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A expressão separação de poderes tanto designa uma doutrina política como um princípio constitucional. Na doutrina política, tem por objecto a estruturação do poder político do Estado e foi desenvolvida por Locke e subsequentemente celebrizada por Montesquieu. Consiste basicamente, numa dupla distinção: a distinção intelectual das funções do Estado; e a distinção polícia dos órgãos que devem desempenhar tais funções – entende-se que para cada função deve existir um órgão próprio diferente dos demais ou um conjunto de órgãos próprios. A separação de poderes é um princípio constitucional, característica da forma de governo democrático-representativo e pluralista ocidental, o qual lhe contrapõe o princípio da unidade e da hierarquia dos poderes do Estado. Depois de consagrações constitucionais nos Estados Unidos (1789) e na Franca no período revolucionário, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (16 de Agosto de 1789), no seu artigo 16, afirma solenemente que “Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição”. No plano de DC, o princípio da separação de poderes visou retirar ao Rei e aos seus ministros a função de legislar, deixando-lhe apenas a função política e a função administrativa. Visou, noutros termos, a separação entre o legislativo e o Executivo. Isto para evitar o arbítrio e o despotismo da autoridade e, em última análise, garantir o respeito pelos direitos do cidadão – matéria que apenas poderia ser tocada por lei geral e abstracta do parlamento, e que a autoridade pública deveria limitar-se a executar.

Separação de Poderes

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Direito

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Page 1: Separação de Poderes

A expressão separação de poderes tanto designa uma doutrina política como um princípio constitucional. Na doutrina política, tem por objecto a estruturação do poder político do Estado e foi desenvolvida por Locke e subsequentemente celebrizada por Montesquieu. Consiste basicamente, numa dupla distinção: a distinção intelectual das funções do Estado; e a distinção polícia dos órgãos que devem desempenhar tais funções – entende-se que para cada função deve existir um órgão próprio diferente dos demais ou um conjunto de órgãos próprios. A separação de poderes é um princípio constitucional, característica da forma de governo democrático-representativo e pluralista ocidental, o qual lhe contrapõe o princípio da unidade e da hierarquia dos poderes do Estado. Depois de consagrações constitucionais nos Estados Unidos (1789) e na Franca no período revolucionário, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (16 de Agosto de 1789), no seu artigo 16, afirma solenemente que “Qualquer sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição”.

No plano de DC, o princípio da separação de poderes visou retirar ao Rei e aos seus ministros a função de legislar, deixando-lhe apenas a função política e a função administrativa. Visou, noutros termos, a separação entre o legislativo e o Executivo. Isto para evitar o arbítrio e o despotismo da autoridade e, em última análise, garantir o respeito pelos direitos do cidadão – matéria que apenas poderia ser tocada por lei geral e abstracta do parlamento, e que a autoridade pública deveria limitar-se a executar.