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SÉRGIO EMYGDIO CABRAL MAIA ANÁLISE CRÍTICA NA INTERPRETAÇÃO DOS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO AGENTE FÍSICO RUÍDO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Segurança do Trabalho. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho. Orientador: Prof. Robson Spinelli Gomes, D.Sc Niterói 2008

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SÉRGIO EMYGDIO CABRAL MAIA

ANÁLISE CRÍTICA NA INTERPRETAÇÃO DOS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO AGENTE FÍSICO RUÍDO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Segurança do Trabalho. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Robson Spinelli Gomes, D.Sc

Niterói 2008

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SÉRGIO EMYGDIO CABRAL MAIA

ANÁLISE CRÍTICA NA INTERPRETAÇÃO DOS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO AGENTE FÍSICO RUÍDO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Segurança do Trabalho. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________ Prof. Robson Spinelli Gomes, D.Sc

__________________________________________ José Rodrigues de Farias Filho, D.Sc

__________________________________________ Ubirajara Aloísio de Oliveira Mattos, D.Sc

DEDICATÓRIA

Primeiramente, dedico o presente trabalho àquela que através da constante

demonstração do amor “ágape”, deixando de desfrutar de seu bem-estar, por

inúmeras vezes, sem cessar, por sua dedicação e fina educação através das

quais consolidou em mim, sobretudo, o reconhecimento da importância do caráter

e honradez. À minha mãe, escudo sempre presente em meu viver, os meus

eternos agradecimentos.

Ao meu pai, apesar da separação que a vida nos proporcionou por longos anos, a

minha demonstração de agradecimento, pois certamente, à sua maneira,

contribuiu para a formação de meu caráter.

Às minhas bênçãos divinas, meus filhos Carolina e Renato Emygdio os

agradecimentos de pai, pelo estímulo natural, e minha demonstração de carinho e

profundo amor.

Aos meus avós paternos e maternos, base de toda essa estrutura, pelos bons

exemplos de vida e dignidade.

E finalmente, a ela, minha amiga, mulher, companheira e namorada. Após longos

anos, nos reencontramos recentemente, precisamente em fevereiro de 2006. E

hoje, na maturidade, resgatamos o que não aproveitamos na juventude. E o

tempo, em sua sabedoria, foi generoso comigo, abrindo uma janela que permitiu

que ela pudesse me conhecer, respeitar e acreditar nos meus sonhos, dons e

talentos.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, que através de sua infinita misericórdia

permitiu-me, pela fé, tal feito, dando-me força, saúde e bom ânimo.

Ao meu orientador, Prof. Robson Spinelli Gomes, que conseguiu com maestria

recuperar o tempo perdido, e que através de sua rica experiência técnica

permitiu-me concluir o presente trabalho.

Ao meu primeiro orientador, Prof. Armando Pereira do Nascimento Filho, pelo

apoio, dedicação, incentivo, paciência, refinada educação e compreensão das

dificuldades que surgiram no percurso da tarefa.

À digníssima Maria do Carmo Lourenço Gomes, brilhante revisora, que além de

exercer suas atribuições, soube orientar-me no sentido de que o trabalho fosse,

facilmente, assimilado por seus leitores.

Ao meu amigo, ex-colega de trabalho e colega de Mestrado, o digníssimo

Educador, Severino José Neto, pela parceria no percurso deste gratificante e

longo caminho na área do conhecimento.

Agradeço particularmente aos amigos e dirigentes da Pendent Line, representada

pelo CMT Jair Boentes Esteves e Jair José Antunes Esteves, os quais assumiram

integralmente desde fevereiro de 2007 com o apoio financeiro necessário à

conclusão desse estudo. Pela confiança demonstrada em minha capacidade

técnica, contribuindo desta forma para o meu crescimento acadêmico, pessoal e

profissional.

O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim:

Esquenta e esfria,

Aperta e daí afrouxa,

Sossega e depois desinquieta

O que ela quer da gente é coragem.

(Guimarães Rosa).

RESUMO

O presente estudo apresenta uma análise crítica da interpretação dos

parâmetros de avaliação do agente físico ruído, a partir de uma análise comparativa

dos critérios técnicos utilizados nas avaliações de exposição ao ruído. Mais

especificamente, se concentra em divergências entre a Norma de Higiene

Ocupacional 01 (NHO 01) da Fundacentro, que trata da avaliação da exposição ao

ruído, e aqueles critérios estabelecidos pela Norma Regulamentadora 15 (NR15) do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O interesse pelo tema surgiu durante a

execução trabalhos de Consultoria em Segurança e Saúde Ocupacional,

particularmente quando da realização de avaliações quantitativas do agente físico

ruído por audiodosimetrias, quando observei que as metodologias e procedimentos

divergiam na sua forma legal. A mais recente atualização das Instruções Normativas

(nº 27 de 30 de abril de 2008, no nº IV do artigo nº 180) determina que a partir de 19

de novembro de 2003, seja efetuado o enquadramento quando o nível de exposição

normalizado (NEN) se situar acima de 85 dB(A) ou for ultrapassada a dose unitária,

aplicando-se: (a) os limites de tolerância definidos no Quadro Anexo I da NR-15 do

MTE; (b) as metodologias e os procedimentos definidos na NHO-01 da Fundacentro.

Daí os conflitos. Para tanto é necessário uma ampla e urgente revisão e

padronização das metodologias, visando o melhor, sob o ponto de vista dos

trabalhadores, para a efetiva da proteção de trabalhadores expostos ao Agente

Físico-Ruído. Por exemplo, na NR-15 o fator de dobra 5 é maior do que o da NHO-

01 que é 3, determinando uma prevenção menos apurada, porém o inverso se

apresenta no critério Nível de Ação. A análise proposta aponta principalmente para

as seguintes conclusões: como órgão de governo os parâmetros da NHO 01

deveriam ser utilizados como complemento aos estabelecidos no Anexo 1 da NR 15,

de modo a evitar conflitos de critérios ou de metodologia; a avaliação de ruído

através de dosímetros parece a forma mais adequada, precisa e confiável para se

obter um laudo de ruído.

Palavras-chave: ruído ocupacional; audiodosimetria; fator de dobra

ABSTRACT

This study presents a critical analysis of the interpretation of the evaluation

parameters of the physical agent Noise, from a comparative analysis of the

technical criteria used in the noise exposure evaluations. More specifically, it

focuses on the divergences between the Norma de Higiene Ocupacional

(Occupational Hygiene Norm) 01 (NHO 01) from Fundacentro, which deals with

the evaluation of the exposure to noise, and those criteria established by the

Norma Regulamentadora (Regulation Norm) 15 (NR15) of the Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) (Work Department). The interest on this subject came

when I was working in the implementation of the Safety Consulting and Occupational

Health, specifically when quantitative assessments of physical agent noise by audio

dosimetry were done, I noticed that methodologies and procedures differed in a legal

manner. The most recent update of the Normative Instructions, to Nº 27, April 30,

2008, in Article IV of Article 180 paragraph states that: From 19 November 2003, the

framework will be made when the NEN is over eighty-five dB (A) is exceeded or the

unit dose, applying: a) the tolerance limits set out in Table I of Annex 15 of the NR-

MTE; b) the methods and procedures defined in the NHO Fundacentro-01. Hence

the conflict. This requires a broad and urgent review and standardization of

methodologies for the best from the point of view of workers, for the effective

protection of workers exposed to Agent Physical Noise. For example, the NR-15

doubles the factor of 5 is higher than the NHO-01 that is 3, by determining a

prevention less accurate, but the reverse appears on the Criterion of Action Level.

The proposed analysis points mainly to the following conclusions: as Fundacentro

is an official organ, the NHO 01 parameters should be used as a complement to

those established in the Annex 1 of the NR 15, as to avoid criteria or methodology

conflicts; noise evaluation through dosimeters seems to be the most adequate,

precise and reliable mode of obtaining a noise report.

Keywords: occupational noise, audio dosimetry, doubling factor

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 — Aparelho auditivo mostrando ouvido interno, médio e externo

com destaque (à direita) das células ciliadas .................................................... 20

Figura 02 — Faixa audível humana ............................................................... 21

Figura 03 — Processo de reconhecimento de risco do agente ruído ........... 30

Quadro 01 — Parâmetros para identificação de trabalhadores incluídos em

um subgrupo de exposição máxima a agentes de risco, incluindo o agente

físico ruído, de acordo com a tabela de Leidel & Busch (1977) ........................ 33

Quadro 02 — Parâmetros estabelecidos para Ruído Contínuo ou Intermitente 40

Figura 04 — Subtração de níveis de ruído ........................................................ 44

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists AIHA – American Industrial Hygiene Association BS – British Standard CID – Código Internacional de Doenças CNS – Confederação Nacional de Saúde EPA – Environmental Protection Agency EPI – Equipamento de Proteção Individual EPC – Equipamento de Proteção Coletiva FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina

do Trabalho GHE – Grupo Homogêneo de Exposição IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social ISO – Internacional Standard Organization LT – Limite de Tolerância MTL – Mudança Temporária de Limiar MTE – Ministério do Trabalho e Emprego MS – Ministério da Saúde NFS – Association Française de Normalization NEN – Nível de Exposição Normalizado NHO – Norma de Higiene Ocupacional NIH – National Institutes of Health NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health NPS – Nível de pressão sonora NR – Norma Regulamentadora OIT – Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial da Saúde OSHA – Occupational Safety and Health Administration PAIR – Perda auditiva induzida por ruído PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais WHO – World Health Organization

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12

1.1 SOBRE O TEMA E SUA RELEVÂNCIA ................................................. 12

1.2 PROBLEMA E QUESTÕES DA PESQUISA ............................................... 13

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 14

1.3.1 Geral .........................................................................................................

14

1.3.2 Específicos .............................................................................................. 14

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................. 15

2 SOM E RUÍDO ................................................................................................ 16

2.1 SOM ............................................................................................................. 16

2.1.1 Características físicas do som .............................................................. 16

2.1.2 Medida relativa de intensidade sonora ................................................ 18

2.1.3 O sentido da audição ............................................................................. 19

2.2 RUÍDO ......................................................................................................... 21

2.2.1 Conceito, classificação e características ............................................. 21

2.2.2 Efeitos do ruído sobre a audição .......................................................... 22

2.2.3 Efeitos do ruído sobre a saúde geral ................................................... 25

3 HIGIENE INDUSTRIAL .................................................................................. 27

3.1 GENERALIDADES HISTÓRICAS .......................................................... 27

3.2 HIGIENE INDUSTRIAL .......................................................................... 28

3.2.1 Reconhecimento ..................................................................................... 29

3.2.2 Avaliação ................................................................................................. 30

3.2.3 Controle ................................................................................................... 35

3.2.3.1 O controle na fonte ................................................................................ 35

3.2.3.2 O controle na trajetória .......................................................................... 35

3.2.3.3 O controle no homem ............................................................................ 36

4 ENCONTROS E DESENCONTROS NA AVALIAÇÃO DO RUÍDO .............. 38

4.1 FUNDACENTRO ......................................................................................... 38

4.2 DIVERGÊNCIAS ENTRE A NHO-01 A NR-15 ............................................ 39

4.3 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO OCUPACIONAL ...................... 40

4.4 CÁLCULO DO NÍVEL SONORO EQUIVALENTE ....................................... 42

4.5 NÍVEIS DE RUÍDO ...................................................................................... 43

4.5.1 Ruído de fundo (subtração de níveis de som) ..................................... 43

4.5.2 Adição de níveis de som ........................................................................ 44

4.6 FATORES QUE DETERMINAM O RISCO DE LESÃO NO APARELHO

AUDITIVO .......................................................................................................... 45

4.6.1 Fatores ligados ao ruído ........................................................................ 46

4.6.2 Fatores ligados à exposição ................................................................. 46

4.7 OS LIMITES DE TOLERÂNCIA ................................................................... 46

4.8 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU

INTERMITENTE ................................................................................................ 47

4.9 PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................................................. 48

5 DISCUSSÃO .................................................................................................. 50

6 CONCLUSÃO ................................................................................................ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 53

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 SOBRE O TEMA E SUA RELEVÂNCIA

A exposição ocupacional ao agente físico ruído ainda representa um fator

importante de agravo à saúde dos trabalhadores no Brasil e em outros países,

independentemente de serem estes países desenvolvidos ou não, e constitui um

problema não apenas para as empresas em particular, mas também para os

governos, uma vez que sendo fontes geradoras de acidentes de trabalho causam

algum impacto sobre a saúde pública.

De acordo com o Artigo 19 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, são

considerados acidentes

aqueles que ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.

Não entendendo erroneamente a legislação, porém analisando-a sob uma

ótica prevencionista, pode-se afirmar que todo e qualquer acidente, contrariando o

próprio nome, não é um evento fortuito ou acidental, mas eventos determinados e

previsíveis.

Dentre os vários agentes de risco encontrados em ambientes de trabalho,

o ruído é sabidamente um dos mais importantes em termos de exposição nociva.

Na maioria das vezes, a exposição a este agente não traz conseqüências

imediatas, mas pode provocar graves prejuízos à audição e à saúde geral, e levar

à evolução de um mal crônico e quase sempre irreversível. Além de perda

auditiva variando em grau, pode também provocar interferências nas

comunicações e o mascaramento de sinais de alarme em razão de seus efeitos

negativos sobre a concentração, levando à ocorrência de acidentes de trabalho.

A presente pesquisa apresenta uma análise crítica dos critérios de avaliação

do ruído, com ênfase em abordagens mais prevencionistas e na padronização de

metodologias de avaliação voltadas à proteção dos trabalhadores expostos a este

agente de risco, e propõe uma reflexão sobre os limites de tolerância (LT) ao ruído

no ambiente de trabalho e a responsabilidade dos empregadores no que diz respeito

13

aos danos auditivos sob a ótica da responsabilidade social.

O limite de tolerância para o agente ruído deve ser interpretado como o nível

de pressão sonora ao qual uma população de modo geral possa estar exposta

durante um determinado tempo, sem que ao longo da vida tal exposição não resulte

em efeitos adversos sobre sua capacidade de ouvir e compreender a linguagem.

Portanto, é preciso entendê-lo como referência para uma avaliação, e não interpretá-

lo como um limiar que separa o ruído perigoso do ruído aceitável.

Com base em experiências vivenciadas no cotidiano do autor e,

principalmente, em dúvidas, acertos e erros, espera-se contribuir para um melhor

esclarecimento sobre a questão dos critérios de avaliação do agente físico ruído.

Acredita-se que com a adoção de meios mais precisos de apuração e o controle

mais eficaz de exposições nocivas, os profissionais envolvidos nesse processo

possam cada vez mais obter sucesso em sua tarefa de preservação da vida humana

e, como conseqüência natural, trazer benefícios econômicos para a sociedade e

trabalhadores, empresas e governo.

1.2 PROBLEMA E QUESTÕES DA PESQUISA

A execução de trabalhos de Consultoria em Segurança e Saúde Ocupacional,

especificamente quando da realização de avaliações quantitativas do agente físico

ruído por audiodosimetrias, exige a observância de determinados procedimentos,

sendo necessária a adoção de parâmetros exigidos na legislação pertinente. Ao

serem feitas as apurações e a interpretação de resultados para elaboração de

Laudos de Exposição a fim de adotar medidas de controle das fontes, observa-se

que o modo de prevenção de acordo com os conceitos de incremento de dose para

dobra (q) e de nível de ação divergem1.

De acordo com as Normas de Higiene Ocupacional (NHO) da

FUNDACENTRO, particularmente a NHO 01 que trata da Avaliação da Exposição de

Ocupacional ao Ruído, temos q=3 com nível de ação de 83 dB(A). Por outro lado,

em conformidade com as Normas Regumentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho

e Emprego (MTE), em particular a NR 15 (Anexos 1 e 2), temos q=5 com nível de

1 Fator de dobra é o incremento nos índices de ruído em dB(A), e significa que cada adição de 3 dB(A) ou de 5 dB(A), deverá ser considerada como o dobro da dose de exposição correspondente. Nível de ação é o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas.

14

ação de 80 dB(A).

Este trabalho se concentra sobre essas divergências, e se desenvolve em

torno das seguintes questões:

- Considerando divergências no que diz respeito aos parâmetros utilizados na

avaliação de exposição dos trabalhadores ao agente ruído, é de suma importância

definir aqueles que devem ser priorizados, visando primordialmente sua eficiência na

preservação auditiva dos trabalhadores.

- A adoção de medidas baseadas nos parâmetros técnicos estabelecidos pela

NHO 01 e pela NR 15, utilizados nas avaliações de exposição ao ruído, causam

impacto direto sobre os Programas de Gestão de Riscos Ambientais, uma vez que

os resultados obtidos a partir desses parâmetros são os que refletem a real

exposição dos trabalhadores.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Apresentar uma análise crítica sobre os critérios de avaliação quantitativa do

ruído, buscando uma reflexão sobre aqueles que melhor atendam os trabalhadores

expostos ao agente de risco ruído no que diz respeito à preservação auditiva e à

saúde geral.

1.3.2 Específicos

- Estabelecer comparações entre os critérios de avaliação de exposição

ocupacional ao agente físico ruído propostos na NHO 01 da FUNDACENTRO, e

aqueles estabelecidos pela NR 15 do MTE.

- Apresentar uma análise crítica sobre esses critérios e suas divergências e, a

partir de uma discussão baseada na literatura, chamar a atenção dos profissionais

da área para a necessidade de padronização das avaliações quantitativas, bem

como de sua interpretação, buscando a implantação de ações preventivas e

medidas de engenharia para o controle das exposições ao agente de risco ruído.

15

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

No que diz respeito à sua natureza, este trabalho orienta-se pela

compreensão e análise de dificuldades vivenciadas por profissionais da área de

Segurança, Higiene e Saúde do Trabalhador quando da execução de sua tarefa de

avaliação de exposição ao agente físico ruído no ambiente de trabalho.

Pode ser caracterizada como exploratória, explicativa, e metodológica (GIL,

1996; VERGARA, 2000):

- Exploratória, pois apresenta questões e divergências sobre critérios legais

estabelecidos para avaliação de exposição ao ruído ocupacional, ou seja, a NHO 01

e a NR-15.

- Explicativa, pois caracteriza a metodologia e os critérios adotados por essas

normas, indica suas implicações sobre a avaliação de exposição ao ruído

ocupacional, e aponta seus efeitos sobre a audição e saúde geral do trabalhador.

- Metodológica, pois discute caminhos, meios e procedimentos que visem

primordialmente a preservação auditiva e a saúde geral dos trabalhadores, à luz da

abordagem e das divergências dos critérios legais constantes na NHO 01 e na NR

15.

Com respeito ao seu desenvolvimento, a pesquisa apóia-se na análise de

dados secundários e visa a assimilação dos conceitos referentes ao tema e sua

aplicabilidade (YIN, 2005).

16

2 SOM E RUÍDO

2.1 SOM

Ouvir é uma das melhores maneiras de sentirmos o mundo ao nosso redor,

apenas pela forma simples e fácil com que acontece. O conceito de som, no entanto,

depende da abordagem das diferentes áreas que o têm como objeto de interesse.

Por exemplo, na Física ele é tomado em termos de suas propriedades físícas, e na

Fisiologia em termos de mecanismos envolvidos na audição, desde sua recepção

pela orelha externa até o processamento da informação sonora no córtex cerebral.

2.1.1 Características físicas do som

Do ponto de vista físico, o som resulta da vibração de moléculas do ar,

transmitido como uma onda longitudinal, que se propaga em meios que tenham

massa e elasticidade (sólidos, líquidos, gases), ou seja, não se propaga no vácuo. É,

portanto, uma forma de energia mecânica (WHO, 1980). Pode ser caracterizado por

variações de pressão em um meio fluido (ar e água, por exemplo) que o ouvido

humano é capaz de detectar. Variações de pressão, que ocorrem com mudanças do

tempo, são lentas demais para serem detectadas pelo ouvido humano. Porém, se

essas variações na pressão atmosférica ocorrerem mais rapidamente, no mínimo

vinte vezes por segundo, elas podem ser ouvidas.

Visando uma melhor compreensão sobre questões centrais deste trabalho

abordadas em seções subseqüentes, neste item estão reunidos alguns conceitos

básicos sobre o som sob o ponto de vista estritamente físico. Dados a generalidade

do tema e o seu caráter técnico, foram utilizadas fontes de consulta para a

composição de um texto sumário que se adequasse ao objetivo proposto acima.2

A freqüência (f), o período (T) e a amplitude, representam dimensões de uma

onda sonora. A freqüência (f) é o número de ciclos que as partículas materiais realizam em

1 segundo. A unidade de medida, usada internacionalmente, e que representa o 2 Cf. LADEFOGED, P. Elements of acoustic phonetics. 10th ed. Chicago: University of Chicago, 1974; OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harbra, 1982; RUSSO, I. C. P. Acústica e Psicoacústica aplicadas à Fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 1993.

17

número de ciclos por segundo é o hertz (Hz), em homenagem ao físico alemão

Heinrich Hertz. O período (T) é a quantidade de tempo (em segundos) para que as

partículas materiais completem um ciclo. Deste modo, freqüência e período estão

reciprocamente relacionados, isto é, a freqüência é o inverso do período.

Se a freqüência é expressa em hertz o período será expresso em segundos.

Para a freqüência de 1 Hz o período será de 1 segundo, mas existem outras

alternativas para expressar a relação entre freqüência e período: 1 quilohertz (1kHz)

= 1.000 Hz, sendo o multiplicador do perído .001 (um milésimo) de segundo; 1

megahertz (1MHz) = 1.000.000 Hz ou 1.000 KHz, e o multiplicador do período

.000001 (1 milionésimo) de segundo; e 1 gigahertz = 1.000.000.000 Hz, e o

multiplicador do período .000000001 (1 bilionésimo) de segundo. Assim, se a

freqüência é expressa em Hz o resultado do período é em segundos, se em KHz em

milisegundos, e assim por diante.

A freqüência de vibração de uma fonte sonora é determinada pelas

propriedades da fonte (massa e rigidez). Quanto maior a massa, menor a freqüência

e, em contrapartida, quanto maior rigidez, maior a freqüência.

As ondas sonoras se propagam com velocidades definidas que dependem

das características do meio de propagação. A rapidez ou lentidão da onda sonora

depende essencialmente da densidade e da elasticidade do meio pelo qual ela se

propaga.

Mudanças de temperatura do ar produzem efeitos sobre a velocidade de

propagação do som na medida em que se a temperatura aumenta os gases se

expandem diminuindo a densidade do meio.

Podemos ter uma idéia aproximada da velocidade do som através de uma

regra simples usada para determinar a que distância está a origem de um

relâmpago. Consiste em contar até três segundos por quilômetro a partir do instante

em que se vê a faísca até se ouvir o trovão, isto corresponde a velocidade de 1.238

km/hora. Para a acústica e as medições do som, sua velocidade é expressa como

344 metros por segundo. Este exemplo mostra que algum tempo é necessário para

que uma onda sonora chegue aos ouvidos.

As ondas sonoras que se propagam pelo meio têm certa extensão, ou

comprimento de onda, usualmente representado pela letra grega lâmbda (λ), sendo

definido como a distância mínima em que um padrão temporal da onda (ou seja, um

ciclo) se repete. O comprimento de onda está relacionado ao tamanho de um ciclo

18

da onda sonora que se forma no espaço, é medido em metros (m), e corresponde à

razão entre velocidade do som e freqüência.

Numa onda senoidal, o comprimento de onda é a distância entre picos (ou

máximos). Em gráfico, o eixo x representa a distância, e o eixo y representa alguma

quantidade periódica como, por exemplo, a pressão no caso do som, o campo

elétrico para ondas eletromagnéticas, ou a altura da água para uma onda no mar

profundo. A altura no eixo y é também chamada de amplitude da onda.

Para caracterizar uma onda, portanto, é necessário conhecer apenas duas

quantidades, a velocidade e o comprimento de onda ou a freqüência e a velocidade,

já que a terceira quantidade (período T) pode ser determinada pela equação T= 1/f,

como explicado acima.

2.1.2 Medida relativa de intensidade sonora

O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde

o limiar da audição até o limiar da dor. Por exemplo, a uma freqüência de 1000 Hz, a

intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de dor é 104 vezes a

intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de audição (GERGES,

1992).

Como notado por Gerges (1992), é visível a dificuldade de expressar números

de ordens de grandeza tão diferentes utilizando-se uma mesma escala linear,

optando-se em vez dela pela escala logarítmica para medir níveis sonoros, uma vez

que comprime a faixa de valores.

O BEL (B) exprime o valor de uma grandeza logarítmica, como a de

intensidade sonora. Os logaritmos de base 10 são utilizados para se obter os valores

numéricos das grandezas expressas em BEL. Sendo uma escala logarítmica, uma

diferença de 1 BEL corresponde a uma relação de 10 em potência:

1 BEL = Log 10 (1 divisão de escala)

14 BEL = Log 1014 = 14 log 10 (14 divisão de escala)

No entanto, O BEL é ainda um valor de divisão de escala muito grande e

emprega-se, então, o decibel (dB) que é um décimo do BEL:

19

1 BEL = log10 = 10 dB

14 BEL = 14 log 10 = 140 dB

2.1.3 O sentido da audição

Do ponto de vista fisiológico, o sentido da audição é um mecanismo bastante

complexo pelo qual o ouvido recebe ondas sonoras, discrimina suas freqüências e

transmite informações auditivas para o sistema nervoso central onde são

processadas e interpretadas (GUYTON, 1989).

De modo simples, a audição pode ser estudada em etapas:

Primeira etapa

Local: ouvido

Recepção de onda sonora pelo ouvido externo

Transmissão de energia sonora no ouvido médio

Transformação da energia sonora em energia elétrica no ouvido interno

Segunda etapa

Local: vias auditivas nervosas

Transmissão do estímulo produzido no ouvido interno

Terceira etapa

Local: cérebro

Produção da sensação de ouvir e caracterização do som

A audição, no entanto, depende de uma série de eventos que modificam as

ondas sonoras do ar em sinais elétricos que o nervo auditivo transporta para o

cérebro. As ondas sonoras entram no ouvido externo e são transmitidas através de

uma estreita passagem (canal auditivo) até o tímpano, fazendo com este vibre.

Essas vibrações são então enviadas a três pequenos ossos localizados no ouvido

médio (martelo, bigorna e estribo) que amplificam o som e enviam as vibrações para

a cóclea (ou ouvido interno). A cóclea é um órgão preenchido por um fluido e possui

uma membrana elástica (membrana basilar) que corre ao longo de seu comprimento

dividindo a cóclea em parte superior e parte inferior. É neste local que se situam as

20

principais estruturas auditivas. As vibrações fazem com que o fluido interno da

cóclea ondule, e uma onda em movimento se forma ao longo da membrana basilar.

As células ciliadas, ou de Corti (células sensoriais localizadas no topo da membrana

basilar) captam a onda. Esse movimento faz com que as estruturas do topo das

células ciliadas se choquem contra uma membrana que fica por cima delas e se

desviem para um lado. À medida que as pilosidades das células ciliadas

(estéreocilios) se movem, canais semelhantes a poros de sua superfície se abrem,

permitindo que certas substâncias químicas passem a agir, gerando um sinal

elétrico. O nervo auditivo transporta o sinal até o cérebro, que o traduz em um ‘som’

que reconhecemos e entendemos. As células ciliadas próximas à base da cóclea

detectam sons de pitch mais alto, e aquelas mais próximas do ápice (um ponto mais

central) detectam sons de pitch mais baixo (NIH, 2007). O termo pitch refere-se à

sensação do indivíduo para uma determinada freqüência, e loudness à sensação de

intensidade do som.

A Figura 01 a seguir mostra esquematicamente o aparelho auditivo.

Figura 01 — Aparelho auditivo mostrando ouvido interno, médio e externo com destaque (à direita)

das células ciliadas3. Fonte: NIH (Publication No. 97-4233) disponível em: <www.nidcd.nih.gov/staticresources/health/hearing/NoiseInducedHearingLoss.pdf> 3 The sound pathway (o caminho do som); pinna (pavilhão auricular); malleus (martelo); incus (bigorna); stapes (estribo); semicircular canals (canais semicirculares); vestibule (vestíbulo); auditory nerve (nervo auditivo); cochlea (cóclea); oval window (janela oval); round window (janela redonda).

21

A audição não é um processo linear quanto à freqüência, ou seja, para cada

freqüência existe um nível de pressão sonora (NPS) mínimo para determinar a

existência de som. O ouvido humano é sensível somente aos sons na faixa de

freqüências entre 20 e 20.000Hz, faixa audível (Figura 02). Abaixo e acima desses

limites são chamados infra-som e ultra-som, respectivamente. A fala abrange a área

entre 400 e 4000 Hz, com sua energia concentrada entre 500 e 2000 Hz.

Figura 02 — Faixa audível humana

Fonte: http://geocities.com/relacus

2.2 RUÍDO

2.2.1 Conceito, classificação e características

Som e ruído são os mesmos fenômenos físicos. O ruído é um som indesejado

e incômodo e indica uma mistura de sons de diversas freqüências que não seguem

um ordenamento padrão. No entanto, de acordo com Feldman & Grimes (1985), o

termo ruído é utilizado para descrever um sinal acústico aperiódico, originado da

superposição de vários movimentos de duração com diferentes freqüências que não

apresentam relações entre si.

O ruído pode ser classificado como (ISO, 1973):

• Contínuo estacionário: ruído com variações de níveis desprezíveis durante o

22

período de observação.

• Contínuo não estacionário: ruído cujo nível varia significativamente durante o

período de observação.

• Contínuo flutuante: ruído cujo nível varia continuamente de um valor

apreciável durante o período de observação.

• Interminente: ruído cujo nível cai ao valor de fundo várias vezes durante o

período de observação, sendo o tempo em que permanece em valor

constante acima do valor da ordem de segundos ou mais, podendo, para fins

desta norma, ser assumido como contínuo.

• De impacto ou impulsivo: ruído que se apresenta em picos de energia

acústica de duração inferior a 1s, em intervalos superiores a 1s.

De acordo com Lacerda (1976), dois fatores principais podem ser

distinguidos:

• Freqüência: ruídos de baixa freqüência (20 a 300 Hz); de média freqüência

(300 a 6.000 Hz); ou de alta freqüência (6.000 a 20.000 Hz). Os ruídos por

vibração de alta freqüência são mais desagradáveis e prejudiciais para o

ouvido, e aqueles de baixa freqüência, embora mais suportáveis pelo ouvido,

produzem efeitos orgânicos gerais mais acentuados.

• Intensidade: os ruídos inferiores a 40 dB são apenas desagradáveis, e

aqueles de 40 a 90 dB já se tornam capazes de promover distúrbios. Os

superiores a 90 dB possuem ação mais traumatizante para o ouvido.

O autor ainda chama a atenção para outras características importantes: a

duração da exposição ao ruído, a influência do ritmo e a continuidade ou

descontinuidade do mesmo. Para uma dada intensidade, os mais prejudiciais são os

ruídos descontínuos por serem mais traumatizantes do que os contínuos, capazes

de criar mais facilmente o hábito.

2.2.2 Efeitos do ruído sobre a audição A exposição prolongada ao ruído pode provocar a chamada Perda Auditiva

Induzida por Ruído (PAIR). O código Internacional de Doenças (CID-10-H 83.3),

23

configura a PAIR como uma perda auditiva neurossensorial, geralmente bilateral,

irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído.

Segundo Morata (1990) e Próspero (1999), em torno de 25% dos

trabalhadores expostos ao ruído apresentam PAIR em algum grau. Apesar de ser o

distúrbio de saúde mais freqüente dos trabalhadores, os dados de prevalência no

Brasil ainda são pouco conhecidos. Penney & Earl (2004) por sua vez, apontam que

a perda auditiva é a segunda doença ocupacional mais auto-referida. De acordo com

o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (National Institute for

Occupational Safety and Health), aproximadamente trinta milhões de empregados

estão expostos a ruído de risco no trabalho.

A exposição ocupacional ao ruído certamente contribui em grande proporção

nos casos de perda auditiva em adultos. De acordo com Torne et al. (2008) a

Corporação de Compensação por Acidentes (Accident Compensation Corporation)

na Nova Zelândia tem demonstrado preocupação sobre o fato do número de casos

novos da PAIR não estar declinando, a despeito da legislação de saúde e segurança

e do estabelecimento de programas de conservação da audição na indústria. Os

autores ainda observam que os custos sociais são substanciais e crescentes apesar

de décadas de legislação de controle, sugerindo que as estratégias atuais que

tratam desse problema ainda não são eficazes ou são inadequadamente

implementadas.

Sulkouwski et al. (2004) observam que na Europa em torno de 35 milhões de

pessoas estão expostas a níveis prejudiciais de ruído (>85 dB-A) em ambientes

industriais, e que a surdez ocupacional é uma doença ocupacional compensável em

todos os países, constituindo um processo lento e insidioso que se desenvolve por

um período de aproximadamente dez a vinte anos. Os autores acrescentam que as

últimas estimativas apontaram que mais de 650.000 trabalhadores (de um total de

cinco milhões empregados na indústria) são colocados em risco na Polônia, apesar

do progresso em abordagens de engenharia para se reduzir o ruído no ambiente de

trabalho e melhorar os programas de conservação da audição (tanto técnicos como

médicos).

A principal característica da PAIR é a degeneração das células ciliadas do

órgão de Corti. Pesquisas recentes têm demonstrado que o desencadeamento de

lesões e de apoptose (morte) celular decorre da oxidação provocada pela presença

de radicais livres formados pelo excesso de estimulação sonora ou pela exposição a

24

alguns agentes químicos (OLIVEIRA, 2001; HYPPOLITO, 2003; NELSON, 2005).

Dentre as características da PAIR vale destacar que o risco aumenta muito

quando a média de exposição está acima de 85 dB(A) por oito horas diárias. As

exposições contínuas são piores do que as intermitentes, mas exposições curtas a

ruído intenso também podem desencadear perdas auditivas (ACOEM, 2003).

Segundo Samelli (2004), a deficiência auditiva que ocorre com a exposição

continuada ao ruído pode provocar várias limitações auditivas funcionais que se

referem à alteração da sensibilidade auditiva e a alterações de seletividade de

freqüência, das resoluções temporal e espacial, do recrutamento e do zumbido. O

zumbido é um dos sintomas mais comumente relatados pelos portadores de PAIR,

provocando muito incômodo (KANDEL; SCHWARTZ; JUSSEL, 2003). Vesterager

(1997) o define como sendo a manifestação de mau funcionamento no

processamento de sinais auditivos envolvendo componentes perceptuais e

psicológicos.

De acordo com Nandi & Dhatrak (2008), o ruído é o mais insidioso de todos

os poluentes industriais, envolvendo toda a indústria e causando perda auditiva

severa em todos os países do mundo, sendo a exposição a ruído excessivo a

principal causa evitável de dano auditivo permanente. Segundo os autores, em todo

o mundo 16% da perda auditiva incapacitante em adultos são atribuídos ao ruído

ocupacional, variando de 7% a 21% em diversas sub-regiões. Eles consideram que

criar uma consciência entre os trabalhadores quanto aos efeitos nocivos do ruído

sobre a audição e outros sistemas corporais através da implementação de educação

compulsória e de programas de treinamento seja de fundamental importância. A

opinião dos autores é compartilhada por Cordeiro et al. (2005) que, baseando-se em

achados de diversos estudos, consideram que o investimento em programas de

conservação da audição, particularmente para aqueles que controlam a emissão de

ruído em sua fonte, justifica-se ao se enfatizar tanto a manutenção da saúde auditiva

quanto a redução de danos relacionados ao trabalho.

No Brasil, o primeiro trabalho publicado sobre PAIR parece ter sido o de

Waldemir Salem, em 1938. Médico otorrinolaringologista do Quadro de Oficiais

Médicos da Armada, servindo então na aviação naval, avaliou cem pilotos da

aviação militar e civil com mais de cinco anos de serviço ativo, concluindo que:

“Nada nos autoriza a crer na surdez profissional em aviação”. Em 1942, o autor

ampliou sua amostra para 258 pilotos, chegando à mesma conclusão do estudo

25

anterior. Tanto o audiômetro Brenco quanto a cabine audiométrica teriam sido os

primeiros de que se tem notícia no país, e provavelmente na América do Sul

(NUDDELMAN et al., 1997).

Adquirida tipicamente de maneira insidiosa, quase sempre sem franca

sintomatologia progressiva, esta condição potencialmente debilitante continua sendo

combatida pelas agências médicas e exigindo medidas preventivas mais efetivas

(SEIXAS et al., 2007; OLOGE; AKANDE; OLAJIDEL, 2006; KURMIS; APPS, 2007;

RABINOWITZ et al., 2007).

2.2.3 Efeitos do ruído sobre a saúde geral

Além dos prejuízos causados pelo ruído sobre a audição, diversas pesquisas

vêm se acumulando nas últimas décadas demonstrando seus efeitos deletérios

sobre funções físicas e psíquicas do indivíduo.

Estudo conduzido por Davies et al. (2005) mostrou que a exposição crônica a

níveis de ruído típicos de muitos locais de trabalho foi associada a risco excessivo

de morte por infarto agudo do miocárdio. Os autores reconhecem que, dada a alta

prevalência de exposição a ruído excessivo no trabalho, essa associação merece

mais atenção dos investigadores.

Babisch et al. (2005) observam que estudos epidemiológicos sobre a relação

entre ruído e doença cardíaca isquêmica têm sugerido um alto risco de infarto do

miocárdio em sujeitos expostos a altos níveis de ruído.

Brattico et al. (2005) em estudo que investigou a exposição de longo prazo ao

ruído poderia ocasionar uma lateralização hemisférica alterada do processamento

de fala, mesmo em condições silenciosas. Eles examinaram se esta mudança de

lateralização seria específica da fala ou ocorreria também para outros sons. Entre

suas conclusões, os autores mostraram que a exposição de longo prazo alterou a

força e a organização hemisférica da discriminação do som de fala e fez decrescer a

velocidade de processamento da modificação do som. A importância disso,

explicam, é que modificações subpatológicas nas respostas corticais aos sons

podem ocorrer mesmo em sujeitos sem dano periférico, mas expostos

continuamente a ambientes auditivamente ruidosos.

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a exposição ao ruído

ocupacional está associada à hipertensão. Achados de Ta-Yuan et al. (2007), por

26

exemplo, sugeriram que em trabalhadores da indústria automobilística a exposição

ao ruído ocupacional pode ter efeitos duradouros, não transitórios, sobre as

características vasculares, e que também aumenta o desenvolvimento da

hipertensão. Os autores consideram ainda que o mecanismo das mudanças

estruturais vasculares ligados a esta condição ainda não está muito claro,

merecendo continuidade das pesquisas.

Sbihi, Davies & Demers (2008) em estudo envolvendo 828 indivíduos,

mostraram um aumento em incidência de hipertensão com a exposição cumulativa

ao ruído, verificando ainda que o risco da população mais exposta foi 32% maior do

que o da população em geral. Eles acrescentam que resultados similares foram

encontrados usando-se mensuração da duração de exposição, a qual demonstrou

que o maior risco relativo foi de 1,5 trabalhadores expostos por mais de trinta anos a

65 dB. Essas tendências foram estatisticamente significativas, sendo o risco de

hipertensão positivamente associado à exposição ao ruído acima de 85 dB.

Outros efeitos importantes do ruído sobre à saúde são ainda citados na

literatura, tais como falta de concentração, irritação, fadiga, dores de cabeça,

distúrbios do sono, entre outros (NANDI; DHATRAK, 2008).

27

3 HIGIENE INDUSTRIAL

3.1 GENERALIDADES HISTÓRICAS

Apesar da relação entre avanço tecnológico e aumento dos níveis de ruído,

a surdez ocupacional não pode ser considerada uma doença contemporânea. Em

720 a.C., os habitantes de uma aldeia chamada Síbaris, próxima à atual cidade

italiana de Corigliano, colocavam seus artesãos, forjadores de bronze, afastados

do perímetro urbano para evitar que o barulho incomodasse o restante da

comunidade. Com isto, instituíram o que hoje conhecemos como distrito

industrial, que se situa preferencialmente afastado do perímetro urbano

(NUDELMANN et al., 1997).

O Imperador Júlio César, no século I a.C., proibiu que carroças circulassem

à noite pelas ruas de Roma, para que o barulho não perturbasse o sono noturno

(LASMAR et al.,1983b).

Plínio, O Velho, século II d.C, em seu livro “Historia Naturalis” descreve a

surdez em moradores próximos às cataratas do Rio Nilo, e esta parece ser a

primeira associação entre ruído e perda auditiva (WARD, 1979).

No século XVI na Inglaterra, foi criada a primeira lei relacionada ao ruído. A

Rainha Elizabeth I proibiu que as mulheres apanhassem de seus maridos após às

22 horas, para que os gritos não perturbassem o sono dos vizinhos (FALK, 1972).

No final do século XVII, Bernardino Ramazzini, conhecido como o Pai da

Medicina do Trabalho, autor do livro De morbis artificum diatriba, fez um relato

sobre as doenças dos trabalhadores, descrevendo a surdez dos bronzistas

(RAMAZZINI, 1971):

Esses operários existem em todas as cidades e, em Veneza, se agrupam em um só bairro para, durante o dia inteiro, martelarem o bronze, a fim de dar-lhe maleabilidade e fabricar depois com ele, vasilhas de diversos tipos, com isso causando tal ruído que os operários que ali têm suas tavernas e seus domicílios fogem todos de um lugar tão incômodo. O contínuo ruído danifica o ouvido, e depois toda a cabeça; tornando-se um pouco surdos e, se envelhecem no mister, ficam completamente surdos, porque o tímpano do ouvido perde sua tensão natural com a incessante percussão que repercute [...]

Não parece haver dúvidas, entretanto, que com a Revolução Industrial no

século XVIII o número de pessoas portadoras de surdez ocupacional aumentou

28

consideravelmente (NIOSH, 1998). Com o avanço tecnológico, as máquinas

tornaram-se ainda mais barulhentas, assumindo um duplo papel: de auxiliares do

trabalho humano a causadoras de doenças e de acidentes, por vezes fatais

(ALMEIDA, 1992).

De acordo com Glorig (1980), por volta de 1830 na Inglaterra, Fosbroke

descreveu a perda auditiva em ferreiros e, trinta anos depois, Weber fez seu

primeiro registro sobre perda auditiva em caldeireiros e ferroviários.

Em 1937, Bunch apresentou estudo que provavelmente representa o

primeiro relato a incluir dados audiométricos relacionados à exposição ao ruído,

apesar da audiometria ter sido introduzida por volta de 1932 (GLORIG, 1980).

A Resolução no 32, publicada em 19 de julho de 1867 na cidade de São

Paulo, proibia o “chio de carros de eixo móvel dentro dos limites da povoação”4.

O infrator, no caso o dono ou guia do referido carro, deveria pagar dois mil réis, e

o dobro no caso de reincidência. Com o advento da lei impedindo o ruído no

centro da cidade, em 14 de junho de 1912 foi assinado o Ato 474, proibindo que

os cocheiros estalassem os chicotes (STIEL, 1978 apud BARBOSA, 2001).

Em 1946 nos EUA, foi criado o Subcomitê de Ruído na Indústria, vinculado

à Academia Americana de Oftalmologia e Otorrinolaringologia, com o intuito de

estudar o ruído e sua relação com a perda auditiva (GLORIG, 1980). Em 1948 foi

concedida a primeira indenização a um trabalhador americano, metalúrgico

aposentado, em decorrência da PAIR (WARD, 1979).

Na primeira metade do século XX a importância da manutenção da saúde dos

trabalhadores industriais foi sendo cada vez mais reconhecida, impulsionando o

desenvolvimento de uma ciência designada Higiene Industrial.

3.2 HIGIENE INDUSTRIAL

A Higiene Industrial pode ser entendida como uma ciência que se dedica à

antecipação, reconhecimento, avaliação, prevenção e controle de fatores ambientais

ou causadores de estresse dentro ou a partir do local de trabalho e que podem

causar doença, prejuízo à saúde e ao bem-estar, ou desconforto significativo entre 4 Carro de eixo móvel: o “carro de bois”, veículo vagaroso que tem seu eixo quadrado nas pontas, encaixado nas rodas, virando junto com estas. Se não estivesse bem engraxado, chiava barbaramente pelo atrito na junção com a carroceria do carro (STIEL, 1978 apud BARBOSA, 2001).

29

trabalhadores ou membros da comunidade.

Fundada em 1939, a American Industrial Hygiene Association (AIHA) é uma

associação americana que se preocupa com os problemas de saúde ocupacional.

Com base em suas recomendações pode-se resumir o método de trabalho da

Higiene Industrial em três etapas:

1. Reconhecimento

2. Avaliação

3. Controle

3.2.1 Reconhecimento

A etapa de reconhecimento, ou levantamento preliminar, tem como objetivo

básico levantar todos os riscos potenciais à saúde do trabalhador em seu ambiente

de trabalho e fornecer subsídios para a preparação da etapa de avaliação.

Ao término do levantamento preliminar, o higienista industrial para o agente

ruído deverá dispor, principalmente, dos seguintes dados:

Exposições e riscos envolvidos em cada atividade

Número de pessoas expostas

Jornada de trabalho

Ciclos/ritmos de trabalho

Duração e freqüência de exposição

Medidas de controle empregadas

Lay-out

Para efetuar esse reconhecimento é necessário conhecer detalhadamente o

processo e/ou equipamento. O fluxograma do processo deve ser obtido e estudado,

como descrito a seguir (Figura 03).

30

Figura 03 — Processo de reconhecimento de risco do agente ruído Fonte: O próprio autor

3.2.2 Avaliação

A avaliação do ambiente de trabalho é necessária sempre que o

reconhecimento indicar a exposição potencial a agentes agressivos quantificáveis,

como é o caso do agente físico ruído.

O agente causa danos à saúde, quando se apresenta acima de um

determinado parâmetro, uma intensidade, chamada de dose, e quando o grau de

exposição em termos de duração e freqüência é suficiente para uma atuação

nociva do agente sobre o indivíduo.

Antes de iniciar a avaliação, o higienista industrial deve definir claramente o

objetivo da mesma, que pode ser:

Verificar conformidade com o Limite de Tolerância de acordo com o Anexo

I da NR 15 do Ministério do Trabalho e Emprego

Verificar necessidade ou eficiência das medidas de controle

Estudo/pesquisa

Uma vez definido o objetivo, deverão ser estabelecidos os seguintes pontos:

Local da avaliação

Trabalhadores expostos

Tempo de exposição

31

Número de amostras

Tempo de duração das exposições

A escolha do local de avaliação para o agente ruído, de acordo com o objetivo

da avaliação, poderá ser:

Na zona auditiva do trabalhador

No ar ambiente

Na operação

Se o objetivo for o de avaliar a exposição do trabalhador, a avaliação deve ser

realizada na sua zona auditiva. Para definir as atividades com risco potencial ou

obter dados para fins de controle, as avaliações devem ser realizadas normalmente

nas áreas próximas às da operação que estiver sendo monitorada.

Conforme apontado em publicação da AIHA5, e com base na experiência

profissional do autor desta pesquisa, a melhor metodologia de identificação dos

níveis de exposição ao agente físico ruído é aquela que determina a avaliação de

todos os trabalhadores de um mesmo grupo homogêneo de exposição.

Um Grupo Homogêneo de Exposição (GHE) corresponde ao grupo de

trabalhadores que exercem suas atividades em condições de exposição

semelhantes, de tal modo que o resultado da avaliação de determinada exposição

de qualquer trabalhador do grupo represente a exposição dos demais trabalhadores

do mesmo grupo.

Um grupo é considerado homogêneo quando a distribuição da probabilidade é

a mesma para todos os membros do grupo, não sendo necessário que todos tenham

sofrido exposições idênticas em um determinado dia. Por causa da homogeneidade

estatística, um pequeno número de avaliações selecionadas ao acaso pode ser

usado para definir a distribuição das exposições e tendências dentro do GHE. Tem-

se, assim, que o GHE é a base da higiene quantitativa.

Os trabalhadores com risco potencial ao agente de risco sob exame

compreendem aqueles que estão executando uma atividade ou atividades em um

dado local, e aqueles que apesar de não estarem diretamente envolvidos

5 A Strategy for occupational exposure assesment (IGNACIO; BULLOCK, 2006), onde podem ser encontrados detalhes da metodologia de identificação dos níveis de exposição ao agente físico ruído sugerida pela AIHA.

32

permanecem nas vizinhanças, podendo estar expostos mesmo assim.

Eventualmente poderão ser monitorados trabalhadores que ficam em locais

distantes da fonte geradora, mas que se queixam da exposição, ainda que esta seja

eventual.

O tempo de avaliação deverá ser definido de acordo com o objetivo da

avaliação, podendo variar com:

A sensibilidade do procedimento analítico empregado

O Limite de Tolerância do agente ruído

A dose projetada

A avaliação da exposição ocupacional ao ruído poderá ser inviabilizada pela

não disponibilidade de dosímetros de ruído. Do mesmo modo, a existência de uma

notificação com prazo para ser cumprido poderá impedir a realização de um

levantamento rigoroso e estatisticamente consistente.

Para fins de maior precisão estatística, a escolha do número de avaliações

geralmente é feita utilizando-se as recomendações de Leidel & Busch (1977), com

90% de confiança numa fração do grupo, que pelo seu tamanho inclua pelo menos

um elemento que esteja entre os 10% com mais altos níveis de exposição.

Leidel & Busch (1977) recomendam que após a definição dos GHE, quando

há suspeita de exposição do grupo acima do nível de ação, deve-se primeiramente

avaliar o indivíduo mais exposto. Embora não se conheça de antemão qual é o

indivíduo mais exposto, freqüentemente é possível identificar este trabalhador, se

forem observados à distância e em relação aos seguintes fatores, considerados

isoladamente e relacionados entre si: fonte; práticas de trabalho; mobilidade dos

trabalhadores; tempo de permanência nas piores condições; eventuais mudanças na

movimentação do ar; e condições de ventilação no local de trabalho.

Se o resultado para o trabalhador supostamente identificado como o mais

exposto estiver abaixo do nível de ação, pode-se estender essa conclusão aos

demais trabalhadores do GHE, caso contrário maior número de avaliações é

necessário.

Sempre que os conhecimentos técnicos e a experiência profissional forem

insuficientes para identificar o trabalhador exposto às piores condições, em termos

de concentração da exposição a agentes, incluindo o físico ruído, utiliza-se uma

seleção aleatória de vários trabalhadores. A fim de minimizar o tamanho da amostra

33

requerida, mas mantendo o grau de confiança de que pelo menos um trabalhador de

risco máximo será incluído, Leidel & Busch (1977) desenvolveram parâmetros para a

determinação de amostras de acordo com o tamanho do grupo (Quadro 01). O

número de amostras requeridas "n", de um total de trabalhadores da população "N"

pode ser assim estimado:

Tamanho do Grupo

(N) Número Requerido de

Amostras (n) < 8 7 9 8 10 9

11 - 12 10 13 - 14 11 15 - 17 12 18 - 20 13 21 - 24 14 25 - 29 15 30 - 37 16 38 - 49 17

50 18 > 50 22

N= número de trabalhadores do Grupo Homogêneo de Exposição; n = número de trabalhadores a serem avaliados. Caso N seja menor ou igual a 7, então, n= N.

Quadro 01 — Parâmetros para identificação de trabalhadores incluídos em um subgrupo de

exposição máxima a agentes de risco, incluindo o agente físico ruído, de acordo com a tabela de

Leidel & Busch (1977).

Fonte: adaptado de Leidel & Busch (1977)

Vale salientar que embora esses parâmetros sejam de grande importância,

deve-se evitar cair num jogo de números e manter o foco no que efetivamente os

dados representam em relação à exposição do trabalhador. Se com apenas uma

amostra for evidenciado que a concentração está muito acima do limite, ou muito

abaixo do nível de ação, a exposição ao agente físico ruído encontra-se no limiar de

comprometimento à saúde auditiva.

Cabe aqui considerar outros importantes fatores de análise do ruído. De

acordo com Hawkins, Norwood & Rock (1991) dois aspectos estratégicos são

considerados no processo de tomada de decisão para determinar se as condições

de exposição são aceitáveis: os quantitativos e os qualitativos, ou seja, a análise

estatística e o julgamento profissional.

A aceitabilidade da exposição ocupacional está condicionada a três

34

alternativas possíveis:

1. A exposição estar abaixo do nível de ação

2. A exposição estar acima do nível de ação, implicando em ações

preventivas ou corretivas

3. Os dados serem insuficientes para a tomada de decisão (caso o controle

de qualidade demonstre que os dados obtidos estão incompletos ou errados)

Nos três casos, as ações podem se basear no julgamento profissional, em

testes estatísticos ou na combinação de ambos.

O julgamento profissional é entendido como a capacidade de um profissional

experimentado para emitir inferências de dados objetivos com base em observações

subjetivas, em analogias e pela própria intuição. Ou seja, é a integração dos

conhecimentos acerca dos processos, das operações realizadas e da condição

ambiental, somados aos resultados obtidos nas medições, culminando com a

avaliação do risco da exposição.

A decisão de criar processos baseados na teoria estatística da testagem de

hipóteses está muito ligada ao conceito do limite de intervalo de confiança (isto é, o

fato do cálculo do intervalo de confiança esperado conter a verdadeira média da

exposição). A tabela de Leidel & Busch (1977) tem auxiliado a aplicação dos limites

de confiança com respeito às medições de exposição no que tange à saúde

ocupacional. Quando da realização de uma avaliação em um trabalhador é

calculada uma exposição média, esta medida raramente será tão exata quanto uma

exposição média verdadeira (estatisticamente calculada). A discrepância entre a

medida e a média verdadeira de exposição é o resultado proveniente dos erros das

amostras aleatórias e também das flutuações aleatórias do ambiente profissional,

durante o turno de trabalho.

Por esta razão, o resultado da avaliação é chamado de exposição média

estimada (ou estimativa da exposição média verdadeira). Os métodos estatísticos

permitem calcular os limites dos intervalos de confiança para cada lado da

exposição média estimada, que contém a média verdadeira da exposição ao nível

selecionado de confiança, como o nível de 95% (LEIDEL; BUSCH, 1977).

35

3.2.3 Controle O controle do ruído pode ser alcançado de três maneiras distintas:

Controle na fonte

Controle na trajetória

Controle no homem.

Qualquer medida de controle deve, prioritariamente, ser aplicada na fonte. Na

impossibilidade de aplicação de medidas de controle na fonte, estas deverão ser

aplicadas na trajetória e, em último caso, no homem.

As medidas de controle devem ser aplicadas desde a fase de projeto das

instalações, incluindo as etapas de especificação técnica e de aquisição dos

equipamentos.

3.2.3.1 O controle na fonte

Controlar o ruído na fonte significa alterar ou eliminar a mesma, sendo de

fundamental importância.

Como notado por Bruce & Wood (2003), referindo-se a trabalhadores e

companhias americanas, durante uns cem anos os trabalhadores perderam sua

audição por causa do ruído ocupacional e há duas décadas as agências federais

estimaram que entre nove e trinta milhões deles estiveram expostos regularmente a

níveis de ruído de risco nos ambientes de trabalho. Os autores consideram, com

propriedade, que embora algumas empresas reconheçam sua responsabilidade em

oferecer um local de trabalho seguro e saudável aos seus trabalhadores, muitas

outras não compartilham do mesmo senso de responsabilidade ou não têm as

habilidades e os recursos técnicos de engenharia exigidos para se resolver o

problema.

Ainda que o controle de ruído na fonte muitas vezes seja de aplicabilidade

reduzida na solução dos problemas encontrados, devido a dificuldades de

substituição de equipamentos ou de modificação de métodos ou procedimentos de

trabalho, um estudo detalhado de cada processo utilizado pode indicar possíveis

alterações permitindo torná-los menos ruidosos, sem interferir no desenvolvimento

dos trabalhos.

Este método é o mais recomendado, desde que haja viabilidade técnica e

36

econômica. A implantação de um programa de manutenção dos equipamentos

geradores de ruído é também de grande importância, de modo a não permitir o

agravamento das condições. Os seguintes aspectos devem ser observados:

Fixação rígida dos motores, equipamentos, etc., para atenuar as vibrações

transmitidas às estruturas

Balancear as partes móveis dos equipamentos

Alinhar os rolamentos e eixos

Efetuar boa lubrificação onde há atrito

Evitar que haja choque das partes soltas dos equipamentos (chapas,

protetores de correias, hélices, etc.).

Além dessas medidas, sempre que possível não se deve deixar de programar

as operações a serem executadas, de maneira que um número mínimo de

equipamentos ruidosos permaneça em funcionamento simultâneo.

3.2.3.2 O controle na trajetória

Não sendo possível o controle do ruído na fonte, como segundo passo deve-

se estudar a possibilidade de controlá-lo através do meio que o conduz, ou seja, na

sua trajetória. Esse controle pode ser realizado segundo dois princípios básicos:

evitar a propagação por meio de isolamento, ou conseguir o máximo de perdas

energéticas por absorção.

Portanto, o controle na trajetória consiste fundamentalmente no uso de

barreiras que impeçam que parte da energia sonora, emanada da fonte, atinja o

trabalhador. Na variedade de combinações de barreiras isolantes e absorventes

reside a essência do controle do ruído no meio de propagação.

Esse método pode ser uma medida de controle bastante eficiente, se

projetado corretamente. Entretanto, cada caso deve ser estudado individualmente.

3.2.3.3 O controle no homem

Não sendo possível o controle do ruído na fonte, nem na trajetória, deve-se,

como último recurso, adotar medidas de controle no trabalhador, que podem ser

consideradas como complemento das medidas anteriores, quando as mesmas não

37

forem suficientes para corrigir o problema. Algumas dessas medidas são

apresentadas a seguir.

Limitação do tempo de exposição

Consiste em reduzir o tempo de exposição a níveis de ruído superiores a 85

dB(A), tomando o cuidado para que o valor limite (dose) para a exposição, de dois

ou mais níveis diferentes de ruído, não seja ultrapassado.

Protetores auriculares

Os protetores auriculares devem ser utilizados quando não for possível o

controle na fonte ou na trajetória, ou no caso de insuficiência desse controle para

atenuação do ruído a níveis satisfatórios e por curto espaço de tempo, ou seja, por

um tempo determinado durante a jornada de trabalho.

A utilização pura e simples deste equipamento de proteção individual (EPI)

não implica necessariamente a eliminação do risco do trabalhador vir a sofrer

diminuição da sua capacidade auditiva. Para serem eficientes, os protetores

auriculares devem ser utilizados de forma correta durante todo o tempo da

exposição, além de obedecer a requisitos mínimos de qualidade, os quais

representam sua capacidade de atenuação, atestada por órgão competente.

Exames médicos

Os exames médicos admissionais, com ênfase especial no aparelho auditivo,

incluindo exames audiométricos, devem fazer parte das medidas de controle no

homem. Esses exames permitem avaliar o grau de eficiência auditiva e também

detectar possíveis patologias pré-existentes no ouvido.

Os exames periódicos devem contemplar os exames audiométricos para

aqueles trabalhadores que cumprem jornada de trabalho em áreas ruidosas, ou que

podem vir a cumprir parte da sua jornada de trabalho nessas áreas, visando detectar

os mais sensíveis ao ruído e prevenir que uma perda inicial de audição quase

imperceptível ao trabalhador atinja maiores proporções. Esses exames

audiométricos podem também servir para avaliação do EPI que está sendo utilizado.

Entretanto, existem situações especiais, nas quais as medidas de controle do

ambiente de trabalho são inaplicáveis total ou parcialmente nesses casos, a única

forma de proteção do pessoal exposto será dotá-los de equipamentos de proteção

individual.

38

4 ENCONTROS E DESENCONTROS NA AVALIAÇÃO DO RUÍDO

4.1 FUNDACENTRO

A FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho) foi criada oficialmente em 1966, e teve os primeiros passos

de sua história dados no início da década, quando a preocupação com os altos

índices de acidentes e doenças do trabalho crescia no Governo e entre a sociedade.

A idéia de criar uma instituição voltada para o estudo e pesquisa das

condições dos ambientes de trabalho, com a participação de todos os agentes

sociais envolvidos na questão, começou a ganhar corpo. Proposta nesse sentido foi

apresentada em março de 1964, durante o Congresso Americano de Medicina do

Trabalho, realizado em São Paulo.

Em 1965, após a visita ao País de especialistas da Organização Internacional

do Trabalho (OIT), e de novos estudos sobre as condições necessárias para a

implantação da iniciativa, o Governo Federal decidiu pela criação de um centro

especializado, tendo a cidade de São Paulo como sede da nova instituição, em

função do porte de seu parque industrial.

Assim, em 1966, durante o Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes,

realizado em São Paulo, foi oficializada a criação da FUNDACENTRO, que teve sua

primeira sede instalada no bairro de Perdizes. Datam dessa fase inicial da entidade

os primeiros estudos e pesquisas no País sobre os efeitos de inseticidas

organoclorados na saúde; da bissinose (doença ocupacional respiratória que atinge

trabalhadores do setor de fiação, expostos a poeira de algodão e juta); sobre as

conseqüências das vibrações e ruídos em trabalhadores que operam marteletes;

sobre o teor da sílica nos ambientes de trabalho na indústria cerâmica e ainda sobre

os riscos da exposição ocupacional ao chumbo.

Com a vinculação, em 1974, da FUNDACENTRO ao Ministério do Trabalho,

cresceram as atribuições e atividades da instituição, exigindo um novo salto da

entidade: a implantação do Centro Técnico Nacional, cuja construção teve início em

1981, sendo concluído em 1983, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Hoje, esta Fundação está presente em todo País, por meio de suas unidades

descentralizadas, distribuídas em 11 Estados e no Distrito Federal.

Com a atividade nas áreas urbana e rural, dispõe de uma rede de laboratórios

39

em segurança, higiene e saúde no trabalho e de uma das mais completas

bibliotecas especializadas, além de profissionais formados em várias áreas, muitos

deles pós-graduados no Brasil e exterior. São engenheiros, químicos, físicos,

médicos, agrônomos, psicólogos, sociólogos e educadores que atuam em três

frentes:

- Desenvolvimento de pesquisas em segurança e saúde no trabalho.

- Difusão de conhecimento, por meio de ações educativas como cursos,

congressos, seminários, palestras, produção de material didático e de publicações

periódicas cientificas e informativas.

- Prestação de serviços à comunidade e assessoria técnica a órgãos públicos,

empresariais e de trabalhadores.

4.2 DIVERGÊNCIAS ENTRE A NHO-01 E A NR-15

Desde 1980, com a apresentação pela FUNDACENTRO das Normas de

Higiene do Trabalho NHT, hoje reconhecidas como NHO – Normas de Higiene

Ocupacional – Procedimento Técnico, particularmente a NHO 01 – Avaliação da

Exposição Ocupacional ao Ruído, vem instruindo os profissionais de Segurança e

Saúde Ocupacional com relação à importância das audiodosimetrias (avaliações de

ruído) como também dos Incrementos de Dose – q, as Doses Projetadas – D, os

Níveis Equivalentes – Leq, os Critérios de Referência – CL, os Níveis Médios –

Lavg, os Limiares de Detecção – TL, os Níveis de Exposição Normalizados – NEN,

os Limites de Tolerância – LT e os Níveis de Ação – NA.

No entanto, nem todos os parâmetros tomados nas avaliações de ruído

contínuo e intermitente coincidem, segundo se utilize a NHO 01 ou a NR15, ambas

de responsabilidade do MTE (Quadro 01), causando certa dificuldade para os

profissionais no exercício de sua tarefa.

O Quadro 02, abaixo, mostra as divergências entre a NR-15 e a NHO 01 com

respeito aos parâmetros estabelecidos para ruído contínuo e interminente.

40

Parâmetros estabelecidos para Ruído Contínuo ou Intermitente

NR – 15

NHO - 01 Incremento de dose para dobra - q 5 3

Limite de Tolerância para jornada de exposição de 8 horas - LT 85 dB(A) 85 dB(A)

Nível de Ação correspondente ao Nível de Exposição para jornada de trabalho

de 8 horas - NA

80 dB(A)

50% dose de

85 dB(A)

82 dB(A)

50% dose de

85 dB(A)

Nível de Ação correspondente ao Nível de Exposição Normalizado para

jornada de trabalho de 8 horas - NA Sem referência 82 dB(A)

Valores pontuais abaixo de 80 dB(A)

Desprezíveis

para efeitos de

cálculos de

dose

Desprezíveis

para efeitos de

cálculos de dose

Nível de Exposição Sem referência Equação

Nível de Exposição Normalizado - NEN Sem referência Equação

Nível Limiar de detecção – TL Sem referência 80 dB(A)

Risco Grave e Iminente 115 dB(A) Sem referência

Ruído de Impacto NR – 15 NHO - 01

Limite de Tolerância 120 dB(A) ou

130 dB(A) 85 dB(A)

Número Máximo de Impactos por minuto Sem referência 3.600

Quadro 02 — Parâmetros estabelecidos para Ruído Contínuo ou Intermitente

4.3 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO OCUPACIONAL

A relação entre o nível de ruído e a duração da exposição a este ruído

corresponde ao fator de conversão ou fator de dobra de tempo. Este fator expressa

o aumento em dB (A) que leva à duplicação do risco de lesão auditiva para um

determinado tempo de exposição (SANTOS, 1999).

Os fatores de conversão mais utilizados incorporam 3 dB ou 5 dB, pelo dobro

ou pela metade do tempo de exposição (NEPOMUCENO, 1997). O fator de dobra 3

dB é o método mais defendido pela comunidade científica. É conhecido como a

hipótese de igual energia, baseando-se na premissa de que quantidades iguais de

energia produzem as mesmas quantidades de perda auditiva, independentemente

de como essa energia se distribui no tempo (NIOSH, 1998). O fator de dobra 5 dB,

também chamado regra OSHA, parece ser menos protetor do que a regra de 3 dB.

O fator de conversão 5 dB leva em consideração as interrupções da exposição ao

ruído e que alguma recuperação da MTL (mudança temporária de limiar — fadiga

41

auditiva)6. Ele incorpora 5 dB pelo dobro ou metade do tempo da exposição. Neste

caso, uma exposição de 85 dB (A) por 8 horas seria equivalente a uma exposição de

90 dB (A) por 4 horas, para melhor compreensão.

Em estudo comparando os critérios de monitorização do ruído do NIOSH e da

OSHA, Sriwattanatamma & Breysse (2000), avaliaram 61 trabalhadores expostos a

ruído de uma indústria nos EUA. Existem duas principais diferenças entre os

critérios de monitorização do ruído do NIOSH e da OSHA: nível de exposição

permitido: 85 x 90 dBA e fator de conversão: 5 x 3 dB. A exposição ao ruído

baseada no critério do NIOSH obteve uma média de 85,8 dB enquanto aquele de

acordo com os critérios da OSHA obteve 79,2 dB. A dose de ruído baseada nos

critérios do NIOSH (3 dB fator de conversão) encontrava-se na média, 6,6 dBA

acima das aferições realizadas de acordo com a OSHA (5dB), com uma diferença

significativa. Baseado nos critérios do NIOSH, cerca de 69% dos trabalhadores

deste estudo deveriam estar incluídos no programa de conservação auditiva,

enquanto somente 22 % estariam incluídos de acordo com os critérios da OSHA.

Os resultados deste estudo indicam que caso os critérios do NIOSH fossem

adotados como um padrão OSHA, haveria um aumento substancial no número de

trabalhadores incluídos nos programas de conservação auditiva.

Outro estudo, realizado pela Universidade de Washington, avaliando

trabalhadores da construção civil também comparou a utilização do fator de dobra

de 5 dB e 3 dB. Verificou, com a utilização do fator 5 dB, 13% de indivíduos

expostos acima de 90 dBA e 40 % acima de 85 dBA. Utilizando-se o fator 3-dB, 45%

encontravam-se expostos acima de 90 dBA e 80 % acima de 85 dBA (NEITZEL et

al., 1999).

O fator de dobra 3 dB é também recomendado pela ACGIH, Agência de

Proteção Ambiental dos EUA (EPA), ISO (International Standard Organization),

NIOSH e Forças Armadas dos EUA, sendo também utilizado em diversos países,

como Canadá, Austrália, União Européia, entre outros (NIOSH, 1998).

Acredita-se que atualmente apenas a sociedade civil dos EUA e o Brasil

utilizam o fator de dobra 5 dB. Talvez a não adoção até o momento do fator de dobra

de 3 dB pela OSHA possa ser justificado pelo enorme impacto econômico que esta

6 Ocorre após a exposição do indivíduo a um ruído intenso, mesmo que por um curto espaço de tempo. Essa perda permanece temporariamente, sendo que a audição volta ao normal após um período de descanso que pode variar de poucos minutos até muitas horas.

42

medida certamente causaria.

Vale ressaltar que a escala de intensidade sonora em decibel é logarítmica,

ou seja, a pressão sonora aumenta exponencialmente. Por esta razão é inaceitável

que se utilizem cálculos lineares (Anexo II).

No Canadá, nem todas as províncias têm regulamentações em relação à

exposição ao ruído e conservação auditiva. A British Columbia revisou sua

regulamentação em 1996 para 85 dBA com fator de dobra de 3 dB. Monitorização da

exposição ao ruído, treinamento e educação são requisitados a partir de um nível de

ação de 82 dBA. Outras províncias têm limite de exposição e regulamentações

semelhantes às dos EUA. O programa de conservação auditiva da British Columbia

é considerado o melhor em relação ao setor de construção, podendo servir de

exemplo. O programa foi implementado para trabalhadores da construção em 1987,

quando a realização de audiometrias foi iniciada, e desde então os exames são

repetidos anualmente. Uma prova deste sucesso pode ser vista através dos limiares

auditivos aferidos em 1997 e comparados com os de 1988 (SUTTER, 2002).

É de conhecimento dos técnicos que os critérios que definem os Limites de

Tolerância (LT) para ruído contínuo ou intermitente da NHO-01 da FUNDACENTRO

estão baseados em conceitos e parâmetros técnico-científicos modernos, seguindo

tendências internacionais atuais. Desta forma, os resultados obtidos e sua

interpretação quando da aplicação desta Norma podem diferir daqueles obtidos na

caracterização da insalubridade pela aplicação do disposto na NR-15, Anexo 1, da

Portaria nº 3214 de 1978.

4.4 CÁLCULO DO NÍVEL SONORO EQUIVALENTE

O potencial de danos à audição de um dado ruído depende não somente de

seu nível, mas também de sua duração. É possível estabelecer um valor único Leq

que é o nível sonoro equivalente durante uma faixa de tempo especificada

(SANTOS, 2000):

Onde: NPS é nível de pressão sonora e n é número de medições

43

Os países industrializados têm suas próprias normas e recomendações sobre

índices e níveis de ruído para vários tipos de ambientes:

- ISO (International Standard Organization) - R 1996 (1971) e R 1999 (1975).

- BS (British Standard) - BS 4141 (1967).

- NFS (Association Française de Normalization) - NFS 31-010 (1974).

- ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) - NBR 10151 e 10152.

- IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) - Resolução Conama 001 e

002 de 17 de agosto de 1990.

As normas francesas consideram como nível suportável de ruído:

Leq= 85 dB(A) - nível de alerta

Leq= 90 dB(A) - nível de perigo

Quanto ao nível de perigo, deve-se considerar que a partir de 80 dB já podem

ocorrer alterações do sistema auditivo.

4.5 NÍVEIS DE RUÍDO

4.5.1 Ruído de fundo (subtração de níveis de som)

Um outro fator que pode influenciar a exatidão das medições é o nível do

ruído de fundo, comparado com o nível de ruído a ser medido. Obviamente, o ruído

de fundo não deve ser superior e abafar o sinal de interesse na avaliação,

significando que o nível do sinal deve estar no mínimo 3dB acima do nível do ruído

de fundo, porém, pode ainda ser necessário uma correção para a obtenção do

resultado correto.

O procedimento para medição do nível de ruído de uma máquina, sob

condições de elevado ruído de fundo, é o seguinte:

1. medir o nível de ruído total, com a máquina em operação;

2. medir o nível de ruído de fundo, com a máquina desligada;

3. a partir daí:

- se a diferença entre as duas leituras for menor do que 3 dB, o nível de ruído

de fundo é muito alto para uma medição exata.

44

- se a diferença for entre 3 e 10 dB, é necessário fazer uma correção.

- se a diferença for maior que 10 dB não é necessária nenhuma correção.

4. para fazer a correção, entrar na base do gráfico com o valor da diferença, e

interseccionar a curva; daí, seguir para a esquerda até o eixo vertical.

5. o valor obtido no eixo vertical deve ser subtraído ao nível de ruído total com

a máquina em operação.

Exemplo:

1. ruído total = 60 dB

2. ruído de fundo = 53 dB

3. diferença = 7 dB

4. correção (do gráfico)= 1 dB

5. ruído da máquina = 60- 1 = 59 dB

Figura 04 — Subtração de níveis de ruído Fonte: Bruel & Kjael (1984)

4.5.2 Adição de níveis de som

Se os níveis de ruído de duas máquinas foram medidos individualmente, mas

necessitamos saber o nível de ruído que as máquinas produzirão quando operando

juntas, devem-se somar os dois níveis de som.

No entanto, quando se usa a escala dB, não se pode somá-los diretamente.

45

Deve-se fazer uma correção usando-se um gráfico, conforme é mostrado abaixo.

O procedimento é o seguinte:

1. Medir os níveis da máquina 1 e da máquina 2

2. Encontrar a diferença entre os dois níveis

3. Entrar na base do gráfico com a diferença. Subir até a interseção com a

curva, e então seguir à esquerda, até o eixo vertical.

4. Adicionar o valor indicado no eixo vertical ao maior dos dois níveis

medidos. Isto nos dá a soma dos níveis de ruído das duas máquinas.

Exemplo:

1. Máquina 1 = 85 dB máquina 2= 82 dB

2. Diferença = 3 dB

3. Correção (do gráfico)= 1,7 dB

4. Ruído Total= 85+1,7= 86,7 dB

4.6 FATORES QUE DETERMINAM O RISCO DE LESÃO NO APARELHO

AUDITIVO

4.6.1 Fatores ligados ao ruído

- Nível de ruído: o risco aumenta nos níveis de ruído superiores a 90 dB (A).

- Característica do ruído quanto à freqüência: freqüências acima de 1.600 Hz

são mais lesivas.

- Tipo de ruído: a natureza e local da lesão são diferentes no caso de ruído

contínuo e de ruído de impacto.

O ruído de impacto tem como limites de tolerância os seguintes valores: 130

dB (linear) medidos com instrumento operando no circuito linear e circuito de

resposta para impacto; ou 120 dB (C), medidos com o instrumento operando no

circuito de compensação "C" e circuito de resposta rápida.

No Anexo 2 da NR15 são fornecidos os limites para níveis impulsivos, 120

dBC e 130 dBC quando usada detecção rápida e 130 dBC e 140 dBC para circuitos

impulsivos. Na NHO-01 da FUNDACENTRO os limites para ruído de impacto são

46

dados em função do número de ocorrência diário do pico de ruído em dB(lin).

4.6.2 Fatores ligados à exposição - Periodicidade: a exposição intermitente diminui o risco de lesão.

- Duração: o risco aumenta com o tempo de exposição.

4.7 OS LIMITES DE TOLERÂNCIA

Dá-se o nome de limite de tolerância (LT) ao parâmetro de referência utilizado

para as avaliações, ou seja, aquelas concentrações dos agentes químicos ou

intensidades dos agentes físicos presentes no ambiente de trabalho, sob as quais se

acredita que a maioria dos trabalhadores pode ficar exposta durante toda a sua vida

laboral, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.

Eles são baseados na melhor informação disponível, proveniente da

experiência industrial e de estudos experimentais com animais, refletindo o estado

em que se encontram os conhecimentos no momento atual. Por isto podem sofrer

alterações de acordo com o avanço dos estudos na área de toxicologia industrial.

Os LT são destinados para uso na prática de Higiene Industrial como guias ou

recomendações no controle de riscos potenciais à saúde e não devem ser

considerados como limites entre saúde e doença.

Estes limites são estabelecidos através de estudos coordenados por diversas

entidades, sendo que uma das mais importantes é a American Conference of

Governmental Industrial Hygienists (ACGIH). Essa entidade é formada por

higienistas governamentais e emite anualmente uma publicação denominada

"Threshold Limit Values and Biological Exposure Indices - TLV" que contém os

limites de tolerância atualizados, bem como uma relação de modificações ou

acréscimo de novos valores (ACGIH, 2005; 2006).

Os TLV - limites de tolerância da ACGIH para ruído são referência em todo o

mundo e servem de base para as legislações de muitos países, sendo definidos pela

seguinte fórmula: Log ( 16 / T )

LT = -------------------------- q + 80, sendo Log 2

47

LT = limite de tolerância para uma determinada jornada de trabalho

T = tempo em minutos da jornada de trabalho

q = fator de dobra do qual, q = 5 pela NR-15 (MTE) ou q = 3 pela NHO 01

(FUNDACENTRO).

A Média Ponderada pelo Tempo (TWA, time-weighted average) ou nível de

ruído equivalente é um cálculo de integração, fundamental ao entendimento para a

elaboração de um laudo técnico pericial. A TWA é definida como a média ponderada

do nível de pressão sonora avaliado em determinado tempo de avaliação.

Utilizando-se os parâmetros da legislação, pela NR-15(MTE) com q=5 ou pela NHO

01 FUNDACENTRO com q=3, são definidos através da seguinte fórmula:

TWA = 80 + 16,61 x log (9,6 x D/T), sendo:

D = valor da dose da exposição em porcentagem (%)

T = tempo em minutos da jornada de trabalho

Observa-se que o limite de detecção é de 80 dB(A), valor a partir do qual

podemos considerar acréscimos às doses por se tratar do nível de ação.

4.8 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE A Tabela 01 apresenta os limites de tolerância estabelecidos pela Portaria n.

3.214/1978 do MTE.

Tabela 01 — Limites de Nível de Pressão Sonora segundo a Portaria 3.214/1978

NPS

dB(A)

Máxima exposição diária permissível

85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95

08 horas 07 horas 06 horas 05 horas 04 horas e 30 minutos 04 horas 03 horas e 30 minutos 03 horas 02 horas e 30 minutos 02 horas e 15 minutos 02 horas

48

96 98

100 102 104 105 106 108 110 112 114 115

1 horas e 45 minutos 1 horas e 15 minutos 01 horas 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 08 minutos 07 minutos

Fonte: Norma Regulamentadora n.15, Anexo 1

A aplicação direta desta tabela só é válida se durante a jornada de trabalho o

nível de ruído se mantiver constante, ou seja, fixo em um único valor, o que não

ocorre na maioria dos casos reais.

Se durante a jornada de trabalho ocorre exposição a dois ou mais níveis de

ruído, devem ser considerados os seus efeitos combinados, e o limite de tolerância

será dado pela seguinte fórmula:

D = C1/ T1 + C2/T2 + Cn/Tn

Sendo:

D = dose de ruído

Cn = tempo total diário de exposição a um nível de ruído

Tn = máxima exposição diária permissível a aquele nível de ruído

A partir daí, se o valor da dose exceder a unidade (D > 1), o valor limite de

exposição deverá ser considerado ultrapassado.

Os níveis de ruído devem ser medidos em dB, com o equipamento operando

no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras

devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

A exposição a níveis de ruído acima de 116 dB (A) não é permitida por

indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.

4.9 PREVIDÊNCIA SOCIAL

Para fins de enquadramento do segurado para a contagem de tempo de

49

serviço especial quando da efetiva exposição ao agente físico ruído, considera-se o

estabelecido no na Instrução Normativa do INSS/PRES NO. 27 de 30 de abril de

2008, Art. 180, item IV, que as metodologias e procedimentos definidos na NHO 01

da Fundacentro serão usados para informar ao MTE se os limites de tolerância do

quadro ANEXO 1 estão sendo respeitados, conforme se vê abaixo:

Art. 180. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo à aposentadoria especial quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A), noventa dB (A) ou oitenta e cinco dB (A), conforme o caso, observado o seguinte: I - até 5 de março de 1997, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a oitenta dB(A), devendo ser informados os valores medidos; II - a partir de 6 de março de 1997 e até 10 de outubro de 2001, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa dB(A), devendo ser informados os valores medidos; III - a partir de 11 de outubro de 2001 e até 18 de novembro de 2003, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior a noventa dB(A), devendo ser anexado o histograma ou memória de cálculos; IV - a partir de 19 de novembro de 2003, será efetuado o enquadramento quando o NEN se situar acima de oitenta e cinco dB(A) ou for ultrapassada a dose unitária, aplicando: a) os limites de tolerância definidos no Quadro Anexo I da NR-15 do MTE; b) as metodologias e os procedimentos definidos na NHO-01 da Fundacentro.

Em outros termos, embora o INSS reconheça os parâmetros da NHO 01 para

enquadramento do segurado, tais parâmetros continuam sujeitos ao exposto na NR-

15.

50

5 DISCUSSÃO

Os níveis de pressão sonora, expressos em decibéis no Anexo 1 da NR-15 do

MTE, foram determinados em 1978 quando da regulamentação da Portaria nº.

3.214/78 e desde então não foram revistos.

O limite de tolerância, ainda hoje de 85 dB(A), pode ser determinado por picos

de exposições pontuais. A NHO 01 determina que essas exposições sejam

identificadas por dosimetrias, ou seja, avaliação através de audiodosímetros durante

a jornada de trabalho, o que permite apurar os picos pontuais, como também todas

as contribuições de exposição, obtendo-se uma Média Ponderada pelo Tempo.

Muito embora o cálculo de doses possa ser feito por média, previstos na NR-15, os

dosímetros de ruído podem expô-las de forma mais conservativa, permitindo que os

fatores de dobra sejam previamente definidos.

Podemos verificar que um fator de dobra igual a 3 permite um resultado mais

conservativo, ou seja, mais preventivo do que o fator de dobra 5.

Tem-se como definição que os fatores de dobra significam os acréscimos ou

diminuições, em decibéis, cada um deles correspondentes a 50% de dose. Definiu-

se como nível de ação, 50% a menor do Limite de Tolerância, sendo de 80 decibéis

segundo a NR-15, onde a NHO 01 segue o mesmo ponto de partida.

Fica claro para todos os profissionais de segurança que as Normas de

Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO devam ser complementares à NR 15, cuja

aplicação deveria estar em total co-relacionamento.

Nesta matéria questiono o aspecto legal que envolve a aplicação das Normas

de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO como complemento aos critérios

apresentados no Anexo 15 da NR15.

É recomendável e necessário uma aceitação e um posicionamento mais

eficaz do MTE, mais provavelmente através de Portaria comportando a aplicação

dos critérios das Normas da FUNDACENTRO, fundamentais e urgentes, a fim de se

difundir a aplicação desta NHO-01 para exposição ao agente físico Ruído.

A NHO 01 prevê um conceito de nível de ação apresentado na NR 9 com

aquele cuja Dose seja maior que 50% (0,5). Torna-se evidente que os níveis de

ruído acima de 80 dB(A) devam ser levados em consideração para cálculo da Dose

e conseqüentemente para sabermos o Nível Equivalente - NE (Leq) e o Nível Médio

– NM (Lavg)

51

As avaliações de ruído realizadas por dosímetros permitem maior exatidão e

conseqüente confiabilidade de resultados. Por isso, pode-se questionar a validade

de uma “dosimetria” realizada de forma de avaliação pontual, instantânea, não

considerando a real exposição durante a jornada de trabalho dos trabalhadores

expostos a este nocivo agente físico, o ruído. Todas estas questões desde a

regulamentação da Lei 6.514 regulamentada pela Portaria 3.214/78 levaram à

elaboração de laudos de ruído com medidores de leituras instantâneas, acarretando

relatórios imprecisos e que, com certeza, comprometeram os resultados de muitas

perícias judiciais de insalubridade.

Mais uma vez vale ressaltar que sob o ponto de vista dos profissionais da

área de Segurança, Higiene e Saúde, as normas de Higiene Ocupacional da

FUNDACENTRO devem ser complementares à NR-15, colocando-as em completa

interação – sinergia – sob o ponto de vista da aplicação de normas, tanto pelos

profissionais da área de Segurança e Higiene Ocupacional quanto pelos Auditores

Fiscais do MTE.

Já é aguardada uma regulamentação atualizada e objetiva que venha a definir

a aplicabilidade das normas e os desvios que deverão ser considerados para o

Agente Físico – Ruído.

O órgão da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho esforça-se para

que conceitos técnicos e legais, conforme a redação da nova NR-9, sejam

atualizados e sejam tomadas como referência as normas internacionais, tais como

as da ACGIH e as normas ISO.

Habitualmente e, com considerável freqüência, publicações técnicas

baseadas em diversas pesquisas vêm complementar os levantamentos ambientais

para os Limites de Tolerâncias estabelecidos na NR-15.

52

6 CONCLUSÃO

De acordo com a NHO 01 temos q=3 com nível de ação de 83 dB(A) e, em

conformidade com a NR 15, temos q=5 com nível de ação de 80 dB(A). Considerando tais

divergências, acredita-se que seja de fundamental importância definir aqueles que devem

ser priorizados visando primordialmente sua eficiência na preservação auditiva dos

trabalhadores, uma vez que os resultados obtidos a partir desses parâmetros são os que

refletem a real exposição dos trabalhadores. A análise proposta neste trabalho aponta

principalmente para as seguintes conclusões:

- Como órgão de governo os parâmetros da NHO 01 deveriam ser utilizados como

complemento aos estabelecidos no Anexo 1 da NR 15, de modo a evitar conflitos de

critérios ou de metodologia.

- A avaliação de ruído através de dosímetros parece a forma mais adequada, precisa

e confiável para se obter um laudo de ruído.

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