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OS LIMITES DO MINISTÉRIO PASTORAL Por Elthom Wagner Leão de Sá SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO SUL DO BRASIL 2006

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OS LIMITES DO MINISTÉRIO PASTORAL

Por Elthom Wagner Leão de Sá

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO SUL DO BRASIL 2006

OS LIMITES DO MINISTÉRIO PASTORAL: ENTRE O RITUAL RELIGIOSO E A DEVOÇÃO ESPIRITUAL,

ENTRE O AMOR INSTITUCIONAL E O FAMILIAR

Por Elthom Wagner Leão de Sá

Monografia apresentada ao curso de Bacharel em Teologia da Faculdade Batista do Rio de Janeiro do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil.

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO SUL DO BRASIL 2006

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO SUL DO BRASIL

OS LIMITES DO MINISTÉRIO PASTORAL: ENTRE O RITUAL RELIGIOSO E A DEVOÇÃO ESPIRITUAL,

ENTRE O AMOR INSTITUCIONAL E O FAMILIAR

_______________________________________________ Autor: Elthom Wagner Leão de Sá

_______________________________________________ Orientador de Conteúdo: Prof. Ms. Ronald Rutter

_______________________________________________ Orientadora de Forma: Profª. Maria Celeste de Castro Machado

Aprovada em ____/____/____

Rio de Janeiro – 2006

iii

A Deus, por não desistir de mim – nunca! A Susanne, a noiva mais linda e companheira nos momentos difíceis.

A Minha Família, por fazer dos meus sonhos a continuação dos seus.

Aos Mestres Maria Celeste pela empolgação e estimulo quando pensava em desistir e Ronald Rutter por ensinar a respirar e transpirar Deus.

iv

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1

2 DEFINIÇÃO DE MINISTÉRIO PASTORAL............................................. 8

2.1 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA FAMILIAR................. 8

2.2 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA ECLESIÁSTICA......... 9

2.3 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA BÍBLICA..................... 11

3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO MINÍSTRO............................... 18

3.1 NO ÂMBITO FAMILIAR............................................................................. 18

3.2 NO ÂMBITO ECLESIÁSTICO................................................................... 21

4 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS FAMILIARES....................... 25

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................. 32

5.1 AO PASTOR............................................................................................. 32

5.2 À FAMÍLIA................................................................................................ 37

5.2.1 À Esposa.................................................................................................. 37

5.2.2 Aos Filhos................................................................................................. 38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 43

ANEXOS.................................................................................................. 45

RESUMO................................................................................................. 46

v

1 INTRODUÇÃO

Quais são os efeitos de um ministério pastoral não conciliado com a própria

família? No ministério eclesiástico, o que a igreja espera de seu pastor é que ele

cumpra com aquilo que fora chamado a fazer. O salário é pago para a realização de

diversas atividades da qual a congregação e outros necessitam, influenciando

radicalmente e, espera-se, positivamente, a vida de muitos. Dentre tantas, podemos

incluir visitas a enfermos, estar diariamente à disposição da congregação e dos

problemas que cercam sua comunidade.

Não menos importante, destaca-se a expectativa criada de que o pastor traga

uma palavra vinda de Deus para as pessoas que estão sedentas espiritualmente,

aguardando serem nutridas à semelhança de um filhote que recebe sua comida na

boca por seus pais.

Além da igreja local, é função do ministro cuidar com muito zelo de sua

família, que em muitos casos é parte do seu rebanho também. Alguns detalhes em

sua casa e igreja exigem maior cuidado para que um problema no ministério não

seja a destruição do seu lar. É preciso separar o que é da igreja, o que é de casa e o

que é de ambos.

Em uma análise da tarefa integral do ministro, embora superficial, tudo que foi

citado ainda pode ser considerado apenas parte dela. Uma demonstração disto

pode-se colocar como o dever do pastor de treinar a igreja a sentir e saber o que é

adorar. A princípio parece algo natural e simples, que com um discurso bem

elaborado consegue-se fazer o rebanho entender o que seja adoração fazendo um

momento maior de cânticos nos cultos. Mas, isso somente não é adoração.

Adoração passa além de um momento de louvor nas igrejas, é um estilo de

vida. Ensinar isso para igreja exige que o pastor tenha uma postura de vida igual ao

do seu discurso, pois não se ensina estilo de vida sem tê-lo. O pastor tem uma

posição de destaque em relação à congregação. Se o discurso estiver distante da

prática, todo ele não passa de teoria e não terá credibilidade alguma.

Isso significa que para ensinar um estilo de vida de adoração profunda com

Deus, o pastor precisa ter uma vida devocional e estruturada. Essa intimidade será

de maneira tal que ele enxergue o que Deus tem para ele e para sua comunidade

mesmo tendo que enfrentar dificuldades e barreiras que parecem intransponíveis.

Essas barreiras não querem dizer necessariamente uma derrota no ministério, mas

crescimento e influência.

As pessoas querem enxergar no cotidiano dele aquilo que tem sido pregado,

pois o consideram representante legítimo de Deus na terra, diante da igreja, da

comunidade. Sua imagem deve ser cuidada com muito zelo, preservando a si

mesmo para que não digam aquilo que não é, e se disserem algo para difamá-lo

seria fácil provar a verdade. O cuidado precisa ser constante. Seus procedimentos,

seus discursos formais e informais, os lugares aonde vai, suas companhias podem

decidir seu trabalho e influência naquela igreja, na cidade, no estado ou no país.

Por isso, cabe ao ministro vigiar e orar para que sua vida seja irrepreensível,

de forma que não se tenha suspeita alguma sobre ele. Com tanta responsabilidade e

com as exigências vindas por parte da comunidade e da família, o pastor tem de se

esforçar para que seu rendimento, seu desempenho, e sua relação com Deus e com

seus próximos não caiam numa rotina e virem algo sem foco, sem objetivo ou

mesmo mecânico e falso.

Aos líderes e ministros que se sentem ameaçados, desesperados diante da

pressão de produzir algo nos prazos esperados, ou que não estiverem em

progressiva devoção em seu coração, não se deixem cair em desespero, mas

deixem a tranqüilidade e orientação de Deus influenciar e reinar em suas vidas. O

relacionamento com Deus e com seus familiares, seus próximos, pode ser de

grande eficácia na solução desses problemas.

Além de todas estas responsabilidades do pastor e de algumas familiares á

citadas, temos de destacar outras ainda muito importantes que cabe a administração

de sua vida pessoal.

A primeira grande tarefa - e talvez a principal antes de qualquer outra função

no ministério - é a de escolher dentre as mais diferentes e perfeitas criações de

Deus, a sua companheira. Uma escolha errada pode “afundar” um trabalho que

venha se desenvolvendo por longos anos, ou simplesmente destruir sua vida

pessoal (o que também é uma tragédia).

O ministério de muitos sinceros e jovens homens tem sido arruinado por

causa de uma escolha errada de sua companhia. É preciso que ela tenha algum tipo

de chamado, mesmo que não seja pastoral, mas ela precisa ser comprometida com

o Senhor. Se ela não é comprometida com a obra de Deus e não vive uma vida de

palavra, experiências e verdades, ela pode destruir a saúde mental e espiritual do

pastor, assim como sua influencia de vida cristã. O risco que se corre chega a

proporções de se ter que abandonar o ministério por causa de problemas familiares,

ou abandonar a própria família por causa do ministério. Certamente essas

dificuldades poderiam ser evitadas na vida de um pastor tendo a ajuda e certeza de

Deus na escolha de sua esposa.

As famílias ainda têm problemas conseqüentes do tempo histórico em que

vivem. O pano de fundo da atualidade sofre com influências erradas como egoísmo

e sociedade individualista, tendendo com que o imediato pregado invada os lares e

os relacionamentos, fazendo com que as bases das igrejas sejam destruídas.

Isto aflige o ministro da igreja com “peso duplo”. Tendo que dar o suporte

necessário para sua família, de maneira que esta não se desestruture e não sofra

influências corrosivas a vida familiar, ainda tem que dar assistência à sua

comunidade que além de diversos problemas, tem ainda esses e outros que são

idênticos aos de sua família. Como uma máquina que suga e nunca pára, o pastor,

precisa de tempo suficiente para resolver os problemas que estão presentes em sua

casa, em sua igreja, e se não tiver a sabedoria necessária, um dos dois lados

precisará de mais assistência, e o perigo de não encontrá-la na medida correta é

que esses problemas desestruturem todo um cuidado e estrutura já organizada.

Uma importante observação é que os filhos de pastor, assim como a já citada

esposa têm que ser sempre exemplos onde quer que estejam, atentos às suas

responsabilidades familiares diante de outros. Precisam estar atentos àquilo que seu

pai ou marido necessitam, ajudando-os nas dificuldades e mostrando aquilo que

porventura não estejam enxergando.

Já citando a importância da esposa, destaca-se agora a importância e papel

do filho de pastor. Esses não têm uma vida normal, como qualquer outra criança,

pelo simples fato de ter o pai ministro da igreja. Se difícil é entender isso quando

criança, importante é compreender essa verdade quando jovem. Transfere-se a

responsabilidade do pai para o filho.

A tarefa de educar filhos é uma complicada tarefa em qualquer ambiente e

para qualquer casal. Quando se trata do pastor e sua esposa, torna-se muito mais,

uma vez que sua família vive numa vitrine, é espelho, está sempre sendo

observada.

Outra dificuldade encontrada pelo pastor e sua família é a da tendência do

casal trabalhar para sustentar o lar, diante da modernidade e da necessidade

financeira. Dessa maneira, a transferência da responsabilidade da criação dos filhos

para uma organização, instituição ou membros da família é cada vez mais normal.

Essa realidade, porém, não tem base na Palavra de Deus e precisa de uma especial

atenção dos pais e responsáveis pelos filhos, uma vez que devem ensiná-los

verdades conforme as Escrituras Sagradas e que é de grande importância à

participação dos pais nessa e em outras tão importantes fases da criança. Muitas

outras conseqüências são reais e possíveis a qualquer família que está diante dessa

realidade, de maneira que a educação dos filhos está parcialmente comprometida.

É muito importante ter em mente que filho de pastor não é um cristão, até ele

confessar Jesus Cristo com sua própria boca. Muitas vezes observam-se pais que

agem com o filho como se ele já fosse salvo, tivesse feito uma escolha e definido em

questões religiosas e não se lembram de ensiná-los o caminho em que devem

andar. O problema é que os pais ensinam para os filhos um evangelho pesado,

formal, como se fosse um fardo a ser carregado. Não transmitem o prazer que é

servir ao Deus Todo-Poderoso, e não oferecem outra opção de vida, “obrigando” os

filhos a seguirem os mesmos passos, como que por uma ditadura.

Muito mais que forçar o filho a ir a igreja é mostrar a ele o prazer que é estar

lá, que não há melhor lugar para se estar do que aquele. Naturalmente e

“infelizmente”, ao se mostrar o caminho para um filho, as famílias pastorais o

apresentam como “pastorzinho”, tendendo o afastamento a criança e certa rejeição

pelo evangelho. A responsabilidade nessa palavra colocada sobre a criança, e

diante do exemplo que ela observa em casa, a faz temer esse título, cooperando

não para um crescimento saudável e feliz dentro da igreja, mas já com a sobrecarga

de uma tarefa e “destino traçado” por outros.

O ensino analisado e equilibrado das Escrituras Sagradas como verdade

absoluta que norteará sua vida, e nada mais será relevante, torna-se indispensável

para que os filhos cresçam com a consciência daquilo que devem escolher.

É de vital importância que o pastor consiga diferenciar seus vários e

importantes momentos. Um tempo para o casal pastoral viver momentos a sós, sem

que nada os interrompa seja em viagem num final de semana, ou nos dias de folga,

é de crucial importância. A convivência intima do casal é responsável pela boa ou

má administração do lar. É dessa convivência que aqueles mesmos filhos vão

aprender como agir em toda a vida.

Uma importante tarefa do ministro é aprender a pensar nos outros mais do

que em si, porém, é aí que pode começar uma falha no casamento, de maneira que

há uma doação excessiva a outros e se esquece de sua casa, esposa e filhos. Lidar

com o tempo e com pessoas exige do pastor um cuidado muito especial e

orientação vinda do alto para saber o momento certo de agir.

Torna-se necessária à observância de fatos e detalhes que muitas vezes não

são possíveis de se enxergar sem os olhos da fé. Deus capacita àqueles que são

chamados, mas é preciso confiar nisso e colocar o coração sensível a tal.

Por causa destas questões apresentadas e muitas outras não citadas, se faz

necessário um estudo sobre o assunto que muito tem ocorrido em no meio

evangélico, uma vez que se tornou uma realidade tão comum diante de nossa

cultura evangélica, tão “nova”. Saber que esses e outros motivos são um fator de

divisão de famílias e ministérios, fazendo com que essas e em alguns casos ou até

mesmo ministros se afastem da igreja, nos chama para observações mais profundas

sobre esse tema e aspecto.

Este estudo procura apresentar em termos práticos o que acontece no meio

evangélico, apresentando algumas recomendações para ministros e respectivas

famílias para que enfrentem as dificuldades e saibam ver e experimentar as bênçãos

de pertencer a uma família de pastor.

O material utilizado será baseado em situações reais, existentes nas famílias

e no ministério pastoral. Para a melhor amostra do que ronda as famílias e para as

melhores definições de ministério, esse estudo apresenta um questionário feito com

pessoas que experimentam esse assunto de diferentes pontos de vista, sendo parte

de alguma família pastoral, membro de igreja sem alguma ligação com a família

pastoral ou com membros de igreja que têm em seu núcleo familiar algum pastor

(podendo ser este o da própria igreja ou não).

A pesquisa tem algumas limitações. A primeira é a falta de material que trata

diretamente do assunto. Encontram-se materiais relacionados à família, e também

materiais relacionados ao ministério. Mas não há nenhum tipo que faça a ligação

entre os dois. Por isso a necessidade de se fazer pesquisa de campo,

complementando o assunto a discutir.

Neste estudo, ao se usar a palavra “pastor”, há um pressuposto de que ele é

um vocacionado por Deus. Sabe-se que existem exceções. Há os “profissionais do

púlpito” os quais não são vocacionados e estes prestarão contas a Deus. Não se faz

alusão ou sequer cogita a possibilidade de reconhecê-los como “Ungidos do

Senhor”.

2 DEFINIÇÃO DE MINISTÉRIO PASTORAL

Muitos teólogos têm definido o ministério de várias formas. Neste estudo o

que se pretende fazer é uma análise do que acontece na prática no ministério

pastoral. Define-se o ministério em três perspectivas: familiar, bíblica e eclesiástica.

2.1 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA FAMILIAR

Segundo pesquisa realizada com familiares de pastores, o ministério pastoral

se define em algo que precisa de chamado e vocação, concedido a poucas pessoas.

No questionário houve respostas diferentes em menos de 1%. Entres as pessoas

pesquisadas estão filhos, filhas, esposas e pastores.

Começa-se a observar, mesmo que em apenas dois casos, a definição de

que ministério pastoral é algo que suga todo o tempo daquele que se dedica

inteiramente à função, provocando um desconforto naqueles que convivem com o

pastor. Estes enxergam a falta de tempo e de energias para ele lidar com os

problemas e as alegrias do lar. Em muitos casos os familiares começam a desconfiar

e a transformar o ministério em um concorrente das suas atividades, colocando o

pastor em uma situação complicada. Administrar a casa, o tempo e as atividades do

ministério pastoral se torna um fardo ao invés da satisfação de realizar algo para a

qual fora chamado a realizar.

Para o ministro que se encontra nessa situação, pode estar apoiado naquilo

que Hedley comenta,

Um feriado em casa parece frequentemente ser uma tentação… que o empregado dos empregados de Deus não pode estar fora do alcance a menos que deixe as necessidades repentinas do seu rebanho fornecidas. Se isto for feito adequadamente, o lugar o mais saudável para o que vai tirar um descanso é estar ausente.1

Tirar férias e descansar não é e não pode ser proibido para alguém,

principalmente para aquele que dedica sua vida inteiramente no trabalho. O pastor

precisa se organizar para que ele consiga deixar o ministério caminhar alguns dias

sem ele. Sem isso o pastor pode se sentir desconfortável para sair de férias.

Sobre esse assunto Wayne Clark adverte, mesmo que não se sinta favorável

para tal, “é bom para o ministro tirar férias regulares todo ano.”2 Além desta

recomendação que é apresentada nesta breve definição, um capitulo será

totalmente dedicado às recomendações, tanto para os pastores, bem como para as

esposas e para os filhos e filhas.

Momentos com família é mito importante para qualquer que seja ela, ainda

mais para a família que serve de exemplo para a comunidade na qual se está

inserida.

O ministério deve ser algo que não prejudique a família, ao invés, seja algo

que dê suporte para vencer as dificuldades que serão relatadas no capitulo próprio.

2.2 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA ECLESIÁSTICA

Em uma unanimidade para os membros de igreja que responderam à

pesquisa, ministério pastoral se define como algo que precisa de chamado e

1 HEDLEY, George. The minister behind the scenes. New York: Macmillan, 1956. p.87. 2 CLARK, Wayne C. The minister looks at himself. Philadelphia: The Judson Press, 1957. p.74.

vocação e que é concedida a poucas pessoas. Desta afirmação podem-se tirar

algumas conclusões.

Em primeiro lugar a igreja reconhece que o chamado vem de Deus e vê o

pastor como Seu representante na igreja e da igreja perante a comunidade. Essa

autoridade é importante para que o pastor consiga ser o líder da igreja conduzindo-a

de acordo com a visão que Deus coloca em seu coração.

Por outro lado e numa visão menos romântica, o que se pode ler desse

resultado da pesquisa é que a igreja quer é descansar em cima do chamado que

não tem, colocando a responsabilidade naquele que o Senhor chamou. Por isso não

tem parte naquilo, pois a tarefa é dele e não sua como membro de igreja.

Muitos se esquecem do dever de todo crente em Jesus de anunciar as boas

novas e de dar suporte aquele que foi chamado que o Senhor conta com a igreja

para que façam aquilo que Ele manda através de seus discípulos. Na carta de Paulo

aos Efésios lê-se:

Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxilio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida que cada parte realiza a sua função.3

A cada um foi dado um dom. Ao pastor o de pregar e visitar entre outros, aos

membros o de cooperar, auxiliar para que o corpo cresça. Por isso cabe aos

membros perceber que o ministério pastoral, não envolve cobranças a sua família

pois aquele quem é chamado é o pastor.

Alem disso é preciso entender que a família pastoral é como outra qualquer,

ou seja, tem problemas, gosta de sair e precisa de momentos para si.

3 Efésios. 4,16.

A igreja, em sua maioria, espera que o pastor seja ousado, mas não a ponto

de cometer loucuras, por isso ele precisa estar em uma “sintonia” direta com Deus

para que ele receba as visões corretas para aquela comunidade onde Deus o

colocou.

2.3 MINISTÉRIO PASTORAL SOB A PERSPECTIVA BÍBLICA

Na leitura de suas cartas, o que se pode notar é que o apóstolo Paulo teve a

mais perfeita concepção do ministério pastoral. Ele compreendeu que a realização

do plano do Cristo Vitorioso, para o mundo, dependia do ministério da palavra.

Especificamente em Efésios e em Colossenses, Paulo faz um estudo da

pessoa de Jesus em Sua relação com a igreja e diz que todas as coisas são

reunidas nele. Ele explica os dons que a pessoa chamada para exercer o ministério

deve ter, dados pela graça infinita do “Cabeça” da igreja em virtude da ascensão ao

Seu lugar de autoridade absoluta. Através da prática desses dons há o

aperfeiçoamento dos santos para o trabalho do ministério, para edificação do corpo

de Cristo. Importante observar que a idéia radical de ministério é serviço. Não se

deve ter o dom para a própria edificação, mas para o crescimento do corpo.

O dom é dado por Cristo e o ministro também é escolhido por Ele. Não se

pode escolher seguir a profissão de ministro da palavra simplesmente por causa de

um dom de falar bem. A palavra dom, vem de charisma. Crabtree afirma que “se o

ministro não recebe de Cristo o charisma, ou seja, o dom, a graça, ele não é

qualificado para o ministério da palavra, seja qual for a sua capacidade intelectual.”4

4 CRABTREE, Asa Routh. A doutrina do ministério. Rio de Janeiro: Juerp, 1981. p.41.

Isto demonstra que nem todos podem ser escolhidos como pastores, e os que não

são terão “vida em abundância” se cumprirem a tarefa para a qual Deus os

designou.

Ele designou uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a Obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do filho de Deus, e cheguemos a maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.5

Todos os ministros da palavra são apóstolos no sentido de que todos são

enviados. São missionários, pois têm a grande responsabilidade de preservar e

transmitir a doutrina apostólica na sua pureza. Todos são pastores e mestres na

orientação dos salvos no caminho do serviço.

Cristo limita a sua chamada aos homens responsáveis, íntegros, designando

cada um para o serviço de acordo com os seus dons naturais, com o

reconhecimento da operação do Espírito Santo no seu coração e com a submissão à

vontade divina.

Em uma alusão ao Dr. Morgan percebe-se que o “charisma apostólico é

permanente e necessário para o aperfeiçoamento da Igreja.” 6 Como ordenado pelo

próprio Jesus na “Grande Comissão” 7, esse charisma apostólico é parte daquilo que

os apóstolos tinham com missão e que perdura até os dias atuais, fazendo com que

seja uma tarefa dos cristãos: anunciarem as boas novas até que Ele, Cristo, volte.

O serviço mais importante do pastor é a pregação do evangelho. Ele é o

embaixador de Cristo, transformado pela experiência de reconciliação com Deus,

5 BIBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida, 2000. Efésios 4,11-13. A partir desta citação todas as referências bíblicas serão desta Bíblia. 6 Citado em CRABTREE, Asa Routh. A doutrina do ministério. Rio de Janeiro: Juerp, 1981. p.44. 7 Mateus 28.

preparado pelo conhecimento pessoal do amor divino para rogar aos pecadores que

se reconciliem com Deus.

Em outra análise, Eugene Peterson comenta algumas tarefas pastorais

segundo a Palavra de Deus. Em sua introdução afirma dois aspectos importantes no

ministério que não podem ser desprezados sob pena de se arruinar o bom

pastorado: Apresentar a palavra eterna e a vontade de Deus; e cumprir essa

apresentação no meio do verdadeiro lugar onde o pastor vive e onde as pessoas

que com ele convivem.

Adquirir conhecimento não é a principal tarefa do pastor, mas a assimilação

da antiga sabedoria, pautada na palavra de Deus que é transmitida e é acessível

através da Bíblia e de tantos comentários que facilitam o trabalho pastoral. O pastor

deve ser apto a dar “conselhos para vidas íntegras e de valor dentro do contexto da

criação de Deus e em resposta a redenção de Cristo. Esta é a tarefa dos pastores.” 8

Apesar dos tempos serem diferentes e de cada geração de pastores terem

suas características de acordo com a época e o que rege o momento, não se pode

esquecer dos fundamentos. Aqueles que buscam nas Escrituras as pedras para

construírem suas bases atendem as necessidades mais facilmente, além de

aproveitar o que já foi ensinado segundo anos de tradição e estudo da Palavra de

Deus.

O ministério deve ser moldado de acordo com a Bíblia e não em achar

justificativa bíblica para o que se faz no púlpito. Um dos cenários bíblicos que se

pode citar é a da adoração comunitária. O trabalho pastoral precisa acontecer nesse

pano de fundo e não carrega uma identidade nele mesmo, mas é uma construção

8 PETERSON, Eugene H. O pastor que Deus usa: o trabalho pastoral segundo a palavra de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2003. p.22.

durante o culto. Aliás, ele acontece entre um domingo e outro, entre os limites da

criação e da ressurreição, entre Gênesis e Apocalipse.

Analisando o exemplo de Jesus 9, a tarefa do pastor não é somente enviar

aqueles que o “seguem”, mas acompanhá-los. O pastorado começa no púlpito e não

termina ali, continua no quarto do hospital, no gabinete e nas salas de reuniões.

Em Cântico dos Cânticos pode se encontrar a primeira tarefa pastoral como

nos ensina Peterson. 10 A sexualidade está diretamente ligada à oração, segundo

ele, pois ambos lidam com a intimidade. Por isso a tarefa do pastor é ajudar as

pessoas a terem relacionamentos de forma que venham a descobrir a vontade e o

amor de Deus no centro de cada encontro.

É preciso que se apresente a Salvação às pessoas, pois a partir dela são

capazes de receber mandamentos que as levam a relacionamentos vivos, completos

e saudáveis com Deus e com outras pessoas. Isto pode ser verificado nas palavras

de Jesus. 11

A importância que se dá ao Cântico dos Cânticos é devido ao resgate do

amor que salva e a existência da intimidade que há através desse amor. Assim é a

oração, algo que denota a intimidade através das palavras utilizadas ou a falta dela.

Aí está a responsabilidade do pastor, permitir que o trabalho na igreja continue e

cresça sem permitir que a intimidade diminua. O alvo do trabalho pastoral deve ser a

intimidade e ela deve acontecer sob a forma de conversas pessoais. A vida para ter

significado tem de ser compartilhada - a intimidade é pré-requisito disto.

9 Mateus 28,20. 10 PETERSON, Eugene H. O pastor que Deus usa: o trabalho pastoral segundo a palavra de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2003. p.37-92. Trata-se do primeiro capitulo do livro que tem como titulo A tarefa pastoral de dirigir a oração: Cântico dos Cânticos. 11 Mateus 22,37.

Através da conversa o pastor começa a conhecer as dificuldades e os

problemas das pessoas da sua comunidade podendo assim orar com elas e orientá-

las a terem uma vida de oração. Gregory Frizzell nos ensina que

A oração é o cerne de um relacionamento de sucesso com Deus. De fato, a oração é crucial em todas as áreas da vida de um crente. Para ilustrar este ponto, considere as seguintes perguntas: como você recebeu a Cristo como seu Salvador? Como você tem-se submetido a Cristo e permitido que Ele viva através de você? Como você está crescendo como cristão? Como você vence a tentação e a fraqueza? Como você resiste a Satanás e com se engaja de forma eficaz na batalha espiritual? Como você confessa seus pecados? Como você se enche do espírito santo? Como você obtém a direção e sabedoria de Deus? Como você experimenta o poder para servir a Deus eficazmente? A resposta para cada uma dessas perguntas é oração!12

Ensinar sua comunidade a orar precisa ser algo que o pastor tem leve em

consideração. Só com uma vida de oração, com um relacionamento saudável e

íntimo com Deus, o membro pode experimentar mudanças em sua vida. Segundo

Caemmerer, “o pastor tem que treinar a igreja a saber e a sentir o que é adoração. 13

Envolver-se no sofrimento é uma outra tarefa do pastor. A tentativa de ter

palavras em momentos difíceis é algo tentador, mas isso não é o que se espera.

Lamentações é o livro adequado para servir de base para esta tarefa, pois é a

“cerimônia fúnebre no enterro da cidade morta.” 14

A terceira tarefa pastoral é a de criar histórias. O livro de Rute ajuda muito

nesse contexto, por ser uma história. O pastor encontra nos contos uma ferramenta

para se aproximar as pessoas que vivem na periferia e se sentem excluídas da

12 FRIZZELL,Gregory R. Como desenvolver uma vida poderosa de oração. Associação Religiosa Imprensa da Fé: São Paulo, 2005. p.8. 13 CAEMMERER, Richard. Feeding and leading. Misouri: Concordia publishing house, 1962. p.22. 14 PETERSON, Eugene H. O pastor que Deus usa: o trabalho pastoral segundo a palavra de Deus. Rio de Janeiro: Textus. 2003. p.141.

história da Salvação. O conto é a forma que o pastor utiliza para narrar a história da

Salvação.

O pastor precisa aprender a ser um contador de historias do Evangelho, a

partir dos detalhes de um problema em particular da vida das pessoas na sua

comunidade. 15

Quando o pastor encontra alguém em dificuldades, sua primeira obrigação é

penetrar na dor e compartilhar o sofrimento. Mais tarde é afastar as ruínas e deixar

os fundamentos históricos, pois todo sofrimento é causado por alguma coisa. Como

no livro de Lamentações é encontrado um evento histórico e não uma situação

cósmica, pode-se “observar que a poesia de Lamentações revolve constantemente a

história e é útil ao pastorado”. 16

Uma outra tarefa pastoral é a de dizer não. Em um contexto onde se

“vendem” promessas, respostas e milagres, o desafio do pastor é recusar-se a dar

aquilo que a maioria das pessoas acredita ser sua obrigação dar, receber o que

querem. O verdadeiro chamado proíbe o pastor de se lançar no mercado de

promessas e milagres.

Eclesiastes não foi diferente, a sabedoria fria deste livro é uma voz pastoral

indispensável, embora não seja popular. Sua função é afastar aquilo que fora

tomado como religião para que possamos ser livres para ouvir a palavra de Deus.17

Edificar a comunidade. Baseado no livro de Ester encontra-se a terceira tarefa

pastoral citada por Peterson. O pastor não pode ser capelão de apenas alguns

15 PETERSON, Eugene H. O pastor que Deus usa: o trabalho pastoral segundo a palavra de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2003. p.93-138. Trata-se do terceiro capitulo que tem como titulo A tarefa pastoral de criar histórias: Rute. 16 Idem. p.155. 17 Ibid. p.181-228. Trata-se do quarto capítulo que tem como título A tarefa pastoral de dizer não: Eclesiastes.

indivíduos, nem preletor que só dirige as multidões, ele é colocado na comunidade

para edificá-la. 18

18 PETERSON, Eugene H. O pastor que Deus usa: o trabalho pastoral segundo a palavra de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2003. p.229-285. Trata-se do quinto capítulo que tem como título A tarefa pastoral de edificar a comunidade: Ester.

3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO MINÍSTRO

Mesmo com o chamado e o vocacionamento de Deus, os pastores têm

problemas. O ministério de pessoas íntegras tem suas dificuldades pois apesar do

pastor ser separado por Deus ele é homem, é humano, tem suas limitações e

dificuldades pessoais. Além disso, o ministério pastoral se realiza na terra e não no

céu.

Numa conceituação positiva da palavra “problema” observa-se que é a prova

da capacidade de realização das atividades.

Quando se tem um caráter irrepreensível, enfrentar um problema torna-se

fácil. Mas, muitas vezes o próprio pastor é o seu maior problema por ter dificuldades

ligadas ao próprio caráter, à sua personalidade.

3.1 NO ÂMBITO FAMILIAR

Devido aos muitos compromissos que o ministério exige do pastor, ele fica

sem tempo para a família. A qualquer hora do dia ou da noite sua presença é

solicitada em algum lugar. Isso pode gerar conflitos em sua casa. A falta do pai em

casa é algo que pode trazer muitas dificuldades ao ministro. A criação dos filhos

pode ficar comprometida, o exemplo de fé e amor, prejudicados.

No capítulo intitulado “ovelhas sem pastor”, Nancy relata uma de suas

conversas com as esposas de pastor:

Meu marido tem tempo para todas as ovelhas, mas quando preciso dele, ele alega inúmeras razões que lhe impedem de me atender, e acabo ficando sem ajuda. Mas se naquele exato

momento chega alguém pedindo auxílio, ou apenas solicitando seu tempo para uma conversa, ele atende sem contra-argumentar nada, e aí é que eu fico sem entender. 19

Ele deve sempre estar à disposição da igreja. A intensificação do seu trabalho

é nos finais de semana, isto pode sobrecarregar a família, num ministério para o

qual eles “não foram chamados”. Ir para igreja pode ser um fardo para os filhos, pois

pensam que ela é o motivo para não ter a presença do pai em casa ou em

momentos que seria importante ele estar. Muitos pastores não acompanham o

desenvolvimento de seus filhos na escola e nas atividades extracurriculares por falta

de tempo para tal. Isso gera uma frustração nos filhos e na família por

conseqüência.

Por outro lado, as pessoas que trabalham em empresas e seus próprios

negócios podem ter o final de semana para passar com a família fortalecendo os

seus laços. É necessário se organizar para não se deixar cometer erros como esse

pois a falta de tempo para um relacionamento saudável pode ser fatal as famílias em

geral, e em se tratando do pastor, para seu ministério ou para a família.

Em sua obra, Grudem exorta:

Deus cuida do laço que une pais e filhos, e seus servos precisam compartilhar esse compromisso com o Senhor. A recuperação da paternidade na igreja, no lar e na sociedade não deve ser outorgada apenas aos cientistas sociais ou ao Dr. James Dobson, antes tem de ser central no planejamento estratégico da igreja uma vez que esta dá testemunho do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 20

19 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.29. 20 GRUDEM, Wayne. Famílias fortes, igrejas fortes: os desafios do aconselhamento familiar. São Paulo: Vida, 2005. p.137.

Se a igreja precisa observar e colocar isso no seu planejamento estratégico,

muito mais a família pastoral que é sempre alvo de observação e se o ministro não

tem autoridade sobre seu lar, não terá sobre a igreja.

Nota-se que muitas atribuições ficam sobre o pastor, mas quando Deus o

chama, ele deve entender que Ele o capacita e coloca pessoas para lhe auxiliar. O

que acontece em alguns casos é do pastor se achar auto-suficiente e não pede

ajuda em momentos decisivos. Em alguns casos, o pastor não atenta para esses

detalhes corre-se o risco da esposa e os filhos não compreenderem, então algo

pode ser prejudicado.

O conflito na família pode levá-los a se afastarem do ministério, da igreja e de

Deus, ou o ministro abrir mão do seu ministério para salvar seu casamento e sua

família.

Outro ponto que pode ser abordado é a distância do discurso do pastor com a

sua prática. No púlpito e no gabinete, exortações e palavras sobre comportamentos

e santidade, mas ninguém melhor que sua família para conhecer os “dois lados da

moeda”. Se em casa o pastor tem um comportamento e fora dela tem outro, isto fica

notório e a ministro pode ter problemas em sua casa e em seu ministério por em

decorrência disto. Com sua autoridade abalada perante os filhos, a possibilidade de

isto atingir seu ministério é enorme.

Para esta distância ser quebrada, é preciso ter caráter, o caráter de Deus. Por

isso, a vida devocional deve ser mantida com rigor.

Por se falar em devoção, Hedley afirma:

Comprometermos-nos totalmente com nosso Deus, não pedindo recompensa e não pensando nisto, serví-lo porque somos seus servos: isto é tarefa de cada cristão, e isso é a marca do caráter de todo ministro cristão. Como nos manter no caráter? Somente pela devoção das nossas vidas inteiras ao

nosso Deus eternal, somente nos entregando totalmente ao preenchimento de Sua vontade em nós. 21

O problema é que, para alguns pastores, as pressões são tantas e sua

agenda tem tantos compromissos que o progresso espiritual não acontece como

deveria acontecer. É preciso que o pastor diga à igreja que ele precisa de um tempo.

É necessário reorganizar sua agenda para colocar momentos com sua família como

compromissos e um tempo diário de devoção.

Quanto a essa devoção, George Hedley afirma traz um consolo:

Se nós não estamos progredindo ou avançando com nossos corações em devoção, como nós desejaríamos não nos deixemos atribular, vivamos em paz e deixemos a tranqüilidade sempre reinar em nossos corações. 22

Seguindo este conselho de Hedley, é possível reestruturar a paz de Cristo

preencher os corações dedicando-lhe tempo para se obter dele a direção a tomar.

3.2 NO ÂMBITO ECLESIÁSTICO

Um dos motivos desses problemas é devido ao fato da igreja ser constituída

de pessoas. Ainda que salvas, têm seus temperamentos, suas personalidades, suas

culturas e seus hábitos que podem trazer dificuldades ao trabalho pastoral.

A igreja atua e o ministério se realiza num mundo hostil que jaz no maligno,

que procura criar todo embaraço ao pastor e à comunidade em sua missão na

sociedade humana.

21 HEDLEY, George. The minister behind the scenes. New York: Macmillan, 1956. p.141. 22 HEDLEY, George. The minister behind the scenes. New York: Macmillan, 1956. p.134.

Pastorear envolve lidar com as mais adversas situações que exigem atenção

e cuidado. Jesus preveniu quanto aos problemas no pastorado de sua pequena

igreja de 12 membros: “no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo” 23.

O pastor não é um super nem sub homem. É homem de verdade e da

verdade. É uma pessoa com um chamado incomum e habilitada para servir ao

Senhor servindo ao Seu povo. É a pessoa por cuja instrumentalidade Deus habilita a

igreja a crescer e a cumprir sua missão no mundo. Pessoa diferente que faz a

diferença na especificidade de sua chamada, na excelência de seu trabalho e

compromisso diuturno com o povo de Deus.

Isto posto, relata-se algumas das maiores dificuldades no ministério pastoral.

Em muitos casos o esfriamento espiritual e o cansaço levam à preguiça e à

indiferença para realizar a obra do Senhor. O cansaço físico e emocional das

reuniões e pregações em série, sem um tempo para descanso, para a família, pode

esgotar o pastor.

Existe a tendência de “bajular” homens. Para alguns pastores melhor é vê-los

ir para o inferno a importuná-los com sua mensagem, e melhor é enfrentar o

desprazer de Deus a má vontade dos homens. A preocupação com a imagem é algo

muito importante, mas deve-se ter o cuidado de não colocar isso a frente da

mensagem do evangelho.

Em meio à crise financeira que se vive o medo de perder as rendas e criar

problemas para a família pastoral faz com que o pastor não se posicione em

determinados assuntos que precisariam de uma postura mais rígida ou

determinante. Colocar pessoas contra si nestas situações não seria uma boa idéia,

preferindo fazer a “política” de estar bem com todos ao invés de resolver o problema.

23 João 16,33.

Pelo mesmo motivo já citado ou por falta de coragem, o pastor não fala

francamente com as pessoas sobre o que precisariam ouvir, e então ele diz aquilo

que elas querem ouvir. Mas em muitos casos falta-lhes a vergonha ao cometer atos

vergonhosos.

Por preguiça de se preparar ou por falta de recursos, muitos pastores

desmoronam um ministério ou uma igreja. A incompetência e a inaptidão na

administração dos elementos para a obra têm contribuído para alguns casos de

endividamento e fechamento de portas de igrejas ou instituições. Isto, além do

prejuízo financeiro, provoca também o prejuízo moral que fica sobre a igreja e o

ministério pastoral.

Caso o pastor não tenha aptidão para negociar, cuidar das finanças ou em

realizar projetos, ele precisa de assessores para que tudo seja bem feito. Estes

fatores são apresentados por Baxter como sendo as dificuldades do ministro. 24

Uma outra dificuldade que pode ser considerada pelo pastor é perder tempo

investindo naqueles que não querem crescer. Escolher as pessoas erradas pode

gastar tempo, dinheiro e não ajudará no ministério.

Em sua obra, Drescher se lamenta disso:

Boa parte do meu ministério tem sido consagrado a pessoas que não querem crescer, ministrar, ou ser assistidas. Penso que eu teria avançado muito mais, se tivesse incentivado aqueles que tinham interesse em crescer e servir, dando-lhes então oportunidades de compartilhar o que Deus estava fazendo em suas vidas... Tais pessoas precisam de umas palavras de encorajamento para fazer provavelmente mais pela renovação da vida espiritual do que muitos e muitos sermões.25

24 BAXTER, Richard. O pastor aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996. p.146. 25 DRESCHER, John M. Se eu começasse meu ministério de novo. Campinas: Cristã Unida, 1997. p.56.

Algo que deve ser lembrado pelos pastores é que as dificuldades sempre

existirão, pois como já citado, o ministério atua na igreja que é composta por

pessoas e que estão na terra. Não são perfeitas assim como o pastor também não o

é. Entretanto, foi o Senhor que os chamou e Ele os têm capacitado. Por isso com a

sabedoria divina e ajuda humana, o ministério pode ser realizado com aquilo que

Deus realizará em seus corações.

4 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS FAMILIARES

As dificuldades enfrentadas pelos familiares são, em muitos casos, relativas

aos comportamentos dos membros da igreja. Muitas vezes o que acontece na

família em relação à igreja é a falta de limites da por parte dela.

Segundo pesquisa feita concluiu-se que as dificuldades enfrentadas pela

família em relação à igreja são a falta de privacidade e o exemplo que a ela exige

que os familiares sejam em todos os momentos.

A primeira dificuldade citada exige da família uma tolerância por perder sua

privacidade, seu espaço para ter um momento em família que tanto precisa.

Muitas igrejas não têm a consciência de que o pastor além de “funcionário” a

disposição da contratante, também necessita ter seus momentos em família a sós.

Algumas casas pastorais oferecidas são no próprio terreno da igreja - para

economizar - permitindo, assim, o acesso dos membros que se sentem no direito de

freqüentá-la como se fosse sua própria casa. Essas economias trazem prejuízos

enormes à família pastoral.

Como relata Nancy Dusilek:

Muitas esposas de pastores ficam desconsoladas por não poderem ter um momento sequer de privacidade em seus lares. A família é exposta à presença de outras pessoas 24 horas por dia. É um entra e sai diário, o que impede até a família de tratar de seus problemas particulares e íntimos, pois há sempre gente estranha por perto. Quando a casa pastoral fica ao lado do templo, a situação é pior ainda. 26

Ao mesmo tempo em que elas estão entrando e saindo, pode ser que

também queiram opinar ou sugerir como devem ser a casa pastoral. Os móveis, a

26 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.78.

cor da parede, os azulejos, o piso, etc. Pessoas que não morarão na casa, opinam

em como construí-la, o que colocar dentro e do jeito mais econômico possível.

Há casos que a há uma preocupação com isso e nas “comissões de

administração ou patrimônio” há membros que são profissionais qualificados.

Pensam em como fazer de maneira correta e bela. Afinal “a casa pastoral é o cartão

de visitas da igreja, e a maneira silenciosa de a igreja dizer o quanto o pastor e sua

família são considerados ou não pelos seus membros.” 27

Bela ou não, a casa pastoral deve ser um centro de visitas, mas não uma

extensão da igreja. Os limites, de fora para dentro e de dentro para fora, de sua casa

devem ser colocados pelo casal. A família pastoral precisa ter um ambiente

favorável e agradável - não isolado do mundo e da igreja – mas com sua

privacidade.

É importante que não somente a família tenha seu ambiente, mas também o

casal sua privacidade e os filhos seu espaço para ter seus momentos sozinhos, ou

seja, cada indivíduo.

Há igrejas que os membros vão à casa pastoral aguardar uma consulta

medica; o inicio das programações da igreja; os filhos saírem da escola; etc. Quando

a família pastoral precisa de uma ajudante para as tarefas domésticas, recomenda-

se não contratar alguém da igreja, pois ela, em muitos casos, não saberá manter

uma relação saudável com a família caso haja algum problema. Ressalta-se a

importância do sigilo de pequenos problemas que a família tem e que são naturais,

mas que podem - se mal contadas - denegrir a imagem do pastor e de sua família.

27 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.79.

A segunda dificuldade relatada na pesquisa é em relação ao exemplo que a

família pastoral tem de ser.

No capitulo “Os filhos da mulher sem nome - I” lê-se: Educar filhos é uma

tarefa complicada para qualquer casal, e muito mais para o pastor e sua esposa, já

que sua família vive numa vitrine sendo constantemente observada. 28

Para os filhos de pastor é difícil entender qual é o privilegio que é ser da

família pastoral. A principio só se enxerga o lado negativo disso como, por exemplo,

ser observado o tempo todo. Isto é algo que incomoda aos que não podem viver

“livremente”.

Correr, soltar pipa, andar de bicicleta, patins, brincar, em tudo são criticados,

pois têm de dar o melhor exemplo.

Os filhos do pastor são tema ideal para comentários, criticas e invasão de privacidade por parte de alguns membros da igreja. Olham-nos como se eles fossem do outro mundo, cobrando de uma criança ou de um adolescente um comportamento de adulto. A idéia, em geral, é que todas as crianças da igreja têm direito de correr, brigar, competir, ter amigos especiais, não querer ia à Escola Dominical, dormir no culto, mascar chicletes ou chupar balas enquanto o pastor prega o seu sermão, mas os filhos do pastor... esses não podem nada disso, porque são “filhos do pastor”. 29

É preciso entender que a família pastoral é como outra qualquer, ou seja, tem

problemas, gosta de sair e precisa de momentos para si. Seus filhos são tão

crianças, adolescentes e jovens como os filhos dos outros. Não há motivos para

haver uma diferenciação dos filhos do pastor das outras crianças da igreja. São

todas do mesmo jeito, recebem as mesmas influencias, têm suas alegrias e suas

28 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.48. 29.Idem. p.48.

dificuldades, umas são mais obedientes por sua própria natureza, outras menos,

mas com outras qualidades, e como escreve Dusilek:

Criança é criança em qualquer lugar do mundo, não importa que sejam os pais, e adolescente é sempre adolescente com suas crises e fases de altos e baixos. Não há privilégios ou obrigações estabelecidas apenas por se nascer na casa do pastor. Se alguns comportamentos citados acima não é conveniente, nem aprovado para os filhos do pastor, também não o é para as demais crianças especialmente para as de lares cristãos. 30

É de responsabilidade dos pais imporem os limites dos membros da igreja em

relação a sua casa e aos seus filhos, defendendo-os quando alguém cobrar deles

uma atitude diferente por ser filho de pastor.

Os membros das igrejas precisam perceber que sua função no ministério

pastoral é a de auxílio. Deus coloca o pastor na igreja para ser quem os guia e os

membros fazem parte disto. A cada um é dado um dom e, como já citado, sua tarefa

é desenvolvê-lo para a edificação do corpo de Cristo.

Por outro lado existem pais que ao perceberem o quão pesado é o fardo do

nome “filho de pastor”, não educam seus filhos, permitindo que façam todas as

coisas. Limites, essa é uma das chaves de se criar bons cidadãos.

London cita em sua obra: “É no lar que nosso verdadeiro sucesso ou fracasso

será medido. O lar é a principal arena na qual temos que ser bem-sucedidos se

quisermos ser bem-sucedidos em qualquer outra.” 31

A educação de seus filhos e o estabelecimento de limites também é tarefa

dos pais. Não se deve ensinar para a criança que seus comportamentos devem ser

diferentes pelo fato de serem cristãos ou por serem filhos de pastores.

30 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.51. 31 LONDON, Jr. H. B. Despertando para um grande ministério: um livro de pastor para pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 1996. p.241.

Interessante observar que, se bem aproveitada, a primeira dificuldade pode

se transformar em ajuda para os pais. Segundo Allan Petersen é necessário que os

filhos tenham amizade com adultos e em casa isso pode ser de grande valia. Em

suas palavras:

Você não precisa transformar a sua casa em uma pensão, mas faça dela um ponto em que frequentemente haja hospedes para uma refeição. E, embora pareça mais fácil, nem sempre separe seus filhos dos adultos, para comer. O risco do tapete da sala de jantar é menor comparado com o beneficio que e os seus filhos receberão por ter amigos adultos. 32

Sua primeira preocupação deve ser a de apresentar-lhes Cristo, afim de que

tomem a decisão de segui-lo para o resto de suas vidas. Mas não só apresentá-lo,

mas vivê-lo. Muitos pais têm a dificuldade de apresentar a Cristo para seus filhos,

por não saber como viver com Ele.

Mas ensina Nancy novamente:

Os pais são os missionários que falam aos filhos sobre Jesus e sua salvação. Mesmo que mais tarde eles se recusem a permanecer nos caminhos do Senhor, sua tarefa terá sido cumprida. Eles é que terão de prestar contas a Deus, individualmente. 33

O problema é que em muitos casos, ao invés de ajudar os filhos a

compreenderem Deus e os problemas que a família pastoral enfrenta, a cobrança

por atitudes, citada como sendo por parte dos membros, começa dentro da casa

pastoral. Os pais exigem posturas que eles ainda não podem oferecer ou

simplesmente se recusam como uma forma de defesa, rebeldia.

32 PETERSEN, J. Allan. Como eliminar o stress na família; como agir em tempos de crise. Rio de Janeiro: Juerp, 1981. p.50. 33 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.51.

Falando em rebeldia, Nancy comenta:

Temos que considerar o fato de haver pastores, e em muitos casos, apoiados pelas esposas, que fazem cobranças pesadas sobre os filhos, cobranças essas que muitas vezes resultam em sérios desentendimentos entre estes e aqueles. Os pais querem que os filhos sejam os melhores conhecedores de Bíblia entre os jovens da igreja; querem que eles sejam músicos exímios, e um modelo impecável de comportamento. Os rapazes devem ser uns mini-pastores, e as moças umas mini-esposas de pastor. 34

Em primeiro lugar, antes da cobrança por atitude, é preciso falar para eles o

porquê de ser cristão e da alegria que sentem em sê-lo. Alguns filhos de pastor

estão fora da igreja por não entenderem e experimentarem o Deus de seus pais ou,

em alguns casos, de seu pai, pois nem mesmo a esposa consegue compreendê-lo.

Outro serio problema que muitos casais enfrentam é quando um ou mais filhos, na fase de adolescência ou juventude, saem da igreja. Desviam-se dos caminhos do Senhor, e assumem comportamentos que entristecem os pais. Sobre este assunto há muito o que dizer, mas vou tentar simplificar. Muito antes que esse problema aconteça, a atitude correta dos pais é aproveitar a fase em que os filhos são pequenos para dar-lhes ensinamentos sólidos, enraizados na Palavra de Deus, mas sem cobranças do tipo “faça isto, ou não faça isto... pois você é filho de pastor...” etc. Ter a consciência do dever cumprido nos traz muita paz com relação ao nosso papel de educadores. 35

Tão importante para o pastor é ganhar almas para Cristo e cumprir o Ide de

Cristo. O problema é que às vezes ele perde sua família pela falta de atenção

devida. Não dar exemplo, apoiar cobranças injustas e não ensiná-los no caminho,

pode ser prejudicial e trazer frutos bem amargos para o pastor e sua esposa.

H. B. London Jr. relata uma história de um casal que faz de sua casa um

santuário e conclui a história dizendo que “eles têm aprendido por experiência

34 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.53. 35 Idem. p.57.

própria que nem o casamento nem o ministério florescem muito quando ambos são

rivais.” 36

O mesmo acontece na família. Se ambos são rivais, não florescem. Corre-se

o risco de ter que escolher um para manter. A melhor solução será fazer com que os

dois sejam cooperadores, um dependente do outro e servindo de apoio. Se isto não

acontece, pode-se chegar ao final do ministério com o triste relato um evangelista

norte americano:

Por anos a fio, viajei através do pais, trabalhando para ganhar as almas dos filhos dos outros homens. E os meus, deixei-os entregues a própria sorte, e talvez tenham ido para o inferno. Que sirva, porém, tal afirmação como advertência aos pastores que tem filhos. 37

O que se espera com este estudo, é ouvir dos pastores no final dos

ministérios as palavras de Wayne Grudem:

O ministério foi uma jornada turbulenta e fabulosa. Sou um homem feliz no casamento. Meus quatro filhos, já adultos, amam o Senhor, e meus 18 netos estão nesse processo. Tenho uma esposa adorável a quem amo de todo o coração. Meus filhos me amam, e eu também os amo. A conclusão é que nosso casamento e nossa família cresceram em meio ao ministério. 38

36 LONDON, Jr. H. B. Despertando para um grande ministério: um livro de pastor para pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 1996. p.145. 37 WILDER, John B. O jovem pastor. Rio de Janeiro: Juerp, 1981. p.79. 38 GRUDEM, Wayne. Famílias fortes, igrejas fortes: os desafios do aconselhamento familiar. São Paulo: Vida, 2005. p.31.

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Existem alguns manuais no mercado sobre técnicas de liderança. O que se

procura neste estudo é dar algumas ferramentas e recomendações no âmbito

eclesiástico e de compromisso com o Senhor, ao invés de dar soluções

administrativas e empresariais.

5.1 AO PASTOR

Em primeiro lugar, é importante observar que qualidades pessoais são ajuda

para o ministério pastoral. Falar bem, administrar, mas isso se aprende. O que

determina a vida e consequentemente o ministério pastoral é o caráter do pastor.

Este é um dos segredos do êxito pastoral.

Todos os crentes são chamados a uma vida comprometida, mas o pastor há

de ser o modelo deles. Timóteo adverte: “ninguém despreze o fato de ser jovem mas

seja o exemplo dos fiéis.” 39

Segue uma lista de algumas características que se acredita ser necessário

que o pastor tenha: pureza, ser irrepreensível, fidelidade, ter credibilidade,

honestidade, veracidade, humildade, reconhecer suas limitações, reconhecer o valor

dos outros, admitir o erro, ter senso de humor - algo importante para pessoas da

comunicação, otimismo, ver o melhor nas pessoas e nas coisas, paciência, resistir e

manter-se firme diante das adversidades, longanimidade, manter-se firme diante das

pessoas adversas, ser consagrado ao Senhor, ter compromisso com a igreja de

39 Timóteo 4,12

Cristo, disposição de vencer os seus temores, cuidado para não mudar a

mensagem, dizer a mensagem correta, não ter medo de fracassar e ser

empreendedor para o reino de Deus. Em resumo, diante de tantas características o

pastor pode ser comparado a um soldado sempre pronto para a batalha.

Com auxilio de autores importantes, alguns pontos são desenvolvidos para

ajudar o pastor em momentos de crise. Citando Richard Baxter, que começa a sua

obra alertando-os no aspecto de sua vida pessoal, diz que ela deve ser

“...constantemente submetida ao escrutínio das Escrituras. À luz das Escrituras

Sagradas, aquele que foi chamado a tão elevada vocação deve aspirar à santidade

e pureza de vida.” 40

O cuidado com a vida espiritual tem de ser uma prioridade na vida do pastor.

O ministério é um reflexo daquilo que o pastor é. Além dele ser correto, honesto,

santo, ele deve aparentar ser. Sua imagem é algo tão importante no ministério que

só o fato da desconfiança de uma acusação contra sua moral ou integridade pode

levá-lo a ruína.

Quanto a isto, Viertel nos diz que o pastor é, “nos olhos do povo, o

representante número um da igreja e de Cristo na comunidade. Ele precisa se cuidar

em relação às coisas que ele faz, as palavras que diz e aos lugares que ele vai.” 41

Convém ao pastor olhar por si mesmo porque há muitos olhos fixos nele.

Muitos assistirão a sua queda. Muitos caem sem alguém saber que caíram, mas

aqueles que estão numa posição de destaque são vulneráveis aos que desejam

sempre usar o pior lado da situação. E péssimo deve ser para um ministro,

40 BAXTER, Richard. O pastor aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996. p.18. 41 VIERTEL, Weldon E. Pastoral ministry; the pastor’s personal life and duties. El Paso, Texas: Carib Baptist Publications, 1971. p.64.

vocacionado por Deus, ouvir e ver homens apontando-o e relatando seus pecados

cometidos para quem quer seja.

A tarefa pastoral é, entre outras, livrar os outros e a si mesmo da tentação,

dominar o diabo e destruir seu reino, edificar o reino de Deus e ajudar as pessoas a

alcançar a glória eterna. Cabe ao pastor ter um conhecimento profundo das

Escrituras para poder ensinar a sua comunidade não somente o teórico, mas a

colocá-los em prática. Pregar o que vive ou viver o que prega é algo fundamental na

vida do pastor, pois ele é vigiado em todos os seus passos por alguém.

O pastor deve ter um cuidado enorme com sua vida, pois assim como diz

Baxter,

Portanto, cuidemos de nós mesmos, para não perecermos, enquanto clamamos a outros que cuidem de si, para não perecerem! Podemos morrer de fome enquanto preparamos comida para outros.42

Prestadores de serviços podem não usufruir do que produzem. Alfaiates

podem vestir trapos e cozinheiros podem ser desnutridos enquanto preparam roupas

e alimentos para outros. Assim também pode ser o pastor que oferece Cristo para os

outros sem ter a noção de quem Ele realmente seja.

Tenha certeza que Cristo já habita em seu coração e que o Espírito Santo

está em sua alma antes de você oferecê-lo a outros.

Outro erro que um pastor pode cometer é o de conviver com aquilo que ele

condena. Viver na prática do pecado é desonrar Àquele a quem serve. Isto é

exortado pelos próprios ministros para que os seus ouvintes não o façam; “você, que

42 BAXTER, Richard. O pastor aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996. p.51.

ensina os outros, não ensina a si mesmo?” 43 Aquele que de fato põe sentido naquilo

que fala, certamente age de acordo com o que fala.

Existe a possibilidade de se ganhar almas para Cristo, ter êxito na pregação

do evangelho sem trazer santidade para o próprio coração ou vida. Um fato a ser

observado é que há algo maior a se ganhar ou perder: a salvação! Assim como os

ouvintes, os pastores também têm alma e a sua eternidade será definida não pela

quantidade de vezes que pregou, mas pela decisão por Cristo.

Nunca devem se esquecer daquilo que o livro de Samuel ensina “Honrarei

aqueles que me honram, mas aqueles que me desprezam serão tratados com

desprezo.” 44 Quando os interesses são próprios não há porque aguardar a

aprovação do Senhor. Não se deve deixar que os pecados do “púlpito” dominem o

ministério de pregação da palavra.

O pecado mais odioso, segundo Baxter, é o orgulho. Chega a dizer que o

orgulho é tão patente na vida de alguns pastores que eles quando pregam não

anunciam o reino dos céus e a glória de Deus, mas o progresso de satanás. 45 A

necessidade de humilhar-se deve ser constante na vida do ministro e constitui o

âmago do evangelho.

Dificilmente o pastor consegue ter um ministério abençoado sem ter uma vida

de oração. Deus quer um relacionamento pessoal com seus filhos, por isso a oração

é a forma básica e fundamental para tal relacionamento. Além de orar por si e por

seus familiares o pastor deve gastar tempo intercedendo por aqueles que fazem

43 Romanos 2,21. 44 I Samuel 2,30. 45 BAXTER, Richard. O pastor aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996. p.75.

parte do seu rebanho. A exemplo do apóstolo Paulo que, dando seu próprio

exemplo, orava “dia e noite” por seus ouvintes. 46

Em outra citação o apostolo Paulo adverte:

Será inapto para ser pastor se não tiver prazer na santidade, se não odiar a iniqüidade, se não amar a unidade e pureza da Igreja, e se não detestar a discórdia e o divisionismo. 47

É necessário ter uma vida de oração por si e pelo rebanho. A intimidade do

pastor com Deus é fundamental, mas deve-se levar em conta também o seu

relacionamento com o próximo.

Em primeiro lugar, dentro de sua própria casa. Isso começa na escolha de

quem dividirá o mesmo teto com ele. Uma escolha errada e seu ministério pode ser

destruído.

Voltando a Viertel em seu comentário:

O ministério de muitos sinceros jovens homens tem sido arruinado por causa de uma escolha errada de sua companheira. Se ela não é comprometida com o trabalho do Senhor e vive uma vida mundana, ela pode destruir sua saúde mental, espiritual e sua influencia cristã. 48

A esposa do pastor é parte decisiva e importante no ministério. “Este é um

ponto que satanás usa para destruir a família pastoral.” 49 Afinal, com problemas

familiares pouca autoridade o líder terá sobre a igreja.

46 II Timóteo 1,3. 47 BAXTER, Richard. O pastor aprovado. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996. p.97. 48 VIERTEL, Weldon E. Pastoral ministry; the pastor’s personal life and duties. El Paso, Texas: Carib Baptist Publications, 1971. p.61. 49 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.30.

5.2 À FAMILIA

Como já demonstrado neste estudo, a família pastoral sofre algumas

cobranças e torna-se, em alguns casos, difícil manter todos firmes no caminho em

que devem seguir. Por isso seguem algumas recomendações e conselhos sobre a

bênção que é ser da família escolhida por Deus.

5.2.1 À Esposa

Um primeiro ponto a ser levantado aqui é a diferença entre ser e estar

esposa de pastor. Ser esposa de pastor é o aceitar, envolver-se, empenhar-se

realizar aquilo com dedicação e esforço. Enquanto que estar esposa de pastor é

totalmente diferente disso não aceitando o ministério, as cobranças e não se

envolvendo nos assuntos da igreja.

Nas palavras de Nancy Dusilek

Entendo que ser esposa de pastor é vestir a camisa da desafiadora posição que passará a ser ocupada pela mulher que Deus colocou ao lado de um homem vocacionado. É vesti-la mental, emocional e espiritualmente. 50

Uma vez esposa de pastor, cabe a mulher administrar sua vida de forma que

não a desperdice em reclamações e frustrações. Dificuldades sempre existirão, mas

o importante é não se entregar ao desânimo. Algumas recomendações são dadas

para que o crescimento seja uma oportunidade e não um fardo. Cursos e terapias

50 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.17.

podem ajudar no processo de crescimento, mas o espiritual é fundamental. Não

importa o quão espiritual o marido seja. O crescimento espiritual é pessoal e

intransferível.

Só com o crescimento espiritual é que muitas dificuldades serão vencidas.

Uma delas é a cobrança. A esposa do pastor é sempre observada e precisa lidar

muito bem com isso. É importante perceber que seu compromisso não é diretamente

com a igreja e sim com Deus e, reconhecendo seus limites, trabalhe usando seus

dons. Ter compromisso com Deus não significa ter a agenda cheia de compromissos

com a igreja. Isso é ativismo e não compromisso. 51

Sabedoria, este deve ser o centro das petições a Deus. Em Provérbios

encontra-se um conselho para isso: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas com

suas próprias mãos a insensata derruba a sua.” 52

Permitir que o marido tenha seus momentos a sós; saber a hora de livrá-lo de

uma cilada de satanás; ter a consciência de que não é a número um, mas alguém

que auxilia o ministério do marido; estimulá-lo após eventos bem sucedidos e criticá-

lo em momentos que não o for; cuidar de si, da casa e dos filhos, isto tudo exige que

essa “mulher sem nome” seja aquela enviada por Deus com a sabedoria vinda dele

para que a família e o ministério sejam de acordo com aquilo que Deus espera

dessa família.

5.2.2 Aos Filhos

51 DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 1995. p.40. 52 Provérbios 14,1.

Ouve-se, ou até mesmo fala-se de pessoas reclamando, que não pediram

para nascer nessa ou naquela família. Queixam-se, ou se defendem, afirmando que

não têm culpa de ser filho ou filha de pastor. Frase a princípio verdadeira. Para os

que a usam é, em muitos casos, uma justificativa de atos (geralmente indevidos)

conseqüentes da culpa que não têm e da cobrança que sofrem por serem filhos de

pastor.

Porém, as verdades que podem ser tiradas dessa simples frase são muito

mais profundas. São princípios que, por muitos motivos, foram esquecidos ou

deixados pela sociedade e pelas próprias famílias cristãs, pastorais, fazendo com

que os seus filhos perdessem o real significado do que é estarem inseridos numa

família como a sua.

Esses itens podem ser relembrados, e com a ajuda de Deus fazê-los

novamente reais em suas vidas. Deus os escolheu para serem filhos de quem são –

Ele sabe o que é melhor. Realmente os filhos não têm culpa de nascerem numa

família com tantas responsabilidades e importância. Porém, foi Deus quem os criou

e os capacita no necessário para que cumpram com a responsabilidade a que foram

chamados. Não questionem tudo o que acontece em suas famílias, mas recebam a

orientação de Deus e ajudem no ministério de seus pais, sabendo que essa é a

vontade de Deus para suas vidas. Pode ser observado no livro do profeta Jeremias:

“Antes de formá-lo no ventre eu o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e o

designei profeta às nações”. 53

Todas as famílias têm suas características positivas e negativas. Algumas

incomodam mais, são mais transparentes, e nem sempre os filhos sabem lidar com

elas. Outras são motivo de muito orgulho. Certamente sua família tem boas

53 Jeremias 1,5.

características. Descubram quais são elas, analisem-nas. Façam-nas muito maiores

e recompensadoras do que as que são ruins. Orem ao Senhor para que suas futuras

famílias tenham tais aspectos - e outros melhores ainda - próprios de famílias - que

influenciarão positivamente seus filhos. Na primeira carta de Paulo à Timóteo se tem

que “... e seja conhecida por suas boas obras, tais como criar filhos, ser hospitaleira,

lavar os pés dos santos, socorrer os atribulados e dedicar-se a todo tipo de obra.”54

Em Salmos pode-se encontrar outra recomendação para essa situação:

“Aleluia! Como é feliz o homem que teme o Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos! Seus descendentes serão poderosos na terra, serão uma geração abençoada, de homens íntegros. Grande riqueza há em sua casa, e a sua justiça dura para sempre”. 55

Aceitem as correções, orientações e conselhos de seus pais, pois eles os

amam e querem o seu melhor. Muitas são as pessoas que à sua volta estão, e

sentem-se no direito de fazer o mesmo, mas são os seus pais que têm toda

autoridade, responsabilidade e cuidado - confiados diretamente de Deus - sobre

suas vidas. Em meio a tantas pressões e dúvidas, eles querem os ensinar o melhor.

Dêem atenção ao que dizem, ouçam-nos.

Segundo o autor de Hebreus “É para disciplina que perseverais. Deus vos

trata como filhos; pois que filho há que o pai não corrige?” 56 Se o próprio Deus

corrige aos que ama e chama de filhos, quanto mais os pais, àqueles a quem Deus

deu a guarda dos filhos aqui na terra. A mesma instrução, mas esta para os filhos,

encontra-se em Provérbios: “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o

ensino de tua mãe.” 57

54 I Timóteo 5,10. 55 Salmo 112,1-3. 56 Hebreus 12,7 57 Provérbios 1,8

Tenham sempre em mente que o melhor que seus pais puderem fazer, eles

farão. Adversidades sempre existirão, tais como: dificuldades financeiras,

responsabilidades sociais, o tempo que é curto, a incapacidade de fazer o

impossível, as dificuldades de lidar com pessoas. Parece que eles, por alguns

momentos, se esqueceram de vocês ou se importam mais com outros, não

correspondendo às suas expectativas. Mas, saibam que eles sempre procuram fazer

o melhor, mesmo que não percebam, pois são muito importantes para eles. São

limitados, humanos, erram, mas tenham certeza que eles os amam e procuram

satisfazer suas necessidades físicas, psicológicas e espirituais.

No evangelho de Lucas é possível ler “E qual o pai dentre vós que, se o filho

lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma

serpente?” 58

Obedeçam e honrem aos seus pais, esse é um dos mandamentos. Cumpram-

no, obedecendo primeiro ao Pai Celestial. Não os questionem sempre ou

desobedeçam-nos. Se existe a dificuldade em obedecer aos seus pais terrenos,

procurem ajuda de Deus Pai para que os ajude a fazê-lo sinceramente. Se o erro

está verdadeiramente nas ordenanças de seus pais, orem e peçam a Deus que

transforme os corações deles, continuando submissos aos seus responsáveis.

Um mandamento muito importante é encontrado em na carta de Paulo aos

Efésios:

“Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Honra teu pai e tua mãe- este é o primeiro mandamento com promessa - para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra.” 59

58 Lucas 11,11. 59 Efésios 6,1-3.

Se seu pai se encontra em dificuldade ministerial ou pessoal, não dêem mais

motivos para que a luta que ele tem travado piore. Ao contrário, ajudem-no. Vocês

podem e devem. Vocês são os filhos que ele precisa, tanto quanto precisam dele.

Orem constantemente por sua vida, por seu chamado e por suas responsabilidades.

Conversem com suas mães, com seus amigos, com pessoas de confiança e até

mesmo com seus pais, orando a Deus e pedindo sabedoria, discernimento, ajuda,

para que façam o melhor para ajudá-lo.

No livro de Provérbios encontra-se uma sabedoria que diz “Discipline seu

filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma.” 60

Tenham certeza em seus corações e vidas que o melhor estão fazendo. O

melhor diante de Deus, família e mundo. Que todos, principalmente Deus, possam

dizer o mesmo de vocês. E que Ele exclame “...Este é o meu filho amado, em quem

me agrado”.61

Como já citado, vocês são primeiramente filhos de Deus. Busquem-no,

honrem-no, adorem-no. Ouçam e obedeçam aos seus ensinamentos, sabendo que o

mais Ele fará, cuidará, e os ajudará a fazer naturalmente. Nele tudo é possível, pois

é poderoso e grande - perfeito Pai. Façam a diferença como filhos de Deus e,

consequentemente, diferença como filhos em suas famílias e diante do mundo.

Para marcarem uma geração e serem reconhecidos, é necessário que sigam

as orientações do apostolo Paulo escrevendo aos Filipenses “... para que vos torneis

irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração

pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo.” 62

60 Provérbios 29.17. 61 Mateus 3.17. 62 Filipenses 2.15.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WILDER, John B. O jovem pastor. Rio de Janeiro: Juerp, 1981. 112p.

ANEXOS

Seguem em anexo as pesquisas de campo realizadas.

RESUMO

Ao analisar a vida de um pastor, têm-se dois lados de uma moeda. Um deles

é aquele que observamos na vida social, no domingo, nos cultos, quase sempre

formal atrás do púlpito, exortando o povo a endireitar seus caminhos e seguir os

mandamentos de Deus e etc. O que me chama a atenção é o outro lado dessa

moeda, o pastor por trás das “câmeras”, sem a sua formalidade, na sua intimidade.

Como seria interessante ver o pastor em um desses “reality shows”. Essa visão

que poderia ser de sua comunidade, que muitas vezes não sabe dos desafios e

dificuldades enfrentadas por um pastor ao longo da sua caminhada. A visão da

família do pastor, que quase nunca tem identidade própria, é completamente

diferente.

O ensaio se propõe a tentar mostrar esse outro lado da moeda, apresentando

uma visão da família do pastor, que não escolheu ser, mas tem que enfrentar as

cobranças por parte dos membros da comunidade, como o de ser exemplo em

comportamento, ser diferente dos demais, e que em alguns casos leva até ao

afastamento da igreja, de Deus e à desestruturação da família. Conselhos,

cuidados e exemplos são demonstrados nesse ensaio para que você que está nesse

“barco” tendo ou não a opção de sair enfrente as tempestades das crises sem

perder a fé em Deus e aproveitar a benção que é ser pastor ou “família de pastor”.