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João Falcão Cadeira 35 Patrono: Manoel Vitorino Pereira Fundador: Antônio Pacífico Pereira 2 o . Titular: Afonso Costa 3 o . Titular: Rui Santos 4 o . Titular: Rubem Nogueira Titular atual: João da Costa Falcão Posse em: 09.09.2010 Senhor presidente desta Academia Edivaldo Boaventura Senhores acadêmicos, minhas senhoras e meus senhores: Imaginava encerrada minha atividade literária com a publicação do livro Valeu a Pena (Desafios de minha vida) ao final do ano passado, quando fui eleito, pela generosidade dos membros desta Academia de Letras da Bahia, para ocupar a Cadeira de nº 35. Embora este momento glorioso de minha vida viesse acontecer aos meus noventa anos, foi exclusivamente por minha culpa, pois onze anos atrás, em 1999, o saudoso amigo e acadêmico Josaphat Ramos Marinho fez a indicação do meu nome para concorrer a uma cadeira desta Casa. Fiquei muito honrado com esta deferência. Agradeci, mas não competi. Posteriormente, o querido amigo e acadêmico Waldyr Freitas Oliveira consultou-me sobre o lançamento de minha candidatura. Lisonjeado e agradecido novamente declinei do honroso convite.

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João Falcão

Cadeira 35 Patrono: Manoel Vitorino Pereira

Fundador: Antônio Pacífico Pereira

2o. Titular: Afonso Costa

3o. Titular: Rui Santos

4o. Titular: Rubem Nogueira

Titular atual: João da Costa Falcão

Posse em: 09.09.2010

Senhor presidente desta Academia Edivaldo Boaventura

Senhores acadêmicos, minhas senhoras e meus senhores: Imaginava encerrada minha atividade literária com a

publicação do livro Valeu a Pena (Desafios de minha vida) ao final do ano passado, quando fui eleito, pela generosidade dos membros desta Academia de Letras da Bahia, para ocupar a Cadeira de nº 35.

Embora este momento glorioso de minha vida viesse

acontecer aos meus noventa anos, foi exclusivamente por minha culpa, pois onze anos atrás, em 1999, o saudoso amigo e acadêmico Josaphat Ramos Marinho fez a indicação do meu nome para concorrer a uma cadeira desta Casa. Fiquei muito honrado com esta deferência. Agradeci, mas não competi.

Posteriormente, o querido amigo e acadêmico Waldyr

Freitas Oliveira consultou-me sobre o lançamento de minha candidatura. Lisonjeado e agradecido novamente declinei do honroso convite.

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Perdoem-me pela negligencia... E neste momento, quando escrevo este despretensioso

discurso de posse na Academia de Letras da Bahia, minha memória transporta-me para longínquos momentos de minha vida, dedicados ao culto das letras.

Em 1936, aos 16 anos, pela primeira vez dediquei-me à arte

de escrever, ao fundar o Jornal Unidade, órgão do grêmio Pedro Calmon, no Ginásio da Bahia, no Curso Complementar, ao lado dos saudosos colegas João Agripino da Costa Dória, Gerardo de Souza Alves e Luis Menezes Monteiro da Costa.

Dois anos depois, em 1938, fundei a revista Seiva, ao lado

dos estudantes Virgildal Sena, Emo Duarte e Eduardo Guimarães, e tendo também Armênio Guedes, o único ainda vivo e residente em São Paulo, como diretor oculto, porque já era conhecido como comunista.

Naqueles anos, o ambiente cultural da Bahia, como de todo

o Brasil, vivia asfixiado sob a ditadura do Estado Novo, de caráter fascista, implantado por um golpe de estado, chefiado pelo próprio presidente da Republica, Getulio Vargas, no ano anterior, em 1937.

O Congresso foi fechado, dissolvidos os partidos políticos,

as prisões se alastraram pelo Brasil afora e, finalmente, foi revogada a constituição democrática de 1934.

Também foram detidos muitos intelectuais e lideres sindicais, entre os quais o ministro Otavio Mangabeira, que foi exilado.

Através da revista Seiva, eu pude conviver com a nata da inteligência baiana e brasileira durante os anos de 1938 a 1943. Não somente ingressei no rol dos seus colaboradores, como entrei em contato com escritores como Aliomar Baleeiro, Aydano do Couto Ferraz, Almir Mattos, e os saudosos acadêmicos Afrânio Coutinho, Eugenio Gomes, Edison Carneiro, José Valadares, Carlos Eduardo da Rocha, Carlos Vasconcelos Maia, Jorge Amado, Luis Viana Filho, Nestor Duarte, Nelson Sampaio, Orlando Gomes, Odorico Tavares,

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Walter da Silveira, Wilson Lins e muitos outros escritores de outros estados, como Carlos Lacerda, Carlos Drummond de Andrade, Joel Silveira, Rubem Braga, Samuel Wainer, Lêdo Ivo, Leôncio Basbaum, o poeta Rossine Camargo Guarnieri, Fernando Goés e muitos outros.

Para manter esta revista, além de redator, eu atuava como

corretor de anúncios, para assegurar sua manutenção e continuidade.

De tal forma esta revista tornou-se incomoda à ditadura e

aos setores fascistas do país, que, depois de cinco anos, sua circulação foi proibida em julho de 1943, sendo presos seus diretores João e Wilson Falcão e o secretário Jacob Gorender.

Durante sua existência, foram seus redatores Antonio

Santos Morais, Aldenor Campos, Almir Mattos, Rui Facó, Jacinta Passos e Ariston Andrade, que reside no Rio de Janeiro.

Em abril de 1945, fui fundador e diretor do jornal O Momento, ao lado de uma plêiade de jornalistas como João Batista de Lima e Silva, Mario Alves de Souza, Alberto Vita, Almir Mattos, Ariston Andrade e muitos outros.

Mas um jornal diário do Partido Comunista para atender

aos seus objetivos políticos, haveria de ser um jornal para as massas, indo diretamente ao povo levantar seus problemas, expressar suas esperanças e reivindicações.

Para isso, tornou-se necessária a mobilização de uma

equipe de jornalistas, redatores e repórteres novos, que fossem não somente bons profissionais, mas, também animados pela mesma fé e imbuídos de propósito comum que inspirou sua criação. Este contingente fomos buscar nas fileiras do Partido Comunista. Além dos nomes citados, também vieram colaborar os jovens:

Jafé Borges, Ariovaldo Mattos, Nilo Pinto, Quintino de

Carvalho, Inácio de Alencar, Arary Muricy, José Gorender, José Marroco de Moraes e muitos outros, todos falecidos. Mas, felizmente, ainda vivos, os acadêmicos Luis Henrique Dias Tavares e James Amado, Henrique Lima Santos, Boris Tabacof, Carlos

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Aníbal Correia, Alice Gonzalez, Aurélio Rocha Filho, Newton Sobral, Simão Schnitmann e muitos outros que a ele se dedicaram. O

Momento circulou até o ano de 1957.

Nesta mesma época, em 1938, quando ingressei na Faculdade Livre de Direito, entrei em contato com vários professores também acadêmicos. Em primeiro lugar, lembro do seu diretor e meu professor Felinto Justiniano Ferreira Bastos, já octogenário. Fui cumprimentá-lo, como meu ilustre conterrâneo e meu professor de Direito Romano. Era membro desta Academia, fundador da cadeira de nº 21. Passei a conviver no dia a dia das aulas, com os mestres e acadêmicos Demetrio Tourinho, Castro Rebelo, João Américo Garcez Fróes, Heitor Praguer Fróes, Muniz Sodré, Aloísio de Carvalho Filho, Orlando Gomes, Nestor Duarte, Augusto Alexandre Machado, Jayme Junqueira Aires e Aloísio Henrique de Barros Porto.

Na Câmara dos Deputados, ainda no Rio de Janeiro, no

período de 1955 a 1958, convivi novamente com os deputados e acadêmicos Nestor Duarte, Luis Viana Filho, e, também, com o acadêmico Otavio Mangabeira, ex-governador da Bahia, que me cederam o titulo do Jornal da Bahia.

Em 1958, já desligado do Partido Comunista, fundei o

Jornal da Bahia, ao lado dos saudosos companheiros Zittelman José Santos de Oliva, membro desta Academia, Milton Cayres de Brito e Virgilio da Motta Leal. Fui seu diretor durante 25 anos, até o ano de 1983, e o Jornal da Bahia circulou até 1994.

Foram seus redatores, alem de muitos outros, os

acadêmicos João Carlos Teixeira Gomes, Florisvaldo Mattos, Samuel Celestino da Silva Filho e João Ubaldo Ribeiro da Academia Brasileira de Letras.

O Jornal da Bahia nasceu num momento especial da

historia de nosso país. O Brasil e a Bahia procuravam romper a estagnação em que viviam. O governo do Presidente Juscelino Kubstschk, empossado em 1956, havia lançado o slogan desenvolvimentista de 50 anos em 5, estava construindo a nova Capital da Republica, Brasília, implantando a indústria automobilística e um parque industrial no Brasil. Os resultados

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desta política alcançaram a expressiva taxa de 7% do crescimento do PIB. A euforia dominava todos os setores da vida nacional e a Bahia estava inserida naquela conjuntura progressista.

Havia muita esperança e confiança no desempenho do

novo jornal. Na primeira metade do século vinte, predominava no cenário jornalístico baiano a existência de uma imprensa conservadora e vinculada a pessoas e partidos: A Tarde de Simões Filho; o Diário de Noticias e o Estado da Bahia de Assis Chateaubriand; O Imparcial do coronel Franklin Albuquerque; e o Diário da Bahia do conservador Partido Social Democrático.

A Bahia esperava há muito tempo por um veiculo de

imprensa independente, sem tutores, resultado da conjugação da vontade de toda a população, que subscreveu em massa seu capital social.

O Jornal da Bahia marchava firmemente seu caminho,

quando seis anos depois, a vitória da ditadura implantada em 1964, impôs uma longa e drástica censura em toda a imprensa, transformando-se em 1970, ao tomar posse o governador Antonio Carlos Magalhães, também membro desta Academia, numa terrível e implacável perseguição, que o tornou obcecado no propósito de fechá-lo.

Mas, o Jornal da Bahia não se curvou. Este governo findou-

se em 1975 e eu continuei na sua direção até 1983. O Jornal da Bahia, que perdeu 90% de sua publicidade, sobreviveu, à custa de muitos sacrifícios, tendo de vender sua sede própria e obrigando seu diretor a um grande sacrifício pessoal, forçado que foi á venda de quase todo o seu razoável patrimônio e de sua esposa. Nessa luta, porem, encontrou o apoio de toda a imprensa brasileira e dos órgãos de classe nacionais e internacionais, além da opinião pública. E, por isso, sobreviveu até o ano de 1994, trinta e quatro anos após sua fundação.

Senhores Acadêmicos,

Senhoras e senhores:

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Peço perdão pelo tempo a que vos submeti com as minhas reminiscências e com a história de minha vida literária, porque o primeiro dever do acadêmico que toma posse é o de registrar a história dos que o antecederam nesta cadeira nº 35, que acabo de assumir, com muita alegria e orgulho, por ter sido seu Patrono Manoel Vitorino Pereira; seu Fundador Antonio Pacifico Pereira e seus titulares Affonso Costa, Ruy Santos e Rubem Rodrigues Nogueira.

Manoel Vitorino Pereira

Nasceu a 30 de janeiro de 1853, nesta Cidade do Salvador,

filho de Antonio José Pereira, marceneiro, de nacionalidade portuguesa, e de sua esposa Dona Carolina Maria Franco, brasileira.

Apesar de sua origem humilde, Manoel Vitorino aspirou,

bem cedo, aos estudos médicos. Era à noite – após o diuturno labor da marcenaria – que estudava, até lograr a matricula na escola médica, primaz do Brasil, a gloriosa Faculdade de Medicina da Bahia, aos dezoito anos.

Conquista, por concurso, no quinto ano, o lugar de Interno da Clinica Médica – vitoria das mais expressivas.

A 16 de dezembro de 1876 realizou perante a Congregação

da Faculdade, o sonho ardente de sua mocidade: a colação do grau médico, aos vinte três anos de idade.

Não tardaria Manoel Vitorino a concretizar outra

acalentada aspiração: a viagem à Europa, que empreende no intuito de aperfeiçoar seus conhecimentos médicos.

Em 1881 casou-se com Dona Ametia Silva Lima, filha do

seu mestre e amigo J.F. Silva Lima.

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Em 1883, fez concurso para a 2ª Cadeira de Clinica Cirúrgica, como candidato único. O Conselho de Mestres concedeu-lhe a nota de “louvor”. Nesta época, renova o ensino da Clinica Cirúrgica, adaptando-o às novas doutrinas e praticas em vigor nos mais adiantados centros europeus.

Os alunos elevam-no, em 1884, à gloria do paraninfado,

ocasião em que profere admirável discurso, de substancioso conteúdo filosófico e ético Valeria esse discurso como uma oração de despedida... É que a política solicitaria os serviços do insigne mestre, exigindo a contribuição do seu talento à esfera do serviço publico de seu Estado e do país.

Com a queda da monarquia, aos 32 anos, filiado ao Partido

Liberal, seria o substituto de Virgilio Climaco Damásio como governador interino da Bahia. Numa curta gestão de cinco meses, torna-se merecedor da confiança popular e elege-se constituinte estadual e a seguir Senador da Republica, aos 39 anos de idade, ocupando a presidência do Senado.

Em meio a um período conturbado da vida política

nacional, com uma operação de urgência do presidente Prudente de Morais, este afasta-se temporariamente do governo e passo-o, por oficio, a Manoel Vitorino.

“Atingido o cume do poder, embora numa interinidade perigosamente indeterminada, pretende exercê-lo em sua plenitude. Designa ministros, inaugura festivamente a nova sede do governo – o Palácio do Catete, adota medidas econômicas e financeiras, enfrenta o problema da Guiana Francesa e convida Rui Barbosa para defender os direitos do Brasil. Numa palavra: governa, e, com isto desperta o despeito e o ciúme de Prudente de Morais, que, quatro meses decorridos da operação, interrompe a licença sem aviso prévio, desce de Teresópolis e mediante lacônico aviso levado por um cabo de ordem, de surpresa, comunica a Manoel Vitorino que reassume suas funções presidenciais. Era o começo do fim.

Manoel Vitorino não se reelege. Abandona a atividade

política e passa a escrever no jornal Correio da Manhã. O sucessor de Prudente ‘’de Morais, o presidente Campo Sales, nega-lhe tudo, chegando ao extremo de vetar a lei do Congresso Nacional que lhe

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havia concedido a prorrogação da licença em que se achava, indispensável para a manutenção da família que se mudara para o Rio de Janeiro.

Uma semana depois do veto mortificante adoece

gravemente e morre no Rio de Janeiro, a 7 de setembro de 1902. Tinha apenas 49 anos de idade.

A terra natal reclama os despojos do seu grande filho. Segue para a Bahia, a bordo do encouraçado Deodoro, o

corpo do insigne brasileiro, que foi recebido pelo governador do Estado, Severino Vieira, com honras e pompas oficias.

Com grande acompanhamento realizou-se o enterro, no

Cemitério do Campo Santo, tendo falado á beira do tumulo, em nome da Congregação da Faculdade de Medicina, o Dr. Climério de Oliveira.

Findara-se, assim, a existência de Manoel Vitorino, mestre

cujo talento exaltaria a cátedra médica brasileira; parlamentar cuja atuação foi modelo de sã política e sábio cuja condição e cultura constituíram uma das glorias cientificas de sua pátria.”1

Antonio Pacifico Pereira

Fundador da cadeira nº 35, nasceu a cinco de junho de

1846. Era irmão de Manoel Vitorino, matriculou-se na Faculdade de Medicina, onde se doutorou, após curso brilhante, em 30 de novembro de 1867, sendo o orador da turma na colação de grau. Em 1871 foram estabelecidos os concursos na Faculdade de Medicina, suspensos desde o inicio da guerra contra o Paraguai. Realizadas as provas, com o maior brilhantismo, foi aprovado unanimemente pela congregação e nomeado pelo governo imperial. Tomou posse a 13 de maio do mesmo ano. Em 1882 foi designado lente catedrático de Anatomia Geral e Patológica.

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__________ 1. Isolino Vasconcelos – Revista Brasileira de Historia da Medicina, volume V.

Eleito diretor da Faculdade de Medicina, exonerou-se em outubro de 1897, em solidariedade ao irmão Manoel Vitorino Pereira, que se achava em oposição ao Presidente da Republica.

Aposentou-se em 17 de abril de 1912, continuando na

Clinica e a realizar os seus estudos.

Foram seus principais trabalhos: Feridas por armas de fogo (1874) tese para o concurso á cadeira de patologia; Centenário de

Fundação do Ensino Médico no Brasil (1908); Memória sobre a Medicina na Bahia (1922).

Morreu e foi sepultado em Salvador a 18 de novembro de

1922, aos 76 anos.

Afonso Costa

Foi o segundo titular desta cadeira. Nasceu na cidade

Palmeirinhas do Jacuípe, no município de Jacobina, neste Estado, a 2 de agosto de 1885. Foi eleito para esta academia em março de 1925.

Ele seguiu sua vida no interior da Bahia. Educação primaria

apenas. Tornou-se funcionário público para sobreviver. Mas, foi um

incansável escritor. Em 1916, ao escrever um trabalho para o 5º Congresso de Geografia, denominou-o Minha Terra. Já residindo no Rio, para onde se transferiu em 1923, escreveu os livros “Poetas

de outro sexo,” e Baianos de Antanho.” Tomou posse por declaração dirigida à Mesa da Academia,

de acordo com o artigo 24 dos Estatutos então vigente, que foi aceita na sessão de 7 de março de 1928, considerando os acadêmicos o fato de Afonso Costa já estar residindo no Rio de Janeiro.

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Afonso Costa não foi somente o historiador, ou o jornalista,

ou o escritor. Fundou ou dirigiu jornais, foi membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e, depois do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro. Eleito para Assembléia Carioca de Letras, chegou à sua presidência. Mas não ficou ai. Editou a revista Cadernos, das quais saíram vinte números. Graças aos seus esforços conseguiu a realização, em 1936, do 1º Congresso de Acadêmicos e Sociedades Literárias do Brasil, inclusive a Academia Brasileira de Letras. Daí á Federação dos Acadêmicos foi um passo.

Chegou, afinal, à velhice e á morte a 31 de dezembro de

1955.

Ruy Santos

Nasceu a 15 de fevereiro de 1906, em Casa Nova, na região do Rio São Francisco. Casou-se com dona Nair Vianna Santos e teve os filhos: Engº Rui Santos Filho, falecido, e a médica Relma Santos de Souza.

Sua biografia é muito rica. Formado pela Faculdade de

Medicina da Bahia, em 1928, aos 22 anos, foi clinicar no interior do estado, na cidade de Itapira, hoje Ubaitaba. Teve atividade profissional modesta e meteórica. Após quatro anos de exercício da medicina fez sua estréia na política, sendo nomeado prefeito daquela cidade, em 1932, pelo interventor federal, Juracy Magalhães.

Trazido por ele para Salvador para exercer atividade

profissional liga-se aqui a setores especializados do serviço publico, associado ao magistério superior, após a livre docência obtida em 1936 na Faculdade de Medicina, dedicou-se a intenso e vigoroso jornalismo. Este aguça-lhe o apetite político e credencia-o em 1945 ao mandato de deputado federal, que se renovaria por seis legislaturas, de 1946 a 1970, em seguida ás quais é conduzido por

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oito anos ao Senado Federal “ de 1971 a 1978. Interrompeu sua atividade parlamentar de 1959 e 1962, para assumir uma secretaria de Estado na Bahia.

Faço essas referencias ao seu nome para vos dar uma ligeira

idéia do quanto representou Ruy Santos na historia da Bahia, como político, medico, jornalista e escritor.

Mas, para não me alongar quero falar sobre sua produção

literária, que honrou a cadeira de nº 35, para a qual foi eleito a 14 de junho de 1956 e tomou posse em outubro do mesmo ano, quase ao completar cinqüenta anos de idade:

Teixeira moleque – 1960 (romance) Sertão maluco – 1961 Nossa Senhora dos Alagados – 1973 (romance)

O poder legislativo, suas virtudes, seus defeitos – 1972 Cacau – 1974 (romance)

Memórias de um leguleio – 1977 A Faculdade do meu tempo – 1978 (memórias) Recordações de um velho medico da roça – 1978 (memórias Da Aurora da minha Vida – 1978 (historia) Acrescente-se a esta relação, uma inesgotável produção de

artigos em jornais e revistas. Rui Santos faleceu a 20 de maio de 1985. Em homenagem à sua memória, em sessão desta academia,

o saudoso acadêmico Wilson Lins conclue sua oração com as seguintes palavras:

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“Por não ser possível separar nele o homem de letras do homem público, a Academia cultuará a memória dos dois, fazendo-se depositária do legado literário de um, e guardiã do exemplo de probidade cívica do outro.”

Rubem Rodrigues Nogueira

Nasceu a 13 de setembro de 1913, na cidade de Serrinha, neste Estado. Dentro de quatro dias estaria comemorando 97 anos. É o quinto dos onze filhos do casal Luiz Osório Rodrigues e Ana Ribeiro Nogueira.

Casado em primeiras núpcias com Adalgisa Peixoto

Ferreira Nogueira, com ela teve o filho Claudio Peixoto Ferreira Nogueira e a neta Claudia. Do segundo casamento com Gilka Felloni de Mattos Nogueira teve seis filhos: Rubem Junior, Maria Patrícia, Gilka Maria, Maria do Rosário, Maria Clara e Paula.

Diplomou-se pela Faculdade de Direito da Bahia no ano de

1937. Inicialmente, exerceu a profissão em São Paulo, na cidade

de São José do Rio Preto, e, depois, no Rio de Janeiro, transferindo-se finalmente para a Bahia em 1945.

Aqui, foi Procurador Geral da Prefeitura de Salvador e Procurador Geral da Justiça; professor titular de Introdução à Ciência do Direito da Faculdade de Direito da Universidade Católica e consultor jurídico do Ministério da Justiça.

Foi membro da Ordem dos Advogados do Brasil e do

Instituto dos Advogados da Bahia. Nas legislaturas de 1947-51 e 1955-59 foi eleito deputado

estadual. Suplente de deputado federal pelo Partido de Representação Popular na legislatura de 1959-1963, assumiu o mandato em 1961. Novamente suplente pelo mesmo partido de 1963 a 1967.

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Na Assembléia Legislativa teve atuação brilhante. Foi

membro efetivo da Comissão de Constituição e Justiça. Foi autor da lei que criou os primeiros ginásios públicos estaduais no interior do Estado, assim como escolas Normais e Regionais e escolas técnico-profissionais.

Foi eleito deputado Federal no exercício de 1967-1971 pela

Aliança Renovadora Nacional (Arena). Defendeu a preservação do sistema ferroviário brasileiro; a assistência financeira pelo Banco do Brasil, às lavouras das regiões semi-áridas, sem hipoteca e mediante longo prazo (sisal, algaroba e palma).

Representou a Câmara Federal em vários eventos

internacionais. Na gestão do ministro Petrônio Portela exerceu o cargo de consultor jurídico do Ministério da Justiça. Na Câmara Federal foi, também, membro efetivo da Comissão de Constituição e Justiça.

Foi membro da Academia de Letras Jurídicas da Bahia, do

Instituto dos Advogados da Bahia, membro fundador do Instituto dos Advogados Brasileiros e do Instituto Bahiano do Direito do Trabalho.

Foi colaborador da Revista de Direito Administrativo (Rio

de Janeiro), da revista Ciência Jurídica (Braga – Portugal) e da Revista de Informação Legislativa (Senado Federal).

Se sua vida foi esse monumento de trabalho e realizações

no campo parlamentar e do saber jurídico, sua obra literária ainda foi maior.

A inspiração principal de suas produções literárias foi a vida e a obra de Rui Barbosa.

Pela ordem cronológica, são os seguintes os seus livros

publicados: O Advogado Rui Barbosa – 1949; 1º premio no concurso

nacional no ano do seu centenário de vida.

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Pareceres – 1954

Rui Barbosa e a Técnica de Advocacia – 1956 Natureza Jurídica das Riquezas Minerais do Sub-solo – 1960 Introdução ao estudo do Direito – 1989 O Homem e o Muro – 1997 Rui Barbosa – contemporâneo do futuro – 2006. Eu tive a satisfação de estar no lançamento do seu livro O

Homem e o Muro nesta Academia, no qual ele escreveu a seguinte dedicatória “ Ao colega e amigo João falcão, muito cordialmente.

Rubem Nogueira

Salvador, 23/07/1997”

O saudoso acadêmico Nelson de Souza Sampaio ao saudá-

lo na sua posse, encerrou seu discurso com as seguintes palavras: “Ensina a experiência que os indivíduos inteligentes que se

devotam a um grande mestre se tornam, eles próprios também mestres. É assim que a Academia de Letras da Bahia recebe hoje Rubem Nogueira, como um mestre que lhe confere honra e alegria.”

Faço minhas as palavras do inesquecível acadêmico Nelson

de Souza Sampaio ao ingressar Rubem Nogueira nesta Academia para ocupar a Cadeira nº 35, não obstante as divergências, já superadas, que nos colocaram em campos opostos há mais de sessenta anos. Ele integralista, eu comunista. Eu estou tendo a honra de ingressar numa Academia de Letras, ocupando o lugar de um grande acadêmico e não num partido político.

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Ao me afastar do Jornal da Bahia, aos 65 anos, após quarenta e seis anos de uma intensa vida na militância do Partido Comunista, no jornalismo revolucionário, na vida parlamentar, na atividade imobiliária e bancaria, dediquei-me a escrever o primeiro livro: O Partido Comunista que eu conheci.

Desde outubro de 1984, quando o comecei, até concluí-lo,

decorreram quase quatro anos. Nesse mergulho no tempo, para escrevê-lo, fiz cerca de

sessenta entrevistas, e foi muito gratificante o reencontro com velhos camaradas e amigos, ao lado dos quais vivi e lutei. Em todos, sem exceção, encontrei uma acolhida fraternal e o espírito forte, cheio de cauteloso otimismo e esperança num mundo melhor.

Essa peregrinação começou fora do Brasil, em Buenos

Aires, em outubro de 1984, onde fui encontrar Rodolfo Ghioldi e sua mulher, Carmen, aos 86 anos, pouco antes de falecer, em 1985, o velho líder fundador do Partido Comunista da Argentina. Seu depoimento foi muito lúcido e esclarecedor.

Ao regressar de Buenos Aires, procurei no Rio de Janeiro a

Luiz Carlos Prestes, em sua residência na Gávea, no Rio de Janeiro. Ao lado de sua mulher, Maria Prestes, recebeu-me carinhosamente. Aos 88 anos, estava também completamente lúcido e me deu um excelente depoimento. A última vez que nos encontramos, há quarenta anos passados, eu o levava como seu chofer, do Rio para São Paulo, foragido. Era o dia em que estava fazia cinqüenta anos, 03 de janeiro de 1947.

Encontrei-me, também, com Giocondo Alves Dias,

então secretario geral do PCB, substituindo a Luis Carlos Prestes, que havia rompido com a direção do Partido. Apesar de doente, entrevistei-o em três oportunidades, para não cansá-lo, e dele colhi valiosos subsídios para o livro.

Em 1993 escrevi duas biografias: Giocondo Dias – Vida de

um Revolucionário, lançado nesta Casa e A vida de João Marinho Falcão, meu pai, comemorando seu centenário.

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Antes de concluir o livro acima, morre Giocondo Dias, a sete de setembro de 1987, aos 74 anos, deixando impressionante trajetória nos seus 52 anos de vida revolucionária: de cabo do Exército e chefe militar do levante comunista de Natal, em 1935, a secretário-geral do Partido Comunista, em 1980, substituindo a Luiz Carlos Prestes.

Decidi escrever sua biografia movido por dois sentimentos

muito fortes: minha grande admiração por ele, que conheci em 1942, aos seus 29 anos, e na militância daquele partido, durante vinte anos, e pela noção de dever perante a história política de nosso país, de registrar o amor e o devotamento de um autentico revolucionário à causa da liberdade e felicidade de nosso povo.

Tendo acompanhado mais de quatro décadas de sua vida,

para escrever este livro realizei, durante três anos, uma trabalhosa pesquisa para resgatar sua longa e árdua atividade política, em grande parte vivida na clandestinidade. No afã de desvendar sua vida e sua personalidade, entrevistei os familiares, doze membros do Comitê Central do PCB, muitas pessoas ligadas aos aparelhos onde vivera, seus assessores mais próximos e figuras destacadas do partido, homens e mulheres experimentados que conviveram com ele. E nessa busca encontrei uma rara jóia humana.

Neste livro, o leitor encontrará, finalmente, ao lado de

passagens de intensa dramaticidade, páginas amenas e singelas, mas de muita beleza, nos encontros clandestinos com a família – cinco filhos e uma extraordinária mulher – aos quais nunca faltou com sua assistência.

Ao concluir este livro, fui solicitado pelos meus irmãos para escrever a biografia de nosso pai, como parte da comemoração, pela família, do seus cem anos de vida, a 13 de maio de 1993.

Voltei-me inteiramente para esse objetivo. O livro era, ao

mesmo tempo, um depoimento e uma biografia. Essa história mostrou-me – e aos meus irmãos – quanto o admirávamos e amávamos. Ele foi o nosso ídolo.

Durante o tempo em que o escrevi, policiei-me para não

passar para suas páginas essa idolatria.

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Uma coisa, porém, é certa: ele foi escrito com amor, alma e

lagrimas. E não somente meus, mas, também, dos meus irmãos. Em 1999 escrevi o “Brasil e a Segunda Guerra Mundial –

testemunho e depoimento de um soldado convocado”. Este livro é um depoimento e um testemunho sobre a

Segunda Guerra Mundial, iniciada a 1º de setembro de 1939 e finda a 14 de agosto de 1945. Tinha eu a idade dezenove anos quando se desencadeou o conflito, que envolveria, de um lado, a Alemanha, do outro, a França e a Inglaterra, e se abateria sobre os cinco continentes, tornando-se, em cinco anos e meio, a mais barbara e cruel hectombe bélica da história.

Neste livro, constata-se o fato insólito de ter sido o Brasil o

único membro das Nações Unidas cujo povo exigiu a declaração de guerra ao Eixo e o envio de um corpo expedicionário, por meio de um contínuo movimento de massas que perdurou por mais de dois anos. Nunca, em nossa história, nem mesmo no recente movimento das Diretas já, foi tão decisiva a participação das massas populares na definição dos destinos do país. O Brasil jamais assistiu a um movimento popular daquela envergadura, que reuniu em todo o país centenas de milhares de pessoas.

Vários autores, nacionais e estrangeiros escreveram sobre o

Brasil e a Segunda Guerra Mundial. Nenhum deles, porem, analisou devidamente a correlação das forças políticas da sociedade brasileira naquela conjuntura, nem considerou as forças populares como principal personagem desse grandioso momento histórico.

O testemunho dos homens e mulheres da minha geração –

que acompanharam e vivenciaram de perto todo o desenrolar da Segunda Guerra – foi fundamental para o sucesso do livro. Em 1943 fui convocado como reservista.

Em setembro de 2006 escrevi o livro Não deixe esta chama

se apagar – Historia do Jornal da Bahia. Trabalhei incessantemente, durante dois anos, aos oitenta e

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cinco anos de idade, para escrever este livro. Eu devia esta denuncia ao povo da Bahia e aos jornalistas do Brasil, para que ficasse registrado em nossa história este inominável atentado praticado contra a liberdade de imprensa em nosso país.

Em 2008 escrevi A historia da Revista Seiva, também

lançado nesta Academia, quando ofertei a esta Casa a coleção completa desta revista.

Este livro perpetua a história de uma revista que exerceu

um papel muito importante na nossa vida política. Sendo um dos poucos órgãos de imprensa do país que se colocaram contra o fascismo, num período em que essa doutrina estava em ascensão e a Alemanha nazista dominava quase toda a Europa, com exceção da Inglaterra e da União Soviética. Vale ressaltar sua corajosa presença no cenário intelectual do país, pregando a liberdade e a democracia, em plena ditadura do Estado Novo.

Suas páginas então repletas de artigos da maior atualidade

para a época, podendo, mesmo, ser considerados ousados, escritos por colaboradores de todo o país.

Em 2009, ao completar noventa anos, escrevi minhas

memórias com o titulo Valeu a pena ( desafios de minha vida). É o livro de minhas memórias, a partir de minha infância

em Feira de Santana; do curso ginasial e acadêmico; dos vinte anos de militância no Partido Comunista; de quarenta e sete anos de jornalismo; de sessenta anos como empresário do ramo imobiliário; dez anos de atividade bancaria; cinqüenta anos como rotariano e sessenta e três anos de vida conjugal.

Ao concluir este discurso da minha posse na Academia de

letras, neste momento tão expressivo, quero dedicá-lo à minha esposa e

companheira Hyldeth, parceira solidária em todos os momentos de minha tumultuada e operosa vida.

Neste momento, relembro com emoção ao misto de amor e

incertezas de uma jovem de 21 anos de idade, ao deixar o lar abençôado do casal Antonio e Isaura Ferreira e a convivência

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fraterna com oito irmãos, no ano de 1947, para ir viver no Rio de Janeiro, clandestinamente, com um jovem marido de 27 anos de idade, que era caseiro, segurança e chofer do perseguido líder comunista Luiz Carlos Prestes. E três anos depois, em 1950, volta a Salvador, mãe de duas filhas, Maria Adenil e Maria Luiza, para continuar a mesma trajetória revolucionaria de seu companheiro, até o ano de 1957, quando me afastei do Partido Comunista por divergências ideológicas. Nesta altura o nosso lar já estava enriquecido por mais três filhos: João, Maria Célia e Antonio. Depois vieram Maria Helena e Wilson. Em 1971, perdemos dolorosamente o filho Antonio.

A estes seis filhos quero dedicar também este momento

grandioso que ora vivo, ao lado de vinte um netos e onze bisnetos. Hyldeth, quero agradecê-la pelos sessenta e três anos que

me destes de feliz convivência e devotada solidariedade. Finalmente, quero prestar uma homenagem póstuma aos

meus pais, João Marinho Falcão e Adenil Costa Falcão por haverem moldado o meu caráter e me proporcionarem uma educação exemplar, suplantando todas as dificuldades da época, quando em Feira de Santana não havia nenhum curso ginasial, mandando-me e aos meus nove irmãos estudar em Salvador.

Senhores Acadêmicos Estou muito grato e honrado pela generosa indicação do

meu nome para a cadeira nº 35 desta Academia e quero agradecer aos que me honraram com sua indicação e aprovação como candidato único..

Prometo servi-la com a humildade e a sabedoria dos mais

velhos, para que ela continue a cumprir o seu grandioso papel de colina sagrada da cultura da Bahia.

Muito Obrigado!

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