em conformidade com o Direito Internacional, so representantes do Estado em todo os mbitos ex. ofcio ( devido ao seu cargo, ou seja, sem poderes especiais).Mas o Direito Interno dos Estados prev com frequncia restries da competncia destes rgos quando matria , por exemplo em alguns Estados as questes do comercio exterior so de competncia do Ministrio do Comrcio Externo, e no do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, quando a jurisdio, por exemplo o Presidente dos Estados Unidos da Amrica s pode ractificar os tratados internacionais com o consentimento do Senado. O rgo especializado que se ocupa das relaes externas o Departamento de Negcios Estrangeiros, nos Estados Unidos chama-se Departamento do Estado; na Inglaterra, Foreign Office.O Ministrio dos Negcios Estrangeiros (Relaes Exteriores), guiando-se pelas orientaes do Governo, ocupa-se diariamente das relaes externas dos Estados, dirige as representaes Diplomticas do Estado no estrangeiro e os consulados.Regra geral, os Ministrios dos Negcios Estrangeiros (Relaes Exteriores) estruturalmente integrado por Direces, Departamentos ou Sesses (Sectores) territoriais, que se ocupam das relaes com determinados Pases (regies ou sub-regies); e Direces, Departamentos ou Sesses (Sectores) funcionais por exemplo, Jurdico, protocolo, etc.

V. RGOS EXTERNOS DAS RELAES EXTERNASOs rgos externos das Relaes Externas so: 1. as Representaes Diplomticas dos Estados ( Embaixadas e Misses), 2. as Representaes Consulares, 3. as Representaes Comerciais e 4. as Representaes Permanentes dos Estados junto das Organizaes Internacionais. Estes so rgos externos permanentes das Relaes Externas.

Alm dos rgos permanentes, existem ainda os rgo externos temporrios: Misses especiais enviadas outros Estados para assistir cerimonias, mantendo negociaes, participar nas Conferncias Internacionais, etc.VI. REPRESENTAES DIPLOMTICASConceito e tipo de Representaes Diplomticas. A Representao Diplomtica um rgo de um Estado( Acreditante) estabelecido no territrio de outro Estado (Receptor) para desempenhar relaes diplomticas com ele.O Direito Internacional Pblico reconhece dois tipos de Representaes Diplomticas: as Embaixadas e as Misses. As Representao Diplomticas estabelecem-se por acordo entre dois Estado. So Organismo que representam o Estado em todos os aspectos: podem, em nome do seu Estado, entrar em relaes com o Estado receptor e com os representantes diplomticos de outros pases nesse Estado. VII FUNES DAS REPRESENTAES DIPLOMTICASAs funes das Representaes Diplomticas so determinadas pelo Direito Internacional e pelo Direito Interno dos Estados. Em cada Estado existem normas Jurdicas que regulam as funes das respectivas Representaes Diplomticas, sem sair, claro, dos limites assinalados no Direito Internacional Pblico.Em conformidade com a Conveno de Viena de 1961 sobre as Relaes Diplomticas, destaca no artigo 3 as funes seguintes:a) Representar o Estado acreditado perante o Estado de acreditador;b) Proteger no Estado acreditador os interesses do Estado acreditante e dos seus Nacionais, dentro dos limites estabelecidos pelo Direito Internacional;c) Negociar com o Governo do Estado receptor;d) Inteira-se por todo os lcitos das condies e da evoluo dos acontecimentos no Estado e informara esse respeito o Governo do Estado acreditante;e) Prometer relaes amistosas e desenvolver as relaes Econmicas, Culturais e Cientificais entreo estado acreditante e o Estado Receptor.10. DIREITO DE LEGAO

Conceitua-se o direito de legao como a faculdade de enviar (direito de legao activo) e receber (passivo) agentes diplomticos. Decorre da soberania do Estado no seu aspecto externo (isto , o no-reconhecimento de autoridade superior a ele mesmo). Em decorrncia, somente gozam deste direito os Estados soberanos - os semi-soberanos s o fazem com autorizao do Estado ao qual esto vinculados.

O direito de legao deriva do princpio da igualdade jurdica dos Estados e regulado pelo princpio do consentimento mtuo. Modernamente, este direito tambm tem sido exercido pelas organizaes internacionais.

Histria

A faculdade de praticar a diplomacia um dos elementos definidores do Estado, razo pela qual aquela tem sido exercida desde a formao das primeiras cidades-Estado, h milnios. Na Antiguidade e na Idade Mdia, os diplomatas eram quase sempre enviados apenas para negociaes especficas, retornando com a sua concluso. A histria registra como primeiros agentes diplomticos permanentes os apocrisirios, representantes do papa e de outros patriarcas catlicos junto a Bizncio. Tambm exerciam suas funes de modo permanente os procuratores in Romanam Curiam, representantes dos soberanos europeus junto ao papa em Roma. Com estas duas instituies (apocrisirios e procuratores) surgiram os primeiros conceitos do que viria a ser a diplomacia moderna, como as instrues, as credenciais e as imunidades.

A origem da diplomacia moderna pode ser encontrada nos Estados da Itlia Setentrional, no comeo do Renascimento, com o estabelecimento das primeiras Misses diplomticas no sculo XIII. A primeira Misso diplomtica permanente foi estabelecida por Milo em 1446 junto ao governo de Florena. No norte da Itlia surgiram diversas das tradies da diplomacia, como a apresentao de credenciais dos embaixadores estrangeiros ao Chefe de Estado.

Dentre as grandes potncias europeias, a Espanha foi a primeira a enviar representante permanente para a corte inglesa, em 1487. No final do sculo XVI, o estabelecimento de Misses permanentes j se havia tornado frequente na Europa.

A Paz de Vestflia (1648), ao instituir o sistema do equilbrio europeu, consolidou a necessidade das Misses diplomticas permanentes, por meio das quais os Estados europeus buscavam criar ou preservar alianas.

Como os embaixadores eram, como regra geral, membros da nobreza ou polticos com pouca experincia em relaes exteriores, criou-se uma crescente base de diplomatas profissionais nas Misses no exterior. Na mesma poca, comeavam a ser estruturados os Ministrios do Exterior nas principais capitais europeias.

Com a presena permanente de enviados diplomticos nas capitais europeias, surgiram conceitos como o de precedncia, que organizava os chefes de Misso estrangeiros em ordem de importncia. As regras a esse respeito variavam de pas para pas e eram com frequncia confusas, distinguindo entre representantes de monarquias e repblicas, ou conforme a religio oficial do Estado acreditante. O Congresso de Viena de 1815 criou um sistema de precedncia diplomtica, mas o tema continuou a ser fonte de discordncia at o sculo XX, quando o tema foi regulado definitivamente, pelo art. 16 da CVRD.

A primeira Embaixada enviada por um Estado europeu ao Oriente foi a da Inglaterra junto ao imperador mongol (mughal), em 1615. As tradies diplomticas fora da Europa diferiam em muito das europeias, especialmente no que se refere aos grandes imprios como o Otomano ou o chins, que se consideravam superiores aos outros Estados. Por fim, a expanso europeia nos sculos XVIII e XIX levou consigo a prtica diplomtica daquele continente, tornando-a universal.

11. A EVOLUO HISTRICA DA DIPLOMACIAA habilidade de praticar a diplomacia um dos elementos definindo de um estado, e a diplomacia foi praticado desde a formao dos primeiros cidade-estados. Os diplomatas foram emitidos originalmente somente para negociaes especficas, e retornariam imediatamente depois que sua misso concluiu. Os diplomatas eram geralmente parentes da famlia governando ou do Rank muito elevado a fim dar-lhes a legitimidade quando procuraram negociar com o outro estado. Uma excepo notvel envolveu o relacionamento entre o papa e o Imperador Bizantino. Os agentes papais, chamados apocrisiarii, eram permanentemente residentes em Constantinopla. Aps o 8o sculo, entretanto, conflitos entre o papa e o emperor (tal como a controvrsia iconoclastic) conduziu a quebrar para baixo destes perto laos. As origens da diplomacia moderno so seguidas frequentemente aos estados de Itlia do norte no renascimento adiantado, com as primeiras embaixada que esto sendo estabelecidos no dcimo terceiro sculo.

Milo jogou um papel principal, especial sob Francesco Sforza que estabeleceu embaixadas permanentes aos outros estados municipais de Itlia do norte. Estava na Itlia que muitas das tradies da diplomacia moderna comearam, como a apresentao de credenciais de um embaixador cabea de estado. A prtica espalhou da Itlia aos outros poderes europeus. Milan era o primeiro para emitir um representante corte de Franca em 1455.

Milan entretanto recusou hospedar os representantes franceses que temem a espionagem e a interveno possvel em casos internos. Como os poderes estrangeiros tais como France e Spain se tornaram cada vez mais envolvidos na poltica italiana a necessidade aceitar emissrios foram reconhecidos. Logo todos os poderes europeus principais trocavam representantes.

A Espanha era o primeiro para emitir um representante permanente quando apontou um embaixador para a corte de Inglaterra em 1487. Pelo 1 sculo atrasado, as misses permanentes transformaram-se o padro. Muitas das convenes do diplomacy moderno tornaram-se durante este perodo.

O Rank superior dos representantes era um embaixador. Um embaixador neste tempo era quase sempre um problema - Rank do nobre variado com o prestigio do pas que foi afixado a. Definir padres emergiu para embaixadores, requerendo que tm residncias grandes, hospeda partidos prdigos, e joga um papel importante na vida da corte da nao do anfitrio.

Os estados menores emitiriam e receberiam os enviados que eram um nvel abaixo de um embaixador. Os embaixadores de cada estado espesso pelos cdigos complexos da precedncia que foram disputados muito.

Os representantes das repblicas foram considerados os enviados mais baixos. Os embaixadores nesse tempo eram nobres com experincia pouco estrangeira ou diplomtica e necessitados ser suportado por uma equipe de altos funcionrios da embaixada. Na evoluo histrica da diplomacia, actividade que mergulha as suas razes profundas na historia secular da humanidade que atravs dos sculos, sofreu varias vicissitudes e transformaes.

O uso de representantes dos detentores de poder poltico para estabelecerem contactos de varia ndole entre duas unidades polticas, remota a poca primitiva logo que surgiram as primeiras organizaes de caracter poltico.

Na antiguidade, os povos primitivos da sia, Austrlia, frica e das Amrica, possuam hbitos muito profundos enraizados com vista a manterem relaes inter-tribais atravs do emprego de mensageiros ou enviados.

J na ANTIGUIDADE CLSSICA, em particular a da Grcia, existem j exemplos da utilizao geral de intermedirios idos de uma cidade para outras com o objectivo de tratarem dos interesses das suas ptrias esse intermedirio, que podemos hoje designa-los por "EMBAIXADORES", eram pessoas de elevada posio, notveis, pessoas geralmente idneas.

A IDADE ANTIGA, abrange o perodo histrico desde a existncia dos grandes Imprios Asiticos, nomeadamente os Imprios do Prximo, Mdio e Extremo Oriente, a ascenso ao IMPRIO DE TEODOSIO, O GRANDE, que reinou entre o Ano 379 a 795, altura da tomada de CONSTATINOPLA por Mohamed II. Constatinopla, foi fundada por Constantino, o Magno, no Ano de 328. Com a ascenso ao poder de Teodosio, o Grande, este designou-a como a SEDE do Imprio Romano.

No inicio da formao dos Imprios Asiticos, o uso de representantes dos detentores do poder poltico para estabelecer contactos de varia natureza, j era uma pratica reiterada. O envio dos INTERMEDIRIOS, tinha como objectivo tratar assuntos de interesse comum ou recprocos, geralmente para celebrar pactos de alianas.

Em Atenas (Grcia), os ENVIADOS eram designados pelo povo, entre todos os atenienses, mas algumas vezes, o Senado, por delegao especial, escolhia uma parte ou todos os membros da Misso.

O numero de enviados por cada Misso era, em Esparta, geralmente, de trs; em Atenas as Misses eram compostas de trs, cinco ou dez enviados.Os enviados estrangeiros, deviam apresentar-se, em Atenas, perante o Senado onde apresentavam as suas credenciais e expunham o seu mandato. O Senado apresentava, depois, a Misso a Assembleia do Povo, onde, a Misso expunha novamente o seu mandato. Seguia-se um debate findo o qual os enviados se retiravam a era ento procedida uma votao. O resultado desta era posteriormente comunicada a referida Misso.

Dado o procedimento acima referenciado, os enviados, deviam por conseguinte, possuir qualidades oratrias, por isso, eram escolhidos entre os oradores mais reputados de uma cidade. Assim sendo, essas personalidades passaram a ser designadas de ORATORES.

Em todas as civilizaes da antiguidade se recorreu ao uso de intermedirios ou diplomatas, nas relaes entre povos diferentes.

Assim, durante a disputa entre a Corcina e Corinto, no sculo V a.c., a propsito de Epidomus, colnia da primeira (Corcina), que esteve na origem a Guerra do Peloponeso, (431-404), ambas as cidades procuraram obter o apoio de Atenas, enviado-lhe embaixadores no Ano de 438 a.c.. Os referidos enviados, foram ouvidos na Assembleia de Atenas, onde pronunciaram longos discursos defendendo as suas respectivas causas, aps o que a Assembleia se reuniu a ss para deliberar sobre qual o curso a tomar.

Pelos Anos 445 a.c., Corinto e outros aliados, enviaram embaixadores a Esparta a fim de se queixarem dos abusos cometidos por Atenas e convenceram os Lacedonios a entrar em guerra com os atenienses.Em Roma, existia uma tribuna especial, junto do Capitlio, onde os embaixadores dos Pases estrangeiros e das provncias, aguardavam com objectivo de serem recebidos em audincias pelo Senado, isto segundo Marcos Terencius Varro (l 16-27 a.c.

Na IDADE MEDIA cujo marco histrico foi, sem dvida, a queda do Imprio Romano que constitua, antes , a nica entidade poltica, reinou, aps este facto, uma nova situao caracterizada por inexistncia de Estados ou sistema de Estado no sentido, modernamente conhecido.

Os senhorios feudais dependentes mais ou menos dos poderes Papal ou Imperial eram as principais instituies de carcter poltico.

Nessa altura, a diplomacia, que no perodo anterior j era quase um " instituto" declinou bastante num tal quadro poltico durante muito tempo confuso e catico,(c.f.Magalhes, Jos Calvet, in Diplomacia Pura).

O sucedneo do Imprio Romano, o Bizantino, postergou , entretanto a guerra preferindo a diplomacia, isto nos sculos VIII e IX. Era , porm uma diplomacia pouco refinada e utilizava-a como astcia, estimulando a ambio em vez de a utilizar como antdoto desta, apesar de ter algumas similitudes com a dos romanos que buscava, como diz H. Nicolson, solues das questes na base das negociaes ao invs do uso das guerras para fins hegemnicos

Os imperadores utilizavam, pois os seus homens mais hbeis como mensageiros e negociadores.

A arrogncia fazia parte do jogo diplomtico dessa poca, porquanto se confundia ainda a diplomacia, no seu verdadeiro papel de instrumento de soluo pacfica dos problemas, com o sentido da poltica externa. Por esta razo, os enviados estrangeiros denominados, nessa altura de "apocrisirios", eram tidos como espies cujas reminiscncias alis, existem at hoje.A Igreja Romana contribuiu, grandemente para o melhoramento da prtica diplomtica no sc. XII que, nessa altura, os seus enviados eram designados de nuntius ou legatrias, enquanto que os enviados dos monarcas eram conhecidos por orator ou ambaxator. Este termo evoluiu e no sculo XIII os enviados j eram designados por embaixadores, lxico que comeou a difundir-se na Itlia, (c.f.Magalhes, Jos Calvet, na sua obra, "Diplomacia Pura, pgs. 50 e 51).A Itlia um grande contributo no mundo da diplomacia. Para ilustrar basta, alis, dizer que o princpio conhecido por o de boa f "pacta sunt servanda", quer dizer, os acordos devem ser cumpridos , que se observa ainda hoje nos acordos bi e multilaterais divisa italiana. A periodizao do que' entendemos como idade moderna situa-se entre 1453 e 1 789 isto , no Sculo XV e XVII quando o feudalismo estava moribundo em consequncia de um surgimento da nova classe, o capitalismo que corresponde efectivamente com a revoluo Francesa durante dois Sculos, a diplomacia navegava por diferentes fases histricas da sua evoluo que a seguir vamos indicar.

A Histria da Diplomacia na idade moderna, teve inicio com a queda de Constatinopla no Sculo XV, precisamente em 1453 no incio da revoluo Francesa em 1789. A idade moderna entre o Sculo XV e XVII foi caracterizada pelo descobrimento martimo e o renascimento de um perodo muito frtil na proliferao de ideias filosficas, no surgimento de uma cultura e filosofia humanista burguesa junto de mudanas econmicas e sociais:

Destaca-se para o efeito uma das personalidades polemicas do momento, Nicolas Maquievel, 1469-1527.

Enquanto na antiguidade e no perodo medieval as Embaixadas possuam um carcter temporrio, ainda mesmo quando se prolongavam por algum tempo, a intensa e continuada actividade diplomtica dos Estados Italianos

O incio da idade Moderna fez surgir a necessidade de representaes diplomticas de carcter permanente

Antes do final do sculo XV, os Embaixadores residentes, praticamente desconhecidos em todo o resto da Europa, passaram a ser uma instituio corrente em toda a Itlia. Embora se conheam casos espordicos, em pocas anteriores, em que Embaixadores permaneceram longo tempo nos pases para onde foram enviados, o verdadeiro iniciador do novo sistema de Embaixadores residentes deve ser considerado o Senhor de Milo Giangaleazo Visconti que, durante mais de sete anos, ou seja, de Maio de 1425 a Julho de 1432, manteve um Embaixador residente junto da Corte de Segis_mundo (1368-1437), Sequncia Cronolgica da Histria Diplomtica em Roma. A Histria da Diplomacia na idade moderna, teve inicio com a queda de Constatinopla no Sculo XV, precisamente em 1453 no incio da revoluo Francesa em 1789.12. HISTORIA DA DIPLOMACIA ANGOLANA

1. INTRODUCAO

A historia da diplomacia Angolana, esta intimamente ligada a Historia de Angola.

2. NA ANTIGUIDADE CLASSICA

PRIMEIRO DIPLOMATA AFRICANO ACREDITADO NA EUROPA

Em 1421, quando a maioria das sociedades europeias bocejavam ainda recm-sadas do sono medieval, caravelas portuguesas comandadas por Diogo Co aportavam na foz do Zaire e estabeleciam contactos equalitrios com o Reino Bakongo.

O embaixador Bassuto, viajando numa barca de torna-viagem, foi assim o primeiro diplomata africano junto de um governo europeu desde os tempos de Roma. Os dois reinos juraram fidelidade e colaborao na prosperidade mtua.

Misso em Roma de Antnio Manuel, Prncipe de N`Funta, conhecido por o Negrita 1604-1608 na Roma de Paulo V

Segundo o livro intitulado Coisas do Outro Mundo impresso pela Tipografia Abilgraph srl-Roma em Junho de 2003, neste quadro, insere-se a deciso do Rei Mpangu-a-Nimi-a-Lukeni ( Dom lvaro II) de expedir um seu enviado, o primeiro Embaixador africano em Roma.

O Embaixador do Kongo chegou a Roma na noite de 2 para 3 de Janeiro de 1608, sendo infelizmente o seu estado de sade bastante precrio. Foi alojado no Vaticano, na ala direita do "Paraso".

O Papa providenciou toda a assistncia possvel ao seu hspede, recorrendo inclusive aos seus mdicos pessoais e deslocando-se a visitar-lhe no seu leito de enfermo.

Mau grado tudo isto meia-noite de 5 para 6 de Janeiro o seu estado de sade agravou-se e, uma hora mais tarde o Embaixador morreu.

Todo o aparato do cerimonial que tinha sido preparado para a recepo em Roma do Representante do Reino Africano foi utilizado para o seu funeral. Depois de um longo percurso pelas principais estradas de Roma, os restos mortais foram sepultados na Baslica de S. Maria Maior, na Capela Paulina, numa tumba provisria.

Dali saiu em 1629, para um tmulo definitivo em S. Maria Maior, num sumptuoso mausolu com o busto do Embaixador Antnio Nigrita em prfiro policromo esculpido por Francesco Caporale. O busto encontra-se ainda hoje na Arqui-baslica.

Como confirmao destes factos, os Presidentes da Repblica Italiana e da Repblica de Angola dignaram-se conceder o Seu Alto Patrocnio a um evento que transcende a esfera bistrico-cultural, para renovar, depois de 400 anos, o abrao ideal, que no Sculo XVI, havia unido os nossos dois povos.

FASE DA PENETRACAO E OCUPACAO COLONIALRainha N'Jinga a M'Bande Ya N'Gola Kiluange Kya Samba, nascida em Cabassa ( actual Caculo Cabassa ), no ano de 1583 na Matamba e falecida aos 17 de Dezembro de 1663foi uma Soberana do Reino do N'Gola e da Matamba durante oSculo XVII.Ela, segundo reza a historia de Angola, foi a primeira Soberana da Antiguidade a chefiar uma memorvel Embaixada que negociou a assinatura de um Tratado de Paz com o Governador Portugus em Luanda, Joo Correia de Sousano ano de 1621, destinado a interdio da captura de escravos por parte dos Portugueses.NJinga prepara um squito numeroso e com todos os atributos da sua condio de princesa faz-se anunciar em Luanda. Os portugueses vo receb-la como uma verdadeira rainha, com tropas perfiladas e descargas de mosquetes, sendo-lhe dada hospedagem e casa condigna.No dia marcado para a audincia, NJinga, acompanhada do seu squito, dirige-se casa do governador. Entrou para a sala onde este ainda se no encontrava e, num relance percebe que na sala s havia uma cadeira e duas almofadas de veludo franjadas a ouro sobre um tapete.De imediato, a perspicaz NJinga percebe que pode ficar em desvantagem. Ficar de p perante um homem sentado.Ordena a uma das suas escravas que se dobre e lhe sirva deassento e assim sentada que vai encarar o governador, de igual para igual. Escusado ser dizer que esta atitude de NJinga deixou estupefactos todos os presentes, muito particularmente o governador que percebeu imediatamente que a mulher que estava na sua presena ora especial e que deveria usar com ela de toda a diplomacia e cortesia. At porque muita coisa estava em jogo e um gesto em falso podia representar o recrudescer da guerra.As negociaes ocorrem com sucesso, comeando a princesa NJinga por apresentar as desculpas em nome do irmo. A sua maneira de falar e a sua postura vo deixar a assistncia perfeitamente espantada.No final, Joo Correia de Sousa argumentou que, para que o acordo ficasse bem cimentado, deveria o irmo de NJinga pagar aos portugueses um tributo anual. Porm, ela contraps que tributo s pagavam os povos subjugados, o que no era o caso. Uma ltima exigncia por parte dos angolanos era a devoluo dos escravos. Aqui os portugueses no puderam prometer que cumprissem, porque era um negcio que envolvia muita gente, mas mostraram boa vontade para o problema.

despedida, o governador, reparando que a escrava se mantinha acocorada na posio de assento, perguntou altiva NJinga porque no a manda levantar, ao que a sobranceira guerreira angolana ter respondido: J no preciso dela, nunca me sento duas vezes na mesma cadeira! Em 1635, embaixatriz do irmo Ngola Mbandi deslocou-se a M'Banza Congo para a assinatura de um Trato de Paz, com vista a formao de uma Coligao com os Reinos do Congo, Kassange, Dembos e da KissamaEm 1659, a Rainha N'Jinga M'Bande Ya N'Gola Kiluange Kya Samba, assinou um novo tratado de paz com Portugal, sendo precedida de intensas negociaes que tiveram lugar em Luanda em 1657. Ajudou a reinserir antigos escravos e formou uma economia que ao contrrio de outras no continente, no dependia do trfico de escravos. A Rainha N'Jinga M'Bande Ya N'Gola Kiluange Kya Samba faleceu de forma pacfica aos oitenta e dois anos de idade, como uma figura admirada e respeitada por Portugal, sendo substituda pela sua irm Cambu, ento convertida como Dona Brbara.A rainhado N'Gola e da Matamba, tornou-se mtica e foi uma das mulheres e heronas africanas cuja memria desafiou tempo, despertou o interesse dos iluministas como no romance Zingha, reine dAngleterre. Histoire africaine (1769), do escritor francs de Toulouse, Jean-Louis Castilhon, inspirado nos seus feitos, e foi citada no livro L'Histoire de l'Afrique, da publicao Histoire Universelle (1765-1766). Pelos seus feitos em prol da unidade dos Reinos de Angola, e hoje reverenciada como exemplo de herona angolana pelos nacionalistas Angolanos. Pelos seus feitos na Historia dos Povos de Angola, a Rainha N'Jinga a M'Bande Ya N'Gola Kiluange Kya Samba e considerada a primeira diplomata de Angola.O MASSACRE DE MASSANGANO 1645

Em 1645 a rainha NJinga cerca os portugueses que se encontravam em Massangano. Estes defendem-se at ao limite das suas foras. Para a histria angolana, hericos tero sido os homens da rainha Ginga, da ela ser a maior heroina angolana, que aos sessenta anos ainda comandava ela mesma os seus homens. NJinga, aliada ao Rei do Congo, com o apoio da Holanda e com os guerreiros de vrios chefes Jagas est prestes a vencer os portugueses, mas d-se uma imprevista mudana de apoios. Os Jagas abandonam-na, para se aliarem aos portugueses, que recebem tambm apoio do Brasil.

Os portugueses organizam-se e em 1646 vo atacar em fora os acampamentos da rainha africana, matando mais de duas mil pessoas.

Luanda reconquistada, em 1648, por Salvador Correia de S e Benevides. Nesse mesmo ano, este governador envia-lhe uma embaixada para que se converta, mas ela recusou. O adido militar holands Fuiler vai ser uma das principais fontes de informao sobre os acontecimentos em Angola no tempo da rainha NJinga, visto que ele testemunha ocular de muitos destes acontecimentos, pois lutou ao lado dela, durante alguns anos. E ele testemunha a adorao que o Povo Angolano tinha por aquela extraordinria mulher, chegando muitos a beijar o cho quando ela se aproximava. Para o capito Fuller, ela era to generosamente valente que nunca feriu um portugus depois deste se render e tratava os seus soldados e escravos como iguais. O acordo de paz entre portugueses e a Rainha NJinga acontece em Outubro de 1656, sendo cento e trinta escravos trocados pela Princesa Cambu, ento convertida como Dona Brbara (nome de uma das irms depois de baptizada). Aos 75 anos, acabara o reinado da Rainha Ginga. Os seus ltimos oito anos de vida so de uma pacfica e devota catlica que assegurou a continuidade do reino ao aconselhar o casamento da irm Brbara com um general do seu exrcito. A sua longevidade foi extraordinria para a poca. Morreu aos 83 anos, a l7de Dezembro de 1663, na presena de Cavazzi. Mas a memria dos seus feitos e a extrema dignidade do seu porte permanecem como uma referncia para todos os angolanos.2. NA ERA CONTEMPRANEA

O MASSACRE DA BAIXA DE CASSANGEA aco repressiva do colonialismo portugus era uma actividade sistemtica permanente e estendida a todo o territrio angolano, mas assumira especial impacto com os acontecimentos da baixa de Cassange em 4 de Janeiro de 1961, pelo nvel de violncia atingido pelo nmero de vtimas causadas e porque envolvera o empenho de foras militares.A muitos anos que o Povo de Cassange era obrigado a cultura do algodo tal como os povos do Icobo-I bengo. O preo pelo qual o algodo era comprado, era um preo ridculo.A misria desenvolveu-se na regio, o povo entrou em greve para um aumento do preo do algodo explorado pela companhia belga Cotonangue, melhorias das condies de vida.Os colonialistas reprimiram a greve com um bombardeamento areo com bombas napalm, que destruram mais de 17 aldeias e mataram mais de 20.000 de angolanos. Foi s no ms de seguinte que verdadeiramente comeou a luta armada, com objectivos definidos meios organizados e aces coordenadas.

O Massacre da Baixa de Kassanje, o resultado de uma revolta de camponeses que se dedicavam cultura do algodo.A 4 de Janeiro de 1961, mais de dez mil agricultores da ex-Companhia de Algodo de Angola "Cotonang" foram cruelmente assassinados pelo exrcito colonial portugus na Baixa de Kassanje, provncia de Malanje, por exigirem melhores condies de trabalho, iseno de pagamentos de impostos e abolio do trabalho forado.Para muitos, foi a partir daquele momento que se reforou o sentimento de unidade do povo angolano e se acelerou o processo que culminou com a ascenso independncia nacional, a 11 de Novembro de 1975.Apesar de revestir-se de grande importncia, o protesto de 4 de Janeiro de 1961 foi a primeira e, paradoxalmente, a mais ignorada das revoltas ocorridas nesse ano crucial para Angola, segundo a historiadora Aida Freudenthal, do Centro de Estudos Africanos e Asiticos do Instituto de Investigao Cientfica Tropical (IICT),Num texto apresentado ao V Congresso Luso-Afro-Brasileiro realizado em Setembro de 1998, em Maputo, que consta na Revista Internacional de Estudos Africanos n. 18 e 22 do IICT, Freudenthal afirma que a revolta na Baixa de Kassanje continua a ser uma das revoltas menos conhecidas da histria angolana, embora se afigure como sendo o episdio mais relevante de contestao das condies de trabalho impostas sob o domnio colonial, quer pela sua durao quer pela rea geogrfica e populao envolvidas.Ao pretender ocultar as origens da revolta, nomeadamente as motivaes dos camponeses, as autoridades coloniais esperavam fazer prevalecer a tese de que tudo estava bem em Angola e s os agitadores estrangeiros pretendiam subverter a ordem entre os portugueses do Ultramar, l-se ainda na obra que pode ser encontrada no Arquivo Histrico Nacional.Ainda assim, acrescenta a historiadora, em Portugal um jornal clandestino,

Segundo o historiador angolano Sehululo Alberto, o massacre da Baixa de Kassanje contribuiu para o reforo da conscincia de todos aqueles que naquela altura lutavam pela conquista da soberania e motivou uma maior coeso dos grupos existentes.A revolta permitiu ainda a criao das bases para a reorganizao e coordenao de uma ampla frente de resistncia.Durante a revolta os camponeses queimaram as sementes, abandonaram as enxadas, destruram as cadernetas dos nativos, ao mesmo tempo que gritavam independncia total e imediata.Segundo o historiador Sehululo Alberto, a data deve ser comemorada com profundo respeito e reconhecimento por todos os compatriotas que, por amor ptria, sacrificaram as suas vidas.O 4 DE FEVEREIRO DE 1961Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, um Grupo de Guerrilheiros do MPLA, lanaram-se em aces de guerrilha urbana na cidade de Luanda atacando simultaneamente a casa de recluso militar, a cadeia de So Paulo, a estao de rdio e a esquadra da polcia secreta portuguesa (PIDE). As autoridades portuguesas respondem com uma vaga de prises dos mais activos lideres nacionalistas, o que provoca a temporria de decapitao dos quadros dirigentes do movimento interior. Esta vaga de terror foi traduzida num autntico massacre indiscriminado, indiferente idade, sexo ou raa de todos os indivduos, desde que vissem ou trabalhassem nas pequenas povoaes ou nas fazendas controladas por brancos viria a ter profundas repercusses no desenrolar da luta armada em Angola.Ao responder os ataques, Portugal fez uso da aviao, perseguindo os guerrilheiros, arrasando aldeias: Houve execues em massa, decapitao e exposio de crnios em estacas. s reivindicaes nacionalistas, Portugal respondia pelo terror branco, dispondo dos piores meios repressivos que a histria conhece. Os africanos instrudos, foram visados, particularmente pela polcia poltica, que se dirigia com frequncia a liquidao na zona fronteira com Shab e a Zmbia afim de exercer uma rigorosa presso para oeste. Em 25 de Abril de 1974, um golpe de estado do movimento das foras armadas, derruba a ditadura de Caetano, a favor da democracia em Portugal e da descolonizao em frica, graas a luta herica dos guerrilheiros de Angola, Guin-Bissau e Moambique.

ANTES DA Independncia NACIONALRepresentaes DOS MOVIMENTOS DE LIBERTACAO NACIONALEm 1962, o MPLA estabeleceu a sua primeira sede no exlio na cidade de Leopoldville no Zaire (hoje Kinshasa na RDC). No mesmo ano, Viriato da Cruz foi substitudo como Secretrio-Geral por Mrio Pinto de Andrade, que cedeu a presidncia a Agostinho Neto.Estas tenses contriburam para o facto da Organizao de Unidade Africana (OUA) reconhecer em 1963 o auto-denominado Governo Revolucionrio de Angola no Exlio (GRAE) do ex lder da FNLA, Holden Roberto, como o nico representante legtimo do movimento independentista angolano, o que resultou na expulso do MPLA de Leopoldville. Usando Brazzaville (Congo) como base, o MPLA foi-se re-organizando gradualmente. Em 1964, a OAU reconheceu o MPLA como movimento legtimo e gradualmente suspendeu o seu apoio ao GRAE.- Representantes dos Movimentos de Libertao Nacional, participavam em conferencias internacionais para darem a conhecer a situao poltica e social do Povo Angolano face as agruras do colonialismo portugus.- Participao nas reunies do Conselho Mundial da Paz - Participao nas reunies do Grupo dos 77 e do Movimento dos Pases No-AlinhadosACORDOS DE ALVOR

A 15 de Janeiro de 1975, no Hotel da Penina, sob a chuva miudinha que caa no Algarve, representantes dos trs movimentos de libertao assinavam no Alvor os acordos para a independncia de Angola.Os acordos de Alvor so acordos estabelecidos entre o governo de Portugal e os movimentos nacionalistas angolanos (MPLA, UNITA e FNLA), assinados em Janeiro 1975 em Alvor (Algarve), durante o processo de democratizao em Portugal, e que estabelecia os parmetros para a partilha do poder na ex-colnia entre esse movimentos, aps a concesso da Independncia de Angola.

A independncia de Angola no foi o incio da paz, mas o incio de uma nova guerra aberta.

Muito antes do dia da Independncia, a 11 de Novembro de 1975, j os trs Movimentos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo portugus lutavam entre si pelo controle do pas, e em particular da capital, Luanda. A INVASAO SUL-AFRICANA E ZAIRENSE A ANGOLA operao SavannahEm 23 de Outubro de 1975, as tropas sul-africanas lanam a operao "Savannah" contra o territrio angolano para auxiliar os guerrilheiros da Unita para impedir a tomada do poder pelo MPLA, com trs brigadas mecanizadas e por mercenrios do ELP que penetraram no territrio angolano em duas colunas atravs de Ngiva e Ruacana e ocupam a Cidade de Lubango, Huila.As maiores incurses sul-africanas ocorreram entre 1981 e 1993, em parte como retaliao pelo apoio que a MPLA dava guerra de guerrilha lanada pela SWAPO (Organizao dos Povos do Sudoeste Africano) contra a frica do Sul, que ocupava a Nambia. Durante este perodo, as foras sul-africanas ocuparam partes do extremo sul de Angola. As maiores incurses sul-africanas ocorreram entre 1981 e 1993, em parte como retaliao pelo apoio que a MPLA dava guerra de guerrilha lanada pela SWAPO (Organizao dos Povos do Sudoeste Africano) contra a frica do Sul, que ocupava a Nambia. Durante este perodo, as foras sul-africanas ocuparam partes do extremo sul de Angola. A BATALHA DE KIFANGONDOEm 23 de Outubro de 1975, foras coligadas da FNLA e dos 3, 4, 5, 6 e 7 Batalhes do Exercito Zairense equipados com canhes sul-africanos de 140 mm e zairense de 130 mm , iniciam uma grande ofensiva militar na Regiao de Kifangondo com o objectivo de tomar Luanda e impedir a proclamao da Independncia Nacional, que culmina no maior desastre militar da aventura zairense em Angola na Celebre BATALHA DE KIFANGONDO, ocorrida a 10 de Novembro de 1975, onde foram capturados centenas de soldados. Estes soldados foram posteriormente apresentados a imprensa como testemunho inegvel da aventura militar Zairense em Angola.Nessa batalha, tambm foram capturados vrios mercenrios destacando-se entre eles o tristemente celebre o grego/britnico Costas Georgios ( Capito Calan ).

OPERACAO CARLOTAEm Outubro de 1975, o transporte areo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, mudou a situao, favorecendo o governo Angolano. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se,permitindo aformao deum governo socialista, que conseguiu obter grande reconhecimento diplomtico, embora no dos EUA nem da frica do Sul.Em fins de 1983 o Conselho de Segurana da ONU exigiu que a frica do Sul se retirasse de Angola. Pouco depois os dois pases assinaram o Acordo de Lusaka, segundo o qual a frica do Sul concordava em retirar-se se Angola deixasse de apoiar a SWAPO. Todavia em 1985 a frica do Sul iniciou outra invaso a fim de contra-atacar uma grande ofensiva do governo A INDEPENDENCIA NACIONALA PROCLAMAO DA INDEPENDNCIA NACIONAL

A resistncia ao invasor colonialista portugus, culminou com a proclamao a 11 de Novembro de 1975 e sob o troar dos canhes, pelo Saudoso Presidente Antnio Agostinho Neto, da Independncia de Angola, transformada em Repblica Popular de Angola, sendo antecipadamente reconhecida pela Republica Federativa do Brasil, aos 06 de Novembro de 1975.

Enquanto em Luanda, sob o troar dos canhes na batalha de Kifangondo, Agostinho Neto proclama, perante a frica e o Mundo, a independncia de Angola, em simultneo, em Carmona, hoje Uge, e em Nova Lisboa, hoje Huambo, Holden Roberto e Jonas Savimbi, proclamavam a efmera Repblica Democrtica de Angola.

A Independncia de Angola, foi proclamada num momento muito conturbado da sua Histria, pois o Pas debatia-se com a invaso do seu territrio a norte por Foras do 3, 4, 5, 6 e 7 Batalhes do Exrcito Regular do Zaire e a sul, pelo Exrcito Sul-africano que integravam foras do chamado Exrcito de Libertao de Portugal (ELP).APRESENTACAO DOS SOLDADOS ZAIRENSES DO 3, 4 ,5,6 E 7 BATALHOES Centenas de soldados Zairense capturados na celebre BATALHA DE KIFANGONDO, nos arredores de Luanda, foram apresentados a imprensa como testemunho inegvel da aventura militar Zairense em Angola.O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

Durante o Governo do Dr. Antnio Agostinho Neto, a aco do pas no sistema internacional foi orientada pelo pragmatismo responsvel, definio cunhada pelo ento Ministro das Relaes Exteriores Eng. Jos Eduardo dos Santos, baseada em premissas ticas e responsveis, esta poltica externa definiu a insero de Angola no mundo, que culminou com a sua adeso a Membro de Pleno direito da Organizao das Naes Unidas em 1 de Dezembro de 1976.

Por outro lado, a nova poltica do governo do General Ernesto Geisel, frente ao tema colonial, ganhou especial ressonncia em 1975, quando o Brasil em 06 de Novembro ( dias antes da proclamao da independncia ), foi o primeiro pas a reconhecer oficialmente a independncia de Angola, sob o governo do Saudoso Presidente Dr. Antnio Agostinho Neto.

s seis da manh de 22 de Fevereiro de 1976, Melo Antunes anunciava o reconhecimento por Portugal do Governo Angolano.

Portugal era o 88 estado a reconhecer Angola.Em Fevereiro de 1976, a Organizao da Unidade Africana ( OUA ), reconhecia o Governo da Republica Popular de Angola a sua aceitao internacional.

A tentativa da coligao anti- MPLA de estabelecer um governo alternativo da efmera Republica Democrtica de Angola , com sede no Huambo, desfez-se com a retirada Sul-africana e no obteve apoio de nenhum pais.

Portugal a ex potncia colonizadora tambm optou por reconhecer o Governo Angolano em Fevereiro de 1976, enquanto que Washington, optou pelo no reconhecimento, atitude que manteria longos ano.

Os Presidentes Agostinho Neto e Jos Eduardo dos Santos lanaram na aventura dos corredores da Casa Branca alguns dos seus mais astutos negociadores. Por fim, em 1994, os Estados Unidos da Amrica do Norte abriram, em Luanda, oficialmente, a sua representao diplomtica, de facto. Quem foram os "homens de Neto" para os contactos com a Casa Branca? O nome de Paulo Teixeira Jorge, antigo Ministro das Relaes Exteriores, indissocivel dos esforos de Agostinho Neto para convencer os americanos. O Presidente Agostinho Neto tinha, "escondido", em Lisboa, na dcada dos anos 70, um "emissrio especial". Uma "arma secreta" para "raids" Casa Branca estratgica e tacticamente concertados, em linha sncrona, com o MIREX: o Dr. Armnio Ferreira. Mdico radicado em Lisboa. Antigo companheiro de Agostinho Neto nos bancos escolares e na Casa dos Estudantes do Imprio. Armnio Ferreira sentou-se, em Washington, credenciado por Neto, de frente para Richard Moose, Donald McHenry, James Overly, Zibgnew Bzerzinski, Walker, Funk, Alan Hardy, entre outros pesos pesados, mdios e leves da poltica dos "States" para a frica.As incurses mais "trepidantes" deste emissrio especial do Presidente Neto, junto da Casa Branca, tiveram lugar em 1979. Isto , pouco antes da morte de Agostinho Neto. Foi quando o Dr. Armnio Ferreira, nos dias 29 de Julho e 9 e 16 de Agosto, andou numa verdadeira farndola entre reunies e mais reunies na Casa Branca e com os homens do Departamento norte-americano de Estado. Os altos funcionrios encarregados, principalmente, dos Assuntos Africanos: Richard Moose, Donald McHenry, Walker, Alan Hardy, e outros. A sesso que mais ter marcado Armnio Ferreira foi, provavelmente, aquela segunda parte das conversaes de 9 de Agosto (1979), por volta das 18 horas. Quando Armnio Ferreira, em representao da Parte Angolana, discutiu com uma delegao norte-americana da Casa Branca encabeada por N. Walker. Este, investido das duplas funes de expert em Assuntos Africanos e representante governamental norte-americano para o "dossier Angola", estava acompanhado, tambm, por Funk, secretrio para a Segurana da Casa Branca."ACABEM J COM A PARANIA!"Expresso utilizada por Paulo Jorge na Assembleia Geral das Naes Unidas a propsito do to falado "linkage"Paulo Jorge, antigo Ministro angolano das Relacoes Exteriores, "encostou" Chester Croker e ouviu "promessas" de Cyrus Vince...

Paulo Teixeira Jorge foi o carismtico Ministro Angolano das Relaes Exteriores durante a Presidncia do no menos carismtico Dr. Antnio Agostinho Neto. Ele tem, dos revoluteios da poltica externa dos Estados Unidos, um conhecimento quase visceral. Quanto ao "dossier" das relaes entre Luanda e Washington, Paulo Jorge conhece todas as sofistarias da "mquina" da Casa Branca.DIGA AO DR. NETO QUE UM "INFERNO" SER-SE AMIGO DE ANGOLA EM WASHINGTON

Walker, encarregado norte-americano do "dossier Angola", queixava-se da sabotagem articulada por "comisses, senadores, deputados e uma certa Imprensa vida de deixar mal vistos os amigos da causa angolana"...

No interior da Casa Branca, durante a Presidncia Angolana de Agostinho Neto, o poder democrata todos os dias traava "fronteiras" entre os polticos hesitantes, s vezes mesmo contraditrios, e os polticos decididos. Um dos quais, Walker, no hesitou em mandar dizer ao Presidente Neto: "Olhe que no fcil, aqui em Washington, a vida de quem se mostra favorvel a Angola!". O enviado especial de Agostinho Neto (o mdico Armnio Ferreira) percebeu, por outro lado, que os americanos j tinham como irreversvel, a opo de normalizar as relaes diplomticas com Angola.O norte-americano Zibgnew Bzerzinski, alto funcionrio da Casa Branca (conselheiro para a Segurana do Estado), chegou a ter este desabafo diante do Dr. Armnio Ferreira, enviado de Agostinho Neto: "Considero que, realmente, Angola e o seu Presidente tm conduzido uma poltica independente, e no desejamos que Angola seja base de um novo conflito entre Leste e Oeste".

NETO ELOGIADO PELA CASA BRANCADesabafo insinuante de Donald McHenry: "Eu tenho um fraco por Angola, sou o americano que mais vezes foi a Angola depois da independncia..."

ENCANTADOSDonald Mc Henry foi mais longe, ainda, no reconhecimento da aco do Presidente Angolano: "O Governo dos Estados Unidos da Amrica do Norte considera muito a aco construtiva do Dr. Neto, relativamente resoluo do problema da Nambia. Sem essa ajuda angolana a resoluo seria, certamente, impossvel!".E o alto funcionrio da Casa Branca no se dispensou sequer de vaticinar: "Desejo que, entretanto, Angola ultrapasse os seus problemas internos, para que o seu Presidente possa, enfim, dedicar-se profundamente reconstruo econmica e social do pas".

A APRESENTACAO DOS PRIMEIROS MERCENARIOS NA CONFERENCIA DE NAIROBI E DE MOMBASSA ( 1976 )

JULGAMENTO E FULAMENTO DE MERCENARIOS

Essas foras militares invasoras eram integradas principalmente por Mercenrios de vrias origens, que aps a sua captura, foram julgados e condenados em Julho de 1976, a pena de morte por fuzilamento pelo Tribunal Popular Revolucionrio, destacando-se aqui, o tristemente clebre Costas Georgios (Capito Calan), Meckienze, Grilo, Mendonza, Arturo Ortega, ect. Angola foi o primeiro Estado soberano do mundo, a julgar e condenar com pesadas penas, as actividades Mercenrias, facto que lhe valeu destaque na Lista Negra de muitos Pases Ocidentais.

Indemnizaes AOS DANOS DE GUERRA

Devido aos danos matrias resultantes da invaso, Angola no seu quarto ms de Estado Soberano, exige as competentes indemnizaes numa reunio da ONU. As destrues de Pontes, frotas de camionagem, caminhos de ferro, estabelecimento publico e extermnio de milhares de Cabea de Gado, deixam a economia angolana altamente afectada.

Um alegado silencio por parte da frica do Sul, leva com que o ento Ministro das Relaes Exterior de Angola Jos Eduardo Dos Santos, evoque sobre o assunto, no dia em que Angola oficialmente admitida na ONU. Naquela Assembleia o Chefe da Diplomacia angolana reitera a exigncia quanto a devida reparao que segundo os seus pronunciamentos: Os prejuzos estavam calculados naquele momento num mnimo de 6.700 milhes de dlares.

No era um favor que Angola fazia aos sul africanos, mas um compromisso que assumia consigo prpria, na sua poltica externa, em estender a sua mo a outros povos que se encontravam ainda sobre opresso. Para alm das indemnizaes que Angola esperava da frica do Sul, aquele povo, atravs do seu representante legitimo ANC, contraia uma divida moral para com a ptria angolana.Entretanto, na sua conferncia consultiva ocorrida em Junho de 1985 na Zmbia, que o ANC reflecte sobre incidentes menos correctos ocorridos no seio dos seus militantes em Luanda, cujas concluses seriam mesmo deselegantes mas contudo coincidindo com os descontentamentos que levaram o seu ento responsvel pela informao Thabo Mbeki a convocar um conferncia de imprensa na Zmbia, para falar do que presenciara, um ano antes em solo angolano. Mais tarde antes de chegar a Presidncia do ANC, Mbeki, segundo Paul Trewhela, ter sido decisivo para que a comisso de verdade e reconciliao na frica do Sul se desfizesse deste dossier.

Nelson Mandela vai a Luanda. discursando na Assembleia Nacional garante que o seu pais ira controlar melhor o seu espao areo para no facilitar aqueles que no seu entender desistabilizam a paz que o governo de angola procura encontrar.

Sob presso Internacional, Nelson Mandela solto. No terceiro ms da sua liberdade pisa o solo angolano. A viagem entendida como um gesto de agradecimento ao Estado Angolano pelo apoio prestado ao ANC e ao povo sul africano. Em meados deste mesmo ano ao discursar no Congresso em Washington, Mandela reporta que consequncias do regime do Apartheid ainda so sentidas em Angola.

Terminada a guerra de agresso da frica do Sul contra Angola, conclui-se que a mesma absorvia cerca de 40 por cento dos recursos nacionais e que US$ 20 bilhes de dlares era o valor estimado dos prejuzos causados at 1988. Muitas das estruturas destrudas ou danificadas tiveram de ser reposta pelo Governo para assegurar o funcionamento do Estado e da economia. A manuteno da poltica econmica do plano nacional era um desafio, dizia a nao, o Chefe de Estado Angolano em Julho de 1991.

Depois da passagem de Manuel Augusto e A. Rodrigues Kito, antigo chefe da delegao angolana nos acordos tripartidario, Luanda indica o engenheiro Isaac Maria dos Anjos para conduzir a sua representao diplomtica em Pretria.

Ele claro: Voltei a ser convidado para exercer uma funo para ajudar a resolver divergncias com a frica do Sul. Elegemos uma via: a via empresarial, justifica o novo embaixador em entrevista ao Angolense, um ano aps a Paz efectiva em Angola.As palavras do novo diplomata, denotam haver ainda ressentimento nas relaes entre os dois Estados.

Instando sobre a reaco dos sul africanos a sua declarao de exigncia do pagamento da indemnizao pelos danos causados pela invaso do exrcito do Apartheid, o novo embaixador entende ser: um assunto que no pacifico mas conveniente que seja tratado ao nvel bilateral, com o tempo disse adiantando que Como se trata de matria reconhecida pelas Naes Unidas, no acredito que tenhamos problemas.

Entretanto alguns sectores Sul Africanos no oficiais so peremptrios em dizer, que o seu governo nada tem haver com este assunto que no seu ver , trata-se de um problema do passado com o outro Governo do Apartheid.

PalopLINHA DA FRENTECONFERENCIA PARA A COORDENACAO DO DESENVOLVIMENTO DA AFRICA AUSTRAL SADCCCOMUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO DA AFRICA AUSTRAL- SADEC

17 de Agosto, Dia da SADC

INTRODUO

A histria moderna tem sido caracterizada pela formao de blocos de pases como estratgia de autodefesa e desenvolvimento socio-econmico.

Mais marcadamente, os exemplos da Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN) e da Unio Europeia (UE) tm sido determinantes.

Em frica, essa mesma tendncia pode ser identificada na criao da Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC) e da Comunidade Econmica dos Estados da frica Ocidental (ECOWAS), que tm sido consideradas determinantes na integrao regional econmica africana.

A SADC tem ampliado o nmero de pases participantes na comunidade, indo dos nove originais para 14, bem como o mbito e a natureza de seus objectivos. No entanto, ainda enfrenta desafios em termos de integrao, dadas as disparidades e os variados nveis de estabilidade e democracia entre os pases membros.

HISTORIA DA LINHA DA FRENTE

Trs Lideres de pases independentes na frica Austral que realizaram frequentes consultas entre si no incio da dcada de 1970 vieram a ser conhecidos como Estados da Linha da Frente (ELF) - os Presidentes Seretse Khama, do Botswana, Kenneth Kaunda, da Zmbia, e Julius Nyerere, da Repblica Unida da Tanzania.

Presididos por Nyerere, os ELF fizeram conjuntamente esforos para a libertao de pases que ainda se encontravam sob o jugo colonial e o apartheid.

Em 1975 a eles se juntaram Samora Machel e Agostinho Neto, Presidentes de Moambique e Angola, que acabavam de conquistar a sua independncia.

Os ELF estavam conscientes de que a independncia poltica no era por si s suficiente, e a experincia positiva adquirida no trabalho conjunto foi aproveitada e transformada numa cooperao mais ampla com vista ao desenvolvimento econmico e social.

Entre 1977 e 1979, os re p resentantes dos ELF realizaram consulta entre si sobre a melhor forma de fortalecer a sua cooperao.

As consultas culminaram com um encontro em Arusha, em Julho de 1979, que conduziu criao da Conferncia de Coordenao do Desenvolvimento da frica Austral (SADCC) a 1 de Abril de 1980, na Cimeira de Lusaka, e criao do seu secretariado em Gaborone, a convite de Khama.

Presidindo cimeira inaugural da SADCC, Khama apelou para regio integrada e para o melhoramento das estruturas dos transportes.

O objectivo, afirmou Khama, era o de "criar alicerces para o desenvolvimento de uma nova ordem econmica na frica Austral e forjar uma comunidade unida."

Mas Khama alertou: "a luta pela libertao econmica ser confronto to amargo como foi a luta pela libertao poltica.

Chefes de Estado e Governo assinaram uma Declarao e Tratado criando a Comunidade de Desenvolvimento da frica Austral (SADC), na cimeira realizada a 17 de Agosto de 1992 em Windhoek. Um objectivo-chave "o fortalecimento e a consolidao duradoura das afinidades histricas, sociais e culturais e dos laos entre os povos da regio".

"SERETSE KHAMA

como homem e como Presidente do seu pas - foi um exemplo de dignidade

e princpios e calma. Conseguindo sempre ultrapassar a raiva que

sentia pela injustia de que foi vtima, era capaz de se rir de si prprio

e do mundo, ao mesmo tempo que participava na luta para vencer o

apartheid a opresso." - Mwalimu Julius K. Nyerere.

A 15 de Agosto de 1994, o Comit de Libertao da Organizao da Unidade Africana (OUA) realizou uma sesso especial de encerramento em Arusha - com a presena de nove chefes de estado, dois vicep residentes, um primeiro ministro e nove ministros dos negcios estrangeiros para celebrar as conquistas do continente, e prestar tributo coragem dos combatentes da liberdade que lutaram e conquistaram a independncia em vrios pases, culminando com as primeiras eleies democrticas na frica do Sul realizadas poucas semanas antes.

O evento marcou a concluso formal e bem sucedida do mandato atribudo na primeira cimeira da OUA, realizada de 22 a 25 de Maio de 1963, que instituiu o Comit de Coordenao e criou um Fundo Especial para contribuies voluntrias, garantido o apoio de todos os Estados- Membros, e declarou 25 de Maio como Dia da Libertao de frica.

Mwalimu Julius Nyerere proferiu o discurso principal da sesso especial de encerramento, na qualidade de antigo presidente da Repblica Unida da Tanzania, antigo presidente dos Estados da Linha da Frente e pai

fundador da OUA. AOUAconfiara a Julius Nyerere e ao seu pas o acolhimento do Comit de Libertao e a nomeao de um cidado nacional para o cargo de Secretrio Executivo.

No encerramento do Comit, Nyerere reconheceu o papel do brigadeiro Hashim Mbita, Secretrio Executivo por mais de 20 anos, desde 1972, e afirmou: "Sentimo-nos orgulhosos pela sua contribuio para a libertao do nosso continente."

Nyerere recordou: que "as duas tarefas de que a OUA se encarregou estavam inextrincavelmente ligadas. O nosso objectivo final foi sempre o da unidade de todas naes africanas, um objectivo cuja realizao exigia claramente que primeiro toda a frica fosse libertada."

INTEGRAO REGIONAL

A integrao regional refere-se ao movimento para estabelecer ligaes entre e em meio a um grupo de pases dentro de um determinado espao geogrfico, motivado pelos interesses comuns e compartilhados para cooperao nas reas de comrcio e outros sectores econmicos, com vistas a alcanar uma zona de livre comrcio e, subsequentemente, estabelecer uma unio alfandegria.

Por todo o mundo, a integrao regional est a ser considerada a vanguarda para o desenvolvimento e a sustentabilidade econmicos e a estabilidade poltica. Blocos comuns incluem a Unio Europia (UE), a Comunidade Econmica dos Estados da frica Ocidental (ECOWAS), a Comunidade

Africana do Ocidente (EAC), a Comunidade de Desenvolvimento da frica Austral (SADC), o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte (Nafta), o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), a Associao das Naes do Sudoeste Asitico (Asean), e o Frum de Cooperao Econmica do PacficoAsitico (Apec).

Os pases comercializam mais significativamente com seus vizinhos do que com os pases distantes.

Como tal, a pura anlise econmica mostra que, com as pr-condies correctas, podem-se esperar benefcios econmicos significativos, potencialmente mensurveis, com a integrao regional.

O benefcio fundamental da integrao econmica est na utilizao de vantagens comparativas de Estados membros.

Normalmente, a integrao regional se manifesta:

1. pelo estabelecimento de uma zona de livre comrcio, envolvendo a remoo de barreiras tarifrias e no-tarifrias;

2. pelo estabelecimento de uma unio alfandegria pela qual todas as restries ao comrcio e ao movimento de agentes dentro da rea so removidas; e

2. pela harmonizao de polticas econmicas, monetrias, fiscais,

sociais e outras polticas sectoriais.

A integrao tambm influenciada pelo desejo de promover uma frente comum de defesa e segurana.

O ambiente poltico e econmico nacional tem de sustentar o processo de integrao para que qualquer desenvolvimento possa ser alcanado.

A SADCC

O perodo de transio da dcada de 1960 para a de 1970 foi marcado por macia revolta poltica no continente africano. Foi o tempo da descolonizao e independncia, e esse movimento ocorreu com relativa rapidez na maioria da frica.

No entanto, na frica do Sul, onde a presena do colonizador era considervel, houve resistncia descolonizao.

Em consequncia da resistncia do colonizador, a luta pela independncia assumiu uma estratgia totalmente diferente, das negociaes polticas ao confronto militar, de pases como a Rodsia (Zimbbwe), frica Oriental Portuguesa (Moambique), frica Ocidental Portuguesa (Angola), frica do Sul e Nambia.

Conseqentemente, a Organizao de Unidade Africana (OUA) decidiu estabelecer um Comit de Libertao, sediado em Dar Es Salaam e liderado pela Tanznia. No cumprimento de suas responsabilidades como base do Comit de Libertao, a Tanznia reuniu Estados, que se tornaram conhecidos como Estados da Linha de Frente (pases vizinhos aos locais onde havia

resistncia).

Foram os Estados da Linha de Frente e o Comit de Libertao da OUA que assumiram a responsabilidade de mobilizar apoio internacional para movimentos de libertao como Frelimo (Moambique), Zapu e Zanu (Zimbbwe), MPLA (Angola), Swapo (Nambia) e ANC e PAC, na frica do Sul.

Com a independncia de Moambique, Angola e Zimbbue, a liderana dos Estados da Linha de Frente sentiu a necessidade de tratar de questes econmicas na regio.

O presidente da Tanznia, Julius Nyerere, convocou uma reunio consultiva em Arusha, Tanznia, em 1979, para discutir a ideia de uma aliana econmica entre o crescente nmero de Estados da Linha de Frente, visando coordenar e harmonizar suas polticas econmicas.

A reunio contou com a participao dos Estados da Linha de Frente, bem como dos lderes dos movimentos de libertao de pases que ainda no tinham alcanado um governo de maioria.

Aps uma extensiva deliberao sobre a viso do presidente Nyerere, resolveu-se explorar a possibilidade de criar alguma forma de mecanismo regional que examinasse, monitorasse e coordenasse questes de desenvolvimento econmico nos pases independentes da frica Austral.

Esse mecanismo veio a se tornar a Conferncia de Coordenao para o Desenvolvimento da frica Austral (SADCC).

A SADCC foi oficialmente formada em 01 de abril de 1980, seguindo a adopo do Protocolo de Lusaka, e passou a funcionar em Lusaka, Zmbia.

Tornaram-se membros originais da SADCC Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Moambique, Suazilndia, Tanznia, Zmbia e Zimbbwe.

Assim, a SADCC nasceu das experincias positivas de ntima cooperao entre governos e povos da frica Austral em sua luta contra a resistncia colonial e as polticas do apartheid na regio. Fortes laos de

solidariedade surgiram de um sentimento de propsito comum e aco conjunta contra o colonialismo e o racismo.

Aquando da independncia, a maioria desses pases enfrentava pobreza em massa, atraso econmico e ameaa de desestabilizao da frica do Sul na regio.

Dadas essas circunstncias, a necessidade de trabalhar junto tornou-se um imperativo ainda mais urgente e foi vista como um instrumento de sobrevivncia poltica, desenvolvimento econmico e avano social. Esses Estados comearam a explorar reas de interesse mtuo. Isso primeiro se manifestou por meio dos agrupamentos dos Estados da Linha de Frente.

A SADCC tornou-se, em essncia, o brao econmico desses Estados.

O bloco coordenou seus esforos, recursos e estratgias para apoiar movimentos de libertao e, ao mesmo tempo, resistir s agresses do regime de minoria branca na frica do Sul.

Alm disso, a liderana da SADCC estava convencida de que o facto da maioria dos seus pases dependerem economicamente da frica do Sul impedia seu prprio desenvolvimento.

Portanto, buscaram reduzir essa dependncia e adoptar polticas que visassem a integrao das suas economias.

Por outro lado, atravs da SADCC, os pases fundadores procuraram, primeiro, demonstrar os benefcios tangveis do trabalho conjunto e do cultivo de um clima de segurana e confiana entre os Estados membros.

Assim, a SADCC representava uma viso de auto-confiana colectiva.

Foram identificados os seguintes objectivos estratgicos:1. reduzir a dependncia do mundo exterior e, em particular, da frica do Sul;

2. promover a autoconfiana colectiva dos Estados membros;

3. promover e coordenar a cooperao econmica por meio de um projecto e de uma abordagem orientada por sector;

4. promover uma aco conjunta para garantir a compreenso internacional

e seu apoio prtico para a estratgia da SADCC.

De modo a alcanar as prioridades nacionais por meio de uma aco regional, cada Estado membro assumiu a responsabilidade de coordenar um ou mais sectores. Isso envolvia a proposio de polticas, estratgias e prioridades para o sector e processar projectos para a incluso no programa sectorial, monitorando seu progresso e apresentando relatrios ao Conselho Ministerial.

As responsabilidades sectoriais da SADCC eram as seguintes:

Angola comisso de energia;

Botswana pesquisa agrcola, produo de animais e controle de

doenas de animais;

Lesoto meio ambiente, administrao da terra e gua;

Malavi pesca, rea florestal e vida selvagem;

Moambique cultura, informao, desportos, comisso de transportes

e comunicao;

Suazilndia desenvolvimento de recursos humanos;

Tanznia indstria e comrcio;

Zmbia emprego, trabalho e minerao;

Zimbabwe produo agrcola, alimentao, recursos agrcolas e

naturais.

A antiga SADCC promoveu a solidariedade tanto entre os governos quanto entre os povos da regio em vrias esferas da vida.

Com o estabelecimento da democracia e do governo da maioria na frica do Sul, em 1994, o papel dos Estados da Linha de Frente chegou ao fim e a liderana da SADCC passou a enfocar as

questes econmicas.

Para isso, ela foi transformada de uma livre fraternidade de naes de uma mesma regio em uma comunidade econmica.

O objectivo, agora, era desenvolver estratgias e polticas que levassem os Estados da frica Austral a emergir como um bloco econmico.

A Conferncia de Coordenao para o Desenvolvimento da frica Austral (SADCC) deixou de existir e nasceu a Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC).

A Declarao de Windoek e o Tratado de 1992 fortalece o guio apelando a todos os pases e povos da frica Austral no sentido de desenvolverem uma viso de um futuro partilhado, uma viso dentro de comunidade regional.

Partindo das iniciativas globais e continentais, a SADC respondeu com o Plano E