7
30 31 IDE SÃO PAULO, 35 [55] JANEIRO 2013 IDE SÃO PAULO, 35 [55] JANEIRO 2013 Ser e sofrer, hoje Marion Minerbo* 1. Introdução: modernidade e pós-modernidade Modernidade Presenciei uma cena significativa num almoço de domingo em um restaurante em Higienópolis. Havia ali várias mesas com famílias, casais e uma com quatro amigas sexagenárias, com suas pérolas e laquê no cabelo. Levou um tempo para que eu visse o casal de gays. Não porque estivessem escondidos. Ao contrário, era uma mesa em evidência. Dois rapazes bonitos, musculosos, tatuados. E um carrinho de bebê. Um dos rapazes ficou o tempo todo cuidando do filho. Na hora de ir embora exibiu com orgulho o bebê para um casal de outra mesa. Já na calçada o casal foi efusivamente cumprimentado por um ami- go que chegava. Essas cenas seriam inconcebíveis algum tempo atrás, quando uma instituição, a família patriarcal, determina- va com exclusividade como as pessoas podiam e deviam viver. Não vi o casal de gays porque demorei a perceber que naquele espaço conviviam tranquilamente referências modernas e pós- -modernas (Minerbo, 2011). Abordei em Neurose e não neurose (2009) a relação entre sofrimento neurótico e modernidade, e entre sofrimento não neurótico (expressão de André Green; ou sofrimento narcísico- -identitário, termo de René Roussillon) e pós-modernidade. A modernidade é um momento da civilização ocidental que se caracteriza pela solidez das grandes instituições – refiro-me a família, educação, política, religião –, as quais têm o poder de determinar, com exclusividade, a maneira possível e desejável de pensar, sentir e agir. Há o certo e o errado, o bom e o mau. O sis- tema simbólico vigente “solda” um significante a um significado que então parece único e natural. Por exemplo: família = casal heterossexual, de preferência com filhos. Na modernidade, o laço simbólico que une significante a sig- nificado é rígido e os valores instituídos são considerados abso- lutos e universais. Por isso, essa cultura produz uma forma de subjetividade que se esforça para caber dentro do que é conside- rado legítimo. A vantagem de haver instituições fortes é que as *Membro efetivo e Analista Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. 31-42

Ser e Sofrer, Hoje

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Psicanálise contemporânea

Citation preview

  • 30

    31

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    Se

    r e

    so

    fre

    r, h

    oje

    Mar

    ion

    Min

    erbo

    *

    1. In

    trodu

    o: m

    oder

    nid

    ade

    e ps-

    moder

    nid

    ade

    Mod

    erni

    dade

    Pres

    enci

    ei u

    ma

    cena

    sig

    ni!c

    ativ

    a nu

    m a

    lmo

    o de

    dom

    ingo

    em u

    m r

    esta

    uran

    te e

    m H

    igie

    npo

    lis. H

    avia

    ali

    vri

    as m

    esas

    com

    fam

    lias

    , ca

    sais

    e u

    ma

    com

    qua

    tro

    amig

    as s

    exag

    enr

    ias,

    com

    suas

    pr

    olas

    e l

    aqu

    no

    cabe

    lo.

    Lev

    ou u

    m t

    empo

    par

    a qu

    e eu

    viss

    e o

    casa

    l de

    gay

    s. N

    o p

    orqu

    e es

    tive

    ssem

    esc

    ondi

    dos.

    Ao

    cont

    rri

    o, e

    ra u

    ma

    mes

    a em

    evi

    dnc

    ia.

    Doi

    s ra

    paze

    s bo

    nito

    s,

    mus

    culo

    sos,

    tat

    uado

    s. E

    um

    car

    rinh

    o de

    beb

    . U

    m d

    os r

    apaz

    es

    !cou

    o t

    empo

    tod

    o cu

    idan

    do d

    o !l

    ho.

    Na

    hora

    de

    ir e

    mbo

    ra

    exib

    iu c

    om o

    rgul

    ho o

    beb

    pa

    ra u

    m c

    asal

    de

    outr

    a m

    esa.

    J

    na

    cal

    ada

    o ca

    sal

    foi

    efus

    ivam

    ente

    cum

    prim

    enta

    do p

    or u

    m a

    mi-

    go q

    ue c

    hega

    va. E

    ssas

    cen

    as s

    eria

    m i

    ncon

    ceb

    veis

    alg

    um t

    empo

    atr

    s, q

    uand

    o um

    a in

    stit

    ui

    o, a

    fam

    lia

    patr

    iarc

    al,

    dete

    rmin

    a-

    va c

    om e

    xclu

    sivi

    dade

    com

    o as

    pes

    soas

    pod

    iam

    e d

    evia

    m v

    iver

    .

    No

    vi

    o ca

    sal

    de g

    ays

    porq

    ue d

    emor

    ei a

    per

    cebe

    r qu

    e na

    quel

    e

    espa

    o c

    onvi

    viam

    tra

    nqui

    lam

    ente

    ref

    ern

    cias

    mod

    erna

    s e

    ps-

    -mod

    erna

    s (M

    iner

    bo, 2

    011)

    .

    Abo

    rdei

    em

    Neu

    rose

    e n

    o n

    euro

    se (

    2009

    ) a

    rela

    o

    entr

    e

    sofr

    imen

    to n

    eur

    tico

    e m

    oder

    nida

    de,

    e en

    tre

    sofr

    imen

    to n

    o

    neur

    tic

    o (e

    xpre

    sso

    de

    And

    r G

    reen

    ; ou

    sof

    rim

    ento

    nar

    csi

    co-

    -ide

    ntit

    rio

    , te

    rmo

    de R

    en

    Rou

    ssill

    on)

    e p

    s-m

    oder

    nida

    de.

    A

    mod

    erni

    dade

    u

    m m

    omen

    to d

    a ci

    viliz

    ao

    oci

    dent

    al q

    ue s

    e

    cara

    cter

    iza

    pela

    sol

    idez

    das

    gra

    ndes

    ins

    titu

    ie

    s

    re!r

    o-m

    e a

    fam

    lia,

    edu

    ca

    o, p

    olt

    ica,

    rel

    igi

    o ,

    as

    quai

    s t

    m o

    pod

    er d

    e

    dete

    rmin

    ar, c

    om e

    xclu

    sivi

    dade

    , a m

    anei

    ra p

    oss

    vel e

    des

    ejv

    el d

    e

    pens

    ar, s

    enti

    r e

    agir.

    H

    o ce

    rto

    e o

    erra

    do, o

    bom

    e o

    mau

    . O s

    is-

    tem

    a si

    mb

    lico

    vige

    nte

    sol

    da

    um s

    igni

    !can

    te a

    um

    sig

    ni!c

    ado

    que

    ent

    o pa

    rece

    ni

    co e

    nat

    ural

    . Po

    r ex

    empl

    o: f

    amli

    a =

    casa

    l

    hete

    ross

    exua

    l, de

    pre

    fer

    ncia

    com

    !lh

    os.

    Na

    mod

    erni

    dade

    , o la

    o s

    imb

    lico

    que

    une

    sign

    i!ca

    nte

    a si

    g-

    ni!c

    ado

    r

    gido

    e o

    s va

    lore

    s in

    stit

    udo

    s s

    o co

    nsid

    erad

    os a

    bso-

    luto

    s e

    univ

    ersa

    is.

    Por

    isso

    , es

    sa c

    ultu

    ra p

    rodu

    z um

    a fo

    rma

    de

    subj

    etiv

    idad

    e qu

    e se

    esf

    ora

    par

    a ca

    ber

    dent

    ro d

    o qu

    e

    cons

    ide-

    rado

    leg

    tim

    o. A

    van

    tage

    m d

    e ha

    ver

    inst

    itui

    es

    for

    tes

    qu

    e as

    *Mem

    bro

    efet

    ivo

    e A

    nalis

    ta D

    idat

    a da

    So

    cied

    ade

    Bra

    sile

    ira

    de P

    sica

    nlis

    e de

    S

    o Pa

    ulo.

    31-4

    2

  • 32

    33

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    refe

    rnc

    ias

    iden

    tit

    rias

    a p

    arti

    r da

    s qu

    ais

    nos

    cons

    titu

    mos

    est

    o

    dada

    s, e

    so

    viv

    idas

    com

    o s

    lidas

    e c

    on!

    veis

    . A d

    esva

    ntag

    em

    qu

    e h

    pou

    cas

    op

    es d

    e vi

    da c

    onsi

    dera

    das

    leg

    tim

    as.

    Nes

    se

    cont

    exto

    cul

    tura

    l, qu

    em n

    o c

    abe

    no m

    odel

    o n

    ico

    sofr

    e e

    se

    culp

    a po

    r se

    sen

    tir

    e

    por

    ser,

    efet

    ivam

    ente

    d

    ifer

    ente

    e d

    es-

    vian

    te d

    a no

    rma.

    Do

    pont

    o de

    vis

    ta p

    sico

    pato

    lgi

    co,

    a m

    oder

    nida

    de p

    rodu

    z

    uma

    form

    a de

    sof

    rer

    tpi

    ca q

    ue c

    ham

    amos

    neu

    rose

    . O s

    ofri

    men

    -

    to n

    eur

    tico

    p

    rodu

    zido

    pel

    a ob

    riga

    tori

    edad

    e de

    se

    adeq

    uar

    a un

    s po

    ucos

    mod

    os d

    e se

    r. Po

    r ex

    empl

    o, a

    vid

    a lib

    idin

    al d

    a

    mul

    her

    burg

    uesa

    no

    scu

    lo X

    IX t

    inha

    de

    cabe

    r no

    s pa

    pis

    de

    boa

    !lha

    , esp

    osa

    dedi

    cada

    e m

    e p

    rest

    imos

    a. N

    esse

    pla

    no s

    cio

    -

    -cul

    tura

    l, o

    sofr

    imen

    to h

    ist

    rico

    exp

    ress

    ava

    o m

    al-e

    star

    liga

    do

    estr

    eite

    za d

    as p

    ossi

    bilid

    ades

    sub

    limat

    ria

    s qu

    e a

    mod

    erni

    dade

    ofer

    ecia

    m

    ulhe

    r (K

    ehl,

    2008

    ).

    Ps-

    mod

    erni

    dade

    Con

    venc

    iono

    u-se

    cha

    mar

    de

    ps-

    mod

    erni

    dade

    ao

    mom

    ento

    da h

    ist

    ria

    da c

    ivili

    za

    o em

    que

    as

    gran

    des

    inst

    itui

    es

    que

    ser

    -

    vira

    m d

    e ba

    se p

    ara

    a ci

    viliz

    ao

    oci

    dent

    al e

    ntra

    m e

    m c

    rise

    . A

    fal

    ncia

    do

    mod

    elo

    nic

    o po

    de s

    er v

    ivid

    a co

    mo

    liber

    ta

    o, m

    as

    tam

    bm

    com

    o fa

    lta

    de c

    ho.

    O l

    ao

    sim

    blic

    o, q

    ue

    sold

    ava

    um s

    igni

    !can

    te a

    um

    sig

    ni!c

    ado,

    tor

    nou-

    se f

    rgi

    l e

    corr

    edi

    o.

    Com

    iss

    o, o

    s se

    ntid

    os s

    e re

    lati

    viza

    ram

    , ou

    sej

    a, j

    n

    o ac

    redi

    -

    tam

    os c

    om c

    erte

    za i

    naba

    lve

    l qu

    e fa

    mli

    a =

    casa

    l he

    tero

    ssex

    ual

    com

    !lh

    os. A

    van

    tage

    m

    que

    a f

    ragi

    lidad

    e do

    sm

    bolo

    pod

    e se

    r

    apro

    veit

    ada

    de f

    orm

    a cr

    iati

    va p

    ara

    que

    novo

    s la

    os

    sim

    blic

    os

    seja

    m c

    onst

    itu

    dos:

    as

    pess

    oas

    pode

    m s

    e re

    inve

    ntar

    . H

    es

    pao

    para

    que

    nov

    as f

    orm

    as d

    e vi

    ver

    se t

    orne

    m p

    oss

    veis

    , co

    ntem

    -

    plan

    do a

    sin

    gula

    rida

    de d

    o de

    sejo

    . O c

    asal

    de

    gays

    do

    rest

    aura

    nte

    e

    tant

    os o

    utro

    s

    rein

    vent

    ou a

    fam

    lia.

    A d

    esva

    ntag

    em

    que

    cad

    a um

    tem

    que

    se

    rein

    vent

    ar a

    par

    tir

    de s

    i m

    esm

    o, j

    qu

    e n

    o co

    nta

    com

    o a

    poio

    sim

    boliz

    ante

    das

    inst

    itui

    es

    . Se

    r d

    ifer

    ente

    se

    tor

    nou,

    se

    no

    obri

    gat

    rio,

    pel

    o

    men

    os d

    esej

    vel

    . u

    ma

    tare

    fa s

    olit

    ria

    , ang

    usti

    ante

    e e

    xaus

    tiva

    .

    A s

    ubje

    tivi

    dade

    tem

    de

    se c

    onst

    itui

    r em

    mei

    o a

    um e

    stad

    o de

    depl

    eo

    sim

    blic

    a

    situ

    ao

    em

    que

    ins

    titu

    ie

    s fr

    gei

    s n

    o

    tm

    las

    tro,

    nem

    cre

    dibi

    lidad

    e, p

    ara

    prod

    uzir

    si

    gni!

    ca

    es o

    pe-

    rant

    es

    (o t

    erm

    o

    de C

    asto

    riad

    is).

    Ora

    , o

    psiq

    uism

    o de

    pend

    e da

    s si

    gni!

    ca

    es o

    fere

    cida

    s pe

    -

    las

    inst

    itui

    es

    par

    a po

    der

    atri

    buir

    alg

    um s

    enti

    do

    rea

    lidad

    e e

    sim

    boliz

    ar a

    s ex

    peri

    nci

    as e

    moc

    iona

    is. N

    a au

    snc

    ia d

    e ve

    rdad

    es

    abso

    luta

    s, t

    udo

    po

    ssv

    el; h

    lib

    erda

    de, m

    as t

    amb

    m h

    a

    obri

    -

    ga

    o de

    enc

    ontr

    ar s

    eu p

    rpr

    io c

    amin

    ho.

    Que

    m n

    o c

    onse

    gue,

    !ca

    perd

    ido,

    sem

    ch

    o, s

    em r

    umo,

    sem

    pro

    jeto

    de

    vida

    . A i

    nsu-

    !ci

    ncia

    /fra

    gilid

    ade

    das

    inst

    itui

    es

    e d

    o s

    mbo

    lo t

    amb

    m p

    ro-

    duz

    as v

    ria

    s fo

    rmas

    do

    mal

    -est

    ar n

    a p

    s-m

    oder

    nida

    de.

    Com

    o

    vem

    os, i

    nsti

    tui

    es

    exce

    ssiv

    amen

    te f

    orte

    s pr

    oduz

    em u

    m t

    ipo

    de

    mal

    -est

    ar n

    a ci

    viliz

    ao

    , e

    inst

    itui

    es

    exc

    essi

    vam

    ente

    fr

    geis

    prod

    uzem

    out

    ro t

    ipo

    de m

    al-e

    star

    .

    Figu

    eire

    do r

    etom

    a al

    gum

    as i

    deia

    s pi

    onei

    ras

    de E

    lliot

    Jac

    -

    ques

    , que

    est

    udou

    as

    inst

    itui

    es

    do

    pont

    o de

    vis

    ta p

    sica

    nalt

    ico.

    Nas

    pal

    avra

    s de

    Fig

    ueir

    edo,

    ela

    s e

    xist

    em p

    ara

    nos

    aliv

    iar

    de

    ang

    stia

    s e

    para

    con

    ter

    noss

    a lo

    ucur

    a, v

    ale

    dize

    r, pa

    ra c

    onte

    r o

    que,

    na

    mes

    cla

    de I

    d e

    Supe

    reu

    arca

    ico,

    jam

    ais

    enco

    ntra

    r c

    omo

    dest

    ino

    poss

    vel

    a s

    imbo

    liza

    o e

    a i

    nteg

    ra

    o eg

    oica

    (F

    igue

    i-

    redo

    , 20

    09,

    p. 2

    07).

    Em

    out

    ros

    term

    os,

    a pa

    rte

    mai

    s pr

    imit

    iva

    de n

    osso

    psi

    quis

    mo

    se d

    epos

    ita

    na i

    nsti

    tui

    o, q

    ue s

    e en

    carr

    ega

    de

    cont

    -la

    . E

    vic

    e-ve

    rsa,

    a i

    nsti

    tui

    o f

    orm

    a o

    pano

    de

    fun-

    do d

    e no

    ssa

    vida

    ps

    quic

    a. E

    nten

    de-s

    e o

    efei

    to t

    raum

    tic

    o, p

    ro-

    fund

    amen

    te d

    esor

    gani

    zado

    r, da

    s cr

    ises

    ins

    titu

    cion

    ais

    no m

    undo

    cont

    empo

    rne

    o: n

    a im

    poss

    ibili

    dade

    de

    sim

    boliz

    ar e

    de

    inte

    grar

    as e

    xper

    inc

    ias,

    a p

    ulsi

    onal

    idad

    e pe

    rman

    ece

    em e

    stad

    o de

    des

    -

    ligam

    ento

    . Inu

    ndad

    o pe

    lo e

    xces

    so d

    e en

    ergi

    a liv

    re, o

    psi

    quis

    mo

    pode

    ser

    lev

    ado

    a es

    trat

    gia

    s de

    fens

    ivas

    rad

    icai

    s, c

    on!g

    uran

    do,

    com

    o ve

    rem

    os a

    dian

    te, o

    cam

    po d

    a ps

    icop

    atol

    ogia

    psi

    cana

    ltic

    a.

    O m

    al-e

    star

    na

    ps-

    mod

    erni

    dade

    liga

    do

    fra

    gilid

    ade

    do s

    m-

    bolo

    u

    m s

    ofri

    men

    to e

    xist

    enci

    al,

    cons

    ubst

    anci

    al c

    om a

    for

    ma

    de s

    ubje

    tivi

    dade

    da

    poc

    a.

    um

    a fo

    rma

    de s

    er.

    Por

    m,

    sain

    do

    do p

    lano

    exi

    sten

    cial

    e p

    assa

    ndo

    para

    o d

    a ps

    icop

    atol

    ogia

    , em

    um d

    os e

    xtre

    mos

    enc

    ontr

    amos

    o s

    ofri

    men

    to l

    igad

    o

    expe

    rin

    -

    cia

    de v

    azio

    , de

    falt

    a de

    sen

    tido

    e d

    e t

    dio

    exis

    tenc

    ial;

    no o

    utro

    ,

    atua

    es

    dos

    mai

    s va

    riad

    os t

    ipos

    , na

    s qu

    ais

    a vi

    oln

    cia

    puls

    io-

    nal

    perm

    eia

    as r

    ela

    es

    inte

    rsub

    jeti

    vas.

    So

    as

    form

    as d

    e so

    frer

    ,

    nece

    ssar

    iam

    ente

    con

    subs

    tanc

    iais

    com

    a f

    orm

    a de

    ser

    . A

    ntes

    de

    esbo

    ar

    algu

    mas

    ide

    ias

    sobr

    e as

    for

    mas

    de

    ser

    e de

    sof

    rer,

    hoje

    ,

    cabe

    des

    envo

    lver

    a m

    edia

    o

    nece

    ssr

    ia e

    ntre

    a c

    rise

    das

    ins

    ti-

    tui

    es

    no n

    vel

    soc

    ial

    e o

    sofr

    imen

    to p

    squ

    ico

    indi

    vidu

    al.

    Ess

    a

    med

    ia

    o

    feit

    a pe

    lo s

    mbo

    lo, o

    u m

    elho

    r, po

    r su

    a in

    su!c

    inc

    ia.

    2. D

    eple

    o s

    imblica

    e s

    ofr

    imen

    to p

    squic

    o

    Tom

    o em

    pres

    tado

    da

    med

    icin

    a o

    term

    o d

    eple

    o

    , que

    sig

    ni!-

    ca r

    edu

    o d

    e al

    gum

    a su

    bst

    ncia

    no

    mei

    o ce

    lula

    r, co

    m p

    reju

    zo

    de s

    eu f

    unci

    onam

    ento

    . A

    dep

    le

    o de

    fer

    ro n

    o or

    gani

    smo,

    por

    exem

    plo,

    pro

    duz

    anem

    ia,

    acar

    reta

    ndo

    extr

    ema

    fraq

    ueza

    e f

    alta

    31-4

    231-4

    2

  • 34

    35

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    de a

    r. Pa

    rece

    u-m

    e (M

    iner

    bo, 2

    009)

    um

    a bo

    a im

    agem

    par

    a fa

    lar

    do q

    ue v

    em a

    cont

    ecen

    do c

    om o

    apa

    relh

    o ps

    qui

    co e

    seu

    fun

    cio-

    nam

    ento

    no

    mun

    do c

    onte

    mpo

    rne

    o: a

    ins

    u!ci

    nci

    a/fr

    agili

    dade

    do s

    mbo

    lo v

    em p

    rodu

    zind

    o um

    a es

    pci

    e de

    an

    emia

    ps

    quic

    a.

    Dia

    nte

    diss

    o, o

    suj

    eito

    luta

    par

    a en

    cont

    rar

    mec

    anis

    mos

    com

    pen-

    sat

    rios

    , o q

    ue n

    os in

    trod

    uzir

    , c

    omo

    vere

    mos

    , no

    cam

    po d

    a ps

    i-

    copa

    tolo

    gia

    psic

    anal

    tic

    a.

    A d

    eple

    o

    sim

    blic

    a po

    de s

    er c

    onsi

    dera

    da n

    o n

    vel

    ma-

    cro

    , o

    das

    gran

    des

    inst

    itui

    es

    soc

    iais

    no

    seio

    das

    qua

    is n

    os

    subj

    etiv

    amos

    , co

    mo

    se v

    iu n

    a in

    trod

    uo

    . E

    tam

    bm

    no

    n-

    vel

    mic

    ro,

    env

    olve

    ndo

    a re

    la

    o do

    beb

    co

    m s

    eus

    obje

    tos

    sign

    i!ca

    tivo

    s. C

    omo

    sabe

    mos

    , um

    a pa

    rte

    esse

    ncia

    l da

    fun

    o

    mat

    erna

    l

    er e

    tra

    duzi

    r o

    beb

    par

    a el

    e m

    esm

    o:

    Isto

    f

    ome;

    isto

    r

    aiva

    . M

    as e

    la t

    amb

    m l

    e

    trad

    uz o

    mun

    do p

    ara

    ele:

    ist

    o

    bom

    / m

    au;

    isto

    p

    erig

    oso

    / se

    guro

    ; is

    to t

    em v

    alor

    /

    desp

    rez

    vel;

    isto

    p

    roib

    ido

    / ob

    riga

    tri

    o.

    Ou

    seja

    , a

    fun

    o

    mat

    erna

    inst

    itui

    sen

    tido

    s pa

    ra o

    beb

    , e

    por

    isso

    tom

    o a

    liber

    da-

    de d

    e en

    tend

    -la

    com

    o um

    a m

    icro

    inst

    itui

    o.

    Pel

    o si

    mpl

    es f

    ato

    de o

    fere

    cer

    algu

    m s

    enti

    do

    qua

    lque

    r se

    ntid

    o ,

    est

    a m

    icro

    ins-

    titu

    io

    pro

    mov

    e o

    apa

    zigu

    amen

    to s

    imbo

    lizan

    te

    (o t

    erm

    o

    de R

    ouss

    illon

    ). I

    nver

    sam

    ente

    , a

    aus

    ncia

    de

    sent

    ido

    impe

    de a

    liga

    o d

    as p

    uls

    es, o

    u pr

    omov

    e se

    u de

    slig

    amen

    to, o

    que

    p

    ro-

    fund

    amen

    te d

    esor

    gani

    zado

    r pa

    ra o

    psi

    quis

    mo.

    Ora

    , a

    cris

    e da

    s in

    stit

    ui

    es n

    o m

    undo

    con

    tem

    por

    neo

    in-

    clui

    , co

    mo

    no

    podi

    a de

    ixar

    de

    ser,

    as d

    uas

    mic

    roin

    stit

    ui

    es

    mai

    s di

    reta

    men

    te l

    igad

    as

    con

    stit

    ui

    o do

    suj

    eito

    ps

    quic

    o: a

    psiq

    ue m

    ater

    na e

    a f

    amli

    a ed

    ipia

    na. S

    e an

    tes

    a jo

    vem

    me

    con

    -

    tava

    com

    as

    cer

    teza

    s d

    adas

    pel

    as i

    nsti

    tui

    es

    mod

    erna

    s

    a

    fam

    lia

    ampl

    iada

    , a

    com

    unid

    ade

    e os

    ped

    iatr

    as

    , ag

    ora

    ela

    obri

    gada

    a c

    riar

    , a p

    arti

    r de

    si m

    esm

    a, e

    m m

    eio

    a um

    rel

    ativ

    ism

    o

    abso

    luto

    de

    valo

    res,

    o q

    ue

    bom

    e o

    que

    m

    au,

    o qu

    e

    cert

    o

    e o

    que

    er

    rado

    . Po

    dem

    os i

    mag

    inar

    a a

    ngs

    tia

    que

    perm

    eia

    a re

    la

    o co

    nsig

    o m

    esm

    a, e

    , in

    evit

    avel

    men

    te,

    com

    o b

    eb.

    Da

    mes

    ma

    form

    a o

    pai t

    inha

    ce

    rtez

    as

    sobr

    e qu

    al e

    ra o

    seu

    pap

    el.

    A c

    rise

    das

    ins

    titu

    ie

    s af

    eta

    dire

    tam

    ente

    sua

    man

    eira

    de

    per-

    cebe

    r, ta

    nto

    sua

    mas

    culin

    idad

    e, q

    uant

    o su

    a pa

    tern

    idad

    e. M

    e

    e pa

    i se

    vee

    m l

    ana

    dos

    na a

    ngs

    tia

    do

    desa

    mpa

    ro i

    dent

    itr

    io

    (exp

    ress

    o d

    e M

    uszk

    at,

    2011

    ). O

    cas

    al g

    ay d

    o re

    stau

    rant

    e qu

    e

    rein

    vent

    ou a

    fam

    lia

    ter

    , ta

    mb

    m,

    de r

    einv

    enta

    r, a

    part

    ir d

    e si

    mes

    mo,

    a f

    orm

    a de

    par

    enta

    lidad

    e qu

    e lh

    es c

    onv

    m

    e q

    ue l

    hes

    po

    ssv

    el

    par

    a ed

    ucar

    seu

    !lh

    o.

    Ali

    s,

    dig

    no d

    e no

    ta q

    ue m

    uita

    s m

    es,

    per

    cebe

    ndo

    seu

    iso-

    lam

    ento

    e d

    esam

    paro

    , vm

    cri

    ando

    com

    unid

    ades

    vir

    tuai

    s no

    Fa-

    cebo

    ok p

    ara

    com

    part

    ilhar

    as

    dvi

    das

    e as

    ang

    sti

    as d

    e co

    mo

    cria

    r os

    !lh

    os.

    Um

    a de

    ssas

    com

    unid

    ades

    tem

    o n

    ome

    suge

    stiv

    o

    de

    Salt

    o al

    to e

    mam

    adei

    ra,

    e p

    arec

    e qu

    e co

    nta,

    no

    mom

    ento

    em q

    ue e

    scre

    vo e

    ste

    arti

    go,

    com

    qua

    se d

    uas

    mil

    me

    s. T

    alve

    z o

    casa

    l de

    gay

    s ta

    mb

    m c

    onte

    com

    um

    a co

    mun

    idad

    e vi

    rtua

    l qu

    e

    func

    ione

    com

    o um

    a re

    de d

    e co

    ntin

    nci

    a af

    etiv

    o-si

    mbo

    lizan

    te.

    No

    vou

    ret

    omar

    aqu

    i tem

    as p

    or d

    emai

    s co

    nhec

    idos

    , com

    o a

    insu

    !ci

    ncia

    da

    fun

    o m

    ater

    na, e

    spec

    ialm

    ente

    em

    sua

    ver

    tent

    e

    sim

    boliz

    ante

    . B

    asta

    diz

    er q

    ue d

    o po

    nto

    de v

    ista

    psi

    copa

    tol

    gi-

    co, a

    sub

    jeti

    vida

    de q

    ue s

    e co

    nsti

    tui

    em m

    eio

    de

    ple

    o, o

    u, e

    m

    mui

    tos

    caso

    s, e

    m m

    eio

    m

    isr

    ia s

    imb

    lica,

    est

    su

    jeit

    a a

    ex-

    peri

    nci

    as e

    moc

    iona

    is q

    ue e

    xced

    em s

    ua c

    apac

    idad

    e de

    ela

    bora

    -

    o.

    Com

    o sa

    bem

    os, i

    sso

    afet

    a a

    cons

    titu

    io

    do

    eu e

    o o

    brig

    a a

    lan

    ar m

    o d

    e de

    fesa

    s, q

    ue p

    oder

    o s

    er e

    xtre

    mam

    ente

    cus

    tosa

    s

    para

    o in

    div

    duo

    e pa

    ra a

    soc

    ieda

    de. A

    ssim

    com

    o a

    repo

    si

    o de

    ferr

    o m

    elho

    ra a

    ane

    mia

    , o f

    orta

    leci

    men

    to n

    o e

    nrije

    cido

    das

    ins-

    titu

    ie

    s (

    mac

    ro

    e m

    icro

    ) p

    rom

    ove

    uma

    esp

    cie

    de

    repo

    -

    si

    o si

    mb

    lica

    . A c

    redi

    bilid

    ade

    e a

    con!

    ana

    nas

    sig

    ni!c

    ae

    s

    inst

    itu

    das

    aliv

    iam

    con

    side

    rave

    lmen

    te o

    sof

    rim

    ento

    exi

    sten

    cial

    e ps

    icop

    atol

    gic

    o qu

    e ca

    ract

    eriz

    a a

    subj

    etiv

    idad

    e p

    s-m

    oder

    na.

    Subl

    inho

    o f

    ato

    de q

    ue a

    mis

    ria

    sim

    blic

    a n

    o te

    m r

    ela

    o

    nece

    ssr

    ia c

    om a

    cla

    sse

    soci

    al. F

    amli

    as d

    as c

    lass

    es A

    e B

    pod

    em

    ser

    abso

    luta

    men

    te m

    iser

    vei

    s de

    sse

    pont

    o de

    vis

    ta, c

    omo

    cons

    ta-

    tam

    os d

    iari

    amen

    te e

    m n

    osso

    s co

    nsul

    tri

    os. P

    or o

    utro

    lado

    , a in

    -

    clus

    o c

    ultu

    ral d

    as c

    lass

    es d

    esfa

    vore

    cida

    s te

    m s

    e m

    ostr

    ado

    com

    o

    um f

    ator

    ter

    apu

    tico

    de

    alca

    nce

    indi

    scut

    vel

    . Not

    o ta

    mb

    m q

    ue

    a in

    clus

    o c

    ultu

    ral

    com

    plet

    amen

    te d

    ifer

    ente

    da

    assi

    m c

    ham

    ada

    incl

    uso

    soc

    ial,

    que

    cost

    uma

    ser

    med

    ida

    pelo

    aum

    ento

    do

    pode

    r

    de c

    onsu

    mo

    da p

    opul

    ao

    .

    3. E

    xce

    sso p

    uls

    ional e

    psi

    copato

    logia

    conte

    mpor

    nea

    A c

    rise

    das

    gra

    ndes

    ins

    titu

    ie

    s, t

    anto

    em

    nv

    el

    mac

    ro

    com

    o

    mic

    ro,

    com

    a c

    onse

    quen

    te d

    eple

    o

    sim

    blic

    a,

    pot

    enci

    al-

    men

    te t

    raum

    tic

    a po

    rque

    afe

    ta a

    con

    stit

    ui

    o do

    eu

    em s

    uas

    duas

    ver

    tent

    es:

    o eg

    o e

    o se

    lf. C

    omo

    vere

    mos

    , a d

    isti

    no

    ent

    re

    ego

    e se

    lf

    impo

    rtan

    te p

    ara

    com

    pree

    nder

    a p

    sico

    pato

    logi

    a co

    n-

    tem

    por

    nea,

    e s

    egue

    as

    duas

    teo

    rias

    que

    Fre

    ud p

    rop

    s ao

    long

    o

    de s

    ua o

    bra

    sobr

    e a

    cons

    titu

    io

    do

    eu.

    Res

    umid

    amen

    te, o

    ego

    se

    orig

    ina

    de u

    ma

    dife

    renc

    ia

    o do

    id

    em c

    onta

    to c

    om a

    rea

    lidad

    e;

    um

    a in

    stn

    cia

    que

    repr

    esen

    ta o

    indi

    vdu

    o e

    dese

    nvol

    ve f

    un

    es p

    ara

    zela

    r po

    r su

    a so

    brev

    ivn

    cia

    fsi

    ca e

    ps

    quic

    a. O

    mod

    elo

    o

    po,

    cuj

    a cr

    osta

    res

    iste

    nte

    fe

    ita

    31-4

    231-4

    2

  • 36

    37

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    da m

    esm

    a m

    assa

    mac

    ia d

    o m

    iolo

    , po

    rm

    mod

    i!ca

    da p

    ela

    ao

    do c

    alor

    do

    forn

    o (F

    reud

    , 19

    23/2

    011)

    . J

    o s

    elf

    a

    part

    e do

    eu c

    onst

    itu

    da c

    omo

    um p

    reci

    pita

    do d

    e id

    enti

    !ca

    es

    (Fre

    ud,

    1923

    /201

    1).

    Ess

    a te

    oria

    tem

    in

    cio

    em P

    ara

    intr

    oduz

    ir o

    nar

    ci-

    sism

    o (F

    reud

    , 191

    4/20

    10),

    qua

    ndo

    Freu

    d fa

    la d

    o E

    u co

    mo

    pri-

    mei

    ro o

    bjet

    o de

    am

    or u

    ni!c

    ado.

    Con

    tinu

    a em

    Lut

    o e

    mel

    anco

    lia

    (Fre

    ud, 1

    919/

    2010

    ), q

    uand

    o el

    e fo

    rmul

    a o

    conc

    eito

    de

    iden

    ti!-

    ca

    o, c

    once

    ito

    que

    pass

    a a

    ser

    ente

    ndid

    o co

    mo

    estr

    utur

    ante

    e

    cons

    titu

    inte

    do

    eu e

    m O

    ego

    e o

    id (

    Freu

    d, 1

    923/

    2011

    ).

    Um

    a da

    s fu

    ne

    s do

    ego

    a

    ges

    to

    da a

    ngs

    tia

    por

    mei

    o de

    uma

    cont

    nua

    ati

    vida

    de s

    imbo

    lizan

    te. A

    dep

    le

    o si

    mb

    lica

    tor-

    na a

    ges

    to

    da a

    ngs

    tia

    bast

    ante

    pro

    blem

    tic

    a e,

    com

    o sa

    bem

    os,

    seu

    exce

    sso

    deso

    rgan

    iza

    o ps

    iqui

    smo

    su

    as f

    un

    es e

    sua

    s fr

    on-

    teir

    as

    , sen

    do v

    ivid

    o co

    mo

    ang

    stia

    de

    mor

    te. O

    sel

    f o

    con

    jun-

    to d

    e au

    torr

    epre

    sent

    ae

    s po

    r m

    eio

    das

    quai

    s o

    eu s

    e re

    laci

    ona

    cons

    igo

    mes

    mo.

    Cor

    resp

    onde

    ao

    que

    cham

    amos

    de

    iden

    tida

    de,

    a qu

    al,

    embo

    ra i

    lus

    ria,

    n

    eces

    sri

    a pa

    ra o

    sen

    tim

    ento

    de

    ser

    e de

    exi

    stir

    com

    o e

    u m

    esm

    o a

    o lo

    ngo

    do t

    empo

    . A d

    eple

    o

    sim

    blic

    a pr

    oduz

    um

    a id

    enti

    dade

    cla

    udic

    ante

    e m

    al in

    tegr

    ada,

    o

    que

    pode

    ser

    viv

    ido

    com

    o am

    eaa

    de

    desp

    erso

    naliz

    ao

    ou

    rup-

    tura

    da

    cont

    inui

    dade

    do

    ser.

    Sint

    etiz

    ando

    , o s

    ofri

    men

    to p

    squ

    ico

    nos

    dist

    rbi

    os n

    arc

    sico

    -ide

    ntit

    rio

    s en

    volv

    e ta

    nto

    a di

    !cul

    dade

    na g

    est

    o da

    ang

    sti

    a po

    r pa

    rte

    do e

    go, q

    uant

    o o

    sent

    imen

    to d

    e

    clau

    dica

    o

    da id

    enti

    dade

    .

    Para

    lid

    ar c

    om o

    sof

    rim

    ento

    lig

    ado

    de

    ple

    o s

    imb

    lica,

    o eu

    lan

    a m

    o d

    e es

    trat

    gia

    s de

    fens

    ivas

    esp

    ec!

    cas,

    den

    tre

    as

    quai

    s de

    stac

    o tr

    s.

    a) Q

    uand

    o a

    capa

    cida

    de d

    e ge

    sto

    da

    ang

    stia

    pel

    o eg

    o

    insu

    !cie

    nte

    h u

    m t

    rans

    bord

    amen

    to p

    ulsi

    onal

    . Se

    gund

    o G

    reen

    (198

    8),

    estu

    dios

    o do

    s es

    tado

    s-lim

    ite,

    os

    afet

    os l

    igad

    os a

    exp

    e-

    rin

    cias

    em

    ocio

    nais

    que

    o p

    siqu

    ism

    o n

    o co

    nseg

    ue c

    onte

    r/el

    a-

    bora

    r em

    seu

    es

    pao

    pr

    pri

    o s

    o ev

    acua

    dos

    para

    for

    a de

    seu

    s

    limit

    es.

    Ele

    v

    dois

    tip

    os d

    e tr

    ansb

    orda

    men

    to:

    par

    a fo

    ra,

    no

    cam

    po s

    ocia

    l, ou

    pa

    ra d

    entr

    o,

    no s

    oma:

    os

    dois

    esp

    aos

    no

    psq

    uico

    s qu

    e fa

    zem

    fro

    ntei

    ra c

    om o

    cam

    po p

    squ

    ico.

    Segu

    ndo

    o au

    tor,

    a fu

    no

    da

    atu

    ao

    -for

    a

    prec

    ipit

    ar o

    orga

    nism

    o pa

    ra a

    a

    o a

    !m d

    e ev

    itar

    a r

    ealid

    ade

    psq

    uica

    (Gre

    en,

    1988

    , p.

    81)

    . T

    al t

    rans

    bord

    amen

    to p

    ara

    fora

    se

    d n

    a

    form

    a de

    atu

    ae

    s, d

    entr

    e as

    qua

    is d

    esta

    co a

    vio

    lnc

    ia s

    ocia

    l, a

    viol

    nci

    a na

    s re

    la

    es e

    ntre

    cn

    juge

    s e

    entr

    e pa

    is e

    !lh

    os.

    Com

    rel

    ao

    a e

    ste

    lti

    mo

    aspe

    cto,

    sug

    eri

    (Min

    erbo

    , 20

    07)

    que

    algu

    ns c

    rim

    es f

    amili

    ares

    con

    tem

    por

    neos

    so

    dif

    eren

    tes

    da-

    quel

    es d

    escr

    itos

    nas

    tra

    gdi

    as g

    rega

    s. N

    esta

    s, u

    m m

    embr

    o da

    fa-

    mli

    a m

    atav

    a ou

    tro

    em fu

    no

    de

    conV

    itos

    inso

    lve

    is li

    gado

    s ao

    s

    luga

    res

    sim

    blic

    os c

    lara

    men

    te d

    eter

    min

    ados

    pel

    as i

    nsti

    tui

    es

    (pol

    is, f

    amli

    a). A

    !lh

    a po

    dia

    mat

    ar a

    me

    enq

    uant

    o m

    e. O

    pai

    sacr

    i!ca

    va a

    !lh

    a en

    quan

    to '

    lha.

    Hoj

    e, t

    ais

    crim

    es p

    arec

    em t

    er

    mot

    iva

    es

    utili

    tri

    as, e

    , sob

    retu

    do, n

    o p

    arec

    em f

    azer

    qua

    lque

    r

    refe

    rnc

    ia a

    o si

    stem

    a si

    mb

    lico

    fam

    lia

    : el

    imin

    a-se

    um

    cor

    po

    que

    um

    est

    orvo

    par

    a ou

    tro

    corp

    o, s

    endo

    que

    a r

    ela

    o e

    ntre

    eles

    d

    e m

    era

    proc

    ria

    o b

    iol

    gica

    , e n

    o d

    e pa

    rent

    esco

    .

    Na

    mes

    ma

    linha

    de

    pens

    amen

    to, n

    as s

    omat

    iza

    es

    o

    corp

    o

    biol

    gic

    o, e

    no

    o c

    orpo

    er

    geno

    (co

    m v

    alor

    sim

    blic

    o),

    que

    rece

    be o

    exc

    esso

    pul

    sion

    al q

    ue o

    eu

    no

    tem

    com

    o pr

    oces

    sar

    psi-

    quic

    amen

    te.

    Enq

    uant

    o os

    sin

    tom

    as d

    e co

    nver

    so

    [na

    hist

    eria

    ]

    so

    cons

    tru

    dos

    de u

    ma

    form

    a si

    mb

    lica

    e es

    to

    rela

    cion

    ados

    ao

    corp

    o lib

    idin

    al, o

    s si

    ntom

    as p

    sico

    ssom

    tic

    os n

    o s

    o d

    e na

    ture

    -

    za s

    imb

    lica.

    So

    man

    ifes

    ta

    es s

    omt

    icas

    car

    rega

    das

    de u

    ma

    agre

    ssiv

    idad

    e re

    !nad

    a, p

    ura.

    (G

    reen

    , 198

    8, p

    . 83)

    b) Q

    uand

    o o

    lao

    sim

    blic

    o ne

    cess

    rio

    par

    a lig

    ar a

    pul

    so

    ex

    cess

    ivam

    ente

    cor

    redi

    o,

    o se

    ntid

    o

    que

    pode

    ria

    nutr

    ir u

    m

    proj

    eto

    de v

    ida

    ou o

    ide

    al d

    o eu

    n

    o s

    e !x

    a, e

    no

    pod

    e se

    r

    sust

    enta

    do p

    elo

    apar

    elho

    ps

    quic

    o co

    mo

    dese

    jo.

    Obs

    erva

    -se

    um

    desi

    nves

    tim

    ento

    pul

    sion

    al g

    ener

    aliz

    ado,

    que

    pro

    duz

    quad

    ros

    nos

    quai

    s o

    paci

    ente

    rel

    ata

    viv

    ncia

    s de

    vaz

    io,

    tdi

    o e

    apat

    ia,

    o qu

    e

    pode

    ser

    con

    fund

    ido

    com

    dep

    ress

    o.

    No

    enta

    nto,

    ao

    cont

    rri

    o

    dest

    a, e

    m q

    ue o

    suj

    eito

    de

    s-es

    pera

    ele

    perd

    e as

    esp

    eran

    as

    de

    rea

    lizar

    o d

    esej

    o, a

    qui n

    o h

    de

    sejo

    : nen

    hum

    obj

    eto

    se d

    es-

    taca

    na

    pais

    agem

    e o

    suj

    eito

    no

    con

    segu

    e in

    vest

    ir e

    m n

    ada.

    Em

    luga

    r do

    sen

    tim

    ento

    de

    tris

    teza

    , ou

    da d

    or d

    a pe

    rda

    na d

    epre

    sso

    ,

    aqui

    enc

    ontr

    amos

    um

    a a

    ngs

    tia

    bran

    ca,

    ter

    mo

    usad

    o po

    r G

    re-

    en p

    ara

    se r

    efer

    ir

    s fo

    rmas

    de

    sofr

    imen

    to l

    igad

    o ao

    neg

    ativ

    o e

    ao v

    azio

    ps

    quic

    o e

    com

    o u

    so m

    aci

    o de

    def

    esas

    liga

    das

    de

    sob-

    jeta

    liza

    o. S

    o q

    uadr

    os e

    m q

    ue s

    e en

    cont

    ra o

    de

    sinv

    esti

    men

    to

    mac

    io,

    tan

    to r

    adic

    al c

    omo

    tem

    por

    rio,

    que

    dei

    xa t

    rao

    s no

    in-

    cons

    cien

    te n

    a fo

    rma

    de b

    urac

    os p

    squ

    icos

    (G

    reen

    , 198

    8, p

    . 152

    ).

    c) O

    ter

    ceir

    o re

    curs

    o de

    fens

    ivo

    que

    o su

    jeit

    o co

    ntem

    por

    -

    neo

    enco

    ntra

    par

    a lid

    ar c

    om o

    sof

    rim

    ento

    nar

    csi

    co-i

    dent

    itr

    io

    ligad

    o

    depl

    eo

    sim

    blic

    a po

    de s

    er d

    escr

    ito

    com

    o co

    mpo

    rta-

    men

    tal.

    Est

    e re

    curs

    o

    que

    assu

    me

    duas

    for

    mas

    met

    apsi

    colo

    gi-

    cam

    ente

    dis

    tint

    as

    ten

    de a

    ser

    mai

    s ac

    eito

    soc

    ialm

    ente

    do

    que

    o tr

    ansb

    orda

    men

    to e

    o d

    esin

    vest

    imen

    to p

    ulsi

    onal

    (de

    scri

    tos

    nos

    iten

    s a

    e b)

    , poi

    s o

    com

    port

    amen

    to s

    e co

    nfun

    de c

    om m

    odos

    de

    ser

    cult

    ural

    men

    te e

    sper

    ados

    , e o

    sin

    tom

    a !c

    a ca

    muV

    ado.

    Re!

    ro-

    -me

    ad

    io

    a e

    stm

    ulos

    sen

    sori

    ais

    auto

    calm

    ante

    s e

    co

    mpu

    lso

    que

    visa

    pro

    duzi

    r pr

    tes

    es id

    enti

    tri

    as.

    31-4

    231-4

    2

  • 38

    39

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    c.1.

    Com

    port

    amen

    tos

    adit

    ivos

    Pode

    mos

    fala

    r em

    adi

    es

    qua

    ndo

    o su

    jeit

    o re

    corr

    e a

    subs

    tn-

    cias

    e c

    ompo

    rtam

    ento

    s qu

    e vi

    sam

    ate

    nuar

    a a

    ngs

    tia

    (de

    frag

    -

    men

    ta

    o, p

    erse

    cut

    ria

    etc.

    ), o

    u es

    tim

    ular

    e e

    xcit

    ar o

    ego

    tom

    ado

    pelo

    td

    io e

    pel

    a ap

    atia

    (an

    gst

    ia b

    ranc

    a). A

    adi

    o

    diz

    resp

    eito

    ao p

    onto

    de

    vist

    a ec

    onm

    ico

    da m

    etap

    sico

    logi

    a. A

    s su

    bst

    ncia

    s

    psic

    oati

    vas

    pode

    m s

    er a

    rti'

    ciai

    s, p

    rodu

    zida

    s pe

    lo n

    arco

    tr!

    co, e

    /

    ou p

    ela

    ind

    stri

    a fa

    rmac

    uti

    ca. O

    u po

    dem

    ser

    sub

    stn

    cias

    psi

    co-

    ativ

    as n

    atur

    ais,

    com

    o a

    adre

    nalin

    a e

    a en

    dor!

    na, p

    rodu

    zida

    s po

    r

    exer

    cci

    os f

    sic

    os e

    m e

    xces

    so o

    u po

    r es

    port

    es r

    adic

    ais.

    Mas

    po

    de

    have

    r ad

    ie

    s,

    no

    a su

    bst

    ncia

    s ps

    icoa

    tiva

    s

    que,

    com

    o di

    z o

    nom

    e, p

    rodu

    zem

    sen

    sa

    es p

    squ

    icas

    , e

    sim

    a

    com

    port

    amen

    tos

    que

    prod

    uzem

    sen

    sa

    es f

    sic

    as.

    Re!

    ro-m

    e a

    com

    port

    amen

    tos

    a qu

    e o

    suje

    ito

    cont

    empo

    rne

    o re

    corr

    e co

    nti-

    nuam

    ente

    par

    a pr

    oduz

    ir c

    erta

    s se

    nsa

    es

    corp

    orai

    s/so

    mt

    icas

    .

    Est

    amos

    lon

    ge d

    o co

    rpo

    erg

    eno,

    cor

    po-r

    epre

    sent

    ao

    que

    se

    inse

    re e

    m u

    ma

    lgi

    ca s

    imb

    lica,

    e r

    econ

    heci

    do p

    or F

    reud

    no

    trat

    amen

    to d

    a hi

    ster

    ia. A

    qui

    a s

    ensa

    o

    fsi

    ca e

    m s

    i mes

    ma

    que

    bu

    scad

    a.

    um

    a fo

    rma

    dese

    sper

    ada

    de p

    rodu

    zir

    uma

    expe

    rin

    -

    cia,

    ain

    da q

    ue fu

    gaz,

    de

    inte

    gra

    o s

    omat

    ops

    quic

    a. A

    sen

    sori

    ali-

    dade

    fun

    cion

    a co

    mo

    foco

    em

    tor

    no d

    o qu

    al o

    eu

    se o

    rgan

    iza

    e se

    sent

    e vi

    vo e

    exi

    stin

    do. A

    sen

    sori

    alid

    ade

    auto

    indu

    zida

    ac

    alm

    a

    a an

    gst

    ia e

    /ou

    pre

    ench

    e o

    vaz

    io.

    So

    exem

    plos

    de

    com

    port

    amen

    tos

    que

    esti

    mul

    am a

    sen

    so-

    rial

    idad

    e co

    rpor

    al/s

    omt

    ica:

    o s

    exo

    com

    puls

    ivo,

    mas

    turb

    atr

    io

    ou n

    o, p

    rodu

    zind

    o a

    sens

    ao

    cor

    pora

    l de

    exc

    ita

    o s

    exua

    l; o

    jeju

    m p

    rolo

    ngad

    o, p

    rodu

    zind

    o a

    sens

    ao

    de

    fom

    e co

    ntn

    ua n

    a

    anor

    exia

    ; o a

    to d

    e se

    cor

    tar

    com

    o fo

    rma

    de p

    rodu

    zir

    a se

    nsa

    o

    de d

    or; o

    ato

    de

    com

    er d

    emai

    s, s

    egui

    do d

    o v

    mit

    o au

    toin

    duzi

    do

    na b

    ulim

    ia, p

    rodu

    z a

    alte

    rnn

    cia

    entr

    e as

    dua

    s se

    nsa

    es:

    a p

    le-

    nitu

    de g

    str

    ica

    e o

    esva

    ziam

    ento

    ; a

    com

    puls

    o a

    com

    er, p

    rodu

    -

    zind

    o a

    sens

    ao

    con

    tnu

    a do

    tra

    to d

    iges

    tivo

    sen

    do e

    stim

    ulad

    o

    pela

    pas

    sage

    m d

    e al

    imen

    to n

    a ob

    esid

    ade

    mr

    bida

    ; a

    mov

    imen

    -

    ta

    o in

    cess

    ante

    e f

    ren

    tica

    do

    corp

    o na

    s pe

    ssoa

    s

    cria

    nas

    ou

    adul

    tos

    di

    agno

    stic

    adas

    com

    o hi

    pera

    tiva

    s.

    c.2.

    Com

    port

    amen

    tos

    com

    puls

    ivos

    Nes

    te it

    em d

    escr

    evo

    uma

    lti

    ma

    sol

    uo

    pa

    ra o

    sof

    rim

    ento

    ligad

    o ao

    des

    ampa

    ro i

    dent

    itr

    io. S

    o c

    ompo

    rtam

    ento

    s co

    mpu

    l-

    sivo

    s cu

    ltur

    alm

    ente

    det

    erm

    inad

    os.

    Ess

    as c

    ompu

    lse

    s p

    s-m

    o-

    dern

    as

    ins

    erid

    as n

    a m

    esm

    a l

    gica

    no

    sim

    blic

    a do

    s cr

    imes

    fam

    iliar

    es c

    onte

    mpo

    rne

    os a

    cim

    a m

    enci

    onad

    os

    so

    dif

    eren

    tes

    das

    com

    puls

    es

    neur

    tic

    as,

    cls

    sica

    s, c

    omo

    lava

    r as

    mo

    s ou

    veri

    !car

    se

    o g

    s es

    t f

    echa

    do,

    que

    apre

    sent

    am u

    m v

    alor

    sim

    -

    blic

    o. E

    , ao

    cont

    rri

    o da

    s ad

    ie

    s, q

    ue e

    sto

    liga

    das

    bu

    sca

    de

    sens

    ae

    s, e

    las

    est

    o lig

    adas

    b

    usca

    de

    um s

    enti

    do, o

    u m

    elho

    r,

    ao f

    raca

    sso

    dess

    a bu

    sca.

    Fra

    cass

    o es

    te li

    gado

    c

    rise

    das

    gra

    ndes

    inst

    itui

    es

    no

    mun

    do c

    onte

    mpo

    rne

    o.

    Nos

    ano

    s 80

    ate

    ndi

    uma

    paci

    ente

    e

    la c

    erta

    men

    te e

    ra u

    ma

    bord

    erlin

    e gr

    ave

    qu

    e ap

    rese

    ntav

    a um

    a co

    mpu

    lso

    a c

    ompr

    ar

    roup

    as d

    e gr

    ife.

    Na

    poc

    a is

    so a

    inda

    no

    era

    com

    um.

    Eu

    me

    perg

    unta

    va c

    omo

    um c

    ompo

    rtam

    ento

    cul

    tura

    lmen

    te d

    eter

    mi-

    nado

    pod

    ia u

    ltra

    pass

    ar o

    lim

    iar

    daqu

    ilo q

    ue s

    eria

    soc

    ialm

    ente

    espe

    rado

    e s

    e to

    rnar

    com

    puls

    ivo.

    Num

    est

    udo

    que

    !z a

    res

    peit

    o

    (Min

    erbo

    , 200

    0), a

    cred

    ito

    ter

    ente

    ndid

    o qu

    e, q

    uand

    o um

    a n

    i-

    ca in

    stit

    ui

    o es

    t e

    ncar

    rega

    da d

    e s

    alva

    r a

    iden

    tida

    de, s

    urge

    m

    com

    port

    amen

    tos

    com

    puls

    ivos

    rel

    acio

    nado

    s s

    pr

    tica

    s e

    dis-

    curs

    os d

    aque

    la i

    nsti

    tui

    o. A

    s gr

    ifes

    no

    tin

    ham

    qua

    lque

    r va

    lor

    sim

    blic

    o in

    terp

    ret

    vel:

    func

    iona

    vam

    com

    o ve

    rdad

    eira

    s pr

    te-

    ses

    iden

    tit

    rias

    que

    no

    pod

    iam

    ser

    dis

    pens

    adas

    .

    Ess

    a co

    nclu

    so

    pode

    ser

    est

    endi

    da a

    out

    ros

    tipo

    s de

    com

    -

    puls

    es

    ps-

    mod

    erna

    s. V

    imos

    que

    a d

    eple

    o

    sim

    blic

    a af

    eta

    a

    cons

    titu

    io

    do

    eu e

    se

    man

    ifes

    ta c

    omo

    desa

    mpa

    ro i

    dent

    itr

    io.

    Para

    am

    para

    r a

    ide

    ntid

    ade,

    o s

    ujei

    to c

    onte

    mpo

    rne

    o to

    ma

    empr

    esta

    do d

    as in

    stit

    ui

    es d

    ispo

    nve

    is e

    lem

    ento

    s

    sign

    os

    que

    so

    usad

    os c

    omo

    tijo

    los

    na

    cons

    tru

    o d

    a id

    enti

    dade

    . Os

    sig-

    nos

    so

    conc

    reto

    s, e

    xter

    iore

    s ao

    esp

    ao

    psq

    uico

    . No

    seg

    uem

    o

    cam

    inho

    das

    ide

    nti!

    ca

    es,

    que

    resu

    ltam

    de

    expe

    rin

    cias

    em

    o-

    cion

    ais

    com

    obj

    etos

    sig

    ni!c

    ativ

    os e

    que

    , um

    a ve

    z si

    mbo

    lizad

    as,

    so

    inte

    grad

    as e

    do

    um

    a su

    sten

    ta

    o i

    nter

    na

    ao e

    u. P

    or i

    sso

    mes

    mo,

    o e

    feit

    o de

    ssa

    cons

    tru

    o

    de

    curt

    a du

    ra

    o. O

    sig

    no

    ef

    mer

    o co

    mo

    pega

    das

    na a

    reia

    da

    prai

    a; e

    sfum

    a-se

    com

    o a

    fum

    aa

    que

    sobe

    da

    fogu

    eira

    enq

    uant

    o h

    fog

    o. I

    sso

    obri

    ga o

    suje

    ito

    a re

    corr

    er c

    onti

    nuam

    ente

    a c

    ompo

    rtam

    ento

    s cu

    ja f

    un

    o

    co

    nstr

    uir

    e da

    r su

    sten

    ta

    o

    iden

    tida

    de

    de fo

    ra p

    ara

    dent

    ro,

    func

    iona

    ndo

    com

    o pr

    tes

    e.

    O a

    to d

    e be

    ber

    de jo

    vens

    ado

    lesc

    ente

    s ilu

    stra

    ess

    a id

    eia.

    Nes

    -

    sa f

    ase,

    com

    a i

    dent

    idad

    e em

    cri

    se,

    a in

    stit

    ui

    o do

    sa

    ir p

    ara

    bebe

    r s

    alva

    o a

    dole

    scen

    te d

    o ho

    rror

    de

    aind

    a n

    o s

    er u

    m a

    dul-

    to.

    Com

    o sa

    bem

    os, e

    ssa

    cond

    io

    dep

    ende

    de

    conq

    uist

    as r

    eais

    no m

    undo

    adu

    lto,

    de

    expe

    rin

    cias

    em

    ocio

    nais

    sig

    ni!c

    ativ

    as q

    ue

    orig

    inam

    nov

    as i

    dent

    i!ca

    es

    . Enq

    uant

    o is

    so n

    o

    pos

    sve

    l

    e

    talv

    ez, p

    ara

    algu

    ns a

    dole

    scen

    tes,

    nun

    ca v

    enha

    a s

    er

    sa

    ir p

    ara

    bebe

    r f

    unci

    ona

    com

    o si

    gno

    de v

    ida

    sexu

    al a

    tiva

    , au

    tono

    mia

    ,

    eman

    cipa

    o

    e de

    ser

    co

    ol.

    Al

    m d

    isso

    ,

    uma

    form

    a de

    in-

    ser

    o s

    ocia

    l. Pe

    rceb

    e-se

    que

    o a

    to d

    e be

    ber

    ab

    solu

    tam

    ente

    nece

    ssr

    io p

    orqu

    e a!

    rma

    cois

    as s

    obre

    o e

    u, e

    por

    que

    a ce

    rvej

    a

    31-4

    231-4

    2

  • 40

    41

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    tem

    o v

    alor

    de

    embl

    ema

    narc

    sic

    o.

    Sair

    par

    a be

    ber

    a

    pri

    mei

    -

    ra in

    stit

    ui

    o

    e em

    alg

    uns

    caso

    s, a

    ni

    ca

    que

    aco

    lhe

    o jo

    vem

    nest

    e m

    omen

    to d

    a no

    ssa

    civi

    liza

    o e

    m q

    ue a

    s de

    mai

    s es

    to

    em

    cris

    e, e

    no

    tm

    las

    tro

    para

    aju

    d-l

    o a

    cons

    trui

    r um

    pro

    jeto

    de

    vida

    . N

    atur

    alm

    ente

    , a

    bebi

    da-

    lcoo

    l ta

    mb

    m

    um

    a su

    bst

    ncia

    psic

    oati

    va e

    pod

    e se

    r us

    ada

    com

    o an

    siol

    tic

    o ou

    ant

    idep

    ress

    ivo.

    Por

    isso

    , o

    ato

    de b

    eber

    pod

    e se

    tor

    nar

    com

    puls

    ivo

    quan

    do

    nece

    ssr

    io p

    ara

    a!rm

    ar a

    lgo

    sobr

    e a

    iden

    tida

    de, e

    nqua

    nto,

    par

    a-

    lela

    men

    te, s

    e de

    senv

    olve

    um

    a re

    la

    o de

    adi

    o

    ao

    lcoo

    l.

    A c

    ompu

    lso

    a m

    alha

    r ta

    mb

    m e

    ntra

    nes

    ta c

    ateg

    oria

    dup

    la

    (adi

    o

    e co

    mpu

    lso

    ). U

    ma

    nova

    inst

    itui

    o,

    a

    Aca

    dem

    ia d

    e gi

    -

    nst

    ica

    , pod

    e se

    r a

    nic

    a a

    prov

    er o

    suj

    eito

    dos

    em

    blem

    as n

    ar-

    csi

    cos

    de q

    ue p

    reci

    sa p

    ara

    vive

    r

    o co

    rpo

    sar

    ado

    . O e

    xerc

    cio

    em s

    i lib

    era

    endo

    r!na

    s qu

    e fu

    ncio

    nam

    com

    o an

    tide

    pres

    sivo

    s;

    mas

    o c

    orpo

    tra

    balh

    ado

    com

    esf

    oro

    , pe

    rsis

    tnc

    ia e

    ded

    ica

    o

    um v

    erda

    deir

    o p

    roje

    to d

    e vi

    da!

    a

    !rm

    a e

    con!

    rma

    o va

    -

    lor

    do e

    u. A

    lis,

    mui

    tas

    veze

    s a

    prp

    ria

    grif

    e da

    aca

    dem

    ia p

    ode

    vale

    r co

    mo

    embl

    ema

    narc

    sic

    o. Q

    uand

    o, p

    or a

    lgum

    a ra

    zo,

    no

    pode

    m f

    requ

    enta

    r a

    acad

    emia

    , os

    sig

    nos

    do a

    mor

    pr

    prio

    se

    esfu

    mam

    r

    acio

    naliz

    am d

    izen

    do q

    ue s

    e se

    ntem

    fe

    ios

    e

    se d

    e-

    prim

    em.

    c

    omo

    pode

    m e

    xpre

    ssar

    o s

    enti

    men

    to d

    e cl

    audi

    ca

    o

    da id

    enti

    dade

    . Par

    a al

    guns

    o v

    alor

    ant

    idep

    ress

    ivo

    pode

    ser

    mai

    s

    impo

    rtan

    te,

    para

    out

    ros

    ser

    a d

    imen

    so

    de a

    !rm

    ao

    de

    uma

    iden

    tida

    de v

    alor

    izad

    a, m

    as f

    requ

    ente

    men

    te a

    di

    o e

    com

    puls

    o

    se p

    oten

    cial

    izam

    mut

    uam

    ente

    .

    Enq

    uant

    o bo

    a pa

    rte

    das

    gran

    des

    inst

    itui

    es

    est

    em

    cri

    se,

    a S

    ocie

    dade

    de

    Con

    sum

    o p

    arec

    e se

    r a

    mac

    roin

    stit

    ui

    o m

    ais

    slid

    a do

    mun

    do c

    onte

    mpo

    rne

    o. S

    ua l

    gica

    atr

    aves

    sa e

    ti

    nge

    boa

    part

    e da

    s di

    men

    ses

    da

    noss

    a ex

    ist

    ncia

    . C

    omo

    qual

    quer

    inst

    itui

    o,

    pro

    mov

    e a

    arti

    cula

    o

    entr

    e a

    lgi

    ca s

    ocia

    l in

    cons

    -

    cien

    te,

    que

    dete

    rmin

    a a

    prod

    uo

    de

    hier

    arqu

    ia s

    ocia

    l, e

    a in

    -

    divi

    dual

    , ta

    mb

    m i

    ncon

    scie

    nte

    e lig

    ada

    s n

    eces

    sida

    des

    narc

    si-

    cas,

    com

    o m

    ostr

    a o

    exem

    plo

    da p

    acie

    nte

    que

    apre

    sent

    ava

    uma

    com

    puls

    o a

    com

    prar

    rou

    pas

    de g

    rife

    . Qua

    nto

    mai

    s se

    con

    som

    e,

    mai

    s a

    soci

    edad

    e de

    con

    sum

    o ga

    nha

    for

    a e

    mai

    s el

    a te

    m c

    ondi

    -

    es

    de

    se e

    ncar

    rega

    r de

    um

    a fu

    no

    im

    port

    ant

    ssim

    a: o

    alv

    io

    (sem

    pre

    tem

    por

    rio)

    do

    desa

    mpa

    ro i

    dent

    itr

    io l

    igad

    o

    mis

    ria

    sim

    blic

    a. P

    or e

    sta

    raz

    o, m

    uita

    s da

    s cr

    tic

    as a

    o co

    nsum

    ism

    o de

    cunh

    o su

    pere

    goic

    o s

    o in

    cua

    s: n

    o r

    econ

    hece

    m a

    di

    men

    so

    de s

    alva

    o

    pelo

    obj

    eto

    (a

    bela

    exp

    ress

    o

    de

    Bau

    drill

    ard)

    .

    Fina

    lizo

    reto

    man

    do a

    dis

    tin

    o e

    ntre

    for

    mas

    de

    ser

    e de

    so-

    frer

    pre

    dom

    inan

    tem

    ente

    neu

    rti

    cas

    e n

    o ne

    urt

    icas

    , que

    pod

    em

    ser

    refe

    rida

    s, r

    espe

    ctiv

    amen

    te,

    rig

    idez

    e

    cri

    se d

    as in

    stit

    ui

    es

    (m

    icro

    e

    mac

    ro)

    . A i

    mpo

    rtn

    cia

    dess

    a di

    stin

    o

    resi

    de,

    do

    meu

    pon

    to d

    e vi

    sta,

    em

    sua

    s im

    plic

    ae

    s cl

    nic

    as.

    No

    prim

    eiro

    caso

    , o a

    nalis

    ta t

    raba

    lhar

    ia n

    o se

    ntid

    o de

    rel

    ativ

    izar

    os

    sent

    idos

    j d

    ados

    , que

    par

    ecem

    nat

    urai

    s e

    inqu

    esti

    onv

    eis;

    o f

    azer

    cln

    ico

    segu

    e o

    assi

    m c

    ham

    ado

    mod

    elo

    cls

    sico

    , o m

    odel

    o do

    son

    ho t

    al

    com

    o fo

    i de

    senv

    olvi

    do n

    a pr

    imei

    ra t

    pic

    a. N

    o se

    gund

    o m

    ode-

    lo

    que

    se

    arti

    cula

    e s

    e di

    alet

    iza

    com

    o p

    rim

    eiro

    ,

    o tr

    abal

    ho

    anal

    tic

    o vi

    sari

    a te

    cer

    com

    , co

    tece

    r, a

    lgum

    sen

    tido

    ond

    e ai

    nda

    no

    h. O

    mod

    elo

    do p

    lay,

    ent

    endi

    do c

    omo

    brin

    car

    sim

    boliz

    an-

    te, p

    erm

    ite

    tom

    ar e

    m c

    onsi

    dera

    o

    as n

    eces

    sida

    des

    espe

    c!c

    as d

    a

    cln

    ica

    do t

    raum

    a, a

    ntec

    ipad

    a po

    r Fr

    eud

    em A

    lm

    do

    prin

    cpi

    o

    do p

    raze

    r (1

    920/

    2010

    ). N

    este

    seg

    undo

    mod

    elo,

    a r

    etom

    ada

    do

    proc

    esso

    de

    subj

    etiv

    ao

    d

    e tr

    ansf

    orm

    ao

    de

    tra

    os p

    r-p

    s-

    quic

    os e

    m m

    ater

    ial p

    squ

    ico

    de

    pend

    e de

    um

    ana

    lista

    impl

    icad

    o

    no

    apen

    as c

    omo

    int

    rpre

    te, m

    as t

    amb

    m c

    omo

    outr

    o-su

    jeit

    o.

    Figu

    eire

    do, L

    . C. (

    2009

    ). A

    s di

    vers

    as f

    aces

    do

    cuid

    ar. S

    o P

    aulo

    :

    Esc

    uta.

    Freu

    d, S

    . (2

    010)

    . Pa

    ra i

    ntro

    duzi

    r o

    narc

    isis

    mo.

    In

    S. F

    reud

    .

    Obr

    as c

    ompl

    etas

    (P.

    C.

    de S

    ouza

    , tr

    ad.,

    vol.

    12,

    pp.

    13-5

    0).

    So

    Paul

    o: C

    ompa

    nhia

    das

    Let

    ras.

    (T

    raba

    lho

    orig

    inal

    pub

    li-

    cado

    em

    191

    4).

    Freu

    d, S

    . (20

    10).

    Lut

    o e

    mel

    anco

    lia. I

    n S.

    Fre

    ud. O

    bras

    com

    plet

    as

    (P. C

    . de

    Souz

    a, t

    rad.

    , vol

    . 12,

    pp.

    170

    -194

    ). S

    o Pa

    ulo:

    Com

    -

    panh

    ia d

    as L

    etra

    s. (

    Tra

    balh

    o or

    igin

    al p

    ublic

    ado

    em 1

    919)

    .

    Freu

    d, S

    . (20

    10).

    Al

    m d

    o pr

    inc

    pio

    do p

    raze

    r. In

    S. F

    reud

    . Obr

    as

    com

    plet

    as (

    P. C

    . de

    Sou

    za,

    trad

    ., vo

    l. 14

    , pp

    . 16

    1-23

    9).

    So

    Paul

    o: C

    ompa

    nhia

    das

    Let

    ras.

    (T

    raba

    lho

    orig

    inal

    pub

    licad

    o

    em 1

    920)

    .

    Freu

    d, S

    . (20

    11).

    O e

    u e

    o id

    . In

    S. F

    reud

    . Obr

    as c

    ompl

    etas

    (P.

    C.

    de S

    ouza

    , tr

    ad.,

    vol.

    16,

    pp.

    13-7

    4).

    So

    Paul

    o: C

    ompa

    nhia

    das

    Let

    ras.

    (T

    raba

    lho

    orig

    inal

    pub

    licad

    o em

    192

    3).

    Gre

    en, A

    . (19

    88).

    Sob

    re a

    lou

    cura

    pes

    soal

    . Rio

    de

    Jane

    iro:

    Im

    a-

    go.

    Keh

    l, M

    . R. (

    2008

    ). D

    eslo

    cam

    ento

    s do

    fem

    inin

    o. R

    io d

    e Ja

    neir

    o:

    Imag

    o.

    Min

    erbo

    , M. (

    2000

    ). E

    stra

    tgi

    as d

    e in

    vest

    iga

    o e

    m p

    sica

    nlis

    e.

    So

    Paul

    o: C

    asa

    do P

    sic

    logo

    .

    Min

    erbo

    , M. (

    2007

    ). C

    rim

    es fa

    mili

    ares

    con

    tem

    por

    neos

    . Rev

    ista

    Perc

    urso

    , 38,

    135

    -144

    .

    Min

    erbo

    , M

    . (2

    009)

    . N

    euro

    se e

    no

    neu

    rose

    . S

    o Pa

    ulo:

    Cas

    a

    do P

    sic

    logo

    .

    RE

    FE

    R

    NC

    IAS

    31-4

    231-4

    2

  • 42

    43

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    IDE

    S

    O

    PA

    UL

    O,

    35

    [5

    5]

    JA

    NE

    IRO

    20

    13

    Min

    erbo

    , M. (

    2011

    , 31

    de m

    aio)

    . Rei

    nven

    tar

    a fa

    mli

    a. F

    olha

    de

    S. P

    aulo

    , So

    Pau

    lo, C

    ader

    no E

    quil

    brio

    .

    Mus

    zkat

    , S. (

    2011

    ). V

    iol

    ncia

    e m

    ascu

    linid

    ade.

    So

    Pau

    lo: C

    asa

    do P

    sic

    logo

    .

    Rou

    ssill

    on, R

    . (19

    99).

    Ago

    nie,

    cliv

    age

    et s

    ymbo

    lizat

    ion.

    Par

    is: P

    UF.

    Ser

    e so

    frer

    , hoje

    Est

    e te

    xto

    abor

    da a

    rel

    ao

    ent

    re a

    ps

    -mod

    er-

    nida

    de,

    ente

    ndid

    a co

    mo

    cris

    e ge

    nera

    lizad

    a da

    s in

    stit

    ui

    es,

    e as

    form

    as d

    e so

    frim

    ento

    ps

    quic

    o qu

    e lh

    e s

    o co

    nsub

    stan

    ciai

    s. O

    psi

    -

    quis

    mo

    depe

    nde

    das

    sign

    i!ca

    es

    ofe

    reci

    das

    pela

    s in

    stit

    ui

    es p

    ara

    pode

    r at

    ribu

    ir a

    lgum

    sen

    tido

    r

    ealid

    ade

    e si

    mbo

    lizar

    as

    expe

    rin

    -

    cias

    em

    ocio

    nais

    . Em

    sua

    fal

    ta

    con

    di

    o aq

    ui d

    enom

    inad

    a de

    ple-

    o

    sim

    blic

    a ,

    o p

    siqu

    ism

    o

    obri

    gado

    a r

    ecor

    rer

    a m

    ecan

    ism

    os

    defe

    nsiv

    os e

    spec

    !co

    s, d

    entr

    e os

    qua

    is d

    esta

    cam

    os:

    a) o

    tra

    nsbo

    r-

    dam

    ento

    pul

    sion

    al

    para

    for

    a n

    a fo

    rma

    de a

    tua

    es

    viol

    enta

    s, e

    par

    a de

    ntro

    na

    for

    ma

    de s

    omat

    iza

    es;

    b)

    o de

    sinv

    esti

    men

    to

    puls

    iona

    l do

    s ob

    jeto

    s, p

    rodu

    zind

    o se

    ntim

    ento

    s de

    vaz

    io,

    tdi

    o e

    apat

    ia;

    c) o

    rec

    urso

    adi

    tivo

    a e

    stm

    ulos

    sen

    sori

    ais

    auto

    calm

    ante

    s

    e a

    com

    port

    amen

    tos

    com

    puls

    ivos

    que

    vis

    am p

    rodu

    zir

    prt

    eses

    iden

    tit

    rias

    . |

    To b

    e an

    d t

    o s

    uff

    er,

    tod

    ay T

    his

    pape

    r pr

    opos

    es a

    rela

    tion

    ship

    bet

    wee

    n po

    st-m

    oder

    nity

    , und

    erst

    ood

    as a

    gen

    eral

    ized

    inst

    itut

    iona

    l cri

    sis,

    and

    a p

    sych

    ic s

    uffe

    ring

    rel

    ated

    to it

    . The

    psy

    che

    depe

    nds

    on m

    eani

    ng o

    ffer

    ed b

    y in

    stit

    utio

    ns t

    o be

    abl

    e to

    att

    ribu

    te

    any

    sens

    e to

    rea

    lity

    and

    to s

    ymbo

    lize

    emot

    iona

    l exp

    erie

    nces

    . In

    its

    failu

    re

    con

    diti

    on w

    hich

    I c

    all s

    ymbo

    lic d

    eple

    tion

    it

    is o

    blig

    ed to

    use

    spec

    i'c

    defe

    nse

    mec

    hani

    sms,

    suc

    h as

    : a)

    viol

    ent

    acti

    ng-o

    uts

    or

    som

    atiz

    atio

    ns w

    hen

    over

    whe

    lmed

    by

    inst

    inct

    ual

    driv

    es;

    b) d

    isin

    -

    vest

    men

    t le

    adin

    g to

    fee

    ling

    of e

    mpt

    ines

    s, b

    ored

    om a

    nd a

    path

    y; c

    )

    addi

    ctio

    n to

    sel

    f-ca

    lmin

    g do

    wn

    sens

    oria

    l st

    imul

    i, an

    d co

    mpu

    lsiv

    e

    beha

    vior

    tha

    t ai

    m t

    o cr

    eate

    a k

    ind

    of id

    enti

    ty p

    rost

    hesi

    s.

    Ps-

    mod

    erni

    dade

    . So

    frim

    ento

    ps

    qui

    co.

    Dep

    le

    o si

    mb

    li-

    ca.

    Exc

    esso

    pul

    sion

    al.

    Psic

    opat

    olog

    ia c

    onte

    mpo

    rne

    a. |

    Po

    st-

    mod

    erni

    ty.

    Psy

    chic

    suf

    feri

    ng.

    Sym

    bolic

    dep

    leti

    on.

    Inst

    inct

    ual

    driv

    e ex

    cess

    . Con

    tem

    pora

    ry p

    sych

    opat

    holo

    gy.

    MA

    RIO

    N M

    INE

    RB

    O

    Rua

    Alc

    ides

    Per

    tiga

    , 78

    05413-1

    00

    So

    Pau

    lo

    SP

    tel.:

    11 3

    898-0

    074

    mar

    ion.

    min

    erbo

    @te

    rra.

    com

    .br

    PA

    LA

    VR

    AS-C

    HA

    VE | KEYWORDS

    RE

    CE

    BID

    O 0

    2.1

    0.2

    01

    2A

    CE

    ITO 2

    6.1

    0.2

    01

    2

    RE

    SU

    MO | SUMMARY

    p

    oss

    ve

    l um

    a e

    xist

    n

    cia

    se

    m e

    xce

    sso

    ?Ja

    ssan

    an A

    mor

    oso

    Dia

    s Pa

    stor

    e*

    Tiv

    e to

    do o

    cui

    dado

    em

    no

    rid

    icul

    ariz

    ar

    as p

    aix

    es h

    uman

    as, n

    em la

    men

    t-l

    as

    ou d

    etes

    t-l

    as, m

    as c

    ompr

    eend

    -la

    s.

    Spin

    oza,

    Tra

    tado

    pol

    tic

    o, 2

    011.

    O h

    omem

    u

    m s

    er p

    assi

    onal

    . O h

    omem

    fre

    udia

    no

    um

    ser

    pul

    -

    sion

    al,

    um

    ser

    de

    dese

    jo.

    Freu

    d en

    unci

    a qu

    e o

    hom

    em s

    e de

    !ne

    pelo

    con

    Vito

    ent

    re

    o de

    sejo

    e a

    def

    esa

    cont

    ra o

    des

    ejo,

    e q

    ue e

    sse

    conV

    ito

    pr

    o-

    voca

    do p

    ela

    exis

    tnc

    ia d

    e ob

    jeto

    s pr

    ivil

    egia

    dos

    do d

    esej

    o, a

    sabe

    r, as

    !gu

    ras

    pare

    ntai

    s. A

    ess

    e re

    spei

    to R

    enat

    o M

    ezan

    nos

    diz

    que

    no

    so

    , poi

    s, q

    uais

    quer

    des

    ejos

    que

    faz

    em d

    o ho

    mem

    hom

    em, m

    as u

    ma

    cons

    tela

    o,

    pre

    cisa

    e i

    nsub

    stit

    uve

    l, qu

    e or

    -

    gani

    za e

    sses

    des

    ejos

    com

    o de

    sejo

    de

    ince

    sto

    e pa

    rric

    dio

    : em

    term

    os m

    ais

    sim

    ples

    , o

    que

    torn

    a o

    hom

    em h

    uman

    o

    o co

    m-

    plex

    o de

    di

    po

    (198

    8, p

    . 69)

    .

    O e

    xces

    so, a

    hyb

    ris,

    j c

    orri

    a na

    s ve

    ias

    dos

    anti

    gos

    greg

    os e

    a

    paix

    o e

    ra u

    ma

    font

    e de

    hyb

    ris.

    O p

    r-s

    ocr

    tico

    Zen

    o d

    e E

    leia

    j h

    avia

    de!

    nido

    a p

    aix

    o co

    mo

    uma

    pul

    so

    exce

    ssiv

    a, e

    rm

    plo

    nazo

    usa

    (Leb

    run,

    198

    6, p

    . 25)

    .

    A e

    spc

    ie h

    uman

    a, p

    ara

    os g

    rego

    s, t

    inha

    um

    a fo

    ra

    anm

    ica

    sem

    elha

    nte

    do

    fog

    o, c

    onfo

    rme

    o co

    men

    tri

    o de

    F.

    Nie

    tzsc

    he,

    no t

    exto

    O

    que

    dev

    o ao

    s an

    tigo

    s, e

    m q

    ue d

    enom

    ina

    o n

    tim

    o

    do g

    rego

    ant

    igo

    com

    o m

    atr

    ia e

    xplo

    siva

    (N

    ietz

    sche

    , 201

    0, p

    .

    103)

    . Ass

    im, o

    hom

    em e

    ra o

    rigi

    nari

    amen

    te d

    esm

    esur

    ado

    e a

    sa-

    pin

    cia

    da m

    edid

    a ca

    bia

    aos

    deus

    es.

    Ess

    a ch

    ama

    de c

    alor

    e e

    ntus

    iasm

    o qu

    e aq

    uece

    nos

    sa a

    lma,

    segu

    ndo

    Freu

    d, c

    ompo

    rta

    uma

    ambi

    guid

    ade:

    pod

    e aq

    uece

    r e,

    tam

    bm

    , inc

    endi

    ar. C

    omo

    o de

    us D

    ioni

    so,

    cri

    ao

    e d

    estr

    ui

    o.

    p

    uls

    o, e

    xplo

    so

    vita

    l, em

    bria

    guez

    . Por

    m, o

    con

    ceit

    o fr

    eudi

    a-

    no d

    e de

    sejo

    no

    t

    o s

    um

    des

    ejo

    de c

    oncu

    pisc

    nci

    a ou

    cob

    ia

    puls

    iona

    is,

    mas

    um

    des

    ejo

    de a

    spir

    ao

    . Ao

    se r

    efer

    ir

    exp

    eri-

    nci

    a de

    sat

    isfa

    o,

    Fre

    ud e

    labo

    ra o

    con

    ceit

    o de

    des

    ejo

    ligad

    o

    ao e

    stad

    o de

    pre

    cari

    edad

    e do

    hom

    em a

    o na

    scer

    que

    o c

    oloc

    a na

    depe

    ndn

    cia

    do o

    utro

    , dif

    eren

    tem

    ente

    dos

    ani

    mai

    s.

    * Ps

    ican

    alis

    ta.

    Mem

    bro

    efet

    ivo

    e pr

    o-fe

    ssor

    a da

    Soc

    ieda

    de B

    rasi

    leir

    a de

    Psi

    -ca

    nlis

    e de

    So

    Pau

    lo (

    SBPS

    P).

    Edi

    tora

    da

    Rev

    ista

    ide

    (SB

    PSP)

    , 200

    5-20

    08. O

    r-ga

    niza

    dora

    e t

    radu

    tora

    da

    edi

    o b

    rasi

    -le

    ira

    do li

    vro

    Da

    neur

    olog

    ia

    psi

    can

    li-se

    : de

    senh

    os e

    dia

    gram

    as d

    a m

    ente

    por

    Si

    gmun

    d Fr

    eud,

    Ed.

    Ilu

    min

    uras

    , 20

    08.

    Coo

    rden

    ador

    a na

    inte

    rfac

    e co

    m a

    psi

    ca-

    nlis

    e da

    Rev

    ista

    Ci

    ncia

    & C

    ultu

    ra, d

    a So

    cied

    ade

    Bra

    sile

    ira

    para

    o P

    rogr

    esso

    da

    Ci

    ncia

    (SB

    PC).

    Mes

    tra

    pela

    Pon

    tif

    -ci

    a U

    nive

    rsid

    ade

    Cat

    lic

    a de

    So

    Pau

    lo

    (PU

    CSP

    ).

    43-5

    831-4

    2