18
_____________________________________________________ Servidão de Passagem Avaliação de Danos 1 ARTIGO TÉCNICO – ÁREA DE PERÍCIAS DE ENGENHARIA GANDHI FURTADO MARCONDES, Eng. MSc. Autor SERVIDÃO DE PASSAGEM AVALIAÇÃO DE DANOS Agosto, 2008 Tel + Fax 12-3922-5199 [email protected]

Servidão de Passagem

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Servidão

Citation preview

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    1

    ARTIGO TCNICO REA DE PERCIAS DE ENGENHARIA

    GANDHI FURTADO MARCONDES, Eng. MSc. Autor

    SERVIDO DE PASSAGEM AVALIAO DE DANOS

    Agosto, 2008

    Tel + Fax 12-3922-5199 [email protected]

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    2

    SERVIDO DE PASSAGEM AVALIAO DE DANOS

    rea: Engenharia Avaliaes e Percias Autor; GANDHI FURTADO MARCONDES Engenheiro Civil e Aeronutico CREA RJ 9.037/D Mestre em Cincia

    Tel + Fax 12-3922-5199 [email protected]

    RESUMO O trabalho prope nova metodologia para o clculo do valor dos danos decorrentes da instituio de servido de passagem para uso de servios pblicos, linhas de transmisso de energia eltrica, redes de guas, esgotos, gasodutos, oleodutos, etc. A nova metodologia permite a avaliao dos danos tendo por base a anlise e a ponderao das perturbaes, riscos e restries de uso impostas aos imveis servientes. Palavras Chave: Servido de Passagem, Avaliao, Servido, Avaliao de

    Danos, Danos da servido, Coeficiente de Servido.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    3

    NDICE

    Assunto Pgina

    Histrico 4

    Danos Decorrentes da Servido 7

    Avaliao dos Danos da Servido 9

    Concluso 13

    Bibliografia 14

    Apndice 15

    Exemplo 16

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    4

    HISTRICO

    Quando se discute o valor da coisa expropriada, os peritos acham-se na obrigao de fazer sobressair todas as possibilidades econmicas dos imveis pelo seu aproveitamento racional e eficiente, ainda mesmo quando os proprietrios de tais imveis, ou desconheam essas possibilidades, ou no tenham recursos para dar-lhes valia.1

    O Prof. Bandeira de Melo qualifica a Servido de Passagem como o

    procedimento atravs do qual o poder pblico, compulsoriamente, por ato unilateral, despoja uma pessoa de um bem certo, fundado em necessidade pblica ou interesse social, mediante indenizao, prvia e justa, pagvel em dinheiro.

    Diferindo do ato expropriatrio porque na servido o proprietrio mantm o domnio sobre o imvel, a indenizao pela instituio da servido de passagem deve corresponder ao prejuzo por ela causado. A avaliao de tais prejuzos tm sido objeto de divergncias quanto aos mtodos para a sua apurao, muitos deles pela adoo de ndices fixos e imutveis com base na situao do imvel em reas rurais ou urbanas, e outros por tradio, buscando apenas o apoio na jurisprudncia:

    certo que a servido implica desvalorizao da rea, na proporo aproximada de 20%, conforme entendimento majoritrio da jurisprudncia2.

    Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 122.086-5/0 ..... Nas servides administrativas se indenizam os prejuzos sofridos pelo particular em virtude de sua instituio. No se indeniza o valor da propriedade, porque esta no retirada do particular que suporta o nus (cf. Jos Carlos de Moraes Salles, "A Desapropriao Luz da Doutrina e Jurisprudncia", 3a ed. RT, pg. 691). E acrescenta: "No fcil, todavia, fixar-se o critrio que deve presidir o estabelecimento de indentaes, na espcie" (pg. 692). A indenizao em quantia correspondente a um tero do valor da faixa ocupada foi critrio outrora adotado por antigas leis paulistas, conforme lembrado em acrdo citado na obra retro mencionada (pg. 693)...... Reduzir o valor da indenizao, no caso, equivaleria a no conceder ao particular uma justa compensao pelos prejuzos causados em face da instituio do nus de que se trata.

    1. Berrini, Luiz Carlos. Prefcio da 3 edio do livro Avaliao de Imveis. 2. APELAO CVEL N. 233.207-2/7 - SANTOS SP ACRDO- Recorrente o Juzo ex officio,

    apelante a Fazenda do Estado de So Paulo, sendo apelados Leonor Vergara Fragoas e Maurcio Fragoas Ogando: Voto do relator D Desembargador Itamar Gaino,1994.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    5

    Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 015.792,5/6 No que tange alquota de 2/3 referente servido, convm salientar que ela foi corretamente fixada na r. sentena. ... Se de um lado, no pode ser aceito o percentual de 100% adotado pelo perito, porque a propriedade remanesce com o apelado, de outro, no pode ser acolhida frao de 1/3 pretendida pela apelante, porque ela no recompe o prejuzo acarretado pela instituio de servido. De fato, a rea objeto de servido localiza-se em permetro urbano e em zona industrial e a instituio do nus implica restrio utilizao da rea para construo e ampliao das instalaes da fbrica. Por tudo isso, deve ser mantida a alquota de 2/3, adotada pela r. sentena, que indeniza os prejuzos causados.

    Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 233.697-5/2-00 Ementa (s): A fixao do dano da servido de passagem base de 2/3, resulta de regra de experincia tcnica que no comporta modificao Induvidosamente a servido institui limitaes no aproveitamento da faixa, impe ainda aos proprietrios, em carter permanente, a obrigatoriedade de permitir fiscalizao que o empreendimento reclama para fins de manuteno e eventuais reparos, o que sempre ocasiona dano impeditivo da aplicabilidade do parmetro de 1/3 alvitrado na crtica do assistente da autora. Apesar da inexistncia de discernimento em lei para clculo do ressarcimento do nus real, nada impede a adoo de regra de experincia comum estabelecida por estudo especializado da lavra do ilustre engenheiro, Luiz Carlos Pelegrino, mencionado na percia oficial, com fundamento no artigo 335 do estatuto de rito, havida como insubsistente a alegao de desatualizao do preceito, malgrado o respeito aos precedentes lembrados, em face das peculiaridades do caso concreto.

    Dispe a norma NBR 14.653-2, que a indenizao pela servido deve equivaler aos danos e prejuzos causados ao imvel, obtida pela diferena entre o valor da gleba nas condies antes e depois. Vrios tm sido os critrios utilizados para apurao do valor das perdas pela ocupao, e para estimar o valor da indenizao pelos danos e restries impostas rea expropriada, descritos em artigos publicados ou objeto de discusso em Congressos de Engenharia de Avaliaes. O Eng. Luiz Augusto Seabra da Costa3 prope ndices de desvalorizao pela instituio da servido definidos conforme o uso e a localizao do imvel em reas urbanas, interurbanas e rurais. Jos Carlos Pellegrino4 com base em estudo elaborado a partir da taxa de rendimento dos imveis concluiu pela adoo de coeficientes de servido de 66,6% para terrenos urbanos e de 33,3% do valor para terrenos na zona rural.

    3. Seabra da Costa, Luiz Augusto. Avaliao de Servides in Reviso e Atualizao de

    Engenharia de Avaliaes, Instituto de Engenharia, 1978. 4. Pellegrino, Jos Carlos. "Avaliaes de Faixas de Servido de Passagem " in Engenharia de

    Avaliaes, Ed.Pini, 1983.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    6

    Alguns desses mtodos, bastante conhecidos como a Tabela de Philippe-Westin5 contm ndices de depreciao conforme as restries impostas pela servido, e sugeridos para aplicao em instituio de servido de passagem para Linhas de Transmisso de energia Eltrica, e para Gasodutos, mostrada no Quadro abaixo:

    ndices de Depreciao Fatores Depreciativos L.Transmisso Gasodutos Proibio de construo 0,30 0,30 Proibio de culturas - 0,33 Limitao de culturas 0,10 - Perigos decorrentes 0,10 0,02 Induo 0,02 - Fiscalizao e reparos 0,03 0,05 Desvalorizao do remanescente 0,08 0,10 Seccionamento do imvel (cortes) - 0,10 a 0,20 Soma 0,63 0,90 a 1,00

    Outros ensaios sobre o mesmo tema foram desenvolvidos visando a aplicao para estimativas das indenizaes pela servido em faixas de domnio de Linhas Transmisso de Energia Eltrica6, como o do Eng. Walter Zer dos Anjos, propondo a anlise e quantificao dos fatores subjetivos e das restries de uso na faixa de domnio. Os Eng. Hamilton Leal Cazes e Fernando Andrade da Silva7, da Petrobrs, propem uma metodologia para aplicao em servido de passagem de dutos de petrleo visando evitar, tanto quanto possvel, a utilizao de fatores subjetivos e empricos sem fundamentao tcnica, e introduzindo critrios baseados no tamanho da propriedade, e na relao desta com a extenso da rea atingida, e no tipo de aproveitamento econmico antes e depois. Contudo, a aplicao de tais mtodos e critrios encontra dificuldades na individualizao do problema e na identificao de danos, em razo da complexidade e da diversidade de situaes vivenciadas na prtica.

    5 . Philippe Westin Cabral de Vasconcellos, Engenheiro Agrnomo, antigo professor da ESALQ-

    Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirs, Piracicaba, SP. 6. Dos Anjos, Walter Zer. Critrios e Mtodo para a Determinao do Coeficiente de Servido

    em Faixas de Domnio in Anais do X-Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Porto Alegre, 1999.

    7. Cazes, Hamilton Leal, e Silva, Fernando Andrade da. Metodologia para Clculo de

    Indenizaes por Servido de Passagem em Faixas de Domnio de Dutos para Petrleo, Gs, e Derivados , Petrobrs, Rio de Janeiro.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    7

    DANOS DECORRENTES DA SERVIDO A instituio da servido acarreta diferentes tipos de danos propriedade, fartamente detalhados e comentados nas publicaes sobre o tema, pois acarretam riscos, incmodos e restries ao imvel serviente, cria reas non-aedificandi, veda o plantio de rvores, permite a circulao e passagem de veculos e pessoas estranhas para manuteno da faixa, onera o proprietrio com a incumbncia de zelar pela rea e comunicar quaisquer situaes que possam significar riscos integridade da faixa expropriada, entre outros. Em ao judicial8 para instituio de servido administrativa para instalao do Gasoduto Campinas-Rio de Janeiro, a Petrobrs definiu as condies impostas para a desapropriao, declarando na petio inicial as obrigaes e direitos de ambas as partes, dizendo ser vedado ao Expropriado

    na Faixa de Dutos

    fazer construes de qualquer natureza fazer escavaes utilizar explosivos promover queimadas e acender fogueiras impedir a passagem e o acesso faixa serviente de prepostos

    da expropriante explorar silvicultura explorar reflorestamento ou fruticultura de rvores permanentes usar arados, grades de disco ou implementos com alcance

    superior a 0,60 m adotar outras prticas prejudiciais segurana dos dutos

    nas Faixas Laterais

    fazer construes de qualquer natureza fazer escavaes utilizar explosivos promover queimadas e acender fogueiras impedir a passagem e o acesso faixa serviente de prepostos

    da expropriante A Expropriante ainda se permitia adotar outras prticas prejudiciais segurana dos dutos. Dessa forma a Expropriante reservava para s prpria o direito de, no futuro, impor unilateralmente outras restries sobre as faixas adjacentes, se entend-las como prejudiciais faixa de dutos. 8. Ao:de Desapropriao para Instituio de Servido Administrativa movida pela Petrleo

    Brasileiro S/A-Petrobrs, Processo n 595/2004 da 1 Vara Cvel da Comarca de Caapava-SP

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    8

    E, no bastasse isso, a Expropriante ainda impunha ao proprietrio a responsabilidade de zelar pela rea, e o onerava como seu preposto com a obrigao de inform-la sobre quaisquer fatos ou atos que pudessem comprometer a segurana da obra, declarando

    A Expropriante fica com o direito de realizar os trabalhos de construo, manuteno, reparao e fiscalizao das tubulaes, bem como instalar, operar e manter servios complementares de rede de agua, aquecimento, energia, telefonia ou outros necessrios ao funcionamento dos dutos.

    Ao Expropriado permanece o direito de livre transito pela faixa., que no ser cercada, inclusive com veculos de trao motor ou animal, veculos com at 8 ton. por eixo ou mais desde que colocados pranches sobre o trecho da faixa a ser cruzada. Poder, ainda, utilizar a rea para plantaes de culturas temporrias ou de pequeno porte e pasto sem usar arados, grades de discos ou outros instrumentos que prejudiquem as tubulaoes; e trafegar com veiculo leves (carros de passeio e jeeps). O Expropriado no poder fazer construes. utilizar explosivos, fazer escavaes, promover queimadas, explorar silvicultura, retirar ou danificar sinalizaes e outras instalaes da Expropriante.

    No dizer do Eng. Jos Carlos Pellegrino9, as restries so tantas que

    o legitimo proprietrio quem fica com o direito de passagem. Alm de tais restries, a instituio da servido de passagem traz outros inconvenientes e danos capazes de impossibilitar a continuidade do uso at ento dado ao imvel, principalmente em reas rurais. Nesses a prtica agrcola prejudicada pelas obras de escavaes para abertura de valas para instalao dos dutos que destroem a camada orgnica do solo e podem torn-lo imprprio para o plantio, como afirma Philippe Westin10

    A faixa ocupada no serve nem para pasto, j que seu solo foi estragado e no permitido o uso de arados para tentar renov-lo com plantaes de leguminosas consorciadas com gramneas e incorporao de calcrios como corretivos de seu ph. (Phillipe Westin Indenizaes nas servides).

    9. Pellegrino, Jos Carlos. "Avaliaes de Faixas de Servido de Passagem " in Engenharia de

    Avaliaes, Ed.Pini, 1983. 10. Phillippe Westin, citado por Arantes, Carlos Augusto, in Avaliao de Indenizao por

    Instituio de Servido de Passagens em Glebas Rurais, IBAPE - XII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Belo Horizonte/MG

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    9

    E como ensina Carlos Augusto Arantes11:

    Aps a instalao da linha de ductos, observa-se que o solo da superfcie est misturado com subsolo, imprprio para agricultura. Lembrando-se sempre que, na camada superficial que se encontram os microorganismos fundamentais, matria orgnica, e etc..... as razes superficiais atuam como sustentculo da planta e as profundas, buscam os nutrientes e gua necessrios para o desenvolvimento desta. Se no existe profundidade e a porosidade necessria, fatalmente no haver condio suficiente para o estabelecimento da lavoura.

    A instalao dos dutos impedir as razes de buscarem os nutrientes necessrios para sua manuteno, e por isso a explorao agropecuria nessa faixa fica comprometida.

    Dependendo do uso a que se destina a faixa, a instituio de servido de passagem pode provocar tambm danos ao remanescente e reas prximas mesmo fora da faixa, como srios riscos nos casos de gasodutos e dutos de lquidos inflamveis. Embora variveis conforme a natureza do fludo transportado nos dutos instalados nas faixas de servido, tais riscos podem dar origem a reas non-aedificandi ao longo de todas a faixa, em ambos as laterais com 15 metros de largura, segundo recomenda o Marks Mechanical Engineers Handbook 12 para dutos de lquidos volteis e inflamveis.

    AVALIAO DOS DANOS DA SERVIDO Dispe a norma NBR-14.653-2, item 11.2.2.1 que

    O valor da indenizao pela presena de servido corresponde perda do valor do imvel decorrente das restries a ele impostas, calculadas alternativamente por: a) diferena entre as avaliaes do imvel original e do imvel serviente,

    na mesma data de referncia (critrio antes e depois), com a considerao de circunstncias especiais, tais como alteraes de uso, ocupao, acessibilidade a aproveitamento:

    b) diferena entre os valores presentes dos rendimentos imobilirios

    lquidos relativos ao uso do imvel antes e depois da instituio da servido.

    11. Arantes, Carlos Augusto, in Avaliao de Indenizao por Instituio de Servido de

    Passagens em Glebas Rurais, IBAPE - XII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Belo Horizonte/MG

    12. Marks, Lionel S., Marks Mechanical Engineers Handbook, McGraw-Hill Book Company, USA,

    1951 (p. 1.683), com recomendao para que a armazenagem de lquidos volteis e inflamveis guarde uma distancia de, pelo menos 50 ps (15,24 m), de qualquer edificao.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    10

    A Metodologia ora proposta visa determinar um coeficiente de servido para quantificar os danos causados ao imvel pelas restries impostas s faixas, e que contempla tambm a posio da faixa, o tamanho e a relao entre a rea atingida e a rea da gleba matriz, alm de apreciar a eventual desvalorizao do remanescente. A definio do Coeficiente de Servido mantm o enfoque no uso econmico do imvel, tendo como referncia o conceito de aproveitamento eficiente, que, como pode ser lido no item 3.2 da NBR-8799,

    " o aproveitamento recomendvel para o local, em dado momento, com o emprego dos recursos disponveis da tecnologia adequada, observada a tendncia econmica e/ou vocao circunvizinha de uso"

    Adotando a classificao de Pellegrino13, em geral os danos, prejuzos, nus e encargos provocados pela servido podem ser distribudos, conforme sua natureza, em trs Classes de Danos, qualificados como Incmodos, Riscos, e Restries de Uso:

    Incmodos Perda de privacidade nus como zelador da Expropriante Riscos Risco de vazamento, fogo, e exploso Efeitos psicolgicos sobre rea prxima Restries de uso Restrio a pastagens e culturas de pequeno porte Restrio a culturas de mdio porte Restrio a culturas de grande porte Perda da exclusividade de uso da terra Posio da faixa em relao propriedade Restrio ao direito de edificar

    As duas primeiras Classes de Danos Incmodos, e Riscos - envolvem aspectos no diretamente relacionados explorao econmica do imvel, porm capazes de afetar o valor da propriedade, e se aplicam igualmente a glebas rurais ou urbanas. Entretanto, a terceira Classe de Danos, provocados pelas Restries de Uso, envolve aspectos passveis de influenciar a condio de uso ou destinao econmica do imvel, como exemplo, o terreno urbano no qual se vede qualquer construo, e o imvel rural no qual se proba qualquer atividade agrcola.

    13. Pellegrino, Jos Carlos. "Avaliaes de Faixas de Servido de Passagem " in Engenharia de

    Avaliaes, Ed.Pini, 1983.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    11

    Para os imveis destinados atividades agro-pecurias, os danos causados pela instituio da servido e que afetam o uso so, predominantemente aqueles que limitam ou impedem a prtica agrcola e pecuria, e as atividades de reflorestamento e manejo do solo. Os danos provocados pela servido variam conforme o uso atribudo rea expropriada, e so avaliados conforme a intensidade dos efeitos causados, critrio do avaliador, tendo por referncia uma Escala de Pontuao, varivel em cada Classe de Dano. A nova Metodologia introduz um Fator de Ponderao diferenciado para cada Classe de Danos, atribuindo o peso mais alto Classe de Danos que altera a explorao econmica do imvel, ou seja, Restries de Uso, e definindo pesos menores para os danos envolvendo os Incmodos, e os Riscos, como mostra o Quadro abaixo Classe de Danos Fator de Ponderao P Incmodos 7% Riscos 3% Restries de uso 90% Os tipos de Incmodos que implicam na deciso do avaliador quanto existncia ou no do dano, como ocorre com o nus como zelador da Expropriante, a perda de privacidade, e a perda da exclusividade de uso da terra, admitem apenas a escolha entre as alternativas sim e no, ou seja a escolha entre 0 -1. Os Riscos, quaisquer que sejam eles, podem ser avaliados por uma pontuao a ser atribuda segundo uma escala entre 0 3, tambm varivel conforme a intensidade do dano. Os danos que afetam o valor econmico do bem pelas Restries de Uso a ele impostas pela servido, so avaliados segundo deciso do avaliador quanto existncia ou no do dano, e por isso admitem apenas a escolha na escala 0 1. A posio da faixa em relao rea do imvel, entretanto, pode representar um fator perturbador do ambiente em que se insere, pois, dependendo da finalidade da servido, a sua presena pode afetar esttica e negativamente, e/ou seccionar de forma inconveniente a propriedade, e ainda provocar a depreciao do remanescente. Por isso a posio da servido e a depreciao dos remanescentes so avaliadas na classe de Restries de Uso, atribuindo-se a esses danos uma pontuao varivel na escala entre 0 3, conforme o grau de perturbao. A soma dos pontos atribudos em cada classe de danos dividida pela soma dos valores mximos da escala naquela classe, mede o Nvel de Perturbao decorrente da servido imposta.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    12

    O Nvel de Incmodos dado por NI =

    MAXII

    o Nvel de Riscos, por NR =

    MAXRR

    e o Nvel de Restries de Uso, por NU =

    MAXUU

    O Nvel de Perturbao N assim obtido, multiplicado pelo Fator de Ponderao P para a mesma classe de danos, resulta num Fator de Dano K, provocado pela instituio da servido em cada classe. Para a classe de Incmodos, o Fator de Incmodos dado por

    K I = NI . PI e, analogamente, para as classes de Riscos e de Restries de Uso

    K R = NR . PR

    K U = NU . PU O Fator de Dano K obtida pela soma dos fatores das classes de danos

    K = ( KI + KR + KU)

    O Coeficiente de Servido KS depende tambm da extenso da faixa de servido em relao rea total do imvel, uma vez que a extenso da faixa pode afetar negativamente a explorao econmica da propriedade, ou mesmo inviabiliz-la. A extenso da faixa em relao rea do imvel deve ser necessariamente observada no clculo do Coeficiente de Servido KS pois, a medida que a rea de servido cresce, o valor da indenizao dever se aproximar do valor do todo, o que leva desapropriao de todo o imvel. A influncia da extenso da faixa em relao rea total do imvel contemplada pela introduo do expoente (1-X) para o clculo14 do Coeficiente de Servido KS

    KS = ( KI + KR + KU)(1-X)

    14. Conforme proposto por Dos Anjos, Walter Zer. Critrios e Mtodo para a Determinao do

    Coeficiente de Servido em Faixas de Domnio in Anais do X-Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Porto Alegre, 1999.

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    13

    onde

    X = IMVELDOTOTALREA

    SERVIDODEREA

    Evidentemente, a medida que a rea de servido cresce e se aproxima da rea total do imvel, o expoente (1-X) tende a 0 (zero), e em conseqncia, o Coeficiente de Servido tende 1 (um), o que implicaria em desapropriao da totalidade do imvel. O Valor dos Danos pela servido imposta dado pelo produto do Valor Unitrio da gleba bruta VUNIT, pela rea da Faixa de Servido SFAIXA, e pelo Coeficiente de Servido KS

    VIND = VUNIT . SFAIXA . KS CONCLUSO O novo modelo, para uso em reas urbanas ou rurais, de fcil e imediata aplicao para estimar os danos decorrentes da instituio de Servido de Passagem para Linhas de Transmisso de Energia Eltrica, Gasodutos, Oleodutos, guas, Esgotos, etc.,. O modelo proposto permite determinar um coeficiente de servido para o clculo dos danos impostas aos imveis servientes, e que contempla tambm a posio da faixa, o tamanho e a relao entre a rea atingida e a rea da gleba matriz, alm de apreciar a eventual desvalorizao do remanescente. O coeficiente de servido calculado com a nova metodologia elimina a subjetividade e as distores causadas pelo emprego de parmetros adotados apenas por tradio ou pelos entendimentos da jurisprudncia. GANDHI FURTADO MARCONDES, Eng. MSc Tel + Fax 12 3922-5199 e-mail: [email protected] Agosto 2008

  • _____________________________________________________ Servido de Passagem Avaliao de Danos

    14

    BIBLIOGRAFIA ABNT NBR 14653-2:2004 Norma para Avaliao de Bens da Associao Brasileira de Normas Tcnicas. TJSP Tribunal de Justia do Estado de So Paulo - Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 122.086-5/0 TJSP Tribunal de Justia do Estado de So Paulo - Apelao Cvel N. 233.207-2/7 - SANTOS SP TJSP Tribunal de Justia do Estado de So Paulo - Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 015.792,5/6 TJSP Tribunal de Justia do Estado de So Paulo - Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 233.697-5/2-00 TJSP Tribunal de Justia do Estado de So Paulo - Acrdo TJSP - Apelao Cvel n 015.792,5/6 BERRINI, Luiz Carlos. Prefcio da 3 edio do livro Avaliao de Imveis. VASCOCELLOS, Philippe Westin Cabral de Vasconcellos, Engenheiro Agrnomo, antigo professor da ESALQ-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirs, Piracicaba, SP. SEABRA da COSTA, Luiz Augusto. Avaliao de Servides in Reviso e Atualizao de Engenharia de Avaliaes, Instituto de Engenharia, 1978. PELLEGRINO, Jos Carlos. "Avaliaes de Faixas de Servido de Passagem " in Engenharia de Avaliaes, Ed.Pini, 1983. DOS ANJOS, Walter Zer. Critrios e Mtodo para a Determinao do Coeficiente de Servido em Faixas de Domnio in Anais do X-Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Porto Alegre, 1999. CAZES, Hamilton Leal, e SILVA, Fernando Andrade da. Metodologia para Clculo de Indenizaes por Servido de Passagem em Faixas de Domnio de Dutos para Petrleo, Gs, e Derivados , Petrobrs, Rio de Janeiro. WESTIN, Philippe - citado por Arantes, Carlos Augusto, in Avaliao de Indenizao por Instituio de Servido de Passagens em Glebas Rurais, IBAPE - XII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Belo Horizonte/MG ARANTES, Carlos Augusto, in Avaliao de Indenizao por Instituio de Servido de Passagens em Glebas Rurais, IBAPE - XII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliaes e Percias, Belo Horizonte/MG MARKS, Lionel S., Marks Mechanical Engineers Handbook, McGraw-Hill Book Company, USA, 1951 (p. 1.683

  • APNDICE EXEMPLO DE APLICAO DA METODOLOGIA _____________________________________________________

    Servido de Passagem Avaliao de Danos 15

    APNDICE EXEMPLO

  • APNDICE EXEMPLO DE APLICAO DA METODOLOGIA _____________________________________________________

    Servido de Passagem Avaliao de Danos 16

    EXEMPLO Dirimindo eventuais dvidas quanto sua aplicabilidade, o exemplo abaixo facilita o entendimento da metodologia proposta. Trata-se da avaliao dos danos pela Instituio de Servido Administrativa de Passagem, em carter perptuo, requerida por Petrleo Brasileiro S/A-Petrobrs, para o Gasoduto Caraguatatuba-Taubat, em imvel rural com rea de 2.686.200,00 m2, situado no Municpio de Jambeiro-SP. A Faixa de Servido com largura de 20 metros corta toda a propriedade na parte central de sua maior extenso com 42.424,18 m2 . O Valor Bsico Unitrio da gleba nua, sem benfeitorias, no local do imvel foi calculado em R$ 9,23/m2. Atribuindo-se pontos aos danos e prejuzos observados, obtm-se pela soma da pontuao atribuda, para cada uma das Classes de Danos, o Nvel de Perturbao causado. A soma dos pontos atribudos em cada classe de danos dividida pela soma dos valores mximos da escala naquela classe, mede o Nvel de Perturbao N decorrente da servido imposta. Conhecido N, e uma vez que para cada classe de danos o Fator de Ponderao P j era pr definido, pode-se calcular o Fator de Dano K, como mostra o exemplo que segue:. Incmodos

    Perturbaes Nvel de Perturbao Mxima Atribuda nus como zelador da Expropriante 1 1 Perda de privacidade 1 1 Desassossego de moradores e empregados 1 1 Efeitos psicolgicos sobre rea prxima 1 1 Efeito esttico sobre a paisagem 1 0 Efeito corona (zumbido,luminescncia,etc) N/A 1 Campos eletromagnticos, interferncia N/A 1 Soma 5 4

    O Nvel de Incmodos , portanto, NI =

    MAXII

    = [ 4/5 ] = 0,800

    Fator de Ponderao PI para os Incmodos PI = 7% Fator de Dano KI para Incmodos = KI = 0,800 . 7% =0,056

  • APNDICE EXEMPLO DE APLICAO DA METODOLOGIA _____________________________________________________

    Servido de Passagem Avaliao de Danos 17

    Riscos

    Perturbaes Nvel de Perturbao Mxima

    Atribuda Risco de vazamento, e/ou fogo, e/ou exploso 3 2 Choque por falha de aterramento e isolao N/A 0 Ruptura dos cabos eltricos N/A 0 Probabilidade de maior incidncia de raios N/A 0 Soma 3 2

    O Nvel de Riscos , portanto, NR =

    MAXRR

    = [ 2/3 ] = 0,667

    Fator de Ponderao PR para os Riscos PR = 3% Fator de Dano KR para Riscos = KR = 0,667 . 3% = 0,020 Restries de Uso

    Perturbaes Nvel de Perturbao Mxima

    Atribuda Restrio a pastagens e culturas de pequeno porte 1 0 Restrio a culturas de mdio porte 1 1 Restrio a culturas de grande porte 1 1 Direito de edificar 1 1 Perda da exclusividade de uso da terra 1 1 Posio da faixa em relao propriedade 3 3 Depreciao do remanescente 3 3 rea de servido cercada ou murada 1 0 Soma 12

    10

    O Nvel de Restries de Uso , NU =

    MAXUU

    = [10/12 ] = 0,833

    Fator de Ponderao PU para as Restries de Uso PU = 90% Fator de Dano KU para Uso = KU = 0,833 . 90% = 0,750 O Fator de Dano K para a rea de servido dado pela soma K = KI + KR + KU K = 0,056 + 0,020 + 0,750 K = 0,826

  • APNDICE EXEMPLO DE APLICAO DA METODOLOGIA _____________________________________________________

    Servido de Passagem Avaliao de Danos 18

    Para determinar a influncia da extenso da faixa em relao rea total do imvel calcula-se o valor de X para encontrar o expoente (1-X) para a frmula do Coeficiente de Servido KS

    X = IMVELDOTOTALREA

    SERVIDODEREA

    X = 42.424,18 m2 / 2.686.200,00 m2 X = 0,01579

    Calculando o Coeficiente de Servido KS

    KS = ( K )(1-X) KS = (0,826)(1-0,01579) KS = 82,85%

    O valor dos danos provocados pela instituio da servido de passagem dado pelo produto do valor da rea de Servido pelo Coeficiente de Servido No caso VDANOS = S . VUNIT . KS VDANOS = 42.424,18 m2 . R$ 9,23/m2 . 82,85% VDANOS = R$ 324.353,23 A Metodologia utilizada aponta apenas o Valor dos Danos inerentes instituio da Servido de Passagem. Para a estimativa do montante da indenizao devida, evidentemente, ao Valor dos Danos devero ser acrescidos outros valores, caso hajam, como valor de benfeitorias atingidas ou afetadas, dentre as quais pastagens, culturas, edificaes, cercas, etc. GANDHI FURTADO MARCONDES, Eng. MSc Tel + Fax 12 3922-5199 e-mail: [email protected] Agosto 2008