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SEXO áGIL #4

Sexo agil_2015_#4

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Zine de Karina Buhr e água_tônica. Com colaborações variadas, vide ficha técnica. Quarta edição, contando desde 8 de março de 2012. www.karinabuhr.com.br www.aguatonica.me

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sexoágil#4

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Muita ficção

errada, a gente boia no

mar e faz a nossa, cada uma sua cada

qual, realidade ficcional

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Super Heroínas da Varjota

>> habitat naturalhttp://pornorevolutionpa-

pangu.blogspot.com.br/

>>

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>> Baton, salto e delicadeza é pra quem tem e quem quer, homem ou mulher. Guerrilha, força, chute na cara, idem.Tô com o demônio da pressa. Chega!

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>> Vaca Profana >>

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femini-cídio é

sempre de biquini

na notí-cia do jornal

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>> papangu era claramente uma pessoa tranquila papangu

não queria confusãohttp://pornorevolutionpa-

pangu.blogspot.com.br/

>>

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>> a gente se esquiva

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Um dos dias mais inteiros de mi-nha vida foi nesse carnaval, fantasiada de Papangu, pelas ladeiras de Olinda.Pra quem não conhece, Papangu

é um tipo de palhaço monstro, que quem conhece também não reconhece. Que quem fica dentro dele quem olha de fora não vê de jeito nenhum. O disfarce perfeito, um calor dos inferno, a maior alegria. Roupa de uma peça só, colorida que só ou preta, cor tanto faz, castanhola nas mãos, luvas ou não, meião ou não.Lá ia eu andando, pulando, cor-

rendo, sem ninguém saber que eu era mulher, logo, ninguém preocupado em reger meus movimentos, com a roupa frouxa do monstrinho e a máscara que cobre a cabeça e o cabelo e que nem sua mãe consegue te reconhecer dentro dela, a um palmo do nariz.É isso, um dos dias mais in-

tensos da minha vida foi quando passei pelas ruas sem ser mulher diante de olhos assediadores. Usar burca por obrigação não é bom pra seu ninguém, mas enten-der que tenha mulher que use por que gosta às vezes fica mais fácil, até sem se preocupar com algum deus específico, um pro-feta, uma lei dos céus.

O monstro bem que podia ser só o papangu... Passar batido por uma mul-

tidão carnavalesca, sem ser importunada é uma calma que mulheres não costumam des-

#PergunteÀMinistra, mas não sobre aborto, pois “o aborto não está na agenda do governo”. Pala-vras de Eleonora Menicucci, ministra da Secre-taria de Políticas para as Mulheres. Políticas para as mulheressem falar sobre aborto. E um fe-

liz dia das mulheres para você também.

sexoágil 2015#4

frutar. Pra quem me lê de pri-meira viagem, a legenda básica, maternalzinho...é: não estou falando de paquera, flerte, olhar de “que gata”, olhar de tesão, de gostosura, de querên-cia, que cada um que tenha o seu, que invista nele inclusive, indo e voltando principalmente e seja feliz! Estou falando de assédio, que

significa violência, significa tratar o outro não como um igual mas com uma superioridade violen-ta, um tanto faz para a conexão que ela sentir ou não. A gente sabe, não é, chega de explicação.

Volto ao meu papangu de andada. Se locomover sem o assédio presente a cada passo, foi uma sensação de liberdade tão grande na vida, acho que a mais forte, a melhor!Sempre choro no carnaval de Olinda

porque o carnaval é o carnaval, mas na-quele primeiro dia chorei antes de ver qualquer orquestra de metal e tambor. Chorei de uma alegria que não conhecia.De ser uma pessoa que costura a multi-

dão e a multidão acolhe mais quentinho.E senti também na pele o tanto de di-

fícil que pode ser pra um homem enten-der isso que falo que senti até chorar. Se eu pudesse ter andado a minha vida inteira como naquela tarde papangu, talvez eu não tivesse a manha de fazer a menor noção de que pudesse ser de

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ser uma mulher sem serem que-bradas as barreiras dos meus limites corporais de transeunte fêmea.Foram poucos segundos. Uns 3.

É muito grave... É preciso vir um prumo.A rua pode ser na paz do

mundo e mulheres fazem parte desse mundo.

Saio com a plaquinha mesmo, exigindo o direito, encho os sacos, me faço re-petir, cansar ouvidos, mas o cansaço mesmo arde é nos ombros de quem não pode simplesmente passear sossegada.

O cansaço é nosso, de cada mulher, que não conhece na pele o direito de ir simplesmente indo.

Interação e tesão é uma maravilha minha gente e isso não tem nada a ver com assédio, é simples, só complica quem não tá nem aí pra mulher ficar traquila, pra quem acha que o normal é ser homem e que mulher é detalhe, é enfeite.

Nossos passos são limitados por essa vigilância eterna.

A sorte é que a gente voa pa-pangu, talvez eu não tivesse a manha de fazer a menor noção de que pudesse ser de outro jeito. Será que eu diria “eu adoraria receber elogios todos os dias nas ruas, não sei do que essas mulheres reclamam”?

Era carnaval e chorei logo na entrada, pra aumentar a umida-de debaixo da máscara quente. Que coisa boa, minha gente!

Cruzei a multidão experi-

mentando outras movimenta-ções, entronxando o ritmo dos passos. Completei a fila atrás de grupos de homens que

outro jeito. Será que eu diria “eu adoraria receber elogios todos os dias nas ruas, não sei do que essas mulheres reclamam”?Era carnaval e chorei logo na en-

trada, pra aumentar a umidade de-baixo da máscara quente. Que coisa boa, minha gente! Cruzei a multidão experimentando

outras movimentações, entronxando o ritmo dos passos. Completei a fila atrás de grupos de homens que cortavam caminho entre as pessoas, dando semi cotoveladas, como se fosse um deles. Os movimentos brutos meus, agindo como eles, os caras que passam em trenzi-nhos apressados, costurando a rua. Sem causar reação por estar no lugar “erra-do” e não num corpo de pastora, bruxa, ou bailarina e eles também me aceitan-do como um deles, com naturalidade, com uma certa cumplicidade, um certo tipo de proteção, que, estivesse eu vestida de menina, muito provavelmente estaríamos indo pro lado contrário. E aconteceu mais, dentro do dia já sufi-

cientemente impressionante pra mim. Lá pras tantas eu estava com um grupo de amigas e estourando de calor, abri os 3 botões de cima da roupa, aparecendo alguns centímetros do sutiã do biquíni que usava por baixo. Em poucos segundos, talvez um segundo pra cada centímetro aberto, um homem botou a cara co-lada nos meus peitos e susurrou alguma coisa.Papangu paralisada, amigas idem!Eu estava há horas no sossego da fan-

tasia monstra, há horas sem ser julga-da, assediada e não consegui passar um minuto aparentando aos olhos de fora

cortavam caminho entre as pesso-as, dando semi cotoveladas, como se fosse um deles. Os movimentos brutos meus, agindo como eles, os caras que passam em trenzinhos apressados, costurando a rua. Sem causar reação por estar no lugar “errado” e não num corpo de pastora, bruxa, ou bailarina e eles também me aceitando como um deles, com naturalidade, com uma certa cumplicidade, um certo tipo de proteção, que, estives-se eu vestida de menina, muito provavelmente estaríamos indo pro lado contrário. E aconteceu mais, dentro do dia

já suficientemente impressionante pra mim. Lá pras tantas eu estava com um grupo de amigas e estouran-do de calor, abri os 3 botões de cima da roupa, aparecendo alguns centímetros do sutiã do biquíni que usava por baixo. Em poucos segundos, talvez um segundo pra cada centímetro aberto, um ho-mem botou a cara colada nos meus peitos e susurrou alguma coisa.Papangu paralisada, amigas

idem!

Eu estava há horas no sosse-go da fantasia monstra, há horas sem ser julgada, assediada e não consegui passar um minuto apa-rentando aos olhos de fora ser uma mulher sem serem quebradas as barreiras dos meus limites corpo-rais de transeunte fêmea.Foram poucos segundos. Uns 3.

É muito grave... É preciso vir um prumo.A rua pode ser na paz do mundo e

mulheres fazem parte desse mundo.Saio com a plaquinha mesmo, exi-

gindo o direito, encho os sacos, me faço repetir, cansar ouvidos, mas o cansaço mesmo arde é nos ombros de quem não pode simplesmente passear sossegada.O cansaço é nosso, de cada mulher,

que não conhece na pele o direito de ir simplesmente indo.Interação e tesão é uma maravilha

minha gente e isso não tem nada a ver com assédio, é simples, só com-plica quem não tá nem aí pra mulher ficar traquila, pra quem acha que o normal é ser homem e que mulher é detalhe, é enfeite.Nossos passos são limitados por essa

vigilância eterna.

A sorte é que a gente voa

é que a gen-te voa

a sorte

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>> O monstro bem que

podia ser só o papan-

gu...

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>> Isso não é poesia

Mozart Fernandes

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Nossos passos são limitados por essa vigi-lância eterna.

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Heart Bloc. Coração rosa.#parqueagusta

# lutalivremucha luta

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tem mulher com BUCETA e mulher

com PAU <3

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>> pare de dizer pra mim “mulher é assim”, eu sou mulher, caralho!

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“as donze-las estão dormindo”#galoiludido

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Ficha técnica

concepcão e textos_ KARINA BUHR (www.karinabuhr.com.br)arte_ ÁGUA_TôNICA (www.aguatonica.me)

Créditoscapa_ Dandara Pagu por Beto Figueiroa

págs. 02 e 03_ ilustração Karina Buhr

pág. 04_ Alexandra Thomaz e Daniel Peixoto por Rafael Monteiro

pág. 05_ pornorevolutionpapangu por Irma Brown, Thassia Cavalcanti

e Luísa Sampaio por Marcelo Soares

pág. 07_ ilustração Karina Buhr

pág. 08 e 09_ Dandara Pagu por Beto Figueroa/ Joana Liberal

pág.10 e 11_ Karina Buhr por Priscilla Buhr

pág. 12 e 13_ funK autor desconhecido

pág. 14_ ilustração Karina Buhr

pág. 15_ reprodução capa da revista Hara Kiri

págs. 16 e 17_ ornorevolutionpapangu por Irma Brown, Thassia

Cavalcanti e Luísa Sampaio por Francisco Baccaro

pág. 18 e 19_ ilustração Karina Buhr

págs. 24 e 25_ Karina Buhr por

pág. 26_ Dennis Hopper/reprodução

pág. 27_ ilustração Água_Tônica

págs. 28 e 29_ Karina Buhr por Priscilla Buhr

pág. 30 e 31_ ilustração Mozart Fernandes

págs. 32_ Nina Cavalcanti por Lidia Chaib

pág. 33_ Ana Lomelino

págs. 34 e 25_ Laerte por Karina Buhr

pág. 36_ Gabriela Alcântara

pág. 37_ Daniel Scandurra por Heber Biella

págs. 38 e 39_ ilustração Água_Tônica

pág. 40_ ilustração Karina Buhr

pág. 42_ ilustração Karina Buhr

págs. 44 e 45_ Lais Sampaio, Priscilla Buhr, Nara Oliveira, Gabriela Alcântara,

Thaís Ernandes e Mislaine Barbosa por autor clandestino

pág 47_ ilustração Karina Buhr

pág. 48_ Marina Branco e Jéssica Leal por Gabriela Alcântara

>> tchau pra você

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