Author
roberto-carvalho
View
15
Download
10
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Este trabalho descreve as características e estratégias da empresa uCube para alcançar não apenas estabilidade, mas crescimento em um período de crise, através da oferta de serviços diferenciados e personalizados para seus clientes.
SERVIÇOS PERSONALIZADOS COMO UMA ALTERNATIVA
PARA CRESCER NA CRISE
Douglas Januário ([email protected])
Marcos Vinicius de Oliveira Magri ([email protected])
Roberto Lopes de Carvalho ([email protected])
RESUMO
Este trabalho descreve as características e estratégias da empresa uCube para
alcançar não apenas estabilidade, mas crescimento em um período de crise, através
da oferta de serviços diferenciados e personalizados para seus clientes.
Palavras-chave: Business Intelligence, crescimento
ABSTRACT
This paper's describe the features and strategies of the company uCube to reach not
only stability but also growing in a recession period by offering exclusive and
customized services to his clients.
Key-Words: Business Intelligence.
INTRODUÇÃO:
A informatização da maior parte das atividades industriais e comerciais
nas últimas décadas permitiu que as empresas racionalizassem seus
procedimentos e tornou o mercado atual extremamente competitivo. Nesse
cenário uma das dificuldades encontradas pelas empresas reside na
dificuldade de extrair de dentre a imensa massa de informações relativa ao
negócio da empresa e armazenadas em sistemas e documentos eletrônicos,
aquelas que são mais pertinentes não a operacionalização das atividades,
mas a manutenção e criação de estratégias.
Para suprir essa demanda de informações de cunho e utilidade
1
estratégica surge a Business Intelligence, cujo termo foi pela primeira vez
empregado, em um contexto levemente menos abrangente, em 1958 por
Hans Peter Luhn, pesquisador da IBM, e que começa agora não apenas a se
popularizar entre as empresa, como tornar-se uma necessidade em termos
de planejamento.
A empresa objeto de nossa pesquisa tem a seu favor o fato de ser
uma das pioneiras no Brasil no oferecimento de consultoria e criação de
soluções de Business Intelligence, além de oferecer outros serviços que
seguem a linha de atividade dos serviços voltados à gestão de projetos,
avaliação da empresa (Balanced Scorecard), gestão de pessoas e análise da
relação com os clientes.
A EMPRESA:
Fundada no final de 2006, por três sócios, a uCube definiu com parte de
sua visão ser uma empresa inovadora em soluções de Business Intelligence,
e para início de suas atividades ela contou com a expertise dos próprios
sócios fundadores e investiu em contratação de profissionais gabaritados na
área.
A uCube é especializada em soluções de Business Intelligence, Gestão
de Desempenho Empresarial e Portais Corporativos para atender as
necessidades de negócio dos mais variados segmentos do mercado, das
pequenas as grandes empresas, de forma personalizada. Ela conta com
profissionais com mais de dez anos de experiência no segmento de soluções
gerenciais no Brasil e no Exterior.
A consultoria tem como visão ser a empresa líder e inovadora em
soluções de Business Intelligence e Portais Corporativos na plataforma
Microsoft, comprometida com a geração de valores aos clientes,
colaboradores e sócios. Também possui a missão de fornecer consultoria e
tecnologia necessárias para permitir que seus clientes possam monitorar e
gerenciar os processos internos e indicadores de desempenho, garantindo o
sucesso dos negócios.
Os principais valores da empresa são: ética, comprometimento e foco
2
na satisfação do cliente.
A uCube é uma parceira Microsoft através do certificado Microsoft Gold
Certified e é a primeira parceira a implementar soluções de Balanced
Scorecard baseada na plataforma PerformancePoint Server no Brasil.
BUSINESS INTELLIGENCE:
Em sua primeira aparição o termo Business Intelligence era definido
como a habilidade de compreender inter-relações de fatos apresentados de
maneira a guiar ações para atingir um dado objetivo (LUHN, 1958). Dresner
propôs uma definição mais abrangente caracterizando o termo como um
conjunto de conceitos e métodos para aprimorar a tomada de decisões
utilizando sistemas de suporte baseados em fatos (POWER, 2007).
Ambas as definições tem algo em comum: a necessidade de basear-
se em fatos para inferir informações úteis. Assim sendo as ferramentas que
os analistas de BI (Business Intelligence) utilizam possuem interfaces para
leitura de informações a partir de fontes diversas, tais quais, bancos de
dados relacionais, arquivos de texto, planilhas eletrônicas, arquivos XML e
até mesmo outras aplicações que com ela se integrem.
De acordo com (REDMAN, 1998), dentro das organizações podem ser
vistos diferentes níveis de uso dos dados:
• Nível operacional: São utilizados sistemas de informação que monitoram as
atividades e transações elementares da organização. São sistemas que
mostraram o ápice da sua importância na última década, em conseqüência
de um desenvolvimento organizacional orientado ao mercado global.
• Nível de conhecimento: Neste nível encontramos os trabalhadores de
conhecimento e de dados, cobrindo o núcleo de operações tradicionais de
captura massiva de dados e serviços básicos de tratamento de dados, com
tarefas pré-definidas.
• Nível de administração: São realizadas tarefas de administradores de nível
intermediário apoiando as atividades de análise, de acompanhamento, de
controle e tomada de decisões, realizando consultas sobre informações
3
armazenadas no sistema, proporcionando relatórios e facilitando a
administração da informação por parte dos níveis intermediários.
• Nível estratégico: Seu objetivo é realizar as atividades de planejamento em
longo prazo, tanto do nível de administração quanto dos objetivos
apresentados pela empresa.
A figura seguinte é uma ilustração dos níveis de uso dos dados
citados anteriormente:
Figura : Níveis de uso dos dados em uma organização
Podemos observar claramente que a Business Intelligence está ligada
aos níveis mais importantes do ponto de vista das estratégias de uma
4
empresa e tendo como usuários principais os administradores da empresa.
ENTENDENDO A CRISE:
A crise financeira internacional teve início em meados de 2007
com o mercado de um produto chamado subprime que seria crédito
imobiliário para pessoas com alto risco de inadimplência (FARHI, PRATES,
et al., 2008). Um dos eventos que trouxe à luz a crise e foi, em parte
responsável por sua propagação, foi a declaração de falência do tradicional
banco de investimentos estadunidense Lehman Brothers em . Fundado em
1850 o Lehman Brothers já vinha acumulando resultados negativos que
fragilizaram a imagem do banco, levando suas ações a perderem
aproximadamente 95% do seu valor (BBC, 2008). O governo norte-
americano optou por não salvar o banco Lehman Brothers, fato que foi
apontado por alguns economistas como tendo sido um erro grave e pontual
(BRESSER-PEREIRA, 2008).
Ponto que merece destaque em comparação com outras crises de
crédito que atingiram menor escala é a questão de que o prejuízo total não
poderia ser calculado previamente devido ao grande volume de produtos
financeiros lastreados em ativos – financeiros ou não. Esses produtos são
conhecidos como asset-backed commercial papers e em geral são emitidos
tendo por base uma linha de crédito de outro banco sendo oferecidas como
garantia outras dívidas e obrigações. No caso em questão havia inúmeros
outros produtos de crédito sendo garantidos pelas dívidas de produtos como
os subprimes (SOBREIRA, 2008). Com isso os prejuízos foram redistribuídos
globalmente e para um grande número de instituições financeiras (FARHI,
PRATES, et al., 2008).
A situação do Brasil perante a crise foi favorecida pelo alto volume de
reservas do país e ainda pelo fato de que as instituições bancárias brasileiras
têm muito poucos investimentos em títulos e derivativos do mercado
imobiliário norte-americano (ESTADÃO, 2008). No entanto mesmo uma
posição favorecida não isentou completamente o mercado brasileiro de
5
impactos negativos da crise sobre o país e um dos pontos mais fortemente
sentidos foi a restrição de crédito para empresas devido a falta de crédito
proveniente origem externa, com isso iniciou-se um tipo de referente de
retração que foi puxada pelo setor industrial (LUDERS, 2009).
A CRISE E A ESTRATÉGIA:
Dentro do período compreendido entre final de 2008 e final de 2009, no
qual o país enfrentou a crise e muitas empresas registraram prejuízo tendo
de fazer cortes de gastos e de pessoal, a uCube registrou um crescimento na
receita. Em 2008 a empresa obteve um crescimento de 214%, ultrapassando
R$ 2,2 milhões em faturamento (INVERTIA, 2009). Já em 2009 a empresa
voltou a ter um novo crescimento expressivo de mais de 100%. Na entrevista
que realizamos com o Sr. Eder Berenguer, diretor de Novos Negócios da
uCube, ele foi bastante enfático no que diz respeito a estratégia utilizada pela
empresa nos períodos referidos: "Para 2009, adequamos o nosso
planejamento estratégico para passar pelo primeiro semestre sem perdas
significativas no negócio. Estamos muito otimistas com o ano de 2010, pois
tivemos o nosso melhor primeiro trimestre em volume de negócios fechados
na história da empresa.”
No início de 2009 a uCube tinha pouco mais de dois anos e estava
fadada a ser mais uma pequena empresa a entrar em falência ou trabalhar
com as atividades reduzidas. Entretanto, seus diretores enfrentaram a crise
realizando grandes investimentos. Contratações, como a de um novo
Gerente de Negócios e a mudança da sede da empresa, com um custo
superior a R$ 100 mil, marcaram o primeiro semestre de 2009. Na contramão
da crise a uCube, contando com a ajuda do novo gerente contratado, fecha
bons projetos ainda no início daquele ano e é obrigada é investir no time de
serviços, sendo assim realizada sete contratações, sendo uma delas um
novo gerente de projetos. Para o segundo semestre de 2009 a uCube inicia
seus investimentos na área de marketing no intuito de ganhar maior
visibilidade da marca uCube no mercado e então, é realizada a contratação
de um Gerente de Marketing. Como primeira ação desta área, a uCube
6
participa do Microsoft Directions, promovido pela Microsoft, que é um evento
focado em promover a melhor experiência entre clientes e parceiros
Microsoft, viabilizando mostrar uma plataforma completa em tecnologia da
informação, se adequando ao novo cenário mundial em tempo de nova
economia.
No período de 2008-2009 a uCube teve como principais produtos as
soluções de Business Intelligence e construção de portais colaborativos
utilizando a plataforma SharePoint. De acordo com o Diretor de Serviços Alex
Berenguer, mesmo diante da crise a empresa não necessitou de buscar
alternativas em relação aos tipos de serviços que já vinham oferecendo, pois
a demanda foi suficiente para garantir a sobrevivência e crescimento da
empresa.
Os projetos iniciados pela uCube no período de crise tinham o foco
em criar soluções de BI para uso contínuo do cliente. Segundo Alex, as
empresas se aperceberam que o volume absurdo de sistemas e de
informações em distintos sistemas inviabilizava a análise dos dados em nível
estratégico e às vezes até em nível tático. A expectativa desses clientes era
tornar a informação disponível em tempo o mais próximo possível do real e
em um formato que favorecesse o processo de tomada de decisão dos
gestores. Para tanto, entre as demandas dos clientes estavam: criação de
um portal de gerenciamento, possibilidade de acesso remoto e automação
do processo de extração de dados “interfaceando” com aplicações da
empresa.
Os principais cliente da uCube em volume de faturamento durante o
período de crise foram: Editora Globo, Itaú BBA, Kimberly-Clark e Microsoft.
Segundo Eder, o que esses clientes tiveram em comum foi que os projetos já
haviam sido iniciados pouco antes do começo da crise ou já estavam com
contratos fechados. Todos os projetos desses clientes envolveram soluções
de BI e desenvolvimento de portais corporativos. “Talvez, se não tivéssemos
com esses projetos fechados, não teríamos sobrevivido à crise”, afirma.
Em 2010, a uCube começa apostando em inovação e monta um time
altamente qualificado para a construção da ferramenta “uCube Touch BI”.
Esta ferramenta foi desenvolvida com as mais recentes tecnologias da
7
Microsoft, o Windows 7, Windows Presentation Foundation e Silverlight, e
disponibiliza uma interface interativa para a análise e acompanhamento dos
indicadores estratégicos de uma corporação. O produto ainda não é
comercializado, pois a tecnologia touch para desktop ainda não estão tão
difundida. Ainda neste ano, seus diretores vão à Las Vegas, EUA, no evento
MIX 2010, que tem como foco as inovações de design e novas plataformas
de comunicação. Durante este evento a uCube inicia negociações de
parceria com empresas que possuem soluções de visualização de
informações contidas em bancos de dados OLAP através de dispositivos
móveis. Em maio de 2010 a uCube fecha sua primeira parceria internacional
com a Extended Results, empresa detentora dos direitos autorais do
software PushBI e agora são fornecidos serviços de Business Intelligence
com a possibilidade de visualizar as informações gerenciais através de um
smartphone. O primeiro cliente a ser implantado essa tecnologia através da
uCube foi o Banco Schahin.
Em relação a projetos internos, atualmente a uCube está iniciando a
implementação do projeto “Rumo Certo”, que é uma forma de melhor avaliar
os profissionais contratados, saber quais são seus pontos fortes e pontos
que necessitam ser melhorados. Também está sendo traçado um novo plano
de carreira, em que o profissional sabe claramente quais os objetivos que
necessitam ser atingidos e quais serão as promoções financeiras no decorrer
do tempo.
Segundo o sócio fulano de tal, o investimento da empresa em profissionais
gabaritados e na reciclagem e aprimoramento dos profissionais devem-se
fundamentalmente ao fato de que o negócio de BI depende muito da
expertise dos profissionais. “Boas ferramentas são indispensáveis para
produtividade, entretanto em se tratando de BI não há duas soluções iguais e
o perfil do nosso profissional deve prever dinamismo, inteligência e muita
comunicação para entender o negócio do cliente e modelar a solução que ele
necessita”.
Para o ano 2010 a uCube tem um meta agressiva de crescimento,
pretendendo aumentar seu faturamento em mais de 100% em relação ao
ano de 2009. Para isso conta com uma equipe de quatro gerentes
8
comerciais, um time de serviços altamente qualificado, um gerente de
marketing engajado em divulgar a marca uCube e dois diretos
comprometidos com a empresa e principalmente com seus funcionários.
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Em nossas observações do histórico e desenvolvimento da
empresa observamos que o serviço oferecido pela empresa tem encontrado
uma receptividade excelente e que essa é uma parte fundamental do
sucesso alcançado pela consultoria mesmo em situações de crise econômica
que afetam outros segmentos. Este serviço tem como diferencial a
característica que é marcante na Business Intelligence de que cada cenário
requer uma análise e modelagem especifica e que o entendimento do
negócio no qual está inserida a empresa e também do ambiente de dados da
mesma são fatores que ferramenta alguma é capaz na atualidade de
identificar e modelar sozinha. A figura do profissional gabaritado e com
competências que vão além do instrumental é indispensável, razão pela qual
os gestores da empresa frisaram a importância do investimento tanto em
novas contratações quanto em aprimoramento da equipe.
Um tópico que consideramos ser passível de investigação futura
é a decisão da empresa de utilizar ferramentas proprietárias desenvolvidas
pela Microsoft. A adoção dessas ferramentas que possuem um óbvio custo
tanto para a uCube quanto para seus clientes pareceu justificável do ponto
de vista do retorno obtido, entretanto fica o questionamento com relação as
opções de ferramentas código-aberto que não foram citadas pelos
entrevistados. Ainda na questão da parceria com a Microsoft houve uma
menção clara a qualidade do suporte e aos eventos promovidos. Os referidos
eventos tornam-se ponto de encontro de usuários de soluções abrindo
espaço para apresentação de novidades e discussão de tendências de
mercado, representando ainda ótimas oportunidades para reciclagem de
profissionais e criação de novas parcerias.
Hoje, a uCube tem uma grande visibilidade no mercado quando
se fala em soluções de Business Intelligence. Esse fato se deve ao histórico
9
de bons trabalhos realizados em vários cliente de diversos segmentos, à
ação de vendas da área comercial e à divulgação de tudo que está sendo
realizado. O perfil dos serviços de uma consultoria de BI, dado o caráter
estratégico em que as informações são utilizadas, demanda precisão e
eficiência trazendo a tona a tendência atual de exigências claras no quesito
qualidade na prestação de serviços.
Em relação à divulgação da marca, a uCube conta também com
a redes de relacionamento, mantendo perfis no LinkedIn, Facebook e Orkut,
sinalizando que a empresa moderna pode e deve estar em contato com as
tecnologias que fazem uso da internet para aproximar profissionais e
empresas.
10
REFERÊNCIAS:
BBC. Folha Online - BBC Brasil. Folha Online, 2008. Disponivel em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u445110.shtml>. Acesso em: 12 Junho 2010.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Crise e Recuperação da Confiança. Dossiê da Crise, Porto Alegre, p. 5-7, Novembro 2008.
ESTADÃO. Os efeitos da crise do setor imobiliário dos EUA. Estadão, 2008. Disponivel em: <http://www.estadao.com.br/especiais/os-efeitos-da-crise-do-setor-imobiliario-dos-eua,1546.htm>. Acesso em: 11 Junho 2010.
FARHI, M. et al. A Crise e os Desafios para a Nova Arquitetura Financeira. DOSSIÊ DA CRISE, Porto Alegre/RS, p. 23-28, Novembro 2008.
INVERTIA. Na contramão da crise, uCube anuncia crescimento de 214%. Terra.com.br, 2009. Disponivel em: <http://noticias.terra.com.br/interna/0,OI3459381-EI8177,00.html>. Acesso em: 10 Junho 2010.
LUDERS, G. O Brasil saiu fortalecido. Veja, São Paulo, n. 2130, Setembro 2009.
LUHN, H. P. A Business Intelligence System. IBM Journal , Outubro 1958.
POWER, D. J. A Brief History of Decision Support Systems. DSSResources.COM, Março 2007. Disponivel em: <http://dssresources.com/history/dsshistory.html>. Acesso em: 23 Maio 2010.
REDMAN, T. C. Communications of the ACM. The impact of poor data quality on the typical enterprise, New York, Fevereiro 1998. 79-82.
SOBREIRA, R. Os Derivativos e a Crise de Crédito. Dossiê da Crise, Porto Alegre, p. 35-38, Novembro 2008.
11