SERVICO PUBLICO FEDERALUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Coordenacao do curso de Medicina VeterinariaRodovia Ulysses Gaboardi – Km 3 CEP: 89520-000 – Curitibanos (SC)

Tel: 48 3721-6270 - e-mail: medicina.veterinaria@contato.ufsc.br

Ofıcio n◦ 05/CCGMVC/CBS/2015 Curitibanos, 26 de maio de 2015

Ao Sr. Prof. Dr. Julian BorbaPro-Reitor de Graduacao

Assunto: Resposta ao esclarecimento da Pro-reitoria de Graduacao ao Processo no 23080.042465/2014-02

Prezado Pro-Reitor,

Ao tempo em que o cumprimento cordialmente, venho por meio deste manifestar, considerando o esclareci-mento da Pro-reitoria de Graduacao ao Processo 23080.042465/2014-02(1), uma serie de contrapontos aos diversositem enumerados no referido documento.

O documento emitido pela PROGRAD relata que cada um dos Campi (Ararangua, Blumenau, Curitibanose Joinville) foi planejado para ”ofertar um conjunto de cursos relacionados a determinadas vocacoes regionais e, tambemde modo a otimizar os investimentos em termos de Recursos Humanos e Infraestrutura”(item 04 do documento). Estacoordenacao se ve obrigada a discordar de tal afirmacao, pois nao corresponde aos fatos: o curso de Medicina Ve-terinaria nao foi planejado para o Campus de Curitibanos(2,3). Houve, inclusive, manifestacao de preocupacaona Camara de Ensino de Graduacao, em 2011, epoca em que o Campus de Curitibanos ja existia, quanto a vi-abilidade de recursos financeiros e humanos para o funcionamento do Curso(4). Tal manifestacao mostra quenao apenas o Campus de Curitibanos nao foi planejado para ofertar o curso, como tambem a Universidade tinhaduvidas quanto a capacidade do campus em suportar o curso de Medicina Veterinaria, o que nao condiz com aafirmacao de ”otimizacao dos Recursos Humanos e Infraestrurura”. Vale ressaltar que, para a criacao deste curso, naofoi considerada a infraestrutura ja existente em Florianopolis(5,6,F igura1).

Ao item 5, o documento admite que ”a criacao do Curso de Medicina Veterinaria ocorreu sem o devido di-mensionamento das necessidades de infraestrutura e das demandas de Recursos Humanos (Docentes e ServidoresTecnico-Administrativos) para viabilizar o curso”. Esta coordenacao de curso sabe disso, concorda com isso e vemtentando, exaustivamente, propor a reorganizacao didatico pedagogica do curso visando atender as demandas docurso, trazer melhorias para a formacao dos academicos, viabilizar e consolidar o curso de Medicina Veterinaria,alem de trazer benefıcios a outros cursos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como Zootecnia, En-genharia de Aquicultura e areas da Saude. Ainda, tal reestruturacao do curso cortaria gastos substanciais a UFSC,uma vez que uma consideravel infraestrutura, da qual o curso necessita e depende, conforme palavras da propriaPROGRAD(7), ja existe em florianopolis(5,6), sendo apenas necessaria a relocacao do curso e o uso das estruturas.Ademais, quanto ao processo de criacao do curso de Medicina Veterinaria da UFSC, um grave erro foi cometido:o de desconsiderar a existencia previa de um curso de Zootecnia e um curso de Engenharia da Aquicultura naUFSC(3).

O item 7 do documento faz referencia a uma serie de investimentos da UFSC no Campus de Curitibanos, emcontinuacao ao item 06 em que cita os varios esforcos da UFSC para viabilizar e consolidar os campi fora de sede,o que e louvavel, porem o mınimo que se espera da instituicao, e os elenca como se fossem solucoes ao curso deMedicina Veterinaria. Cita o documento as obras da Fazenda Experimental Agropecuaria, a licitacao do predioCBS-02, o projeto do Hospital Veterinario, a tramitacao da Moradia Estudantil e Restaurante Universitario. A fa-zenda experimental agropecuaria de Curitibanos tem, ao todo, 24 hectares, sendo praticamente a metade Area de

1http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/Prograd.Multicampi.Oficial.pdf2http://www.orgaosdeliberativos.ufsc.br/files/2011/08/reuni-cun30042009.pdf3http://www.vestibular2011.ufsc.br/resultado/vestcac03_LinkCursos.html4https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/115053/Ata06CEG2011.pdf?sequence=15http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/3aRelatFpolis.pdf6http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/relato1.pdf7http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/Den.pdf

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Figura 1: Areas didaticas da Fazenda Experimental da Ressacada UFSC. Fonte: http://fazenda.ufsc.br/files/2010/08/2014-%C3%81reas-Did%C3%A1ticas-Fazenda.gif Acesso em 22/05/2015.

Preservacao Permanente (APP), inapropriada, portanto, para atividades zootecnicas. Para efeito de comparacao,somente a area destinada a bovinocultura de corte da Fazenda Experimental da Ressacada (Figura 1) e maior doque toda essa area citada, possuindo 25 hectares. O predio CBS-02 e um otimo investimento da UFSC, mas naoe exclusivo do curso de Medicina Veterinaria, nem depende dele para ser plenamente utilizado. Ha no Campusoutros cursos que farao pleno proveito do predio. Tampouco e o predio CBS-02 suficiente ao curso de MedicinaVeterinaria, mesmo se a ele fosse exclusivo, visto que um dos nossos maiores problemas e area zootecnica, o quenao se faz dentro de um predio. O Hospital Veterinario todos sabem que ate hoje nao saiu do papel e ha uma seriede dificuldades para a sua execucao no Campus de Curitibanos. Sobre a Moradia Estudantil e Restaurante Univer-sitario, abstenho-me de qualquer comentario pois a tramitacao nao chegou ao conhecimento desta coordenacao.

O Centro de Educacao Profissionalizante (CEDUP) e mencionado ao item 8 como uma forma de resolveros problemas emergenciais do Campus de Curitibanos, para a UFSC realizar suas atividades administrativas, deensino e pesquisa. A coordenacao do curso ja havia alertado muito antes da cedencia e do uso do CEDUP pelaUFSC que ele nao resolveria, de fato, os problemas do curso, emergenciais ou nao, servindo especialmente paradesafogar o predio CBS-01, unico predio de aulas do Campus de Curitibanos ate o presente momento. Findosquase 2 semestres de uso do CEDUP, foi corroborada a sua incapacidade de resolver os problemas emergenciaisdo curso(8, 9).

Ao item 9, a PROGRAD afirma que ”a UFSC vai apoiar o que for decidido pela comunidade academica”. Tendoem vista o que esta explıcito no item 14 do documento, nao foram consideradas nem as manifestacoes dos inte-grantes do Colegiado(10) nem dos academicos do curso(11).

Ao item 10, o documento traz o seguinte: ”Ambos os documentos apresentados pela comunidade academica doCurso de Medicina Veterinaria, apresentam justificativas tecnicamente plausıveis sobre a organizacao pedagogica do Curso,e nao nos cabe reparos a qualquer um deles, neste momento”. Muito infelizmente, essa afirmacao e equivocadae traz um descuido por parte da PROGRAD quanto a origem das palavras escritas no documento conhecido

8http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/Semiologia2014SPA.pdf9http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/Ata02Extra.pdf

10http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/ConcordDocentes.pdf11http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/ConcordDiscentes.pdf

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como ”Proposta Curitibanos”(12). Toda a secao ”Introducao”do referido documento e uma copia literal, ape-nas substituindo a palavra UNIPAMPA por UFSC, de trechos do projeto pedagogico do curso de Agronomiada UNIPAMPA, Campus Itaqui (http://www.unipampa.edu.br/portal/documentos/doc_download/331-ppc-agronomia, pagina 04). Isso exposto, cabem aqui as perguntas: como pode nao caber reparo a ne-nhum dos documentos se uma das propostas sequer teve o cuidado de criar fundamentos e justificativas propriasou, no mınimo, citar documentos copiados? Qual o papel da nossa Universidade em coibir, e nao premiar, essetipo de atitude? Alem disso, a Proposta Curitibanos traz, na secao ”Estrutura Fısica”, que o Hospital Veterinarioesta em fase de projeto e que devera ter sua inauguracao em 2018. Ora, se uma proposta traz o uso de estruturafundamental para a formacao dos estudantes somente para 2018, enquanto a outra proposta(13) traz o uso efetivode estrutura que pode substituir o Hospital Veterinario para questoes de ensino de graduacao em Medicina Vete-rinaria ja em 2015(6), sem custo, como podem gestores pulicos optarem pela alternativa mais custosa financeira etemporalmente, deixando os academicos atualmente matriculados sem condicoes de execerem seus treinamentospraticos, de suma importancia ao exercıcio adequado da profissao.

Passo agora ao item 11 do documento: ”Alem dos criterios tecnicos, cabe a Administracao Central, manifestar po-sicionamento institucional sobre o assunto. Nosso posicionamento esta fundamentado no compromisso com a interiorizacaoda Universidade, com a democratizacao do acesso ao Ensino Superior, com o Ensino Publico, Gratuito e de Qualidade, como compromisso com a superacao das desigualdades regionais do estado de Santa Catarina; e com uma concepcao de UFSC,como uma Universidade verdadeiramente publica e compromissada com TODA a sociedade catarinense e brasileira”. Talafirmacao beira a vergonha. Tendo como base a distribuicao geografica dos cursos de Medicina Veterinaria emSanta Catarina (Figura 2), a democratizacao do acesso ao Ensino Superior, em Medicina Veterinaria, e exatamenteo oposto do que o que a UFSC tem feito. Democratizar o acesso ao ensino superior em Medicina Veterinaria seriaofertar este curso nao a 80 km (menos de 1 hora de viagem) de distancia de outro curso de Medicina Veterinaria(UDESC-Lages) ou a 180 km de outro (IFSC-Concordia), ambos publicos, gratuitos e de qualidade, mas sim emFlorianopolis, cidade em que o acesso ao ensino superior (gratuito ou privado) em Medicina Veterinaria e ne-gado a qualquer um. Alem disso, cursos de Medicina Veterinaria tem sido consistentemente interiorizados, aocontrario do que e argumentado de forma generalista e simplista logo em seguida, no item 12, deixando umaenorme lacuna de exploracao marıtima desamparada. Isso sim seria atuar na vanguarda academica e primar pelaqualidade e excelencia em uma Universidade.

Figura 2: Cursos de Medicina Veterinaria no estado de Santa Catarina. Fonte: CRMV/SC (http://www.crmvsc.org.br/pesquisa_abre.asp?id=1400), adaptada em 22/05/2015.

Segundo a manifestacao da PROGRAD, ao item 13, ha a mencao de que a ”vinda de parte do curso para Flo-rianopolis, nao resolveria os problemas academicos e de infraestrutura do curso”. Posso concordar com tal afirmacao,

12http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/Proposta_Curitibanos-final.assinado.pdf13http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/files/2014/07/multicampi.pdf

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uma vez que a proposta nao esgotaria as deficiencias, mas sim, as reduziria consideravelmente. Ja Vossa Senhoriaha de convir que a manutencao do curso em Curitibanos nao so deixou de resolver qualquer problema, comoagravou aqueles ja existentes(9).

Nao menos importante do que os contrapontos supracitados, e o fato da sede em Florianopolis possuir,com capacidade plena de funcionamento e de atendimento ao curso, um bloco cirurgico para suprir as discipli-nas de carater clınico cirurgico, como ja relatamos ha um ano atras(5) e corroborado pelo diretor academico doCampus de Curitibanos, Professor Juliano Nunes Gil Wendt, em Memorando no 62/2014/GD/CBS(6). A Sede emFlorianopolis possui tambem uma area propria e mais do que suficiente (169,70 hectares) para a realizacao dasatividades de ensino, pesquisa e extensao nas areas de conhecimento zootecnico (Fazenda Experimental da Ressa-cada, figura 1). Neste ultimo local, oportuniza-se as atividades de clınica de grandes animais, reproducao animal(a fazenda conta com um laboratorio de andrologia junto ao centro de manejo de bovinos), e todas as atividadesassociadas a producao animal. Somando-se essas duas importantıssimas estruturas, os dois maiores gargalos docurso seriam supridos. Um terceiro gargalo, anatomia animal, poderia ser suprido com aulas noturnas no De-partamento de Morfologia, sem a correria ocorrida no mes de marco e, com um planejamento adequado, semprejuızo aos demais cursos da area de saude, que la tem suas aulas praticas. Vossa Senhoria ha de convir quehaveria uma economia imediata aos cofres publicos na ordem dos muitos milhoes de reais. Tal economia tambemseria reflexo da melhor otimizacao de docentes para areas correlatas entre os cursos agrarios, especialmente Zo-otecnia e Medicina Veterinaria, visto que ambos necessitam de docentes para areas identicas como, por exemplo:avicultura, suinocultura, equinocultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, ovinocultura, nutricaoanimal, fisiologia animal, melhoramento animal, forragicultura, aquicultura e apicultura.

Durante os nove meses subsequentes a nao aprovacao da proposta Multicampi, operamos uma formade ”mobilidade academica”a fim de sanar problemas emergenciais(8, 14). Diversas dificuldades financeiras elogısticas evidenciadas pelas experiencias que tivemos neste primeiro semestre de 2015 mostraram que a UFSCnao esta preparada para tal. Compreende-se, portanto, ser mais eficiente manter o curso em uma unica localidade,desde que esta atenda as necessidades do curso, conforme, inclusive, relatado pelo DEN/PROGRAD(7).

Com todo o acima exposto, considerando o relatorio(7) do DEN/PROGRAD sobre a total dependencia doscursos de Medicina Veterinaria a infraestrutura adequada; considerando que, segundo Vossa Senhoria, tal re-latorio ”foi realizado com o objetivo de subsidiar alternativas de organizacao didatico pedagogica em determinados camposde atividades praticas do curso de Medicina Veterinaria”; considerando que boa parte da infraestrutura necessaria aocurso ja existe na UFSC em Florianopolis(5,6,F igura1); e colocando-me a disposicao para maiores esclarecimentos eelucidacao dos fatos, venho requerer que a UFSC proceda o replanejamento da organizacao didadico pedagogicado curso de modo a que posssamos formar nossos academicos com o que, de fato, melhor podemos oferecer, semmais causar os prejuızos imensuraveis aos estudantes e a Uniao.

A luz dos fatos, vislumbra-se a transferencia integral do curso de Medicina Veterinaria da UFSC para omunicıpio de Florianopolis como a solucao mais rapida, economica, parcimoniosa e respeitosa ao bom uso dosrecursos publicos em prol de toda a comunidade academica, catarinense e brasileira.

Respeitosamente,

Erik Amazonas de AlmeidaCoordenador do curso de Medicina Veterinaria

Portaria 871/2014/GR

14http://medicinaveterinaria.curitibanos.ufsc.br/2015/03/06/nota-da-anatomia-2014-2/

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