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SEMINÁRIO TEMÁTICO INTERDISCIPLINAR III Sylvia Maria Campos Teixeira Letras Vernáculas . Módulo 3 . Volume 5 Ilhéus . 2012 DISCURSO E ENSINO

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SEMINÁRIO TEMÁTICO INTERDISCIPLINAR III

Sylvia Maria Campos Teixeira

Letras Vernáculas . Módulo 3 . Volume 5

Ilhéus . 2012

DISCURSO E ENSINO

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Universidade Estadual de Santa Cruz

ReitoraProfª. Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

Vice-reitorProf. Evandro Sena Freire

Pró-reitor de GraduaçãoProf. Elias Lins Guimarães

Diretor do Departamento de Letras e ArtesProf. Samuel Leandro Oliveira de Mattos

Ministério daEducação

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Ficha Catalográfica

1ª edição | Março de 2012 | 462 exemplares Copyright by EAD-UAB/UESC

Projeto Gráfico e DiagramaçãoJamile Azevedo de Mattos Chagouri Ocké João Luiz Cardeal Craveiro

CapaSheylla Tomás Silva

Impressão e acabamentoJM Gráfica e Editora

Todos os direitos reservados à EAD-UAB/UESCObra desenvolvida para os cursos de Educação a Distância da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC (Ilhéus-BA)

Campus Soane Nazaré de Andrade - Rodovia Ilhéus-Itabuna, Km 16 - CEP: 45662-000 - Ilhéus-Bahia.www.nead.uesc.br | [email protected] | (73) 3680.5458

Letras Vernáculas | Módulo 3 | Volume 5 - Seminário Temático Interdisciplinar III - discurso e ensino

T266 Teixeira, Sylvia Maria Campos. Seminário temático interdisciplinar III: discurso e ensino / Sylvia Maria Campos Teixeira. – Ilhéus, BA: Editus, 2012. 32p. : il. (Letras Vernáculas – módulo 3 - volume 5 – EAD)

ISBN: 978-85-7455-272-9 1. Análise do discurso. 2. Leitura. I. Título. II. Série. CDD 401.41

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Coordenação UAB – UESCProfª. Drª. Maridalva de Souza Penteado

Coordenação Adjunta UAB – UESCProf. Dr. Paulo Eduardo Ambrósio

Coordenação do Curso de Letras Vernáculas (EAD)Profª. Msc. Eliuse Sousa Silva

Elaboração de ConteúdoProfª. Msc. Sylvia Maria Campos Teixeira

Instrucional DesignProfª. Msc. Marileide dos Santos de Oliveira

Profª. Msc. Cibele Cristina Barbosa CostaProfª. Msc. Cláudia Celeste Lima Costa Menezes

RevisãoProf. Msc. Roberto Santos de Carvalho

Coordenação Fluxo EditorialMsc. Saul Edgardo Mendez Sanchez Filho

EAD . UAB|UESC

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PARA ORIENTAR SEUS ESTUDOS

SAIBA MAIS

Aqui você terá acesso a informações que complementam seus estudos a respeito do tema abordado. São apresentados trechos de textos ou indicações que contribuem para o apro-fundamento de seus estudos.

PARA CONHECER

Aqui você será apresentado a autores e fontes de pesquisa a fim de melhor conhecê-los.

ATENÇÃO

Nos boxes em que há pedido de atenção são apresentadas questões ou conceitos importantes para a elaboração de sua aprendizagem e continuidade dos estudos.

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DISCIPLINA

SEMINÁRIO TEMÁTICO INTERDISCIPLINAR III

discurso e ensino

EMENTAOs discursos em circulação socialmente e a prática escolar de ensino-aprendizagem de língua materna.

Carga horária: 15 horas

Profª. Msc Sylvia Maria Campos Teixeira

OBJETIVOSNeste Seminário, o aluno deverá ser capaz de:a) compreender o valor de uma mensagem e sua

dependência com um determinado contexto;b) desenvolver habilidades de leitura além da localização

de informações no texto e da extrapolação.

SEMINÁRIO: A ANÁLISE DO DISCURSO E O TEXTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

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A AUTORA

Profª. Msc Sylvia Maria Campos Teixeira

Graduada em Direito pela Universidade Federal

Fluminense. Bacharel e Licenciada em Letras (Português-

Francês) pela Universidade Federal Fluminense.

Especialista em Literatura Brasileira pela Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - MG).

Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG - 2000). Desenvolve projeto de

pesquisa, com o apoio da FAPESB. Atua nas seguintes

áreas: Análise do Discurso, Literatura, Estudos Culturais e

de Gêneros, Língua e Literatura Francesa.

E-mail: [email protected]

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Caro(a) Aluno(a),

Você já teve contato com as teorias da Análise do Discurso (AD)

em um módulo anterior. Apropriou-se de conceitos e concepções da

AD e, sem dúvida, pode provocar mudanças em sua prática em sala

de aula, para ampliar em seu aluno as habilidades de compreensão

dos diversos textos que circulam no ambiente escolar.

Neste Módulo, a partir da análise de algumas atividades

apresentadas em Livros Didáticos (LDs) do Ensino Fundamental II,

procuro mostrar as possibilidades de se trabalhar com os diversos

textos, contemplando as condições de produção de discurso. Não há

a intenção de criticar os LDs, isto já é feito em outras instâncias.

São apenas quinze horas, mas, nelas, tentaremos juntos dar

conta de novas perspectivas do ensino-aprendizagem da Língua

Portuguesa; problematizando a relação do leitor com o texto,

explicitando os processos de significação que, nele, estão configurados

e os mecanismos de produção de sentidos que estão funcionando.

Bom trabalho!

Sylvia Maria C. Teixeira

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SUMÁRIO

SEMINÁRIO: A ANÁLISE DO DISCURSO E O TEXTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO DO DISCURSO E ANÁLISE

DISCURSIVA DE TEXTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................15

2 AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO DO DISCURSO ....................15

2.1 Uma perspectiva discursiva de leitura.....................................17

2.2 Análise discursiva de textos didático-pedagógicos..................18

3 CONCLUSÕES ....................................................................................30

ATIVIDADE............................................................................................... 30

RESUMINDO............................................................................................. 30

REFERÊNCIAS........................................................................................... 31

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AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO DO DISCURSO

E ANÁLISE DISCURSIVA DE TEXTOS DIDÁTICO-

PEDAGÓGICOS

SEÇ

ÃO

ÚN

ICA

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

1 INTRODUÇÃO

Inicialmente, vamos rever as concepções sobre condições sociais de produção do discurso. Em seguida, ler e compreender alguns textos, o que permitirá uma prática mais proficiente com a linguagem em sala de aula.

2 AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO DO DISCURSO

As teorias sobre leitura estão centradas em diversas perspectivas: processo de decodificação, processo interativo e processo discursivo. Para Kato (1985) e Kleiman (1989; 2004), o bom leitor é quem compreende o texto a partir das pegadas deixadas pelo autor, colocando em destaque a importância do conhecimento prévio, armazenado em forma de scripts e esquemas. Assim, dentro desta perspectiva, o leitor não é apenas um receptor, ele tem um papel ativo, uma vez que para construir o sentido do texto tem de interligar as pegadas deixadas pelo autor ao seu conhecimento prévio. Portanto a leitura é um processo interativo, pois advém da interação do leitor e do autor, mediatizada pelo texto.

A leitura aqui proposta leva em conta o processo discursivo. Esta leitura nos oferece a possibilidade de construção das posições dos leitores e a produção de sentido a partir dessas posições. Lembro de que, mesmo ocupando posições diferentes no discurso pedagógico, professor e aluno são interpretantes. E é disto que se nutre a aula de Língua Portuguesa: em um contínuo processo de construção e reconstrução dos sentidos.

Módulo 3 I Volume 5 15UESC

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Quando Pêcheux (1995) mudou o questionamento, em vez de procurar saber o que um texto queria dizer, perguntou: como esse texto funciona? Com essa indagação deslocou o funcionamento do texto do integralmente linguístico e estabeleceu a teoria do discurso como um modo em que se dá a historicidade dos processos semânticos. Ora, nessa perspectiva, o objeto da AD ultrapassa os limites da frase, do texto e da enunciação, localizando-se na instância do discurso, espaço de onde emergem as significações. Concebendo, assim, o discurso como efeito de sentidos entre locutores (energeia), Pêcheux o situa no campo das relações entre a linguagem, a história e a ideologia, buscando compreender os processos de construção de sentido de sujeitos marcados social e historicamente.

Assim, dentro da perspectiva discursiva, leitura e escrita não são processos independentes de suas condições de produção, elas estão intimamente ligadas, isto é, os sentidos têm sua história e o texto tem relação com outros textos, pois como afirma Orlandi:

Na escola, a colocação das leituras previstas (possíveis e/ou razoáveis) por um texto escamoteiam (sic), em geral, o fato de que se dá uma leitu-ra prevista para ele, como se o tex-to, por si, a suscitasse inteiramente. Exclui-se, dessa forma, qualquer relação do texto, e do leitor, com o contexto histórico-social, cultural, ideológico (1996, p.44).

Cabe a nós, professores, buscarmos caminhos para podermos atuar numa sociedade de múltiplas linguagens – oralidade, escrita, música, cinema, televisão, computador, anúncios publicitários,

Figura.1.1.-.Michel.Pêcheux..Fonte:.Laboratório.de.Estudos.Urbanos.<http://www.labeurb.unicamp.br/portal/pages/home/lerArtigo.

lab?id=48&cedu=1>.

Michel Pêcheux - (1938-1983): é considerado uma das figuras mais impor-tantes da Análise do Dis-curso Francesa.. Através.do. confronto. do. político.com.o.simbólico,.a.Análise.de. Discurso,. que. ele. pro-põe,. coloca. questões. para.a.Linguística. interrogando-a. pela. historicidade. que.esta. exclui,. assim. como.ela. questiona. as. Ciências.Sociais. pela. transparência.da.linguagem.sobre.a.qual.elas. se. constroem.. Elabo-rou.uma. teoria.não.subje-tiva.de.sujeito.e.sustenta.a.análise. na. relação. do. real.da.língua.e.no.real.da.his-tória.

para conhecer

16 EADLetras Vernáculas

Seminário temático interdisciplinar III - discurso e ensino

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

hipertexto etc. –, formando cidadãos propositivos, capazes de selecionar, articular informações e construir conhecimento, não apenas para reconhecer criticamente a realidade, mas propor soluções para os velhos problemas.

Assim, através da leitura de diversos textos, procuraremos problematizar a relação do leitor com o texto, explicitar os processos de significação que, nele, estão configurados e os mecanismos de produção de sentidos que estão funcionando. Pois

A contribuição do professor, em rela-ção às leituras previstas para um texto, é modificar as condições de produção de leituras do aluno, dando oportunidade a que ele construa sua história de leituras e estabelecendo, quando necessário, as re-lações intertextuais, resgatando a histó-ria dos sentidos do texto, sem obstruir o curso da história (futura) desses sentidos (ORLANDI, 1996, p. 88).

2.1 Uma perspectiva discursiva de leitura

Pêcheux (1997) elaborou um quadro representativo, fundado na teoria materialista da discursividade, que permite compreender as condições históricas de produção e circulação do discurso e os transbordamentos ideológicos dos sentidos; e, nele, reconheceu não a presença física de seres humanos, mas sim, a representação deles em lugares determinados no âmbito da formação discursiva.

Aqui, apresentamos o quadro de forma resumida:

Um locutor: aquele que diz, tem uma posição sócio-histórica (posição de pai, de professor, de amigo, de sacerdote etc.).

Um alocutário: aquele para quem se diz o que se tem a dizer, tem uma posição sócio-histórica.

Módulo 3 I Volume 5 17UESC

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Um referente: o que dizer, sempre determinado pelos sistemas semânticos de coerência e de restrições.

Uma forma de dizer: é preciso que se escolham as estratégias para se dizer.

Um contexto em sentido estrito: as circunstâncias imediatas – o aqui e o agora do ato de discurso.

Um contexto em sentido lato: as determinações sócio-históricas, ideológicas, o quadro das instituições em que o discurso é produzido – a família, a escola, a igreja, o sindicato, a política, a informação etc.

Escolhi três textos – um conto infantil, uma propaganda e uma tira de quadrinhos – que, para uma leitura discursiva, eu e você vamos nos inscrever num campo teórico que trabalha com a linguagem ligada à produção de sentidos e à história, dos sujeitos e do dizer.

2.2 Análise discursiva de textos didático-

pedagógicos

Na análise, temos de levar em conta o caráter multifacetado, dinâmico e interativo da linguagem. Como é feito nos LDs, não podemos nos limitar a propor questões de localização de informações e de gramática. Devemos enfatizar atividades que levem o aluno a raciocinar, a inferir, isto é, a construir o sentido global do texto; descobrindo os efeitos de sentido produzidos pelos parceiros (locutor / alocutário) em uma determinada situação de comunicação. Também temos de considerar os elementos não verbais como cores, imagens, os balões das Histórias em Quadrinhos etc.

Primeiro, é preciso verificar o suporte em que foi publicado o texto:

18 EADLetras Vernáculas

Seminário temático interdisciplinar III - discurso e ensino

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

• jornal ou revista de informação (Folha de São Paulo, A Tarde, Veja, Época, IstoÉ, Piauí etc.);

• jornal televisivo (telejornais: JN, SBT, Jornal Hoje etc.);

• revistas femininas (Corpo, Marie-Claire, Caras, Manequim, Cláudia etc.);

• Internet (linguagem de sites, linguagem de correio eletrônico, chats etc.);

• publicidade (de rua – cartazes, painéis; de revista; de campanha eleitoral; de jornal...);

• rádio;• livro;• romance etc.

Depois, questionar o perfil do público-alvo, ou seja, buscar responder as seguintes perguntas:

• Qual seria o perfil do público-alvo do projeto de comunicação analisado?

• Público feminino ou masculino? Adultos, crianças ou adolescentes?

• Consumidor de produto, de informação ou de diversão?

• Qual o perfil social: classes média, pobre ou alta?

• Público muito escolarizado? Pouco escolarizado? Ou formação escolar é indiferente?

• É possível identificar preferências, gostos e posicionamentos (ideologias) do público-alvo que a instância de produção do produto ou da informação ou do serviço estaria satisfazendo?

Módulo 3 I Volume 5 19UESC

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TEXTO 1

Figura.1.2.–.Publicidade.Sandálias.Melissa.“Contos.de.Melissa”..Fonte:.<http://sandaliamelissa.net/tag/campanha-melissa/>.

O.mais.intrigante.da.notícia.é.a.chamada;.o.título.da.notícia,.no.caso.dela.ser.impressa.ou.a.chamada.principal,.no.caso.dela.ser.no.rádio.ou.televisão.é.o.que.determina.praticamente.o.interesse.do.expectador.ou.leitor.Na.internet.rola.todo.tipo.de.e-mail.e.este.em.especial,.que.me.foi.enviado.pelo.agente.de.viagens.Magno.Esteves,.de.Belo.Horizonte,.no.meu. ver,. é. um.dos.melhores.. Vejam.as. diversas. formas. de.noticiar.a.história.da.Chapeuzinho.Vermelho.na.imprensa.brasileira:

Chapeuzinho Vermelho e a imprensa do Brasil

Se.a.história.da.Chapeuzinho.Vermelho.fosse.verdade,.como.ela.

seria.contada.na.imprensa.no.Brasil?.Veja.as.diferentes.maneiras.

de.contar.a.mesma.história.

Jornal Nacional

(William Bonner): ‘Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem… ’ (Fátima Bernardes): ‘… mas a atuação de um caçador evitou a tragédia.’

20 EADLetras Vernáculas

Seminário temático interdisciplinar III - discurso e ensino

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

Programa da Hebe

‘…que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo queridinha? Depois eu quero um selinho, tá bom amor?’

Cidade Alerta

(Datena): ‘… onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não! Alô Presidente Lula! Pelo Amor de Deus, Presidente! Vamos tomar uma providência![...]

Discovery Channel

Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver. Revista Veja

Lula sabia das intenções do Lobo. Revista Cláudia

Como chegar à casa da vovozinha usando GPS sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.[...] Revista Superinteressante

Lobo Mau: mito ou verdade?[...]

Folha de São Paulo

Legenda da foto: ‘Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador’. Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos

Módulo 3 I Volume 5 21UESC

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alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador. O Estado de São Paulo

Lobo que devorou menina seria filiado ao PT.

O Globo

Petrobrás apóia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente e Fome Zero vai doar cestas básicas para as alcatéias. O Dia

Lenhador desempregado tem dia de herói.

Extra (RJ) e Aqui (Belo Horizonte)

Promoção do mês: junte 20 selos mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho![...] O Povo

Sangue e tragédia na casa da vovó. www.irregular.com.br

O lobo é um homicida duplamente qualificado e só não teve seu julgamento apreciado pela Justiça porque o lenhador matou-lhe a tempo. Sorte a dele de não cair nas imundas masmorras brasileiras. E.assim.são.algumas.das.notícias.mais.interessantes.que.veiculam.na.imprensa.do.Brasil!...

Fonte:.Carlos.Henrique.Mascarenhas.Pires..Disponível.em:.http://jornalismoantenado.blogspot.com/2009/11/historia-da-chapeuzinho-vermelho.html...Acesso.em:.07.mar..2012.Imperador Dom Henrique IPublicado.no.Recanto.das.Letras.em.28/05/2009..Código.do.texto:.T1619617.

22 EADLetras Vernáculas

Seminário temático interdisciplinar III - discurso e ensino

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

O texto 1 foi publicado em um site da Internet – Recanto das Letras -, onde qualquer um publica sua produção, podendo ser poesia, crônica, pensamento, trova etc. Não se discute a qualidade dos textos!

O locutor se esconde por trás de um pseudônimo “Imperador Dom Henrique I”, cujo título nos faz pensar em alguém que se sente numa escala superior aos outros sujeitos. Além de se esconder sob um pseudônimo, não assume o discurso, pois afirma que “me foi enviado pelo agente de viagens Magno Esteves, de Belo Horizonte”. O público-alvo é indiferente: os alocutários são os internautas, e não importa o sexo, a idade ou o grau de escolaridade.

O relato é sobre o conhecido conto de fadas sobre Chapeuzinho Vermelho. Em quase todas as versões do conto, a atitude de Chapeuzinho é de ingenuidade e a do lobo de maldade e de astúcia. Entretanto, neste texto, a descaracterização desta dicotomia ocorre desde a imagem 1: Chapeuzinho veste um short e está sorrindo na garupa da moto do lobo. É uma Chapeuzinho muito diferente!

Continuando a leitura do texto, esta remete não para o conto em si, mas para discussão de como seria elaborada a notícia do fato pela mídia impressa e televisiva. De forma irônica!

Preste atenção na primeira notícia... Ela é dada pela TV Globo, no Jornal Nacional, pelo tão conhecido casal de apresentadores. Há a simulação do diálogo dos apresentadores, como se fosse uma conversa sóbria no seio familiar, não é feito nenhum alarde. A notícia tem credibilidade, pois a instância de produção a adquiriu no decorrer dos anos; e os apresentadores criam uma empatia tão grande com os telespectadores que, segundo a grande maioria, há uma resposta ao “boa noite” dado por eles (CHARAUDEAU, 2006).

Faça agora uma análise das outras notícias. Garanto-

As. variações. de. horário.entre. os. diversos. tele-jornais.indicam.os.públi-cos-alvos. perseguidos..Os.da.manhã.pretendem.tomar. o. breakfast. com.quem.não.tem.que.che-gar. muito. cedo. ao. tra-balho..Costumam.tentar.produzir.um.clima.infor-mal. -.mantendo.as. for-malidades.habituais.-.de.uma.conversa.pessoal.e,.ao.mesmo.tempo,.fami-liar.com.o.tele-audiente..Os.do.início.da.tarde.pa-recem.revistas.de.varie-dades,. comentando. al-guns.assuntos.nacionais.e. internacionais. pau-tados. para. o. dia,. mas.centrando.em.comentá-rios. leves. e. no. noticiá-rio. cultural. e. esportivo,.visando.o.público.jovem.e.as.donas.de. casa..Os.do.horário.nobre.são.os.mais. universais,. vistos.pela. maioria,. e. têm. o.formato. mais. acabado.dos. telejornais.que.aju-dam.a.construir.os.mo-dos. de. ver. o. Brasil. e. o.mundo.. Veiculam.o. que.é. compartilhado. pela.maioria. dos. brasileiros.ou.o.que.se.deseja.que.a.população.acredite..Os.que. passam. próximo. à.meia-noite. destinam-se.a.um.público.de.elite.que.pode.ficar. acordado.até.tarde,. devido. à. nature-za.de.suas.ocupações,.e.que.está.interessado.em.uma.imprensa.mais.opi-nativa.e.em.comentários.de.maior.profundidade..FONTE:. LOPES,. Luís.Carlos.. Disponível. em:.<http://www.ucm.es/info/especulo/nume-ro31/telejorn.html>....

você sabia?

Módulo 3 I Volume 5 23UESC

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lhe que é muito prazeroso e seus alunos gostarão. Inclusive você pode sugerir que eles escrevam como a notícia seria dada por outros meios midiáticos, que eles conheçam ou tenham acesso.

para recordar

O.sujeito.de.um.enunciado.é.um.lugar.determinado.e.vazio.que.pode.ser.ocupado.por. indivíduos.diferentes..Uma.mesma.fra-se.pronunciada.por.duas.pessoas.diferentes.(mesma.FD).pode.constituir.um.mesmo.enunciado..Isso.quer.dizer.que.um.mes-mo.enunciado.suporta.enunciações.diferentes.Para. Foucault. (1995),. o. sujeito. do.discurso. é. sempre. a. rede.dispersa.e.descontínua.de.locais.distintos.de.ação;.jamais.é.o.conhecedor.transcendental.e.controlador..Essa.subjetividade.é.caracterizada.pela.dispersão.do.sujeito,.isto.é,.das.possíveis.po-sições.de.serem.assumidas.pelo.sujeito.no.discurso..Em.última.análise,.de.acordo.com.Henry,.“o.sujeito.de.Foucault.é.o.sujeito.da.‘ordem.do.discurso’”.(1993,.p..33).

lembrete

•. Esses.sistemas.de.representações,.de.normas,.de.regras.e.preceitos,.que.procuram.não.só.explicar.a.realidade.como.regular.o.comportamento.dos.homens,.são.as.formações ideológicas.

•. As. formações ideológicas. são. sistemas. sociais,. susten-tam-se.graças.às.instituições,.como.escola,.família,.religião,.e.graças.aos.meios.de.comunicação.de.massa..

•. As. formações ideológicas. são. sistemas,. internalizados.como.verdades.universais.e.não.como.crenças.criadas.pelo.homem,.representam.interesses.políticos.e.econômicos.do-minantes.em.uma.época.

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

TEXTO 2

Figura 1.3 - Propaganda Sabão em Pó Ariel. Fonte: <http://mundocriativolanny.blogspot.com/2011/06/propaganda-inusitada-do-sabao-em-po.html>.

A propaganda nos bombardeia por todos os lugares: na televisão, nas revistas, nos outdoors, na Internet, na rua. Por que não trabalhar uma peça publicitária em sala de aula? Não apenas para exercícios gramaticais... Mas mostrar como ela seduz esteticamente, apoiada em três elementos: palavra, imagem e som, que se imbricam ou participam isoladamente ou em combinações singulares. Segundo Casa Nova (1996, p. 70),

A relação entre ser e parecer é questão radi-cal para a venda (êxito) do produto anun-ciado. Aquele que faz o anúncio deseja que seus leitores acreditem que ele diz a ver-dade e que está ligado a uma determinada realidade social em que vive o leitor.

Ora, para tornar a persuasão verossímil, as agências de publicidade pesquisam hábitos, lazer, alimentação, rituais

Módulo 3 I Volume 5 25UESC

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sociais e/ou religiosos, expectativas sociais e pessoais, autoimagem etc. Fale com seus alunos sobre métodos de sedução da propaganda que variam conforme o produto e conforme a idade, o sexo e a classe social, levando também em conta o universo de crenças de determinada comunidade.

O texto 2 refere-se à propaganda do sabão em pó ARIEL. O tema é a superioridade, em matéria de lavagem/limpeza, do sabão ARIEL sobre os outros da mesma linha. Numa situação em que é possível o consumidor se utilizar das “magias” de outra marca qualquer, é essencial que o anunciante lhe ofereça excelentes razões para que venha a comprar o sabão anunciado.

A composição do anúncio integra o jogo das variáveis visuais da imagem (forma, cor). O anúncio é montado em cores suaves, em um supermercado, onde duas donas de casa comuns fazem suas compras. São mulheres na faixa dos trinta anos, com roupas do dia a dia, não há o mínimo traço de sensualidade. Nas prateleiras, entre frutas, verduras e legumes, veem-se camisas masculinas, também em tons suaves, limpas e bem passadas.

Explique aos alunos a sutileza da publicidade: o nome do sabão aparece em etiquetas no plástico das camisas e no quadro central.

Desperta interesse, porque lembra as obrigações de toda dona de casa e fixa a imagem/discurso das representações ideológicas e estereotipadas sobre o lugar da mulher e sua construção identitária. Esse anúncio reflete fielmente o fato de que as mulheres, mesmo sendo recebidas no mercado de trabalho, nem por isso deixam de ser consideradas responsáveis pelo grosso dos afazeres domésticos. Assim, corrobora, reafirma e reproduz o discurso secular sobre a subordinação da mulher, “pregado pela Igreja, ensinado por médicos e juristas, legitimado pelo Estado e divulgado pela imprensa.” (MALUF; MOTT, 1998, p.374).

Através deste exercício, você estará ensinando a seu aluno não a decodificação da língua, mas a descobrir os

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

efeitos de sentido, a partir das escolhas imagéticas de um locutor com objetivos definidos, dentro de um contrato de comunicação em determinado contexto histórico-social.

Figura.1.4..Fonte:.Soulages,.1996,.p..146.

CONTRATO DE COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA

TEXTO 3

Quem não conhece Garfield? Preguiçoso, rabugento, malandro, enfim, várias palavras podem descrever o felino, que sempre foi muito bem visto por pessoas em todas as faixas etárias. Dotado de um humor irônico e planos engenhosos para literalmente não fazer nada.

Suas tirinhas estão presentes em todos os LDs. Contudo, em geral, elas são aproveitadas para explicações

Figura.1.5..Fonte:.<http://www.saberebomdemais.com/humor-tirinha-do-garfield-2/>.

Módulo 3 I Volume 5 27UESC

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semânticas, sintáticas, sem que se leve em conta as possíveis interpretações que delas decorrem.

O texto 3 é um discurso e pode ser analisado como junção de dois planos: o do conteúdo e o da expressão. Assim, temos:• Conteúdo “ vozes em diálogo.• Expressão “ integração do verbal e do visual numa única

enunciação.

Na tira, há a preguiça de Garfield diante da provocação do rato, correndo de um lado para o outro, a sua frente. Igualmente se vê a indiferença do gato diante da pergunta do homem: “Você não teria mais chances de pegar o rato se você fosse correr atrás dele?”

A absoluta imobilidade do gato nos três quadros é negada pela rápida resposta “pensada” por ele, firmando a imagem de Garfield como um sujeito esperto, dotado de inteligência tão célere e tão rápida, que lhe dá o direito de poder e saber debochar do homem. O gato é, então, o destinatário que não partilha com o locutor os valores da importância do trabalho, da necessidade do exercício físico, da obrigação de se sentir útil etc. A resposta do gato desconstrói a ordem prevista, isto é, a ideologia de que a preguiça é algo desprezível.

Também entra em conflito com formações ideológicas que preconizam sobre a necessidade do trabalho como uma imposição divina:

No suor de teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra [...] (Ge, 1, 19).

Garfield assume sua preguiça tranquilamente e vence o embate conversacional com o homem.

Sugiro que leve seus alunos a uma produção textual no gênero história em quadrinhos, o que eles farão criativamente. Explique a eles os diversos tipos de balões.

lembrete

Enunciação –.toda.vez.que. um. conjunto. de.signos.é.emitido.–.cada.uma. dessas. emissões.tem.sua.individualidade.espaço-temporal..Duas.pessoas. podem. dizer,.ao. mesmo. tempo,. a.mesma. coisa,. porém,.já. que. são. duas,. ha-verá. duas. enunciações.distintas.. Um. único. e.mesmo. sujeito. pode.repetir. várias. vezes. a.mesma. coisa,. haverá.um.número.distinto.de.enunciações. no. tempo.e.no.espaço..A.enuncia-ção.é.um.acontecimen-to. que. não. se. repete,.tem.uma.singularidade.situada. e. datada. que.não. se. pode. reduzir.(FOUCAULT,.1995).

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As condições sociais de produção do discurso e análise discursiva de textos didático-pedagógicos

Você encontrará em muitos sites exemplos de balões, que poderá estudar com seus alunos, mostrando as diversas significações deles.

<http://www.divertudo.com.br/quadrinhos/quadrinhos-txt.html>;.

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=6799>;.

<http://wiki.laptop.org/go/Atividade:_Hist%C3%B3ria_em_Quadrinhos>;.

<http://jornale.com.br/esquadrinhando/2009/04/22/caracteristicas-dos-quadrinhos-baloes-parte-2/>..

Há.muitos.outros.sites....Pesquise!

sites

GLOSSÁRIO.DE.TERMOS.DA.ANÁLISE.DO.DISCURSO..Disponível.em:.<http://www.discurso.ufrgs.br/glossario.html>..

FERREIRA,.Maria.Cristina.Leandro..O quadro atual da Análise de Discurso no Brasil..Disponível.em:.<http://w3.ufsm.br/re-vistaletras/artigos_r27/revista27_3.pdf>..

MAINGUENEAU,.Dominique..Novas Tendências em Análise do Discurso..2..ed..Tradução.de.Freda.Indursky..Campinas:.Pon-tes;.UNICAMP,.1993.

MAINGUENEAU,.Dominique..Análise de Textos de Comunica-ção..Tradução.de.Cecília.P..de.Souza-e-Silva;.Décio.Rocha..São.Paulo:.Cortez,.2001..

MAINGUENEAU,.Dominique..Análise.do.Discurso:.uma.entrevista.com.Dominique.Maingueneau..Revista Virtual de Estudos da Linguagem.-ReVEL..Vol..4,.n..6,.março.de.2006..Tradução.de.Gabriel.de.Ávila.Othero...Disponível.em:.<www.revel.inf.br>.

ORLANDI,.Eni..Análise de discurso:.Princípios.e.Procedimen-tos..Campinas:.Pontes,.1999.

<http://letrasuspdownload.wordpress.com/category/domini-que-maingueneau/>

<http://www.cpelin.org/estudosdalinguagem/n1jun2005/arti-gos/orlandi.pdf>

leitura recomendada

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3 CONCLUSÕES

Fiz apenas algumas análises e tentei mostrar como os diversos gêneros do discurso, se levados para a sala de aula, tornarão as aulas de Língua Portuguesa mais próximas da realidade do aluno, no que diz respeito à leitura de mundo e de produção textual. Procure discutir com seus alunos sobre as atitudes dos personagens, levando-os a refletir sobre os sentidos do texto em seu posicionamento dentro de uma formação ideológica, isto é, considerando os contextos histórico-sociais em que foram produzidos os diversos textos, e suas finalidades comunicativas.

ATIVIDADE

Organize uma aula e/ou oficina para uma turma do Ensino Fundamental II. Explore os níveis de compreensão, o desenvolvimento de estratégias de leitura e a produção de sentidos e os elementos não verbais como imagens, diferentes estilos das fontes.

Em seguida, discuta com o(a) tutor(a) e seus colegas os pontos que você abordou e quais outros poderiam ter sido estudados.

RESUMINDO

Neste Seminário, você estudou novas possibilidades de análise de textos, utilizando a Análise do Discurso, de orientação francesa.

ATIVIDADE

RESUMINDO

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REFERÊNCIAS.

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CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. Tradução de Angela M. S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2006.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

HENRY, Paul. Os fundamentos teóricos da ‘Análise do discurso’ de Michel Pêcheux (1969). In: GADET, Françoise e HAK, Tony (Orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 2. ed. Trad. Bethania S. Mariani et al. Campinas: UNICAMP, 1990. p. 13-38.

KATO, Mary. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

KLEIMAN, Ângela. Texto-leitor: aspectos cognitivos da leitura. São Paulo: Pontes, 1989.

KLEIMAN, Ângela. Abordagens da Leitura. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 7, n. 14, p. 13-22, 1º sem 2004. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/16644930/KLEIMANABAbordagensdaleitura>.

MALUF, Marina; MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do Mundo Feminino. In: SEVCENKO, Nicolau (Org.). História da Vida Privada no Brasil – República: da Belle époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. Vol. 3.

REFERÊNCIAS

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ORLANDI, Eni. Discurso e Leitura. 3. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995.

PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD-69). Tradução de E. P. Orlandi. In: GADET, F.; HAK, T. Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de M. Pêcheux. Campinas: Editora da Unicamp, 1993, p. 61-105.

PÊCHEUX, Michel. A Análise do Discurso: três épocas. Tradução de J. de A. Romualdo. In: GADET, F.; HAK. T. Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da Unicamp, 1997, p. 311-320.

SOULAGES, Jean-Claude. Discurso e Mensagens Publicitárias. In: CARNEIRO, Agostinho Dias (Org.). O discurso da mídia. Tradução de Maria Luiza Ramiarina; Laís Vilanova. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1996. p. 142-154.

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Suas anotações

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