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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO NEIVA MAKUKO ANÁLISE SEMIÓTICA DA OBRA “RELATIVIDADE”, 1953 - MAURITS CORNELIS ESCHER CURITIBA 2013

Semiótica aplicada.docx

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARANESCOLA DE COMUNICAO E ARTESCOMUNICAO SOCIAL JORNALISMO

NEIVA MAKUKO

ANLISE SEMITICA DA OBRA RELATIVIDADE, 1953 -MAURITS CORNELIS ESCHER

CURITIBA2013NEIVA MAKUKO

ANLISE SEMITICA DA OBRA RELATIVIDADE, 1953 -MAURITS CORNELIS ESCHER

Trabalho apresentado disciplina de Esttica, Arte e Comunicao II, do Curso de Graduao em Jornalismo, da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito pra obteno de nota parcial referente ao segundo semestre do curso. Com a orientao da Professora Adalgisa Aparecida de Oliveira Goncalves.

CURITIBA20131. A magia de EscherLucia Santaella especialista nos estudos dos signos, alm de educadora e pesquisadora Coordenadora do Centro de Estudos Peircianos, baseando-se na semitica de Charles Sanders Pierce (1839-1914), ela desenvolve seus raciocnios em torno da semitica aplicada, sendo que j escreveu alguns livros em torno do assunto. Para ela a semitica , assim, a doutrina de todos os tipos possveis de signos sobre a qual se funda a teoria dos mtodos de investigao utilizados por uma inteligncia cientfica.Aps a leitura detalhada da anlise da obra Intrieur Rouge de Henri Matisse, encontrada no livro Semitica Aplicada de Santaella, o desafio foi visitar a exposio a Magia de Escher no Museu Oscar Niemayer (MON) em Curitiba - PR, escolher uma obra e analisa-la do ponto de vista da semitica. A visita feita constatou o sucesso da exposio, pois haviam muitas pessoas visitando as obras em plena tera-feira.Nas obras expostas o holands Maurits Cornelis Escher mostra uma tendncia iluso de tica, um trabalho incrvel com espelhos, preenchimentos irregulares de formas, representao do cncavo e convexo, exploraes do infinito, metamorfoses, alm de padres geomtricos que vo se transformando dependendo do ngulo em que olhamos.Percebe-se que Escher procurava, em sua obra, representar construes impossveis com objetos reais, criando um fascnio por parte do expectador, que se depara com obras que desafiam a lgica a qual est acostumado o olhar humano. Ao passar pela exposio entramos mundo de fascnio, onde tudo pode mudar dependendo do ngulo em que olhamos.

Anlise de elementos da obra: Relatividade, litografia, 1953 M. C. Escher. Primeiramente devemos nos deixar envolver pela obra, se disponibilizar contemplativamente, observando os aspectos de linhas, cores, formas, superfcies, luzes, tcnicas; Colocar-se diante da obra como uma experincia singular, tomando nota de cada trao e particularidade da mesma; Generalizar as particularidades do conjunto da obra, abordando no apenas as qualidades e singularidades apreendidas, mas os enquadramentos de forma geral.Neste contexto, com base na anlise feita por Santaella, destacando a pintura como um signo, podemos ento perceber a litografia, tcnica usada nessa obra, como um signo tambm. Baseando- se nisso podemos ento abordar o que essa obra representa e quais os efeitos que ela poder causar no pblico observador.Num aspecto de observao inicial, entramos nos aspectos dos quali-signos, nesse momento da contemplao devemos nos colocar diante da obra como se estivssemos frente a algo completamente novo aos nossos sentidos, como crianas ao entrar em contato com objetos nunca vistos.

Relatividade, 1953 - Maurits Cornelis Escher.As formas geomtricas, a concavidade, o preto e branco da litografia, as sombras aqui e ali diferenciando os ambientes, uma estrutura fechada com viso do mundo l fora, portas fechadas e entreabertas. Percebemos trs perspectivas diferentes, olhando de ngulos diferentes, onde figuras humanas, algumas em posse de objetos, circulam em cada ambiente independente, entre escadas que sobem num ambiente ao mesmo tempo em que descem em outro.Escher demonstra movimentos cotidianos dos personagens, em cima, em baixo, dentro, fora, sentado, em p, andando, dando obra, em aspectos gerais, uma noo de que at mesmo a gravidade relativa, nesse trs mundos distintos, trs perspectivas diferentes."Trs planos de gravitao agem aqui verticalmente uns sobre os outros. Trs superfcies terrestres, vivendo em cada uma delas seres humanos, intersectam-se em ngulo reto. Dois habitantes de mundos diferentes no podem andar, sentar-se ou ficar em p no mesmo solo, pois a sua concepo de horizontal e vertical no se conjuga. Eles podem, contudo, usar a mesma escada. Na escada mais alta das aqui representadas, movem-se, lado a lado, duas pessoas na mesma direo. Todavia, uma desce e a outra sobe. claramente impossvel um contacto (cic) entre ambas, pois vivem em mundos diferentes e no sabem, portanto, da existncia uma da outra.*A textura diferencia os ambientes, ao mesmo tempo em que a profundidade de campo nos apresenta os aspectos singulares da obra, misturando a arquitetura das formas geomtricas contrastando com ambientes e objetos da natureza.Vale lembrar que ao descrever em linguagem verbal qualquer aspecto dessa obra, nada se compara sua apreciao e contemplao em si, no sendo possvel aqui a disseminao dos fatores sensoriais que o universo visual nos proporciona. Sendo, portanto, a interpretao individual e nica a cada observador. possvel que alguns aspectos sensoriais sejam comuns alguns indivduos, dependendo do seu repertrio cultural, intelectual e at mesmo dependendo de sua classe social, e sua forma de insero na sociedade. Nesse sentido, comeamos aqui a fazer referncia ao que cada aspecto da obra pode nos indicar, dependendo desses repertrios citados anteriormente.O sin-signo, como segundo fundamento do signo, trs o seu carter de existente. Deparamo-nos ai com uma realidade existencial, ou seja, o quadro que est na nossa frente. Quadro que pertence a um autor, a uma srie de obras, em uma exposio, no caso A magia de Escher, relacionadas a formas geomtricas, iluso de tica e viso do impossvel e infinito, estando em um ambiente em exposio, no caso na parede de um museu, cercado de vrias outras obras. Tal obra pertence classe das litogravuras, enquadrando-se num gnero moderno, com noes no comuns aos olhos humanos, mas ao mesmo tempo enigmticas.Trs mundos paralelos so representados, nos remetendo a situaes cotidianas aparentemente normais, cada indivduo no seu mundo independente, realizando suas atividades, num mbito da obra em que at a gravidade relativa. Escher nos conduz a um mundo com tcnicas matemticas e arquitetnicas que desafiam as leis da fsica, quando esta obra interpretada em conjunto por um observador comum, porm um bom matemtico poderia separ-la e explicar seu processo de produo.Ainda no mbito do sin-signo, somos levados a contemplar personagens como se estivessem em dimenses independentes, ao mesmo tempo em que ambas so parecidas s diferindo o ponto de gravidade, sendo que as figuras na obra so seres humanos trabalhando, vivendo em sociedade, descansando, alguns simplesmente andando, descendo e subindo escadas, em ambientes comuns aos seres humanos, mas ao mesmo tempo impossveis do ponto de vista fsico e gravitacional.Santaella, para estabelecer uma ateno maior contemplao, destaca os aspectos indiciais de indexicalidade interna prpria composio e a indexicalidade externa, a saber, o poder indicativo das imagens. Colocando esses conceitos em prtica na obra aqui destacada de Escher, podemos elevar nosso critrio de observao. No nvel interno podemos observar as portas entreabertas indicando que h um novo cmodo, a bagagem no ombro de uma das figuras humanas indicando um possvel peso, o posio em que se encontram algumas das figuras humanas indicando o movimento dos passos subindo e descendo degraus, as aberturas laterais mostram a existncia de um mundo l fora, alm das escadas e da estrutura arquitetnica, a fresta em uma das portas indica que algo pode ser observado dali.A relao entre a pintura, o ttulo e o autor tambm esto nesse nvel interno de observao, sendo que ai se estabelece uma relao indicial, da obra Relatividade com o seu autor, Escher.Observando a obra no nvel da indexicalidade externa, temos os objetos e formas evocativos: escadas, seres humanos, portas, mesas, assentos e o exterior de cada mundo ali representado. Ai tambm entra em nossa contemplao os traos e tcnicas utilizadas na produo da obra, o diferencial da textura fruto da tcnica de litografia utilizada, os cuidados matematicamente planejados para as formas geomtricas, o complexo planejamento do artista para a montagem de uma obra de iluso de tica.Esse nvel de observao pode levar nosso pensamento ao nosso mundo real, lembrando construes arquitetnicas, prdios enormes com escadas que parecem no ter fim, como exemplo disso os enormes edifcios do Emirados rabes, e o Word Trade Center, tragicamente destrudo em 2001. Com a genialidade do autor, com seus jogos matemticos para a iluso de tica nos remetendo a grandes gnios da nossa histria como Einstein, Plato, Aristteles, Pitgoras. Nossa mente pode viajar estabelecendo vnculos indiciais extensos, e at com certa complexidade, basta apenas que nos atentemos a eles. Os critrios tcnicos abordados por Santaella na sua analise do Matisse, pintura em tela, 1947, podem ser usados de forma satisfatria para anlise da obra de Escher, as tcnicas de produo se diferenciam, porm os aspectos sgnicos observados so os mesmos. Santaella ao fazer tal anlise estabelece uma importante conexo entre quali-signo, sin-signo e legi-signo muito bem explicada. Aps essas etapas, temos ento a anlise dos aspectos dos legi-signos, onde identificamos os smbolos convencionados socialmente, e a classe a que pertence a obra, por exemplo. Assim como o Matisse pertence classe das pinturas, o Relatividade de Escher pertence classe das litogravuras, enquadrando-se dentro de um padro inovador da arte contempornea, com sua diversidade de estilos, diferentes padres envolvendo diversas cincias como matemtica, arquitetura e fsica.Como smbolos pode-se destacar as convenes que abrangem a arte contempornea, a forma peculiar de criao, caractersticas arquitetnicas e de criao do impossvel, e todos os enigmas que envolvem a incrvel criao de Escher, por meio de sua capacidade de fazer aumentar nossa percepo da realidade. As mltiplas Sensaes causadas pela obra de EscherA semitica contribui para uma melhor interpretao artstica, obviamente depende do nvel intelectual de cada indivduo para um maior aprofundamento e anlise contemplativa. Lucia Santaella ao fazer a anlise do Matisse leva em conta aspectos que passariam completamente despercebidos a um leigo. A anlise aqui feita, da obra Relatividade de Escher, procurou seguir a anlise de Santaella, abordando os aspectos semiticos inerentes a uma contemplao individual, levando em conta os aspectos icnicos, indiciais e simblicos identificados na obra, e as formas de interpretantes imediato e dinmico.A obra de Escher, no apenas a que aqui foi analisada, mas a exposio como um todo motivou a visita ao Museu Oscar Niemayer (MON), por tratar-se de um artista j reconhecido por sua forma peculiar de arte. A obra escolhida para a anlise no foi aleatria, ou em decorrncia de preferncia esttica, pois cada uma das obras do referido autor despertam ateno e interesses nicos, causando sensaes amplas, que vo desde a uma inrcia inicial, como se nada estivssemos entendendo, para uma sensao incrvel da dimenso das possibilidades criadoras de um esprito artstico.A obra Relatividade estimula o pensamento no apenas no mbito das possibilidades criadoras da arte, e nos seus aspectos tcnicos, mas tambm no aspecto social, podendo ter, dependendo do indivduo observador, interpretaes filosficas da convivncia em sociedade, por exemplo. Pois no difcil de estabelecer relaes com a correria das grandes cidades, onde se vive na mesma dimenso fsica, porm cada um est inerte em sua perspectiva e anseios individuais de mundo, onde convivemos ou at somos esses indivduos, preocupados nica e exclusivamente com sua individualidade, como se vivssemos em dimenses de mundo opostas.

RefernciasSANTAELLA, Lcia. Semitica Aplicada.____. So Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2004. P. 85 a p. 95.SANTAELLA, Lucia. O que Semitica._____ So Paulo: Brasiliense, Coleo Primeiros Passos, 1993, p. 34. Disponvel em:. Acesso em 10 de jun. 2013.MATOS, Jairo Telmos. A representao em perspectiva e as figuras impossveis presentes nos trabalhos do artista grfico Maurits Cornelis Escher. Disponvel em: < http://repositorio.ufsc.br>. Acesso em 06 de jun. 2013.

Blogspot. Imagem jpg. Relatividade, 1953, M. C. Escher. Disponvel em: . Acesso em 28 de maio 2013. Universia Notcias. Conhea relatividade, de Escher. Disponvel em: . Acesso em 06 de jun. de 2013.