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58 professores capacitados CIDADES Barrinha, Dumont, Jardinópolis, Pontal, Pitangueiras, Sertãozinho, Terra Roxa e Viradouro Diretoria de Ensino de Sertãozinho CURSOS História/Geografia e Matemática Números referentes ao ano de 2004 160 horas/aula 29 escolas participantes

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58 professorescapacitados

CIDADESBarrinha, Dumont, Jardinópolis, Pontal, Pitangueiras,Sertãozinho, Terra Roxa e Viradouro

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CURSOSHistória/Geografia e Matemática

Números referentes ao ano de 2004160 horas/aula29 escolasparticipantes

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Anfiteatro do Ensino Fundamental Mohamed Abbes Sobrinho, em Terra Roxa; na página anterior, ensaio da fanfarra da E.E. Isaías José Ferreira, emCruz das Posses, distrito de Sertãozinho

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A dirigente de ensino de Sertãozinho, TeresaAparecida Dancini, tem a radiografia comple-ta de todas as escolas sob sua alçada. Sabe desuas necessidades e, conseqüentemente, dofosso social produzido pela monocultura dacana. De um lado, grandes usinas; de outro,uma mão-de-obra de baixo poder aquisitivo,boa parte dela matriculada na rede de ensino.Reside aí a importância de um projeto como aTeia do Saber.

“O ideal é que todos os professores passempelo programa de formação continuada”, de-fende a dirigente, que chegou a promover trêspregões sem que aparecessem interessados.“Ficamos sabendo que a Unicamp tinha inte-resse e conseguimos o contrato”, lembra. Foiaí que as coisas começaram a mudar. “Temosque suprir a falta de acesso à cultura. É difícilformar o aluno leitor. Muitos dos nossos pro-fessores não têm sequer acesso à leitura. Ocontato com a universidade, principalmentea Unicamp, é muito importante”.

ALUNO LEITOR

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Ângela Maria Toniollo Sarni, gestora da Teia do Saber, já sente os pri-meiros efeitos da passagem do programa por Sertãozinho. “Os concei-tos já estão sendo aplicados em sala de aula. No geral, os resultadosestão sendo muito bons”, avalia a professora, que ouve relatos de co-legas que ficaram entusiasmados com os cursos. “Muitos perceberamque não tinham como continuar os estudos e foram beber na fonte.Isso é uma mostra de que eles querem realmente aprender com oscursos de formação continuada”.

Evandro Domingues, doutorando do Instituto de Filosofia e CiênciasHumanas da Unicamp, está em cima dos fatos. O uso político da into-lerância religiosa, assunto mais que recorrente nos dias de hoje, foi otema de seu curso na Teia do Saber. Domingues levou na bagagemnovas informações sobre a Inquisição no Brasil, com a vantagem de,na condição de doutorando, ter pesquisado sobre o assunto em Portu-gal. “Os professores estão bastante interessados porque o tema vemmuito defasado nos livros didáticos. São informações novas”.

NA FONTE

EM CIMA DO FATO

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Vista parcial do centro de Sertãozinho

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André Aparecido Cristino, matriculado no ano passado no 3º ano do Ensino Médio daE.E. Isaías José Ferreira, em Cruz das Posses, distrito de Sertãozinho, gosta de pintar.Filho de cortadores de cana, aos 19 anos enfrenta problemas comuns a milhares dejovens da região, de acordo com os relatos feitos por dirigentes e professores.

O que você faz?André – Estou só estudando, no momento.

Não precisa trabalhar?André – Por enquanto, não. Meus pais trabalham numa usina como cortadores de cana.Minha mãe tem 37 anos e meu padastro, 30.

Eles sabem que você tem o dom da pintura?André – Sabem e me incentivam muito. Vou terminar os estudos este ano (2004) etentar um serviço melhor... Se não conseguir, vou ter que ir para a roça.

Quanto tempo mais você vai esperar por uma chance de mostrar seu talento?André – Só mais um pouco. Se não der certo...

Qual o seu sonho?André – Me dedicar à pintura, ter a oportunidade de cursar uma escola de artes. En-quanto isso não se realiza, venho aqui na escola aos sábados.

Quem fornece o material?André – O professor Antonio Carlos de Oliveira, coordenador do projeto Escola da Famí-lia. Ele consegue com os empresários. Se não fossem eles, eu não estaria pintando ago-ra. Eles me incentivam bastante.

Alguém mais trabalha na sua família?André – Tenho dois irmãos, um mais velho e um mais novo. O mais velho, que tem 20anos, já trabalha na lavoura também. Ele desenha muito bem.

Você não pretende mudar de cidade, para tentar outra atividade?André – Penso sempre nisso, mas deixar minha mãe aqui... Agora que ela conseguiuuma casinha da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), da-qui não sai mais. Mas, seu eu tiver oportunidade...

OUTRAS CORES

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Grávida de seis meses, a professora Fernanda AparecidaBernardo de Souza não mediu esforços para dar aulas nodistrito de Cruz das Posses, em Sertãozinho. Na estrada,por exemplo, ficou várias vezes de frente com o perigo –por conta de duas usinas locais, o tráfego de caminhões éintenso. Mas enfrenta os perigos para dar aulas na E.E.Isaías José Ferreira. “Cheguei a chorar quando depareicom as necessidades dos alunos. Muitos me mostravamas mãos rachadas, reclamavam de muito sono”.

Os estudantes de Cruz das Posses correspondem aos de-safios. “Eles querem aprender”, atesta Fernanda. Para es-timular ainda mais os estudantes no aprendizado, os pro-fessores da escola se juntam para dar aulas de reforçopara aqueles que têm dificuldades. A missão de Fernandavai além de ensinar Matemática. Ela também organizabazares e festas na escola, para conseguir a compra dematerial. A sala de vídeo, por exemplo, foi totalmenteequipada, graças ao dinheiro arrecadado.

O esforço para minimizar os problemas enfrentados emCruz das Posses não é empecilho para Fernanda freqüen-tar as aulas da Teia do Saber. “Gosto muito do Progra-ma. É justamente o que precisávamos. Mostra outros ca-minhos, e nosso aluno precisa de um professor prepara-do”, afirma.

A MISSÃO

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Gosto muito da Teia do Saber, um projeto queinveste na renovação de idéias, no qual novasformas de didática estão sendo passadas. Isso ébom para podermos diversificar. A linguagem éfácil e, coincidentemente, o que estamos tratan-do são os conteúdos do programa do semestrena escola. Os docentes nos instigam a trazer algonovo para a sala de aula.

Nossa região historicamente é bastante rica eabrigou vários ciclos econômicos, como o dacana. Já foi do café. Falamos muito sobre issoporque está perto da realidade deles.

A educação para mim não está relacionada ape-nas à transmissão de conteúdos. É preciso pro-porcionar aos alunos meios de buscar cada vezmais, lutar para alcançar seus objetivos. O que énecessário para a educação melhorar? O proble-ma não está na escola, está na sociedade, na fa-mília. Nós paramos, ouvimos, conversamos, pu-xamos a orelha quando é preciso. Mas é neces-sário apoio e maior participação da família. Épreciso ter senso de responsabilidade.

A maioria das famílias entrega os filhos à escola,e a escola tem que resolver os problemas. Nãotemos psicólogos e, neste ponto, fica ainda maiscomplicado. Fazemos pequenos vídeos de todotrabalho do ano e apresentamos aos pais paraterem participação. O trabalho é árduo, mas te-mos que dividir.

Josilda Olandim Ribeiro, professora da E.E. Isaías JoséFerreira, distrito de Cruz das Posses, em Sertãozinho

RENOVAÇÃO

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Gleidson Campos dos Santos, 19 anos, não desis-te dos seus sonhos. Cursar um colégio técnico parater um emprego melhor está entre os seus dese-jos. Talvez ser policial, uma profissão que defen-desse a lei. É cortador de cana e está finalizando oEnsino Médio na E.E. Isaías José Ferreira. As con-dições de emprego na região não permitem, noentanto, que Gleidson continue a sonhar. “Oscursos são caros e distantes da minha casa”. Ojovem estudante tem outros impedimentos: temuma filha de cinco meses. Casado com Daniela,que está prestes a concluir o Ensino Médio, reve-za-se com a esposa para cuidar do bebê.

Para poder freqüentar as aulas no período matu-tino, Gleidson atravessa a madrugada no corte dacana. Vive assustado com o fantasma da mecani-zação, processo irreversível na região, onde asmáquinas de última geração tomam, a cada dia, oespaço dos trabalhadores. “Mesmo assim, nãoposso reclamar. Não é ruim aqui na usina, foi di-fícil conseguir emprego. É uma das mais procura-das porque dá oportunidade, cesta básica e fral-das para o bebê”.

MADRUGADA ADENTRO

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Trabalhadores rurais em Cruz das Posses, distrito de Sertãozinho

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