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SERVIÇO SOCIAL
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA
JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS
ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
TOLEDO-PR
2012
1
LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA
JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS
ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção
do grau de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Profª Dra. Marli Renate von Borstel
Roesler
TOLEDO-PR
2012
2
LARISSA TEODORO RECKZIEGEL DA SILVA
JUVENTUDE E O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO: REFLEXÕES APROXIMATIVAS ÀS
ABORDAGENS NO PROJETO FLORIR TOLEDO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção
do grau de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Profª Dra Marli Renate von Borstel
Roesler
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Profa. Dra. Marli Renate von Borstel Roesler
(Orientadora)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
_____________________________________
Profa. Ms. Diuslene Rodrigues Fabris
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
____________________________________
Profa. Ms. Ineiva Terezinha Kreutz Louzada
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 19 de novembro de 2012
3
Dedico este trabalho em especial aos meus
pais Lori Teodoro e João Teodoro Filho, ao
meu irmão Emílio Teodoro. Considero esse
passo mais uma conquista em minha vida, a
qual tenho muito a agradecer e, dedico
também a todos que colaboraram e tornaram o
caminho menos difícil e mais compensador..
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer a Deus, que em todos os momentos esteve ao meu
lado me amparando e me dando forças em todas as vezes que pensei em recuar. Dou graças a
essa força maior que há acima de nós e que nos conduz nos caminhos certos e exatos. Ao meu
pai João Teodoro Filho, que trabalhou de sol a sol, para que eu pudesse vir a Toledo estudar,
esforçando-se muito para me manter aqui. A minha mãe, Lori Teodoro, que me acompanhou
dia a dia, confortando-me, muitas vezes chorando comigo nos momentos de dificuldade e, na
execução dos trabalhos madrugadas a fora. Minha querida mãe que nunca permitiu eu desistir,
ao meu irmão Emílio Teodoro, por me ajudar na execução dos trabalhos, sempre me
incentivando a continuar a caminhada, sempre ao meu lado, pelas risadas e pelas brincadeiras
compartilhadas. Agradeço ao meu namorado Djeyson Golfetto, pela paciência,
companheirismo, e todo o carinho dedicado a mim. Te amo!
A todos os amigos que contribuíram na conclusão deste trabalho e me fizeram avançar
pela ajuda que me dispensaram.
A todos os professores e, em especial, a minha supervisora de campo de estágio
Melânia Aparecida Agustinha Marin, uma pessoa sábia, meiga e comprometida com o
trabalho, acompanhou-me durante dois anos, transmitindo-me conhecimento que levarei para
sempre comigo e, claro, pela paciência que teve em me ensinar.
E em especial também, a minha orientadora de TCC, Marli Renate von Borstel
Roesler, que admiro muito e a considero uma inspiração como profissional, por demonstrar
tamanha paixão no que faz, sempre dedicada, companheira, amiga e conselheira. Obrigada,
professora de coração!
Agradeço a toda a equipe do PET, a nossa Tutora e as meninas, pelo companheirismo
nesses três anos de caminhada. Dividimos no PET tantas alegrias e oportunidades
maravilhosas que aproveitei e levarei na lembrança para sempre comigo. Muito obrigada a
todos os Petianos!
Agradeço a toda a equipe do Projeto Florir Toledo, que me acolheu muito bem e fez
com que eu me sentisse parte desta instituição.
Aos sujeitos desta pesquisa que se dispuseram e compartilharam suas experiências
com esta pesquisadora.
MUITO OBRIGADA A TODOS!
5
Sustentabilidade é quando podemos ver;
sentir; tocar numa flor, numa árvore,
comer uma fruta, sentir o perfume das
manhãs, respirar ar puro, tomar a
água límpida de um riacho e deixar
tudo lindo para que nossos filhos e netos
possam sentir, comer, tocar, ver, beber
e respirar o mesmo ar puro que um dia
tivemos para nós.
Silvia Aparecida Maia.
6
SILVA, Larissa Teodoro Reckziegel da. Juventude e o Direito Fundamental ao Meio
Ambiente Ecologicamente Equilibrado: reflexões aproximativas às abordagens no Projeto
Florir Toledo. Trabalho de Conclusão de Curso (Bachaelado em Serviço Social). Centro de
Ciências Socias Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Toledo - PR,
2012.
RESUMO
O presente trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é resultado da experiência e da
participação como acadêmica bolsista do Programa de Educação Tutorial PET do Curso de
Serviço Social, da UNIOESTE, com o tema: Meio Ambiente e Uso Sustentável dos Recursos
Naturais, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL. Tema: Ação da juventude na defesa da proteção do meio ambiente sadio e
equilibrado e dos direitos humanos, coordenado pela Sala de Estudos e Informações Políticas
Ambientais e Sustentabilidade – SEIPAS, nos anos de 2010 a 2012. Tem por tema e objeto de
estudo reflexões aproximativas à concepção do Projeto Florir Toledo - instrumento de
garantia de direitos fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, pautado no
seguinte problema: Em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do
direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã
dos jovens participantes? O objetivo geral do estudo é trazer reflexões aproximativas quanto à
implementação do Projeto Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos
fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens
participantes e gestores de políticas municipais. Tendo como objetivos específicos
contextualizar o Projeto Florir Toledo como forma de instrumentalização da política da
juventude, garantia de direitos humanos, enfrentamento de questões ambientais e promoção
do desenvolvimento sustentável; identificar o perfil dos jovens que frequentam o Projeto
Florir Toledo em 2012, expectativas em relação ao desenvolvimento do projeto, das oficinas
de educação ambiental e avaliação de seus impactos à formação e à prática cidadã; abordar a
concepção dos gestores das políticas municipais em relação a sua concepção e
instrumentalização de políticas sociais na promoção de direitos humanos fundamentais;
sistematizar conhecimentos para as ações interventivas no Serviço Social, em áreas e práticas
interdisciplinares no tema: juventude. O trabalho encontra-se dividido em três capítulos,
sendo que o primeiro retrata o modelo de proteção social no Brasil, e em que espaço a
juventude se insere como um segmento de política social. O segundo capítulo aborda o
processo de descentralização da política de proteção social à juventude, no município de
Toledo – PR. O terceiro e último capítulo apresentam os dados da pesquisa e os processos
metodológicos, a análise e a interpretação dos dados.
Palavras chaves: Juventude, Meio Ambiente; Políticas sociais; Direitos Humanos e
Desenvolvimento Sustentável.
7
LISTA DE SIGLAS
CMDCA Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
CONJUVE Conselho Nacional de Juventude
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
PET Programa de Educação Tutorial
PNJ Política Nacional de Juventude
SAS Secretaria de Assistência Social
SECADI Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
SEIPAS Sala de Estudos e Informações em Políticas Ambientais e Sustentabilidade
SNJ Secretaria Nacional de Juventude
UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná
8
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................... 6
LISTA DE SIGLAS................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9
1 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DO SISTEMA DE PROTEÇÃO
SOCIAL BRASILEIRO..................................................................................
11
1.1 BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL
BRASILEIRO...................................................................................................
11
1.2 POLÍTICAS SOCIAIS PARA A JUVENTUDE: UNIVERSALIZAÇÃO E A
CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SISTEMA DE PROTEÇAÕ SOCIAL................
16
1.1.2 Constituição da Política Nacional de Juventude........................................... 20
1.3 A JUVENTUDE COMO PROTAGONISTA NAS DECISÕES COLETIVAS.. 25
1.3.1 A Política Nacional de Juventude e Ações Voltadas à Proteção do Meio
Ambiente: Desafios dos Programas Governamentais...........................................
28
2 O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE
PROTEÇÃO SOCIAL À JUVENTUDE NO MUNICÍPIO DE TOLEDO.........
32
2.1 O PROJETO FLORIR TOLEDO:UM INSTRUMENTO DE GARANTIA DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS.........................................................
34
2.2 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO INTERVENTIVA FRENTE ÀS
QUESTÕES AMBIENTAIS: APROXIMAÇÕES REFLEXIVAS..........................
36
3 PROCESSO INVESTIGATIVO JUNTO AOS JOVENS E GESTORES DO
PROJETO FLORIR TOLEDO.............................................................................
39
3.1 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA......................... 40
3.1.1 O Projeto Florir Toledo como Forma de Instrumentalização das
Políticas Sociais, Desenvolvimento da Cidadania e Enfrentamento das
Questões Socioambientais........................................................................................
42
3.1.2 As Expectativas dos Jovens em Relação ao Projeto Florir Toledo, as
Oficinas de Educação Ambiental e Avaliação de Seus Impactos na Formação
e Prática Cidadã........................................................................................................
47
3.1.3 O Envolvimento dos Jovens na Sensibilização e Capacitação Voltadas à
Proteção Ambiental e à Promoção da Cidadania.........................................
53
3.1.4 O Projeto Florir Toledo e a Integralização das Atividades Executadas
com as Políticas Sociais e Demais Projetos Sociais Voltados à Juventude..........
56
CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 60
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 64
APÊNDICES............................................................................................................. 69
ANEXOS.................................................................................................................... 86
9
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é parte constitutiva da pesquisa
científica e da experiência como acadêmica bolsista do Programa de Educação Tutorial PET
do Curso de Serviço Social, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Tema: Ação da juventude na defesa da proteção do meio
ambiente sadio e equilibrado e dos diretos humanos, coordenado pela Sala de Estudos e
Informações Políticas Ambientais e Sustentabilidade – SEIPAS, no período letivo de 2010 a
2012.
Este trabalho trata de forma geral sobre o tema/objeto “Juventude e o direito
fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado”, a partir das reflexões
aproximativas à concepção do Projeto Florir Toledo - instrumento de garantia de direitos
fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental. A juventude merece por parte dos
gestores de políticas públicas e como segmento populacional brasileiro, representatividade
nos espaços participativos de tomada de decisões coletivas relacionadas às questões
socioambientais. Portanto, devem ser instituídos e fortalecidos nos instrumentos de
planejamento e implementação de projetos sociais, mecanismos de diálogos permanentes e
espaços plurais de manifestações que garantam a participação dos jovens, para que assumam
seu papel de sujeitos históricos fomentando o protagonismo juvenil.
Desta forma, a participação e o convívio da acadêmica petiana e também extensionista
no Projeto Florir Toledo, permitiram que surgissem inquietações, questionamentos, dentre os
quais: Em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito
fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos
jovens participantes, aproximada à percepção dos jovens e gestores da política municipal de
Toledo.
Para responder os questionamentos, foi imprescindível a leitura de bibliografias que
abordam temas referentes à Política Nacional de Juventude, Política Nacional do Meio
Ambiente, Política Nacional de Educação Ambiental, questão ambiental, Desenvolvimento
Sustentável e Direitos Humanos, categorias as quais, deram embasamento à compreensão de
todo o contexto estudado e concretização deste trabalho de pesquisa científica.
Diante disso, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos neste trabalho e uma
10
proximidade com o tema delimitado, a sistematização da pesquisa1 pauta-se pela dimensão
teórico-metodológica de caráter exploratório. “O processo começa com o que denominamos
fase exploratória da pesquisa, tempo dedicado a interrogar-nos preliminarmente sobre o
objeto, os pressupostos, as teorias pertinentes, a metodologia apropriada e as questões
operacionais para levar a cabo o trabalho de campo” (MINAYO, 2004, p. 26). Os
instrumentais de coleta de dados que possibilitam a realização, a avaliação e a conclusão
desta, pautaram-se em levantamento bibliográfico e documental (atas, resoluções) e
questionário aplicado aos jovens participantes do Projeto Florir Toledo, numa amostra de 6
(seis) jovens, e 4 (quatro) gestores municipais. As entrevistas foram realizadas a partir do
segundo semestre do ano de 2012, possibilitando no conjunto a fundamentação construtiva
desta pesquisa exploratória.
A apresentação do processo de fundamentação do tema de pesquisa, proposto no
presente trabalho, estrutura-se em três capítulos. No primeiro capítulo, priorizou-se descrever
as características históricas do sistema de proteção social brasileiro, para que se possa a partir
daí, possibilitar alguns questionamentos acerca de implementação de políticas de Estado que
detectem as novas formas possíveis de inserção social dos jovens, que não seja unicamente
por via do trabalho e, que reconheça as especificidades das distintas identidades sociais do
segmento juvenil.
No segundo capítulo, descreve-se o processo de descentralização da política de
proteção social à juventude, no município de Toledo, compreendendo os determinantes
históricos que possibilitaram a criação de espaços participativos e estratégias de
desenvolvimento social e constituição de uma política voltada à juventude no município, que
integre questões sociais e ambientais e, sobretudo, promova o protagonismo juvenil.
O terceiro capítulo, após a apresentação da metodologia empregada na pesquisa,
capítulo 3 do presente trabalho, são apresentados os dados coletados, bem como sua análise
por meio de eixos temáticos que buscam responder a problematização desta pesquisa.
Este trabalho busca contribuir na Sistematização de conhecimentos para as ações
interventivas no Serviço Social, em áreas e práticas interdisciplinares no tema: Juventude e o
direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado.
1 Projeto de pesquisa foi submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – CEP/
Unioeste, Parecer nº 136/2012.
11
1 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL
BRASILEIRO
Neste primeiro capítulo será contextualizado o modelo de proteção social no Brasil e
em que espaços a juventude se insere como um segmento de política social. Desta forma,
resgata-se o histórico de constituição e implementação de políticas que revelam a existência
de novas formas de inserir os jovens nas políticas sociais e compreender as especificidades do
segmento juventude.
1.1 BREVE HISTÓRICO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO
No Brasil, as políticas sociais2 estão tradicionalmente e basicamente voltas para dois
públicos alvos: os pagantes e os não pagantes; segmentados em grandes grupos sendo:
crianças, gestantes, portadores de deficiência física ou necessitados de cuidados especiais e os
idosos inseridos num período mais recente. Os jovens,3 considerados como protagonistas
4 do
futuro, não estão inseridos nesse desenho (COHN, 2004).
Ainda, conforme Cohn (2004), isto é comum aos países que se fundamentam na
sociedade do trabalho, do pleno emprego e na garantia de direitos universais, ou seja, países
que experimentaram modelos de welfare State,5 sendo assim todos aqueles que não se
encontram sob a responsabilidade da família como as crianças, gestantes, nutrizes, encontram-
se vinculados direta ou indiretamente à responsabilidade do Estado. Os jovens por não
fazerem parte destas categorias e, como a autora descreve [...] “portadores da potencialidade
de sua força de trabalho quando na idade ‘adulta’, situam-se numa categoria transitória – da
infância para a maturidade [...] onde o acesso à saúde e à educação se tornam a única garantia
em que os jovens têm acesso [...]” (COHN, 2004, p.161), ou ainda tendo o acesso aos
instrumentos necessários à qualificação de sua força de trabalho, quando na idade adulta.
2 Conforme Netto (2003), entende-se por política social “[...] respostas do estado burguês do período do
capitalismo monopolista às demandas postas ao movimento social por classes (ou extratos de classes)
vulnerabilizados pela ‘questão social’. A política social pode ser designada como o conjunto das políticas sociais
e também como uma política setorial”. (NETTO, 2003, p.15). 3 “Este é um padrão internacional que tende a ser utilizado no Brasil. Nesse caso, podem ser considerados jovens
os adolescentes-jovens (cidadãos e cidadãs com idade entre os 15 e 17 anos), os jovens (com idade entre os 18 e
24 anos) e os jovens adultos (cidadão e cidadãs que se encontram na faixa-etária dos 25 aos 29 anos)” (BRASIL,
2006, p. 05). 4 “O que é o elemento principal de algum fato”(MAIA; PASTOR; 1997, p.729).
5 O Welfare State se estrutura da “[...] 1) responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos
cidadãos por meio de um conjunto de ações, em três direções: regulação da economia de mercado a fim de
manter elevado nível de emprego; prestação pública de serviços sociais universais, como educação, segurança
social, assistência médica e habitação [...]; 2) universalidade dos serviços sociais; 3) implantação de uma ‘rede
de segurança’ de serviços de assistência social” (MISHRA, apud, BEHRING;BOSCHETTI, 2007, p.94).
12
As características de modelo de proteção social brasileiro ganham uma forma própria
por ser um modelo diferente dos modelos utilizados pelos países europeus. “O vínculo
específico de expansão dos direitos sociais à situação dos indivíduos no mercado de trabalho
radicaliza a marginalização dos jovens da rede de proteção social que vai sendo forjada no
país a partir dos anos 1920” (COHN, 2004, p. 161).
Desta forma, vários conceitos e interpretações são criados com relação à própria
concepção de proteção social na política brasileira e “[...] acabam por traduzir na
implementação das políticas sociais até os dias atuais” (COHN, 2004, p. 161). A mesma
autora afirma que, o fato de a juventude não fazer parte desta política até os dias atuais, acaba
se tornando um paradoxo ao dizer que para esse segmento “[...] não tem lugar, a não ser em
programas pontuais e em regras dissociados de uma concepção mais ampla que embase um
sistema de seguridade social” (COHN, 2004, p. 161).
Todavia, no Brasil, ainda se tem uma concepção fragilizada de seguridade social6,
tanto que a juventude por ser submetida a situações de riscos como exposição às drogas, à
violência, a acidentes, como também exposta a doenças, acaba por não ser contemplada na
rede de políticas de proteção social como um item específico e, isso ocorre devido à lógica
que fundamenta essa concepção.
Por outro lado, não é correto que se deduza daí que um conjunto de políticas
de juventude, ou voltadas para esse grupo etário, entre 15 e 24, significa
reatualizar um velho e permanente traço das políticas de proteção social no
Brasil, vale dizer, a sua fragmentação. A questão é mais complexa e
demanda que se vislumbrem as possibilidades de superar as velhas
dicotomias que norteiam as políticas sociais no país, em que pese a Carta
constitucional de 1988 institucionalizar o conceito de seguridade social, e
com isso afirmar a universalidade dos direitos sociais para todos os cidadãos,
independentemente de sua situação no mercado (COHN, 2004, p. 161-162).
A década de 1990 revela, portanto, a permanência de paradigmas que influenciaram e
organizaram historicamente o sistema de proteção social brasileiro que se traduz em políticas
sociais fragmentadas, contemplando vários segmentos, assim “[...] reatualizando no âmbito da
ação do Estado interesses particulares de distintos grupos e segmentos social em detrimento
de proteção social universal e igualitário” (COHN, 2004, p.162).
6 Conforme disposto na Constituição Federal/88, em seu artigo 194, dispõe do que se trata a Seguridade Social.
“A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL,
1988, p. 55).
13
A década de 1990 foi um período, que, conforme Behring; Boschetti (2007) de “[...]
‘reformas’ orientadas para o mercado, num contexto em que os problemas no âmbito do
Estado brasileiro eram apontados como causas centrais da profunda crise econômica, vivida
pelo país desde o início dos anos 1980” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p.148).
O processo histórico do sistema de proteção social brasileiro permite uma reflexão
acerca das características que ainda se encontram presentes e se “[...] confrontam quaisquer
propostas inovadoras para transformá-lo num sistema universal, equitativo e que tenha como
matriz central uma concepção redistributiva e de reconhecimento dos direitos dos cidadãos”
(COHN, 2004, p.162).
Neste contexto, o Brasil parte nesse novo século de uma postura de enfrentamento
com a nova conjuntura econômica e social, em que os gastos na área social são extremamente
restritos, decorrentes da “[...] restrição fiscal imposta ao Estado [...]” tanto dos programas
sociais existentes quanto “[...] da formulação e implementação de políticas sociais, da
racionalidade macroeconômica sobre a da justiça social” (COHN, 2004, p.162).
O modelo de proteção social brasileiro, conforme aponta (COHN, 2004), passa por
sucessivas formulações e reformulações, marcando decisivamente o padrão de intervenção na
área social. Isto ocorre devido a esse modelo fundar-se na “[...] vinculação dos indivíduos ao
mundo do trabalho e, portanto, articuladas ao padrão de reprodução social dado pela
sociedade salarial.” (COHN, 2004, p.162-163). Tanto é que o sistema nacional de proteção
social se constitui como um marco histórico na década de 1930 “[...] instituído por Getúlio
Vargas – tido no imaginário social como ‘pai dos pobres’ – e baseado no tripé da legislação
previdenciária, trabalhista e sindical, regulando assim a relação capital/trabalho exigido pelo
projeto de industrialização então em curso” (COHN, 2004, p.163).
Para a autora, o vínculo com o mundo do trabalho expressa a articulação da política
de Estado de proteção social com o desenvolvimento do país e seu processo de acumulação.
Isso ocorre nos distintos momentos históricos do século passado revelando “[...] um projeto
nacional em que a questão social da pobreza e da desigualdade era absolutamente marginal,
responsabilidade do setor filantrópico ou do próprio Estado, mas sob um outro registro”
(COHN, 2004, p.163). A partir daí, cria-se um perfil de atuação do Estado que conforme
afirma a autora, resulta num padrão de intervenção pública, configurando os investimentos na
área social, não só como gastos, mas como gastos limitados quando o Estado tem que investir
nos setores de saúde, educação e quando tem que destinar ou reservar recursos para outros
segmentos sociais que não se encontram inseridos no mercado de trabalho.
14
No entanto, a configuração de modelo de proteção social deixa a desejar quando se
trata de direitos sociais7 repercutindo no enfraquecimento da formação de uma nova esfera
pública em nossa realidade, como por exemplo, aqueles segmentos que não estão inseridos no
mercado de trabalho, incluindo neste contexto a juventude. O segmento juventude passa então
a ser objeto de políticas caracterizadas pontuais, segmentadas e não constituídas pelo modelo
dos direitos sociais (COHN, 2004). Apesar de se estabelecer uma nova concepção de política
social “[...] não foram essas as orientações que sustentaram a implementação das políticas que
compõem a seguridade social na década de 1990” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 158).
Percebe-se conforme Cohn (2004), que até a atualidade, os gastos na área social são
incompatíveis com o projeto econômico em vigor, no qual o social ainda é submetido ao
econômico. Decorrente disto, no final dos anos 1990, ainda conforme retrata a autora, no
decorrer do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, é constituído um novo modelo,
em que a base contributiva da previdência social se desvincula da inserção do trabalhador ao
mercado de trabalho e passa a valer o tempo de contribuição do trabalhador, independente do
tempo em que esteve trabalhando. O rompimento com a lógica antecedente “[...] representa a
radicalização do império da racionalidade contábil da saúde financeira/orçamentária da
previdência social sobre a racionalidade da proteção social em relação aos trabalhadores
vinculados ao mercado formal de trabalho” (COHN, 2004, p. 164). Behring; Boschetti (2007),
ressaltam que vivemos uma experiência na década de 1990, “[...] e principalmente a partir da
instituição do Plano Real, em 1994, algo bastante diferente desse crescimento mal dividido do
tão criticado desenvolvimentismo” (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 151).
Cabe também ressaltar que o sistema de proteção social brasileiro passa por algumas
vertentes de mudanças. Cohn (2004), destaca que essas mudanças resultam na progressiva
expansão dos direitos sociais “[...] contributivos e não contributivos, a partir dos anos 1970, a
distintos segmentos de trabalhadores (empregadas domésticas, trabalhadores autônomos,
trabalhadores rurais), [...] e mais recentemente se estendeu para idosos e portadores de
deficiência física [...]” (COHN, 2004, p. 164), significando uma maior cobertura dos direitos
sociais a esses novos segmentos; no entanto, essa ampliação não inclui o segmento juventude
e os que se encontram em “situação de risco” (vulneráveis a vários fatores como violência,
exploração sexual, maus tratos, abandono), sendo ressaltado que diferentemente de outros
segmentos estes não se configuram como direitos (COHN, 2004).
7 “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição”. (BRASIL,
1988, p.10).
15
Conforme explicita Faleiros (2000), as mudanças na política social implicam no
sistema de garantia de direitos “[...] Estado, sociedade e economia, modificando-se nos
embates sociais, políticos, culturais e nas crises econômicas, propiciando a emergência e
ampliação de políticas [...], assim como sua redução ou mesmo sua eliminação” (FALEIROS,
2000, p. 44).
As políticas sociais se caracterizam pela superposição de duas dicotomias: uma a “[...]
articulação entre o Estado e o mercado; outra, à articulação entre o Estado e a sociedade”
(COHN, 2004, p. 165). Desta forma, as políticas sociais se configuram numa dimensão
propriamente econômica, “[...] prevalecendo assim a lógica contábil do orçamento fiscal sobre
a lógica social dos direitos sociais [...](COHN, 2004, p. 165-166). A questão da previdência
social8, também se configura nessa mesma lógica conduzindo à “[...] ‘flexibilização’ dos
direitos sociais securitários historicamente conquistados, desvinculando-os da situação dos
indivíduos no mercado de trabalho” (COHN, 2004, p.166).
A questão da articulação entre o Estado e a sociedade apontada por Cohn (2004), há
uma regulação do Estado nos “[...] subsistemas privados da saúde e da educação, o setor
filantrópico, mas também delegada às organizações sociais a assistência social e programas ou
ações complementares às suas próprias políticas” (COHN, 2004, p.166). A partir daí,
decorrem novas dicotomias relacionadas às políticas sociais, “[...] centralização versus
descentralização; público versus privado; universalização versus focalização” (COHN, 2004,
p. 167). Compreender esses elementos significa pensar em um projeto social para o segmento
juventude, não reproduzir “[...] as dissonâncias que vêm marcando as políticas sócias em
nosso país.” (COHN, 2004, p. 167).
Nesse sentido, a equação centralização versus descentralização, assim como as demais
citadas, incide uma falsa divisão quando se fala em execução das políticas sociais, partindo do
entendimento de que qualquer projeto setorial, cada um com suas características, demandam
ações centralizadas e descentralizadas (COHN, 2004). Ao se pensar na formulação de
políticas sociais, as mesmas “[...] não podem ser pensadas como autônomas em face da
orientação macroeconômica [...], não existe, por um lado, política econômica e, por outro,
políticas sociais” (NETTO, 2003, p.23). Considerando que o Brasil abarca características de
desigualdades, heterogeneidade e também pelo fato de o Estado ser “[...] a única instituição
social que possui instrumentos efetivos de redistribuição de riquezas em nossa sociedade,
8 “A previdência social se constitui como parte integrante da seguridade social. A Previdência Social tem por fim
assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade
avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de
quem dependiam economicamente” (CFESS, 2007, p.125).
16
portanto, capaz de formular e implementar políticas de caráter estruturante e não somente
políticas emergenciais conjunturais” (COHN, 2004, p. 167).
A administração das políticas sociais, no seu caráter democrático e descentralizado,
[...] deve garantir gestão compartilhada entre governo, trabalhadores e
prestadores de serviços, de modo que aqueles que financiam e usufruem
direitos (os cidadãos) devem participar das tomadas de decisão. Isso não
significa, por outro lado, que os trabalhadores e empregadores devem
administrar as instituições responsáveis pela seguridade social. Tal
responsabilidade continua sob a égide do Estado (BEHRING; BOSCHETTI,
2007, p. 158).
Quando se discute descentralização no Brasil, parte-se da ideia de que “[...] muitas são
as nossas disparidades regionais e também as diversidades locais” (JOVCHELOVITCH,
1998, p. 35). Ao discutir descentralização, para Jovchelovitch (1998), as diferentes “[...]
facetas que compõem o processo de descentralização e municipalização no Brasil e as
complexidades de que se reveste o tema, torna esta apenas uma primeira abordagem. Some-se
a isso o fato de que é um processo em movimento e, portanto apresenta avanços e recuos”
(JOVCHELOVITCH, 1998, p. 48).
1.2 POLITICAS SOCIAIS PARA A JUVENTUDE: UNIVERSALIZAÇÃO E A
CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SITEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL
Ao falar em políticas sociais compreende-se que, a mesma, venha garantir o acesso às
condições de vida, à garantia de direitos e de trabalho aos cidadãos. Quando se trata de
políticas para a juventude, se efetivada, abrange a um quinto da população brasileira, ou seja,
34 milhões de jovens cidadãos (COHN, 2004).
Entretanto, considerando a amplitude que toma o segmento juventude, deve-se ter o
entendimento da importância da articulação entre universalização e focalização. Para se
compreender estas especificidades da política, infere-se que o processo que caracteriza esse
entendimento ocorre devido
[...] o modelo de proteção social que se moldou ao longo do século XX, que,
igual ao moldado nos países europeus, pautava-se na sociedade do trabalho –
enquanto tal, defendia seus parâmetros de regulação da concessão de direitos
não só pela capacidade contributiva dos assalariados, criando assim padrões
de solidariedade social, mas também pela trajetória etária da vida dos
indivíduos segurados pautados pelo mercado de trabalho (COHN, 2004, p.
168).
17
A característica de modelo de proteção social brasileiro faz com que as políticas sociais
se tornem frágeis, quando o “[...] segmento etário/social ‘em transição’ da infância para a
idade adulta (trabalhador), não encontra lugar no nosso sistema de proteção social, já que sua
matriz estrutural era exatamente o trabalhador assalariado do mercado formal de trabalho”
(COHN, 2004, p. 168). Isso se dá pelo fato de as políticas sociais serem concebidas pelas
políticas econômicas, sendo priorizados os investimentos econômicos, há, não obstante,
desvantagens para os investimentos sociais, como também pelo fato de questões como a
pobreza serem superáveis se a economia brasileira estiver numa fase de bom desempenho,
[...] as políticas sociais não só não enfrentavam a questão geracional – qual
prioridade dar para os gastos sociais, para os jovens ou para os velhos –
como os jovens, desde que inseridos no mercado formal de trabalho,
contavam com o sistema de solidariedade social da previdência social, que
se dava exatamente entre as gerações (ativos/inativos) (COHN, 2004, p.
169).
Entretanto, as particularidades das políticas ainda permanecem na atualidade, os gastos
sociais continuam a ser incompatíveis com o projeto econômico em vigor, ou seja, pensa-se
em gastos sociais e não em investimentos sociais. Assim, novos desafios surgem quando se
fala em políticas para juventude, no sentido de que se construa uma nova proposta de política,
que venha trabalhar a universalização e a focalização articuladamente, “[...] pautadas pelas
premissas dos direitos sociais, construindo-se um sistema de proteção social não mais pautado
pelo trabalho como mecanismo central de inserção social [...], que lhes garantam fontes de
renda de maneira sustentável [...]” (COHN, 2004, p. 170), há também o desafio de:
[...] romper com dois aspectos das orientações que têm marcado as ações
federais nos últimos anos: o primeiro diz respeito à total ausência dos jovens
nas formulações das políticas; o segundo incide sobre a capacidade do
governo federal de fomentar uma concepção abrangente dos jovens como
sujeitos de direitos, de modo a desconstruir arraigadas formulações que
reiteram o tema do controle dos jovens e de sua identificação como
problemas sociais (SPOSITO, 2008, p. 72).
Contudo, um novo pensar sobre as políticas sociais para a juventude, na perspectiva de
universalidade, é de suma importância, uma vez que o mercado de trabalho não é a única
possibilidade de sua inserção social (COHN, 2004). “A ausência de atores coletivos
articulados ou de redes, em nível nacional, [...], envolvendo não só os jovens como também
outras presenças, dentre elas pesquisadores da universidade e organizações da sociedade
civil” (SPOSITO, 2008, p. 72-73), mostram um logo caminho e uma longa conquista em torno
18
de formulações e conformidade de opiniões sobre as formulações das políticas sociais.
“Advoga-se a importância de nexos entre diferentes movimentos sociais por identidades e
combinações de referências na consideração de políticas de identidade ampliada e de ações
afirmativas” (CASTRO, 2004, p. 276).
Alternativas para a inclusão social da juventude “[...] são pouco conhecidas e
reconhecidas diante da multiplicidade e da riqueza de iniciativas relativas às estratégias de
sobrevivência que vêm emergindo, dificilmente capturadas pelo Estado e traduzidas em ações
públicas que promovam sua potencialidade” (COHN, 2004, p. 171), tendo como o primeiro
passo a ser conquistado a compreensão de qual é o espaço da juventude, na sociedade atual,
[...] sem desconhecer os estreitos limites impostos hoje pelos
constrangimentos de ordem macroeconômica, é exatamente reconhecer as
identidades dos diferentes sujeitos sociais presentes na sociedade,
resgatando-se sua autonomia ante o já instituído por meio de políticas
publicas criativas e inovadoras pautadas pelo paradigma dos direitos de
cidadania (COHN, 2004, p. 172).
Logo, políticas para o segmento juventude apresentam especificidades que devem
caminhar sob a perspectiva da universalidade dos direitos sociais, justo porque se trata “[...]
do ciclo social de vida dos indivíduos [...]” (COHN, 2004, p. 172), e conforme Castro (2004),
“[...] o desenho de um enfoque ‘geracional/juvenil’ apenas se esboça, e pede mais
investimento teórico-político e leitura mais reflexiva a partir da base de pesquisas sobre essa
população, base que vem se ampliando nos últimos anos, no Brasil” (CASTRO, 2004, p. 276).
Dentro dessa reflexão,
A superação estaria em situar as políticas no marco definido entre os
Direitos Humanos, o Estado de Direito e a Democracia. Entretanto, na
prática, isso não é possível até transcender não tanto o esquema do até hoje e
que aponta simplesmente para as reformas dos sistemas de distribuição e
redistribuição da renda, mas sim indo contra a lei desse “até hoje”, que não é
nada mais do que a imposição, transformada uma e outra vez para atualizar
sua vigência da lei do valor (ABAD, 2008, p. 22-23).
Portanto, deve-se estabelecer a compreensão e o reconhecimento da “[...] ação
autovalorizadora da juventude como sujeito em emancipação e libertador” (ABAD, 2008,
p.23), construindo um novo perfil de intervenção do Estado na área social, a partir de políticas
que insiram os segmentos sociais que se encontram excluídos na sociedade (COHN, 2004, p.
173).
19
Outro ponto fundamental que merece destaque para se promover a inclusão social da
juventude como forma de reconstruir a ação do Estado mediante as políticas sociais, diz
respeito ao enfrentamento da “questão social” 9, não por meio de suas consequências inerentes
ao mercado, mas justamente pelo seu início, “[...] sua gênese está na maneira com que os
homens se organizaram para produzir num determinado momento histórico, [...] constituição
das relações sociais capitalistas – e que tem continuidade na esfera da reprodução
social”(BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 52).
Dadas estas características a cerca da “questão social” e suas expressões, conforme
Cohn (2004), demanda uma ação de busca intensificada das características e reconhecimento
dos sujeitos sociais, a partir da compreensão das desigualdades sociais e a gênese das
expressões da questão social, para que a partir dessa busca que caracteriza a sociedade
capitalista, reconheça-se “[...] a diferenciação da ordem social contemporânea e da expressão
dos conflitos sociais em jogo, se amplie o espaço público” (COHN, 2004, p.174), não
bastando racionalizar as políticas sociais, mais enfrentás-la para que seja feita um novo
desenho das políticas, “[...] de redefinir sua qualidade na relação Estado/sociedade, tornando-
as artífices de uma nova relação entre ambos que fortaleça a esfera pública, democratize o
Estado e permita o exercício autônomo da cidadania” (COHN, 2004, p.174).
Para que aconteça essa reformulação, é fundamental a implementação de mecanismos
criativos de controle público, como forma de instrumento valioso para a emancipação dos
indivíduos diante do Estado. A participação da sociedade promove a transparência e torna
visíveis as ações do governo frente às políticas sociais para que, de fato, haja a concretização
de direitos (BEHRING; BOSCHETTI, 2007).
A participação social, traz o desafio de “[...] que se constituam espaços de construção
de uma rede de proteção que tenha como matriz central a concepção dos direitos sociais,
abrangendo pobres e ricos, crianças, jovens, adultos e velhos, homens e mulheres, negros,
brancos e índios” (COHN, 2004, p.176), sem que haja a exclusão de um e outro, uma vez que
as tornam iguais é a condição de cidadãos10
como objetos das políticas sociais, independente
9 “A compreensão em torno da ‘questão social’ considerando‑a também em suas dimensões histórico‑concretas
[...] implica ultrapassar o nível universal do debate, referido ao modo de produção e suas categorias centrais
(capital e trabalho), e apanhar as mediações próprias da formação social. Ou seja, para explicar a ‘questão social’
no Brasil, não basta identificar as categorias centrais ao modo de produção capitalista — a relação antagônica
entre capital e trabalho, por exemplo — que compõem o nível da universalidade. Há que acrescentar a esse nível
a singularidade dos componentes dessa sociedade enquanto formação social concreta, para que se tenha
condições de dimensionar suas particularidades como mediações centrais das expressões da ‘questão
social”(SANTOS, 2012, p. 433 ). 10
De acordo com Bredariol; Vieira (1998), “A cidadania seria composta dos direitos civis e políticos [...] e dos
direitos sociais[...]. Os direitos civis [...] correspondem aos direitos individuais de liberdade, igualdade,
20
da sua posição no mercado. Conforme Bredariol; Vieira (1998), essa concepção implica um novo
entendimento de cidadania,
[...] onde é necessária uma maior igualdade nas relações sociais, novas
regras de convivência social e um novo sentido de responsabilidade pública,
onde os cidadãos são reconhecidos como sujeitos de interesses válidos, de
aspirações pertinentes e direitos legítimos. Esse conceito de cidadania
enterra o autoritarismo social e organiza um projeto democrático de
transformação social, que afirma um anexo constitutivo entre as dimensões
da cultura e da política. [...] estas serão as responsáveis pelas transformações
das prática sociais, pelo aprendizado social e pela construção de novas
formas de relação, que incluem não somente a criação de sujeitos sociais
ativos, mas também a integração das classes privilegiadas com os novos
cidadãos (BREDARIOL; VIEIRA ,1998, p.30)
Os indivíduos vivem num processo permanente de construção social, sua identidade é
resultado dos valores adquiridos, construídos nas relações com outros sujeitos, da participação
ativa na sociedade. Os indivíduos, como atores sociais, passam a participar da tomadas de
decisões, seja no seu bairro, no município ou no Estado, a sua vivência dá um sentido ao
segmento social em que estão inseridos, fazendo com que se tornem protagonistas de sua
história, de sua vida e passem a ter uma consciência mais crítica da realidade, dando sentido e
valor também às novas propostas de políticas sociais e espaços democráticos para desenvolver
e efetivar o protagonismo.
1.2.1 Constituição da Política Nacional de Juventude
Ao longo do período de Ditadura Militar, que perdurou por 20 (vinte) anos entre
meados de 1960 a 1980, o Brasil a partir da década de 1980, sofre um avanço no campo das
políticas, passando por um processo de democratização e politização da sociedade. Esse
marco na história brasileira ocorreu devido às conquistas por meio das lutas sociais populares
e suas estratégias de organização (SILVA, 2005). De acordo com Bidarra; Oliveira (2008),
dentre as conquistas democráticas sociais, destacam-se os setores da sociedade civil ligados à
realidade vivenciada por crianças e adolescentes, cujas instituições acolhiam e trabalhavam
propriedade, de ir e vir, direito à vida, segurança, etc. [...] já os direitos políticos [...] dizem respeito à liberdade
de associação e reunião, de organização política e sindical, à participação política e eleitoral, ao sufrágio
universal, etc. São também chamados direitos individuais exercidos coletivamente [...]” (BREDARIOL;
VIEIRA, 1998, p.22).
21
com essas crianças e adolescentes denominados de menor11
e amparados pelo Código de
Menores.
Estes movimentos organizados [...] tiveram participação direta na elaboração da
constituição Federal de 1988. Além dos princípios democráticos gerais, a Carta Magna traz,
em seu artigo 227, um princípio essencial que diz respeito aos direitos de crianças e
adolescentes [...]. (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 163), como uma conquista no campo da
garantia de direitos fundamentais:
Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança
e ao adolescente com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, p. 62).
Este foi o ponto de partida para a criação de um estatuto que de fato amparasse os
direitos da criança e do adolescente e que superasse o então Código de Menores12
,
[...] representava os ideais dos militares que estavam em crise. Não
correspondia aos interesses das forças políticas e da sociedade civil e nem
representava os interesses das crianças e dos adolescentes, os quais
permaneciam confinados nas instituições totais e submetidos ao poder
discriminatório do juiz de menores (SILVA, 2005, p.32).
Partindo da premissa de se pensar uma nova forma de abordar os interesses das
crianças e dos adolescentes, “[...] a Convenção sobre os Direitos da Criança em 1989, deu
início a novas discussões e mobilizações no país, que culminaram com a promulgação da Lei
federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”
(BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 164).
Ainda, conforme as autoras, essa legislação exigiu a concretização de uma nova
trajetória ao abordar o segmento criança e adolescente. “[...] revogou o Código de Menores de
1979, extinguiu o conceito de ‘menores em situação irregular’, e comprometeu-se com a
perspectiva da ‘doutrina da proteção integral’” (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 164). A
proteção integral constitui-se como prioridade absoluta e responsabilidade de toda a
11
“O termo ‘menor’ aqui usado se justifica conforme a legislação e a literatura da época, pois somente após a
promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, é que passa a existir a definição, em lei, das
terminologias ‘criança’ e ‘adolescente’” (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008, p. 159 rodapé). 12
O Código de menores foi a Lei que antecedeu ao Estatuto da Criança e do Adolescente .Ver Bidarra; Oliveira
(2008) .
22
sociedade, a família, a comunidade e o poder público torná-la efetiva, atuando de forma
conjunta (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008).
A conquista de um estatuto que garanta os direitos da criança e do adolescente é um
processo de resultados em que, pode-se observar:
A história das políticas e da infância [...] é vista na dinâmica própria das
relações entre agentes e forças sociais e políticas que se aglutinaram e
confrontaram em diferentes momentos históricos a partir da promulgação da
República. Trata-se na realidade, de um processo contraditório complexo,
que não pode ser reduzido a uma linearidade ou evolução. Destaca-se mais
propriamente um embate de questões que vão se configurando de acordo ao
contexto econômico às ideias e teorias em movimento, às forças políticas em
presença, à forma de Estado em vigor. (FALEIROS, 2011, p. 85-86).
Surge, neste contexto, um novo olhar sobre o segmento infanto-juvenil. A partir da
década de 1990, este segmento passa a considerá-los como sujeitos de direitos fundamentais,
e como descreve Silva (2005), “[...] não podemos considerar o ECA produto de um
movimento nacional uniforme e convergente, oriundo tão somente dos anseios das lutas
sociais, mas também como resultado de diferentes interesses políticos, jurídicos e sociais”
(SILVA, 2005, p. 41). Consideram-se como conquistas de um processo histórico de lutas de
diversos movimentos pela garantia dos direitos infanto-juvenil.
No entanto, como descrito por Iamamoto (2008), há de se destacar que a sociedade
brasileira - em específico o segmento infanto-juvenil - sofreu e vem sofrendo um agravamento
frente às desigualdades expressas na sociedade capitalista, que por sua vez influenciam no
processo de desenvolvimento do país, “[...] carrega a história de sua formação social,
imprimindo um caráter peculiar à organização da produção, às relações entre o Estado e a
sociedade, atingindo a formação do universo político-cultural das classes, grupos e indivíduos
sociais (IAMAMOTO, 2008, p. 128).
O Brasil, em sua formação social, traz particularidades que em seu desenvolvimento
econômico e social se coloca entre a expansão das forças produtivas e as relações sociais na
formação capitalista; logo, isso faz com que se amplie a riqueza e junto as desigualdades
sociais e o consequente aumento da pobreza, deixando à margem da sociedade a maioria dos
segmentos que compõe a sociedade, no que diz respeito ao direito de usufruir as conquistas do
trabalho que se direciona aos direitos políticos, civis, sociais e econômicos como também
culturais, artísticos e jurídicos (IAMAMOTO, 2008).
As desigualdades sociais que afetam as crianças e os adolescentes, como uma das
expressões da “questão social”, vêm diminuindo quando o ECA passa a assegurar os direitos
23
fundamentais desse segmento, que por sua vez estiveram intrinsecamente atrelados ao
processo de construção dos direitos humanos (BIDARRA; OLIVEIRA, 2008).
Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA (2009), no que se refere
ao segmento juventude, a promulgação do ECA, em 1990, além de viabilizar direitos às
crianças e aos adolescentes, também foi um marco importante para a “[...] questão juvenil,
mesmo reconhecendo que seus avanços se aplicaram apenas aos jovens até a faixa etária de 18
anos incompletos” (IPEA, 2009, p.48). Nesse período, o tema juventude tinha pouca
relevância devido às mobilizações estarem centradas na garantia dos direitos de crianças e
adolescentes, incluindo recentemente os jovens na agenda política, tanto no Brasil quanto a
nível mundial (IPEA, 2009).
A juventude passou a ser incluída nas políticas sociais “[...] de forma mais
consistente, por motivos emergenciais, já que os jovens são os mais atingidos pelas
transformações no mundo do trabalho e pelas distintas formas de violência física e simbólica
que caracterizam o século XXI” (BRASIL, 2006a, p.6). É na década de 1990, que o tema
juventude ganhou maior relevância, “[...] a partir dos esforços de pesquisadores, organismos
internacionais, movimentos juvenis e gestores municipais que enfatizavam a singularidade da
experiência social desta geração de jovens” (BRASIL, 2006a, p.6).
Os debates públicos frente o ECA deram visibilidade aos direitos da criança e do
adolescente, contudo, o segmento juventude,
[...] com idade superior a 18 anos eram atendidos por políticas voltadas para
a população em geral e as políticas públicas de juventude eram marcadas por
uma abordagem emergencial, cujo foco era o jovem em situação de risco
social. Ainda que esta perspectiva seja importante, ela é insuficiente, pois é
preciso considerar as heterogeneidades da juventude. O universo juvenil é
complexo, compreende múltiplas singularidades que precisam ser levadas
em consideração na elaboração e implementação de políticas públicas
(BRASIL, 2006a, p.6).
É fundamental que se compreendam as particularidades deste segmento de sociedade
para formular uma política voltada aos direitos fundamentais dos jovens, garantida, inclusive
pela Lei. Contudo, a juventude como uma demanda política e tema das políticas sociais “[...]
somente irá emergir depois do processo de redemocratização corporificado no processo da
constituinte” (IPEA, 2009, p. 49). Vale ressaltar que, embora separados do processo como
tema, várias organizações juvenis participaram ativamente na luta pela democratização e da
construção de pautas no interior de vários movimentos sociais. (IPEA, 2009). Essas
24
iniciativas “[...] pressionavam o poder público a reconhecer os problemas específicos que os
afetavam e a formular políticas que contemplassem ações para além daquelas que apenas
viam os jovens como sinônimos de problema” (IPEA, 2009, p. 48).
Começa assim, surgir o entendimento de que os jovens são sujeitos de direitos,
especificidades e necessidades, rompendo com a definição de serem caracterizados como
incompletudes ou desvios. E esse novo entendimento deve ser reconhecido no espaço público
como demandas legítimas de um segmento de sociedade (IPEA, 2009).
Deve-se considerar, sobretudo, a importância de se ter uma política direcionada à
juventude como uma demanda específica e não mais como a população em geral, percebendo
os anseios e as perspectivas que a caracterizam. A juventude é uma condição social,
parametrizada por uma faixa-etária. Entretanto, a classificação etária se emprega apenas como
um parâmetro social para o reconhecimento político da fase juvenil, servindo como uma
referência imprescindível e genérica para a elaboração de políticas sociais (BRASIL, 2006a).
Com o propósito de trabalhar a temática juventude, fomenta-se a elaboração de
políticas fundamentadas nos princípios da garantia de direitos sociais; em 2004, iniciam-se no
Brasil iniciativas para criar uma política específica aos jovens, a partir de
[...] um amplo processo de diálogo entre governo e movimentos sociais
sobre a necessidade de se instaurar uma política de juventude no país. O
desafio era o de pensar políticas que, por um lado, visassem à garantia de
cobertura em relação às diversas situações de vulnerabilidade e risco social
apresentadas para os jovens e, por outro, buscassem oferecer oportunidades
de experimentação e inserção social múltiplas, que favorecessem a
integração dos jovens nas várias ESFERAS sociais (IPEA, 2009, p. 49)
Este processo de diálogo para a criação de uma Política para a juventude concedeu
repercussão nacional à temática juventude, sendo que, várias iniciativas foram tomadas
contribuindo para que em fevereiro de 2005, criasse uma estrutura institucional federal para a
implementação de uma Política Nacional de Juventude, formada pela Secretaria Nacional de
Juventude – SNJ e o Conselho Nacional de Juventude – Conjuve; e em 2006, é então
elaborado um diagnóstico13
da condição juvenil no Brasil e, a partir, daí cria-se a Política
Nacional de Juventude (IPEA, 2009).
13
“Na etapa do diagnóstico e da elaboração da proposta da Política Nacional de Juventude, o Grupo
Interministerial, formado por representantes de 19 ministérios, incluindo representantes do Ipea e das secretarias
especiais, realizou mapeamento dos programas federais existentes e que eram voltados direta ou indiretamente
para este segmento da juventude. Foram identificadas nada menos do que 135 ações federais, que estavam
vinculadas em 45 programas e eram implementadas por 18 ministérios ou secretarias de estado. Deste total de
ações, apenas 19 eram específicas para o público jovem do grupo etário de 15 a 24 anos. As outras 112 ações,
ainda que incidissem sobre os jovens, não se voltavam exclusivamente a este público. A partir deste trabalho, o
25
O SNJ e o Conjuve como órgãos representativos constituem-se “[...] com o objetivo de
articular os programas federais de juventude existentes em diversos órgãos do governo federal
e o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), órgão de articulação entre o governo e a
sociedade civil, consultivo e propositivo” (IPEA, 2009, p. 50).
O Conjuve intenciona assegurar e representar politicamente o segmento juventude por
meio do diálogo “[...] entre a sociedade civil, o governo e a juventude brasileira [os quais]
desenvolvem programas e ações voltados para a juventude, e representantes do Fórum de
Gestores Estaduais e da Frente Parlamentar de Políticas Públicas de Juventude e das entidades
municipalistas” (BRASIL, 2006b, p. 9). Este, juntamente com a Conferência Nacional de
Juventude, torna-se “[...] um espaço de realização do controle social da Política Nacional de
Juventude e de todas as ações vinculadas a ela” (BRASIL, 2006b, p. 9).
A efetividade do Conjuve frente à juventude brasileira, vem dar representatividade a
esse segmento de sociedade. A Política Nacional de Juventude, apesar de recente, é o
resultado de lutas e conquistas da juventude, no que se refere à garantia de direitos ,
respeitando a diversidade que caracteriza este segmento e sua identidade. Neste sentido,
espaços de discussões sobre esta temática se constituem nas mais diferentes áreas como forma
de proporcionar a participação dos jovens nas decisões políticas e, além disso, fomentar o
protagonismo juvenil.
1.3 A JUVENTUDE COMO PROTAGONISTA NAS DECISÕES COLETIVAS
Atualmente, a juventude, em grande proporção, é alvo de discussões das políticas
sociais, no sentido de incluir a juventude, dando-lhe uma atenção diferenciada e renovadora.
Efetivar a inclusão dos jovens nas políticas, implica a compreensão da diversidade que
caracteriza os jovens, concretizando democraticamente sua participação14
na tomada de
decisões e na elaboração e definições de políticas sociais, significando, a partir de uma nova
compreensão,
grupo identificou a frágil institucionalidade, fragmentação e superposição das políticas federais de juventude,
sugerindo a urgente necessidade de criação de uma instância de coordenação e de articulação, que tivesse, entre
outras atribuições, a de combater o paralelismo e a fragmentação das ações federais dirigidas ao público jovem”
(IPEA, 2009, p. 50). 14
Conforme Jacobi (2005), “[...] a participação deve ser entendida como um processo continuado de
democratização da vida dos cidadãos, cujos objetivos são: 1) promover iniciativas a partir de programas e
campanhas especiais visando o desenvolvimento de objetivos de interesse coletivo; 2) reforçar o tecido
associativo e ampliar a capacidade técnica e administrativa das associações e 3) desenvolver a participação na
definição de programas e projetos de interesse coletivo, nas suas diversas possibilidades” (JACOBI, 2005, p.
232).
26
[...] não só questionar o Estado para captar o novo, não mais como o “futuro
já previsto da sociedade salarial”, mas a capacidade de técnicos, políticos e
especialistas das mais diferentes áreas captarem o que são essas juventudes
hoje, esses novos sujeitos sociais que não encontram mais no Estado e na
ordem estabelecida a alteridade que permite a construção de sua identidade
social, seja em termos políticos, seja em termos sociais e culturais
(FORACCHINE apud COHN, 2004, p.178).
Cabe ao Estado compreender e reconhecer as características que formam o segmento
juventude, por meio de propostas com o objetivo de “[...] fazer com que as políticas [...]
estejam sintonizadas com a realidade, com a dimensão da diversidade de gênero, etária, racial,
em relação às deficiências e a tudo aquilo que constitui as questões da diferença e da
diversidade” (PONTUAL, 2008, p.113-114). Os jovens por serem um segmento em
desenvolvimento “[...] têm direito ao tratamento diferencial para que possam melhor equacionar
educação/ lazer-esporte / formar-se/ iniciação sexual sem reprodução de estereótipos/ exercer um
pensamento/ ação crítico-criativa que colabore em avanços civilizatórios [...]” (CASTRO, 2004, p.
280).
Esse olhar diferenciado para o segmento juventude legitima “[...] suas demandas e
necessidades, vale dizer, sua legitimidade enquanto sujeitos sociais que vivem experiências
ainda não institucionalizadas pelo Estado” (COHN, 2004, p.177). Deve-se proporcionar à
juventude o diálogo e a participação na tomada de decisões no campo das políticas sociais,
evidenciando seu protagonismo e sua autonomia como sujeitos e atores na sociedade, assim,
Não se pode mais imaginar políticas públicas suficientes e eficazes se elas
não incorporarem os atores diretamente interessados. Essa incorporação
pode envolver momentos de consultas e de escuta, mas elas têm que chegar
ao momento da deliberação. É muito fácil falar em participação, em
discussão, mas o grande desafio é criar espaços específicos, deliberativos
para as pessoas que estão envolvidas na construção dessas esferas de
políticas públicas (PONTUAL, 2003, p.114).
De sobremaneira, esses espaços deliberativos proporcionam a participação social da
juventude, tornando-se um salto na conquista dos direitos. Conforme disposto na política de
juventude, “É preciso que a sociedade e o Estado sejam receptivos às possibilidades e
oportunidades de participação juvenil, não só por motivos de ampliação da democracia, mas
também pela importância da vivência política nos processos de desenvolvimento pessoal dos
jovens” (BRASIL, 2006, p. 37). Todavia, o jovem não deve ser chamado apenas a “[...]
homologar as decisões previamente tomadas pelos governos. Esses, porém, devem promover
o direito de todos à participação” (BRASIL, 2006a, p. 38).
27
Quando pensamos em diálogo e participação é preciso distinguir a necessidade de
organização do segmento juventude na sociedade civil. Os jovens organizados efetivam
autonomia na sociedade. “Por outro lado, esta se complementa com a criação do que se chama
de espaços e canais institucionais de participação em que a juventude está presente”
(PONTUAL, 2003, p.115). De acordo com Pontual (2003), esses canais representativos
devem manter o diálogo com o poder público e compreender qual o seu papel e a diferença
entre organização autônoma da sociedade civil. É importante reconhecer as necessidades
apresentadas pelos espaços autônomos, como também reconhecer as necessidades dos canais
institucionais específicos como o segmento juventude. As demandas apresentadas pela
juventude,
[...] são parte do conjunto das demandas da sociedade, que envolvem outros
segmentos e outros atores. O que é necessário é criar espaços específicos
que, ao mesmo tempo, não se tornem espaços corporativos, nesse caso de
esquecer o conjunto da sociedade. Este é, principalmente, um desafio de
ordem política, cultural, pedagógica, que é a afirmação de um segmento
específico. No caso da juventude, sua afirmação e constituição de identidade
precisa ter interlocução com o outro (PONTUAL, 2003, p.116).
É importante que ao instituir as políticas sociais, sejam reconhecidas as diversidades
que caracterizam os jovens e que se levem em conta ao criar programas e ações, essa
diversidade. “Existem jovens negros, mulheres, homens, portadores de deficiência, jovens
com diferenças econômicas, de acesso diferenciado de direitos” (PONTUAL, 2003, p.116).
Há a necessidade de “[...] transformar a temática da juventude num tema transversal às
políticas sociais, ao mesmo tempo em que ela requer [...] uma abordagem matricial”
(PONTUAL, 2003, p.116). Essa abordagem requer que a juventude seja integrada aos
programas de saúde, educação, esporte, meio ambiente; mas de forma que não sejam
fragmentados e separados estes fatores. Logo, integrar o jovem implica em reconhecer todo o
território onde ele se encontra e, no conjunto de ações das várias políticas públicas
(PONTUAL 2003), sendo estas “[...] uma questão fundamental para o diálogo, para que ele não
fique muito fragmentado, tanto do ponto de vista da juventude, que corre de secretaria em secretaria
para poder obter um espaço, como do ponto de vista do poder público” (PONTUAL, 2003, p.116).
Conforme Castro (2004), os espaços institucionais que promovem a participação da
juventude,
[...] ao tentar diálogo com os demais ministérios, tais secretarias estão indo
além da clássica transversalidade, o que, diga-se de passagem, na arena
28
político-institucional, exige força política – força que, em termos
orçamentários, elas não têm, mas que se configura pelo lugar administrativo
especial, diretamente vinculado à presidência. Tais secretarias têm como
força original sua base em movimentos sociais, ou seja, a transversalidade se
exerce no plano horizontal, no governo, e vertical, entre a sociedade civil e a
sociedade política (CASTRO, 2004, p. 282).
A sociedade civil tem o compromisso de praticar e contribuir para que se concretizem
as ações e implementação de políticas, instigando a participação da juventude nesse processo.
É preciso proporcionar a formação dos atores sociais. Cabem às organizações não
governamentais, às organizações da juventude e ao poder público formar e informar a
sociedade como um todo. “Não vale criar um canal de participação só para dizer que ele
existe e não capacitar os atores para terem a possibilidade efetiva de propor e decidir juntos”
(PONTUAL, 2003, p. 117). Neste sentido, vale reforçar a importância de trabalhar diferentes
linguagens quando se trata de participação e diálogo envolvendo o segmento juventude,
rompendo com a ideia de que,
[...] prevaleceu em décadas passadas – felizmente se está superando isso – de
que o espaço de diálogo e participação tem que ser um espaço discursivo
‘sério’, ou como dizia, ironicamente, o mestre Paulo Freire, ‘sisudo’, aonde
se vai, se volta, se delibera. É preciso propositadamente, arrebentar essa
concepção de espaço de participação quando se quer ter a juventude nele – e
isso não vale só para a juventude, obviamente. No caso da juventude é
fundamental abrir muitas formas possíveis de linguagem e de expressão
(PONTUAL, 2003, p. 118).
A participação da juventude nesses espaços deve ser algo que satisfaça os jovens, que
seja prazeroso participar e que desperte o interesse. Conforme a Política Nacional de
Juventude, partindo dessa “[...] realidade, o poder público deve ser criativo no
desenvolvimento de metodologias e oportunidades que ampliem as condições de participação
de um conjunto cada vez maior de jovens, assegurando a pluralidade de manifestação da
juventude.” (BRASIL, 2006a, p. 37). Como exemplo de espaços enquanto instrumento para a
participação cidadã dos jovens tem-se os voltados para a questão ambiental, que articula o
tema meio ambiente e juventude e vem tomando uma proporção significativa ao instituir
diálogos e mecanismos para que se garanta a participação dos jovens, reforce sua identidade e
se estabeleça a fundamental importância desse segmento na sociedade.
1.3.1 A Política Nacional de Juventude e Ações Voltadas à Proteção do Meio Ambiente:
Desafios dos Programas Governamentais.
29
No Brasil, a preocupação com o meio ambiente15
tem se integrado cada vez mais
como forma de debates e ações aos diversos segmentos da sociedade. Conforme exposto no
Caderno de Debate Agenda 21e sustentabilidade16
, desenvolvida pelo Ministério do Meio
Ambiente, a extrema diversidade e as características específicas de ser e estar da juventude
estabelece ao Governo Federal o desafio de criar políticas ao mesmo tempo universais e
específicas, que correspondam às necessidades básicas desta população, sem desconsiderar
suas características rurais, urbanas, de classe, gênero, etnia, entre outras características que
identificam a juventude (BRASIL, 2012a).
Para tanto, a evolução das políticas sociais direcionadas à juventude na última década,
institui uma série de programas articulados que buscam contemplar esta geração. Na área
ambiental, esta diretriz deu origem a ações que unem a formação de lideranças
socioambientais17
juvenis e o apoio às iniciativas locais destes jovens na temática ambiental
(BRASIL, 2012a).
A garantia dos direitos dos jovens é preconizada pela Constituição Federal em seu
artigo 225, quando afirma: “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras
gerações” (BRASIL,1988, p.61).
É fundamental que os jovens como protagonistas na sociedade reflitam sobre o mundo
em que vivem e desejam viver futuramente. Para isso, podem e devem ocupar os espaços de
proposição de melhorias nas políticas sociais já existentes ou que venham a ser criadas,
colocando em prática suas potencialidades.
As discussões relacionadas ao meio ambiente começam a ser compreendidas pela
juventude como sendo um espaço significativo para sua inserção nos debates públicos
relacionados à temática ambiental, conforme disposto na Política Nacional de Juventude. Os
jovens se inserem num senário complexo, cujo entendimento da problemática ambiental “[...]
necessita de análises mais integradas”. Não se trata apenas de um problema de controle de
15
“Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (BRASIL, 1981). 16
Conforme Dias (2004) “A agenda 21, é um plano de ação para o século XXI, visando à sustentabilidade da
vida na terra. É uma estratégia de sobrevivência. Nos seus quarenta capítulos tratam de: dimensões econômicas e
sociais; conservação e manejo de recursos naturais; fortalecimento da comunidade; meios de implementação”
(DIAS, 2004, p. 522). 17
“De acordo com a Política Nacional de Juventude, “Sociedade e meio ambiente são indissociáveis.
Dependemos do ambiente e o transformamos em toda e qualquer atividade biológica, produtiva ou econômica,
por isto utilizamos o termo socioambiental” (BRASIL, 2006a, p. 60).
30
poluição, por exemplo, mas sim de questões sociais, culturais, éticas e políticas. Não é mais
possível abordar a temática sem relacioná-la ao modelo de sociedade, de civilização e de
desenvolvimento (BRASIL, 2006a, p.5).
É de fundamental importância o trabalho conjunto e as parcerias realizadas entre
organizações juvenis e as instituições que trabalham a temática ambiental, oportunizando a
prática dos princípios da Política de Juventude, como um instrumento efetivo de oportunizar o
protagonismo juvenil e a promoção dos direitos dos jovens.
Assim, faz-se necessária a articulação entre a Política Nacional de Juventude e a
Política Nacional do Meio Ambiente compreendendo a relação entre ambas, tendo-se a
mesma preocupação com o meio ambiente saudável, influenciando na qualidade de vida da
população em todos os seus segmentos, como preconizado na Política Nacional do Meio
Ambiente em seu Artigo 2º, tendo o objetivo de “[...] preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981).
Estes princípios são considerados um desafio a serem garantidos a toda população,
pensando na complexidade e na importância desta política. Neste sentido, identificam-se no
contexto brasileiro, iniciativas de ações para envolver os jovens em discussões da realidade
social e ambiental. O texto Guia de Políticas Públicas de Juventude, apresenta vinte
projetos/programas federais direcionados à juventude, em diversas áreas e envolvimentos
sociais. São apresentados programas e projetos de contra turno escolar, apoio e incentivo aos
esportes, alfabetização, profissionalizantes, ambientais, inclusivos e educacionais. (BRASIL,
2006b).
A exemplo de programas e projetos ligados à temática ambiental que promova o
protagonismo juvenil, a garantia de direitos e a ampliação de políticas voltadas para a
juventude, tem-se o programa do governo federal “Juventude e Meio Ambiente”, Criado em
2005, “[...] o programa tem por objetivo formar lideranças juvenis para atuar em atividades
voltadas para o meio ambiente, [...] foram criados, em todos os estados brasileiros, os
Conselhos Jovens de Meio Ambiente, compostos por lideranças de diversos movimentos e
organizações”. (BRASIL, 2010 s/p).
Ações como a tomada de decisões e a criação de novas lideranças, vêm sendo
desenvolvidas em muitos países e no Brasil, tanto a nível nacional quanto municipal,
conciliando os fatores econômicos, sociais e ambientais nos planos políticos, “[...] postulando
a necessidade de fundar novos modos de produção e estilos de vida nas condições e
31
potencialidades ecológicas de cada região, assim como na diversidade étnica e na
autoconfiança das populações para a gestão participativa dos recursos” (LEFF, 2001, p.17).
Neste sentido, emerge a necessidade da criação de conselhos municipais para a
juventude, como os já criados Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CMDCA. Deve-se considerar que um processo gradual está sendo criado pelos
jovens para que se atendam as suas necessidades e demandas, sobretudo, se reivindiquem
seus direitos enquanto cidadãos e um segmento social.
Ações descentralizadas das políticas públicas são fundamentais para a efetividade das
políticas no âmbito municipal. A exemplo destaca-se a 1ª Conferência Municipal de Políticas
Públicas para a juventude, convocada pelo Decreto Municipal nº604 de 07 de janeiro de 2008,
consolidando os espaços democráticos ao segmento juventude no município de Toledo Paraná
(TOLEDO, 2008). Diante disso, os jovens passam a ter representatividade, proporcionando a
promoção e a proposição de ações voltadas à juventude com o intuito de promover o
desenvolvimento sustentável no município e, essencialmente o protagonismo juvenil.
Deve-se pensar o Meio Ambiente de forma a desenvolver protagonistas na mudança
da realidade social, no que diz respeito ao cuidado com o Meio Ambiente, pensar numa
prática educativa, de forma “[...] que possibilite uma participação que ultrapasse a presença
física em reuniões e nas instâncias de decisão e se manifeste nas atitudes e comportamentos
cotidianos de compromisso com a vida.” (LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO, 2008, p.
17)
Logo, essa prática precisa fundamentar a proposta de “[...] construção de valores,
conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a
atuação lúcida e responsável de atores sociais, individuais e coletivos no ambiente.”
(LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO, 2008, p.69).
É com este propósito que a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão – SECADI, apoia as Secretarias de Educação dos estados, municípios
e Distrito Federal para a implementação da educação ambiental em todas as etapas e
modalidades de ensino (BRASIL, 2012b), contribuindo para que as unidades educacionais se
tornem espaços educadores sustentáveis e de promoção da cidadania.
32
2 O PROCESSO DE DESCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE PROTEÇÃO
SOCIAL À JUVENTUDE NO MUNICÍPIO DE TOLEDO.
O município de Toledo tem uma população de aproximadamente 119.313 mil
habitantes, segundo dados extraídos do Portal do Município de Toledo, que se dividem entre a
zona urbana e rural, município esse, situado na região do extremo oeste do estado do Paraná,
uma área colonizada a partir de 1946 e municipalizada em 14 de dezembro de 1952
(TOLEDO, 2012a).
Desde sua colonização, ocorreram várias mudanças no processo de desenvolvimento
econômico e político no município. O agravamento da “questão social” fez com que o
município tomasse iniciativas de articular meios para o enfrentamento desta problemática, por
meio de entidades como a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas - OASE e
Associação de Proteção à Maternidade e Infância - APMI, criada em 1954 (ARROYO, 2002)
“[...] como a primeira entidade de direito privado que objetivava prestar atendimento a criança
dentro de seu contexto familiar, nas áreas de educação, saúde, nutrição, saneamento e
aspectos legais”, realizados pelas Irmãs Vicentinas (SILVA apud ARROYO, 2002, p. 28).
A partir do ano de 1961, o trabalho realizado pelas Irmãs Vicentinas assume um
caráter formal de atendimento às famílias e, no final da década de 1990, a Política de
Assistência Social no município de Toledo ganha o reconhecimento como instrumento de
ações políticas. Em 1997, constitui-se a Lei nº 1880, de 14 de julho dando origem à Secretaria
de Assistência Social – SAS, como um órgão responsável pela descentralização e execução da
Política de Assistência Social no município de Toledo, tornando-a efetiva no município de
Toledo (DORÉ, 2009). A partir daí, conforme o aumento da demanda de atendimentos
relacionados à criança e ao adolescente, novas instituições e projetos firmados em parcerias
com o governo estadual, municipal e a sociedade civil se formavam no município de Toledo,
assim,
É preciso desenhar estratégias que permitam operacionalizar nossas leis e
traduzi-las no cotidiano de vida da população. Para isso, o município precisa
estabelecer um processo de planejamento participativo, buscando um
enfoque integrador da administração local. Temos claro que determinados
grupos-alvo, como crianças, adolescentes e famílias, precisam de uma
intervenção intersetorial que não pode mais exclusiva de uma outra área
(JOVCHELOVITCH, 1998, p. 47).
33
Com o propósito de garantir um espaço participativo da população, em 1991, é criado
no município de Toledo, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –
C.M.D.C.A, Lei nº 1172; o qual tem o objetivo de legitimar a garantia dos direitos sociais de
crianças e de adolescentes. Conforme Gohn (2001), as decisões relacionadas às politicas que
atendem as crianças e os adolescentes são avaliadas e decididas pelo conselho,
Nos municípios, os conselhos municipais temáticos são analisados como um
dos principais resultados das recentes reformas municipais; elas têm buscado
instaurar um regime de ação política de tipo novo, com uma maior interação
entre o governo e a sociedade. [...] foram a grande novidade nas políticas
públicas ao longo dos anos. Com caráter interinstitucional, eles têm o papel
de instrumento mediador na relação sociedade/estado e estão inscritos na
Constituição de 1988, e em outras leis de país, na qualidade de instrumento
de expressão, representação e participação da população (GOHN, 2001,
p.83).
A propósito, este instrumento de representação da sociedade é uma grande conquista
no campo dos direitos e promoção do protagonismo da sociedade, são de competência do
conselho registrar e inscrever Programas de Atendimento às Crianças e aos Adolescentes no
município. É de longa data que o município vem criando programas e projetos na área da
criança e do adolescente, diferente dos programas e projetos voltados para o segmento
juventude que tem sua representatividade recente.
A primeira Conferência Municipal de Políticas Públicas para Juventude, em seu
Decreto Municipal nº 604 de 07 de janeiro de 2008, foi o primeiro passo para construir uma
política voltada para os jovens no município de Toledo (DORÉ, 2009). A conferência teve o
objetivo de,
Contribuir para construção e o fortalecimento da Política Municipal para a
Juventude, fortalecendo a relação entre o governo e a sociedade civil para
uma maior efetividade na formulação, execução e controle da Política
Municipal para a Juventude, qualificando os jovens a fim de garantir a
participação da sociedade, em especial dos jovens, na formulação e no
controle da Políticas Públicas para a Juventude, com subsídios para a
discussão do Sistema Municipal de Políticas para a população jovem do
município entres [sic] outros objetivos de relevância que contribuam para o
fortalecimento de políticas públicas para a juventude (TOLEDO apud
DORÉ, 2009, p. 38).
Portanto, propostas elaboradas por jovens do município foram levadas à conferência,
que “[...] mostram quais são as reais preocupações deste segmento em relação aos seus
direitos, em especial destaca-se neste trabalho as que se referem ao eixo – Meio Ambiente,
34
ressaltando-se a importância desse tema e de sua relação com a juventude (DORÉ, 2009, p.
39). A partir de então, o município de Toledo inicia um trabalho de constituição de uma
política voltada especialmente para a juventude, integrando as discussões sociais e ambientais,
fomentando espaços participativos aos jovens e promovendo o desenvolvimento do município
com o princípio de sustentabilidade; este é um grande desafio posto ao município a partir de
estratégias participativas para os jovens e à sociedade em geral.
Em 2011, é realizada a 2ª Conferência Municipal de Políticas Públicas de Juventude
de Toledo, tendo como tema: “Juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos”. A
conferência constitui-se como um Fórum Municipal dos debates sobre a Política social
voltada para a Juventude, aberta a todos os segmentos da sociedade, para discutir e avaliar
sobre a situação das políticas voltadas para a juventude, no âmbito, municipal, estadual e
federal, como também aprovar as propostas elencadas pela sociedade civil e poder público
acerca da Política da Juventude. (TOLEDO, 2011). Estes espaços democráticos de diálogo
fortalecem as discussões políticas sobre a juventude. Os jovens têm a oportunidade de
reivindicar seus direitos, tornando-se protagonistas na sociedade de um segmento social
organizado, em que os próprios jovens têm a oportunidade de elaborar políticas que irão
beneficiar toda a juventude, exercendo assim seu papel como cidadão.
2.1 O PROJETO FLORIR TOLEDO: UM INSTRUMENTO DE GARANTIA DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS
Durante décadas expressivas ações de lutas e conquistas em defesa dos direitos da
criança e adolescentes vêm sendo concretizadas, como também o reconhecimento dos jovens
como sujeitos de um segmento específico de políticas sociais, redirecionando a visão das
instituições, do poder local e da sociedade para “[...] o interesse superior da criança e do
adolescente do direito de expressar-se à medida que vão crescendo em anos e em maturidade,
sobre o modo como se aplicam os seus direitos na prática estabelecendo o interesse maior de
todos pela infância e juventude” (SCUZZIATO, 2006, p.4).
Partindo de propostas advindas das políticas para a juventude, a Secretaria de
Assistência Social, o Departamento de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei e
o Departamento de Atendimento à Criança e ao Adolescente, criam no ano de 2006 o Projeto
Florir Toledo. O mesmo firma-se no propósito de desenvolver uma série de ações para a
melhoria do meio ambiente, proporcionar assim, uma melhor qualidade de vida de toda a
população do município. (SCUZZIATO, 2006).
35
Outro elemento que contribuiu à constituição do Projeto Florir Toledo é a falta de
esclarecimentos maior a respeito do meio ambiente para os jovens no município, sua
importância, seu significado e, tudo que se refere à temática ambiental, no sentido de educar e
transformar os jovens em cidadãos críticos e participativos, envolvendo a comunidade de
Toledo como também as escolas em atividades de educação ambiental (SCUZZIATO, 2006).
Ainda segundo a autora, aspectos de caráter social também devem ser evidenciados,
em que indicadores tornam evidente a necessidade de revisar os modelos de programas sociais
voltados para a juventude; propor também, um novo modelo de desenvolvimento sustentável
integrando objetivos econômicos, sociais e ambientais. Este novo modelo de programa social
se diferencia dos vários programas apenas de cunho assistencial, voltados para um
desenvolvimento econômico de caráter ecológico e com sustentabilidade, no contexto social e
econômico onde os jovens se situam (SCUZZIATO, 2006).
De acordo com Scuzziato (2006), o Projeto Florir Toledo traz em seu objetivo geral
capacitar os jovens envolvidos no projeto por meio de ações ativas na proteção do meio
ambiente no desenvolvimento econômico, social e de geração de renda. Deste modo, “[...]
uma vez identificadas as potencialidades do setor ambiental como gerador de emprego e
renda, devemos [...] oportunizar estes programas de caráter inovador para os jovens em
situação de exclusão social” (SCUZZIATO, 2006, p. 5).
O projeto Florir Toledo propõe atender 50 (cinquenta) jovens e adolescentes de 15 a
18 anos que se encontram em situação de vulnerabilidade social, risco pessoal e social, com
prioridade às famílias inscritas no cadastro único. Estes recebem uma bolsa auxílio no valor
de cem reais, conforme Lei Municipal R nº 19, de 5 de março de 2009. (TOLEDO, 2012b).
O projeto abrange os bairros e distritos do município por meio das parcerias que
contribuem na execução das atividades, divididos em dois turnos matutino e vespertino.
Para que os jovens estejam matriculados no Projeto Florir, os mesmos “[...] são
selecionados através de entrevistas e muitos são encaminhados de outros programas, alguns
são indicados pelos próprios jovens adolescentes, sendo que estes chegam até o projeto e
passam por uma conversa com o coordenador e se aprovados passam a fazer parte do grupo”
(DORÉ, 2009, p. 42).
Segundo (SCUZZIATO, 2006), no planejamento do Projeto Florir Toledo, estão
inscritas seis oficinas, sendo elas: “O Meio Ambiente do nosso município”; “Esporte e
Recreação”; “Cultura e Lazer”; “A Saúde, o Meio Ambiente e a Juventude”; “O Dever e o
Direito da Família”; “Geração de Trabalho e Renda”. Na execução destes projetos estão
envolvidos, a Secretaria do Meio Ambiente, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e
36
Extensão Rural – EMATER, Instituto Ambiental do Paraná – IAP, os quais realizam
discussões, dinâmicas e atividades diversas para a construção de um plano de ação sócio
ambiental. Estas oficinas têm um caráter pedagógico e evolutivo, sendo que os mais diversos
profissionais de áreas afins realizam o acompanhamento em todo o processo metodológico
desenvolvido (SCUZZIATO, 2006).
O Projeto Florir Toledo, em sua organização interna e de recursos humanos, conta
com um Coordenador, Pedagogo, Assistente social, Educadores Social e Administrativo. E
com objetivo de efetivar suas propostas, conta com parcerias que são fundamentais para o
desenvolvimento do projeto. Sendo elas: Secretarias do Meio Ambiente, Educação, Infra
Estrutura Rural, Saúde, Esportes, Cultura; Emater; Instituto Ambiental do Paraná – IAP;
Núcleo Regional de Educação; Poder Judiciário; Ministério Público e Conselho Tutelar dos
Direitos da Criança e do Adolescente (SCUZZIATO, 2006).
Após concluírem o curso no Projeto Florir Toledo, os jovens são encaminhados ao
mercado de trabalho, tendo como intermediários os programas de geração de renda, a
Associação Comercial e Empresarial – ACIT e outras parcerias que são feitas no decorrer do
projeto (SCUZZIATO, 2006). Uma vez identificadas as potencialidades dos jovens e de
compreender a importância que o setor ambiental oferece para promover a inclusão,
potencializa-se este segmento da sociedade na promoção e na participação cidadã. Cabe ao
município e a todas as instituições envolvidas promover a inclusão dessa população juvenil.
2.2 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO INTERVENTIVA FRENTE ÀS
QUESTÕES AMBIENTAIS: APROXIMAÇÕES REFLEXIVAS
No contexto da sociedade capitalista, relacionar as questões ambientais como
expressões concretas da “questão social” é fundamental para compreender e apontar as
condições em que a sociedade vive, como também, compreender as particularidades que
trazem essas questões que afetam as relações sociais. Nesta perspectiva, a questão ambiental,
[...] se inscreve no interior das contradições do capitalismo contemporâneo.
Estas contradições somente nos fins do século XX ganham expressão e
evidenciam que, para além das ameaças á reprodução biológica de várias
espécies animais e vegetais, também estão implicados limites à dinâmica do
sistema, especialmente em alguns ramos da atividade econômica, em razão
da escassez de recursos naturais ou dos efeitos danosos da população. O grau
de destrutividade das forças produtivas da natureza escapa ao controle do
capital e impõe-se como uma questão, com implicações em toda a vida
planetária (SILVA, 2010, p. 231-232).
37
Os danos cometidos à natureza pela ação humana trazem consequências preocupantes.
O homem, além de ser visto como parte da natureza, é também entendido como parte superior
a ela, ou seja, apenas participa desta relação quando domina e/ou se apropria dos recursos
naturais. (RODRIGUES; SOUZA, 2009). O enfrentamento da degradação do meio ambiente
tem sido objeto de estudos e debates entre intelectuais, movimentos sociais e ambientais, pelo
Estado e pelo empresariado, além das agências internacionais, dando maior ênfase a esta
temática, como um suporte ao cuidado com a preservação da natureza, do ambiente em que
vivemos e uma “[...] tentativa de estabelecer mecanismos de controle da relação
socioambientalística do capital” (SILVA, 2010, p.232), redirecionando as políticas e ações de
desenvolvimento tanto para o campo econômico com para o social, integrando esses dois
campos para que não fique focado somente no econômico. (SILVA, 2010).
Conforme a autora, este redirecionamento para ações socioambientais, compreende o
campo da gestão ambiental voltado para “[...] reciclagem dos resíduos sólidos, dos
investimentos em pesquisas científicas e em novas tecnologias através da educação ambiental
e da constituição de instrumentos regulatórios da relação ambiental e da relação entre
sociedade e natureza” (SILVA, 2010, p. 232). Críticas à produção e ao consumo desenfreado
vêm sendo feitas, para que assim a sociedade tome consciência dos riscos à vida no planeta.
Contudo, estas ações não são suficientes, no sentido de instrumentalizar ações que realmente
desvendem as questões determinantes que afetam o meio ambiente, sobretudo, seu
entendimento e superação, “[...] encontra-se plasmada na apropriação privada dos elementos
naturais e sua conversão em fatores de produção, medida pelo uso da ciência e da tecnologia,
é na esfera das relações sociais que reside esta superação” (SILVA, 2010, p. 233-234).
No entanto, esta compreensão torna evidente a necessidade de uma reflexão para o
novo caminho a ser percorrido, supõe-se “[...] a manutenção de um equilíbrio como o meio
ambiente que lhe permita a sobrevivência, a adaptação. [...] os esforços de adaptação dos
indivíduos culminam em uma comunidade baseada em um sistema de relações sociais que
permite a manutenção de cada organismo no hábitat” (AGUAYO, GARCÍA, 2009, p. 60).
Assim, para a problemática ambiental, incorporar a dimensão social é fundamental,
tanto nas diferentes políticas como na intervenção do assistente social, garantindo a “[...]
equidade sociopolítica e econômica em um processo de transição para uma sociedade mais
sustentável” (AGUAYO, GARCÍA, 2009, p. 60-61).
O serviço social tem o desafio de “[...] intervir nas refrações da ‘questão ambiental’,
como partícipe da construção de uma cultura que vincula sustentabilidade ambiental e
sociedade ao processo de reprodução da ordem burguesa” (SILVA, 2010, p. 239).
38
O Serviço Social deve propor ações de enfrentamento às questões ambientais, no
sentido de sensibilizar e “[...] identificar as possibilidades de uma intervenção qualificada, a
partir de escolha de estratégias condizentes com os valores universalistas, considerando a
realidade institucional, seus limites e contradições.” (SILVA, 2010, p. 157)
Como profissão interventiva frente às manifestações concretas da questão ambiental,
garante-se por meio do agir profissional a qualidade de vida como direito de todo cidadão,
que por sua vez, está diretamente ligado à qualidade do meio ambiente em que vivem. O
assistente social tem o papel fundamental de promover a conscientização e a autonomia da
população para que se possa refletir sobre as condições sociais e ambientais em que vive e,
assim, modificar sua própria realidade, como também propor mudanças, mostrando seu
protagonismo e suas potencialidades.
Os trabalhos de educação ambiental realizados com a sociedade são uma das
fundamentais ferramentas à efetivação do trabalho do profissional assistente social. É com
esse objetivo que as oficinas de formação em educação ambiental, propostas pela SEIPAS em
parceria com o Programa PET do curso de Serviço social/Unioeste, criam espaços de
aprendizagem, interação, sociabilização de saberes e formação em educação ambiental com
jovens; como também busaca efetivar as diretrizes da Política Nacional de Educação
Ambiental, tanto na Universidade quanto em espaços comunitários, por meio de ações
formativas em educação ambiental formal e informal, vinculadas a projetos de ensino,
pesquisa e extensão (ROESLER, 2012b). Essas iniciativas como forma de subsidiar a
elaboração e o fortalecimento de políticas sociais, sensibilizam e oportunizam a capacitação
de universitários e jovens adolescentes participantes de Projetos Sociais (dentre eles o Projeto
Florir Toledo) para o envolvimento ativo nas discussões e decisões que impliquem a proteção
do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
39
3 PROCESSO INVESTIGATIVO JUNTO AOS JOVENS E GESTORES DO
PROJETO FLORIR TOLEDO
Neste capítulo é apresentado o processo metodológico investigativo e, posteriormente,
o resultado da pesquisa empírica junto aos jovens e gestores do Projeto Florir Toledo, com a
finalidade de provocar reflexões aproximadas sobre o Projeto social, vinculado à secretaria de
Assistência Social do Município de Toledo, enquanto um instrumento de garantia de direitos
fundamentais e de enfrentamento da “questão ambiental”. Para a realização da presente
pesquisa, a mesma foi submetida e aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos – CEP/ Unioeste, Parecer nº 136/2012 (Anexo A).
A aproximação com esta temática se deu através da participação da acadêmica como
bolsista do Programa de Educação Tutorial PET do Curso de Serviço Social, da
UNIOESTE18
, no Projeto de Extensão: OFICINAS DE FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL, coordenado pela Sala de Estudos e Informações Políticas Ambientais e
Sustentabilidade – SEIPAS, nos anos de 2010 a 2012, que permitiu a emergência de alguns
questionamentos; cita-se, dentre eles, em que medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído
à promoção do direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação
e prática cidadã dos jovens participantes?
Não obstante, a universidade se constitui como um espaço privilegiado, onde a
convivência e a construção de saberes legitimam o processo de formação profissional, tendo
como mediador desse processo a pesquisa. A oportunidade, no entanto, de participar do
projeto de extensão no Florir Toledo, proporcionado pela Universidade, é um espaço
riquíssimo e fundamental de integralização da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão; aspectos concomitantes à reflexão e à compreensão dos impasses e limites do
campo de atuação onde o acadêmico está inserido, contribuindo também para a construção de
sua identidade profissional. A pesquisa, portanto, é uma ferramenta fundamental para
construir e compreender esse processo.
Conforme Minayo (2004), a pesquisa constitui-se em atividade da ciência na sua
indagação e construção da realidade “[...] embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula
pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido,
18
“O Programa de Educação Tutorial do curso de Serviço Social - PETss, com ênfase na temática meio ambiente
e uso sustentável dos recursos naturais, [...] constituiu-se num mecanismo de capacitação permanente da
formação cidadã e profissional do indivíduo, despertando para o desenvolvimento de atitudes éticas de
aprendizado crítico e propositivo tanto para os acadêmicos e docentes do Curso de Serviço Social da
Unioeste/Toledo, e de áreas afins”(UNIOESTE, 2012).
40
em primeiro lugar, um problema da vida prática” (MINAYO, 2004, p. 17).
3.1 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA
Para que se tenha uma abordagem da realidade, é preciso construir um caminho que
irá nortear essa busca do real, por meio da metodologia da pesquisa que, segundo Oliveira
(2007), “[...] é um processo que engloba um conjunto de métodos e técnicas para ensinar,
analisar, conhecer a realidade e produzir novos conhecimentos” (OLIVEIRA, 2007, p.43).
Tem-se como objetivo geral fundamentado no tema da pesquisa “Juventude e o direito
fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado” trazer reflexões aproximativas
quanto à implementação do Projeto Florir Toledo, enquanto um instrumento de garantia de
direitos fundamentais e de enfrentamento da questão ambiental, aproximado à percepção de
jovens participantes e gestores de políticas municipais. De sobremaneira, as etapas para
alcançar o objetivo geral foram definidas nos objetivos específicos: contextualizar o Projeto
Florir Toledo como forma de instrumentalização da política da juventude, garantia de direitos
humanos, enfrentamento de questões ambientais; identificar o perfil dos jovens que
frequentam o Projeto Florir Toledo em 2012, expectativas em relação ao desenvolvimento do
projeto, das oficinas de educação ambiental e avaliação de seus impactos na formação e na
prática cidadã; abordar a concepção dos gestores das políticas municipais em relação a sua
concepção e instrumentalização de políticas sociais na promoção de diretos humanos
fundamentais.
Diante disso, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos neste trabalho e uma
proximidade com o tema delimitado, a pesquisa assume a característica de cunho
exploratório, que de acordo com SANTOS (2002), configura-se na forma que “explorar é
tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar familiaridade em relação a um
fato ou fenômeno”. (SANTOS, 2002, p. 26-27). Para a realização e concretização desta
pesquisa e trabalho de conclusão de curso em Serviço Social, foi encaminhada à instituição a
solicitação para a sua realização, discorrido no Termo de Ciência do Responsável pelo Campo
de Estudo (anexo B).
Com a finalidade de construir uma proximidade com o tema, realizou-se
primeiramente uma pesquisa bibliográfica, recorrendo-se a livros e artigos científicos. Logo,
aplica-se à pesquisa a abordagem de caráter quantiqualitativo, que, conforme Minayo (1994),
o conjunto dos dados quanti-qualitativos não se opõem, complementam-se, justo porque a
realidade compreendida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia. Por
41
isso, não serão analisados apenas os números. Antes se fará uma análise qualitativa dos
resultados obtidos.
Identificado, e construído este processo, com os subsídios teóricos ao tema e objetivos
definidos, partiu-se para a pesquisa de campo, objetivando compreender como as atividades
de Oficinas de Educação Ambiental e outras atividades são desenvolvidas no Projeto Florir
Toledo, considerando o Projeto Social, como um instrumental de intervenção junto aos jovens
e à comunidade, na promoção do Meio Ambiente saudável e à formação cidadã, conforme
apresentado anteriormente no capítulo 2.1; além disso, analisam-se as premissas e se atendem
aos objetivos propostos no projeto de execução com os jovens participantes, bem como a
concepção dos gestores das políticas públicas municipais ligados direta ou indiretamente ao
Projeto, quanto à integralização no conjunto de atividades implementadas no dia a dia.
Os instrumentos e as técnicas utilizados na elaboração e na execução deste trabalho
priorizaram também a análise documental que “pode se constituir numa técnica valiosa de
abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras
técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986,
p. 38) Este instrumento objetiva identificar quais são os documentos (atas, resoluções)
disponíveis no Projeto Florir Toledo que venha contribuir para atingir os objetivos
pretendidos na pesquisa, levando-se a construir o Termo de Compromisso para uso de Dados
em Arquivos (apêndice A), que resultou na autorização da consulta destes documentos.
Num segundo momento, utilizou-se um questionário elaborado com perguntas abertas
e fechadas, considerando que este instrumento proporciona ao entrevistado maior liberdade e
mais tempo para responder. Relembrando o propósito de trazer reflexões aproximativas e
avaliativas de como o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito
fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos
jovens participantes.
Para a realização da coleta de dados, definiu-se uma amostragem representativa do
universo da pesquisa, no total de 40 (quarenta) participantes matriculados em 2012 no Projeto
Florir Toledo. Definiu-se como critério da amostra a participação dos jovens no Projeto no
período de 2011 a 2012, no turno vespertino, que estão concluindo sua formação no Projeto;
totalizando 6 (seis) jovens, como também os gestores das políticas públicas municipais
ligados direta ou indiretamente ao Projeto, totalizando 4 (quatro) gestores. Para tanto, anterior
ao processo de coleta de dados foi entregue a cada participante da pesquisa o termo de
Consentimento Livre Esclarecido - TCLE (apêndice B), como exigência do Comitê de Ética em
Pesquisa em seres Humanos/UNIOESTE. Com relação aos jovens, o TCLE (apêndice C), foi
42
entregue aos pais e/ou responsáveis dos jovens menores de 18 anos, assim, posteriormente é que
responderam ao questionário.
Em relação aos procedimentos éticos de coleta de dados, ao realizar a pesquisa
observaram-se os princípios do Código de Ética Profissional do Assistente Social, dispostos
no Capítulo V, artigo 16, que trata do sigilo do entrevistador para com o sujeito da pesquisa,
garantindo a proteção do sujeito em tudo aquilo que é levado ao seu conhecimento (CFESS,
2007) e, além disso, apresentam-se ao sujeito as explicações das condições da realização da
pesquisa e, a ciência de participação dos sujeitos.
Tanto para os jovens participantes do Projeto Florir Toledo quanto para os gestores
das políticas municipais, aplicou-se um questionário. Para os gestores, o questionário foi
entregue via e-mail, sendo que houve antecipadamente uma conversa explicando que se
posteriormente surgissem dúvidas quanto ao entendimento da pergunta, estas seriam
esclarecidas pelos responsáveis da pesquisa. Entretanto, no decorrer do tempo que tiveram
para responder ao questionário não houve dúvidas.
Contudo, para aplicar o questionário com os jovens, teve-se uma atenção diferenciada.
Antecipadamente, foi marcado um horário na sede do Projeto Florir Toledo para a realização
da pesquisa para que a acadêmica pudesse acompanhar todo o processo junto aos jovens. As
questões foram lidas uma a uma e, conforme foram surgindo dúvidas quanto à redação, ou à
compreensão do que estava sendo pedido, as mesmas foram lidas novamente, de forma que
não se induzissem às respostas.
Quanto aos dados obtidos mediante o questionário aplicado aos gestores e jovens
(apêndice D), foram analisados e organizados conforme o tema e, os objetivos propostos em
seguida foram interpretados Para tanto, utilizou-se um referencial bibliográfico com o
objetivo de fundamentar e aprofundar as reflexões obtidas. O questionário abordou um
conjunto de 12 (doze) questões aplicadas com os gestores (apêndice E); e 10 (dez) questões
aplicadas com os jovens (apêndice F).
3.1.1 O Projeto Florir Toledo como Forma de Instrumentalização das Políticas Sociais,
Desenvolvimento da Cidadania e Enfrentamento das Questões Socioambientais
Dentre o conjunto de questões formuladas, busca-se compreender como acontece a
relação entre o aprendizado e as atividades práticas executadas no Projeto Florir Toledo, para
o fortalecimento e construção da identidade juvenil e da cidadania, aproximada à percepção
43
dos jovens identificados por (J) e gestores identificados por (G). Responderam ao
questionário 6 (seis) jovens e 4 (quatro) gestores.
As questões formuladas aos gestores, que direcionaram este primeiro eixo da pesquisa,
possibilitaram algumas reflexões acerca de alguns questionamentos: como o Projeto Florir
Toledo tem implementado suas atividades; estas vêm de encontro à promoção dos direitos
fundamentais dos jovens e da cidadania e enfrentamento de questões ambientais; o conjunto
das atividades implementadas no Projeto tem possibilitado aos jovens um processo contínuo
de aprendizado, de iniciação profissional e de melhoria das condições de vida; quais as
dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades no Projeto Florir Toledo e
facilidades ou potencialidades encontradas. Esses apontamentos são discorridos de modo
qualitativo nas respostas dos seguintes gestores:
Todas as atividades desenvolvidas no Florir Toledo têm contribuído
significativamente para a formação pessoal, desenvolvimento da
cidadania e participação comunitária, interação social e também
para a formação profissional, pois são atividades que não apenas na
área de proteção e preservação ambiental, mas de preparação para o
exercício da cidadania, que auxiliam no desenvolvimento da
qualificação para o trabalho e na escolha de uma profissão (G1).
Sim, temos acompanhado os resultados, que vão desde à
empregabilidade na área em que o participante realizou cursos, até
mesmo ao protagonismo juvenil, onde adolescentes que participaram
ou participam das atividades do Projeto Florir Toledo têm
desenvolvido em comunidades a qual fazem parte (G4).
A partir das respostas descritas nas falas dos sujeitos, pode-se constatar que o Projeto
Florir Toledo tem contribuído à promoção de uma formação e prática cidadã dos jovens
participantes. Constata-se também que as atividades realizadas no Projeto proporcionam o
envolvimento dos jovens e a construção de uma formação humana e de conhecimento, que os
tornam protagonistas de sua história, estando também comprometidos com a proteção do
meio ambiente. Neste contexto, os jovens têm a oportunidade de desenvolver qualificação
profissional para a escolha de uma profissão.
De fato, a participação ativa em atividades realizadas na comunidade proporciona
tanto o estímulo e o desenvolvimento pessoal dos jovens quanto o desenvolvimento da
comunidade. Esta afirmação está presente na fala do gestor 2, quando coloca que:
44
Considero que o objetivo do Projeto é garantido através de todas as
atividades realizadas, pois fortalecem as ações deste sujeito social e
sua comunidade (G2).
Obseva-se que os gestores 3 e 4 citam exemplos sobre o quanto é importante a
participação dos jovens na comunidade e, o envolvimento nas questões ambientais,
reforçando a importância dos projetos sociais que promovem essa temática.
Participando ativamente de todas as campanhas relacionadas ao
meio ambiente (G3).
Como exemplo podemos citar que recentemente participantes estavam
engajados na reestruturação da UTES em nossa cidade, alguns destes
até eram responsáveis pela área de projetos ambientais. Outro fator
importante é a participação dos adolescentes na ECOCLUBE, onde
toda diretoria deste (sic) ONG é de ex participante e participantes do
Florir, onde desenvolve atividades que têm como foco a defesa do
meio ambiente em especial a água (G4).
O Projeto Florir Toledo ao propor e implementar suas atividades e ao questionar se
estas vêm de encontro ou não à garantia de direitos, à construção da cidadania dos jovens e se
vêm tendo efetividade nas suas ações, são apresentadas as seguintes respostas pelos gestores:
São atividades que contribuem na formação de valores essenciais à
vida em sociedade. Não se trata apenas de um trabalho voltado ao
apoio na superação da vulnerabilidade social, mas um projeto que
envolve ações que vão acompanhar o adolescente para a vida toda,
promovendo o ser humano em todos os aspectos, fortalecendo a
educação, promovendo a saúde, o esporte a cultura, orientando
hábitos saudáveis longe da violência e dos vícios (G1).
[...] é observado no engajamento de adolescentes nas atividades de
cidadania em suas comunidades bem como em ONGS, na luta pelos
seus direitos bem como no protagonismo juvenil (G4).
Sim (G3).
Com certeza, mas considero que isso se deva muito à postura e
compromisso do profissional coordenador [...] que através de sua
relação com os adolescentes e com a rede de atendimento tem
atingido ótimos indicadores (G2).
Evidencia-se, portanto, que as atividades desenvolvidas no Projeto têm-se efetivado e
contribuído para a formação dos jovens. A participação e o comprometimento dos gestores
45
municipais é de suma importância tanto para o desenvolvimento do projeto Florir Toledo
quanto aos demais Projetos realizados no município; contudo, outros fatores são fundamentais
para o desenvolvimento das atividades. Ao perguntar aos gestores municipais quais as
maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades do Projeto Florir
Toledo e facilidades ou potencialidades encontradas para a execução das mesmas, foram
apontas pelos gestores 1, 2, 3 e 4 as seguintes dificuldades:
Estrutura física, recursos humanos e materiais (G2; G3; G4).
Distância da unidade para alguns adolescentes que moram em
bairros mais distantes, o que não impede a participação (G1).
falta de profissional assistente social (G2).
A dificuldade apontada pelo gestor 1, referente à localização do Projeto Florir
Toledo, para o gestor 4, tem-se um outro olhar dado à questão, quando afirma que:
Outro fator positivo é a localização do Projeto Florir Toledo pela
aproximação com as Universidades de Toledo, para a implantação de
projetos e parcerias (G4).
Como facilidades e potencialidades o gestor 2 aponta a seguinte resposta referente à
execução das atividades:
Visibilidade do Projeto, ações práticas, construção coletiva de ações
(G2).
Contudo, os gestores 1 e 3 partem da seguinte resposta:
“Envolvimento dos responsáveis pelo projeto, compromisso com o
trabalho, criatividade, formação de parcerias com outras instituições
e empresas, capacidade de aprender e comprometimento dos
atendidos, apoio e compreensão das famílias envolvidas” (G1).
“Dedicação incondicional do coordenador do Projeto” (G3).
Como apontado anteriormente pelo gestor 2, mostra-se nas respostas do gestor 1 e 2 a
importância do comprometimento que a equipe profissional do Projeto Florir Toledo tem na
execução das atividades e efetivação das mesmas, sendo esses profissionais fundamentais e
indispensáveis à promoção do conhecimento e à transformação da realidade dos jovens.
46
Todavia, a sociedade e a comunidade em que cada jovem se insere, também têm o papel
fundamental de potencializar o protagonismo juvenil, como aponta o gestor 4:
Potencialidade está no público, creio que os olhares para o
adolescente devem ser o mais positivo possível, na perspectiva de
futuro e presente, respeitando as limitações e falta de limitações que
muitos apresentam, sem dúvida eles são o potencial que temos a
utilizar nas execução das atividades, sabendo é claro que eles mesmo
é o foco e objetivo principal a ser alcançados (G4).
Em relação ao processo de aprendizado, os gestores ao serem questionados se o
conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir tem possibilitado aos jovens um
processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional e de melhoria das condições de
vida, todos responderam que sim e justificam:
Com toda certeza. O simples fato de estarem resguardados da
violência e das drogas, de aprenderem a viver com dignidade levando
para dentro de suas famílias os conhecimentos adquiridos. Muitos
jovens que passaram pele Florir Toledo já foram encaminhados ao
trabalho nas empresas, tendo bom desempenho e possibilidade de,
com suas potencialidades crescerem profissionalmente, melhorando
assim sua qualidade de vida e de seus familiares (G1).
“Considero que o conjunto de atividades implementadas garante o
processo de aprendizado, iniciação profissional e melhoria das
condições de vida, mas para além disso fortalece o senso crítico dos
adolescentes e as relações e vínculos familiares e comunitários” (G2).
“Sem dúvida, a maioria dos adolescentes do Projeto ao saírem são
encaminhados ao mercado de trabalho e possuem um excelente
currículo” (G3).
Constata-se pelas falas apresentadas, na visão dos gestores municipais, que fica
evidente a relevância de se ter um Projeto social que promova a construção da cidadania dos
jovens participantes.
A ações do Projeto Florir Toledo, ao contribuir para o processo de aprendizado,
fazem com que os jovens identifiquem suas potencialidades, seus gostos, suas vontades e
qual profissão queiram futuramente seguir e, além disso, preparam-se para os novos desafios
que vão enfrentar, tanto no mercado de trabalho quando na vida particular, familiar e em
sociedade.
Neste sentido, para o gestor 4,
47
Hoje podemos apontar o Projeto Florir Toledo como um “estilo de
vida” onde os que participam obtêm ao longo do tempo uma
identificação que mesmo distante do Projeto mantêm alguma forma
de contato. Temos adolescentes que são profissionais formados em
cursos técnicos e outros que estão em formação superior em
andamento. O resultado positivo que observamos em quem passa pelo
Projeto Florir é a honra e alegria que demostram até hoje em ter
participado do Florir Toledo, e com número baixíssimos quase 0
(zero) de adolescentes que iniciaram sua vida no crime e drogas (G4).
Chama-se a atenção para esta resposta, segundo a exposição, os contatos continuados
com os jovens que já passaram pelo Projeto, revelam a influência e os resultados das ações
proporcionadas pelo Projeto Florir Toledo, sobretudo, sobre a vida particular e profissional
dos egressos, a iniciação e a formação profissional em cursos técnicos e outros em formação
superior.
Contudo, há que se destacar as dificuldades que o projeto apresenta. Percebe-se, nas
questões levantadas e nas respostas dadas, que mesmo tendo várias conquistas no campo da
formação cidadã dos jovens, a falta de estrutura, um espaço maior para receber a grande
quantidade de jovens matriculados limitando na maioria das vezes a execução de algumas
atividades e oficinas, é muito presente. Todavia, uma pesquisa realizada em 2009 pela
acadêmica Franciele Doré19
aponta esta mesma questão. Também se faz necessária a
contratação de recursos humanos. O projeto Florir Toledo prevê em seus recursos humanos,
Coordenador, Pedagogo, Assistente Social, Educadores Social e Administrativo.
Atualmente, o Projeto conta somente com um coordenador e uma pedagoga com a
função de assistente em desenvolvimento social. Para tanto o gestor 2, ressalta a importância
de se ter um profissional assistente social diretamente no Projeto Florir Toledo. Como
abordado no capítulo 2.2 deste trabalho, o Serviço Social é uma profissão interventiva e, tem
o desafio de promover a autonomia dos jovens, reafirmar e viabilizar seus direitos e promover
nos jovens a reflexão tanto das questões ambientais quanto das questões sociais em que
vivem, para que assim, possam promover seu protagonismo, modificar sua própria realidade e
da sociedade na proposição de mudanças.
3.1.2 As Expectativas dos Jovens em Relação ao Projeto Florir Toledo, as Oficinas de
Educação Ambiental e Avaliação de seus Impactos na Formação e Prática Cidadã
19
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste
do Paraná. Ver Doré (2009)
48
O Florir Toledo se configura em um espaço de discussões e ações voltadas às questões
socioambientais e, essencialmente, um espaço de aprendizado. Esses espaços oportunizam aos
jovens questionar e propor que desenvolvam seu protagonismo, assumindo responsabilidades
tanto na proteção do meio ambiente como na vida profissional. Assim, é imprescindível
compreender qual significado que o Projeto tem para a vida dos jovens e qual a concepção
que os jovens têm do Projeto Florir Toledo, no que se refere ao desenvolvimento do projeto,
das oficinas de educação ambiental e como eles avaliam os impactos do Projeto na sua
formação cidadã.
O questionário aplicado aos jovens, que norteou esta reflexão, constitui-se pelos
seguintes questionamentos: quando e por que procurou o Projeto Florir Toledo e quais eram
as expectativas dos jovens em relação ao mesmo; o que significa participar das atividades do
Projeto Florir Toledo e como elas são executadas no dia a dia; as atividades do Projeto Florir
Toledo vêm de encontro às expectativas atuais dos jovens.
Ao perguntar o motivo pelo qual os jovens ingressaram no Projeto Florir Toledo,
pode-se constatar que alguns dos jovens procuraram o Projeto por indicação de pessoas do
convívio, como traz a resposta do J1 e J2,
Porque a minha madrinha era do conselho tutelar e ela me incentivou
a entrar no Projeto, que seria bom pro meu futuro e para
desenvolvimento da minha educação e como me comportar melhor
socialmente perto e longe das outras pessoas (J1).
Procurei o Projeto Florir Toledo porque não fazia nada na parte da
tarde, e meus amigos sempre falavam que era bom o projeto então
resolvi frequentar para curtir e conhecer o projeto (J2).
Porém, outros afirmam que procuraram o Projeto Florir Toledo por iniciativa própria,
apresentando as seguintes justificativas:
Procurei o Projeto, para não ficar na rua, pois os crimes em Toledo
aumentaram (J3).
Entrei mais pelo motivo de ocupação diária, pois na época não tinha
nenhum conhecimento do mesmo (J5).
Há procura de lazer, aprendizado, cursos, pessoas para conhecer
(J6).
49
Os jovens, ao procurarem o Projeto Florir Toledo, trazem consigo seus anseios e suas
expectativas de se relacionarem em um ambiente diferente, que proporcione novas vivências e
novas responsabilidades. Isso pode ser verificado ao se questionar quais eram as expectativas
dos jovens ao procurar o Projeto. Quatro dos seis jovens entrevistados responderam que suas
expectativas eram de fazer amizades e buscar novas experiências, como descrito abaixo:
Eu vim para buscar novas experiências, conhecer novos amigos (J4).
[...] conhecer novos amigos, e levar alguns para ao longo da vida
(J1).
Minhas expectativas foram exatamente o que estava procurando.
Pessoas em lugares diferentes, tendo novos conhecimentos, novas
responsabilidades, muitos passeios, muita diversão (J6).
Nas respostas apresentadas acima, além de procurar um novo espaço de convívio, que
não somente a escola, a família ou o bairro, os jovens apresentam outras expectativas. O
mercado de trabalho também perpassa pelos seus interesses na busca de espaços que promova
cursos profissionalizantes, que os preparem para o mercado de trabalho. Isto pode ser
verificado quando afirmam:
Fazer alguns cursos profissionalizantes para quando sair do projeto
provavelmente sair com um emprego garantido (J1).
[...] fazer alguns cursos que o projeto oferece (J2).
Oportunidades de emprego e de cursos (J3).
Considerando a complexidade que traz a questão do trabalho, algumas reflexões
aproximativas se fazem necessárias para compreender esta categoria. Conforme Leite (2008),
há duas formas de compreensão sobre a categoria trabalho: “[...] o trabalho é essencial à
sobrevivência e ao consumo, [mas] é também espaço de socialização, de aprendizagem e
construção da identidade pessoal e grupal, em suma, uma referencia básica de inclusão social”
(LEITE, 2008, p. 156). A partir deste olhar, para o entendimento do que significa o trabalho,
pode-se compreender a importância que o mesmo tem para os jovens entrevistados. “O
trabalho pode ser, neste contexto, espaço vital de aprendizado, de socialização, de afirmação
da identidade do jovem, inclusive de práticas potencialmente libertadoras” (LEITE, 2008, p.
156).
50
Com relação às atividades que o Projeto Florir Toledo realiza, perguntou-se aos jovens
o que significa participar das atividades do Projeto Florir Toledo e se estas vêm ao encontro
das expectativas atuais, as respostas são positivas. Verifica-se a concepção que os jovens têm
sobre esta questão:
[...] acho muito bom as atividades que o projeto oferece, pois além do
preparo físico muito bom você conhece um pouco da natureza (J2).
Melhorar meu desenvolvimento, ajudar minha saúde (J4).
Conhecimento, diversão, disciplina, etc. (J5).
Eu procuro não faltar, pois a cada atividade, o prazer de estar aqui é
imenso, elas são importantes, ganho experiências, e tento aproveitar,
pois as lembranças que tenho aqui já são muito boas, e quero ainda
mais para poder recordar (J6).
Antigamente eu era motivado pela vontade e porque eu gostava muito
de vir, hoje eu me sinto desmotivado pelo projeto ter mudado (J5).
Quando questionado se as atividades desenvolvidas pelo Projeto vêm ao encontro das
expectativas atuais dos jovens, as respostas foram positivas. A maioria dos jovens
responderam que sim, com discordância de uma fala, a qual destaca que antigamente estava
mais motivado a vir e a participar das ações do Projeto. As respostas expressam a importância
da convivência e o aprendizado proporcionado pelo Projeto Florir Toledo. Pontua-se
igualmente a necessidade de avaliações continuadas das ações com o propósito de fomentar a
permanente participação dos jovens no Projeto, tendo em vista seu envolvimento semanal de
20 (vinte) horas - critério exigido à liberação de bolsas e à permanência no Projeto
Observa-se que, segundo as respostas dos jovens, ao justificarem sua aprovação em
relação às atividades realizadas no Projeto Florir Toledo, a maioria argumenta que
direcionou-as ao mercado de trabalho. Para os jovens, a realização das atividades está dirigida
ao preparo de uma nova etapa de suas vidas, a novas responsabilidades, como se comprova
nas falas dos sujeitos:
Porque aqui no Projeto Florir Toledo tem vários cursos
profissionalizantes e que pode ajudar para conseguir um emprego
melhor e não precisar fazer cursos quando estiver trabalhando
porque daí já tinha sido feito antes no Projeto (J1).
51
Os cursos que fazemos aqui pode ser seu futuro de profissão, ajudar a
descobrir do que você gosta (J2).
Os cursos que nós fazemos irá sim afetar no mercado de trabalho, são
cursos muito bons e irá ajudar muito (J3).
Te ajuda a criar mais responsabilidade, compromisso (J4).
Muito dos cursos feitos podemos usar para facilitar nossa entrada em
algumas empresas (J5).
Criamos aqui um vínculo com todos, aprendemos viver como grupo,
percebemos o valor de uma amizade, pois as atividades realizadas é
preciso um do outro, [...] nos oferece cursos profissionalizantes, que
futuramente, fará uma grande diferença na minha área de trabalho
(J6).
Os sonhos, os desafios e o anseio pelo conhecimento, são características que
perpassam a juventude. Ao desenvolver suas potencialidades, o jovem assume o papel de
sujeito transformador de sua própria história e da sociedade. Conforme Leite (2008), ao
assumir“[...] a visão do adolescente/jovem como ator social – e, portanto, sujeito pleno de
direitos – é preciso atentar ao modo como ele interpreta e ressignifica as identificações
impostas pelos adultos, os usos que faz das instituições sociais – família, escola, trabalho,
entre outras” (LEITE, 2008, p.155).
Percebe-se que os jovens procuram por oportunidades que proporcionam a construção
de uma identidade, que é individual; justo porque se encontram em uma fase de escolhas
individuais, de dúvidas, de se identificar na sociedade e, além disso, de fazer uma escolha
profissional. O Projeto Florir Toledo atende a essa perspectiva juvenil. Assim, identifica-se
nas respostas, a compreensão dos jovens quanto ao preparo para essa nova etapa de suas vidas
- a entrada ao mercado de trabalho. Antes de ser uma mera reprodução de condição de vida, é
uma preparação para uma vida de responsabilidades, de compromisso e de construção da
cidadania. É fundamental que haja políticas sociais, instrumentalizadas em projetos sociais
que de forma “[...] ampla, integrada, que enfrente o desafio do mercado, generoso em exigir
experiência, avaro em proporcioná-la. [...]” (LEITE, 2008, p. 158), que possibite aos
trabalhadores em qualquer idade, em especial aos jovens, a oportunidade de adquirir e
comprovar qualificação e experiência que possam servir como credencial para o acesso ao
mercado de trabalho (LEITE, 2008).
Considerando que o Projeto Florir Toledo é um instrumental de políticas sociais, tanto
no que contempla o ECA, quanto a Política Nacional de Juventude, o Projeto propõe a
52
construção da identidade juvenil, por meio do protagonismo que, sobretudo, oportuniza a
construção da cidadania de cada participante. Na metodologia do Projeto Florir Toledo, está
definido: “A formação e iniciação profissional destes jovens deve levar em conta suas
especificidades e prever estratégias que ampliem as oportunidades de trabalho e de renda e, ao
mesmo tempo, ter um caráter educacional e promocional com resgate de cidadania”
(SCUZZIATO, 2006, p.6). Na sociedade em que vivemos, onde “[...] qualidade, eficiência,
eficácia, produtividade, são compreendidos como pilares de desenvolvimento, a mão de obra
menos qualificada é condenada a lutar pela sobrevivência sem condições justas de
competitividade” (SCUZZIATO, 2006, p.16). No processo metodológico do Projeto Florir
Toledo são desenvolvidas oficinas, em que se destaca a “Oficina de Geração Trabalho e
Renda”, que tem por objetivo desenvolver iniciativas as quais buscam construir um novo
modelo de economia. “Uma maneira de trabalhar, gerar renda, pensar o consumo sem
degradar o meio ambiente, respeitando as diversidades, construindo um novo cenário onde as
palavras de ordem são: solidariedade, cooperação, respeito, compreensão, construção e
sustentabilidade”. (SCUZZIATO, 2006, p.17).
De acordo com Oliveira (2002), o artigo 68 do ECA, deixa claro que os programas
sociais devem tratar do trabalho do jovem, sob uma nova perspectiva de não centralizar a
preocupação “[..] em, apenas, inserir o adolescente no mercado de trabalho para execução de
‘qualquer trabalho’, mas envolvê-lo em um ‘trabalho educativo’, visando assegurar-lhe
condições de capacitação para o exercício de futura atividade regular remunerada
(OLIVEIRA, 2002, p. 222).
Pode-se considerar, deste modo, o Projeto Florir Toledo como um instrumental de
políticas sociais, de viabilização de direitos, de protagonismo juvenil e formação cidadã dos
jovens, que muito além de inseri-los no mercado de trabalho, embasa todo um processo
educativo de formação.
Constata-se, também que, quando questionados sobre o envolvimento dos jovens no
planejamento e no desenvolvimento das atividades e oficinas semanais do Projeto Florir
Toledo, há a proposição de discussões e nos debates dos temas; há a participação em
dinâmicas de trabalho em grupo e avaliação de resultados, dentre outros aspectos; neste
aspecto, observam-se as seguintes respostas:
Os adolescentes debatem e selecionam as melhores para ser feito e o
que vai ajustar nas novas futuras (J1).
Nós fazemos debates e escolhemos os cursos e dinâmicas (J3).
53
Sim, ajudamos a escolher cursos que gostaríamos de fazer (J4).
Dou minha opinião quando necessário, e tento agregar meus
conhecimentos tudo que eu acho interessante ou necessário (J5).
Sim, damos sugestões relacionadas ao que gostamos de fazer, e que
sempre que possível [...] nos atende (J6).
A partir das falas expostas, a oportunidade de participação e de envolvimento dos
jovens na elaboração das atividades executadas no Projeto torna-se evidente. De acordo com
Roesler et al. (2009), “Os jovens não desejam mais serem chamados apenas de “protagonistas
ou protagonistas sociais” pelos produtores de projetos: desejam sua inserção na pauta de
discussão e execução dos projetos; mobilizam-se e promovem encontros de juventude e meio
ambiente” (ROESLER et al., 2009, p. 4). Logo, os jovens que se inserem tanto nas políticas
sociais quanto nas ambientais, desejam construir e constroem seus próprios projetos.
(ROESLER et al., 2009).
Infere-se que os jovens incorporados às atividades, propondo e opinando, caracterizam
o projeto Florir Toledo como um espaço democrático de ideias e de afirmação do Projeto, o
que se constitui em transformação para garantir os seus direitos.
3.1.3 O Envolvimento dos Jovens na Sensibilização e Capacitação Voltadas para a
Proteção Ambiental à Promoção da Cidadania.
Neste item, é identificada a importância dos jovens se envolverem de forma ativa em
atividades de sensibilização e capacitação à proteção do meio ambiente. Compreende-se a
partir da visão dos jovens, que os problemas ambientais têm chamado a atenção e, o que pode
ser feito para resolvê-los. Assim, os aprendizados são compartilhados com a família, com os
grupos na escola, no grupo de amigos, na comunidade e com os universitários sobre a
experiência vivida no Projeto Florir Toledo e nas oficinas de educação ambiental e como estas
contribuem para a promoção da cidadania. Conforme Layrargues (2009), deve-se
compreender a importante e necessária relação entre educação ambiental e reprodução social,
e a dupla função na qual a educação se encontra submetida, ou seja, compreender a “[...]
função moral de socialização humana com a natureza, e também a pouco compreendida
função ideológica de reprodução das condições sociais, reprodução esta que pode contemplar
a possibilidade tanto de manutenção como de transformação social” (LAYRARGUES 2009,
p. 11). O autor ainda problematiza a “[...] perspectiva da educação ambiental como um
54
instrumento de reprodução social, para atendê-la além do seu reconhecido papel de mudança
ambiental, também como um fator de mudança social” (LAYRARGUES 2009, p. 11).
Logo, ao analisar as respostas, todos os 6 (seis) jovens entrevistados responderam que
sim, é importante o envolvimento nas atividades do Projeto Florir Toledo relacionadas às
questões ambientais, na organização destas atividades e na contribuição para uma formação
cidadã.
Porque a gente fica sabendo o que a gente vai fazer e sabe o que vai
acontecer no curso e no andamento do que [...] fazer, a gente planta
árvores e fazemos jardins (J1).
Porque adolescente bem articulado é um adolescente bem formado
(J2).
É uma experiência bem legal para os jovens ajudar o meio ambiente e
a cidadania. (J3).
Os cursos me ajudam a ampliar meus conhecimentos [...] (J4).
Isso se agrega a nossa vida, além de beneficiar ao próximo e ao meio
ambiente, me sinto bem por ter ajudado o mundo, e acho que muitos
sentem o mesmo (J5).
Como tanto que a gente gosta muito quando as universidades fazem
atividades com a gente, mostrando como é importante preocuparmos
com o meio ambiente. E ponhamos em prática sempre quando
fazemos um jardim, ou algo parecido (J6).
De fato, o projeto Florir Toledo proporciona espaços onde o jovem interage em
diversas ações, dentre elas, destacam-se a educação ambiental, as atividades culturais, sociais
e esportivas, o cuidado com o meio ambiente, a participação na tomadas decisões no que se
refere à proteção do meio ambiente. Todas estas ações contam com o envolvimento ativo dos
jovens, sendo que para Roesler et al (2009), pode levá-los a uma maior aproximação destes na
tomada de decisões sobre o meio ambiente em que vivem e o processo de desenvolvimento
que desejam para suas necessidades (sociais, culturais, produtivas, tecnológicas, ambientais)”
(ROESLER et al (2009, p. 5).
Quando perguntados sobre a condição dos problemas ambientais, se têm chamado a
atenção e o que pode ser feito para resolvê-los, todos relacionam ações que afetam a
qualidade sadia do meio ambiente, dentre elas:
55
Poluição, desmatamento (J1).
Corte de árvores (J2).
A sujeira em rios e no meio ambiente (J4).
Bom, todos me chamam a atenção (J5).
O desperdício da água, o descuido do lixo, reciclagem, o meio
ambiente no geral (J6).
O que pode ser feito para resolvê-los?
Não jogar lixo nas ruas [...], plantar árvores onde foi desmatado
principalmente nas matas legais (J1).
Temos que ter consciência e tentar amenizar essa situação (J4).
Não podemos acabar com eles, mas conscientizar as pessoas para
diminuição destes (J5).
Poderia ser feito, elaborado, um projeto para que os integrantes do
Florir Toledo possam sensibilizar as pessoas de quanto é importante
cuidarmos do que é nosso (J6).
Estas opiniões, mesmo que particulares, expressam um entendimento maior
relacionado às questões ambientais e como estas afetam a sociedade e a qualidade do
ambiente em que vivem. Percebe-se nas respostas a consciência de que o problema está na
sociedade, em cada indivíduo e, portanto, a importante tarefa de conscientizá-los. Chama-se a
atenção para as respostas dadas pelos jovens. Conforme Spazziani; Gonsalves (2005), esta
consciência ambiental, advém de um processo de aprendizado, fundado em um sujeito que
interage, que não é só receptivo “[...] ao que vem do mundo exterior, e nem apenas ativo,
impulsionado pelos impulsos internos e inatos. Os sujeitos constroem seus conhecimentos e
saberes sobre si e sobre o mundo em situações dialógicas sempre mediadas por outros sujeitos
direta ou indiretamente” (SPAZZIANI; GONSALVES, 2005, p.107).
Os jovens ao interpretarem seus conhecimentos, quando se pergunta se os problemas
ambientais têm chamado a atenção deles e o que pode ser feito para resolvê-los, afirmam que
são expressões que advém de outros sujeitos mediadores de conhecimento. “Essa mediação
não está limitada à presença física dos outros sujeitos, ela se revela nos produtos culturais
produzidos, tais como nos livros, nos modos de utilização de objetos construídos e naturais
[...]” (SPAZZIANI; GONSALVES, 2005, p.107-108). Nesse contexto, o Projeto Florir
56
Toledo nas suas diversas atividades e oficinas, materializa suas ações por meio da prática
educativa, reconhece o processo educacional como meio fundamental à conscientização e à
proteção do meio ambiente por meio das práticas de educação ambiental.
Conforme Brandão (2005), para o trabalho de educação ambiental, a dimensão da
comunidade aprendente é essencial. “[...] Qualquer que seja o contexto em que se esteja
vivendo uma experiência de educação ambiental, as pessoas que se reúnem em “círculos de
experiências e de saberes”, possuem de qualquer maneira de algo de seu, de próprio e de
originalmente importante” (BRANDÃO, 2005, p. 90).
O último item dos objetivos específicos propostos no Projeto de implementação do
Florir Toledo, traz justamente a proposta de uma prática de educação ambiental, “Assegurar o
acesso de todos os jovens a todos os tipos de educação, sempre que apropriado, oferecendo
estruturas de ensino alternativo, assegurando que o ensino reflita nas necessidades
econômicas e sociais dos jovens” (SCUZZIATO, 2006, p. 6).
Os jovens 6 e 3, quando questionados sobre o que os motiva a participar
semanalmente das oficinas de educação ambiental, ressaltam que,
Todos os temas relacionados ao meio ambiente, pois abrange várias
áreas onde podemos ter um conhecimento adquirido aqui (J6).
O que me motiva mais é que nós estamos ajudando Toledo a melhorar
(J3).
Compreende-se o interesse dos jovens pelas questões ambientais e a participação em
atividades práticas de ensino e aprendizagem. Evidencia-se, segundo as respostas, o exercício
do protagonismo juvenil, a iniciativa de melhorar o meio em que vivem decidindo e propondo
mudanças. Aproxima-se aqui novamente, o estímulo à sensibilização e à participação de
jovens e adolescentes na promoção do desenvolvimento sustentável, como descrito na Agenda
21 Global.
3.1.4 O Projeto Florir Toledo e a Integralização das Atividades Executadas com as
Políticas Sociais e Demais Projetos Sociais Voltados à Juventude
Este item traz alguns apontamentos a cerca de como é percebida a integralização das
atividades do Projeto Florir Toledo com as políticas públicas, Criança e Adolescente,
Juventude, Assistência Social, Meio Ambiente e, com os demais projetos sociais. Os gestores
das políticas municipais ao serem questionados, avaliam-nas como sendo positivas e
justificam:
57
A integralização verifica-se no envolvimento e na participação dos
adolescentes nas atividades culturais, esportivas, educativas, na
proteção ambiental através da conscientização das pessoas, na
contribuição com o preparo de mudas de plantas e flores que
embelezam nossas praças e espaços públicos (G1).
Os princípios das Políticas Sociais são verificados nas atividades que
o Projeto realiza, pois apesar de não estar trabalhando no Projeto é
visível as ações comunitárias e atividades que fortalecem a
convivência familiar e comunitária (G2).
Garantindo que o adolescente tenha seus direitos assegurados,
participando de cursos profissionalizantes não tendo que ir para o
mercado de trabalho tão cedo e despreparado e participando das
oficinas de educação ambiental (G3).
Na proposta da Assistência Social, Criança e do Adolescente e
Juventude temos como o principal fundamento, pois temos como
objetivo central dar oportunidades aos participantes a fim de que os
mesmos se motivem a continuar seus estudos distanciando assim do
risco de evasão escolar. Oportunizar ao adolescente participante
ainda cursos e acesso aos seus direitos, como: Cultura, Saúde,
Esporte e Lazer e profissionalização. Meio Ambiente cito a
participação nas atividades de plantios de arvores, criação de
jardins, e engajamento nas atividades do Ecoclube de Toledo (G4).
Estas ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo e, as considerações expostas nas
falas dos gestores, evidenciam a importância do envolvimento dos jovens com a comunidade,
por meio de ações educativas e formadoras da identidade dos jovens, realizadas em conjunto
com a comunidade. O envolvimento da comunidade é fundamental nesse processo de
construção e fortalecimento da cidadania, na troca de experiências e de saberes.
Os espaços participativos que o Projeto Florir Toledo e suas parcerias proporcionam
são fundamentais para que os jovens exerçam seu protagonismo e desenvolvam seu potencial
para a uma formação humana e cidadã, além de garantir os seus direitos.
O acompanhamento e a participação da família do adolescente é
muito importante, por considerar a família como base fundamental
para todo o processo de formação humana. Assim, são promovidas
reuniões periódicas, conversas com os pais, palestras atividades
interativas como gincanas, cursos, confraternizações e outras (G1).
Considero que além das reuniões realizadas pela equipe com os
familiares são encaminhados ou realizados informes para garantir o
acesso dos adolescentes e família em programas, projetos e serviços
(G2).
58
Procuramos na medida do possível fazer com que a família participe
e conheça todo o trabalho realizado e atividades realizadas pelos
adolescentes (G3).
Realizações de reuniões com pais/responsáveis e filhos. Por meio de
cursos onde os responsáveis que por ventura se encontram em
situação de desemprego ou semente na execução dos serviços do lar,
bem como nas atividades do CRAS seja por reunião ou cursos. Há um
projeto conhecido como “FÉRIAS É NO FLORIR”, onde os
participantes realizam acampamento durante as férias e nas noites
jogos e gincanas com a família nos locais onde ocorre a proposta
(G4).
É fundamental destacar a importância da família nesse processo de formação dos
jovens. Tanto os jovens quanto a família são envolvidos nas ações desenvolvidas pelo Projeto
Florir Toledo, como se pode perceber nas falas expostas. A importância de envolver a família
nas atividades do Florir Toledo está bem explicitada no artigo 4º do ECA, o qual institui como
dever da família e da sociedade, em geral do Poder Público “[...] assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária (CFESS, 2007, p.321).
Todos esses direitos se efetivam por meio de ações interdisciplinares do Projeto Florir
Toledo com as instituições parceiras. O trabalho interdisciplinar e o envolvimento de outras
instituições, a exemplo das universidades, é visto como positivo, tanto pelos gestores
municipais quanto pelos jovens.
A interdisciplinaridade amplia as possibilidades de desenvolvimento de
uma pedagogia de trabalho eficaz e de resultados, mantendo o entusiasmo e
motivação dos participantes. então sempre em contato com propostas
inovadoras e diferenciadas, o que é essencial para manter os adolescentes
no projeto (G1).
Avalio que a intervenção interdisciplinar da equipe e as parcerias é o que
garante o sucesso e garantia dos objetivos do Projeto (G2).
Positiva e com bons resultados. É por meio destas parcerias que muitas
conquistas do Florir Toledo foram Alcançadas (G4).
Quando perguntado aos jovens como veem estas atividades do Projeto Florir Toledo e,
se estas os levaram a conhecer outras ações desenvolvidas por projetos sociais com jovens nas
comunidades locais e na região, todos responderam que sim,
59
Eco Tech, Eco Club, Jovem Jardineiro, Cultivando Água Boa, Itaipu
Binacional, e alguns outros (J1).
Nos nossos plantios conhecemos pessoas de outros projetos, além de
conhecermos alguns nas nossas apresentações e eventos (J5).
Fazemos muitas visitas a outros projetos como o nosso centro da
juventude, ecoclubes, jovem jardineiro, cultivando água boa.
Preocupação com o meio ambiente, com o lixo da cidade, com as
árvores sendo cortadas, com o papel jogado fora, com a água sendo
usada sem cuidado (J6).
Não obstante, com relação às parcerias, sabe-se que as Universidades desenvolvem um
papel fundamental para garantir o sucesso dos Projetos sociais; e ao se questionar os gestores
sobre como avaliam a parceria da UNIOESTE com a execução das Oficinas de Educação
Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo, 3 (três) dos 4 (quatro)
gestores responderam que avaliam como positiva. Somente um gestor não respondeu.
Considero uma parceria essencial para o desenvolvimento das
atividades, pois além do aprendizado das oficinas os adolescentes
identificam a universidade com algo possível (G2).
Ótima (G3).
É uma das parcerias mais antigas do Projeto Florir Toledo, esta por
sinal tem nos servido de princípio norteador nas práticas ambientais,
e trazendo a Universidade para dentro do Florir Toledo,
possibilitando assim a interação dos adolescentes com o público
universitário (G4).
A universidade é um espaço múltiplo de aprendizagem, tanto para os acadêmicos que
realizam projetos de extensão no Projeto Florir Toledo, quanto para os que estão envolvidos
nos projetos sociais. Ambos são contemplados com uma formação diferenciada, dividindo
experiências, histórias de vidas e de saberes, de uma sólida formação cidadã. Segundo
Roesler; Fabris (2011), a continuidade das ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo “[...]
está associada à participação contínua das Universidades e de seus acadêmicos, docentes e
técnicos administrativos que através de seus cursos e intervenções institucionais tem
fortalecido as ações de extensão universitária, interinstitucional e interdisciplinar(ROESLER;
FABRIS, 2011, s/p).
60
CONSIDERAÇÕES
O presente trabalho de conclusão de curso teve como propósito compreender em que
medida o Projeto Florir Toledo tem contribuído à promoção do direito fundamental ao Meio
Ambiente ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos jovens participantes.
A participação como bolsista do PET, nos anos de 2010 a 2012, na execução de
atividades extensionistas de educação ambiental com jovens, permitiu o contato direto com a
execução de projetos sociais, convívio e conhecimento da realidade social vivida por jovens
que participam do Projeto Florir Toledo, coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência
Social do Município. Inicialmente, levantou-se a seguinte hipótese e que, a partir dos estudos
aproximados na sistematização e avaliação da pesquisa foi confirmada: o Projeto Florir
Toledo tem contribuído na promoção do direito fundamental ao Meio Ambiente
ecologicamente equilibrado, formação e prática cidadã dos jovens participantes.
O estudo realizado resulta assim, de fundamentações do tema e objeto recortado à
pesquisa, constituídos em princípios legais, referenciais interpretativos de políticas públicas,
recomendações internacionais dentre outras e de eixos norteadores à execução do Projeto
Florir Toledo - um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de enfrentamento da
questão ambiental.
As ações implementadas pelo Projeto Florir Toledo, avaliadas pelos sujeitos
participantes da pesquisa – os gestores e profissionais que atuam diretamente no projeto e dos
jovens que participam do projeto nos anos de 2011 e 2012, a amostra definida – mostram o
reconhecimento, a relevância e a influência que o Projeto proporciona ao desenvolvimento
pessoal dos jovens, tanto na sua formação profissional, quanto na efetivação de uma formação
cidadã e promotora do protagonismo juvenil.
Sobretudo, a pesquisa de campo realizada com os gestores e alguns jovens, igualmente
adolescentes, que se encontram na faixa etária de 14 a 18 anos, contribui para a avaliação
continuada e a eficácia da proposta pedagógica executada no Projeto. O envolvimento dos
jovens nas discussões, nas proposições de atividades e na sua execução, revela as
características do Projeto florir como um espaço participativo e democrático, o qual
oportuniza aos jovens o aprendizado, a responsabilidade e a tomada de decisões, de incentivo
ao crescimento tanto intelectual, pessoal quanto profissional.
No decorrer da pesquisa, pode-se perceber que as principais perspectivas que os
adolescentes tinham antes de entrarem no projeto, diziam respeito ao mercado de trabalho e a
61
melhora do comportamento, a emergência de se ter um emprego, de se auto sustentar e da
consequente melhora de suas condições financeiras; logo, são características fortemente
presentes no modelo de sociedade em que vivemos, sendo que essas perspectivas foram
concebidas pelo projeto, concedendo-lhes a oportunidade de se profissionalizarem e
encaminharem-se ao mercado de trabalho. Há também, cuidadosamente, neste contexto, o
compromisso de inseri-los em atividades que promovam o desenvolvimento humano pessoal.
O Projeto, portanto, propicia no conjunto uma significativa melhora de comportamento, de
disciplina, de relações familiares, de amizade e promove a educação dos jovens relacionada
aos temas ambientais e de diretos humanos. Sobretudo, inscreve-se na educação informal,
uma vez que o projeto ocorre em contra turno escolar, de defesa da garantia desses direitos
fundamentais e sociais, dentre eles, a do meio ambiente ecologicamente equilibrado e da
participação coletiva na promoção do desenvolvimento sustentável.
No entanto, é um projeto ainda frágil, no que se refere à presença e à participação
efetiva e permanente dos recursos humanos, gestores e equipe multidisciplinar de
profissionais envolvidos no dia a dia da implementação do projeto, nos turnos matutino e
vespertinos. Todavia, para se efetivar o compromisso institucional formativo dos jovens
cidadãos participantes do Projeto Florir Toledo, tem-se dentre outros desafios, o de assegurar
a participação, o envolvimento e a permanência em tempo maior, na equipe técnica
interdisciplinar que atua diretamente na sede do projeto Florir Toledo, do profissional
assistente social. Resultando, inclusive, na possibilidade de se desenvolver campo de estágio
curricular aos acadêmicos do Curso de Serviço Social e fortalecimento das atividades
extensionistas.
É importante também, que se assegurem recursos financeiros compatíveis às demandas
das atividades planejadas anualmente, prevendo-se a ampliação predial da estrutura existente
(salas de estudo, laboratório de informática, reforço de materiais pedagógicos, biblioteca,
espaços de lazer e arte, dentre outras acomodações) que resultaria, certamente, na efetivação e
na promoção das expectativas dos jovens e familiares os quais buscam fazer parte do Projeto
Florir Toledo.
Vale ressaltar a importância de projetos sociais, a exemplo do Projeto Florir Toledo,
para convocarem o segmento da juventude ao diálogo, à participação e a assumirem-se como
provedores e transformadores sociais. Ainda, os desafios emergentes para essa nova geração
cobram da sociedade e das instituições executoras da política da juventude, espaços de
autonomia e de reconhecimento dos direitos dos jovens, oportunizando a eles o exercício de
serem atores de sua história.
62
Reafirma-se que, é necessário o envolvimento tanto dos profissionais e técnicos que
atuam no Projeto Florir Toledo, quanto das instituições parceiras que realizam atividades com
os jovens, para que juntos transmitam conhecimentos diferenciados, mas com um objetivo
comum de promover o envolvimento dos jovens na efetivação dos princípios da Agenda 21,
que propõe em capítulo específico, a sensibilização necessária ao envolvimento cada vez mais
expressivo dos jovens na tomada de decisões à promoção do desenvolvimento social e
ambiental, que se propõe ir além do desenvolvimento pessoal, incorporando também
perspectivas de promoção do desenvolvimento sustentável.
Evidencia-se, assim, a importância do tema ambiental que vem sendo trabalhado no
Projeto Florir Toledo, como oportunidade para que os jovens despertem o interesse em
adquirir conhecimentos significativos à promoção da sua própria condição de vida pessoal e
social. Aprendizados esses proporcionados por diálogos, pelos estudos e pelas experiências
práticas em que os jovens se envolvem ao formarem jardins, o cultivo de mudas de plantas, ao
repassarem e socializarem os conhecimentos adquiridos nas oficinas aos familiares, ao grupo
de amigos da escola e da comunidade.
Este trabalho de conclusão de curso possibilitou, portanto, a compreensão da
importância das ações desenvolvidas no Projeto Florir Toledo, como um espaço de efetivação
da Política de Juventude em conjunto com a Política do Meio Ambiente, de forma que se
desenvolva o protagonismo juvenil na promoção de um meio ambiente saudável e sustentável.
Espera-se que com o resultado exposto neste trabalho se compreenda a importância da
promoção do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a formação e
a prática cidadã da juventude. Assim, é importante considerar o comprometimento que os
projetos sociais devem ter em relação à instrumentalização de políticas sociais, a garantia de
direitos humanos fundamentais, o enfrentamento de questões ambientais, a promoção do
desenvolvimento sustentável e avaliação de seus impactos à formação e à prática cidadã da
juventude.
Sinaliza-se também, a necessidade da inserção de um profissional assistente social ao
Projeto Florir Toledo, pressupondo uma intervenção voltada às ações interdisciplinares, em
articulação com a sociedade civil e, em especial, com os segmentos mais envolvidos na
problemática ambiental; este profissional, direcionaria seus conhecimentos no intuito de em
conjunto, fortalecer os sujeitos na construção de uma consciência voltada ao social e ao
mesmo tempo ambiental, de forma mais crítica. Assim, o profissional, atuante no
planejamento e na execução de atividades de educação ambiental, com o papel de formar no
processo de aprendizagem, a sensibilidade e a conscientização da população, na relação que
63
ela tem entre o meio em que vivem e o social. Há, deste modo, a oportunidade de entender a
integração do ecológico e do social e, a promoção do desenvolvimento sustentável visto como
um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem que para isso se
comprometa a qualidade de vida do ambiente e das próximas gerações.
Espera-se que, a sistematização desta pesquisa venha contribuir de modo significativo
para o fortalecimento do trabalho coletivo da equipe do Projeto Florir Toledo, subsidiar o
planejamento participativo anual e a avaliação permanente e propositiva às atividades em
execução no Projeto Florir Toledo, envolvendo a Secretaria Municipal de Assistência Social e
parceiros, dentre eles, o Curso de Serviço Social da UNIOESTE executor de projeto de
extensão de Oficinas de Educação Ambiental.
De sobremaneira, entende-se que possam surgir novas construções de aprendizado,
experiências vindas da participação dos jovens e familiares, em especial nas ações do projeto
para aproximar e promover cada vez mais o entendimento da indissociabilidade de defesa e
garantia dos direitos humanos e de justiça social com a proteção e a sustentabilidade do meio
ambiente.
64
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69
APÊNDICES
APÊNDICE A- Termo de Compromisso Para Uso de Dados em Arquivo.............. 70
APÊNDICE B- Termo De Consentimento Livre E Esclarecido/ Gestores das
Políticas Municipais..........................................................................
71
APÊNDICE C-
APÊNDICE D-
Termo De Consentimento Livre E Esclarecido/Jovens
adolescentes do Projeto Florir Toledo...............................................
Tabulação da Pesquisa: apresentação dos quadros............................
72
73
APÊNDICE E- Formulário de Entrevista para os Gestores das Políticas
municipais.........................................................................................
82
APÊNDICE F- Formulário de Entrevista para os Jovens Participantes do Projeto
Florir Toledo......................................................................................
84
70
APÊNDICE A
TERMO DE COMPROMISSO PARA USO DE DADOS EM ARQUIVO
Título do projeto: Juventude e o direito fundamental ao Meio Ambiente ecologicamente
equilibrado: um estudo de caso do Projeto Florir Toledo.
Pesquisador Responsável: Dra. Marli Renate von Borstel Roesler
Pesquisador Colaborador: Larissa Teodoro Reckziegel da Silva
O(s) pesquisador(es) do projeto acima identificado(s) assume(m) o compromisso de:
1. Preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa cujos dados serão coletados;
2. Que as informações serão utilizadas única e exclusivamente para a execução do projeto em
questão;
3. Que as informações somente serão divulgadas de forma anônima, não sendo usadas iniciais
ou quaisquer outras indicações que possam identificar o sujeito da pesquisa.
4. Que serão respeitadas todas as normas da Resolução 196/96 e suas complementares na
execução deste projeto.
Toledo, _____de Junho de 2012
___________________________________
Dra. Marli Renate Von Borstel Roesler
____________________________________
Larissa Teodoro Reckziegel da Silva
72
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO/JOVENS
ADOLESCENTES DO PROJETO FLORIR TOLEDO
73
APÊNDICE D
TABULAÇÃO DA PESQUISA: APRESENTAÇÃO DOS QUADROS
QUADRO A – Como o Projeto Florir Toledo tem implementado suas atividades
considerando o objetivo de “capacitar os jovens envolvidos no projeto com ações ativas
na proteção do meio ambiente, fomentando o desenvolvimento econômico, social, e de
geração e renda”, na avaliação dos gestores das políticas públicas do município de
Toledo
G1 Todas as atividades desenvolvidas no Florir Toledo têm contribuído significativamente
para a formação pessoal, desenvolvimento da cidadania e participação comunitária,
interação social e também para a formação profissional, pois são atividades que não
apenas na área de proteção e preservação ambiental, mas de preparação para o exercício
da cidadania, que auxiliam no desenvolvimento da qualificação para o trabalho e na
escolha de uma profissão.
G2 Considero que o objetivo do Projeto é garantido através de todas as atividades realizadas,
pois fortalecem as ações deste sujeito social e sua comunidade.
G3 Participando ativamente de todas as campanhas relacionadas ao meio ambiente.
G4 Sim, temos acompanhado os resultados, que vão desde à empregabilidade na área em
que o participante realizou cursos, até mesmo ao protagonismo juvenil, onde
adolescentes que participaram ou participam das atividades do Projeto Florir Toledo têm
desenvolvido em comunidades a qual fazem parte. Como exemplo podemos citar que
recentemente participantes estavam engajados na reestruturação da UTES em nossa
cidade, alguns destes até eram responsáveis pela área de projetos ambientais. Outro fator
importante é a participação dos adolescentes na ECOCLUBE, onde toda diretoria desta
ONG é de ex participantes do Florir, onde desenvolve atividades que têm como foco a
defesa do meio ambiente em especial a água.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO B – Entende que a implementação das atuais atividades vem de encontro com
a promoção dos direitos fundamentais dos jovens e da cidadania na visão dos gestores
das políticas públicas no município de Toledo
Sim Motivo Não Motivo
4 São atividades que contribuem na formação de valores
essenciais à vida em sociedade. Não se trata apenas de um
trabalho voltado ao apoio na superação da vulnerabilidade
social, mas um projeto que envolve ações que vão
acompanhar o adolescente para a vida toda, promovendo
o ser humano em todos os aspectos, fortalecendo a
educação, promovendo a saúde, o esporte a cultura,
orientando hábitos saudáveis longe da violência e dos
vícios.
Com certeza, mas considero que isso deva muita à postura
e compromisso do profissional coordenador Oséias que
através de sua relação com os adolescentes e com a rede
de atendimento tem atingido ótimos indicadores.
Não explicou o motivo
Sim! Como fora dito na resposta anterior é observado no
engajamento de adolescentes nas atividades de cidadania
em sua comunidades (sic) bem como em ONGS, na luta
pelos seus direitos bem como no protagonismo juvenil.
74
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO C – Quais as maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das
atividades do Projeto Florir Toledo, e facilidades ou potencialidades encontradas para a
execução das mesmas, na visão dos gestores das políticas públicas no município de
Toledo
Dificuldades Facilidades ou potencialidades
G1 Distância da unidade para alguns
adolescentes que moram em bairros mais
distantes, o que não impede a participação
Envolvimento dos responsáveis pelo projeto,
compromisso com o trabalho, criatividade,
formação de parcerias com outras instituições
e empresas, capacidade de aprender e
comprometimento dos atendidos, apoio e
compreensão das famílias envolvidas.
G2 Estrutura física, recursos humanos e
materiais, falta de profissional assistente
social.
Visibilidade do Projeto, ações práticas,
construção coletiva de ações.
G3 Falta de recurso financeiro próprio. Dedicação incondicional do coordenador do
Projeto.
G4 Dificuldade principal está na estrutura física
que nos limita de certa forma para nossas
atividades.
Potencialidade está no público, creio que os
olhares para o adolescente devem ser o mais
positivo possível, na perspectiva de futuro e
presente, respeitando as limitações e falta de
limitações que muitos apresentam, sem dúvida
eles são o potencial que temos a utilizar nas
execução das atividades, sabendo é claro que
eles mesmo é o foco e objetivo principal a ser
alcançados. Outro fator positivo é a
localização do Projeto Florir Toledo pela
aproximação com as Universidades de
Toledo, para a implantação de projetos e
parcerias.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO D – Que espaços participativos são propostos e estimulados aos jovens e seus
familiares e responsáveis no planejamento e execução das atividades do Projeto Florir
Toledo, na visão dos gestores das políticas publicas do município de Toledo
G1 O acompanhamento e a participação da família do adolescente é muito importante, por
considerar a família como base fundamental para todo o processo de formação humana.
Assim, são promovidas reuniões periódicas, conversas com os pais, palestras atividades
interativas como gincanas, cursos, confraternizações e outras.
G2 Considero que além das reuniões realizadas pela equipe com os familiares são
encaminhados ou realizados informes para garantir o acesso dos adolescentes e família em
programas, projetos e serviços.
G3 Procuramos na medida do possível fazer com que a família participe e conheça todo o
trabalho realizado e atividades realizadas pelos adolescentes.
G4 Realizações de reuniões com pais/responsáveis e filhos. Por meio de cursos onde os
responsáveis que por ventura se encontram em situação de desemprego ou semente na
execução dos serviços do lar, bem como nas atividades do CRAS seja por reunião ou
cursos. Há um projeto conhecido como “FÉRIAS É NO FLORIR”, onde os participantes
realizam acampamento durante as férias e nas noites jogos e gincanas com a família nos
locais onde ocorre a proposta.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
75
QUADRO E – De que forma verifica a integralização das atividades do Projeto Florir
Toledo com os princípios das Políticas Públicas (Criança e Adolescente; Juventude;
Assistência Social; Meio Ambiente e outras). E com demais projetos sociais voltados à
juventude, na visão dos gestores das políticas públicas do município de Toledo
Positiva Justificativa Negativa Justificativa
4 A integralização verifica-se no envolvimento e
na participação dos adolescentes nas atividades
culturais, esportivas, educativas, na proteção
ambiental através da conscientização das
pessoas, na contribuição com o preparo de
mudas de plantas e flores que embelezam
nossas praças e espaços públicos.
Os princípios das Políticas Sociais são
verificados nas atividades que o Projeto
realiza, pois apesar de não estar trabalhando no
Projeto é visível as ações comunitárias e
atividades que fortalecem a convivência
familiar e comunitária.
Garantindo que o adolescente tenha seus
direitos assegurados, participando de cursos
profissionalizantes não tendo que ir para o
mercado de trabalho tão cedo e despreparado e
participando das oficinas de educação
ambiental.
Na proposta da Assistência Social, Criança e
do Adolescente e Juventude temos como o
principal fundamento, pois temos como
objetivo central é dar oportunidades aos
participantes a fim de que os mesmos se
motivem a continuar seus estudos distanciando
assim do risco de evasão escolar. Oportunizar
ao adolescente participante ainda cursos e
acesso aos seus direitos, como: Cultura, Saúde,
Esporte e Lazer e profissionalização. Meio
Ambiente cito a participação nas atividades de
plantios de árvores, criação de jardins, e
engajamento nas atividades do Ecoclube de
Toledo.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO F – Como é avaliado a intervenção interdisciplinar da equipe no Projeto
Florir Toledo e com as instituições parceiras, na visão dos gestores das políticas publicas
do município de Toledo
Positiva Justificativa Negativa Justificativa Não justificou
4 A interdisciplinaridade amplia as
possibilidades de desenvolvimento de
uma pedagogia de trabalho eficaz e de
resultados, mantendo o entusiasmo e
motivação dos participantes. Então
sempre em contato com propostas
inovadoras e diferenciadas, o que é
essencial para manter os adolescentes
1
76
no projeto.
Avalio que a intervenção
interdisciplinar da equipe e as
parcerias é o que garante o sucesso e
garantia dos objetivos do Projeto.
Positiva e com bons resultados. É por
meio destas parcerias que muitas
conquistas do Florir Toledo foram
Alcançadas.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO G – Como é avaliada a parceria da UNIOESTE com execução das Oficinas de
Educação Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo, na
visão dos gestores das políticas públicas do município de Toledo
Positiva Justificativa Negativa Justificativa Não respondeu
3 Considero uma parceria essencial para o
desenvolvimento das atividades, pois
além do aprendizado das oficinas os
adolescentes identificam a universidade
com algo possível.
1
Ótima.
É uma das parcerias mais antigas do
Projeto Florir Toledo, esta por sinal tem
nos servido de princípio norteador nas
práticas ambientais, e trazendo a
Universidade para dentro do Florir
Toledo, possibilitando assim a interação
dos adolescentes com o público
universitário.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO H – O conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir tem
possibilitado aos jovens um processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional
e de melhoria das condições de vida, na visão dos gestores das políticas públicas do
município de Toledo Sim Justificativa Não Justificativa 4 Com toda certeza. O simples fato de estarem resguardados da
violência e das drogas, de aprenderem a viver com dignidade
levando para dentro de suas famílias os conhecimentos
adquiridos. Muitos jovens que passaram pele Florir Toledo já
foram encaminhados ao trabalho nas empresas, tendo bom
desempenho e possibilidade de, com suas potencialidades
crescerem profissionalmente, melhorando assim sua qualidade
de vida e de seus familiares.
Considero que o conjunto de atividades implementadas garante o
processo de aprendizado, iniciação profissional e melhoria das
condições de vida, mas para além disso fortalece o senso crítico
dos adolescentes e as relações e vínculos familiares e
comunitários.
Sem dúvida, a maioria dos adolescentes do Projeto ao saírem são
encaminhados ao mercado de trabalho e possuem um excelente
77
currículo.
Hoje podemos apontar o Projeto Florir Toledo como um “estilo
de vida” onde os que participam obtêm ao longo do tempo uma
identificação que mesmo distante do Projeto mantêm alguma
forma de contato. Temos adolescentes que são profissionais
formados em cursos técnicos e outros que estão em formação
superior em andamento. O resultado positivo que observamos
em que passa pelo Projeto Florir é a honra e alegria que
demostram até hoje em ter participado do Florir Toledo, em com
número baixíssimos quase 0 (zero) de adolescentes que
iniciaram sua vida no crime e drogas.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO I – Motivo pelo qual os jovens ingressaram no Projeto Florir Toledo e suas
expectativas Motivo Expectativas
J1 Porque a minha madrinha era do conselho tutelar
e ela me incentivou a entrar no Projeto, que seria
bom pro meu futuro e para desenvolvimento da
minha educação e como me comportar melhor
socialmente perto e longe das outras pessoas.
Fazer alguns cursos profissionalizantes
para quando sair do projeto provavelmente
sair com um emprego garantido e também
conhecer novos amigos e levar alguns para
ao longo da vida.
J2 Procurei o Projeto Florir Toledo porque não
fazia nada na parte da tarde, e meus amigos
sempre falavam que era bom o projeto então
resolvi frequentar para curtir e conhecer o
projeto.
Minhas expectativas era fazer novos
amigos, fazer alguns cursos que o projeto
oferece e com certeza ganhar a bolsa.
J3 Procurei o Projeto, para não ficar na rua, pois os
crimes em Toledo aumentaram.
Oportunidades de emprego e de cursos.
J4 Não respondeu Eu vim para buscar novas experiências,
conhecer novos amigos.
J5 Entrei mais pelo motivo de ocupação diária, pois
na época não tinha nenhum conhecimento do
mesmo.
Minhas expectativas eram principalmente
aprimorar meus conhecimentos botânicos.
J6 Há procura de lazer, aprendizado, cursos,
pessoas para conhecer.
Minhas expectativas foram exatamente o
que estava procurando. Pessoas em lugares
diferentes, tendo novos conhecimentos,
novas responsabilidades, muitos passeios,
muita diversão.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO J – o significado da participação das atividades do Projeto Florir Toledo e
como são executadas no dia a dia, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir
Toledo Significado Como são executadas
J1 É bom porque na maioria das vezes o grupo
inteiro tem que trabalhar em grupo para
conseguir completar as atividades.
Na maioria das vezes tem discussão sobre o
que a gente está fazendo, na maioria das vezes
as atividades são concluídas e bem discutidas
até o final das atividades proposta.
J2 Esse ano eu só gosto de algumas atividades,
acho muito bom as atividades que o projeto
oferece, pois além do preparo físico muito
Não respondeu.
78
bom você conhece um pouco da natureza.
J3 As atividades do Projeto nós aprendemos
cada vez mais com elas.
No dia a dia separamos em dois grupos um
trabalha no galpão e outros nas estufas ou fica
procurando a onde a dengue pode estar e
limpar, para mim isso é muito importante, pois
é um trabalho em grupo.
J4 Melhorar meu desenvolvimento, ajudar
minha saúde.
Não respondeu.
J5 Conhecimento, diversão, disciplina, etc. Geralmente todas eram executadas
normalmente, com pessoas focadas nos
assuntos e alguns distraídos ou bagunçando.
J6 Eu procuro não faltar, pois a cada atividade,
o prazer de estar aqui é imenso, elas são
importantes, ganho experiências, e tento
aproveitar, pois as lembranças que tenho
aqui já são muito boas, e quero ainda mais
para poder recordar.
As atividades são executadas cada dia da
semana, uma diferente com 2 horários, o 1º e o
2º. Onde participamos de jardinagem, natação,
capoeira, aula de música, cursos, entre outros...
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO K – As atividades do Projeto Florir Toledo vêm de encontro com as
expectativas atuais de aproximar a formação escolar com oportunidades de iniciação de
capacitação profissional, por serem desenvolvidas em contra turno escolar, na visão dos
jovens participantes do Projeto Florir Toledo Sim Justificativa Não Justificativa
6 Porque aqui no Projeto Florir Toledo tem vários
cursos profissionalizantes e que pode ajudar para
conseguir um emprego melhor e não precisar fazer
cursos quando estiver trabalhando porque daí já tinha
sido feito antes no Projeto.
Os cursos que fazemos aqui pode ser seu futuro de
profissão, ajudar a descobrir do que você gosta.
Os cursos que nós fazemos irá sim afetar no mercado
de trabalho, são cursos muito bons e irá ajudar muito.
Te ajuda a criar mais responsabilidade, compromisso.
Muito dos cursos feitos podemos usar para facilitar
nossa entrada em algumas empresas.
Criamos aqui um vínculo com todos, aprendemos
viver como grupo, percebemos o valor de uma
amizade, pois as atividades realizadas é preciso um
do outro, sem contar sobre as grandes oportunidades
que nosso coordenador nos proporciona, nos oferece
cursos profissionalizantes, que futuramente, fará uma
grande diferença na minha área de trabalho.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO L – As atividades do Projeto Florir Toledo têm levado a conhecer outras
ações desenvolvidas por projetos sociais com jovens na comunidades locar e região, na
visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo. Sim Justificativa Não Justificativa 6 Eco Tech, Eco Club, Jovem Jardineiro, Cultivando
Água Boa, Itaipu Binacional, e alguns outros.
79
Participo do Florir e conheço muitos outros
projetos.
Em Foz do Iguaçu nós conhecemos os Jovens
Jardineiros que foi uma experiência bem legal.
Jardinagem
Nos nossos plantios conhecemos pessoas
conhecemos pessoas de outros projetos, além de
conhecermos alguns nas nossas apresentações e
eventos.
Fazemos muitas visitas a outros projetos como o
nosso centro da juventude, ecoclubes, jovem
jardineiro, cultivando água boa. Preocupação com o
meio ambiente, com o lixo da cidade, com as
árvores sendo cortadas, com o papel jogado fora,
com a água sendo usada sem cuidado.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO M – A importância de os jovens se envolverem de forma ativa em atividades
de sensibilização e capacitação voltadas à proteção do meio ambiente e promoção da
cidadania, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo Sim Justificativa Não Justificativa
6 Porque a gente fica sabendo o que a gente vai fazer e
sabe o que vai acontecer no curso e no andamento do
que a gente vai fazer, a gente planta árvores e fazemos
jardins.
Porque adolescente bem articulado é um adolescente
bem formado.
É uma experiência bem legal para os jovens ajudar o
meio ambiente e a cidadania.
Os cursos me ajudam a ampliar meus conhecimentos e
me encaminham para o mercado de trabalho.
Isso se agrega a nossa vida, além de beneficiar ao
próximo e ao meio ambiente, me sinto bem por ter
ajudado o mundo, e acho que muitos sentem o mesmo.
Como tanto que a gente gosta muito quando as
universidades fazem atividades com a gente,
mostrando como é importante preocuparmos com o
meio ambiente. E ponhamos em prática sempre quando
fazemos um jardim, ou algo parecido.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO N – O que motiva a participar semanalmente nas oficinas de educação
ambiental e que temas ou assuntos despertam maior atenção, na visão dos jovens
participantes do Projeto Florir Toledo O que motiva a participar Temas ou assuntos que despertam atenção
J1 A participar e terminar as atividades que
são propostas pelo professor e pela
prefeitura.
O que eu mais gosto de fazer é a Ed. Física
que é feito nas sexta-feira e é a atividade que
as pessoas e os adolescentes gostam de fazer
porque envolve as pessoas a fazer um
trabalho em grupo.
J2 O pagamento da bolsa fim do mês. Não respondeu.
80
J3 O que me motiva mais é que nós estamos
ajudando Toledo a melhorar.
O que me desperta é que estamos fazendo
coisa boa.
J4 Os cursos me ajudam a ampliar meus
conhecimentos e me encaminham para o
mercado de trabalho.
Não respondeu.
J5 Antigamente eu era motivado pela
vontade e porque eu gostava muito de vir,
hoje em dia eu me sinto desmotivado pelo
projeto ter mudado.
Não respondeu.
J6 Todos os temas relacionados ao meio
ambiente, pois abrange várias áreas onde
podemos ter um conhecimento adquirido
aqui.
Não respondeu.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO O – O envolvimento no planejamento e desenvolvimento das atividades e
oficinas semanais do Projeto Florir Toledo, por exemplo, na proposição, discussões e
debates dos temas, dinâmicas de trabalho em grupo e avaliação de resultados, dentre
outros aspectos, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo J1 Os adolescentes debatem e selecionam as melhores para ser feito e o que vai ajustar nas
novas futuras.
J2 Só fico na minha, não dou minha opinião , quase sempre ninguém concorda, então sempre
a opinião dos outros são debatidos.
J3 Nós fazemos debates e escolhemos os cursos e dinâmicas.
J4 Sim, ajudamos a escolher cursos que gostaríamos de fazer.
J5 Dou minha opinião quando necessário, e tento agregar meus conhecimentos tudo que eu
acho interessante ou necessário.
J6 Sim, damos sugestões relacionadas ao que gostamos de fazer, e que sempre possível ele
nos atende.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO P – Que problemas ambientais t~em chamado a atenção e o que pode ser feito
para resolvê-los, na visão dos jovens participantes do Projeto Florir Toledo Problemas ambientais que chamam a atenção O que pode ser feito para resolvê-los
J1 Poluição, desmatamento. Não jogar lixo nas ruas e reparar as bocas de
lobo, e plantar árvores onde foi desmatado
principalmente nas matas legais.
J2 Corte de árvores. Plantar mais.
J3 Um dos principais problemas é a poluição. Pode ser feito mais carros elétricos.
J4 A sujeira em rios e no meio ambiente. Temos que ter consciência e tentar amenizar
essa situação.
J5 Bom, todos me chamam a atenção. Não podemos acabar com eles, mas
conscientizar as pessoas para diminuição
destes.
J6 O desperdício da água, o descuido do lixo,
reciclagem, o meio ambiente no geral.
Poderia ser feito, elaborado, um projeto para
que os integrantes do Florir Toledo possam
sensibilizar as pessoas de quanto é
importante cuidarmos do que é nosso.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO Q – O que pode ser compartilhado em família, na escola, no grupo de amigos,
na comunidade, com os universitários sobre a experiência vivida no Projeto Florir
81
Toledo e nas oficinas de educação ambiental, na visão dos jovens participantes do
Projeto Florir Toledo J1 Ajudar as pessoas como plantar e fazerem jardim ou ajudar como cuidar das plantas.
J2 Nada, pois relações escolares fica na escola, relações familiares fica na família, e as
questões da comunidade entra em todos os lugares.
J3 Pode ser compartilhado o trabalho em grupo e o mais importante a amizade.
J4 As amizades verdadeiras e a responsabilidade e compromisso dos professores e
coordenadores.
J5 Acho que eu vou levar e compartilhar tudo que eu aprendi.
J6 O que debatemos, o que aprendemos, as histórias, as lembranças, as brigas, tudo o que
levamos de bom devemos compartilhar com todos, o quanto foi divertido o que vivemos
juntos.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
QUADRO R – Que ações são fundamentais para que os jovens possam participar das
decisões sobre o processo de desenvolvimento social e econômico e de geração de renda,
com a proteção do meio ambiente e garantia dos diretos fundamentais, na visão dos
jovens participantes do Projeto Florir Toledo J1 Participar das reuniões da comunidade, ajudar as pessoas a se comportar no meio da
comunidade e na sociedade.
J2 Os jovens não ligam muito para político, e se fosse o caso , sempre ia sair sacanagens e
brincadeiras de mal gosto.
J3 Deve ser fitas palestras e dinâmicas para os jovens.
J4 Conhecer a cidade e a sujeira dela, conhecendo isso você cria um conceito em sua cabeça,
não fazendo mais coisas erradas e nem sujando mais a cidade e o meio ambiente.
J5 Dar mais espaço a voz jovem na sociedade, pondo jovens nos debates sobre o futuro dos
mesmos, pois nós somos o futuro e temos direito de escolher o mesmo.
J6 Primeiro interesses com o nosso mundo, onde vivemos, para os jovens contra as drogas, o
bulling, a preocupação com o meio ambiente é fundamental, pois são ações feitas para
melhorar o nosso futuro.
FONTE: Dados obtidos na pesquisa de campo
82
APÊNDICE E
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS GESTORES DAS POLÍTICAS
MUNICIPAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
Curso: Serviço Social – 4º Ano
Professor (a) orientador (a) de tcc: Marli Renate von Borstel Roesler
Acadêmico (a): Larissa Teodoro Reckziegel da Silva
Objetivo geral da pesquisa: Analisar e compreender a implementação do Projeto
Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de
enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens participantes e
gestores de políticas públicas.
Sujeitos da pesquisa: Gestores das políticas municipais.
Local da entrevista: Sede do Projeto Florir Toledo, localizado na Rua Corbélia, 830 Jd.
Santa Maria e Secretaria de Assistência Social do Município de Toledo – PR.
Nome: ______________________________________________ Idade: ____________
Data de Nascimento: ___/___/______ Sexo: F ( ) M ( )
Endereço: _____________________________________________________ Nº ______
Bairro: __________________________________________ Fone: _________________
1. Formação Profissional:
2. Cargo ou função:
3. Quando iniciou as atividades no Projeto Florir Toledo?
4. O que levou você a fazer parte da equipe do Projeto Florir Toledo?
5. Em sua avaliação como o Projeto Florir Toledo tem implementado suas atividades
considerando o objetivo de “capacitar os jovens envolvidos no projeto com ações ativas na
proteção do meio ambiente, fomentando o desenvolvimento econômico, social e de geração
de renda”?
6. Entende que a implementação das atuais atividades vem de encontro com a promoção dos
diretos fundamentais dos jovens e da cidadania?
7. Quais as maiores dificuldades encontradas para o desenvolvimento das atividades do
Projeto Florir Toledo? E, facilidades ou potencialidades encontradas para a execução das
mesmas?
8. Que espaços participativos são propostos e estimulados aos jovens e seus familiares e
responsáveis no planejamento e execução das atividades do Projeto Florir Toledo?
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9. De que forma se verifica a integralização das atividades do Projeto Florir Toledo com os
princípios das Políticas Públicas (Criança e Adolescente; Juventude; Assistência Social e
Meio Ambiente; e outras)? E, com demais projeto sociais voltados à juventude?
10. Como avalia a intervenção interdisciplinar da equipe no Florir Toledo e com as
instituições parceiras?
11. Como avalia a parceria da UNIOESTE com a execução das Oficinas de Educação
Ambiental na implementação das atividades do Projeto Florir Toledo?
12. Em sua avaliação, o conjunto das atividades implementadas no Projeto Florir Toledo tem
possibilitado aos jovens um processo contínuo de aprendizado, de iniciação profissional e de
melhoria das condições de vida?
Estou ciente dos objetivos da pesquisa e da inclusão dos dados fornecidos no Trabalho de
Conclusão de Curso, da Acadêmica Larissa Teodoro Reckziegel da Silva.
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Data Assinatura do Entrevistado
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APÊNDICE F
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS JOVENS PARTICIPANTES DO PROJETO
FLORIR TOLEDO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
Curso: Serviço Social – 4º Ano
Professor(a) orientador(a) de tcc: Marli Renate von Borstel Roesler
Acadêmico (a): Larissa Teodoro Reckziegel da Silva
Objetivo geral da pesquisa: Analisar e compreender a implementação do Projeto
Florir Toledo enquanto um instrumento de garantia de direitos fundamentais e de
enfrentamento da questão ambiental, aproximada à percepção de jovens participantes
e gestores de políticas sociais.
Sujeitos da pesquisa: Jovens participantes do Projeto Florir Toledo.
Local da entrevista: Sede do Projeto Florir Toledo, localizado na Rua Corbélia, 830
Jd. Santa Maria.
Nome: ______________________________________________ Idade: ____________
Data de Nascimento: ___/___/______ Sexo: F ( ) M ( )
Natural de______________________________________ Estado: _________________
Endereço: _____________________________________________________ Nº ______
Bairro: __________________________________________ Fone: _________________
1. Quando e por que você procurou o Projeto Florir Toledo e quais eram suas expectativas?
2. O que significa para você participar das atividades do Projeto Florir Toledo e como elas são
executadas no dia a dia?
3. As atividades do Projeto Florir Toledo vêm de encontro com as suas expectativas atuais de
aproximar a formação escolar com oportunidades de iniciação de capacitação profissional, por
serem desenvolvidas em contra turno escolar?
4. As atividades do Projeto Florir Toledo têm levado você a conhecer outras ações
desenvolvidas por projetos sociais com jovens na comunidade local e na região?
5. Para você é importante os jovens se envolverem de forma ativa em atividades de
sensibilização e capacitação voltadas à proteção do meio ambiente e promoção da cidadania?
6. O que te motiva a participar semanalmente nas oficinas de educação ambiental e que temas
ou assuntos despertam maior atenção?
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7. Como você tem se envolvido no planejamento e desenvolvimento das atividades e oficinas
semanais, por exemplo, na proposição, discussões e debates dos temas, dinâmicas de trabalho
em grupo e avaliação de resultados, dentre outros aspectos?
8. Que problemas ambientais têm chamado sua atenção e o que pode ser feito, a seu ver, para
resolvê-los?
9. Em sua avaliação o que pode ser compartilhado em família, na escola, no grupo de amigos,
na comunidade, com os universitários sobre a experiência vivida no Projeto Florir Toledo e
nas oficinas de educação ambiental?
10. Para você que ações são fundamentais para que os jovens possam participar das decisões
sobre o processo de desenvolvimento social e econômico e de geração de renda, com a
proteção do meio ambiente e garantia dos diretos fundamentais?
Estou ciente dos objetivos da pesquisa e da inclusão dos dados fornecidos no Trabalho de
Conclusão de Curso, da Acadêmica Larissa Teodoro Reckziegel da Silva.
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Data Assinatura do Entrevistado